M O D U ’ L A R “Fortalecendo laços da comunidade”
UNIVERSIDADE SANTA CECÍLIA ARQUITETURA E URBANISMO
Carolina Bispo Martins Teixeira
M O D U ’ L A R
“Fortalecendo
laços da comunidade”
PROJETO DE MOBILIÁRIO URBANO MODULAR E EFÊMERO PARA A PROPAGAÇÃO CULTURAL, EDUCACIONAL E ESPORTIVA PARA A POPULAÇÃO RESIDENTE DE PRAIA GRANDE (SP)
SANTOS (SP) DEZEMBRO/2020
UNIVERSIDADE SANTA CECÍLIA ARQUITETURA E URBANISMO
Carolina Bispo Martins Teixeira
M O D U ’ L A R
“Fortalecendo
laços da comunidade”
PROJETO DE MOBILIÁRIO URBANO MODULAR E EFÊMERO PARA A PROPAGAÇÃO CULTURAL, EDUCACIONAL E ESPORTIVA PARA A POPULAÇÃO RESIDENTE DE PRAIA GRANDE (SP)
Trabalho Final de Graduação apresentado como exigência parcial para obtenção do título de Arquiteta e Urbanista à Universidade Santa Cecília, sob orientação do Professor Me. Cesar Capasso.
SANTOS (SP) DEZEMBRO/2020
Dedico à todos os professores que se esforçam diariamente para formar estudantes em pessoas melhores.
agradecimentos Uma das lições mais aprendidas nas aulas de Arquitetura é que fazemos nada sozinho. Por isso gostaria de aproveitar a opotunidade para agradecer e lembrar aas pessoas que me acompanharam e que contribuíram imensamente durante a minha jornada. Agradeço primeiramente à minha Família. Minha mãe Marluci, meu pai Antonio, minha irmã Fernanda e minha avó Alice (in memoriam). Eles são a minha base para tudo e graças a eles eu tive a oportunidade de estudar e trabalhar no que eu mais gosto. Eu amo vocês. Meu professor e, agora, orientador Cesar. Obrigada por ter aceitado fazer parte desse projeto comigo, incentivar as minhas ideias e por ter passado tanto conhecimento, em aulas, nos corredores da faculdade e nas reuniões de orientação! Luana, obrigada por ser minha amiga, por todos os ensinamentos sobre a vida e a arquitetura, obrigada por me apresentar o Nikon. Todas as vezes que eu o encontro aprendo alguma coisa diferente com ele. O Nikon me inspira ser uma pessoa melhor e projetar uma arquitetura para todos! Agradeço às minhas amigas de faculdade que me deram a oportunidade de fazer parte dessa jornada junto com elas, Amanda, Beatriz, Paula, Letícia e Joyce. Como a gente sempre diz: da faculdade para a vida! A todos os meus professores! Os mesmos que na escola me disseram palavras tão sábias que até hoje eu as tenho na memória. Todos os professores do Técnico em Edificações, vocês me influenciaram muito na minha decisão que eu tomaria meses depois, obrigada por me apresentarem a Arquitetura e Urbanismo! E aos meus professores de Faculdade. Obrigada por tanto, por todas as vezes que conversamos sobre arquitetura e as reflexões sobre a vida. Obrigada por nos ouvir e nos incentivar a continuar. Obrigada ao Coletivo Baixolão, por terem me dado o seu tempo para entender o mundo artístico e por me mostrar que os arquitetos e artistas têm o poder de melhorar a qualidade de vida das pessoas! Obrigada aos líderes das Associações Amigos do Bairro de Praia Grande (SP) por terem disponibilizado o seu tempo para responder ao questionário. Por fim, obrigada à vida!
“Nunca subestime o poder de uma semente. (…) O que você vê não é tudo o que existe. Isto é potencial. Não se trata do que é, mas do que poderá vir a ser.” DANIEL CARVALHO LUZ (filósofo)
LISTA DE FIGURAS Página 28 29 30 31 31 32 33 33 34 35 36 36 37 38 39 40 42 43 43 44 44 46 46 47 48 49 53 54 55 56 57 60 62 63 64 65 66 67 68 70 71 72 73 74 75
Figura 01 - Localização da cidade de Praia Grande Figura 02 – Divisão territorial de 1964, Praia Grande e Solemar (SP) Figura 03 – Mancha Urbana 1979/1980, Praia Grande (SP) Figura 04 – Divisão espacial Praia Grande (SP) Figura 05 – Mancha Urbana 1991/1992, Praia Grande (SP) Figura 06 – Divisão territorial de Praia Grande (SP) Figura 07 – Mancha Urbana 2000, Praia Grande (SP) Figura 08 – Mancha Urbana 2011, Praia Grande (SP) Figura 09 – Exemplos de atividades sociais do órgão público (SP) Figura 10 – Malha urbana Praia Grande (SP) Figura 11 – Mancha de Verticalização de Praia Grande (SP) Figura 12 – Comparação da verticalização do bairro Boqueirão, Praia Grande (SP) Figura 13 – Comparação da verticalização do bairro Caiçara, Praia Grande (SP) Figura 14 – Taxa Geométrica de Crescimento Anual (TGCA) da RMBS (SP) Figura 15 – Gráfico populacional residente por bairro na cidade de Praia Grande (SP) Figura 16 – Gráfico populacional ocasional por bairro na cidade de Praia Grande (SP) Figura 17 – Modal de mobilidade urbana 2014, Praia Grande (SP) Figura 18 – Linhas de Origem e Destino (OD) de transporte individual 2014, Praia Grande (SP) Figura 19 – Linhas de Origem e Destino (OD) de transporte coletivo 2014, Praia Grande (SP) Figura 20 – Linhas de Origem e Destino (OD) de transporte cicloviário 2014, Praia Grande (SP) Figura 21 – Linhas de Origem e Destino (OD) a pé 2014, Praia Grande (SP) Figura 22 – Av. Expressa Sul Figura 23 – Av. Pres. Castelo Branco Figura 24 – Av. Marechal Mallet Figura 25 – Mapa geral da hierarquia dos viários 2014, Praia Grande (SP) Figura 26 – Mapa geral da proposta de reestruturação dos viários 2014, Praia Grande (SP) Figura 27 – Mapa viários e pontos estratégicos, Praia Grande (SP) Figura 28 – Mapa pontos estratégicos , Praia Grande (SP) Figura 29 – Gráfico Populacional Residente por bairro na cidade de Praia Grande (SP) Figura 30 – Gráfico comparativo populacional residente por bairro na cidade de Praia Grande (SP) Figura 31 – Gráfico Populacional Residente por bairro e gênero na cidade de Praia Grande (SP) Figura 32 – Resumo bairros estratégicos, Praia Grande(SP) Figura 33 – Bairros Grupo 01, Praia Grande(SP) Figura 34 – Grupo 1: Canto do Forte, Praia Grande(SP) Figura 35 – Praça Lenira Melo da Rocha, Praia Grande(SP) Figura 36 – Grupo 1: Canto do Forte, Praia Grande(SP) Figura 37 – Praça dos Emancipadores Figura 38 – Grupo 1: Guilhermina, Praia Grande(SP) Figura 39 – Grupo 1: Caiçara, Praia Grande(SP) Figura 40 – Bairros Grupo 02, Praia Grande(SP) Figura 41 – Grupo 2: Sítio do Campo Praia Grande(SP) Figura 42 – Grupo 02: Tupiry, Praia Grande(SP) Figura 43 – Grupo 02: Quietude, Praia Grande(SP) Figura 44 – Grupo 02: Mirim, Praia Grande(SP) Figura 45 – Grupo 02: Samambaia, Praia Grande(SP)
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Figura 46 – Bairros Grupo 03, Praia Grande(SP) Figura 47 – Grupo 3: Aviação, Praia Grande(SP) Figura 48 – Praça Japão Figura 49 – Grupo 3: Tupi, Praia Grande(SP) Figura 50 – Grupo 3: Ocian, Praia Grande(SP) Figura 51 – Grupo 3: Solemar, Praia Grande(SP) Figura 52 – Viários similares Figura 53 – Ribeirópolis Figura 54 – Maracanã Figura 55 – Av. Dr. Esmeraldo Soares, Ribeirópolis Figura 56 – Rua Afonso; Maracanã Figura 57 – Processo de aprovação de eventos em logradouros públicos em prefeitura Figura 58 – Praças existentes em Praia Grande (SP) Figura 59 – Parque da Aclimação(SP) Figura 60 – Parque Lajeado (SP) Figura 61 – Parque da Aclimação(SP) Figura 62 – Parque Lajeado (SP) Figura 63 – Planta de Santos 1910, proposta de Saturnino de Brito Figura 64 – Evolução da estrutura urbana de Santos (SP) Figura 65 – Comparação da planta de um trecho do calçadão de Santos (SP) e imagem de 2020 do mesmo trecho Figura 66 – Orla da praia 1970 Figura 67 – Orla da praia Figura 68 – Localização do Parque Linear, Praia Grande (SP) Figura 69 – Parque Linear, Praia Grande (SP) Figura 70 – Implantação Parque Linear, Praia Grande (SP) Figura 71 – Localização do Parque da Cidade, Praia Grande (SP) Figura 72 – Parque da Cidade, Praia Grande (SP) Figura 73 – Praça 19 de Janeiro, mobiliários urbanos Figura 74 – Exemplos de ambientes públicos Figura 75 – Modelos Jupe Health Figura 76 – Digital Break Figura 77 – Bancos com encosto, Lelé Figura 78 – Living Pod Project Figura 79 – Cineorama, Erika Hock Figura 80 – Sistema de som e imagem, Erika Hock Figura 81 – Estrutura Cineorama, Erika Hock Figura 82 – Modulação 01, HUBB Figura 83 – Universidade de Fontys Figura 84 – Universidade VU Figura 85 – Cenários HUBB Figura 86 – Modulação 02, HUBB Figura 87 – Forma do Pavilhão Figura 88 – Sequência de montagem Figura 89 – Possíveis encaixes Figura 90 – Pavilhão em pequena escala Figura 91 – Pavilhão em média escala
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Figura 92 – Pavilhão em grande escala Figura 93 – Nakagin Torre Cápsula Figura 94 – Diagramação Nakagin Figura 95 – Plantas tipo Figura 96 - Pavilhão Meranti Figura 97 - Sistema de montagem Pavilhão Meranti Figura 98 - Sistema de montagem, Pavilhão Meranti; adaptado e traduzido pela autora Figura 99 - Caminhão Truck com a logo Modu’Lar Figura 100 – 17 Objetivos Sustentáveis da ONU, 2015 Figura 101 – Locais exemplos Figura 102 – Capa capítulo 5, Modular Figura 104 – Logo Modular Figura 105 – App Modular Figura 106 – Gráfico quantidade de alunos matriculados Figura 107 – Quantitativo Maracanã Figura 108 – Quantitativo Ribeirópolis Figura 109 – Quantitativo Canto do Forte Figura 110 – Quantitativo Caiçara Figura 111 – Plano de Massas Maracanã Figura 11 – Plano de Massas Ribeirópolis Figura 113 – Plano de Massas Canto do Forte Figura 114 – Plano de Massas Caiçara Figura 115 – Dimensões antopométricas, mulher e homem sentados Figura 116 – Dimensões alcance s/ deslocamento Figura 117 – Corte esquemático Modu’Lar Figura 118 – Logo Coletivo Baixolão Figura 119 – Volumetria, bairro Maracanã Figura 120 – Volumetria, bairro Ribeirópolis Figura 121 – Volumetria, bairro Canto do Forte Figura 122 – Volumetria, bairro Caiçara Figura 123 – Classificação das tesnsoestruturas leves Figura 124 – Esquema de estruturas pneumáticas Figura 125 – Tipos de tendas Figura 126 – Complexo Olímpico de Munique Figura 127 – Etapas de projeto Figura 128 – Detalhe típico dos cabos de contorno da membrana Figura 129 – Superfície Parabolóides Hiperbólicas Figura 130 – Superfície geradas por anéis Figura 131 – Superfície Modificadas Figura 132 – Croqui 01 Figura 133 – Croqui 02 Figura 134 – Croqui 03 Figura 135 – Tipos de equipamentos de pressão Figura 136 – Tipos de conexão entre o sistema de pressurização e a estrutura Figura 137 – Membrana inflável Figura 138 – Pavilhão da Fuji
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Figura 139 – Tipo de membranas infláveis Figura 140 – Cobertura da Arena Romana Nîmes, França Figura 141 – Ilustração e detalhe típico de acesso à cobertura pneumática Figura 142 – Tipo de membranas suportadas pelo ar Figura 143 – Perspectiva e detalhe típico de fixação Figura 144 – Exposição de Osaka, EUA Figura 145 – Esquema e detalhe típico cobertura erguida a partir do piso Figura 146 – Pavilhão do Exército Americano Figura 147 – Armazém Industrial Figura 148 – Croqui 04 e maquete física 01 Figura 149 – Maquete física 01 Figura 150 – Maquete física 02 Figura 151 – Croqui 05 Figura 152 – Croqui 06 Figura 153 – Logo Refrata Figura 154 – Logo Refrata
LISTA DE TABELAS 85 117 134 148 155
Tabela 01 - Modu’Lar no viário, vantagens e desvantagens Tabela 02 - Motivo pelo qual foi escolhido os estudo de caso Tabela 03 – Serviços customizados Tabela 04 – Lista de equipamentos Tabela 05 – Horário de funcionamento do Modu’Lar
SUMÁRIO Resumo Introdução Metodologia Materiais e Métodos
Problematização
Análise Contextual
27 Capítulo 01: Contextualização de Praia Grande (SP) 28 1.1 Breve Histórico da Urbanização de Praia Grande 38 1.2 Dinâmica Populacional 41 1.3 A Consolidação Urbana através da Evolução da Infraestrutura Física 46 1.3.1 Hierarquização e Requalificação Viária
51 Capítulo 02: Análise da Problemática Local 52 2.1 Estudo Populacional Intríseca dos Bairros 54 2.1.1 Pontos Estratégicos em bairros que apresentam características
semelhantes Grupo 01 Grupo 02 Grupo 03 82 2.1.2 Viários com perfis semelhantes às predisposições mínimas para funcionamento do mobiliário 87 2.2 Decreto Munipal n° 5.892/2015: organização e funcionamento de eventos em logradouros públicos
89 Capítulo 03: Equipamentos e Mobiliários Urbanos 90 93
3.1 Conceituação de Praça como Equipamento Urbano 3.2 Parque Urbano e Ações Projeto dos Jardins da Orla de Santos (SP)’
Parques Urbanos de São Paulo (SP) Parques em Praia Grande (SP) 106 3.3 O Mobiliário Urbano e a Cidade Poluição Visual x Paisagem Urbana
111 Capítulo 04: Estudos de Caso 112 118 121 127 129 131
4.1 Introdução 4.2 Room to Learn: HUBB (2016) 4.3 Pavilhão Modular Itinerante (2016) 4.4 Metabolismo: Nakagin Torre Cápsula (1971) 4.5 Pavilhão Merante (2017) 4.6 Conclusão
133 Capítulo 05: Modu’Lar 134 5.1 Processo Criativo
Conceito Estudo de viabilidade Estudo preliminar e detalhes 161 5.2 Breve estudo sobre Tensoestruturas em Membranas: Tracionada por Cabos e Coberturas Pneumáticas Tracionada por Cabos Coberturas Pneumáticas 174 5.3 Ante Projeto e Detalhes Executivos
195 Considerações Finais 199 Referências Bibliográficas
RESUMO Durante a década de 1990, o crescimento populacional e a ocupação desordenada na cidade de Praia Grande (SP) dificultaram a implementação de espaços culturais dentro de alguns bairros. A análise urbana apresentada neste trabalho revela que não existem equipamentos urbanos como praças ou espaços culturais em sete dos 26 bairros urbanizados e muitos dos equipamentos existentes não têm infraestrutura adequada para recebimento de atividades culturais. Além disso, a partir de entrevistas realizadas com três líderes comunitários, percebeu-se que a prefeitura investe pouco na instalação e manutenção de equipamentos urbanos. Este trabalho final de graduação visa suprir essa necessidade ao propor o Modu’Lar, um projeto de mobiliário urbano modular, efêmero, acessível e ergonômico. A proposta final é resultado do processo de cocriação que contou com a participação dos líderes comunitários e de um grupo de teatro que auxiliaram na identificação do programa de necessidades. O Modu’Lar tem como objetivo criar espaços culturais, desenvolver a educação participativa na comunidade e romper barreiras físicas entre os bairros. Palavras-chave: modulação, acessibilidade, espaços culturais, equipamento urbano, Praia Grande (SP).
ABSTRACT During the 1990s, population growth and unregulated territorial occupation hampered the implementation of cultural spaces within some neighbourhoods in Praia Grande (SP). The urban analysis presented in this work reveals that there are no urban facilities such as squares or cultural spaces in seven of the 26 urbanized neighbourhoods and many of the existing facilities do not have adequate infrastructure for receiving cultural activities. In addition, drawing from interviews with three community leaders, it was found that the city invests little in the installation and maintenance of urban equipment. This undergraduate dissertation aims to address this concern by proposing Modu’Lar, a modular, ephemeral, accessible and ergonomic urban equipment project. The final proposal is the result of a co-creation process that involved community leaders and a theatre group that helped to identify the project requirements. Modu’Lar aims to create cultural spaces, develop participatory education in the community and break physical barriers between neighbourhoods. Keywords: modulation, accessibility, cultural spaces, urban equipment, Praia Grande (SP).
INTRODUÇÃO Ao discutir sobre o significado e a importância da inserção de um objeto no contexto urbano e na vida cotidiana das pessoas que fazem uso do espaço público entende-se que há diversas diretrizes a serem consideradas em um projeto, que se inicia em um problema a ser resolvido e na eficácia do objeto. Rafael Cardoso, em seu livro “Design para um Mundo Complexo” (2011), explana que o significado do artefato para o usuário irá depender da flexibilidade (capacidade de mudança de sua natureza essencial). Ao longo do livro, o autor destaca que dependendo da objetividade do projeto os fatores deverão ser condicionados e selecionados para obtenção de resultados que mais condizem com sua concepção. Os fatores reconhecidos pelo autor navegam em duas direções, a primeira está voltada para a situação material do objeto que são o uso, entorno e duração. Essas três condicionantes têm em comum o aspecto físico e histórico do local, já que a cultura e os costumes de uma população muda constantemente. A segunda vertente é direcionada ao aspecto do usuário e como ele enxerga o objeto baseado nas suas próprias experiências, no seu ponto de vista e o discurso (capacidade de comunicação, expor opinião sobre suas próprias preferências). Outro estudo similar que apontou diretrizes de projeto para mobiliário urbano foi durante o movimento vanguardista do século XX situado em Bauhaus, cidade de Weimar na Alemanha. O movimento originou a partir da união de arquitetos que tinham ideias em comum para a concepção de mobiliários, sendo a forma e a função suas principais características (MONTENEGRO, 2014). Mesmo que o sentido de função seja um termo abrangente, neste caso é compreendido que o objeto não seja concebido apenas para funcionar, mas que tenha um ou mais usos diferentes. A aplicabilidade do projeto de um mobiliário urbano nomeado como Modu’Lar, está totalmente atrelado às diretrizes que se preocupam com melhoria de qualidade de vida da população residente e ocasional da cidade de Praia Grande (SP). O interesse pela cidade iniciou com os estudos de desenvolvimento urbano municipal, influenciado pelo processo de urbanização das cidades vizinhas e pelos investimentos em infraestrutura na própria cidade. Ao longo dos anos, uma certa população que, atualmente representa mais da metade dos habitantes totais de Praia Grande, residem em bairros que se expandiram de forma espontânea e sem a projeção de equipamentos urbanos. Em uma pesquisa cocriativa com três líderes da Associação Amigos do Bairro que fazem parte desse grupo, constou que a carência desses espaços públicos planejados desmotiva a realização de atividades culturais que promovam a qualidade de vida para a população. Deste modo, o objetivo geral do Modu’Lar é desenvolver um programa social que rompa as barreiras físicas entre os bairros a fim de permitir a inserção de atividades culturais na vida cotidiana da comunidade. Suas caraterísticas incluem projetar mobiliário urbano acessível, ergonômico, desmontável e sustentável que promova a educação participativa e viabilize a execução do projeto no município.
METODOLOGIA Para o presente trabalho foram selecionados estudos de caráter quantitativo relacionado à evolução urbana de Praia Grande, tais como dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e diagnósticos elaborados pelo Instituto Polis (2012), ambos referentes ao adensamento populacional no período nos anos de 1990 até 2010 e o progresso populacional residente e ocasional subdivididas por bairros, ora inseridos na íntegra, ora adaptados pela autora para aprofundar nos conceitos e chegar ao resultado que justifique a aplicabilidade do mobiliário. Também foi realizado a análise do mapa do Google Earth (2019) sobre a quantidade de praças existentes na cidade. Qualitativa, como pesquisas em sites, monografias e livros, nas quais foram escolhidos para o entendimento do contexto do mobiliário urbano tanto na cidade quanto em regiões que apresentem características similares do contexto urbano. Abordou-se questões sobre a história, o sentimentalismo, estudo sobre modulação, estrutura e manutenções necessárias, catálogos de fornecedores para especificação de materiais existentes no mercado, modos de transporte (caminhões e suas especificações) e logística de tempo e instalação do mobiliário pelos bairros. Além de visitas em locais da cidade para a abordagem do ponto de vista teórico e de observação. Ainda, foi realizado uma pesquisa opinativa com os líderes das Associações Amigos do Barro do Caiçara, Solemar e Esmeralda. O propósito foi coletar as opiniões sobre a satisfação e frequência da realização das atividades culturais promovidas pela prefeitura municipal sob esses bairros, quais atividades agradariam mais a população bairrista e se os habitantes do bairro em questão têm dificuldade ao acesso cultural. Esse mesmo tipo de pesquisa foi praticado com o grupo de teatro Coletivo Baixolão, em entrevista por internet, a opinião do grupo foi fundamental para guiar o programa de necessidades do projeto, tendo em vista o artista brasileiro de rua para a produção e atuação de uma peça de teatro. O conteúdo de metodologia deste trabalhado foi dividido em cinco capítulos que resultam nas premissas de projeto, sendo elas:
Capítulo 01: Contextualização de Praia Grande (SP) Neste foi abordado uma breve história da cidade e seu desenvolvimento urbano espacial (manchas e malha urbanas), além de tópicos geográficos, verticalizações, dados quantificadores populacionais (residentes e ocupacionais) e os estudos de origem e destino, a fim de caracterizar a mobilidade e a pendularidade da população.
Capítulo 02: Análise da Problemática Local A definição das localidades de implantação do mobiliário foi resultado das análises do capítulo anterior mais a visitação nas áreas previamente escolhidas. Então, resultou-se na divisão dos locais em dois grupos: pontos estratégicos e viários similares, em ambos casos foi abordado os benefícios, pontos negativos da inserção do mobiliár’io e as soluções para a aplicabilidade do mesmo. Também, foram anotados as precariedades e necessidades dos bairros, no quesito cultural e urbano, sejam por falta de praças ou parques. Capítulo 03: Equipamentos e Mobiliários Urbanos Outro ponto importante é entender os motivos pelos quais a existência de equipamentos urbanos como praças e parques e os mobiliários que os compõem é tão importante no desenvolvimento social e cultural. Por isso, este capítulo abrange alguns exemplos de parques que foram desenvolvidos, ora juntamente com a construção da cidade, ora posterior a concretização da malha urbana do município. No final, foi analisado como algumas praças de Praia Grande são visualmente poluídas com a inserção de mobiliários, vegetações e equipamentos, e como são desproporcionais à dimensão humana. Capítulo 04: Estudos de Caso A elaboração do projeto envolve, principalmente, a junção da estética, funcionalidade e acessibilidade. Desta forma, foram selecionados alguns estudos de caso que abordassem questões sobre a modularidade, versatilidade, efemeridade e que propusessem a interatividade social. Capítulo 05: Modu’Lar Neste ponto é apresentado o projeto em nível compatível com um Estudo Preliminar que estrutura a segunda etapa do trabalho, relacionado a cocriação e diretrizes projetuais conceituais, dimensionais e usuais. A primeira explana a importância do projeto, identidade visual, meios de comunicação como elaboração de aplicativo e redes sociais, e as personas (perfil dos usuários). A dimensão é caracterizada pela quantidade de pessoas que irão usufruir o objeto e o estudo da ergonomia. O uso destinado ao esporte, educação e lazer, e suas diferentes formas do objeto. Por fim, um breve estudo sobre coberturas e a aplicação da forma e estrutura para o mobiliário. No final é apresentado o projeto em nível de Ante Projeto que, complementarmente, contém detalhes executivos que se consideraram essenciais para uma completa percepção da proposta.
MATERIAIS E MÉTODOS PROBLEMATIZAÇÃO A cidade de Praia Grande, atualmente, a partir da iniciativa da prefeitura, insere em uma parte do ambiente urbano atividades recreativas sociais, com fundo cultural, esportivo e educacional, alguns desses eventos podem ser categorizados como palestras, exposições de arte, shows e atividades físicas. A cidade dispõe de equipamentos urbanos na maioria dos bairros, contudo os eventos são realizados na orla da praia ou próximos ao centro comercial da cidade, designados para os veranistas ou turistas. Porém, ao observar o trajeto da localização do evento até alguns bairros mais afastados, percebe-se que o torna inacessível para uma grande maioria da população. Para esses moradores, a falta desses eventos próximos às suas residências dificulta a integração cultural, esportiva e educacional no cotidiano, consequentemente os moradores individualmente procuraram atividades paralelas que promova a recreação, mas sem nenhum acompanhamento do órgão público. Então, como resolver a inacessibilidade cultural nesses bairros? Desta forma, o projeto proposto neste trabalho tem fundamento em instalar periodicamente o mobiliário urbano em pontos específicos para atender a demanda, principalmente, dos bairros que apresentam as características citadas anteriormente e também os que sofrem com a falta de equipamentos urbanos.
ANÁLISE CONTEXTUAL Devido à evolução do adensamento residencial populacional e ocasional nos bairros situados, especialmente, entre o morro e a Via Expressa Sul, em Praia Grande, não há padronização da heterogeneidade na malha urbana, ou seja, entre a composição das quadras, a maior parte dos lotes são destinados ao uso e ocupação residencial, havendo pouco espaço para edificações de uso comercial e de serviços, muito menos para áreas de lazer (áreas verdes). Segundo os dados do IBGE de 2010, a quantidade de habitantes situados nos bairros próximos ao morro e que apresentam características homogêneas, representam cerca de 52% da população total de Praia Grande (262.051 munícipes). Os demais 48% estão contidos nos bairros próximo da orla da praia até a Via Expressa Sul, há alguns casos particulares entre esses bairros que apresentam malha urbana semelhante aos demais, porém são exceções e que podem ser resolvidos com a implementação de eventos culturais na orla.
CONTEXTUALIZAÇÃO DE PRAIA GRANDE (SP)
1
28 1. Contextualização de Praia Grande (SP)
1.1 Breve Histórico da Urbanização de Praia Grande Os principais motivos para a implantação do projeto estão relacionados à análise do diagnóstico político, econômico e o benefício para a cidade. Por essa razão, este capitulo irá abordar sobre a evolução da malha urbana e a ocupação da população residente e flutuante com o enfoque no entendimento do desenvolvimento da infraestrutura da cidade, as tipologias de edificações que estão presentes até os dias atuais e na análise do arranjo da estrutura urbana. A história do desenvolvimento da cidade de Praia Grande, localizada no Litoral Sul do Estado de São Paulo (Figura 01), está muito ligada à imigração e abertura dos portos de Santos (SP), cidade fundada em 26 de janeiro de 1546. A instalação dos primeiros trapiches portuários na cidade impulsionou a comercialização. Santos que também fazia parte da Capitania Vicentina e, até o século XX, foi a cidade que mais abrigou imigrantes.
