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Centrinho

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Albergue notorno

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SAÚDE CENTRINHO É REFERÊNCIA NACIONAL EM QUALIDADE

ANNE HERNANDES, CAROLINE DOMS E FELLIPE GUALBERTO Y uri de Assis mora na cidade de Linhares no estado do Espírito Santo. Desde recém nascido ele faz o mesmo trajeto de 1447 quilômetros de ônibus: 18 horas de sua cidade para São Paulo, e em seguida mais 4 horas para chegar em Bauru. Quando era menor de idade, sua mãe o acompanhava. Porém, quando completou 18 anos, a presença dela não era mais obrigatória e a prefeitura não custeou mais sua companhia.

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Essa viagem com quase um dia

Julio Soares Silva tem 14 anos e realizou uma cirurgia há 3 anos

de duração tem um motivo: ser atenFotos: Caroline Doms dido no Hospital de Reabilitação de faciais, fissura labiopalatina e trataAnomalias Craniofaciais (HRAC), mentos relacionados à saúde auditiva. conhecido como Centrinho. Yuri nasA cirurgia da fissura labiopalatina ceu com fissura labiopalatina e faz o é eletiva. Desse modo, em outros hostratamento desde que tinha alguns pitais os pacientes que nascem com meses de vida. Hoje em dia, com 20 essa condição congênita competem, anos, ele faz acompanhamento de 6 no Centro Cirúrgico, com cirurgias de em 6 meses e faltam apenas algumas emergência, o que atrasa seu tratamencirurgias para o fim de seu tratamento. to, isso não acontece no Centrinho.

O diferencial do HRAC, começa A recomendação é que essa cirurna forma com que foi criado o hosgia seja realizada na idade adequapital. Os responsáveis pela fundação da, pois caso contrário a chance de foram sete pesquisadores da USP que sequela é maior e o procedimento se perceberam a alta demanda em Bauru torna mais complicado. O ideal é que pelo tratamento de fissuras labiopalaa criança comece a falar com o palato tinas, assim como a falta de locais de fechado por meio de procedimento tratamento. Decidiram, então, criar cirúrgico, pois assim a mesma podeum local que suprisse essa necessirá falar com pressão aérea intra-budade. Além de sua fundação inusical adequada, a língua não tocará em tada, o hospital se destaca por ser o pontos que não estão completamente único no Brasil que se especializou estruturados e a fala será aprendino tratamento de anomalias cranioda corretamente. Além disso, caso a cirurgia não seja realizada no tempo ideal também poderão haver problemas relacionados à audição, já que na região em que a fissura ocorre estão localizados músculos responsáveis pela abertura e fechamento Yuri de Assis faz tratamento desde recém nascido da tuba auditiva, o e agora está próximo de receber alta que pode gerar secreção no ouvido.

Quem nasce com a fissura se adapta quando o assunto é a ingestão de alimentos. No início, pode ocorrer refluxo nasal, mas com o tempo o refluxo é controlado inconscientemente. Caso a cirurgia não seja feita na idade recomendada a indicação continua na maioria dos casos, e ainda há formas de realiza- -la. O Centrinho também atende pacientes adultos.

O Centrinho se mostra como referência nacional pela qualidade. “Os funcionários que aqui estão são pessoas que além de darem assistência aos pacientes estão inseridos na pesquisa, muitos deles desenvolvem o papel de preceptores e tutores, grande maioria trabalha no ensino”, explica a chefe da divisão de apoio hospitalar, Giovana Rinalde Brandão. Ela trabalha no HRAC há 29 anos. A fonoaudióloga também comenta que há a cultura de acolhimento dos pacientes, o que torna o atendimento mais humanizado.

Giovana é PhD em “Ciências da reabilitação na área de fissuras orofaciais e anomalias relacionadas”. Esse título foi conquistado com sua pesquisa realizada no Centrinho, o único lugar no Brasil com essa área de estudo. Segundo ela, “o sonho de consumo de qualquer aluno é ter um lugar como esse, com o número de pacientes que temos, não existe isso em lugar algum do país”.

Quando o tratamento é finalizado e tudo corre da maneira certa os pacientes apresentam condições normais de vida. Doutora Giovana observa: “a intenção é devolver a pessoa pra sociedade com uma condição de ser inserida no mercado de trabalho,

possa ser independente financeiramente e desenvolver suas habilidades”. Em casos em que ocorrem sequelas estéticas ou funcionais ao fim do tratamento, há a emissão de um laudo preenchido pelo cirurgião, fonoaudiólogo e pelo dentista. Algumas empresas têm aceitado esse documento para contratar funcionários que preencham a cota de deficientes. O Centrinho, atualmente só dá assistência a novos casos de pacientes do estado de São Paulo, exceto em casos de anomalias faciais mais complexas, já que a incidência destas é menor e o tratamento é mais complexo, se tornando de difícil acesso em outros lugares. O tratamento com pacientes de outros estados vai continuar até que todos tenham alta.

Em breve o Centrinho será regularizado pelo sistema CROSS (Central de Regulamentação de Oferta de Serviço de Saúde) mudando o procedimento para receber tratamento, enquanto isso para ser atendido é necessária a apresentação da certidão de nascimento, comprovante de residência e documentação fotográfica para comprovar a presença da anomalia.

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