ENCONTRO
PERCEPÇÃO
ILUMINAÇÃO
LUZ
PERCURSO LUCIDEZ
LUZ
PERCURSO
PERCUR
CIDEZ LUTRANS
PERCURSO
LUCIDEZ
LUZ
LINHA TÊNUE ENCONTRO
EZ TÊNUE LUCIDLINHA ENCONTRO
LINHA
ENCONTRO
NA NA LAMi + LUMi
LUZ TRANSPERCURSO
SOB A LUZ
CENTRO DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL 1
CAROLINA CORREA CORTEZE
PERCURSO SOB A LUZ: PROJETO ARQUITETÔNICO DE CENTRO DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL
Trabalho Final de Curso apresentado ao Centro Universitário Moura Lacerda para cumprimento das exigências para obtenção do título de bacharel em Arquitetura e Urbanismo, sob a orientação da professora mestra Fabiana Mori.
RIBEIRÃO PRETO 2016
3
AGRADECIMENTOS Agradeço a Deus pela luz; por toda a inspiração, proteção e por mostrar os caminhos a percorrer; Agradeço a meus pais, Heitor e Luiza, por todo suporte físico, emocional e espiritual durante esta etapa da minha vida. Por me ensinarem a ser forte e me ajudarem a enfrentar os desafios com coragem. Por cada palavra de força, por cada momento de preocupação, pelas ideias e opiniões, pelo amor em cada gesto; Agradeço ao meu noivo, João Augusto, por todo o apoio, companheirismo e amor. Por cada momento em que esteve presente e pela compreensão nos momentos em que precisei estar ausente Obrigada por todos o cuidado, e por toda preocupação que passou junto comigo. Agradeço à minha irmã Raquel e meus irmãos, Frederico e João, que também me ajudaram e participaram de tantos momentos neste trabalho. Obrigada pela paciência e por cada palavra de força; Obrigada a todos os meus amigos e amigas, todos aqueles que acreditaram em mim e no meu trabalho. Aos colegas de faculdades, os que batalharam junto até o fim e os que eu tive o privilégio de ter como companhia por um tempo. Agradeço em especial ao meu colega e amigo Vinícius Gonçalves, por toda a parceria ao longo da caminhada, por todo conhecimento que compartilhou comigo e porque pudemos crescer juntos na vida acadêmica; Agradeço à minha orientadora, Fabiana Mori, por acreditar em minha capacidade e sempre me impulsionar a dar um passo além. Por toda sabedoria e experiência que compartilhou comigo e que me ajudaram a crescer tanto; Agradeço a todos os professores que contribuiram com minha formação; Obrigada a todos que participaram deste trabalho de forma direta ou indireta; Agradeço a todos que se propuserem a percorrer estas páginas.
“A gratidão é a memória do coração.” Antístenes de Atenas
4
RESUMO Este trabalho propõe uma solução arquitetônica para um Centro de Atenção Psicossocial. Partindo das concepções filosóficas de espaço e percepção, da noção de complementação do espaço pela presença do ser humano, da análise do usuário típico de um centro de saúde mental e do contexto urbano da região escolhida na cidade de Ribeirão Preto, desenvolve-se o conceito de Percurso sob a Luz. O objetivo do projeto é organizar o programa em um espaço que estimule positivamente o usuário e, remetendo às etapas do tratamento, conduza os pacientes ao encontro da iluminação plena.
ABSTRACT This essay proposes an architectural solution to a center of Psychosocial Care. Starting from the philosophical conceptions of space and perception, the notion of complementary space for the presence of human beings, the typical user analysis of a mental health center and urban contact the chosen region in the city of Ribeirao Preto, develops the concept of Course Under the Light. The goal of the project is to organize the program in a space that positively stimulates the user and, referring to the steps of the treatment, leading patients to meet the full illumination.
5
37
PERCORRENDO O ESPAÇO..........
O LUGAR AS ORIGENS CONVERGÊNCIAS PORÇÃO DE TERRRA...............