BRASIL
SÃO PAULO
PRAIA GRANDE (SP)
PRAIA GRANDE
Figura 01 - Localização da cidade de Praia Grande Fonte: IBGE (2010), Prefeitura de Praia Grande, adaptado pela autora
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De acordo com o Instituto Polis (2012), até a década de 1930, Praia Grande era ocupada por núcleos localizados na orla da praia, destinado a atividades exclusivas de plantio de feijão, mandioca e milho, além da exploração de lenha. A cidade, até então, tinha pouca significância para a economia da região metropolitana. A partir dessa década, devido a facilidade de compra e venda dos terrenos e a procura turística dos veranistas ficou evidenciada a necessidade de implantação urbanística no território. Por volta de 1950, o bairro da Cidade Ocian do distrito Solemar, ocupado por essa população, recebeu os primeiros equipamentos de infraestrutura urbana básica e de serviços, como abastecimento de água, estações de esgoto, equipamentos urbanos, entre outros. O crescimento populacional e a procura por esse bairro influenciou no desenvolvimento dos loteamentos do entorno, levando ao surgimento dos demais bairros hoje estabelecidos. Posteriormente, a cidade ganhou impulso com a construção da Rodovia Anchieta (SP-150), em 1953, para idealização dos polos industriais, interligando a Região Metropolitana da Baixada Santista (RMBS) com a Grande ABCD (municípios de Santo André, São Bernardo, São Caetano do Sul e Diadema) e com o processo de industrialização de Cubatão. O turismo e a expansão imobiliária em Santos influenciaram na valorização do mercado de imóveis nas demais regiões. Dessa forma, viu-se aumento na compra, venda e aluguel para temporada, além do crescimento na busca pelas praias vizinhas de Praia Grande, Guarujá e São Vicente (INSTITUTO POLIS, 2012). Praia Grande foi denominada como distrito pela Lei Estadual n° 5.285 de 18 de fevereiro de 1959, a partir do desmembramento do Distrito Solemar, também subordinado ao município de São Vicente. A emancipação do Distrito Praia Grande ocorreu através da Lei Estadual n° 8092 de 1964, dividido em dois distritos Praia Grande e Solemar (Figura 02). Somente em 1967, ambos distritos foram emancipados de São Vicente. Até 2009 a divisão territorial entre os distritos foi mantida (IBGE, 2010). Após a década de 1960, período da emancipação da cidade, o crescimento populacional teve aumento significativo devido a disponibilização e qualificação de serviços públicos. (PRAIA GRANDE, 2017).
Limites de Distrito Praia Grande Solemar Figura 02 – Divisão territorial de 1964, Praia Grande e Solemar (SP) Fonte: Instituto Pólis (2013), adaptado pela autora
30 1. Contextualização de Praia Grande (SP)
Em 1970, o fluxo migratório da cidade de Santos para Praia Grande e Guarujá, acelerou o processo de expansão física e ocupacional. Nessa década a cidade se destacou na RMBS pelo maior índice de crescimento populacional, sendo em 1970 cerca de 19 mil habitantes para 60 mil habitantes em 1980 (INSTITUTO POLIS, 2013). Este crescimento foi mais acentuado nos bairros Flórida, Caiçara, Real, Solemar, Maracanã, Ocian, Aviação, Guilhermina, Boqueirão e Canto do Forte (Figura 03).
Cubatão
Mongaguá São Vicente Praia Grande
Figura 03 – Mancha Urbana 1979/1980, Praia Grande (SP) Fonte: Imagem Landsat (1979/1980), Instituto Polis (2012)
Na década de 1980, a inauguração da Ponte do Mar Pequeno (trecho final da Rodovia Imigrantes ligando as cidades de São Vicente à Praia Grande) facilitou o acesso ao município, com intuito de desafogar o trânsito da Ponte Pênsil. No final dessa mesma década, a maior parte da concentração populacional estava localizada nos bairros do Caiçara, Flórida e Real, como pode ser observado na figura a seguir (Figura 04). O forte crescimento populacional datado desta época também esteve ligado ao intenso desenvolvimento no setor da construção civil para famílias de baixa renda (INSTITUTO POLIS, 2013).
31
Figura 04 – Divisão espacial Praia Grande (SP) Fonte: IBGE (2010), Prefeitura de Praia Grande, adaptado pela autora
A mancha urbana da figura a seguir (Figura 05), retrata a densidade ocupacional entre os períodos de 1991 e 1992. Nestes anos a orla da praia estava praticamente ocupada, ao mesmo tempo que se iniciava a ocupação no lado oposto próximo ao morro.
Cubatão
Mongaguá São Vicente Praia Grande
Figura 05 – Mancha Urbana 1991/1992, Praia Grande (SP) Fonte: Imagem Landsat 1991/1992, Instituto Polis (2012), adaptada
32 1. Contextualização de Praia Grande (SP)
Segundo as análises do Convênio Petrobrás Instituto Pólis (2013), o período entre 1990 a 1993 em Praia Grande foi marcado por grandes mudanças na infraestrutura urbana, uma vez que o sistema de transporte urbano municipal fora alterado e 90% das ruas foram pavimentadas. Nessa mesma década, o poder público desencadeou uma série de obras de paisagismo, infraestrutura e urbanização na cidade. A chegada de famílias de baixa e média renda causou um “fenômeno de inchaço populacional”, sendo a Via Expressa Sul e a Rodovia Padre Manoel da Nóbrega os marcos divisores entre as classes sociais divididas em a população da orla da praia (média e alta renda) e região compreendida pelo morro (baixa renda). A Figura 06 que apresenta este marco divisor, é possivel visualizar que, apesar das divisórias e áreas dos bairros estejam baseadas no mapa atualizado do IBGE (2010), houveram poucas mudanças territoriais. Ainda, até os dias atuais a prefeitura reconhece essas diferenças de classes sociais devido à localização das vias principais que cortam a cidade.
Rodovia Governador Mário Covas Via Expressa Sul
Divisão urbana do município Lado orla da praia Lado morro
Av. Ayrton Senna da Silva Ponte do Mar Pequeno Rodovia dos Imigrantes
Figura 06 – Divisão territorial de Praia Grande (SP) Fonte: IBGE (2010), Prefeitura de Praia Grande, adaptado pela autora
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De acordo com a Secretaria de Administração (SEAD, 2003), no ano de 2000 o abastecimento de água já atendia 98,18% da população e a coleta de lixo a 99,07% nos domicílios. No mesmo ano foi diagnosticado um crescimento acentuado nos bairros do Boqueirão e Ocian, principalmente próximo da orla da praia. Segundo a Agência Metropolitana da Baixada Santista (Agem), em 2006 foi diagnosticado que a facilidade do acesso para a cidade intensificou a vinda de turistas com perfil de baixa renda. A mancha urbana a seguir (Figura 07), representa o ano de 2000. Observa-se que Praia Grande estava praticamente consolidada quando comparado à ocupação do ano 2011. Vale ressaltar que a ocupação já se estendia próximo a Serra do Mar, o que significa que os loteamentos mais próximos das rodovias e via expressa apresentavam-se ocupados. Apesar de apresentar o crescimento populacional de 3,17% (IBGE, 2000) entre os anos de 2000 a 2010, esse crescimento pode ser considerado baixo, tendo-se em vista a valorização do mercado imobiliárioe que p município não apresentou aumento significativo de sua área ocupada nessa década (Figura 08). Outro fator importante da urbanização ocorrida desde o ano de 2010 foi o atendimento sanitários às residências. Segundo análises do IBGE (2010), feitas pelo Plano Municipal de Abastecimento Sanitário a coleta de lixo representou 99,89%, o esgoto sanitário 72,53% e abastecimento de água 98,81%.
Cubatão
Mongaguá São Vicente Praia Grande
Figura 07 – Mancha Urbana 2000, Praia Grande (SP) Fonte: Imagem Landsat (2000), Instituto Polis (2012)
Cubatão
Mongaguá São Vicente Praia Grande
Figura 08 – Mancha Urbana 2011, Praia Grande (SP) Fonte: Imagem Landsat (2011), Instituto Polis (2012)
34 1. Contextualização de Praia Grande (SP)
O desenvolvimento do tecido urbano da cidade esteve muito ligado a implantação dos viários que a contornam, e que a conectam com as demais regiões e facilitam o acesso direto e rápido entre os bairros. Contudo, ao analisar as residências, a maioria tem caráter popular e permanente, situados, principalmente, em todos os bairros do lado morro entre Ribeirópolis até a Cidade da Criança. O segundo conjunto composto por residências populares ocasionais encontra-se nos bairros entre o Caiçara até Solemar. A disposição de instituições públicas essenciais na cidade para atender a população residente é composta por Escolas Municipais e Estaduais, Unidades Básicas de Saúde, Hospitais, Ambulatórios e Equipamentos de Esporte (Figura 09). Constata-se que os estabelecimentos e equipamentos culturais e móveis para apresentações estão concentrados na orla da praia, também direcionados para a população flutuante. Por outro lado, os bairros de maior adensamento residencial, sobretudo de baixa renda, sofrem com a ausência desses. Ao longo do diagnóstico urbano, o estudo retratará os principais serviços públicos que irão influenciar na localização do objeto de estudo. Deste modo, os edifícios institucionais, equipamentos e mobiliários urbanos oferecidos pela prefeitura justificam a necessidade da criação de uma educação comunitária e cultural na cidade, consequentemente, nos capítulos seguintes serão expostos os estudos e diagnósticos relacionados sobre o entorno da possível instalação temporária do mobiliário. Na figura 10 restá representado o mapa da cidade juntamente com o desenho das quadras retratando, dessa forma, a malha urbana. Territorialmente, percebe-se que a posição das quadras apresenta singularidade no tracejo radial como pode ser observado na figura ampliada composta pelos bairros Ribeirópolis, Esmeralda, Samambaia, Caiçara, Maracanã e Mirim. Outro fator significativo do desenvolvimento da estrutura urbana, foi a ocupação de espaços para usos institucionais como os Terminais Rodoviários Urbanos Tude Bastos e Tatico, localizado nos bairros Sítio do Campo e Mirim, respectivamente.
Guilhermina: Praça Horácio de Oliveira Netto, Escola Estadual Abrahão
Aviação: Orla da praia, Pista de Skate
Samambaia: Praça Helena Cardozo Bernardino, Biblioteca Porto do Saber Figura 09 – Exemplos de atividades sociais do órgão público (SP) Fonte: Própria (2020)
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Term. Rod. Urbano Tatico
3 km
Legenda Viários
ópo R
Es
Sa Caiçara
0
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2
bai
1
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0
Term. Rod. Urbano Tude Bastos
Nova Mirim Maracanã
1
Rodovia Governador Mário Covas
Ponte do Mar Pequeno
Via Expressa Sul
Av. Castelo Branco (avenida da praia)
Av. Ayrton Senna da Silva
Av. Presidente Kennedy
Mirim
2 km
Figura 10 – Malha urbana Praia Grande (SP) Fonte: IBGE (2010), Prefeitura de Praia Grande, adaptado pela autora
Quanto aos padrões de verticalização, segundo o Instituto Polis (2013), estudos iniciais em 2010 sobre a verticalização das edificações na cidade mostraram que a maior concentração é verificada na orla da praia da cidade, como pode ser observado na representação da mancha amarela na figura a seguir (Figura 11). Ainda, analisa-se que a orla da praia é mais verticalizada que os bairros lado morro, sendo o Canto do Forte, Boqueirão, Guilhermina e Aviação apresentando edificações com tipologias de 8 a 24 pavimentos e a Tupi, Ocian e parte do Caiçara são definidos pelo gabarito entre 9 a 14 pavimentos.
36 1. Contextualização de Praia Grande (SP)
0
1
2
3 km Figura 11 – Mancha de Verticalização de Praia Grande (SP) Fonte: Instituto Polis 2010, Prefeitura de Praia Grande, adaptado pela autora
O Instituto Polis especifica que nos bairros do Canto do Forte, Boqueirão, Guilhermina e Tupi tem características semelhantes na verticalização, entre 3 e 25 pavimentos. Na figura a seguir (Figura 12), percebe-se a diferença da verticalização na Avenida Presidente Castelo Branco, Boqueirão com a foto ao lado esquerdo são os anos de 1980 e, à direita, representa o ano de 2020.
Praça 19 de Janeiro Praça 19 de Janeiro
Boqueirão, meados de 1980 Fonte: Prefeitura de Praia Grande
Boqueirão, 2020 Fonte: Google Maps
Figura 12 – Comparação da verticalização do bairro Boqueirão, Praia Grande (SP) Fonte: https://www.novomilenio.inf.br/pg/pgf038.htm e Google Maps (2020), adaptados pela autora
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Outro exemplo da mudança da verticalização ocorre nos bairros Caiçara e Ocian. O estudo mostra que a verticalização é representada pela média de 9 a 14 pavimentos. Na figura ao lado (Figura 13) é possível comparar as mudanças urbanas ocorridas no bairro Caiçara entre os anos 1950 e 2020. Especificamente na Avenida Dom Pedro II, local onde se encontra a Estátua de Netuno, declarado como Monumento de Interesse Cultural pela Lei Complementar 473/2006.
Est. de Netuno
Est. de Netuno
Caiçara, meados de 1950 Fonte: Prefeitura de Praia Grande
Caiçara, 2020 Fonte: Google Maps
Figura 13 – Comparação da verticalização do bairro Caiçara, Praia Grande (SP) Fonte: http://www.novomilenio.inf.br/pg/pgf027.htm e Google Maps (2020), adaptados pela autora
A partir destes dados e análises, conclui-se que o processo de urbanização apresentado no mapa da malha urbana resultou em uma estrutura urbana municipal de diferentes características para os bairros, seja na presença de equipamentos e espaços públicos destinados ao lazer localizado nos bairros do Canto do Forte, Boqueirão e Guilhermina, ou a ausência desses mesmos espaços nas áreas compreendidas pelo Quietude, Ribeirópolis e Imperador. Desta forma, foi identificado a necessidade da implantação de espaços culturais e educativos que complemente as atividades existentes ou a implantação de novas, por meio de incentivos públicos e parcerias público privadas que possam atuar juntamente com a população bairrista.
38 1. Contextualização de Praia Grande (SP)
1.2 Dinâmica Populacional Segundo o Instituto Polis (2013), em 2010 a cidade de Praia Grande possuía 14.733 hectares, sendo a maior parte destinada à preservação e não ocupação, totalizando 17 hab/ha e área efetivamente urbanizada correspondendo a 3.927 hectares com 66 hab/ha. Os dados do IBGE (2010) indicam que, naquele ano, Praia Grande possuía 262.051 habitantes, havendo diminuição na Taxa Geométrica de Crescimento Anual (TGCA) , de 5,12 entre 1991 a 2000 para 3,07 entre os anos 2000 a 2010. Segundo a mais nova estimativa populacional disponibilizada pelo IBGE, em 2019 a cidade tem 325.073 habitantes, aumento significativo de 24% (63.022 habitantes) quando comparado à quantidade populacional residente em 2010 (IBGE,2019). A figura seguinte (Figura 14) apresenta uma comparação do TGCA de todas as cidades que compõe a RMBS. Segundo o mapa do Instituto Polis que apresenta dados do IBGE de 1990, 2000 e 2010, nos anos de 1991 e 2000, a Praia Grande tinha o 3° maior índice de TGCA entre todas as cidades da região. No primeiro e segundo lugar ficaram, respectivamente, cidade de Bertioga (entre 8,01 a 12,00) e a cidade Mongaguá (entre 7,01 a 8,00).
1991 - 2000
2000 - 2010
São Paulo
7.000
17.000 metros 8.500
Figura 14 – Taxa Geométrica de Crescimento Anual (TGCA) da RMBS (SP) Fonte: IBGE (2010); Instituto Polis; adaptado pela autora
Localização RMBS
39
Em contrapartida, entre os anos 2000 e 2010, o cenário do crescimento anual diminuiu em toda RMBS, sendo o maior número registrado entre 5,01 e 6,00, permanecendo Bertioga na primeira colocação e Praia Grande em 3° lugar. Durante o período citado, Praia Grande atualizou o plano diretor da Lei Complementar n° 473 válida do período de 2007 a 2016, a mudança trouxe diferenças na nomeação e subdivisão de alguns bairros da cidade, por exemplo, antigo bairro Trevo desmembrou-se no Samambaia, Ribeirópolis e Andaraguá. Dessa forma, os dados populacionais divulgados pelo IBGE em 2010 não constam a divisão populacional entre os 32 bairros, sendo contabilizado apenas 27, estes dados populacionais são utilizados para embasar a pesquisa deste trabalho. Os 5 bairros não inclusos são: Glória, Nova Mirim, Esmeralda, Imperador e Serra do Mar. Porém, os mapas da cidade inseridos neste trabalho foram disponibilizados pela prefeitura municipal e estão adequadamente atualizados com todos os 32 bairros. No gráfico abaixo (Figura 15) representa as quantidade populacional dos 27 bairros.
POPULAÇÃO RESIDENTE 25000 20000 15000 10000 5000 0
Figura 15 – Gráfico populacional residente por bairro na cidade de Praia Grande (SP) Fonte: IBGE (2010), adaptado pela autora
Percebe-se que os bairros Samambaia, Mirim e Vila Sônia são os mais populosos com contagem populacional entre 19 mil e 24 mil habitantes. Em contrapartida, os bairros com menor quantidade de residentes são Solemar, Flórida e Cidade da Criança, variando entre 1400 a 2500 habitantes, com exceção do bairro Militar em que sua área é totalmente destinada para uso do 2° Grupo de Artilharia Antiaérea.
40 1. Contextualização de Praia Grande (SP)
Segundo os dados do IBGE, em 2000 eram somados 160.289 domicílios e em 2010 houve um crescimento de 24%, total de 200.061, acompanhando o crescimento populacional do mesmo período. Quanto a divisão da população total residente na cidade, os dados dividem em domicílios particulares ocupados, 41,74% (83.513), particular não ocupado de uso ocasional, 52,44% (104.912) e particular não ocupado vago, 5,76% (11.519). O domicílio ocasional é definido por um domicílio particular permanente destinado a moradia eventual, geralmente usufruída para lazer e descanso em feriados, finais de semana ou períodos de recessão. Quanto às tipologias dessas edificações podem ser definidas como hotéis, pousadas e casas de veraneio (INSTITUTO PÓLIS, 2013). No gráfico a seguir (Figura 16), apresenta o quantitativo dos domicílios ocasionais na cidade. DOMICÍLIO OCASIONAL 16000 14000 12000 10000 8000 6000 4000 2000 0
Figura 16 – Gráfico populacional ocasional por bairro na cidade de Praia Grande (SP) Fonte: IBGE (2010), adaptado pela autora
Nota-se que os bairros Guilhermina, Tupiry e Ocian são os que mais contém a domicílio ocasional, representam 14.700 a 12.300, aproximadamente. O TGCA de 2000 a 2010 da população residente significou 14,29% e ocasional foi de 5,82%. Pode-se comparar que a maioria dos habitantes residentes estão concentrados próximo às vias expressas e rodovia, por outro lado a população ocasional ocupa parte da faixa litorânea (INSTITUTO PÓLIS, 2013). Com isso, vale ressaltar que para este estudo, a importância da quantificação dessa população definirá a periodicidade do mobiliário, juntamente com a frequência e períodos que serão dispostos para as ambas populações. Destaca-se que a probabilidade de o mobiliário ser inserido, tanto nos viários quanto em praças implicará: • Na quantidade de pessoas que estarão na região e, por isso, haverá o controle de capacidade máximas do público, a fim de evitar excesso de aglomeração; • O porte e tamanho do equipamento, em relação a quantidade de pessoas que o mobiliário conseguirá recepcionar; • O perfil do público, no capítulo seguinte será estudado as características do público (gênero e idade), na qual influenciará no tipo evento que poderá ser mais predominante para cada um desses grupos.
41
1.3 A Consolidação Urbana através da Evolução da Infraestrutura Física
Os planos municipais de saúde, educação e reestruturação viária estão ligados ao desenvolvimento da cidade desde a 1950, a análise destas questões torna-se possível analisar como será a futura expansão e organização terrirorial do município e os programas sociais que influenciação na vida comunitária da população. O enfoque deste capítulo será direcionado ao plano municipal de mobilidade urbana vigente. Dentro deste também são apresentados análises quantitativas e qualitativas sobre a pendularidade dos munícipes (Origem e Destino, OD) e a reestruturação viárias através da nova hierarquia. A análise deste estudo compreende em definir e justificar as possíveis localizações temporárias do mobiliário, de modo que a dinâmica populacional esteja interligada às futuras mudanças na estrutura urbana e nas características das vias urbanas, ambas influenciação no aumento da construção de edificações residenciais, comerciais e institucionais, fatores predominantes que favorece a chegada de uma nova população ocasional para a cidade. A Lei da Mobilidade Urbana n° 12.587 de 2012, estabelece que o termo mobilidade urbana refere-se a “condição em que se realizam os deslocamentos de pessoas e cargas no espaço urbano” (BRASIL, 2012). Ademais, ressalta os princípios que devem ser aplicados juntamente ao plano de mobilidade urbana (Art. 5), tais como: acessibilidade universal; segurança no deslocamento de pessoas; equidade no uso do espaço público de circulação, vias e logradouro; eficiência, eficácia e efetividade na circulação urbana; entre outros. A lei determina que em municípios com quantidade igual ou superior que 20.000 habitantes são obrigados a criar planos de mobilidade urbana que englobem as diretrizes de Política Nacional de Mobilidade Urbana. Em Praia Grande, o Plano de Mobilidade Urbana do Município da Estância Balneária de Praia Grande (PlanMob PG) que tem como objetivo integrar os direitos municipais aos planos de mobilidade de administração para os próximos 10 anos, ou seja, um instrumento de orientação até o ano de 2026. O PlanMob PG considera prazos para a realização desses planos de: 2021 (curto), 2026 (médio) e 2031 (longo). Ainda que a aplicabilidade do plano dependa da qualidade e disponibilização de infraestrutura urbana, a divisão modal também é considerado nos índices urbanísticos. A divisão modal é resultado de um índice da quantidade de usuários para cada meio de transporte utilizado por um período de tempo. Os resultados do índice reflete na análise da qualidade e quantidade de transportes e a condição viária que se encontram.
42 1. Contextualização de Praia Grande (SP)
De acordo com os estudos e diagnósticos do PlanMob PG, até o ano de 2014, em um dia útil típico a divisão modal da população apontava que o automóvel (transporte individual) representava 28% dos meios de transporte utilizados, seguido pelo modo a pé com 27% e transporte coletivo, municipal e intermunicipal (EMTU) com 23%. A bicicleta também participa do quadro com 14%, motocicleta 6% e o transporte escolar e fretado com 1% na participação (Figura 17). 1
Bicicleta 14% A pé 27% Ônibus municipal 25% Transporte Público 25%
Ônibus intermunicipal 25%
Motocicleta 6%
Automóvel 28%
Transporte escolar 1%
Transporte fretado/rodoviário 1%
Figura 17 – Modal de mobilidade urbana 2014, Praia Grande (SP) Fonte: PODD (2014); Processamento Logit; PlanMob PG, adaptado pela autora
1 Dia útil típico: o termo utilizado no estudo do Plano de Mobilidade Urbana de Praia Grande (Praia Grande, 2017 p. 09) para demarcação do método utilizado para análise de horários nos quais foram considerados para realizar o presente estudo de Origem e Destino da cidade, não foi descrito de forma detalhada ou requer mais informações sobre o mesmo no estudo. Para o desenvolvimento deste trabalho, foi considerado que o PlanMob PG fez a análise a partir dos dias de semana (segunda à sexta).
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No quesito mobilidade individual, ou seja, por meio de automóveis individuais, incluindo carros, motos e táxis, o PlanMob PG averiguou que o pico ocorre no período das 7h às 18h e um pico secundário no horário do almoço (ou seja, no horário comercial). A figura 18 apresenta o mapa do tracejo da população de Praia Grande. (PRAIA GRANDE, 2017).
Figura 18 – Linhas de Origem e Destino (OD) de transporte individual 2014, Praia Grande (SP) Fonte: PODD (2014); Processamento Logit; PlanMob PG, adaptado pela autora
Da mesma forma, o transporte coletivo, o segundo modal mais utilizado pela população, tem padrão parecido com os modelos de transporte individuais, com altas porcentagens direcionado ao trabalho, em seguida para a saúde e educação, no período das 6h às 17h da tarde, como mostra na figura 19 (PRAIA GRANDE, 2017). Figura 19 – Linhas de Origem e Destino (OD) de transporte coletivo 2014, Praia Grande (SP) Fonte: PODD 2014; Processamento Logit; PlanMob PG, adaptado pela autora
44 1. Contextualização de Praia Grande (SP)
Lazer 8%
Já no transporte cicloviário, o período de maior movimentação registrado das 7h às 8h e das 17h às 18h com seus picos de movimentação bem definidos. Comparado aos dois modais anteriores, as zonas próximas à cidade vizinha ao sul, Mongaguá, o trajeto é menor (Figura 20). Já que as distâncias entre os bairros centrais para essas regiões são maiores, consequentemente necessita maior esforço físico (PRAIA GRANDE, 2017).
Figura 20 – Linhas de Origem e Destino (OD) de transporte cicloviário 2014, Praia Grande (SP) Fonte: PODD (2014); Processamento Logit; PlanMob PG, adaptado pela autora
Com relação à modalidade a pé, as viagens interzonas e pela orla da praia são destaque na linha de origem e destino. Diferente dos demais modais, a maior proporção dos motivos para deslocamento se refere à educação (32%) e compras (24%), conforme a Figura 21 (PRAIA GRANDE, 2017).
Figura 21 – Linhas de Origem e Destino (OD) a pé 2014, Praia Grande (SP) Fonte: PODD (2014); Processamento Logit; PlanMob PG, adaptado pela autora
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Observa-se que em todos os modais apresentados há uma constante trajetória. Os bairros lado orla da praia (apresentado na Figura 06) representam os trajetos mais frequentes são Boqueirão, Guilhermina, Aviação, Tupi, Ocian, Mirim, Maracanã e Caiçara. Já os bairros do lado morro são Glória, Vila Sônia, Antártica, Tupiry, Quietude, Anhanguera, Nova Mirim, Ribeirópolis e Esmeralda. Isso ocorre devido à consistência de comércios, serviços e instituições públicas e privadas, principalmente entre as avenidas principais, como a Presidente Castelo Branco, Presidente Kennedy, Marcos Freie e Doutor Roberto de Almeida Vinhas, estes dois últimos são paralelos à Avenida Expressa Sul. A construção da Via Expressa Sul, antigo Acesso 291, realizada entre os anos de 2003 a 2006, beneficiou a integração da cidade (entre todos os bairros), privilegiou a segurança dos pedestres, ciclistas e motoristas através das mudanças nos sistemas viários e estruturou a canalização dos sistemas de drenagem nessas regiões (PRAIA GRANDE, 2003). Os dados mostram que o modal individual e cicloviário é mais usado para trabalho, educação e compras, consecutivamente. Quando comparado ao modal a pé, a educação está em primeiro lugar, seguido pelas compras e trabalho, isso significa que instituições educacionais estão mais próximas das áreas densamente residenciais. Por outro lado, a relação de trabalho e os moradores nessas regiões os obriga a se deslocar para outras cidades ou centros urbanos distantes, tanto de transporte individual quanto coletivo. O motivo saúde apresenta-se somente no modal coletivo. Conclui-se que existem equipamentos urbanos suficientes que atendam a comunidade, principalmente escolas. Portanto, essas intituições educacionais influenciarão no dimensionamento do mobiliário que será proporcional à quantidade de estudantes por bairro e na análidos dos tipos de eventos realizados dentro dessas escolas que são positivamente vistos pela comunidade que poderão ser replicados para o mobiliário urbano projetado.
46 1. Contextualização de Praia Grande (SP)
1.3.1 Hierarquização e Requalificação Viária O PlanMob PG propõe uma nova proposta na hierarquização, classificação e reestruturação viária a fim de melhorar a conexão dos bairros e garantir “um ambiente urbano com condições adequadas de convivência, segurança e funcionalidade para todos os tipos de usuários” (PRAIA GRANDE, 2017, p. 16). A concepção de projeto e a periodicidade do objeto no local está relacionada à qualidade viária e a projeção de requalificação. Exemplo disso é a ligação de vias principais com as vias intermediárias, sendo que a hierarquização das vias tem principal papel de interligar ruas existentes com as novas, para que seja possível cumprir a ordenação da malha urbana territorial atual e de expansão. O Plano Diretor Municipal, Lei Complementar Municipal n° 727 de 2016 determina a classificação e hierarquização viária. A hierarquia pode ser específica quando destina uma seção para faixas de transporte público (corredor de ônibus), ciclovias ou ampliação de calçadas. No entanto, suas dimensões e distribuições de usos são definidas de acordo com as suas funções (modais) e o meio urbano nas quais são inseridas (uso e ocupação do solo, atividades envolvidas no entorno, etc) (PRAIA GRANDE, 2017). Quanto as suas caraterísticas devem-se considerar também que as “calçadas com espaço adequado ao passeio e à implantação de mobiliário urbano em ambos os lados da via” (PRAIA GRANDE, 2017, p. 17). Ainda, disposto nas páginas 17 e 18, pode-se destinar os viários em:
Figura 22 – Av. Expressa Sul Fonte: http://praiagrande.sp.gov.br/pgnoticias/ noticias/noticia_01.asp?cod=9966 (2008)
Figura 23 – Av. Pres. Castelo Branco Fonte: Sesac, 201-
•
Rodovias: alta capacidade que garantem a conexão intermunicipal e regional, e que possuem acesso controlado e fluxo ininterrupto, sem interseções nem travessias de pedestres em nível e dotadas de vias marginais, vide Figura 22;
•
Vias de trânsito rápido: permitem a articulação e os deslocamentos entre bairros e sua conexão com o sistema rodoviário existente, possuindo também acesso controlado e fluxo ininterrupto, sem interseções nem travessias de pedestres em nível, sendo dotada preferencialmente de vias marginais;
•
Vias arteriais de 1° categoria: vias urbanas estruturais que possibilitam a articulação e o deslocamento entre os bairros e sua ligação com o sistema rodoviário;
•
Vias arteriais de 2° categoria: são vias urbanas estruturais de maior capacidade, em relação às coletoras e locais, que possibilitam a ligação entre bairros, garantindo a articulação do Município;
•
Vias de interesse turístico: garantem a fruição de paisagens significativas a serem preservadas e valorizadas. As características operacionais previstas são específicas para cada caso, devido a diferença estrutural das vias que compõem esse grupo (Figura 23);
47
Figura 24 – Av. Marechal Mallet Fonte: https://www.youtube.com/watch?v=e5B-1u6aeaA (20--)
•
Vias coletoras principais: permitem os deslocamentos entre bairros, articulando o Município e fazendo sua ligação com a rede viária básica, vide Figura 24;
•
Vias coletoras secundárias: promovem a coleta e distribuição dos fluxos entre as vias locais e o sistema coletor principal e arterial;
•
Vias locais: são aquelas que distribuem o tráfego internamente aos bairros e se destinam ao acesso local. Podem operar com mão dupla de direção para facilitar o acesso dos moradores, uma vez que o tráfego é bastante reduzido e constituído predominantemente de veículos em baixa velocidade.
O PlanMob PG define o prazo de 15 anos para implantação das propostas de alteração da hierarquização e classificação dos viários (curto, médio ou longo prazo) considerando a tendência de crescimento da cidade. A proposta foi “elaborada com base nas disposições oficiais do Município e revisada com informações de campo e análises da rede de modo a complementar as conexões dos bairros com as vias estruturantes e entre as diferentes regiões da cidade” (PRAIA GRANDE, 2017, p. 22), as tendências de desenvolvimento urbano, projetos de viários e de transportes existentes, outrossim, foram respeitadas no projeto, conforme a figura a seguir (Figura 25). No novo projeto, pode-se observar que, em sua maioria, as vias arteriais de 2° categoria são representadas pela Avenida Presidente Kennedy, Avenida dos Trabalhadores e Avenida Ministro Marcos Freire (paralela à Expresso Sul), nas quais percorrem por todo o quilômetro da cidade. Já a Avenida Castelo Branco (avenida da praia), categoriza-se como via de interesse turístico, devido à procura turística nesta região.
48 1. Contextualização de Praia Grande (SP)
Figura 25 – Mapa geral da hierarquia dos viários 2014, Praia Grande (SP) Fonte: Elaboração Logit; PlanMob PG, adaptado pela autora
Outro ponto importante para ser analisado é a localização das vias coletoras principais, estas tracejam a cidade paralelo à praia entre os bairros do Canto do Forte até o início do Caiçara. Logo, a predominância do sentindo da linha dos viários é paralelo à forma da cidade, horizontal, acompanhando a malha urbana. Vale ressaltar que reconhecer a expansão desordenada da cidade como processo histórico do desenvolvimento do múnicipio, justifica a necessidade da requalificação viária que permita a instalação de novas atividades de interesse social e túristico na região. Conclui-se que o presente estudo revela também que qualquer objeto social e urbano a ser inserido dependerá das características viárias disponíveis na cidade, voltado à qualidade e possíveis acessos ao equipamento ou mobiliário urbano. De acordo de estudos divulgados pelo PlanMob PG, é previsto que haverá aumento na demanda de transportes, coletivos ou individuais. Deste modo, a figura a seguir (Figura 26) apresenta a compatibilização da proposta do sistema de intervenção do sistema viário geral, compondo os melhoramentos e localização dos eixos estruturantes, sendo todas as intervenções no período definido como longo prazo. Quanto as definições:
49
• Eixo estruturante: viário que interliga de forma direta e fluida diversos pontos da cidade; • Ligação: segmento criado para ligar diretamente dois pontos desconectados, localizado no bairro Melvi; • Requalificação: visa melhorar a qualidade dos deslocamentos, dessa forma é previsto no plano obras de pavimentação, mudanças de sinalização e alterações na geometria do traçado, quando necessário; • Mudança de hierarquia: revisão da função do viário conforme o crescimento da cidade, podendo passar pela requalificação ou não. Na Figura 26, considera-se que os eixos estruturantes composto pela Via Expressa Sul não foram modificadas em sua estruturação, por outro lado a via arterial de 2° categoria expressada pela Avenida Kennedy é prevista a intervenção de requalificação, como pavimentação em trechos, redimensionamento viário e inclusão de novas faixas de pedestres, ciclovias e sinalizações, em todo sua continuidade. Nos eixos transversais foram propostas novas passagens subterrâneas para ligação norte e sul das duas regiões a fim de evitar a concentração de fluxos viários.
Figura 26 – Mapa geral da proposta de reestruturação dos viários 2014, Praia Grande (SP) Fonte: Elaboração Logit; PlanMob PG, adaptado pela autora
Portanto, o plano aponta perspectivas relevantes que norteará a discussão sobre as localidades do mobiliário proposto, ainda mais quando se refere sobre a inserção do projeto em logradouros públicos, como os viários. Posteriormente, será apresentado o decreto municipal que aborda as especificações para a realização de eventos nesses espaços e será compatibilizado com o plano descrito e suas análises. Assim, a proposta do mobiliário estará coerente com os prazos do plano, desde a fase preliminar de concepção do evento e mobiliário até a possibilidade de expansão do projeto conforme as previsões de desenvolvimento urbano da cidade.
ANÁLISE DA
PROBLEMÁTICA LOCAL
2
52 2. Análise da Problemática Local
2.1 Estudo Populacional dos Bairros As análises do capítulo anterior visam entender a dinâmica populacional e as formas de adensamento na cidade, de modo que a expansão da cidade foi espontânea e a realização de estratégias que promovesse qualidade urbana. No presente capítulo será abordado as consequências da expansão social e urbana de forma positiva, em prol do desenvolvimento da cidade, e negativa, a busca de alternativas para melhorar fisicamente, estruturalmente e socialmente o contexto urbano. Desta forma, é imprescindível impor estratégias para a viabilização da execução de planos urbanos que possam melhorar o desempenho das atividades sociais e culturais e, ainda assim, independente de cargos públicos da gestão política-urbana. A localização do projeto Modu’Lar se adaptará de acordo com as características físicas de infraestrutura, existência de equipamentos sociais e urbanos contidos na cidade, a facilidade de acesso e visibilidade para os moradores locais e de seu entorno. A adaptabilidade e a efemeridade do mobiliário dividem-se em dois grupos de localidades diferentes, cada grupo apresenta requisitos individuais para que torne possível a instalação temporária do objeto no local:
Programa Social “Sua praça” Pontos estratégicos em bairros que apresentam características semelhantes:
]
Localização do projeto
• Infraestrutura urbana adequada • Áreas públicas adequadas ou com possibilidade de serem readequadas • Existência de mobiliários e equipamentos urbanos • Heterogeneidade de uso dos lotes inseridos nos bairros (presença de farmácias, padarias, instituições, mercados, etc.)
Programa Social “Sua rua comunitária” Viários com perfis semelhantes às predisposições mínimas para funcionamento do mobiliário: • Pavimentação, drenagem, energia e iluminação adequadas • Dimensionamento da via adequado à quantidade de frequentadores • Calçamento regular conforme ABNT NBR 9050/2020
53
As localizações para a instalação temporária do Modu’Lar foram definidas de acordo com as atividades que serão realizadas dentro dos bairros. A proposta para cada um dos eventos inclui a proporcionalidade entre a quantidade de pessoas no espaço e o dimensionamento do objeto. A análise dos dados populacionais de 2010, divulgados pelo IBGE, tem enfoque de criar espaços de lazer que sejam semelhantes às preferências da população bairrista e propor eventos para cada faixa etária e gênero que despertem interesse do cidadão sob o programa social desenvolvido. O mapa da Figura 27 apresenta 49 localizações temporárias das duas classificações do mobiliário Modu’Lar.
= 25 localidades = 24 localidades Figura 27 – Mapa viários e pontos estratégicos, Praia Grande (SP) Fonte: IBGE (2010), Prefeitura de Praia Grande, adaptado pela autora
54 2. Análise da Problemática Local
2.1.1 Programa Social “Sua praça”
Pontos Estratégicos em bairros que apresentam características semelhantes A escolha dos pontos estratégicos para a instalação temporária do Modu’Lar está atrelada à existência de praças e orla da praia que mais se adequem à proposta. Observa-se que os bairros contidos nas áreas próximas do morro têm pouca ou nenhum espaço destinado ao lazer e projetos que priorizem as atividades culturais públicas. A figura a seguir (Figura 28) foi apontado as possíveis 25 localidades. Para todas essas localidades foram realizadas visitas com intuito de observar os sistemas e equipamentos existentes que estejam funcionamento do mobiliário.
0
1
2
3 km Figura 28 – Mapa pontos estratégicos , Praia Grande (SP) Fonte: IBGE (2010), Prefeitura de Praia Grande, adaptado pela autora
55
14710 9434
11669
12338 11882
14749 14846
15363 11842
12154 9404
158
548
603
127
2250 1472
6767
9961
13501 14030
23745
Residente
21320
Ocasional
3611
Apesar de estarem a apenas 7km de distância, os bairros Samambaia e Solemar apresentam diferença na quantidade populacional. O motivo dessa dessemelhança se dá pelo fato do bairro Solemar ser o último bairro da Praia Grande e mais próximo da cidade vizinha, Mongaguá.
G R Á F I C O P O P U L A ÇÃO R E S I D E N TE E O C U P A ÇÃ O O C A S I O NA L P O R B A I R R O S E S T R A TÉ G I COS
10147 9342
A implementação do mobiliário está prevista em pontos localizados nos seguintes bairros: Aviação, Boqueirão, Caiçara, Canto do Forte, Flórida, Guilhermina, Melvi, Mirim Ocian, Samambaia, Sítio do Campo, Solemar e Tupy, e suas respectivas quantidades populacionais (Figura 29). O gráfico compara o total da população residente e domicílios particulares permanentes de uso ocasional dos bairros citados.
Figura 29 – Gráfico Populacional Residente por bairro na cidade de Praia Grande (SP) Fonte: IBGE (2010), adaptado pela autora
Percebe-se também que a ocupação ocasional no bairro Samambaia está entorno de 600 unidades. Já os bairros que representam a diferença até 1000 ocupações e habitantes residentes são a Aviação, Guilhermina (menor diferença), Ocian, Tupy e Solemar. Isso significa que em épocas de veraneio esses bairros apresentam maior fluxo de pessoas e de uso da infraestrutura urbana. Os bairros Canto do Forte, Guilhermina, Sítio do Campo e Tupy possuem entre 14.000 a 15.600 residentes. Essas regiões são relativamente próximas, não ultrapassando 3km de distância, sendo o bairro Tupi o mais afastado dos demais.
56 2. Análise da Problemática Local
Nesse bairros destaca-se, resumidamente, os motivos pelo qual ocorreu o processo de crescimento populacional: • Implantação do Terminal Rodoviário Tude Bastos no ano de 1996, na qual é próximo do bairro Sítio do Campo e Canto do Forte, para interligar a cidade com São Vicente e Santos (SP), assim como o processo de expansão de transporte de São Paulo e ABC; • Implementação da rede de esgoto em operação, com os bairro Tupi e Guilhermina atingindo os melhores resltados entre os bairros analisados(Hidroconsult, 2006); • Consolidação dos empreendimentos verticais de 03 a 25 pavimentos, até o ano de 2012 nos bairros Canto do Forte, Guilhermina e Tupi (Instituto Pólis, 2013). A porcentagem da popula- PORCENTAGEM POPULAÇÃO EM BAIRROS ESTRATÉGICOS ção de Praia Grande que reside Aviação 5% Boqueirão nesses 13 bairros corresponde 5% a 63,80% da população total da Caiçara Tupy 5% 11% cidade, ou seja, 167.178 habitantes. Dessa população, observa-se Tupiry 5% na Figura 30, o gráfico de distribuição populacional em porcenCanto do Forte Solemar tagem. 8% Flórida 10% Os bairros mais populosos da orla da praia como a Mirim com 11%, seguido pelo Canto do forte (8%), Guilhermina e Tupy (ambos 7%), não apresentam tantas instituições e centros comerciais quanto os bairros do Boqueirão e Ocian.
1%
Guilhermina 8%
Sítio do Campo 8%
Samambaia 1%
Melvi 6%
Quietude 8% Ocian 13%
Aviação Flórida Ocian Solemar
Boqueirão Guilhermina Quietude Tupiry
Mirim 6%
Caiçara Melvi Samambaia Tupy
Canto do Forte Mirim Sítio do Campo
Figura 30 – Gráfico comparativo populacional residente por bairro na cidade de Praia Grande (SP) Fonte: IBGE (2010), adaptado pela autora
57
G R Á F I C O P O P U L A CÃO P O R B A I R R O E G Ê N E R O
5901 5768
7585 7125 744 728
4832 4602
6403 5479
7958 6888
8184 7179 4952 4452
5475 4486
4936 4406
7572 6458
12131 11614
MASCULINO
10902 10418
FEMININO
Outro tópico importante é a diferença da quantidade de homens e mulheres nesses bairros, o que influenciará a procura de eventos sociais específicos nessas regiões, sejam cursos de extensão, palestras, entre outros. No gráfico a seguir (Figura 31) é apresentado a quantidade de homens e mulheres residentes nos bairros estratégicos.
Figura 31 – Gráfico Populacional Residente por bairro e gênero na cidade de Praia Grande (SP) Fonte: IBGE (2010), adaptado pela autora
Nos dias 16 e 17 de fevereiro de 2020 foi realizado a visita de campo com o objetivo de observar o entorno e anotar informações pertinentes que influenciarão na implantação eventual do mobiliário. Na Figura 32 é apresentado em detalhe a análise qualitativa dessas regiões citadas anteriormente, porém para melhor assimilação com o propósito de cada análise que está sendo abordada, considera-se: • Conservação do mobiliário e equipamento urbano existente: averiguação da existência ou não, a quantidade generalizada relacionada a sua localização e o estado de conservação; • Descrição da infraestrutura urbana existente: observou-se a quantidade genérica dos elementos físicos que compõem um viário, tal como: poste de iluminação, ponto de energia, água e luz, pavimentação das vias e paisagismo; • Conjunto de edificações do entorno do objeto que apresente característica de conservação: nível de conservação das fachadas das edificações, incluindo paisagismo e revestimentos, estado de conservação que influenciará na análise da peridiocidade de manutenções;
58 2. Análise da Problemática Local
• Predominância de comércio e serviço na área: na envoltória foi notado, sem a contagem numérica, a proporção entre a quantidade de comércios e serviços, e quais são os tipos, como farmácias, padarias, hospitais, unidades de saúde, mercados, entre outros; • Área de interesse ambiental ou de risco: na cidade há quatro áreas de interesse ambiental como a Serra do Mar, Parque Piaçabuçu, Parque Estadual da Serra do Mar e praias; • Senso crítico da possibilidade de o mobiliário não ser implantado no local: neste foi classificado entre baixa, média e alta probabilidade do mobiliário não conseguir ser implanto, para cada problemática foi constada uma solução.
59
Continuação
Solemar
60 2. Análise da Problemática Local
Figura 32 – Resumo bairros estratégicos, Praia Grande(SP) Fonte: IBGE (2010), adaptado pela autora
61
A viabilização da localização dos pontos estratégicos nos bairros será definido por meio de características que comprovem a integração do mobiliário com a população e que promova atividades culturais, esportivas e educacionais para os habitantes residentes dos bairros. Nesse sentido, foram identificadas como características essenciais: • Eventos categorizados pela idade, entre 0 e 5, 6 aos 11, 12 aos 17 e acima de 18 anos; • Presença de Escola Municipais (E.M.), Estaduais (E.E.) e/ou Particulares (E.P.) no entorno; • Localização em praças públicas; • Inserção de eventos pré-estabelecidos pelo órgão público, como shows, competições esportivas, festas, feiras, entre outros; • Edificações públicas com finalidade cultural, esportiva ou educacional para a região; • Proximidade a orla da praia. Foram divididos em três grupos os 13 bairros que compõe dentro dessas características os atributos específicos para implementar o móvel na região. A seguir é demonstrado a tabela que subdivide os bairros:
CARACTERÍSTICAS
} } }
GRUPO 01
»» »» »» »»
GRUPO 02
»» Escolas (E.M., E.E. e/ou E.P.) »» Eventos »» Praça ou espaço aberto
GRUPO 03
»» Praça »» Orla da praia
Escolas (E.M., E.E. e/ou E.P.) Eventos Praça Orla da Praia
BAIRROS
} } }
Canto do Forte, Boqueirão, Guilhermina e Caiçara
Sítio do Campo, Tupiry, Quietude, Mirim e Samambaia
Aviação, Tupi, Ocian e Solemar
62 2. Análise da Problemática Local
Grupo 01 Os bairros que compõe este grupo são Canto do Forte, Boqueirão, Guilhermina e Caiçara (Figura 33), estes têm as áreas de 241, 136, 198 e 280 hectares e 5,86% (15.363), 3,80% (9.961), 5,67% (14.846) e 3,59% (9.404) dos habitantes residentes totais da cidade, respectivamente.
Figura 33 – Bairros Grupo 01, Praia Grande(SP) Fonte: IBGE (2010), Prefeitura de Praia Grande, adaptado pela autora
Conforme a Figura 34, o bairro Canto do Forte está localizado próximo do Parque Estadual Xixová Japuí. De acordo com o zoneamento urbano regulamentado pela Lei Complementar n° 615 de 19 de dezembro de 2011 e o mapa de Ordenamento do Uso, da Ocupação e do Parcelamento do Solo, Lei Complementar n° 499 de 26 de dezembro de 2007, o bairro está inserido em área de Zoneamento Especial de Interesse Ecológico (ZEIE) do Parque e Zona Predominantemente Residencial (ZPR).
63
CANTO DO FORTE
Gráfico por idade 0 a 5 anos 6 aos 11 anos 12 aos 17 anos
acima de 18 anos
7%
7% 8%
78%
PRAÇA DUQUE DE CAXIAS
Figura 34 – Grupo 1: Canto do Forte, Praia Grande(SP) Fonte: IBGE (2010), Prefeitura de Praia Grande, adaptado pela autora; Própria (2020)
64 2. Análise da Problemática Local
No lado praia, foram considerados três pontos. O primeiro está localizado na Praça Duque de Caxias, revitalizado no ano de 2018. Os demais pontos, destinados à orla da praia, locais onde ocorrem shows durante os meses de dezembro a fevereiro, por exemplo a Estação de Verão Show. Devido ao atrativo natural da orla da praia, pode-se considerar eventos para todas as idades. Nota-se que foi disposto quatro localizações no bairro para a instalação temporária do Modu’Lar. Devido a distância das quadras perto do Parque Xixová até a praia, foi designado um local estratégico na Praça Lenira Melo da Rocha que atendesse a área próxima a Escola Municipal Estina (Figura 35). O local é de uso residencial, sendo assim as atividades sociais seriam destinadas às todas as idades. Com 9.961 habitantes, o Boqueirão (Figura 36), bairro ao lado do Canto do Forte, é um dos polos comerciais da cidade. A Avenida Presidente Costa e Silva, com início na orla da praia e término no sentido da Avenida Presidente Kennedy. Com 136 hectares, é classificado apenas como Zona Comercial (ZC) no mapa de zoneamento urbano.
Figura 35 – Praça Lenira Melo da Rocha, Praia Grande(SP) Fonte: Própria (2020)
65
BOQUEIRÃO
Gráfico por idade 0 a 5 anos 6 aos 11 anos 12 aos 17 anos
acima de 18 anos
5%
6% 8%
81%
Av. Pres. Costa e Silva
PRAÇA 19 DE JANEIRO
FATEC
Figura 36 – Grupo 1: Canto do Forte, Praia Grande(SP) Fonte: IBGE (2010), Prefeitura de Praia Grande, adaptado pela autora; Própria (2020)
66 2. Análise da Problemática Local
PRAÇA DOS EMANCIPADORES
Av. Marechal Mallet
Av. Pres. Costa e Silva
Figura 37 – Praça dos Emancipadores Fonte: Google Earth (2018); Própria (2020)
67
PRAÇA HORÁCIO DE OLIVEIRA NETTO Em direção ao sul, o bairro vizinho Guilhermina (Figura 38), com 14.446 habitantes e 198 hectares apresenta apenas a área de ZPR, assim como o Canto do Forte. A Avenida Guilhermina, é a principal avenida que corta o bairro, contém praças, escolas e supermercados.
GUILHERMINA
Gráfico por idade 0 a 5 anos 6 aos 11 anos 12 aos 17 anos
acima de 18 anos
7%
PRAÇA PORTUGAL
7% 7%
79%
Praça Portugal
Av. Guilhermina
Figura 38 – Grupo 1: Guilhermina, Praia Grande(SP) Fonte: IBGE (2010), Prefeitura de Praia Grande, adaptado pela autora; Própria (2020)
68 2. Análise da Problemática Local
PRAÇA CLÁUDIO DONEOUX
Por último, o bairro Caiçara, ao sul da cidade, tem a maior área e a menor quantidade de habitantes (9.404) quando comparada aos demais bairros deste grupo. Por sua forma mais retangular e perpendicular à orla da praia (Figura 39), tem maior extensão da praia e possui a malha viária mais ordenada e homogênea dentro os bairros deste grupo. O território tem prevalência de ZPR nas extremidades e no eixo central ZC. A Praça Cláudio Doneoux é um equipamento público que faz complemento ao Ginásio Caiçara e a Escola Municipal Mario Possani. No local foi observado a falta de manutenção da praça, incluindo o paisagismo, mobiliários e calçamento, apesar da ausência foi considerado um local estratégico em potencial para o estudo.
Fonte: Própria (2020)
CAIÇARA
Gráfico por idade 0 a 5 anos 6 aos 11 anos 12 aos 17 anos
acima de 18 anos
7%
8% 8%
77%
Figura 39 – Grupo 1: Caiçara, Praia Grande(SP)
69
PRAÇA NOSSA SENHORA - EM CONSTRUÇÃO
Fonte: http://www.praiagrande.sp.gov.br/pgnoticias/noticias/noticia_01. asp?cod=49242. Acessado 07/04/20
PRAÇA JORNALISTA GERALDO FERRAZ
Fonte: Própria (2020)
Fonte: Própria (2020)
70 2. Análise da Problemática Local
Grupo 02 O grupo é correspondido pelos bairros Sítio do Campo, Tupiry, Quietude, Mirim e Samambaia (Figura 40). Estes bairros possuem áreas de 577, 155, 105 ,184 e 169 hectares e 5,61% (14.710), 4,45% (11.669), 3,60% (9.434), 8,14% (21.320) e 9,06% (23.745) dos habitantes totais da cidade, respectivamente.
Parque Piaçabuçu
Figura 40 – Bairros Grupo 02, Praia Grande(SP) Fonte: IBGE (2010), Prefeitura de Praia Grande, adaptado pela autora
O bairro com maior área em hectares do grupo, Sítio do Campo está localizado próximo ao Parque Piaçabuçu (Figura 41). Quanto ao parcelamento do solo, é ZEIE e ZPR próximo ao parque e composto pela Zona de Usos Diversificados (ZUD) na área adjacente a Via Expressa Sul.
71
DECK DE PESCA PORTINHO
SÍTIO DO CAMPO
Gráfico por idade 6 aos 11 anos
0 a 5 anos
12 aos 17 anos
acima de 18 anos
8% 10% 11% 71%
0 100 200
Figura 41 – Grupo 2: Sítio do Campo Praia Grande(SP) Fonte: IBGE (2010), Prefeitura de Praia Grande, adaptado pela autora
72 2. Análise da Problemática Local
Assim como o Sítio do Campo, o bairro Tupiry (Figura 42) apresenta as mesmas três zonas, mais ao norte o Parque Piaçabuçu, ZEIE, próximo a Via Expressa Sul, ZPR e entre as duas zonas consiste em uma área ZUD.
TUPIRY
Gráfico por idade 0 a 5 anos 6 aos 11 anos 12 aos 17 anos
acima de 18 anos
10% 12% 12% 66%
Figura 42 – Grupo 02: Tupiry, Praia Grande(SP) Fonte: IBGE (2010), Prefeitura de Praia Grande, adaptado pela autora
73
Pavilhão Jair Rodrigues
O bairro Quietude (Figura 43) apresenta duas zonas, uma pequena parte ao norte consiste o Parque Piaçabuçu, ZEIE, e em todo o restando do bairro é ZPR.
Vi
a
Ex
pr
es
sa
Su
l
Estacionamento Localização Modu’Lar
QUIETUDE
Gráfico por idade 0 a 5 anos 6 aos 11 anos 12 aos 17 anos
acima de 18 anos
ÁREA DE MULTIPLO USO: FEIRA DE QUITA-FEIRA
10% 10% 10% 70%
Figura 43 – Grupo 02: Quietude, Praia Grande(SP) Fonte: IBGE (2010), Prefeitura de Praia Grande, Google Earth (2018), adaptado pela autora
74 2. Análise da Problemática Local
O bairro Mirim (Figura 44) está localizado próximo à orla da praia e toda sua zona é definida em apenas ZPR e há três possíveis acessos pelas vias principais: Via Expressa, Av. Kennedy e Av. Pres. Castelo Branco.
Ginásio Falcão
Ponto estratégico Modu’Lar
MIRIM Gráfico por idade 0 a 5 anos 6 aos 11 anos 12 aos 17 anos
acima de 18 anos
10% 11% 11% 68%
Figura 44 – Grupo 02: Mirim, Praia Grande(SP)
75
PRAÇA HELENA CARDOZO BERNADINO
O bairro Samambaia (Figura 45) está zoneado como ZR. O bairro consiste em seu plano urbano conjuntos habitacionais que definem muito bem sua malha territorial.
BIBLIOTECA PORTO DO SABER
SAMAMBAIA
Gráfico por idade 0 a 5 anos 6 aos 11 anos 12 aos 17 anos
acima de 18 anos
10% 11% 12% 67%
Figura 45 – Grupo 02: Samambaia, Praia Grande(SP) Fonte: IBGE (2010), Prefeitura de Praia Grande, adaptado pela autora
76 2. Análise da Problemática Local
Grupo 03 Por fim, o grupo 03 é representado pelos bairros Aviação, Tupy, Ocian e Solemar (Figura 46),que apresentam áreas de 161, 185, 181 e 103 hectares e população de 3,56% (9.342), 5,35% (14.030), 4,53% (11.882) e 0,56% (1.472) do total de habitantes em toda cidade.
Figura 46 – Bairros Grupo 03, Praia Grande(SP) Fonte: IBGE (2010), Prefeitura de Praia Grande, adaptado pela autora
O bairro Aviação (Figura 47) está ligado diretamente aos dois eixos viários principais da cidade, a Via Expressa Sul e a Avenida Presidente Castelo Branco, esta última está localizada na orla da praia. Seu parcelamento corresponde a ZPR e, em apenas um corredor de quadras, a ZC.