63
ARQUITETURA PROGRAMA PRÉ-DIMENSIONAMENTO NÍVEIS DE ILUMINAÇÃO PROJETO TÉCNICO PERSPECTIVAS REFERÊNCIAS DETALHAMENTOS IMAGENS MEMORIAL BIBLIOGRAFIA
109
6
9 INTRODUÇÃO
11 PRISMAS E REFLEXÕES
COMPOSIÇÃO DO ESPAÇO CONCEITOS SOB UM FOCO POÉTICO
19
OLHAR HUMANO
PENUMBRA E LUCIDEZ
25
PROJEÇÕES
CENTRO MAGGIE DE APOIO INSTITUTO IBERÊ CAMARGO VINÍCOLA ANTINORI
.................LEVANTAMENTOS
.................LEGISLAÇÃO URBANÍSTICA LEGISLAÇÃO ARQUITETÔNICA
7
INTRO
8
I N T R OD U Ç Ã O alguma
Para as pessoas que possuem um transtorno psíquico,
problemática que se apresenta: seja questões de
este caminho pode ser bastante doloroso, com momentos
habitação social em um município, ou a necessidade de
de escuridão e confusão.
revitalização de um espaço, e até uma residência que
necessite de paisagismo: a proposta sempre nasce a partir
ao paciente do centro de tratamento um percurso
das necessidades humanas. O espaço arquitetônico é o
iluminado. Ao longo da história, os indivíduos com este
resultado do projeto e só fica completo quando o usuário
tipo de sofrimento foram quase sempre destinados a locais
pode percorrê-lo e fazer a experiência do percurso. E
de tratamento impróprios, sem qualidade ou preocupação
o espaço influencia na percepção humana durante o
com o bem estar. O presente trabalho busca criar uma
percurso.
alternativa que evita a injustiça de um caminho escuro, de
uma cela trancada, de um espaço sombrio.
A
arquitetura
existe
para
solucionar
A partir destas premissas é poss´vel imaginar
A proposta aqui apresentada pretende proporcionar
uma problemática interessante: como criar um espaço
arquitetônico que estimule positivamente os usuários? E
possível constatar que não há um espaço projetado para
esta pergunta leva a outra: que tipo de usuário possui uma
estas necessidades específicas. Além disso o entorno do
grande sensibilidade aos estímulos do ambiente, a ponto
lote escolhido necessita de uma requalificação urbana.
de ser um desafio para a arquitetura deixá-lo confortável?
A implantação de um equipamento de saúde mental é,
portanto, possível e necessária.
É pela escolha do usuário típico que se inicia este
Analisando o contexto da cidade de Ribeirão Preto é
trabalho. A compreensão das necessidades de pessoas
com transtornos psíquicos, a situação dos equipamentos
Luz. O edifício se configura como um caminho a ser
públicos existentes e o desejo de criar um espaço que
percorrido e que faz referência às etapas do tratamento.
estimule a percepção positiva levaram à escolha do
Comparecendo ao Centro de Atenção Psicossocial, o
objeto arquitetônico para o exercício projetual: o Centro
paciente busca o encontro consigo mesmo, a iluminação
de Atenção Psicossocial.
e liberdade de sua alma. O edifício deve proporcionar a
experiência do encontro com a luz natural e seus efeitos.
O transtorno mental e a lucidez, quando colocados
O conceito do projeto é de um Percurso sob a
juntos como objeto de reflexão, revelam a linha tênue
que existe entre a realidade e a ilusão. Há momentos
entorno natural reforça a ideia de identidade do local e
em que os sentidos humanos são confundidos, sem que
continuidade do espaço, proporcionando a sensação de
a racionalidade seja capaz de distinguir a realidade, a
uma linha tênue entre o interno e o externo, assim como
verdade. O ser humano percorre sua existência buscando
os universos entrelaçados de realidade e imaginação, na
um encontro consigo mesmo, com sua verdade interior.
mente dos pacientes.
9
O desejo de criar uma simbiose do edifício com o
P R I S M A S
1 EE
1
10
R E F L E X Õ E S
COMPOSIÇÃO DO ESPAÇO
Os elementos arquitetônicos usados em projeto na
Da mesma forma que o homem dá ao espaço uma
composição de uma obra são manipulados em função das
existência plena através de sua presença, o ambiente
atividades do homem e seu bem estar. A arquitetura se
também é capaz de influenciar e despertar algo novo no
propõe a criar soluções que respondam às necessidades
indivíduo que o experimenta. Hertzberger (1991, p. 174)
dos mais diferentes tipos de pessoas, situações, lugares
diz que "onde quer que se organize o espaço, ele terá
e épocas.
inevitavelmente certo grau de influência sobre a situação
das pessoas”.