77
AVIAÇÃO
Gráfico por idade 0 a 5 anos 6 aos 11 anos 12 aos 17 anos
acima de 18 anos
7% 8% 9%
76%
Pista de Skate
Calçadão local estratégico Figura 47 – Grupo 3: Aviação, Praia Grande(SP) Fonte: IBGE (2010), Prefeitura de Praia Grande, adaptado pela autora
78 2. Análise da Problemática Local
Assim como a Praça Cláudio Doneoux, no bairro Caiçara, a Praça Japão (Figura 48) também não foi realizada a manutenção no paisagismo e calçamento. O local que apresenta o entorno com adensamento residencial, é uma área em potencial para aplicação do mobiliário quando comparado com outros locais do mesmo bairro.
Figura 48 – Praça Japão Fonte: Própria (2020)
79
TUPY
Gráfico por idade 0 a 5 anos 6 aos 11 anos 12 aos 17 anos
O bairro vizinho, Tupy (Figura 49), o maior em área deste grupo, apresenta as mesmas características que a Aviação: predomina-se a ZPR e em uma faixa de quadras é representado pela Zona Comercial.
6%
8% 8%
78%
Figura 49 – Grupo 3: Tupi, Praia Grande(SP) Fonte: IBGE (2010), Prefeitura de Praia Grande, adaptado pela autora
acima de 18 anos
80 2. Análise da Problemática Local
OCIAN
Gráfico por idade 0 a 5 anos 6 aos 11 anos
No bairro Ocian (Figura 50) é possível observar três tipos de zonas. A primeira está localizada na Zona Mista na área entre a Avenida Keneddy até a Via Expressa Sul, a ZC localizada no corredor central do bairro e a última é caracterizado pela ZPR. Ainda, segundo a Lei Complementar, a Estátua de Netuno é elemento de patrimônio histórico da cidade
12 aos 17 anos
7%
7% 8%
78%
ESTÁTUA DO NETUNO
acima de 18 anos
VIVÊNCIA OCIAN
Figura 50 – Grupo 3: Ocian, Praia Grande(SP) Fonte: IBGE (2010), Prefeitura de Praia Grande, adaptado pela autora
81
O bairro Solemar (Figura 51) tem duas zonas bem delimitadas, na área entre a Avenida Presidente Kennedy e a Via Expressa Sul é denominada como ZPR, já o lado oposto que corresponde da Avenida Castelo Branco até a Av. Kennedy é determinada como Zona Exclusivamente Residencial.
SOLEMAR
Gráfico por idade 0 a 5 anos 6 aos 11 anos 12 aos 17 anos
acima de 18 anos
7%
8% 7%
78%
PRAÇA CARLOS GOMES
Figura 51 – Grupo 3: Solemar, Praia Grande(SP) Fonte: IBGE (2010), Prefeitura de Praia Grande, adaptado pela autora
82 2. Análise da Problemática Local
2.1.2 Programa Social “Sua rua comunitária”
Viários com perfis semelhantes às predisposições mínimas para o funcionamento do mobiliário Assim como mencionado anteriormente sobre os possíveis pontos estratégicos para a inserção do mobiliário, foram levados em consideração a disposição de espaços públicos que estivessem adequados estruturalmente. Dado que alguns desses locais identificados não possuem praças, parques ou ambientes de lazer, a proposta do Modu’Lar inclui a instalação temporária do objeto em viários em 13 bairros: Glória, Vila Sônia, Antártica, Anhanguera, Nova Mirim, Maracanã, Ribeirópolis, Esmeralda, Melvi, Real, Princesa, Cidade da Criança e Flórida (Figura 52). O objetivo também é inserir atividades culturais, esportivas e educacionais de modo regular em determinados períodos, como finais de semana ou em alguns dias de feriado. Deste modo, a população bairrista terá acesso à educação comunitária oferecido pelo programa social, elaborado pela ação conjunta das concessionárias, prefeitura e população residente e ocasional da cidade. Sendo assim, os viários selecionados para a realização dos eventos devem estar adequados às características de: • Pavimentação asfáltica e regular; • Presença de coleta de água pluvial, drenagem (bocas de lobo); • Pontos de energia; • Presença de iluminação pública, como postes; • Largura mínima do viário de 7 metros (descontando as calçadas), ou seja, passagem de 2 automóveis; • Calçadas regulares que estejam de acordo com a norma de acessibilidade (ABNT NBR 9050/2015); • Preferência de ruas locais ou ruas de fácil acesso às vias arteriais; • Viário com pouca presença de estabelecimentos comerciais. Para exemplificar esse modelo baseado nas características identificadas, foram selecionados duas vias para o estudo de viabilização. O primeiro, localizado no bairro Ribeirópolis, na Avenida Dr. Esmeraldo Soares Tarquínio de Campos Filho (Figura 53), e o outro no Maracanã, Rua Afonso Celso Pinheiro Mendonça (Figura 54).
83
Ginásio Poliesportivo Av. Dr. Esmeraldo Soares
BAIRRO RIBEIRÓPOLIS
Figura 52 – Viários similares Fonte: IBGE (2010), Prefeitura de Praia Grande, adaptado pela autora
BAIRRO MARACANÃ
Escolas Municipais Via arterial 2° categoria R. Alfredo D. Taunai Figura 53 – Ribeirópolis Fonte: Google Earth (2019), adaptado pela autora Av. Pres. Kennedy R. Afonso C. P. Mendonça
Figura 54 – Maracanã Fonte: Google Earth (2019), adaptado pela autora
84 2. Análise da Problemática Local
Segundo os dados do IBGE (2010), o bairro Ribeirópolis tem aproximadamente 10.300 habitantes, o que representa quase 4% do total, número acima da média populacional de Praia Grande. Nota-se que o local apresenta unidades institucionais, como o ginásio e as escolas, também é próxima da via arterial (Figura 55).
Figura 55 – Av. Dr. Esmeraldo Soares, Ribeirópolis Fonte: Própria (2020)
O bairro Maracanã, por sua vez, possui em menos habitantes que o Ribeirópolis, cerca de 6.500, 2,51% da população da cidade. Nota-se que paralelo à Rua Afonso está localizado a Avenida Pres. Kennedy, uma das vias principais da cidade (Figura 56).
Figura 56 – Rua Afonso; Maracanã Fonte: Própria (2020)
85
Ao todo somam-se 24 exemplos de vias que atualmente estão adequadas:
ANHANGUERA
»» Rua Filomena Mustach »» Rua Cora Carolina
ANTÁRTICA
»» Rua Magdalena Garcia Fonseca »» Rua Augusto Ribeiro Pacheco
CIDADE DA CRIANÇA
»» Rua Opala
ESMERALDA FLÓRIDA GLÓRIA MARACANÃ
MELVI
»» Rua Leopoldo Augusto Miguez »» Avenida Dr. Antônio Sylvio Cunha Bueno
NOVA MIRIM PRINCESA
»» Rua Joaquim Osório Duque Estrada »» Rua Eduardo Venuto Pinto
REAL
»» Rua das Begônias »» Rua dos Narcisos
RIBEIRÓPOLIS
»» Rua C »» Rua Arquiteto Nelson Rocha »» Rua Afonso Celso Pinheiro Mendonça »» Rua Professora Maria José Barone F. da Silva
VILA SÔNIA
»» Rua Martiniano José das Neves »» Rua Alcebíades Pacheco »» Rua NorbertoFlorêncio dos Anjos
»» Rua Primavera »» Rua Alamanda »» Avenida Dr. Esmeraldo Soares Tarquínio de Campos Filho »» Avenida Clodoardo Amaral
»» Rua Arnaldo Augusto Batista »» Rua Pedro Batista de Menezes
Portanto, quando se refere na análise qualitativa do mobiliário nesses viários nota-se que pode ser distinguido em pontos negativos e positivos, vistos na tabela a seguir (Tabela 01).
INSERÇÃO DO MODU’LAR NO VIÁRIO VANTAGENS »» Inserção da cultura, educação, esporte e lazer »» »» »» »»
dentro dos bairros Incentivar órgãos públicos a melhorar a infraestrutura urbana; Incentivo da comunidade em realizar atividades organizadas pela própria comunidade; Execução de atividades geradoras de renda para a comunidade; Apresentação de palestras e reunião de grupos de importância social.
DESVANTAGENS »» »» »» »»
Incômodo sonoro aos moradores locais; Acúmulo de pessoas no viário; Sujeira durante o evento; Entrada e saída de veículos impedida no durante o evento.
Tabela 01 - Modu’Lar no viário, vantagens e desvantagens Fonte: Própria (2020)
86 2. Análise da Problemática Local
Em busca de opiniões sobre a necessidade e importância da inserção de eventos culturais dentro do bairro, foi realizado uma pesquisa de opinião com três líderes das Associações Amigos do Bairro entre os dias 16 a 21 de maio de 2020 (enviado via email para os participantes). O objetivo das associações na cidade é que cada um dos bairros possua um líder que represente a população bairrista, sendo esse líder assessorado por uma equipe responsável pela coordenecoordenação das atividades realizadas no bairro. Além de ter uma conexão direta com a população bairrista, também cabe a associação reportar os quesitos necessários para a melhoraria da qualidade de vida dentro da própria região e providenciar, juntamente com a prefeitura, as medidas cabíveis. Quando perguntado aos líderes da Associação dos Amigos do Distrito de Solemar (Solemar), Jardim Imperador (Imperador) e Parques das Américas (Esmeralda) se há investimentos por parte da prefeitura na realização de atividades culturais, esportivas e educacionais dentro de cada bairro e aberto para todos os habitantes, mesmo que seja realizado dentro de escolas, praças ou ginásios, a resposta unânime foi que não existe aplicação de investimentos. Por outro lado, quando perguntado se “já aconteceu da prefeitura ajudar a organizar esses eventos, com empréstimos de equipamentos, liberação de locais públicos? Como foi essa experiência?”, foram respondidos: Solemar: “Muito raro. Mas atende a Associação em pedidos de benfeitorias para o bairro através das Secretarias municipais.” Imperador: “Não.” Esmeralda: “Realizamos uma ação comunitária aqui no bairro, e a prefeitura nos emprestou a escola.”
Dessa forma, nota-se que a prefeitura tem o interesse em atender às solicitações de empréstimo de áreas de instituições públicas para a realização de eventos. Também, questionada a opinião dos líderes seem relação ao recurso ou à disponibilidade da população do bairro em participar de eventos culturaisrealizados no Palácio das Artes (PDA), localizado no bairro Boqueirão. considerável do PDA (25km para o Solemar, 18km para o Imperador e 14km para o Esmeralda) o que poderia resultar em dificuldade de acesso: Solemar: “Não. Ficamos longe PDA e os eventos em sua maioria tem custo acima do que podem pagar.” Imperador: “Sim.” Esmeralda: “Moramos em uma periferia de baixa renda, são poucas as pessoas que tem condições de frequentar cinemas ou Palácio das Artes para assistirem filmes ou peça de teatro.”
Por último, foi perguntado se deveria aumentar a frequência eventos no bairro, a resposta de todos os líderes foi que deveria, além de eventos culturais e esportivos, como vôlei e futebol, mas também cursos técnicos gratuitos em parceria com a administração pública.
87
2.2 Decreto Municipal n° 5.892/2015: organização e funcionamento de eventos em logradouros públicos
Na cidade de Praia Grande, o funcionamento de eventos em logradouros públicos é regulamentado pelo Decreto Municipal n° 5.892 de 13 de agosto de 2015 que “dispõe sobre a organização e o funcionamento de festas, bailes e eventos culturais em logradouros públicos ou em imóveis particulares no Município”. O decreto tem o objetivo de garantir a “segurança e tranquilidade da população quanto às instalações necessárias para festas, bailes e eventos culturais em logradouros públicos com o fechamento das vias públicas e a garantia da ordem pública”. Entre esses eventos estão feiras livres, desfiles de fantasias, religiosos, cultural, cívicos, entre outros. O artigo 2 e 3 do decreto institui que os eventos culturais são divididos em dois grupos: caráter comercial e não comercial. Para a validação do evento as exigências devem ser seguidas: • Ocorrer em local adequado; • Ficar isolados de quaisquer edificações pelo espaço mínimo de 5,00 metros; • Não perturbar o sossego da vizinhança, sendo a emissão máxima de ruído por aparelhagem de som de até 70 decibéis; • Disponibilizar banheiros químicos com lavatório;
PROCESSO DE APROVAÇÃO
• Após o evento realizar a limpeza no local; • Equipe de segurança patrimonial, um para cada 100 pessoas; • Equipe médica, sendo duas ambulâncias para cada 5.000 pessoas. Quanto a localização do evento, independente do caráter, não é permitido a realização em logradouros públicos classificados como vias de trânsito rápido, arteriais ou de ligação regional entre rodovias. Importante ressaltar que a aprovação do evento (Figura 57) será realizada se seguir as condições anteriores e que: • O evento tenha caráter geral, de expressão cultural, econômica, religiosa ou social; • Seja de interesse público; • Seja autorizado pelo Gabinete do Prefeito.
Figura 57 – Processo de aprovação de eventos em logradouros públicos em prefeitura Fonte: Praia Grande (2015), adaptado pela autora
EQUIPAMENTOS E MOBILIÁRIOS URBANOS
3
90 3. Equipamentos e Mobiliários Urbanos
3.1 Conceituação de Praça como Equipamento Urbano No capítulo anterior foi abordado as localidades do Modu’Lar, distinguido em praças e viários. Foi observado os habitantes de bairros próximos da Serra do Mar tem pouco ou nenhum contato com o atividades culturais, uma vez que esses eventos são realizados em locais de equipamento públicos como praças e escolas. Deste modo, este capítulo tem enfoque de abordar a importância das praças na vida cotidiana da população e qual o valor que ela representa para a cidade. No contexto social brasileiro, as praças surgiram a fim de socializar a população a partir de manifestações religiosas organizadas pelas igrejas e fiéis em largos, pátios, rocios e terreiros (VENÍCIO, et al., 2016). “Isto significa que as praças tinham um grande apelo social dentro da vila, uma vez que, na maioria das vezes, essas praças tornavam se o centro vital da cena urbana” (CALDEIRA 2010, apud VENÍCIO, et al., 2016, p. 9). O uso da praça como mercado público teve origem em Portugal, iniciado pela burguesia mercantil para exibições. Consequentemente, as transformou no epicentro social da cidade, promovendo debates, socialização, discussão e comercialização, por estes motivos, as praças ainda significam o encontro social, mesclando todas as classes sociais. Mesmo que atualmente algumas delas não possam ser mais consideradas como o centro urbano da cidade por não terem mercado público, ainda fazem parte da socialização e do modo de expressão social. (VENÍCIO, et al., 2016) Na política de desenvolvimento urbano da Constituição Federal no artigo 182, estabelece que o objetivo é desenvolver funções sociais na cidade e garantir o bem-estar dos habitantes. O Estatuto da Cidade (Lei 10.257 de 10 de julho de 2001) também aborda sobre a função social da cidade, estabelece as diretrizes gerais da execução da política urbana, a fim de ordenar o desenvolvimento das funções sociais. Em síntese, a população tem garantia de habitar em: “Cidades sustentáveis, a gestão democrática por meio de participação da população e associações, cooperação entre os governos, iniciativa privada e demais setores da sociedade no processo de urbanização, planejamento do desenvolvimento das cidades, oferta de equipamentos urbanos e comunitários, ordenação, [...], proteção e preservação do meio ambiente, [...]” (VENÍCIO , et al., 2016 p. 2).
Realizada a análise do mapa do Google Earth do ano 2019, consta que os bairros como Nova Mirim, Anhanguera, Quietude, Ribeirópolis, Esmeralda e Glória são os únicos que não apresentam praças de 26 bairros. Adotando a mesma fonte, os bairros com maior quantidade de praças ou parques está localizado entre os bairros do Canto do Forte, Boqueirão e Guilhermina (Figura 58).
91
Glória Nova mirim Ribeirópolis
Anhanguera Quietude
Esmeralda
Mirim
Figura 58 – Praças existentes em Praia Grande (SP) Fonte: Google Earth (2019), adaptado pela autora
Na cidade, quando as praças e parques estão localizadas próximas da orla da praia há maior demanda da população e muitas vezes são destinadas a marcação de ponto de encontros. O Portal de Praia Grande divulgou uma reportagem em 2019 sobre um cinema aberto e gratuito para crianças e adultos, realizado na Praça Duque de Caxias, localizada no bairro Canto do Forte (PREFEITURA DE PRAIA GRANDE, 2019). Ainda em 2019, outro evento foi realizado nessa mesma praça, a “Caminhada da Adoção” foi um encontro público que tinha enfoque a conscientização da adoção de jovens (PREFEITURA DE PRAIA GRANDE, 2019). A prefeitura do município (ocasionalmente em parceria com o Governo do Estado) projetou, revitalizou e remodelou áreas de lazer. Os projetos de modernização apresentavam características análogas para criar a identidade visual praia-grandense em espaços públicos, tais como a utilização de piso emborrachado (antiderrapante e permeável), porcelanato imitando madeira ou mosaico português, cobertura em pergolado, calçamento acessível (conforme ABNT NBR 9050/2020), paisagismo, adequação ou inserção de novas ciclovias (somente em locais que havia espaço e necessidade no ambiente urbano) e aumento na capacidade de captação pluvial através da infraestrutura.
92 3. Equipamentos e Mobiliários Urbanos
Vale destacar que desde 2014 as praças como a Duque de Caxias, Praça da Paz, 19 de Janeiro, Portugal, Nossa Senhora, Emancipadores e Horácio de Oliveira Netto foram revitalizadas. A reforma da Praça da Paz (Figuras 59 e 60), localizada no bairro Boqueirão, foi inaugurada em 2007, essa praça possui sete esculturas de 10 metros de altura de autoria do escultor Gilmar Pinna. Reinaugurada em 2014, a praça passou por revitalização em que foi substituído o piso entorno das esculturas por granito, troca das peças de Pedra Goiás danificadas e a pintura metálica nas esculturas (PRAIA GRANDE, 2014).
2007 a 2014
Figura 59 – Praça da Paz 2007 a 2014 Fonte: http://aprecesp.com.br/praiagrande
posterior a
2014
Figura 60 – Praça da Paz posterior a 2014 Fonte: http://www.praiagrande.sp.gov.br/pgnoticias/noticias/noticia_01.asp?cod=47393 (2019)
Por fim, a importância das praças está atrelada à socialização e a realização de eventos. A cidade em estudo, atualmente utiliza esses locais públicos para a propagação de atividades recreativas de interesse da população, turístico e social. Com o propósito de agregar na propagação dessas atividades, o Modu’Lar tem características de projeto efêmero, ou seja, em um curto tempo o objeto poderá ser instalado nesses locais em que hajam infraestrutura adequada para recebimento dessas atividades e da população residente e ocasional de cada bairro. Através da participação comunitária, o projeto irá agregar no novo design dos ambientes urbanos na cidade, assim como as revitalizações nas praças criaram uma novo design urbanístico na cidade. Nos próximos tópicos será abordado a evolução dos parques urbanos exemplificado através de parques e jardins que atualmente fazem parte do cotidiado das populações de São Paulo capital, Santos (SP) e Praia Grande (SP).
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3.2 Parques Urbanos e Ações Segundo Macedo (1986) citado em Teixeira e Santos (2007), os espaços livres de uma cidade são resultado de um processo do planejamento urbano categorizados como “sobras”, todavia devem estar associados ao lazer e entendidos como espaços para praças, parques e jardins, agregando no desenho básico para estruturação dos espaços urbanos. O conceito de parque urbano surgiu no século XIX, durante a era industrial, com objetivo de adequar os espaços das cidades com a nova demanda social: o lazer e o tempo do ócio (MACEDO, 2003, apud LIMNIOS e FURLAN, 2013). No Brasil, o parque urbano surgiu como complemento da cidade para as elites brasileiras e estrangeiras. Segundo Maymone (2009), além da morfologia e função do parque, este deve, necessariamente, conter vegetação arbórea, pois a densidade da área verde em um espaço é o que difere de outras áreas que apresentam características semelhantes de um parque, tais como praças e jardins. A aplicação desses espaços e os melhoramentos na infraestrutura urbana é compreendido como objetivo da reestruturação das cidades. Vale ressaltar que os mobiliários e equipamentos urbanos instalados nesses espaços públicos têm a finalidade de agregar ao uso e promover as atividades recreativas dentro desses locais, bem como a periodicidade da manutenção e conservação é de responsabilidade da prefeitura local. Posto isso, serão abordados três exemplos de parques concretizados e suas finalidades, todos contidos no Estado de São Paulo: • Parques urbanos de São Paulo: conceituação, desenvolvimento e importância dos parques na cidade; • Jardins da Orla de Santos: estudo sobre o processo de desenvolvimento de parques lineares na orla da praia; • Parques e orla da praia de Praia Grande: processo de execução do projeto da orla da praia influenciado pela expansão de Santos e o projeto dos dois parques na cidade.
94 3. Equipamentos e Mobiliários Urbanos
Parques urbanos de São Paulo (SP) O crescimento exponencial da urbanização no século XX, na cidade de São Paulo, não foi acompanhado por planos urbanísticos que incluíssem áreas verdes, nas quais o espaço é destinado a uma demanda de lazer social. “Poucos são os parques urbanos de São Paulo que foram criados a partir das potencialidades naturais da cidade” (LIMNIOS e FURLAN, 2013). Atualmente, a cidade de São Paulo apresenta apenas um parque urbano de administração do Estado que apresente unidades de conservação para preservação da Mata Paludosa (LIMNIOS e FURLAN, 2013). Desde o final do século XIX até a atualidade, foram identificados três movimentos de parque urbano (Limnios e Furlan, 2013):
O terceiro movimento (o mais atual) está diretamente relacionado a ampliação de áreas de incentivo cultural em centros e periferias associadas a Lei n° 15.948/2013 do Decreto n° 58.041/2017, na qual dispõe sobre o Programa Municipal de Apoio a Projetos Culturais (PROAC) de São Paulo (SP). O objetivo é dispor à região atividades culturais em ambiente aberto ou fechado, sejam eles em parques ou viário urbano. A lei ressalta que: A proposta de conteúdo artístico-cultural com destinação exclusivamente pública: o projeto cultural realizado em local aberto ao público com acesso de forma gratuita ou mediante pagamento de ingresso, bem como realizado em local fechado, mesmo que sem acesso permanente, uma vez garantido o acesso regular, excluindo-se eventos fechados de acesso restrito (BRASIL, 2013).
95
A fim de restaurar e criar novos parques na cidade de São Paulo, o Instituto Socioambiental (ISA)1 cita que a cidade enfrenta problemas para uso e ocupação do solo. O coiceito da ISA está atrelado à análise do Terceiro Movimento (de 1970 até dias atuais) na cidade de São Paulo, em que foi observado que as últimas áreas desocupadas da cidade representam a proteção e conservação da biodiversidade, além de oferecer para o município espaços de lazer e educação próximo à natureza, consequentemente contribuindo para a qualidade de vida da população. Posterior ao marco desse momento surgiu o interesse, por parte da Prefeitura, criar os Parque Lineares que busca ampliar as áreas verdes para melhorar o escoamento de águas pluviais, assim contribuindo na diminuição dos alagamentos pela cidade. Isso refletiu através da implementação do Programa 100 Parques para São Paulo, o qual tem o objetivo de mapear e implementar esses novos parques. Segundo ISA, entre os anos de 1992 e 2004 apenas um parque foi entregue à cidade, em 2005 somava-se 33 parques por toda a cidade, no mesmo ano até 2008 foram implantados mais 17 novos parques distribuídos pelas macrorregiões de forma equilibrada, já em 2012 o plano completou a execução de 102 parques (SAKATA, 2014). Segundo Sakata (2014), entre os parques construídos estão divididos em três tipos: • Tradicional: áreas com bosques, lazer e cultura; • Natural: não tem ênfase ao uso público, prioriza-se a conservação da biodiversidade; • Linear: além das questões de lazer, também visa resolver as questões de saneamento, combate a enchentes e reassentamento das moradias de risco. Em parceria com Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (SABESP), de acordo com Sakata (2014), a base de escolha da localização da implementação dos novos parques foi em áreas públicas existentes em estado de conservação precária, produtoras de água ou em fundos de vale, concentradas no extremo sul ou norte do município.
1 Instituto Socioambiental (ISA) é uma organização da sociedade civil brasileira, fundada em 1994. ISA é reconhecido pela elaboração de estudos, diagnósticos e diretrizes com finalidade de surgimento de novas parcerias, debates e reversão da degradação ambiental. Para a cidade de São Paulo (SP), lançou uma campanha em 2007 cujo tema “De Olho nos Mananciais” tinha objetivo de alertar a população sobre a situação das fontes de água e a conscientização da racionalização de água. Ainda, em 2008, desenvolveu três metas do Projeto Ambientes Verdes e Saudáveis: construindo políticas públicas integradas na cidade de São Paulo (PAVS) do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), na qual consistia em um diagnóstico e proposta de diretrizes para áreas mananciais, banco de dados sobre as coletas de biodiversidade e um projeto de diretrizes do modelo de gestão para os parques urbanos municipais.
96 3. Equipamentos e Mobiliários Urbanos
Para a execução do programa foram utilizados dois recursos financeiros: Termos de Compromisso Ambiental (TCA) e Termos de Ajustamento de Conduta (TAC). O TCA é realizado entre o Poder Público Municipal e empreendedores, na qual a negociação envolve a autorização para extinguir as espécies arbóreas, em contrapartida deve ser aplicada em projetos e obras para recuperação e requalificação das áreas verdes. Já o TAC, é a multa quando acusado de dano ambiental (Sakata, 2014). Um dos parques que participou do programa para restruturação foi o Parque da Aclimação (Figura 61) localizado no Centro-Oeste contém um lago e jardim japonês com espelho d’água. A recuperação estrutural contou com a instalação de um novo vertedouro para eliminação das enchentes do entorno.
Figura 61 – Parque da Aclimação(SP) Fonte: http://cidadedesaopaulo.com/v2/atrativos/parque-da-aclimacao/
Outro exemplo é o Parque Lajeado, localizado na zona Leste (Figura 62). A área contém espaços de recreação, trilhas e mobiliários urbanos. O projeto contemplou a preservação da mata nativa e a comunidade em volta teve a visibilidade total do parque com a retirada dos antigos muros que a contornavam.
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Figura 62 – Parque Lajeado (SP) Fonte: https://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/subprefeituras/guaianases/noticias/?p=31574
Ao todo, as praças revitalizadas contidas nos bairros da cidade de São Paulo estão localizadas em áreas com grande adensamento residencial com tipologias, formas e funções diferentes. Avalia-se que a existência de vários pontos de ilhas de calor é amenizada pelas praças, que fornecem um microclima para a região. Pereira (2009, p. 23) ao avaliar o processo dos tratados mundiais ambientais, aborda sobre a importância da preservação ambiental, devido ao aumento populacional e a liberação de agentes tóxicos na atmosfera: “Esses efeitos ambientais negativos tratados em todas essas conferências atingem principalmente cidades populosas e verticalizadas, onde os espaços livres públicos são uma das poucas áreas urbanas disponíveis, para arborização, lazer, circulação. Nesse sentido, a praça, no contexto urbano da cidade, desempenha papel importante no controle de temperatura, sombreamento, ventilação, aeração, amenização da poluição contribuindo para a qualidade ambiental e de vida da população”
98 3. Equipamentos e Mobiliários Urbanos
Projeto dos Jardins da Orla de Santos (SP) Os acontecimentos da “cidade industrial” ocorrido durante o século XIX na Europa e a chegada de imigrantes europeus para São Paulo, alavancaram a produção agrícola e de minerais destinados ao porto de Santos, este fato influenciou diretamente na economia da cidade e na realização do primeiro projeto de lei de Código de Posturas Municipais, em 1847. Até a virada do século XX, a cidade passou por transformações e mudanças gerais, tais como no Código de Postura (1857), na execução e inauguração da Estrada de Ferro Santos-Jundiaí (1867) e o crescimento exponencial populacional de 287%, no século XX, passando de 13 mil habitantes em 1890 para 50 mil na virada do século. Consequentemente o crescimento evidenciou a necessidade de reformas e construção do saneamento e infraestrutura por toda região (RAMOS, 2004). Em 1896, foi elaborada uma nova planta para a cidade de Santos, com malha ortogonal e quadras de mesma dimensão, não havendo preocupação com a hierarquização dos viários. Somente em 1905, com a participação do engenheiro Saturnino de Brito, o governo instituiu a Comissão de Saneamento, a partir de então a criação e elaboração do desenho dos canais possibilitou o processo de criação da identidade visual (Figura 63), aumento na drenagem e construção da estrutura moderna da cidade de Santos (RAMOS, 2004).