Zevi (1994, p. 28) diz que “a arquitetura é [...] a cena
onde vivemos nossa vida”. Comparando a arquitetura
com outras formas de representação humanas, percebe-
características individuais e os vários pontos de vista
se que existe na Arte o desejo de representar a existência
criados durante o tempo de uma caminhada, condicionam
do homem no espaço e no tempo. Porém a arquitetura
a experiência sensorial.
oferece a possibilidade da interação entre o sujeito e o
espaço, numa existência simultânea, que inclui o homem
influencia sua percepção em cada momento vivido. Nisto
e sua vivência na própria obra.
consiste a arquitetura, conforme o que diz, Sperling (2006,
p.10):
Segundo Odebrecht (2014, p. 21), “é o contorno do
Pois
além
da
composição
arquitetônica,
as
O homem interage com o espaço que também
vazio que a arquitetura modela”. O espaço arquitetônico A arquitetura, por essa via, não se resume à sua materialidade ou constituição física. O espaço arquitetural é um campo do qual propositor, objeto e público participam, do objeto material para o processo vivencial. A arquitetura como representação (...) passa a ser facilitadora de significações, veículo para a existência do corpo.
é então constituído pelo vazio, pelos limites criados pelo homem e pela experiência humana. Zevi (1994, p. 23) considera que todas as obras de arquitetura, paraserem compreendidas e vividas, requerem o tempo da nossa caminhada; [...] o homem que, movendo-se no edifício, estudando-o de pontos de vista sucessivos, cria a quarta dimensão, dá ao espaço sua realidade integral.
A experiência momentânea e multidimensional
resultante da relação entre o homem e o espaço tornase premissa para o projeto arquitetônico. Para criar
A edificação nunca é criada para ser apreciada através
uma arquitetura de qualidade, que traga bem-estar ao
de representações ou fotografias, e sim experimentada a
homem, é necessário tomar como base esta concepção
cada instante do percurso.
do espaço enquanto experiência.
11
Um exemplo disto é a obra do arquiteto português
Álvaro Siza, o Pavilhão das Nações, onde se pode perceber, através das imagens a seguir, que o vazio convida o passante a adentrá-lo, oferecendo a proteção da cobertura que demarca o interior. E simultaneamente o usuário tem a sensação da continuidade do espaço externo, graças às grandes dimensões e a total abertura nas laterais, criando ao mesmo tempo sensações de acolhimento e liberdade. Imagens 1 e 2 – Pavilhão das Nações, Álvaro Siza – Portugal
12
CONCEITOS SOB UM FOCO POÉTICO
A experiência humana diante do espaço é tão
cativante e pungente que se torna objeto de reflexão há muitas gerações de pensadores.
A Fenomenologia é uma linha de pensamento
que propõe o estudo dos fenômenos. Dela faz parte o filósofo Gaston Bachelard e em sua obra “A Poética do Espaço”, escrita no início do século XX, ele desenvolve conceitos sobre a experiência humana diante do espaço. O pensamento fenomenológico de Bachelard (1978) é uma possibilidade de reflexão sobre as relações do homem com o seu ambiente, servindo como fonte de inspiração e embasamento teórico para este trabalho.
Segundo Mora (1978, p.136), “o termo fenômeno
provém do grego e significa ‘o que aparece’; fenômeno equivale, portanto,à aparência.”Os fenomenólogos propunham a suspensão do juízo, esvaziamento dos conceitos, para que, através da experiência do fenômeno, as essências das ideias pudessem surgir na mente. A fenomenologia seria então a descrição pura dos fenômenos.
Segundo Bachelard (1978), o entendimento
racional foge à poesia e impede a primitividade da imaginação. A fenomenologia, por outro lado, considera a existência da imagem no momento em que ela
Imagem 3 – O filósofo Gaston Bachelard
acontece. Para Bachelard (1978, p. 185) “a imagem, em sua simplicidade, não precisa de um saber. Ela é a
da vivência, em que as imagens vão sendo despertadas
dádiva de uma consciência ingênua”.
conforme os estímulos apresentados no espaço. Se a
imagem despertada for poética, irá trazer valores que
A percepção do fenômeno desperta na alma do
homem imagens que podem conduzi-lo a diferentes
conduzem o homem ao estado de felicidade.
sensações. Esta percepção acontece no momento exato
13
Bachelard (1978) considera a casa a principal
imagem poética que leva o homem à sensação de intimidade. Segundo ele, nossa alma é uma morada e por isso a imagem da casa, aconchegante e acolhedora, nos desperta sensações reconfortantes. Diz ainda que o homem vai sempre procurar, em qualquer espaço habitado, esta noção de casa.
A casa enquanto proteção é interior, que acolhe
e envolve. A casa é maternal, guarda quem está dentro dela. O valor do aconchego, para Bachelard (1978), está ligado ao recolhimento.
A imagem do ninho também demonstra esse
sentimento de refúgio, de bem-estar no escondimento. O homem encontra segurança no espaço aconchegante como o pássaro que confia na árvore em que coloca seu ninho. Segundo Bachelard (1978, p.262), a casa-ninho [...] é o lugar natural da função de habitar. A ela se volta, ou se sonha voltar, como o pássaro volta ao ninho. [...] Este signo do retorno marca infinitos devaneios, pois os retornos humanos se fazem sobre o grande ritmo da vida humana.
A imagem da concha enquanto casa produzida pelo
molusco que Bachelard (1978) apresenta, desperta o devaneio da casa moldada conforme o homem. Reforça o valor de intimidade, pois o homem que se identifica e interage com o espaço, tornando-o parte de si mesmo.
14
Tratando esta sensibilidade da alma humana como
condicionante de projeto, o presente trabalho busca arranjar os elementos arquitetônicos de forma que a experiência do percurso torne-se positiva a ponto de favorecer o bem-estar e a saúde física e psicológica do usuário.
A forma, a dimensão, a iluminação e a relação entre
o exterior e o interior são elementos capazes de causar diferentes impressões em quem percorre o espaço. A forma desperta segurança quando o sujeito consegue identificar nela alguns elementos familiares. Hertzberger (1991, p. 150) diz que a competência da forma é que seja preenchida por associações e conduza a uma dependência mútua com os usuários[...]. Sua capacidade de absorver e comunicar significado determina o efeito que a forma pode ter sobre os usuários e, inversamente, o efeito dos usuários sobre a forma.
Imagem 4 –
15
Turbulence House – Steven Holl
As sensações de intimidade e segurança
estão relacionadas às dimensões do ambiente. Para Hertzberger (1991, p. 19) “atividades e usos diferentes exigem dimensões espaciais diferentes.” Que dimensões dar a um espaço é sempre uma questão de avaliar a distância e a proximidade entre as pessoas. Ambientes maiores sugerem dinâmica e convivência e ambientes menores insinuam proximidade e solidão.
Imagem 5 - Adega Dominus, Herzog e de Meuron – Califórnia, EUA.
A forma que se deseja dar ao edifício
e as aberturas e fechamentos condicionam os efeitos de luz que se pretende no interior. Além disso, pode-se manipular os limites entre o espaço interno e o externo através da luz e da forma, criando uma sensação de fluidez entre os espaços. Esse jogo de efeitos pode conduzir a sensações muito positivas, como nos ambientes das fotos.
Na imagem 9, vê-se como é formada a
parede da vinícola criada por Herzog e Di Meuron: um arranjo de pedras dispostas aleatoriamente que permite a passagem da luz natural, criando diferentes padrões de sombra no interior. A imagem 10 mostra a Casa de Chá criada por Álvaro Siza, que privilegia a comunicação entre o interior e o exterior. O usuário pode fazer a experiência do ambiente interno ao mesmo tempo em que vivencia a presença do oceano.
16
Imagem 6 - Casa de Chá Boa Nova, Álvaro Siza – Matosinhos, Portugal.
Os conceitos fundamentais para este trabalho ficam
assim definidos. O objetivo é criar um espaço fluido, em que a experiência ao se percorrer a forma do edifício seja conduzida pela iluminação natural, usufruindo de suas características poéticas, criando limites tênues entre o interior e o exterior, trazendo assim sensações positivas ao usuário.