Figura 63 – Planta de Santos 1910, proposta de Saturnino de Brito Fonte: Francisco, 2000; RAMOS, 2004
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“Saturnino de Brito via a atuação do arquiteto, do urbanista e do engenheiro na construção da cidade, sempre considerando a necessidade de que as decisões fossem técnicas, acima das ingerências políticas possíveis de ocorrer principalmente quando o desenho da cidade estava submetido apenas a seu aspecto artístico, concluindo que o aspecto mais importante era o sanitário, sem desconsiderar totalmente o estético” (Ramos, 2004 p. 52).
A proposta de Brito para o desenho urbano da cidade consistia em implantar avenidas arborizadas articuladas às praças no entorno dos canais, promover a conexão entre os bairros e facilitar a execução das instalações sanitárias. Como pode ser observado na figura 64, cidade que possuía apenas um passeio público, posteriormente ganhou um parque na orla da praia, nomeado como “Avenida-Parque da Barra”, adquirido por jardins, equipamentos e mobiliários urbanos e campos esportivos (RAMOS, 2004). final século xix
anos
90
início do século xx
anos
30
Figura 64 – Evolução da estrutura urbana de Santos (SP) Fonte: Postal digitalizado do acervo de Luiz A. P. Nunes; Ramos, 2004.
100 3. Equipamentos e Mobiliários Urbanos
Segundo Ramos, a construção dos canais não é somente referência do melhoramento de áreas alagadiças através da readequação da drenagem, mas também ressignificou a estruturação da cidade. As linhas de ônibus, atividades culturais proposta nas praças e a fácil e direta conexão com a orla são vários fatores pelo qual esses eixos urbanos têm forte influência. A construção de edifícios na orla da praia, como o Hotel Internacional no bairro José Menino, e a instalação de equipamentos de recreação para o desenvolvimento do turismo na cidade, alavancou na valorização da área. Tanto que, entre os anos de 1913 até 1918, foi solicitado o aforamento da faixa lindeira da orla da praia (EL BANAT, et al., 2002). De acordo com os estudos da El Banat et al (2002), os primeiros melhoramentos da orla da praia iniciaram na década de 1920, conjuntamente com os projetos de saneamento de Brito. Começou-se com o calçamento em mosaico português para delimitação dos primeiros trechos da orla. Na década de 1930, a prefeitura encabeçou a instalação do extenso gramado. Os anos seguintes foram marcados pela implementação de calçamentos, arruamentos, nivelamentos, jardins e galerias de águas pluviais, proposto e executado em diferentes gestões políticas. Ainda que o paisagismo do parque fosse indeterminado, somente em 1940 a praia foi transformada como uma “grande concentração urbana” (EL BANAT, et al., 2002 p. 88). Entre o final da década e o início de 1950, devido a chegada de turistas pela Via Anchieta inaugurada em 1947, o Plano Regulamentador da Cidade de Santos previa a instalação de equipamentos esportivos e sociais nos bairros, para todas as idades, e balneários com piscinas cobertas nas praias. O projeto arquitetônico da orla da praia de Santos de 1957 foi projetada pelo engenheiro Armando Martins Clemente. A concepção do projeto inclui a duplicação do viário principal da orla, estacionamentos, nova ordenação paisagística, quiosques (em substituição dos trailers nos anos 1990), calçamento, ciclovias e os 6km de jardins como marco simbólico da cidade de Santos, características que até os dias atuais permanecem estruturadas na orla (Figura 65).
Avenida Bartolom eu
Rua General Rondon
Rua Alexandre Martins
101
de Gusmão
Figura 65 – Comparação da planta de um trecho do calçadão de Santos (SP) e imagem de 2020 do mesmo trecho Fonte: Cesar A. E. Assis e Google Earth (2020), acessado em novembro/2020
102 3. Equipamentos e Mobiliários Urbanos
Parques em Praia Grande (SP) O presente estudo abordará três parques na cidade, sendo eles: I) Orla da Praia, que acompanha todo o traçado da cidade; II) Parque Linear no bairro Samambaia; e o III) Parque da Cidade, localizado no bairro Sítio do Campo, Tude Bastos, próximo ao Terminal Rodoviário Tude Bastos. Conforme apresentado anteriormente no Capítulo 01, o desenvolvimento da cidade iniciou com a ocupação próxima da orla da praia e posteriormente expandiu-se nas áreas mais próximas do morro (Serra do Mar). Assim como Santos, na cidade de Praia Grande ocorreu gradativamente a valorização imobiliária nos loteamentos próximos a orla da praia entre os anos de 1970 a 1990, posteriormente em 1993 iniciou-se a construção do calçadão na área compreendida pela orla da praia (Figuras 66 e 67).
Figura 66 – Orla da praia 1970 Fonte: http://www.novomilenio.inf.br
Figura 67 – Orla da praia https://www.temporadalivre.com
Em 2018, a prefeitura iniciou a licitação para construção de novos quiosques. O programa consiste 31 quiosques, distribuídos pela orla da praia em todos os bairros. Conjuntamente a esse processo, no mesmo ano foi realizado revitalizações no calçadão, afim de expandir a área de paisagismo, inserção de novos pontos de iluminação e mobiliários urbanos (PRAIA GRANDE, 2018). Iniciado em 2014 e finalizado em 2016 o projeto do Parque Linear localizado sobre o Canal do bairro Samambaia (Figura 68). O parque tem 800 metros de extensão e 28 mil m² de área, além da readequação hidráulica e de drenagem, destinado a atividades esportivas e de lazer.
103
Parque Linear A área compreende em uma pista de cooper, mobiliários urbanos, tais como: bancos, mesas, coleta de resíduos, pergolado, coberturas, playgrounds e academias a céu aberto (Figuras 69 e 70). Estrategicamente, a localização do parque foi definida por dois motivos: • Readequar a infraestrutura do canal do bairro; • Atender a população residente do bairro Samambaia que somam 23.735 pessoas, além de acolher parte dos habitantes dos bairros Melvi, Imperador, Caiçara e Esmeralda.
Figura 69 – Parque Linear, Praia Grande (SP) Fonte:http://praiagrande.sp.gov.br/pgnoticias/noticias/ noticia_01.asp?cod=42831
Ponto estratégico Modu’Lar
Figura 68 – Localização do Parque Linear, Praia Grande (SP) Fonte: Google Earth (2018), adaptado pela autora
Figura 70 – Implantação Parque Linear, Praia Grande (SP) Fonte: Marcio Bonadia, arquieto (2014)
104 3. Equipamentos e Mobiliários Urbanos
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Por último, o novo Parque da Cidade está situado em uma parte do terreno de aproximadamente 8,6 hectares que compreende o Kartódromo Municipal, o Orquidário Municipal José Sanchez Alarcon e a Pista de Atletismo (Figura 71). Sua envoltória é predominantemente residencial e a facilidade de acesso ao local é definida pela Avenida Ayrton Senna que interliga com a Via Imigrantes, e o início da Via Expressa Sul, além de ser vizinho do Terminal Rodoviário. Um dos problemas agravantes nessa região é a quantidade de ruído gerado pelo uso do Kartódromo para com a população residente, devido a falta de áreas de absorção das ondas sonoras, como massa vegetal ou o confinamento do local.
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Orquidário
Parque da Cidade Entrada para os demais
Entrada exclusiva para o Kartódromo
Pista de Atletismo
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Term. Rod. Tude Bastos
Figura 71 – Localização do Parque da Cidade, Praia Grande (SP) Fonte: Google Earth (2018), adaptado pela autora
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Kartódromo
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O Parque da Cidade (Figura 72) passou por uma revitalização que significou a ampliação de áreas verdes, aplicação de materiais permeáveis no calçamento, novas áreas de lazer e recreação para todas as idades, inclusive aparelhos de ginásticas, um parque para cachorros (park dog) e a ampliação de 250m² do Orquidário Municipal. A obra iniciou em agosto de 2018 e a inauguração foi realizada um ano depois.
Figura 72 – Parque da Cidade, Praia Grande (SP) Fonte: https://www.atribuna.com.br/cidades/praiagrande/praia-grande-reinaugura-parque-da-cidade-neste-s%C3%A1bado-1.63792
Os parques apresentados adquiriram importância devido a instalação de serviços de atendimento ao público e de lazer que representasse ao uso da população local a partir do momento que são abrigados serviços de atendimento ao público.
106 3. Equipamentos e Mobiliários Urbanos
3.3 O Mobiliário Urbano e a Cidade Segundo a legislação brasileira 10.098/2000, na qual trata-se dos critérios básicos para inserção da acessibilidade nas cidades brasileiras para pessoas com mobilidade reduzida e portadoras de deficiência, o mobiliário urbano é abordado como “conjunto de objetos existentes nas vias e espaços públicos, superpostos ou adicionados aos elementos da urbanização ou edificação” (BRASIL, 2000). Entretanto, a lei completa que o(s) objeto(s) não têm permissão para modificar os elementos urbanos, tais como postes de sinalizações, semáforos, cabines telefônicas, lixeiras, marquises, entre outros. Além dessas condições listadas: “os elementos do mobiliário urbano deverão ser projetados e instalados em locais que permitam sejam eles utilizados pelas pessoas portadoras de deficiência ou com mobilidade reduzida” (BRASIL,2000), a esses critérios são também orientados pela Norma Brasileira (NBR) da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) 9050/2015 sobre acessibilidade e desenho universal1. Por outro lado, a NBR estabelece parâmetros e critérios técnicos a serem analisados e executados em projetos e construções nos diversos meios, a fim de promover a acessibilidade para a maior quantidade de pessoas, independente do gênero, idade, estatura ou limitações. Ademais, a norma estabelece que para o mobiliário seja acessível deve-se atender aos critérios: a. Proporcionar ao usuário segurança e autonomia de uso; b. Assegurar dimensão e espaço apropriado para aproximação, alcance, manipulação e uso, postura; c. Ser projetado de modo a não se constituir em obstáculo suspenso; d. Ser projetado de modo a não possuir cantos vivos, arestas ou quaisquer outras saliências cortantes ou perfurantes; e. Estar localizado junto a uma rota acessível; f. Estar localizado fora da faixa livre para circulação de pedestre ser sinalizado. O mobiliário urbano recebe diferentes classificações de acordo com a funcionalidade, alguns deles sendo Mourthe (1998), Kohlsdorf (1996), Guedes (2005) e, o mais recente e mencionado para esse estudo, Freitas (2008). Em seu livro Infraestrutura e Paisagem, destaca a classificação da funcionalidade do mobiliário como: descanso e lazer, jogos, barreiras, abrigos, comunicação, limpeza, infraestrutura e paisagismo (JOHN e LUZ REIS, 2010). 1 Desenho Universal: “concepção de produtos, ambientes, programas e serviços a serem utilizados por todas as pessoas, sem necessidade de adaptação ou projeto específico, incluindo os recursos de tecnologia assistiva” (BRASIL, 2015).
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Poluição Visual X Paisagem Urbana Quando o mobiliário é inserido em um equipamento urbano (como praças) estima-se que além da funcionalidade também seja um conector entre o usuário e o espaço em que se situa. Porém, ao observar algumas praças da cidade, notou-se que há uma excessiva quantidade de mobiliários, desencadeando o aspecto de poluição visual. Essa observação não faz parte do critério de análise para inserção do mobiliário proposto. Porém, como o projeto depende dessas infraestruturas urbanas, foi dada atenção para qualidade desses ambientes, a fim de, futuramente, a prefeitura possa dar relevância às revitalizações desses espaços e, possivelmente, a incorporação de mobiliários individuais nos projetos que são apresentados no Modu’Lar. Nos estudos relacionados aos aspectos da paisagem urbana por John e Reis (2010, p. 10), baseados nos estudos de Lang (1994), Nasar (1997) e Reis (2002), explica que um ambiente ordenado pela proporcionalidade entre os elementos e o urbano, provoca sensações agradáveis aos usuários. Desta forma, afirma-se que a repetição de objetos também como texturas e cores dão coerência ao ambiente, quando comparados a locais que não apresentam harmonia. Por exemplo, a diminuição dos elementos como postes de luz, fiação elétrica e placas (de propagandas e sinalizadoras), e a disposição ordenada de mobiliários padronizados, melhoraria significativamente a comunicação visual do local. Segundo o autor, deve-se levar em conta que um dos fatores prejudiciais à paisagem urbana se dá pela comercialização de parte dos mobiliários para divulgação de marcas e produtos, tais como companhias telefônicas e de televisão, anúncios corporativos, entre outros. Em visita de campo, nota-se que a cidade de Praia Grande é diversificada em sua paisagem urbana. A Figura 73 apresenta três fotografias da Praça 19 de Janeiro, o local que tem presença da instituição de ensino mais a avenida comercial.
Figura 73 – Praça 19 de Janeiro, mobiliários urbanos Fonte: Própria (2020)
108 3. Equipamentos e Mobiliários Urbanos
Alguns aspectos da praça devem ser considerados como a desproporcionalidade da altura das vegetações (palmeiras) com a altura do usuário, uso de mobiliários diversificados sem padronização nas formas e cores, bancos sem proteção de sombras, quantidade excessiva de placas, postes e fiações. Ainda, Jonh e Reis abordam que os espaços urbanos caracterizado pelo fator qualitativo, tal que o modo como é implantado o mobiliário urbano pode ser afetar na socialização e melhorar o relacionamento social. A instalação de bancos confortáveis, por exemplo, possibilita que o usuário aprecie a paisagem, também o uso de calçadas que direcione e identifique os bancos, permitem que os usuários acompanhem os movimentos. Esses e outros exemplos estão ligados ao conforto dos ambientes públicos. Segundo Alfonzo, em Jonh e Reis (2010, p.9), o conforto está atrelado à facilidade de convivência. A quantidade e qualidade dos mobiliários urbanos inserido em locais públicos é capaz de influenciar nas decisões sobre o espaço público ser mais confortável ou não para serem frequentados. Para isso, o mobiliário não deve estar locado em espaços de circulação, caso contrário o objeto será classificado como empecilho urbano causador de acidentes. A figura a seguir (Figura 74) apresenta dois exemplos de ambientes públicos que apresentam mobiliários urbanos e que estão devidamente posicionados.
Tverskaia, Moscou
Santiago, Chile
Fonte: https://br.rbth.com/viagem/80005-5-coisas-moscou-entre-jogos Acessado 29/05/2020
Fonte:
https://www.archdaily.com.br/br/885944/intervencao-colorida-transforma-famosa-rua-de-santiago-em-passeio-ludico Acessado 29/05/2020
Figura 74 – Exemplos de ambientes públicos
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Na figura à esquerda, retrata uma das calçadas de Moscou, revitalizadas em 2018 o mesmo ano da Copa de Futebol Mundial. Devido a esse grande evento esportivo foi previsto o aumento de turistas na cidade, desta forma foram realizadas ampliações, intalados novos mobiliários que de forma e cores harmônicas com o espaço que pudesse salientar a cor verde das árvores de mesmo tamanho. Criada a identidade visual para a cidade, também é nítida a repetição dos mobiliários, tanto em formas, cores e quantidades. A figura à direita fotografa a nova rua de Santiago próximo à saída do metrô. A partir de uma temática lúdica, foi proposto uma integração entre as cores e formas dos desenhos com os mobiliários. Os desenhos que projetam um percurso para os mobiliários acompanham toda a avenida desenvolvida apenas para o uso dos pedesdestres e ciclistas. Para este capítulo pode-se concluir que os parques e as praças tem papel fundamental no desenvolvimento da socialização entre a população bairrista, além de abrigar equipamentos e edificações que atendam o serviço público, como escolas, unidades básicas de saúde, entre outras. Porém quando se trata da evolução do desenho das cidades, os parques e as praças dentro dos bairros foram suprimidos por quadras de uso residencial e comercial, a fim de suprir a demanda da chegada da nova população. Em Praia Grande, os estudos afirmam que a praia (principal atrativo turístico do município) é o principal facilitador para aprovação da implantação de parques lineares por toda sua orla do que a execução de praças ou parques dentro dos bairros. Em Santos o processo ocorreu de modo diferente, o projeto de Saturnino de Brito sobre a requalificação dos canais permitiu que fosse executado uma nova diretriz organizacional que impactaria na malha urbana entre as quadras e as vias, ambas intercaladas por praças e parques. Essa visão sistêmica impossibilitou a integração da natureza (diminuição das ilhas de calor e amortecimento) e da vida cotidiana dessa população. No capítulo seguinte, será abordado as competências, mas pode-se dar relevância para os custos considerados para o projeto. Caracterizado por ser modular e móvel, o projeto tem enfoque de não elevar os valores de construção e mão de obra, quando comparados às revitalizações ou execuções de equipamentos urbanos públicos e fixos no local.
ESTUDOS DE CASO HUBB PAVILHÃO MODULAR METABOLISMO: NAKAGIN PAVILHÃO MERANTI
4
112 4. Estudos de Caso
4.1 Introdução O objetivo deste capítulo é apresentar referências de projetos que irão compor no objeto proposto. Para elaboração das necessidades do programa, foram classificados cinco sistemas básicos e exemplificados através de projetos. Sendo eles: • Sistema de abastecimento de água, coleta de resíduos, drenagem, fácil manutenção e transporte e rapidez na montagem e desmontagem: Devido a pandemia do novo coronavirus (COVID-19), os hospitais não estão suficientemente equipados com leitos devido à alta demanda de pacientes e profissionais da saúde que foram infectados pelo vírus. Nesse contexto, o grupo Jupe Health, formado por arquitetos e médicos, projetou três tipos de unidades móveis (Figura 75): dormitório para descanso (Jupe Rest), área de descanso para pacientes não críticos (Jupe Care) e para pacientes em terapia intensiva (Jupe Plus). O projeto contempla o sistema de saúde necessário para acomodar o paciente, como câmaras don e ventiladores. Ainda, o autor ressalta que o abrigo móvel custa 1/30 do valor da construção de um hospital. Sua capacidade de ser transportável, flexível e fácil de fazer manutenção são alguns dos fatores que o torna versátil e totalmente aplicável. Todas as tipologias de abrigo constam uma base capaz de o estruturar, coletar resíduos pelo sistema RV, abastecimento de água e passagem de energia elétrica para os equipamentos.
Transporte
Base das tipologias
Sistema RV
Figura 75 – Modelos Jupe Health Fonte:https://jupe.com/
Modelos Jupe Health
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• Distribuição gratuita de internet por Wi-fi, aplicativo de localização dos mobiliários e cronograma de eventos: O projeto Digital Break instalado na cidade de Paris, França, é um mobiliário que distribui gratuitamente internet por Wi-fi. Graças às passagens de cabeamento subterrâneas na cidade, o móvel promove a conectividade ao público. Desenhado por Mathieu Lehanneur, desenhista industrial francês, o mobiliário acompanha bancos de concreto giratório e cobertura verde mais uma tela tátil apresentando a cidade e os pontos turísticos. A conectividade está presente diariamente na atualidade, assim a divulgação e propagação dos eventos locais é uma alternativa para incentivo do uso do equipamento ou mobiliário urbano. Assim como no projeto Digital Break, a interatividade urbana é estimulada pelo meio digital (Figura 76).
Figura 76 – Digital Break Fonte:https://www.archdaily.com.br/br/01-78163/digital-break-em-paris?ad_source=search&ad_medium=search_result_all
114 4. Estudos de Caso
• Simplicidade nos encaixes entre peças pré-fabricadas: A composição dos mobiliários urbanos projetado pelo arquiteto João Filgueiras Lima, ou Lelé, é originado pela era industrial. A aplicabilidade de materiais como concreto, argamassa e aço, e desenhadas em formas modulares, de encaixe e pré-fabricadas são exemplos da preocupação com a ergonomia e flexibilização. Segundo Marques, os bancos com encosto é exemplo da semelhança do desenho dos antigos bancos de ferro fundido e assento em madeira, porém com o diferencial de serem executados em argamassa armada (Figura 77). “As superfícies têm apenas 18mm e são estruturadas por nervuras que se engastam em uma viga longitudinal tubular” (Marques, 2012 p. 124).
Desenho esquemático
Figura 77 – Bancos com encosto, Lelé Fonte: Marques (2012)
115
• Coordenação Modular: Archigram O estudo da modulação aplicada a arquitetura dos diversos estilos e tempos, segundo Panet et al. tem grande valor tanto no projeto quanto no ensinamento, pois apresenta clareza no entendimento da concepção e construção pela ordenação racional e repetitiva dos componentes. “O pensamento modular está, de tal maneira, arraigado no pensamento do espaço que parece impossível pensar de outra maneira. E àquele que se opõem à prática modular costuma-se lembrar que toda arquitetura sempre foi modular, desde a Grécia e passando-se pelo romântico, barroco, etc...” (COELHO NETTO,1979 - p.134, apud PANET, BIOCA, et al.).
A aplicabilidade da modulação no período do modernismo influenciou grupos de arquitetura e arquitetos a instigar as possíveis projeções do sistema. Na década de 1960 até 1964, o grupo Archigram (formado pelos arquitetos Peter Cook, Ron Herron, Warren Chalk, Dennis Crompton, David Greene e Mike Webb) buscou romper vínculos com a arquitetura rígida e convencional, e partiram para os estudos espaciais e mutáveis. Nesse período, o grupo projetou cápsulas e barracas residenciais que fossem independentes das megaestruturas ou de outros sistemas de suporte. Além disso, já projetavam pensando na acessibilidade, tanto financeiramente quanto as dimensões dos acessos para pessoas com mobilidade reduzida. O Living Pod Project, assim como outros projetos do grupo, foi uma proposta de casa cápsula que poderia ser transportada para qualquer lugar e poderia ser fixada em uma base estrutural (Figura 78). Anos mais tarde, a casa cápsula foi incluída no projeto urbano Plug-in City (A Cidade Interconexa), a cidade que implantava o sistema modular conectada a uma rede central que proveria toda a infraestrutura necessária.
Figura 78 – Living Pod Project Fonte: http://hiddenarchitecture.net/living-pod/
116 4. Estudos de Caso
• Atividades culturais gratuitas em locais públicos: Cineorama ou Cinema do Povo é o projeto de um auditório de 2012, para o parque Malkastenpark na cidade de Dusseldorf, Alemanha (Figura 79). A forma elaborada pela artista plástica Erika Hock relacionou a arquitetura, o design e a cultura. A estrutura da arquibancada para 30 a 40 pessoas é um módulo em madeira revestida com textura rústica (Figura 80), e estruturada por uma treliça metálica. A iniciativa do projeto é promover a apresentação de filmes artísticos em espaços públicos. Além disso, o Cineorama conta com um projetor e tela de projeção instalados e sistema elétrico e de som embutidos na estrutura (Figura 81).
Figura 80 – Sistema de som e imagem, Erika Hock Fonte: http://www.perisphere.de/2012/07/cineorama-im-malkasten/ (2012)
Figura 79 – Cineorama, Erika Hock Fonte: https://www.pinterest.pt/pin/410531322265625318/ (2012) Acessado 05/05/2020 Figura 81 – Estrutura Cineorama, Erika Hock Fonte: http://www.perisphere.de/2012/07/cineorama-im-malkasten/ (2012)
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Após a caracterização de alguns sistemas que farão parte do objeto, os projetos referenciais que serão abordados nos tópicos a seguir são correspondentes a apresentação do Mood Board do programa de necessidades do Modu’Lar. Foram separados e detalhados quatro projetos de estudo de caso que indicarão materiais, formas e sistemas construtivos (Tabela 02):
Estudos de caso 4.2 Room to Learn: HUBB (2016)
4.3 Pavilhão Modular Itinerante (2016)
4.4 Metabolismo: Nakagin Torre Cápsula (1971)
Motivo pelo qual foi escolhido o projeto O projeto HUBB abrange a versatilidade modular resultando em diversos usos a partir das mesmas peças pré-fabricadas encaixadas de formas diferentes.
Baseado no encaixe de lâminas de madeira para formar um único objeto localizado em um ambiente urbano. O objetivo do mobiliário, assim como a proposta do Modu’Lar, é projetar a relação social entre o espaço e as pessoas. O edifício e o movimento metabolista tem o principal foco em criar edificações estrturalmente independentes, facilitando a versatilidade e manutenibilidade. A fim de propor a flexibilização, os sistemas modulares que irão compor o projeto também terão formas que se adequarão a diferentes usos.
O 4.5 Pavilhão Meranti (2017)
projeto do pavilhão instiga a curiosidade e é encarado como um marco para o local. No mobiliário, prevê a projeção de uma “casca” estrutural, assim como o pavilhão, tanto no entorno quanto no objeto móvel.
Tabela 02 - Motivo pelo qual foi escolhido os estudo de caso Fonte: Própria (2020)
118 4. Estudos de Caso
4.2 Room to Learn: HUBB (2016) Em estudos relacionados a capacitação de aprendizagem e concentração nas salas de aula, o escritório holandês Mecanoo observou que o ambiente de aprendizagem convencional, sala retangular com a disposição de carteiras enfileiradas, impossibilitava o aluno de explorar a criatividade e a socialização. Desta forma, o escritório em parceria com a fábrica de móveis Gipsen, criou um mobiliário modular que transformaria a forma de ensinamento. Naturalmente, os sistemas de aprendizagem são aplicados diferentemente para cada ano suscetível do aluno, então o objetivo do projeto inclui que o móvel se adaptasse a esses estilos de curto a longo prazo. No site1 da Mecanoo, afirma: “o HUBB consiste em vários elementos com uma forma básica aparentemente direta que pode ser vinculada para formar infinitas combinações e variações dentro de um ambiente de aprendizado”. Na figura a seguir (Figura 82), foram utilizados quatro tipos de peças individuais para criar uma combinação do mobiliário.
Entenda mais sobre o conceito do projeto:
QR CODE 01 Figura 82 – Modulação 01, HUBB Fonte: https://www.gispen.com/en/gispen-mecanoo-by-gispen
1
Site: https://www.mecanoo.nl/Projects/project/192/HUBB-Learning-Environments?t=6
119
HUBB reflete em seu projeto os princípios da economia circular, ou seja, utilização do mesmo material ou peça para agregar em outro elemento, gerando o maior número possível de configurações, tornando-o um objeto sustentável. Os materiais utilizados nas peças foram: • Madeira de floresta de reflorestamento, madeira de faia; • Feltro de PET reciclável; • Estrutura em aço; • Conexões entre as peças em parafuso e encaixe, ao invés de cola. Aplicado na Universidade de Fontys de Ciências Aplicadas na Holanda (Figura 83), o mobiliário tem pontos de energia para entradas USB e tomadas e iluminação sensorial. Além de atender o escolas e faculdades, o HUBB também pode ser aplicado a escritórios, hospitais ou locais culturais. Em Amsterdã, no edifício principal da Universidade VU, também foi aplicado o mobiliário em um ambiente de 700 m² com finalidade de biblioteca para os alunos (Figura 84). Usando os elementos do HUBB, a caracterização dos modelos foi dividida em áreas abertas, semiabertas e fechadas, a figura seguinte (Figura 85) representa o uso específico para cada um dos cenários.
Figura 83 – Universidade de Fontys Fonte: http://www.roomtolearn.nl/centrale-hal-wordt-levendige-ontmoetings-en-leeromgeving/
Veja o video 3D dos modulos do HUBB: QR CODE 02
Figura 84 – Universidade VU Fonte: http://www.roomtolearn.nl/
120 4. Estudos de Caso
(Estudo)
(Discussão - Reunião)
(Conversa)
(Pesquisa)
(Relaxar)
(Apresentação)
(Colaborar)
(Estudo)
Figura 85 – Cenários HUBB Fonte: http://www.roomtolearn.nl/oplossingen/hubb/ , adaptado pela autora
Além desses elementos, o escritório ampliou sua modulação para um cenário aberto de auditório (Figura 86). O sistema de montagem é feito por encaixe de 3 módulos: a base pré-fabricada com o acabamento amadeirado, o assento com meio e completo encosto.