17
2
OLHAR HUMANO
2
PENUMBRA E LUCIDEZ
A ênfase dada às sensações que o ambiente
Esta confusão de realidades caracerística do delírio
pode causar em quem o vivencia vem das necessidades
pode causar um grande sofrimento psíquico. O paciente
próprias do usuário.
muitas vezes sente estar vivenciando todas as criações
O objeto proposto é um Centro de Atenção
de sua mente. Santos (2005, p. 54), diz que “é exatamente
Psicossocial III. A proposta é um lugar de passagem, sem
a realidade sensível de sua alma que se vê no ‘delírio’ do
internações e sem intervenções incisivas nos pacientes,
louco”.
com espaços para tratamentos através da arte, contato
com a natureza e interação com a comunidade.
nestas condições? Muitas vezes levam a ilusões que
O usuário é o paciente com transtorno mental e sua
causam medo e vontade de fugir, de equilibrar-se em
sensibilidade exige uma qualidade singular no ambiente
uma realidade mais fácil de compreender. Uma referência
terapêutico. A percepção deste tipo de paciente é uma
pertinente para o entendimento destas sensações é o
condicionante fundamental para o projeto. O transtorno
personagem do filme O Solista, do diretor Joe Wright.
psíquico influencia nas sensações e composição da
realidade, portanto, deependendo das condições do
esquizofrenia na juventude, quando foi aluno de um
ambiente, o tratamento pode sofrer diferenças na sua
conservatório musical, onde aprendeu a tocar violoncelo.
evolução.
Nathaniel sofre crises muito fortes e passa a viver nas
O transtorno psíquico, para quem convive com ele
ruas de Los Angeles, carregando um carrinho com todos
todos os dias, é uma realidade interna que se funde com
os seus pertences. Ele só consegue se concentrar para
o mundo exterior. Em muitos casos a mente tende a
tocar violoncelo quando está em locais amplos e com
oscilar entre o mundo externo e as criações do universo
muito movimento, como sob um viaduto.
O que um ambiente opressivo pode causar a alguém
O personagem principal, Nathaniel Ayers, desenvolve
do paciente, mesclando as duas realidades. Segundo Santos (2005, p. 39), a loucura, ou doença mental, não deve ser entendida como uma patologia estanque, que
deva
ser
critério
social de um indivíduo.
para
exclusão
Ela comporta,
em si, elementos criativos que podem dar um outro rumo a uma vida humana.
Imagem 7 – Cartaz oficial do filme O Solista.
19
O jornalista Steve Lopes investiga sua história e
decide ajudar Nathaniel oferecendo-lhe um apartamento para morar. Porém o ambiente fechado e apertado traz a tona lembranças dos locais onde Nathaniel estava quando teve suas primeiras crises esquizofrênicas. O local fechado remete à sua mente, repleta de vozes sufocantes. Ao escolher as ruas para morar, Nathaniel encontra a amplitude do espaço que dá à sua mente a sensação de liberdade.
O filme exemplifica o que vivenciam muitos dos
pacientes que frequentam os Centros de Atenção. O paciente traz consigo sua bagagem,
as lembranças e
imagens positivas ou negativas que podem ser ativadas conforme a sua experiência com o espaço. Por esse motivo, um local destinado ao tratamento destas pessoas deve ser totalmente pensado com o objetivo de contribuir com o tratamento.
As necessidades dos pacientes são tão peculiares
que por muito tempo foram incompreensíveis para a sociedade. A história do tratamento psiquiátrico tem grandes períodos de exclusão, afastamento, sofrimento e a escuridão.
Segundo Silveira e Braga (2005, p. 01) “a forma
como a experiência com a loucura vai sendo conceituada influencia diretamente os espaços e as práticas destinadas a ela”. Na Idade média os indivíduos com transtornos
Imagem 8 – O Hospício, Francisco de Goya y Lucientes. 1814.
apenas a reclusão.
transtorno psíquico só se tornou um objeto científico a partir do Século XVIII. Ainda assim, o espaço hospitalar foi apenas organizado para que os pacientes pudessem ser estudados. Estes ainda eram considerados perigosos e mantidos afastados, incapazes de integrar-se à sociedade. Os ambientes eram, colocando de uma forma resumida, assustadores.
Pensamentos como o do filósofo Michel Foulcault
em seu livro História da Loucura na Idade Clássica (1964) trouxeram críticas e questionamentos a respeito da internação e dos métodos cruéis de tratamento. Segundo Foulcault (1964, p. 131) a experiência da loucura como doença, por mais restrita que seja, não pode ser negada. Ela é paradoxalmente contemporânea de uma outra experiência na qual q loucura resulta do internamento, do castigo, da correição.
psíquicos eram vistos como perigosos para o convívio social, e então eram criados presídios, distantes das vilas, para proteger os moradores. O transtorno psíquico era tratado como uma ameaça e não havia tratamento,
Silveira e Braga (2005) ainda afirmam que o
20
A partir dessa nova visão surge o movimento da
reforma psiquiátrica e os modelos de hospitais são
produzidos ao longo dos anos compõem hoje o acervo do
amplamente questionados e criticados. A própria palavra
Museu de Imagens do Inconsciente.
loucura começa a dar lugar a termos como sofrimento psíquico e, de acordo com Silveira e Braga (2005, p. 3), surge “uma nova forma de perceber a loucura enquanto ‘existência-sofrimento’ do sujeito em relação com o corpo social.” Para Carvalho et al (2009, p.2) a reforma não pretende acabar com o tratamento clínico da doença mental, mas eliminar a prática do internamento como forma de exclusão social dos indivíduos portadores de transtornos mentais.
Nise da Silveira foi a principal pensadora, no Brasil,
a difundir essa compreensão do paciente como um indivíduo capaz de encontrar um equilíbrio interno que o levasse a conviver em sociedade. Segundo Torello
IImagem 9 – Obras produzidas pelos pacientes.
(2006, não paginado), dentro da perspectiva de Nise da Silveira, o psicótico não era apenas uma relação de sintomas positivos e negativos, era preciso proporcionar ao paciente um ambiente onde ele pudesse encontrar o suporte afetivo que o ajudasse a retornar ao mundo externo.
A ideia de um local onde a pessoa pudesse receber
um tratamento até ser reintegrada na sociedade também se iniciou através do trabalho de Nise da Silveira. Ao criar a instituição chamada Casa das Palmeiras, Nise rompeu com o modelo de hospital e criou uma verdadeira Casa.
Asatividadesdesenvolvidasmotivavamospacientes
a agirem livremente através da pintura, escultura, música, com o acompanhamento de um monitor, num percurso
Imagem 10 – Nise da Silveira e seu gato.
até o autoconhecimento e a reabilitação, vencendo muitas limitações do transtorno psíquico. Os trabalhos
21
Graças a contribuição destes novos ideais, hoje a
Organização da Saúde Mental (2004, p. 2), “os CAPS,
discriminação ao paciente psiquiátrico têm diminuído.
dentro da atual política de saúde do Ministério da
Já não é comum a ideia de que o paciente precisa ser
Saúde, são considerados dispositivos estratégicos para
afastado do convívio social, e sim que a inclusão deve ser
a organização da rede de atenção em saúde mental.”
praticada em todas as esferas da sociedade.
de cuidado intensivo e internação, porém a forma de
Para um contato mais próximo com esta
realidade do atendimento ao paciente psiquiátrico,
A
como complementação desta pesquisa, em 22 de
reintegração com a sociedade é o objetivo principal.
fevereiro de 2016, foi realizada uma visita técnica ao
Sendo a internação apenas uma etapa do tratamento, o
CAPS III Dr. André Santiago, localizado na Rua Pará,
próximo passo é o comparecimento diário a um Centro de
1280, bairro Ipiranga, em Ribeirão Preto. Foi possível
Atenção Psicossocial.
Ribeirão Preto existe um vínculo da rede
de saúde mental com a atenção básica de saúde.
Mesmo assim, ainda existem casos que necessitam
acolhimento aos pacientes é totalmente outra.
Em
entrevistar o gerente substituto, que representou o
A Casa das Palmeiras tornou-se um referencial para
gerente Sr. Marcus Vinícius Santos, ausente no dia
programas de centros de atendimento. Segundo Carvalho
da visita, porém sem permissão de registro fotgráfico.
et al (2009), algumas propostas se consolidaram nos anos 90 com o novo modelo de tratamento, o CAPS – Centro de Atenção Psicossocial. A iniciativa foi reconhecida nacionalmente graças à mudança de mentalidade sobre o transtorno psíquico. Segundo Mângia et al (2006, p. 88) a redução de leitos psiquiátricos, o maior controle sobre as internações, a organização de rede de serviços baseados na comunidade e especialmente o reconhecimento dos direitos de cidadania das pessoas com transtornos mentais, compõe o perfil dessa nova forma de compreender e tratar os transtornos mentais.