Figura 86 – Modulação 02, HUBB Fonte: https://www.mecanoo.nl/Projects , adaptado pela autora Acesso 27/04/2020
121
4.3 Pavilhão Modular Itinerante (2016) O projeto foi elaborado pela arquiteta Amanda Konig, em 2016, como Trabalho de Conclusão de Curso para obtenção do título de bacharel em Arquitetura e Ubanismo no Centro Universitário Senac. Em seus estudos, a autora relata que o lugar e os espaços de uma cidade se alteram a todo instante, a partir de movimentos para reinventar o valor e a identidade da área que são ocasionados pelos interesses do público, tais como a arte e a cultura, seja a busca pela história da cidade ou a inserção de uma nova metrópole.
“A arte e a cultura se transformam no contexto atual, ela não cumpre mais o seu papel inicial de informação, questionamento, reinterpretação e criação, não está motivada a um objetivo, está ali como um instrumento que agrega valor” (GUASTINI, 2016 p. 16)
Nesse sentido, propõe que o projeto possa ser corretamente montado em qualquer sítio e que seja compatível com a escala humana. Além disso, na conclusão dos estudos de outros projetos (KONIG, 2016, p. 53), define os métodos construtivos relevantes que definirão o pavilhão, como: • Uso da tecnologia para dar forma as peças únicas; • Estrutura não convencional, inclusive o sistema de encaixes tem objetivo de formar um único sistema estrutural; • Presença de uma unidade modular de característica formal simples. Dessa forma, a figura 87 é possível obervar a definição final da forma do objeto que utiliza apenas um tipo de material: chapas de WPC. Especificamente o material é resultado de uma composição que leva 70% pó de madeira reciclada mais 30% polietileno (plástico reciclável). Esses materiais são encontrados facilmente em obras da construção civil, para substituição de portas e pisos.
Figura 87 – Forma do Pavilhão Fonte: Amanda Konig Guastin, 2016
122 4. Estudos de Caso
Quanto a dimensão e sequência executiva de encaixe pode ser observado na Figura 88.
Figura 88 – Sequência de montagem Fonte: Amanda Konig Guastin, 2016
123
Assim como comentado no projeto do mobiliário HUBB, uma das características marcantes do projeto do pavilhão são as possíveis formas de encaixe que revelam a diversidade e flexibilidade (Figura 89), o que também envolve a capacidade de adaptação do mobiliário no local.
Figura 89 – Possíveis encaixes Fonte: Amanda Konig Guastin, 2016
O objetivo do objeto é criar o convívio e a permanência dos usuários da cidade. Portanto, para alcançar a forma exata que pudesse ser replicado em diversos lugares, a autora concebeu três modelos do pavilhão que são definidos pelo tamanho e ocupação do espaço em locais chamados pontos fixos, odos localizados na cidade de São Paulo (SP), que nortearia o desenvolvimento do desenho. São eles:
124 4. Estudos de Caso
• Pequena escala (Figura 90): inserido na Praça Patriarca, foi escolhido essa localização devido ao grande fluxo de pessoas, mas que a praça não promove a convivência, socialização e não estimula o desenvolvimento da memória coletiva;
Figura 90 – Pavilhão em pequena escala Fonte: Amanda Konig Guastin, 2016
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• Média escala (Figura 9): localizado no Largo da Batata, ao lado do metrô Faria Lima, devido à falta de permanência, apropriação e convívio na praça que tem pouco paisagismo e mobiliário urbano.
Figura 91 – Pavilhão em média escala Fonte: Amanda Konig Guastin, 2016
126 4. Estudos de Caso
• Grande escala (Figura 92): incluído no Parque da Juventude, área centro-sudoeste da cidade e distante do limite de grande investimento do órgão público.
Figura 92 – Pavilhão em grande escala Fonte: Amanda Konig Guastin, 2016
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4.4 Metabolismo: Nakagin Torre Cápsula (1971) Originado após a reestruturação do Japão ano pós-Segunda Guerra Mundial, o Metabolismo foi um movimento na tentativa de criar para suprir as carências de um país que foi devastado pela guerra. O manifesto de 1960 com o título: “Metabolismo: Proposta para um Novo Urbanismo”, desenvolvido pelos arquitetos Kiyonori Kikutake, Kisho Kurokawa, Fumihiko Maki, Masato Otaka, Noboru Kawazoe, Kenzo Tange e Arata Isozaki. Por mais que as ideias do grupo fossem utópicas, o objetivo era utilizar a tecnologia da construção para criar um único “organismo” composto por cidades e edifícios que se relacionassem de maneira orgânica e suas formas fossem vistas como modulações que se adaptassem com o crescimento populacional e as necessidades dos habitantes. O planejamento de uma nova arquitetura urbana japonesa desenvolveu a vanguarda Metabolista como ciclos metabólicos de um organismo, divididos em: ciclos persistentes e efêmeros. O edifício Nakagin Torre Cápsula de 1971 (Figura 93), em Tóquio, tinha em sua principal concepção a união de unidades modulares que poderiam ser adicionadas ou substituídas. Figura 93 – Nakagin Torre Cápsula Fonte: https://www.pinterest.es/ pin/569916527817835631/ Acessado 10/05/2020
Projetada pelo arquiteto Kisho Kurokawa, a arquitetura é definida por duas torres com sete unidades residenciais por andar e fixadas por quatro parafusos de alta tensão (dois nos lados superior e inferior) a uma estrutura central de concreto (Figura 94). A unidades tipo kitchenette, dimensionadas em 2,30 x 3,80 x 2,10 metros (Figura 94), foram estruturaras e encaixadas em fábrica, e os módulos foram içados para serem montados no local. Figura 94 – Diagramação Nakagin Fonte: Lima (2018)
128 4. Estudos de Caso
A construção que durou um ano para ser concluída, tinha em sua proposta de projeto realizar a conexão das cápsulas sem qualquer dependência estrutural, ou seja, se uma cápsula fosse removida não prejudicaria o funcionamento e estabilidade das demais (LIMA, 2018).
Figura 95 – Plantas tipo Fonte: Lima (2018)
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4.5 Pavilhão Meranti (2017) Projetado por Eleena Jamil Architect, escritório localizado na Malásia, o Pavilhão Meranti foi criado para atender a exposição da Conferência de Arquitetura AIA de 2017, realizada em Orlando, Flórida (EUA). Inserido na área central do pavilhão, o objetivo foi projetar uma estrutura versátil de madeira que seja facilmente montada, desmontada e transportável. A estrutura retangular de 6 metros de largura e comprimento e 3,40 metros de altura é composta por 232 módulos de aproximadamente 600mm de largura, 700mm de altura e 165mm de profundidade. Em seu site, o grupo revela que o dimensionamento de cada módulo foi projetado para facilitar a montagem e desmontagem manual em 2 horas, sem uso de equipamentos (Figura 96).
Composição dos módulos Figura 96 - Pavilhão Meranti Fonte: https://www.archdaily.com.br/br/871583/pavilhao-desmontavel-evidencia-resistencia-e-adaptabilidade-da-madeira Acessado 10/05/2020
Pavilhão Meranti
Proporção humana
Veja o video da montagem de um dos módulos
QR CODE 03
130 4. Estudos de Caso
Tipos de madeira Meranti
Nemesu Seraya Tembaga
Tembaga
Bukit
Nemesu
Seraya
Bukit
Projetado no estilo contemporâneo e na auto-sustentação, fora utilizado nos módulos quatro tipos da madeira meranti. A utilização de cada tipo de meranti segue a lógica do mais resistente e pesado até o mais leve, sendo configurado de baixo para cima, respectivamente (Figura 97). A camada mais firme corresponde a Buki, em seguida, Nemesu, Seraya e, por fim, Tembaca. Quanto a sua estabilidade é obtida pelos módulos em forma triangular, conectadas por uma junta de aço tipo “borboleta” sem uso de vigas ou pilares (Figura 98). QR CODE 04
Figura 97 - Sistema de montagem Pavilhão Meranti
Veja o video em modo rápido da montagem do pavilhão
borboleta unindo na borda do ponto de cada módulo
sulco encaixe berço superior berço superior safarro lateral
diagonal berço inferior
safarro inferior Montagem do módulo
local de madeira angular conecta os módulos horizontalmente e verticalmente
Figura 98 - Sistema de montagem, Pavilhão Meranti; adaptado e traduzido pela autora Fonte: https://www.archdaily.com.br/br/871583/pavilhao-desmontavel-evidencia-resistencia-e-adaptabilidade-da-madeira Acessado 10/05/2020
131
4.6 Conclusão Partindo desses conceitos de estrutura, formas e dimensões, tanto dos projetos de estudo de casos quanto as referências (boas práticas), conclui-se que o projeto do Modu’Lar será formado por cinco pilares, estes formarão as diretrizes de projeto (conceito, uso e dimensão): »» Encaixes: a união de peças que quando moduladas formam a espacialidade dos mobiliários. Essas mesmas peças, deverão ser pré-dimensionadas para acomodar-se em caminhões Veículo Urbano de Carga (VUC, 7,2m x 2,2m), Truck ou Pesado (14m x 2,6m x 4,4m), Toco (14m), Carreta cavalo trucado (até 18,5m), além disso o caminhão será personalizado com a logo de modo que indique a chegada do mobiliário no bairro (Figura 99) e Caminhão Munk .
Figura 99 - Caminhão Truck com a logo Modu’Lar Fonte: Própria (2020)
»» Sustentabilidade: o reuso de peças que atingiram o seu tempo de vida útil para montagem de outro mobiliário, a utilização de tecnologias renováveis e limpas na produção das peças e na utilização durante o evento, além da conscientização da população sobre temas que abordam o tema; »» Escala humana no desenho de arquitetura: aproximidade nas dimensões do mobiliário com o tamanho humano, envolvendo as angulações visuais máximas e dimensionamento físico, ergonomia, espacialidade do movimento e a facilitação do manuseio na montagem e desmontagem; »» Vida comunitária: propiciar a interatividade social através do interesse da população sobre os eventos. Mesmo quando não tiver programações para shows e espetáculos, o mobiliário poderá ser utilizado para encontros sociais de gamificação e palestras, por exemplo; »» Cenários alegres e transitórios: para cada um dos eventos realizados em diferentes pontos da cidade, haverá temáticas diferentes para os cenários. Estes que apresentarão efeitos lumínicos, sonoros e táteis, ora resuta em um ambiente lúdico ora mais formal. Por fim, no próximo capítulo serão apresentados as concepções preliminares e o desenvolvimento do projeto que englobarão esses pilares. Ao longo do programa serão abordados formas e conceitos que foram idealizados com as propostas anteriores que influenciarão desde o modo de apresentação, diagramação e design do produto até a arquitetura.
ACESSIBILIDADE CONCEPÇÃO
FORMA
DIVERSÃO PÚBLICO
EFÊMERA
ARQUITE
MODU
TRANSPORTÁVEL
FLEXIBILIDADE
ALEGRIA SOCIALIZAÇÃO
CRIATIVIDADE FUNCIONALIDADE
CULTURA ESPORTE ETURA URBANISMO
’LAR
HARMONIA
EXPERIÊNCIA MOBILIÁRIO LAZER
5
134 5. Modu’Lar
5.1 Processo Criativo: Estudo de viabilidade A criatividade e o processo criativo fazem parte do desenvolvimento de invenções pessoais, originais e significativas que resultandom em um produto criativo. Segundo Hawkings (2013) citado por Mattos (2014, p. 23): “as características importantes de um produto criativo são duas: ele é resultante de uma atividade criativa e tem um valor econômico reconhecível.” Ao ampliar a visão sobre a economia criativa, surgem as indústrias criativas. Estas, induzem o criador a desenvolver formas e processos inovadores. Como uma cadeia biológica, a somatória desses dois elementos e a escolha e opinião do cliente influencia no produto ou serviço que irá adquirir, segundo Mattos (2014) resulta em um produto ou serviço com maior eficácia e satisfação, quando comparado ao artefato sem as considerações propostas pelo cliente. Essa relação de escolha entre o cliente e o fabricante ou indústria, pode ser classificada como “Cocriação de Valor”. Conforme Lundvall e Johnson (1994 apud MATTOS, 2014, p. 15): “cocriação de valor com os clientes, onde esses participam criativamente no processo produtivo, tanto na produção de conteúdo, quanto na inovação dos serviços, pode ser encarada como uma evolução da ordem econômica e cultura existente, onde os clientes tem acesso aos “meios de produção” através de informação e tecnologias de comunicação”.
A cocriação de valor reflete nos produtos como uma mudança nos processos ou tomadas de decisões antes de estar concluído, ou seja, a indústria permite a abertura de opiniões e soluções proposta pelo cliente a fim de buscar a melhor composição de valor aos usuários (MATTOS, 2014). A tabela a seguir (Tabela 03) é possível observar as diferenças entre a entrega do produto simples e a entrega de bens e serviços customizados:
Entrega de produto e serviços simples O valor é associado é pelo o que é oferecido pela empresa O vendedor define e cria valor para clientes
Entrega de produto e serviços customizados O valor é associado pela experiência do cliente Os clientes participam cocriando o valor
A empresa encontra um nicho de clientes para servir
Os clientes procuram e extraem valor ativamente
O valor é criado pela empresa e oferecido aos crientes
O valor é cocriado pela empresa e clientes
Tabela 03 – Serviços customizados Fonte: Mattos (2014)
pelos
135
Vale ressaltar que a cocriação é diferente de cooperação. Segundo o autor, cooperar é trabalhar junto em busca de um resultado que agrade as partes envolvidas, processo que pode desenvolver a criatividade, porém é direcionado a um grupo de pessoas específicas e limitadas. Por outro lado, a cocriação tem o objetivo de expandir as formas de criação, podendo ser versáteis, anexadas a outras ideias e serem aplicadas para todos os tipos de público. O projeto Modu’Lar tem a finalidade de integrar, de forma social, a opinião da população bairrista, dessa prevê que o resultado será de acordo com ambas as partes: os proveitos do município e os interesses dos munícipes. Para exemplificar o desenvolvimento do método de processo para elaboração do projeto para com os habitantes, foi utilizado a distinção de Prahalad e Ramswamy (2004 apud MATTOS, 2014, p. 45) que remete a mudança na relação entre o cidadão e o poder público, salienta-se que o cumprimento dos quatro métodos são necessários para o êxeto da cocriação:
DIÁLOGO Relação de entendimento contínuo entre o cliente e a empresa. Nessa etapa demanda-se de maior tempo que as demais, porém é necessário que o diálogo seja preciso e conciso, assim o cliente integra-se no processo de criação. Ao decorrer do tempo alguns interesses irão se sobressair e os clientes irão compartilhar esses ideias, isso permite que as empresas antecipem as “situações-chave” antes que as ocorra entre os clientes. Exemplos: »» Antes de definir quais apresentações e tipos, avaliar juntamente com a população quais seriam os mais atraentes; »» Uso da “gamificação” no processo de aprendizagem mediados por desafios para desenvolvimento de atividades cognitivas, sociais e motoras (ALVES, MINHO e DINIZ), a fim de transmitir a importância da participação do público nas decisões urbanas, tais como previstas no Estatuto da Cidade (Lei 10.257/01, Cap. I, art. 2).
136
136 5. Modu’Lar
ACESSO Permitir ao público o acesso à experiência que, diferente do sentimento de posse, tem o objetivo de levar ao cliente a uma base de dados e permitir que a acesse. Exemplos: »» Acesso à experiência social, comunitária e de estilo de vida, a fim de melhorar a qualidade da convivência social; »» Acesso à internet sem necessidade da compra de pacotes, planos ou produtos; »» Acesso gratuito ao mobiliário e seus eventos, independente da presença do usuário nas fases decisórias da cocriação.
AVALIAÇÃO DE RISCO Após abranger a importância da criação conjunta, o cliente tende a precisar de mais informações assim como questionar as informações que lhe foram apresentadas. Porém, ao mesmo tempo, propende a absorver riscos do uso, de forma comunitária e igualitária, utilizando a escala de “risco contra recompensa”. Exemplos: »» Investimentos futuros tanto do usuário e quando da prefeitura, tais como prever o aumento de pessoas no local, quantidade de comércios e serviços, além de atividades culturais, educativas e esportivas;
TRANSPARÊNCIA É necessário que todas as informações estejam dispostas para o cliente, isto é, para funcionamento da cocriação a empresa e cliente precisam estabelecer uma relação de confiança em prol da realização do produto ou serviço. Exemplos: »» Transparência das informações sobre os investimentos (de origem pública e/ou privada), datas ou períodos dos eventos, tipologia e identificação da faixa etária dos eventos previstos e confirmados, localização dos mobiliários, entre outros. No caso do Modu’Lar, todas essas informações serão divulgados através de um aplicativo personalizado e plataformas das redes sociais; »» Envolvimento integral dos líderes dos bairros existentes para criar novas lideranças em prol de focalizar nas necessidades de cada comunidade, para que o projeto e programas estejam mais integradas com os habitantes da região.
137
Além disso, o Modu’Lar engloba os conceitos de sustentabilidade no local, não apenas em seus materiais e a forma que é caracterizada como reutilizável, mas também o desenvolvimento social sustentável. De acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU), em 2015 foi elaborado os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), mostrado na figura 100. O propósito dos ODS foi unir os países e a população global para erradicar os problemas sociais, econômicos e ambientais, até o ano de 2030.
Figura 100 – 17 Objetivos Sustentáveis da ONU, 2015 Fonte: https://nacoesunidas.org/pos2015/
QR CODE 05
O conceito do projeto Modu’Lar prevê melhorias na qualidade de vida da população através da educação comunitária e ambiental nos bairros. Desta forma, o projeto comprome-se com as ODS: Entenda mais sobre as 17 ODS da ONU
138 5. Modu’Lar
|| ODS4 - Educação de qualidade: Assegurar a educação inclusiva e equitativa e de qualidade, e promover oportunidades de aprendizagem ao longo da vida para todas e todos. “Construir e melhorar instalações físicas para educação, apropriadas para crianças e sensíveis às deficiências e ao gênero, e que proporcionem ambientes de aprendizagem seguros e não violentos, inclusivos e eficazes para todos.”
|| ODS5 - Igualdade de gênero: Alcançar a igualdade de gênero e empoderar todas as mulheres e meninas. “Garantir a participação plena e efetiva das mulheres e a igualdade de oportunidades para a liderança em todos os níveis de tomada de decisão na vida política, econômica e pública.”
|| ODS8 - Trabalho decente e crescimento econômico: Promover o crescimento econômico sustentado, inclusivo e sustentável, emprego pleno e produtivo e trabalho decente para todas e todos. “Garantir a participação plena e efetiva das mulheres e a igualdade de oportunidades para a liderança em todos os níveis de tomada de decisão na vida política, econômica e pública.”
|| ODS12 - Consumo e proteção responsáveis: Assegurar padrões de produção e de consumo sustentáveis. “Até 2030, garantir que as pessoas, em todos os lugares, tenham informação relevante e conscientização para o desenvolvimento sustentável e estilos de vida em harmonia com a natureza”
|| ODS14 - Vida na água: Conservação e uso sustentável dos oceanos, dos mares e dos recursos marinhos para o desenvolvimento sustentável. “Assegurar a conservação e o uso sustentável dos oceanos e seus recursos pela implementação do direito internacional, como refletido na UNCLOS [Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar], que provê o arcabouço legal para a conservação e utilização sustentável dos oceanos e dos seus recursos, conforme registrado no parágrafo 158 do “Futuro Que Queremos”
|| ODS15 – Vida terrestre: Proteger, recuperar e promover o uso sustentável dos ecossistemas terrestres, gerir de forma sustentável as florestas, combater a desertificação, deter e reverter a degradação da terra e deter a perda de biodiversidade. “Até 2020, promover a implementação da gestão sustentável de todos os tipos de florestas, deter o desmatamento, restaurar florestas degradadas e aumentar substancialmente o florestamento e o reflorestamento globalmente”
|| ODS16 - Paz, justiça e instituições eficazes: Promover sociedades pacíficas e inclusivas para o desenvolvimento sustentável, proporcionar o acesso à justiça para todos e construir instituições eficazes, responsáveis e inclusivas em todos os níveis. “Desenvolver instituições eficazes, responsáveis e transparentes em todos os níveis.”
139
Dessa maneira, revela-se que a acessibilidade social nesses quesitos seja também de responsabilidade municipal, sendo assim, através do Modu’Lar a população poderá ter acesso pleno a essas questões, sendo assim aderir a qualidade de vida que impactará na melhoria do contexto social urbano. Consequentemente essa proposta de integração social reflete na ODS 11 - Comunidades e cidades sustentáveis: Tornar as cidades e os assentamentos humanos inclusivos, seguros, resilientes e sustentáveis. Uma vez que dada a oportunidade para a população bairrista sobre a compreensão de sistemas sustentáveis e como podem ser aplicadas na vida cotidiana, o acesso à informação sobre métodos que utilizem materiais de baixo custo e alto rendimento, a utilização de ouvidorias públicas por parte das concessionárias, a inserção de novos equipamentos urbanos destinados a acessibilidade visual, acústica e física na região, entre outras diretrizes. O propósito é instituir o conceito de cidades inteligentes e acessíveis para a região em que o mobiliário está periodicamente implantado, para que posteriormente a população analise os pontos à melhorar na cidade.
“11.3 Até 2030, aumentar a urbanização inclusiva e sustentável, e as capacidades para o planejamento e gestão de assentamentos humanos participativos, integrados e sustentáveis (...)” Ribeirópolis
Canto do Forte Maracanã
Caiçara
“11.7 Até 2030, proporcionar o acesso universal a espaços públicos seguros, inclusivos, acessíveis e verdes, particularmente para as mulheres e crianças, pessoas idosas e pessoas com deficiência” “11.a Apoiar relações econômicas, sociais e ambientais positivas entre áreas urbanas, periurbanas e rurais, reforçando o planejamento nacional e regional de desenvolvimento” (Organização das Nações Unidas - ONU Fonte: https://nacoesunidas.org/pos2015/ods11/)
Figura 101 – Locais exemplos Fonte: IBGE (2010), Prefeitura de Praia Grande, adaptado pela autora
Partindo disto, as diretrizes para elaboração da forma física e a identidade do projeto será abordado neste capítulo. O estudo de viabilidade do projeto explana três diretrizes: conceito, estudo de viabilidade inicial e estudo preliminar e detalhes executivos. O primeiro apresentará a conceituação da identidade do projeto, suas características e necessidades para funcionamento. O segundo tópico identificará a quantidade aproximada de usuários e seu dimensionamento mínimo para funcionamento. Por último, será apresentado a volumetria e componentes estruturais que são adequados ao seu uso específico. As diretrizes projetuais serão desenvolvidas volumetricamente em localidades exemplos uma vez que se adequarão à qualquer uma das áreas apresentadas no capítulo 2. Os locais escolhidos são: Rua Afonso Celso Pinheiro Mendonça, Maracanã; Avenida Dr. Esmeraldo Soares Tarquínio de Campos Filho, Ribeirópolis; Praça Duque de Caxias, Canto do Forte; e Praça Cláudio Doneaux, Caiçara (Figura 101).
140 5. Modu’Lar
Conceito O mobiliário urbano Modu’Lar é um projeto com intuito social sendo instalado periodicamente em espaços públicos a fim de criar espaços destinados ao lazer na cidade de Praia Grande. O conceito do Modu’Lar engloba o desenvolvimento da criatividade comunitária por meio da educação participativa nos bairros. Nos capítulos anteriores foram explicados como a preservação dos espaços urbanos influenciará na instalação temporária do mobiliário. Dessa forma, a capa deste capítulo (Figura 102) apresenta um mapa de palavras que se refere às catacterísticas da concepção mobiliário do Modu’Lar (transportável, efêmera, flexibilidade, arquitetura, funcionalidade etc), as possíveis experiências e sentimentos que o usuário possa vivenciar (alegria, socialização, diversão, etc) e os pontos primordiais para o acesso para todas as pessoas (acessibilidade, criatividade, lazer, esporte, etc).
Figura 102 – Capa capítulo 5, Modular Fonte: Própria (2020)
A palavra central do mapa, na qual nomeia este projeto, é de origem da palavra “módulo” que significa “medida adotada para regular as proporções das diversas partes de uma construção” (DICIO, 2019). Porém, diferente do seu significado e escrita original, a intitulação para o projeto em questão recebe um apóstrofo, o que indica a simulação de duas palavras.
Modulação
}
}
MODU’LAR Casa
“MODU” se refere a palavra original “modular” provindo de modulação, já que o projeto contempla a flexibilização de elementos modulares que irão compô-lo e formar várias outras formas diferentes de acordo com as necessidades do evento. “Lar” com origem de casa que, seguindo a analogia, menciona as moradias, nas quais são ocupadas por pessoas, e essas serão as principais personagens sociais que irão usufruir do projeto.
141
Já a logo apresentada na figura 103, contempla formas retangulares resultando em três objetos. Sendo todos separados por um pequeno espaço, simbolizam a flexibilidade de encaixe, ou seja, as mesmas peças utilizadas poderão derivar outros modelos. O meio de comunicação direta é importante quando se trata do meio de transmissão da informação para o usuário. Quando mencionado anteriormente sobre a cocriação, o modelo de comunicação mais eficiente é o uso de aplicativo (ou “app”) e redes sociais. Na figura 104 é apresentado um modelo da interface do aplicativo que irá transcender todas os informes. No app, estarão dispostas na página principal as novidades das atividades culturais e educativas da região. Ainda, será possível conectar o aparelho de celular no Wi-fi distribuído gratuitamente durante o evento e fazer o login para saber qual a localização dos mobiliários e as agendas de apresentações.
Figura 103 – Logo Modular Fonte: Própria (2020)
Na área do login as famílias e a população cadastrada no prorgrama terão acesso ao cronograma e as informações sobre os eventos. Visando quantificar as pessoas que irão no evento e quais são perfis, a fim da equipe de eventos organizar as atividades que mais poderão agradar a população, além de decidir a distribuição desses evento pelos bairros e os futuros investimentos para manter o mobiliário ativo no local. Durante o processo de desenvolvimento do projeto foi revelado as faixas etárias dos bairros estratégicos, esses dados orientarão na projeção do dimensionamento e uso do mobiliário. Para exemplificar, foi realizado a descrição de seis tipos de personas, quanto a padronização de análise foi definida: »» Se possui carro ou moto (transporte individual); »» O local onde estuda e/ou trabalha (definido por cidades vizinhas ou não); »» Qual nível de interesse em praticar atividades físicas; »» Local preferível de lazer e cultura (cidades vizinhas ou não). Figura 104 – App Modular Fonte: Própria (2020)
142 5. Modu’Lar
Persona 01
Avós
-- Pai ou mãe trabalha em outra cidade, enquanto o outro trabalha na cidade -- Possuem pelo menos um carro
Mãe/Pai
-- Os filhos vão para a escola de carro Filho 5 anos Filho 12 anos
-- Os pais junto com os avós, levam as crianças para praticar atividades físicas, atividades de lazer e cultura.
Persona 02
Casal entre 25 e 35 anos Sem filhos
-- Moram, trabalham e estudam na mesma cidade -- Não tem automóvel, usam transporte público ou individual pago (aplicativo) -- Nos finais de semana vão a lugares públicos de lazer, na própria cidade ou vizinha -- Praticam atividades físicas quando podem, não é prioridade
Persona 03
Um único morador
-- Mora e trabalha na cidade, estuda na cidade vizinha -- Pratica frequentemente esportes
Acima de 18 anos
-- Usa a moto como transporte individual Sem filhos
-- Participa de eventos culturais na cidade ou em outras.
143
Persona 04
Um único morador
-- Mora na cidade, porém o vínculo familiar é na cidade vizinha -- Estuda e/ou trabalha na cidade vizinha
Acima de 18 anos
-- Não tem carro, usufrui apenas do transporte público coletivo Sem filhos
-- Pratica esportes e participa de atividades culturais em outra cidade juntamente com os familiares
Persona 05 -- Moram na cidade e são aposentados
Casal de idosos
-- Tem carro de passeio, porém evitam de dirigir e é mais comum usarem o transporte público Acima de 60 anos
-- Praticam esportes em grupo através do programa Conviver, desenvolvido e monitorado pela prefeitura municipal -- Participam de eventos culturais, preferencialmente os mais próximos do local onde moram
Persona 06
Pai ou mãe
2 ou 3 filhos
-- Todos moram e estudam na cidade, próximo à sua residência Acima de 30 anos
-- Responsável não trabalha efetivamente, porém faz trabalhos temporários em épocas de veraneio -- Não tem carro, usam transporte público coletivo
Idades entre -- Não tem preferência pela prática de atividades físicas 6 e 17 anos -- Quando podem, participam das atividades culturais gratuítas
144 5. Modu’Lar
Estudo de viabilidade O dimensionamento do layout do mobiliário é definido por três critérios:
1.