A regulamentação desta nova modalidade de Imagem 11 – Vista da fachada do CAPS III Dr. André Santiago.
serviço de saúde mental veio com a criação de portarias que definem diretrizes de atuação e reconhecimento desta rede de ações para o atendimento do doente
mental. Segundo a Cartilha do Ministério da Saúde sobre
foram encaminhados de alguma UBDS da cidade ou
22
O CAPS III acolhe principalmente pacientes que
outras unidades de Saúde Mental, como o Hospital
aplicado, personalizado para cada paciente. A orientação
Santa Teresa ou o Hospital das Clínicas. Segundo o
para atividade grupal diária, atendimento individual ou
gerente, os pacientes geralmente chegam sozinhos ou
permanência em observação depende dos sintomas e da
acompanhados por algum familiar.
evolução de cada um.
Nas UBDSs já é feita a triagem através do sistema
O objetivo, nas palavras do gerente substituto, é que
de urgência. Os pacientes que necessitam de cuidados
o paciente “encontre a si mesmo e possa cuidar de si, tomar
intensivos por um tempo mais longo e cuja condição
um banho sozinho, andar na rua e diminuir gradativamente
não pode ser mantida no CAPS III são encaminhados ao
o comparecimento ao CAPS, até que esteja recuperado
Hospital das Clínicas ou ao Hospital Santa Teresa.
suficientemente para voltar a atendimentos eventuais
Ao CAPS são encaminhados os pacientes em
na UBDS de onde veio.” Esta etapa já é considerada
crises que necessitam de cuidados intensivos mas não
a reintegração do paciente à sociedade, pois ele pode
necessitam de internação. Ali, passam o dia e retornam
decidir por si próprio quando necessita da consulta.
para suas casas a noite. O CAPS III possui ainda leitos
para tratamento de observação, com um limite de
nização das atividades, permitiu constatar uma realidade
pernoites.
que é a mesma em diversos centros terapêuticos no Brasil:
O paciente que chega ao CAPS III é recebido e
mesmo com a ideia de inclusão e respeito ao paciente, ainda
encaminhado para o Acolhimento, um primeiro contato
não existe a prática de projetar edifícios especialmente
do paciente e dos familiares com o tratamento.É
previstos para este uso. Assim como no caso visitado,
realizado um diagnóstico e escolhido o tratamento a ser
vários Centros ocupam locais adaptados, inicialmente
A visita ao CAPS III, além de uma noção da orga-
criados para outros usos, o que produz espaços mal aproveitados, improvisos no layout, corredores escuros, sem a preocupação se o arranjo está causando ou não uma influência positiva no tratamento ou até mesmo a inclusão social do paciente.
Sendo assim, o modelo organizacional do CAPS,
investigado mais detalhadamente em breve através das portarias GM/MS 336/2002 e GM/MS 189/2002, é usado como base para o programa de necessidades da nova proposta de edifício; porém, as referências para soluções projetuais estão em obras internacionais e nacionais que levam em conta a percepção dos usuários e os efeitos do Imagem 12 – Esquema de fluxo entre o CAPS III e outras unidades de saúde
23
ambiente no seu bem-estar e saúde mental.
SEÕÇEJORP
3
PROJEÇÕES 24
3
CENTRO MAGGIE DE APOIO PRÁTICO E EMOCIONAL PARA PESSOAS COM CÂNCER
Situado em Glasgow, no
Reino Unido, o projeto pertence ao escritório OMA (Office for Metropolitan Architecture), com sede em Roterdã, liderado pelo arquiteto fundador, o holandês Rem Koolhaas. É um ambiente de apoio prático e emocional para pacientes com câncer e seus familiares. O edifício possui uma forma de anel, com quartos circundando um pátio interno. É concebido como
uma
sequência
de
fechamentos em L, evitando corredores e tornando a planta fluida. A planta é organizada de forma a fugir do modelo estéril e alienante da maioria dos hospitais.
A
sequência espacial dos ambientes em pequena escala cria espaços mais
íntimos,
acolhedores
e
receptivos, onde os pacientes e suas famílias podem se sentir como em uma casa.
25
O projeto oferece espaços de convívio e de refúgio,
que circunda o edifício. Aproveitando a topografia do
respeitando as necessidades de todos os usuários. Parte
terreno, cada quarto está em um nível, condicionando
de um conceito de que a arquitetura pode fazer as
a circulação entre os espaços íntimos e de convívio.
pessoas se sentirem melhores a medida que incentiva
sua imaginação através da iluminação, materialidade e
as divisórias translúcidas e incidir nos espelhos dá aos
contato entre o interior e o exterior.
espaços uma qualidade de sonho, uma atmosfera de
calma e paz.