Quantidade de pessoas que irão usufruir do mobiliário:
EXEMPLO 01
Considera-se que 15% desses estudantes comparecerão no evento, ou participarão do programa, acompanhados por uma pessoa. Dados do a. Total de estudantes IBGE em 2018 mostram que no total das 77 escolas municipais são 55.545 matriculados na cidade alunos matriculados nas redes públicas de ensino fundamental e médio, sendo o ensino fundamental 43.517 matriculados e ensino médio 12.028 (Figura 105).
Bairro Maracanã Rua Afonso Celso Pinheiro Mendonça E.M. Franco Montoro, Gov. E.M. Ruth Vilaça Correia Leite Cardoso
TOTAL de usuários 648
E.M. Sérgio Vieira de Mello
EXEMPLO 02
Bairro Ribeirópolis
ALUNOS MATRICULADOS NAS ESCOLAS MUNICIPAIS
Av. Dr. Esmeraldo Soares Tarquínio de Campos Filho
Ensino Fundamental 0 - 14 anos
Ensino Médio 15 -17 anos
E.M. 19 de Janeiro E.M. Domingos Soares de Oliveira
1080
E.M. Nicolau Paal
22%
E.M. Roberto Francisco dos Santos
EXEMPLO 04
EXEMPLO 03
E.M. Visconde de Mauá
Bairro Canto do Forte Praça Duque de Caxias E.M. Estina Campi Baptista
78%
432
E.M. Fausto dos Santos Amaral
Bairro Caiçara Praça Cláudio Doneaux E.M. Felipe Avelino Moraes, Vereador E.M. José Crego Painceira E.M. Mário Possani
649
Figura 105 – Gráfico quantidade de alunos matriculados Fonte: IBGE 2010, adaptado pela autora
145
b. Quantidade de moradores em um raio de 500m
A somatória de moradores é determinado pelas residências contidas em um raio de 500 metros (aproximadamente 5 quadras) envolta do mobiliário. Segundo os dados do IBGE 2010, para cada residência considera-se que uma família é composta por 2 pessoas. A partir do resultado global desta área, estima-se que a quantidade de usuários para o mobiliário em dias específicos atinja 5% (Figura 106).
EXEMPLO 01
Modu’Lar
Bairro Maracanã Moradores por quadra = 48 Quadras consideradas = 82 5% do total = 200 usuários
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Figura 106 – Quantitativo Maracanã Fonte: Própria, 2020
146 5. Modu’Lar
EXEMPLO 02
Modu’Lar
Bairro Ribeirópolis Moradores por quadra = 52 Quadras consideradas = 60 5% do total = 310 usuários
Área contabilizada
Figura 107 – Quantitativo Ribeirópolis Fonte: Própria (2020)
EXEMPLO 03 Bairro Canto do Forte Moradores por quadra = 90 Quadras consideradas = 37 5% do total = 333 usuários
Modu’Lar
Área Figura 108 – Quantitativo Canto do Forte Fonte: Própria (2020)
cont abil
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a
147
EXEMPLO 04 Bairro Caiçara Moradores por quadra = 60 Quadras consideradas = 62 5% do total = 360 usuários Modu’Lar
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Figura 109 – Quantitativo Caiçara Fonte: Própria (2020)
148 5. Modu’Lar
2.
Dimensionamento: Estudo de massas O dimensionamento é fundamentado em duas vertentes para cada um dos bairros citados anteriormente: estudo do uso do solo local e o estudo de massa com a metragem que irá compor o mobiliário. Para cada um dos exemplos são demonstradas espacialidades diferentes que o evento possa adquirir, a princípio são aplicadas quatro zonas:
Zona informativa: inclui um painel chamativo para demarcar o início do evento na área e informação gerais sobre o projeto, eventos, apresentações, alimentação, a cidade, entre outros. Zona comercial: comercialização de produtos, alimentos e serviços. Zona de descontração: local de descanso e espera do espetáculo, show, peça, entre outros eventos principais que acontecerão. Zona de apresentação: composto pelo auditório público, palco e camarim. Vale ressaltar que para a realização do evento, é considerado um conjunto de mobiliários que irão complementá-lo. A seguir, é apresentado a tabela (Tabela 04) dessa composição e descrição.
Hidráulica
Equipamentos
Elétrica e componentes
Bebedouros Sanitários Chuveiros Lavatórios Caixa d’água Reservatório de uso sólido
Lixeira Food Truck Espelhos Cadeiras estofadas e sofá para camarim Cabines para banheiros Corrimão Provador de roupa móvel Bicicletário
Gerador Canaleta alumínio para proteção Sistema de som (mesas de áudio e caixa de som) Sistema de iluminação para a criação de cenários alternativos e lúdicos Tela de apresentação (video wall) Rede wi-fi Aplicativo de check-in pelo QR Code Totem carregador de celular
Tabela 04 – Lista de equipamentos Fonte: Própria (2020)
Estudo de massas
Bairro Maracanã Mapa uso do solo sol nascente residencial
informativa
149
comércio/serviço institucional
área verde ciclovia localização Modu’Lar
comercial
terreno vago
food truck rampa de acesso sol poente
balcão de informação santinários 17,40m² cada sanitários PNE 3,60m² cada
descontração
base/platô
auditório Modu’Lar
camarim geradores totem - carregador malha organizacional 2 metros cabos e canaleta de alumínio Figura 110 – Plano de Massas Maracanã Fonte: Própria (2020)
rede wifi fluxo de entrada
apresentação
palco
150 5. Modu’Lar
Estudo de massas
Mapa uso do solo sol poente
residencial comércio/serviço institucional
1
informativa
Bairro Ribeirópolis
área verde localização Modu’Lar
comercial
terreno vago
3 2
base/platô food truck
descontração
sol nascente
rampa de acesso balcão de informação
sanitários PNE 3,60m² cada
O viário está localizado entre três instituições principais: 1- Ginásio Poliesportivo, 2- Escola Municipal e 3- Escola Municipal.
auditório Modu’Lar palco camarim geradores totem - carregador malha organizacional 2 metros cabos e canaleta de alumínio
Figura 111 – Plano de Massas Ribeirópolis Fonte: Própria (2020)
rede wifi fluxo de entrada
apresentação
santinários 25,00m² cada
151
Bairro Canto do Forte sol nascente
Mapa uso do solo
residencial
A proposta do projeto para este bairro é integrar a cultura e esporte. Atuinstitucional almente há um estacionamento público terreno vago localizado na área 2 que poderia ser utiárea verde lizado para instalar o módulo para esporlocalização Modu’Lar tes. A área 1 localizada na própria praça, é destinada a eventos culturais ou educativos. comércio/serviço
2 1
área militar
sol poente
base/platô food truck
palco
rampa de acesso
camarim
balcão de informação
geradores
santinários 14,00m² cada
totem - carregador
sanitários PNE 3,60m² cada
rede wifi
auditório Modu’Lar
fluxo de entrada
Estudo de massas
1
2
Figura 112 – Plano de Massas Canto do Forte Fonte: Própria (2020)
mobiliário urbano existente
152 5. Modu’Lar
Bairro Caiçara Mapa uso do solo
sol nascente
Estudo de massas base/platô
palco
food truck
camarim
rampa de acesso
geradores
balcão de informação
totem - carregador
santinários 17,40m² cada
malha organizacional 2 metros
sanitários PNE 3,60m² cada auditório Modu’Lar
rede wifi fluxo de entrada
residencial comércio/serviço institucional sol poente
terreno vago área verde localização Modu’Lar
Figura 113 – Plano de Massas Caiçara Fonte: Própria (2020)
153
3.
Estudo ergonômico aplicado ao Modu’Lar O mobiliário Modu’Lar foi desenvolvido em prol da comunidade, composto por idosos, adultos, crianças e pessoas com mobilidade reduzida. Por isso, para a concepção das dimensões mínimas de projeto foi utilizado a NBR 9050/2015 (norma de acessibilidade) e os estudos das medidas antopométricas disponibilidazos pelo acervo do Studio Vector. O estudo antopométrico é empregado neste projeto com a finalidade de aplicar a ergonomia da estatura humana a partir da caractegorização diferenciada por gêneros (homem e mulher) e posicionamentos (em pé sentado). A figura 114 representa dimensão antopométricas para mulher e homem.
Mulher
Homem
Figura 114 – Dimensões antopométricas, mulher e homem sentados Fonte: Acervo Studio Vector
Para cadeirantes, são apresentadas as dimensões apresentadas na norma. A figura 115 representa a área de manobra em 180° (AM180) para cadeira de rodas sem deslocamento. Por fim, a figura 116 apresenta um corte esquemático humanizado da concepção de projeto, respeitando as diretrizes normativas para melhor desempenho.
ALCANCE S/ DESLOCAMENTO
Figura 115 – Dimensões alcance s/ deslocamento Fonte: ABNT NBR 9050/2015
Figura 116 – Corte esquemático Modu’Lar Fonte: Própria (2020)
154 5. Modu’Lar
Estudo preliminar e detalhes Sendo o último tópico abordado nas diretrizes, o uso está relacionado ao tipo e disposição de layout dos componentes modulares do mobiliário inseridos nos quatro locais de exemplo. Dessa forma, o layout do Modu’Lar está associado à espacialidade entre os assentos dos usuários, módulos de referência para cadeira de rodas, entradas e saídas, bancos, circulação entre os platôs, sanitários, bebedouros, camarim e áreas de apoio ao evento. A localização desses componentes irá determinar a metragem das malhas estruturais e hídricas independentes, com finalidade de sistematizar a manutenção das peças, instalação dos equipamentos e a entrada e saída de funcionários. As definições referente ao fluxo do evento e quantidade de pessoas que estarão presentes no evento foram definidas através de duas vertentes que se complementam: a primeira, foi realizada uma entrevista com o grupo de teatro de São Paulo (SP) e a segunda é a relação entre a contabilização de uma parcela do total de usuários (abordado na diretriz de dimensionamento) com os horários de funcionamento para cada um dos usos. Durante a pesquisa foi abordado que o Modu’Lar atenderá eventos culturais, esportivos e educacionais. Por conseguinte, as necessidades mínimas de ambientes e suas dimensões para uso de auditórios estão dispostos no Código Sanitário Estadual de São Paulo. A realização desses eventos inclue a instalação de equipamentos que favoreçam a qualidade da apresentação e do público que assite, desta forma foi necessário entender com os atores e atrizes de teatro quais são os equipamentos técnicos indispensáveis. Nota-se que a cocriação foi praticado nessa pesquisa. Isso significa que a entrevista com o grupo de teatro viabilizou o layout que mais estivesse adequado às apresentações que poderão acontecer no Modu’Lar. Em maio de 2020 foi realizada uma entrevista com o grupo do “Coletivo Baixolão” (logo: Figura 117). O Baixolão originalmente da cidade de São Paulo é composto, atualmente, por nove integrantes que atuam em campos artísticos do teatro, da dança, da música e das artes visuais. Dentre as peças escritas e apresentadas em teatros de palco e de rua, o espetáculo de indicação livre “Daqui Eu Vejo” comparece similaridade com a identidade conceitual do projeto Modu’Lar. Direção de Rafael Mariposa, a história é de uma criança oriunda da periferia de São Paulo que vai conhecer o centro da cidade sozinha, o enredo aborda as dificuldades sociais e conflitos sentimentais da criança que está à procura de uma “Cidade Legal”.
Figura 117 – Logo Coletivo Baixolão Fonte: Acervo Coletivo Baixolão (2020)
155
público
Alguns pontos sobre o modo de exibição da peça são anotados para a concepção da arquitetura do mobiliário tanto em sua forma quanto na funcionalidade, tais como: »» Interação com o público: durante a peça os atores interagem com a platéia ou as convidam para estar no palco, então é prevista uma rampa de acesso frontal; »» Quantidade estimada de pessoas: contabiliza-se cerca de 30 a 50 assistentes, dependendo do espaço (público ou privado) e tipo de peça que atraia mais ou menos pessoas; »» Perfil dos assistentes: habitualmente, o público alvo é familiar.
palco
»» Instrumentos utilizados durante a peça: musicais como flauta, violão, pandeiro, megafone e caixa do divino; instrumentos que compõe os cenários dobráveis, box trans e iluminação; »» Camarins: necessário que seja unissex com sanitário, lavatório e chuveiro; dois acessos ao espaço, um pela cochia (área de serviço e de passagem reservada para os funcionários e atores localizado entre o palco e o camarim) e o acesso ao ambiente externo destinado a entrada e saída dos atores e funcionários; »» Quantidade de pessoas no camarim: dentre os profissionais são destacados os atores, equipe de fotografia (assistente e fotógrafo), maquiador, preparador físico e produção, totalizando cerca de 20 pessoas. A tabela ao lado (Tabela 05) apresenta os horários de funcionamento de cada um dos usos. Os critérios para determinação dos períodos são condizentes aos eventos públicos atuais, realizados pela prefeitura municipal, isso possibilta que em um dia de evento seja realizado consecutivamente os três períodos, alternando ou não entre os três modelos (cultural, esportivo e educação). Ainda, estima-se a instalação quinzenal do mobiliário para três bairros da cidade simultaneamente, e quando finalizada a programação desses eventos diários outros três bairros serão selecionados para a realização dos mesmos ou diferentes eventos.
Período
Cultural
Esportivo
Educação
MANHÃ TARDE NOITE
9h - 12h 14h - 17h 19h - 22h
8h - 12h 13h - 18h 19h - 22h
8h - 11h 14h - 17h -
Tabela 05 – Horário de funcionamento do Modu’Lar Fonte: Própria (2020)
156 5. Modu’Lar
848
Cultural (5%)
43
Espotivo (10%)
84
Educacional (5%)
43
População total
765
Cultural (5%)
39
Espotivo (10%)
75
Educacional (5%)
39
Ribeirópolis
População total
Caiçara
Canto do Forte
Maracanã
Partindo disto, a quantidade de usuários por período considera-se que a representação percentual de cada bairro atinja entre 5% a 10% do total da quantidade de moradores que poderão frequentar o evento em um raio de 500m. O número final é de caráter estimativo, dependendo do interesse da população este número pode ou não ser maior, porém para avaliação da aplicabilidade do Modu’Lar e seu sistema foi considerado que a tabela seja utilizada para a fase de teste no bairro, sendo assim esses números representam a quantidade mínima para instalação de sanitários, equipamentos e assentos do auditório.
População total
1390
Cultural (5%)
70
Espotivo (10%)
138
Educacional (5%)
70
População total
1009
Cultural (5%)
51
Espotivo (10%)
99
Educacional (5%)
51
A quantidade de público presente nos eventos e a atuação das concessionárias dentro do aplicativo será possível extrair dados concretos e atualizados sobre as atividades que mais interessariam a população bairrista. Enfim, a realização de atividades culturais, esportivas e culturais futuras para a comunidade serão mais eficazes, pois o intuito é que a população se identifique com a proposta social e arquitetônica do projeto. As imagens a seguir apresentam estudo preliminar do projeto de layout com base no estudo de massas e mapa do uso do solo existente sobre os quatro locais dos bairros. Alguns detalhamentos de sanitários (seguindo o Código Sanitário Estadual e Lei 13.825/19), auditório para apresentações com assentos de Pessoas Obesas (PO), assentos Comuns (C) e Módulo de Referência (MR) para cadeira de rodas, e um módulo do platô com o foodtruck.
157
Bairro Maracanã Residencial
Balcão de informação Auditório Modu’Lar Palco + Cochia
Bancos
Sanitários
Food Truck
Painel
Gerador
Perspectiva
Planta 51 assentos totais 03 PO 55 C 01 MR
Figura 118 – Volumetria, bairro Maracanã Fonte: Própria (2020)
Painel
158 5. Modu’Lar
Bairro Ribeirópolis Auditório Modu”Lar Palco + Cochia
Perspectiva
Food Truck
Sanitários Bancos
Figura 117 – Volumetria, bairro Ribeirópolis Fonte: Própria (2020)
109 assentos totais 08 PO 101 C 02 MR
Planta
Figura 119 – Volumetria, bairro Ribeirópolis Fonte: Própria (2020)
159
Bairro Canto do Forte
Sabesp
Auditório Modu”Lar
Escultura Canhão Esporte Modu”Lar
Perspectiva
76 assentos totais 03 PO 71 C 02 MR
Planta
Figura 120 – Volumetria, bairro Canto do Forte Fonte: Própria (2020)
62 assentos totais 04 PO 56 C 02 MR
160 5. Modu’Lar
Bairro Caiçara Sanitários
Auditório Modu”Lar
Food Truck
Perspectiva
Bancos
115 assentos totais 03 PO 110 C 02 MR
Planta
Figura 121 – Volumetria, bairro Caiçara Fonte: Própria (2020)
161
5.2 Breve estudo sobre Tensoestruturas em Membranas: Tracionada por Cabos e Coberturas Pneumáticas As tensoestruturas em membranas fazem parte da classificação das tensoestruturas leves, na qual abrange três tipos de estruturas não convencionais: rede de cabos tracionados, tensoestrutura em membranas e sistema cabo-treliça (Figura 122). A membrana estrutural é o principal elemento que a distingue dos demais sistemas estruturais deste grupo. Essa membrana, segundo Haber & Abel citado por Silva (2006, p. 5), independente do carregamento atuante, deve ser submetida a um estado de tensão de tração. Esse estado, chamado de “pré-tracionamento”, é a principal fonte que exerce influência direta sobre a forma, dimensionamento, durabilidade e amplitude de deslocamento quando carregada.
Figura 122 – Classificação das tesnsoestruturas leves Fonte: Silva (2006), adaptado pela autora
A principal característica do pré-tensionamento da membrana é tensão por cabos e pressão de ar (Figura 123). As primeiras membranas tracionadas por cabos tensores foram executadas por tribos nativas americanas, pelos mongóis para abrigos e também pelos povos nômades no Saara, Arábia e Irã (Figura 124).
Figura 123 – Esquema de estruturas pneumáticas Fonte: Silva (2006), apud Pauletti (2003)
Tenda cônica americana
Tenda “kibitka” mongóis
Tenda negra - povo nômade
Figura 124 – Tipos de tendas Fonte: Silva (2006), adaptado pela autora
162 5. Modu’Lar
No período Romano e no século XIX houve pouco desenvolvimento dessa estrutura. Porém, depois da Revolução Industrial (posterior a 1840) houve uma demanda na construção de tendas para entretenimento, como os circos (BORGES, 2004, apud SILVA, 2006). Em contrapartida, a estrutura pneumática somente foi criada e executada 1946 por Walter Bird para a proteção da antena de radar nos Estados Unidos. Em 1967, Frei Otto (arquiteto) projetou o Pavilhão da Alemanha na Exposição de Montreal. Essa obra ficou marcada pela utilização da rede cabos com uma membrana sobre ela, tendo a função apenas de vedação, isso porque na época não havia material suficientemente resistente para ser suspensa por mastros e tracionada pelos cabos de borda. Posteriormente em 1971, um projeto similar (Figura 125) do mesmo arquiteto foi realizado em Munique para o Complexo Olímpico (OLIVEIRA, 2001, apud SILVA, 2006).
Figura 125 – Complexo Olímpico de Munique Fonte: Silva (2006)
O projeto Modu’Lar apresentado anteriormente, indicando a volumetria do objeto e o layout, será acrescentado a cobertura para todo o evento. Dentro das possibilidades de indicação de forma e espaço do ambiente, as tensoestruturas abordadas neste tópico serão as coberturas por membrana: pneumáticas e tracionadas por cabos. Pois, as principais características da tensoestruturas abordadas por Silva (2006, p. 13 e 14) são correlatas aos objetivos e espaço do objeto do projeto, sendo elas: »»
Facilidade de desmontar: “(...) as construções para entretenimento têm adotado este partido e seus proprietários têm percebido seus benefícios, pois elas atraem o público com um diferencial, uma imagem arquitetônica de grande beleza. Implícitos na desmontabilidade se encontram conceitos importantíssimos atualmente como flexibilidade e possibilidade de reúso.”;
163
Forma da membrana
Projeto de cortes
efeito de relaxação
Análise estrutural
Figura 126 – Etapas de projeto Fonte: Silva (2006) apud Figuerola (2004), adaptado pela autora
»»
Iluminação: “O espaço coberto por membranas tensionadas transmite uma iluminação natural difusa graças à translucidez do material. A iluminação interior noturna é possível e eficiente por causa da alta refletividade da superfície.”;
»»
Energia: “O impacto energético de uma tensoestrutura depende da relação entre a economia de energia devido à iluminação natural diurna e os maiores gastos com aquecimento em regiões onde ele se faz necessário. A avaliação dos gastos com energia deve incluir iluminação, aquecimento e resfriamento, além dos custos com os equipamentos.”;
»»
Vencimento de grandes vãos: “Pelos materiais e sistema estrutural utilizado as tensoestruturas são capazes de vencer vãos maiores que qualquer outro tipo de sistema construtivo convencional.”;
»»
Baixo peso: “Apresentam peso de duas ordens de grandeza menor do que o de estruturas em concreto armado e uma ordem de grandeza menor que estruturas convencionais de aço.”;
»»
Variabilidade formal e geométrica: “Respeitando princípios de projeto podem ser criadas inúmeras formas.”;
»»
Relação custo benefício: “Por serem fruto de uma tecnologia sofisticada, as estruturas de membrana tensionadas normalmente possuem custos elevados em relação a construções convencionais. (...) levando-se em conta que estas estruturas podem vencer grandes vãos, ser totalmente dobradas, desmontadas e transportadas de acordo com a necessidade; elas são vantajosas para determinados casos.”.
Ainda, a autora distingue em três etapas o processo de criação de um projeto para tensoestruturas em membrana (Figura 126). O primeiro é definido pela busca da forma da membrana, membrana de modo que atinja a estabilidade, isso pode ser possível através da curvatura anticlástica, ou seja, “os centros dos raios de curvatura das duas direções principais devem estar em lados opostos da membrana.” (Silva, 2006, p. 18). O segundo é caracterizado pelo projeto de cortes, cortes na qual utilizam-se recortes em planos que correspondem com a largura e comprimento do projeto da membrana (definido pela busca da forma) e a curvatura da membrana, para a definição dos recortes deve considerar o “efeito de relaxação” (estado em que a membrana não é tensionada). Por último, a análise estrutural é definida a partir da concepção das etapas anteriores, em que analisa as combinações dos sentidos e fluxos dos carregamentos, incluindo o peso próprio, pré-tracionamento, cargas acidentais e cargas de vento (quando necessário, cargas de neve).
164 5. Modu’Lar
Esclarecido a utilização das estruturas tracionadas por membranas, os tópicos a seguir será abordado, especificamente, sobre a cobertura tracionada por cabos e a cobertura pneumática. Ainda, será complementado em ambos estudos a volumetria, através de croquis, que indicarão os modos de encaixes, fixações, formas e equipamentos complementares para funcionamento.
COBERTURAS TRACIONADAS POR CABOS Segundo Vanderberg (1996), as membranas protendidas por cabos são estabilizadas pela tensão, situados nas bainhas do contorno da membrana. Já os cabos tensores podem fazer parte do sistema estrutural de madeira, metal ou concreto. Ainda, o cabo que contorna a membrana (contorno contínuo) pode ser flexível ou rígido, estes definirão a forma da estrutura e determina onde ocorrerá a transferências das tensões até o sistema estrutural rígido ou para a fundação (apud OLIVEIRA, 2001). Na figura a seguir (Figura 127) é demonstrado um detalhe típico da conexão entre a membrana e o cabo de ancoragem que conecta a um sistema estrutural.
Figura 127 – Detalhe típico dos cabos de contorno da membrana Fonte: Vanderberg (1996), apud Oliveira (2001)
Ainda, existem basicamente três tipos de superfícies empregadas para as membranas tensionadas: paraboloides hiperbólicos, geradas entre anéis e modificadas (VANDERBERG, 1996, apud OLIVEIRA, 2001). »» Superfícies na forma de Parabolóides Hiperbólicos: seu desenho é definido por um nível mais baixo e dois níveis altos (Figura 128);
Figura 128 – Superfície Parabolóides Hiperbólicas Fonte: Vanderberg (1996), apud Oliveira (2001)
165
»» Superfícies geradas entre anéis: são formadas por Hajj Terminal, Arábia Saudita dois anéis, na base é desenhada um anel de diâmetro maior, e na parte superior é formado por um anel menor (Figura 129);
Figura 129 – Superfície geradas por anéis Fonte: Vanderberg (1996), apud Oliveira (2001)
»» Superfícies Modificadas: com base nas duas superfícies anteriores, pode-se modifica-las para gerar um novo formato. Desta forma, a posição de equilíbrio da estrutura pode não ser gerada pela menor superfície, então necessitaria de cabos ou reforços em pontos onde se concentram maior tensão (Figura 130). Laboratório de pesquisa, Itália
Chene Park, Detroit estrutura pontual
estrutura linear em arco
Figura 130 – Superfície Modificadas Fonte: Vanderberg (1996), apud Oliveira (2001)
estrutura tridimensional
166 5. Modu’Lar
Membrana tensionada
Vedações laterais modulares - com função estrutural
Croqui 01 Por fim, são apresentados três croquis (elaborados pela autora) dos estudos da cobertura tracionada por cabos. Croqui 01: Estrutura pontual, membana tensionada e fixada diretamente no platô (base elevatória). Há também a fixação dos cabos internos nas vedações laterais para contribuir nas forças reagentes (Figura 131).
Croqui 02
Figura 131 – Croqui 01 Fonte: Própria (2020)
Croqui 02: Superfície Parabolóide Hiperbólica adaptada para o projeto. Por ter uma forma mais aberta, é necessário também contemplar brises modulares que possa conectar a estrutura da cobertura, e assim impedir a entrada de chuva, vento e radiação solar desnecessárias. Neste caso não há necessidade das vedações laterais serem estruturais, pois a cobertura é independente (Figura 132).
Croqui 03
Figura 132 – Croqui 02 Fonte: Própria (2020)
Croqui 03: Outro exemplo de Superfície Parabolóide Hiperbólica, porém com o diferencial das duas pontas longitudinais estarem direcionadas para o platô. Essa configuração bloqueia parte dos raios solares e impede a entrada da chuva. A fixação da cobertura é obtida pela conexão da base de cada cabo no platô e pelas vedações estruturais (Figura 133).
Figura 133 – Croqui 03 Fonte: Própria (2020)
167
COBERTURAS PNEUMÁTICAS “As estruturas pneumáticas podem ser consideradas como formas estruturais estabilizadas integralmente, ou parcialmente, pela atuação de pressão de gases na membrana” (OTTO e TROSTEL, 1967, apud OLIVEIRA, 2001).
De acordo com Herzog (1977), o sistema de bombeamento deve assegurar a pressão interna da membrana, a fim de manter a estabilidade e forma do objeto. Ainda, o modelo da bomba de ar depende do tipo da estrutura pneumática, seu tamanho e da permeabilidade da membrana. O autor destaca que é necessário conceber no projeto dessa estrutura um sistema reserva para caso haja interrupção do sistema elétrico do equipamento ou queda da energia elétrica, para isso o projeto Modu’Lar consiste em geradores independentes do sistema elétrico da região que alimentarão a bomba de ar (OLIVEIRA, 2001). Quanto a esses equipamentos de pressão, a autora os divide em três categorias (baseados nos estudos de Herzog, 1977) conforme figura 134: Vistas Cortes »» Ventilador Axial: a corrente de ar dirija-se na direção do eixo do equipamento, possibilitando o arranjo de sistemas em série. A geração de barulho é maior do que nos demais equipamentos, devido a alta velocidade. Porém, esse ventilador pode facilmente trocar a direção da corrente de ar apenas Axial invertendo as hélices; »» Ventilador Radial: a corrente de ar é também voltada na direção do eixo do equipamento, contudo é soprada na direção de um ângulo reto da entrada. Outro ponto é que o funcionamento do equipamento ocorre apenas em altas velocidades e a direção da corrente de ar não pode ser invertida;
Radial
»» Ventilador Tangencial: o eixo com as hastes age como impulsor que giram no centro do cilindro. Por sua vez, o ar entra e sai tangencialmente da área do cilindro e não é possível trocar a direção da corrente de ar. Normalmente é utilizado em estruturas pequenas onde se exige a redução de barulho. Tangencial Figura 134 – Tipos de equipamentos de pressão Fonte: Herzog, 1977, apud Oliveira (2001)
168 5. Modu’Lar
O sistema de estabilização é conectado à estrutura através de um tubo de transição Sanfonado, Membrana com Conexão Reforçada ou Rígido (Figura 135). Membrana com Conexão Reforçada
Sanfonado
Rígido
Figura 135 – Tipos de conexão entre o sistema de pressurização e a estrutura Fonte: Herzog, 1977, apud Oliveira (2001)
Existem dois tipos de estruturas pneumáticas, podendo ter mais de um compartimento pressurizado (OLIVEIRA, 2001): membranas infláveis e membranas suportadas pelo ar. Membranas infláveis: Nessa, os espaços pressurizados não fazem parte do espaço útil da cobertura, e assim não possuem espaços abertos para portas e janelas (Figura 136). Desse modo, a membrana pressurizada contém o ar fechado e é formada por elementos pressurizados (a funcionalidade é similar aos sistemas estruturais de edificações convencionais) como vigas, coFigura 136 – Membrana inflável lunas, arcos e cascas (OLIVEIRA, 2001, p. 28). Fonte: Otto e Trostel, 1967, apud Oliveira (2001) Para este tipo de estrutura, quando não há escapamento de ar por alguma fresta, pode-se considerar que o bombeamento de ar pressurizado na membrana não é necessário, fator positivo quando se trata da economia de energia. Ao conceber essa estrutura no evento, deve-se atentar a dois pontos: »» O primeiro é a realização de pequenas manutenções na membrana durante o evento. Em consequência da porosidade de sua textura nas emendas, é possível que a membrana perca a pressão por escapamento de ar, por isso deve prever que periodicamente o profissional faça o enxerto na estrutura; »» O segundo se dá pelo estudo prévio das variações de temperatura na região. Pois, essas mudanças causam o efeito de expansão e contração das moléculas de ar e da própria membrana. Pressões internas muito elevadas não calha grandes diferenças, porém quando a pressão interna é baixa a estrutura pode-se entrar em colapso, ou por redução ou aumento excessivo da pressão.
169
Por fim, existem dois tipos de formas das estruturas de membranas infláveis: tubulares e de superfície. As tubulares (Figura 137) são submetidas a alta pressão interna, em virtude dos pequenos volumes, sendo viável para estruturas com vãos menores (HERZOG, 1977, apud OLIVEIRA, 2001). Exemplo dessa estrutura é o Pavilhão da Fuji na Exposição de Osaka (Figura 138), a cobertura pneumática cilíndrica foi construída em 1970, era composta por 16 arcos de diâmetro de 4 m e 72 m de comprimento (OLIVEIRA, 2001).
Figura 137 – Tipos de membranas infláveis Fonte: Herzog, 1977, apud Oliveira (2001)
Ademais, o sistema de membranas infláveis de superfície (Figura 139) é submetido à baixa pressão interna. Neste caso, o sistema consiste em duas membranas e o ar contido entre elas, podendo ser comparado a forma de um sanduíche. Essa estrutura permite vencer grandes vãos sendo capaz de serem adicionados suportes secundários para auxiliar na estabilização da forma (OLIVEIRA, 2001). A cobertura temporária da Arena Romana de Nimes na França (Figura 140) foi construída em 1988, e dispõe uma planta elíptica com eixos de 132 m e 101 m, altura de 22 m e anel metálico com 30 colunas do mesmo material. S/ suportes adicionais
Suporte pontual adicional
Suporte linear adicional
Suporte linear e linear adicional
Figura 138 – Pavilhão da Fuji Fonte: Foster, 1994, apud Oliveira (2001)
Pressão Negativa
Pressão Positiva Figura 139 – Tipo de membranas infláveis Fonte: Herzog, 1977, apud Oliveira (2001)
Corte
Figura 140– Cobertura da Arena Romana Nîmes, França Fonte: Schlaich et al., 1994, apud Oliveira (2001)
170 5. Modu’Lar
Membranas suportadas pelo ar Esse tipo de estrutura para membrana é estabilizada pela pressão de ar ininterrupta, neste caso a pressão é submetida a um volume interno de pressão interna entre 20 mm e 100 mm de coluna d’água. Na figura a seguir (Figura 141) mostra os sistemas de acessos típicos (OLIVEIRA, 2001). Provindo de estrutura de baixa pressão, segundo a autora, essa membrana pode ter pressão interna tanto positiva quanto negativa (referenciado pela pressão atmosférica). Esse tipo de pressão afeta diretamente na forma e no contorno da cobertura, além disso é possível acrescentar suportes secundários para promover a estabilização da membrana (Figura 142). S/ suportes adicionais
Suporte pontual adicional
Suporte linear adicional
Figura 141 – Ilustração e detalhe típico de acesso à cobertura pneumática Fonte: Asce 17-96 e Herzog, 1977, apud Oliveira (2001) Suporte linear e linear adicional
Pressão Negativa
Pressão Positiva Figura 142 – Tipo de membranas suportadas pelo ar Fonte: Herzog, 1977, apud Oliveira (2001)
Figura 143 – Perspectiva e detalhe típico de fixação Fonte: Asce 17-96, apud Oliveira (2001)
A membrana suportada pelo ar pode-se ser dividida em duas formas: elevada e erguida a partir do nível do piso a ser coberto. A membrana suportada pelo ar elevadas em cobertura pode-se considerar os detalhes ampliados de fixação das figuras seguintes (Figura 143). Como exemplo do emprego dessa membrana, pode-se citar o Pavilhão dos Estados Unidos na Exposição de Osaka (Figura 144) em 1970, a obra consistia em 135 m de vão livre e área coberta de 40 mil m² (OLIVEIRA, 2001).
Figura 144 – Exposição de Osaka, EUA Fonte: Liddell, 1994, apud Oliveira (2001)
171
A membrana suportada pelo ar erguida a partir do piso (Figura 145) são empregadas de forma cilíndrica ou esférica. Devido a facilidade de padronização da pré-fabricação, essa cobertura é muito utilizada em campos de golfe, galpões de fábricas e de depósito.
Figura 145 – Esquema e detalhe típico cobertura erguida a partir do piso Fonte: Asce 17-96, apud Oliveira (2001) “Com relação à forma esférica, as estruturas do tipo air supported erguidas a partir do piso a ser coberto podem ser, ou abatidas quando se necessita cobrir grandes áreas, ou superfícies próximas das semi-esféricas quando se necessita de uma cobertura de grande altura” (OLIVEIRA, 2001, p. 39).
Ao exemplificar obras correlatas a essa cobertura, a autora aborda sobre o Pavilhão do Exército Americano (Figura 146), construído em 1958. Consistia em cinco domos, o central com 49,50 m de diâmetro e os demais com 33 m de diâmetro. Entre as construções de coberturas pneumáticas no Brasil, aponta-se as estruturas cilíndricas de armazéns em planta regular de aproximadamente 1 mil m², como o Armazém de Tapetes de São Carlos (SP), construído em 1977 (Figura 147). Segundo Oliveira (2001), essa forma cilíndrica de coberturas a partir do piso são encontradas facilmente para aluguel no país.
Figura 146 – Pavilhão do Exército Americano Fonte: Herzog, 1977, apud Oliveira (2001)
Figura 147 – Armazém Industrial Fonte: Pistelli Engenharia Ltda., 1997, apud Oliveira (2001)
172 5. Modu’Lar
Croqui 04: Membrana pneumática com balões preenchidos com gás hélio, a fim de formar a superfície em “ondas” e tracionados por cabos. O desenho da membrana com volumetrias tridimensionais é possível devido aos cabos superficiais que a tensionar. Além do croqui, foi executado uma maquete física para esta cobertura, com objetivo de comparar as alturas máximas da cobertura com o entorno (Figuras 148 e 149). Sobrados
Croqui 04
Residenciais Maquete física 01
Cobertura pneumática
Modu’Lar no
com gás hélio
viário Figura 148 – Croqui 04 e maquete física 01 Fonte: Própria (2020)
Cobertura pneumática tubular
Figura 149 – Maquete física 01 Fonte: Própria (2020)
Superfície 02
Superfície 01
Maquete física 02: Representação da estrutura pneumática tubular cilíndrica em duas superfícies de alturas diferentes, ambas preenchidas com ar e suas bases são estruturadas nas vedações externas de função estrutural (Figura 150). Figura 150 – Maquete física 02 Fonte: Própria (2020)
173
Cobertura pneumática com gás hélio Tracionamento dos cabos
Croqui 05: Membrana pneumática com bexiga de preenchida com gás hélio e as bordas tensionads pela área central do diâmetro da bexiga (Figura 151) Croqui 05
Figura 151 – Croqui 05 Fonte: Própria (2020)
Cobertura pneumática com gás hélio
Croqui 06 Croqui 06: Nesta concepção, a cobertura será elevada e estruturada apenas pela bexiga central, sem o auxílio de apoios rígidos na área interna no mobiliário. Para a estabilização da membrana estão previstos cabos tensionados nas laterais. Neste e nos demais croquis deverá considerar calhas de borda conectadas aos cabos para escoamento de água.(Figura 152).
Figura 152 – Croqui 06 Fonte: Própria (2020)
174 5. Modu’Lar
5.3
A N T E P R O J E T O
A partir do desenvolvimento do estudo preliminar e os detalhes de projeto resultou-se nos pilares que concebem os aspectos físicos do objeto, como os locais de instalação periódica e o dimensionamento do mobiliário, e os aspectos sociais, como o Modu’Lar irá influenciar na vida cotidiana da população ao criar novos espaços de lazer dentro dos bairros e a utilização da tecnologia a serviço da comunidade. Deste modo, o Modu’Lar é apresentado como um mobiliário efêmero que se adapta em qualquer ambiente, sendo seu principal papel oferecer atividades de lazer que sejam de interesse da população, a fim de melhorar a qualidade de vida da população bairrista e desenvolver o sentimento de valorização no morador local através da percepção do objeto como um espaço de lazer importante para a comunidade. A Acupuntura Urbana é uma prática que tem o objetivo de diminuir o estresse no ambiente urbano através da concretização de pequenas intervenções na cidade que poderão criar espaços que corrijam as “lesões” (termo associado aos problemas urbanos existentes na cidade), esses pontos têm finalidade de estimular a socialização, educação comunitária e sustentabilidade. Pode-se concluir que tanto o Modu’Lar quanto a Acupuntura Urbana têm a finalidade de propor melhorias e revitalizações em espaços urbanos que não estejam estruturados para o lazer da comunidade (GALLO e SANTOS, 2017). Portanto, o anteprojeto do Modu’Lar será apresentado com os detalhamentos e o projeto definitivo dos 4 locais exemplos: Maracanã, Ribeirópolis, Canto do Forte e Caiçara.
E
D E
SANITÁRIOS
axonometria + corte + planta
corte cc
Pilar “U” Guia estrutural Macaco tubular + base
vedação
Fabricante Rohr Linha Kibloc diâmetro 1,1/2’’ carga 3.500kgf
detalhe encontro pilar-piso (centímetros)
175
T A L H E S
E X E C U T I V O S Planta banheiro
Painéis de pvc para forro
Placas lavavéis de espessura de 3cm
Forro grelha
Placas lavavéis de espessura de 3cm espaçamento de 5cm entre os ripados
Viga “I”
Fornecedor Gerdau H= 12,70 cm L= 7,97 cm
Pilar perfil “U”
Fornecedor Gerdau L= 3,50 cm C= 7,60 cm H= 5,40/4,71 metros
Painéis exclusivos para paredes internas dos sanitários Chapas de aluminínio furadas para instalação das louças e metais pintura padrão cor cinza claro
Painéis de vedação | verde
Chapas de aluminínio pintura padrão cor cinza claro
Painéis artísticos | amarelo Chapas de aluminínio pintura de acordo com a temática do evento
Guia estrutural - vedação Guia metálica em “U” Estrutura tipo drywall
176 5. Modu’Lar
Vedação com possibilidade de adicionar fibra de vidro ou lã de rocha ensacadas no vão entre os painéis de vedação
ESTRUTURA GERAL DA VEDAÇÃO
axonometria
Painel externo vazado
Chapa de alumínio vazada
Viga perfil “I”
Fornecedor Gerdau H= 12,70 cm L= 7,97 cm comprimento variável p/ auditório Cvariável= 19,20/18,00/15,30/10,15 metros
Pilar da cobertura Vide ampliação
Painéis de vedação
Chapas de aluminínio pintura padrão cor cinza claro
Painéis artísticos
Chapas de aluminínio pintura de acordo com a temática do evento
altura 5,63 metros
ea
ár
a
ern
int
Pilar perfil “U” na
áre
r xte e a
Fornecedor Gerdau L= 3,50 cm C= 7,60 cm H= 5,40/4,71 metros
177
CAMARIM
axonometria + planta
Forro grelha
módulos de 50 x 50 cm
área seca maquiagem/ fotografia/ espera
Pilar cobertura
Porta metálica emergência H= 2,13 metros L= 90 cm
Rampa metálica H= 20 cm L= 1,00 metros C= 2,40 metros
área úmida Planta camarim
178 5. Modu’Lar
DECK - MÓDULO 9,00 X 6,00 METROS
axonometria
Piso metálico
Fornecedor Rorh Linha Kibloc unidade: 100 x 80 cm
Piso metálico
Fornecedor Rorhr Linha Kibloc unidade: 100 x 20 cm passagem da infraestrutura (hidráulica e elétrica)
A instalação do piso módulo 9,00 x 6,00 + pilar será feita pelo Caminhão Munk disponibilizado pela prefeitura
BANCOS DE CORDA
axonometria
1,00 metro
0,45
Macaco tubular
Fornecedor Rorhr Linha Kibloc diâmetro 1,1/2’’
Pilar estrutural da cobertura Vide ampliação
metros
Viga perfil “I” - grelha Fornecedor Gerdau conector dos pilares H= 12,70 cm L= 7,97 cm C= 10,00 metros
Estrutura tubular diâmetro 3 cm
Corda de algodão
trama de 10 x 10 cm
179
PILAR DA COBERTURA axonometria
Pilar perfil “U”
Fornecedor Gerdau L= 3,50 cm C= 7,60 cm H= 5,40 metros
altura 5,40 metros
Treliça tubular
No contexto explicativo do projeto é abordado que o interesse da prefeitura sob o programa social beneficiará os moradores locais. Além da produção das peças do Modu’Lar, também há a possibilidade da revitalização de uma praça ou readequação de uma rua no bairro que facilite e economize em tempo e orçamento a montagem e desmontagem do equipamento no local. Exemplo de readequação seria o nivelamento da rua com a calçada, a fim de tranformar em um ambiente que priorize mais a travessia de pessoas do que os automóveis (boulevard) e deixar preparada a fundação do pilar da cobertura e as saídas de água e esgoto (sistemas de infraestrutura) para uso dos banheiros e foodtrucks durante o evento. exemplo de revitalização: Pavimentação + Sistema de fundação Pilar da cobertura
Pavimentação nivelada
Base triangular tubular
Base treliça
Perfil metálico - tubular
Fornecedor Rohr - Linha Kibloc diâmetro= 1,1/2’’
Concreto Estrutura tubular maciça Capa metálica
180 5. Modu’Lar
ESTRUTURA AUDITÓRIO
axonometria
Cadeiras
Estrutura aço Acabamento em poliestireno cores laranja, azul e verde (logo) H= 45 cm L obeso= 75 cm L comum= 50cm E= 5cm
Piso auditório
Chapa alumínio Fornecedor Rorh - Linha Kibloc E= 3’5mm L= 27,5/45,00 cm C= 1,45m (módulo)
Grelha + Viga “U”
Perfil de aço H= 10cm Viga VA18 - Rohr - Linha Kibloc H= 18 cm L= 8 cm
Macaco tubular + base Fabricante Rohr Linha Kibloc diâmetro 1,1/2’’ carga 3.500kg/f
181
MÓDULOS - AUDITÓRIOS
AUDITÓRIO CIRCULAR
axonometria
AUDITÓRIO RETANGULAR
Cobertura pneumárica + balão de gás hélio
Módulo estrutural L= 1,45 metros
Viga cinta “U”
raio 1,80 metros
Painel externo vazado
Chapa de alumínio vazada
182 5. Modu’Lar
E S P A Ç O Um dos conceitos do Modu’Lar compreende na apresentação dos artistas locais dentro dos bairros. A instalação periódica do mobiliário no local dará oportunidade para estes profissionais se revelar para a comunidade. O intuito também é influenciar outros artistas e instituições de artes a trabalharem juntas, em prol de exibir a relevância da arte dentro da cultura da população local. Nas ilustrações dos detalhamentos de vedação, observa-se que foi concebida chapas metálicas para uso dos artistas. Para cada evento haverá um tema que norteará a criatividade destes artistas, suas artes poderão ser exportas em tinta ou adesivadas (elaboradas no computador e impressas para serem coladas no local). Para entendimento deste conceito, foi realizada uma parceria com Renato Maciel, designer e criado da marca de roupa Refrata (Figura 153), na qual desenhou 5 artes gráficas (Figura 154) que compõem o tema central da peça de teatro ‘Daqui Eu Vejo’ apresentada pelo Coletivo Baixolão. Nos próximos tópicos deste capítulo serão apresentadas as imagens em 3D com todos os elementos colocados até o momento mais as plantas técnicas dos 4 bairros exemplos.
Figura 153 – Logo Refrata Fonte: Renato Maciel, Refrata (2020)
P A R A
183
O S
A R T I S T A S
Figura 154 – Ilustrações do tema “Daqui Eu Vejo” Fonte: Renato Maciel, Refrata (2020)
184 5. Modu’Lar
M A R A
PROGRAMA SOCIAL “SU
foto
01
foto
02
foto
03
deck - 100 x 80 cm= 353 pç
deck para cobertura-
foodtruck
deck para sanitários - saída
deck palco= 78 pc
deck - 100 x 20 cm= 441 pç
100 x 100 cm= 22 pç
2 geradores
e entrada de água e esgoto
rampa - 2,40 m
foto
02
foto
Planta paginação de deck
01
A
QR CODE 06
C A N Ã
1 185
Prancha técnica bairro Maracanã
UA RUA COMUNITÁRIA”
B
2
3
4
CORTE AA
CORTE BB
5
6
CORTE DD
Diafrágma forças horizontais
7
8 9
10
11 foto
03 12
Planta layout
QR CODE 07
186 5. Modu’Lar
A
B
R I B E I R
1
PROGRAMA SOCIAL “SU
Prancha técnica bairro Ribeirópolis 2
3
4
CORTE FF
CORTE GG
5
6
7
8
CORTE EE Cabo fixado no asfalto forças horizontais
foto
02
foto
01
9
10 11
12
Planta layout
Planta paginação de deck
Diafrágma forças horizontais
187
Ó P O L I S
UA RUA COMUNITÁRIA”
deck - 100 x 80 cm= 454 pç deck - 100 x 20 cm= 622 pç
foto
03
foto
02
foto
deck para cobertura-
foodtruck
deck para sanitários - saída e en-
deck palco= 94 pç
100 x 20 cm= 20 pç
2 geradores
trada de água e esgoto= 62 pç
rampa
foto
03
01
188 5. Modu’Lar
C A N T O
D
PROGRAMA SOCI
QR CODE 08
Prancha técnica bairro Canto do Forte
foto
CORTE HH
03 A 18
2
18 17
17
01/02
Cabo fixado na grama forças horizontais
1
19
foto
3
16
4 5
15 D
B 14
6
13 12 7
11 10
AMPLIAÇÃO MÓDULO CIRCULAR
9
C
foto
Planta layout
Planta paginação de deck foto
foto
01
8
02
03
189
O
F O R T E
IAL “SUA PRAÇA”
foto
01
foto
deck - 100 x 80 cm= 58 pç
deck
para
esporte-
deck - 100 x 20 cm= 62 pç
100 x 100 cm= 237 pç
02
foodtruck
deck para sanitários - saída e en-
deck camarim = 18 pç
2 geradores
trada de água e esgoto= 67 pç
rampa
foto
Planta layout
foto
01
02
Planta paginação de deck
190 5. Modu’Lar
C A I Ç
PROGRAMA SOCI
foto
01
foto
02
foto
01
foto
foto
foto
03
03/04
Planta paginação de deck deck - 100 x 80 cm= 154 pç deck - 100 x 20 cm= 179 pç deck para cobertura- 100 x 80 cm= 7 pç foodtruck 2 geradores deck para sanitários - saída e entrada de água e esgoto= 49 pç deck camarim = 18 pç rampa
foto
04
02
191
Ç A R A
IAL “SUA PRAÇA” A
B
C 1
2
3
foto
Planta layout
06
Planta paginação de deck
QR CODE 09
Prancha técnica bairro Caiçara
foto
05
CORTE II
foto
06
foto
05
192 5. Modu’Lar
G U I L H E R M I N A
O projeto Modu’Lar, apresentado anteriormente, contempla a fabricação de peças que quando encaixadas e instaladas periodicamente em locais como praças e vias locais, criam espaços de lazer dentro do bairro, a fim de melhorar a vida comunitária e criar identidaade praiagrandense. Também foi explicado que é fundamental a aceitação da população sobre o mobiliário e o programa social, deste modo a prefeitura, as concessionárias e os líderes das associações irão enxergar a importância do projeto e como a cultura e lazer irá influenciar na vida do cidadão. Esta observação não está necessariamente relacionada aos lucros de cada evento que será realizado, mas está diretamente ligada a melhoria na qualidade de vida dessas famílias. Os interesses dessa população sobre o mobiliário irão influenciar na evolução do projeto como um programa social e nos investimentos das concessionárias e prefeitura (participação público-privado) no programa Modu’Lar, uma das possibilidades é na readequação de uma área que, atualmente, não é utilizado para lazer e transformá-lo em um espaço público de lazer de uso temporário, porém com as instalações permanentes de infraestrutura. Nas imagens a seguir é apresentado dois exemplos de locais readequados pela prefeitura e concessionária. A primeira é a simulação da readequação da Rua Afonso Celso Pinheiro Mendonça, no bairro Maracanã. A segunda situação é a instalação periódica do palco e arquibancada (3 lances) na Praça Portugal, no bairro Guilhermina, considerando que não seria instalado a cobertura pneumática, uma vez que a praça contém a cobertura pergolada protegida. EXEMPLO: PRAÇA PORTUGAL, BAIRRO GUILHERMINA
EXEMPLO: BAIRRO MARACANÃ
193
E
M A R A C A N Ã
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A minha ideia inicial de desenvolver um projeto de mobiliário urbano surgiu ao perceber o crescimento urbano, econômico e populacional de Praia Grande (SP) nos últimos 17 anos, ou seja, desde que eu e meus familiares nos mudamos para a cidade. Durante este período, pudemos perceber que o acesso às atividades culturais gradualmente se tornou mais difícil, especialmente nos bairros com menos equipamentos urbanos. Baseado nisso, coletei e analisei dados acerca da malha regional, evolução urbana, mancha urbana, desenvolvimento populacional e chegada da população ocasional na cidade. Essas análises contextuais comprovaram a carência de equipamentos urbanos destinados ao lazer e à educação participativa comunitária. Ao analisar o Mapa de Localização de Praças na cidade (Figura 58), observei que dos 26 bairros, sete não têm espaços de lazer e que, nos bairros que contam com praças, estas encontram-se em estado crítico de conservação. Consequentemente, percebi que se eu restringir a instalação do mobiliário aos equipamentos urbanos existentes, aqueles bairros carentes de equipamentos ou aqueles cujos equipamentos encontram-se depredados continuariam sem atividades culturais, esportivas e educacionais. Nesse sentido, em maio de 2020 realizei entrevistas online com três líderes comunitários dos bairros Solemar, Imperador e Esmeralda. A partir dessas entrevistas, conclui que nesses bairros há poucos incentivos às atividades culturais gratuitas realizadas próximas das residências, ofertadas constantemente e sem a obrigatoriedade de cadastro. Dessa forma, com base nos dados coletados através das análises contextuais e das entrevistas, fica evidente que até os dias atuais há desigualdade na distribuição cultural, educacional, social, econômica e de infraestrutura nos bairros. Portanto, percebi que a cidade necessita um projeto que apresente um partido arquitetônico que agregue valor à cidade, um programa social que enriqueça a vida comunitária e que permita o acesso às atividades culturais a todos cidadãos. Esses três pilares são os alicerces do projeto Modu’Lar, representados na sua logo por “peças” encaixadas nas cores laranja, azul e verde. A proposta do Modu’Lar é criar uma rotina de eventos para a população permanente e ocasional, promover práticas comunitárias com os cidadãos, educação participativa e oferecer serviços de tecnologia para a comunidade. O Modu’Lar concebe esquemas de encaixes e modulações que permitem flexibilidade de instalação em diferentes locais, como ruas, praças, espaços cobertos, etc. Sua arquitetura tem objetivo de criar laços entre as comunidades. Para isso, um aplicativo de celular será desenvolvido a fim de facilitar a comunicação entre a população, os líderes comunitários, as empresas e a prefeitura.
A proposta apresentada na fase de Ante Projeto e detalhes executivos é composta por sistemas modulares para auditórios circular e retangular, banheiros, camarins, palco, piso (deck) e cobertura que podem ser montadas e desmontadas em um período estimado de duas horas. Com apoio de uma equipe de profissionais multidisciplinar, o Modu’Lar irá integrar as atividades culturais existentes à estrutura do mobiliário ampliando assim as categorias de eventos ofertados e melhorando a vida da comunidade. O projeto contempla uma etapa experimental e evolutiva que poderá ser desenvolvida de acordo com a aceitação da programação de eventos, do programa social (“Fortalecendo laços da comunidade”) e do mobiliário pela população, empresas e prefeitura (parceria público-privada). Os locais que poderão ser readequados serão escolhidos em consonância com os interesses desses três principais beneficiários. Vale ressaltar que esse experimento não exclui a possibilidade de uso do deck e do sistema estrutural projetado para o equipamento. Além disso, o sistema de modulação será utilizado em locais que não contemplam acessibilidade universal. Tendo em vista meu objetivo de disseminar o projeto para o público especializado bem como para autoridades municipais, a fim de que o mesmo seja executado, estou em contato com diversos atores relevantes. Recentemente apresentei o projeto para a Arquiteta Andrea Sender, fundadora do grupo Acupuntura Urbana . Tendo em vista que o estudo sobre acupuntura urbana influencia diretamente o conceito do Modu’Lar bem como o fortalecimento da identidade praia-grandense, o meu objetivo é idealizar novas possibilidades para execução do equipamento e criar novos projetos que integrem os programas sociais coordenados pela Acupuntura Urbana e pelo Modu’Lar. Ademais, apresentei o projeto no Congresso Brasileiro de Iniciação Científica (COBRIC) na categoria Ciências Exatas e da Terra, evento online realizado em dezembro de 2020 e organizado pela Universidade Santa Cecília (UNISANTA, Santos). Em março de 2021, o Modu’Lar irá participar do concurso de projetos de arquitetura organizado pelo Portal Projetar (projetar.org) na categoria internacional de Edificações Culturais para o “Concurso de TCC”. O projeto também está inscrito no concurso de projetos de arquitetura da edição “Jovem Talento” 2020, organizado pela Minimum e realizado em março de 2021. O Modu’Lar é resultado do meu desenvolvimento pessoal e profissional ao longo dos anos de graduação. Especialmente no último ano do curso, tive a oportunidade de realizar networking, aprender novas ferramentas que auxiliam na representação gráfica (vídeo e foto), aprimorar a escrita técnica (monografia e relatórios) e desenvolver métodos de apresentação de projeto em suas diferentes fases de concepção. Como Arquiteta e Urbanista os meus próximos passos incluem apresentar o projeto para os agentes municipais de Praia Grande (SP), aprofundar meu conhecimento sobre modulação e trabalhar com projetos acessíveis de arquitetura social.
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