O contato com a natureza é estimulado através das
aberturas, ora para o pátio interno, ora para a vegetação
O jogo de imagens criado pela luz ao atravessar
Imagens da referência Centro Maggie :13 - 19
26
27
EDIFÍCIO SEDE FUNDAÇÃO IBERÊ CAMARGO
O edifício consiste em um volume irregular de
concreto branco - obtido com a mistura de concreto e pedras brancas do lago- cujas circulações em rampas
projetam-se do volume principal, criando um novo
O Edifício Sede da Fundação Iberê Camargo é um
projeto do arquiteto portugês Alvaro Siza e fica localizado
espaço e desenhando a fachada do edifício.
às margens do Lago Guaíba em Porto Alegre, Rio Grande
do Sul, Brasil.
maneiras na obra, tanto na materialidade quando no
Imagem 20
28
A identificação com o local se faz de diversas
O principal conceito do edifício é o percurso, em
diálogo do edifício com as
que o visitante é conduzido através de rampas
margens do Guaíba, elemento marcante
na
cultura
e corredores fazendo diversas experiências a
da
cada instante da caminhada. A circulação
cidade. O instituto abriga a coleção de obras de Iberê Camargo, pintor gaúcho, em exposição permanente, outras
e
exposições
temporárias.
29
acontece por rampas que ora percorrem o volume principal do edifício, ora são deslocadas e flutuam no espaço, em passarelas que guardam surpresas para os visitantes.
Imagens da referĂŞncia Instituto IberĂŞ: 21 - 28.
30
Em um momento há uma rampa com um declive suave, acompanhando o movimento do teto. De repente surge uma abertura para o exterior que emoldura uma paisagem. Então a curva termina em átrio central e ercebe-se a amplitude do edifício. São sensações como essa que tornam a arquitetura uma experiência inigualável. O percurso se torna um partido completo quando a iluminação natural é utilizada de forma a compor, junto com a matéria, a forma dos ambientes.
A luz penetra por aberturas, rasgos, frestas, de diferentes maneiras em diferentes horários do dia. Os efeitos criados dão ao edifício características próprias desta combinação de luz e acabamentos. A luz reflete no piso de madeira e pinta a parede clara. Direciona os passos do visitante, indicando por onde o percurso continua. Ela indica por qual abertura se deve vislumbrar o exterior e quais locais devem se manter na penumbra, pois ali a experiência deve ser a do recolhimento. O desenho do concreto ganha contornos mais definidos ou não, conforme as horas passam e a luz incide com ângulos e intensidades diferentes. O material e a forma servem de paleta para os diferentes tons de sombra no interior.
31
VINÍCOLA ANTINORI
Projeto do escritório Archea Associati Arquitetos,
a vinícola localiza-se em Bargino, na Itália.
O projeto impressiona pela capacidade de
O edifício é concebido com o objetivo de
simbiose e fusão com o terreno e o meio rural. Criada
valorizar a paisagem e a cultura de produção
como um monumento que valoriza a terra, como uma
de vinho do local, tornando a vinícola uma ex-
fonte de vida para o homem que depende dela, a
pressão destes elementos sociais.
vinícola parece estar realmente unida a este elemento
natural.
dependendo do ponto de vista. O elemento
marcante é a laje do tipo lisa, que representa
A
construção
é
quase
imperceptível,
a terra, acompanhando a topografia, sofrendo mudanças em diversos pontos e organizando os usos no interior do edifício.
32
se
A laje lisa percorre o terreno e os usos vão organizando
conforme
as
sugestões
do
seu
movimento. Se a laje se abre, o convite é para subir até o terraço.
Se o movimento cria um espaço
pequeno e reservado, ali é um bom lugar para deixar os vinhos amadurecerem, como se estivessem enterrados.
33
Imagens da referĂŞncia VinĂcola Antinori: 29 - 38.
34
Os terraços criados sobre a laje são usados como lavoura onde há vinícolas plantadas e produzindo. Dessa forma a arquitetura vai além da ocupação do terreno, devolvendo a ele o espaço de superfície. A laje é sustentada por pilares que assumem diferentes formas e posições, remetendo também à rusticidade e organicidade da terra. Os materiais evocam a simplicidade e a tradição do local, como elementos de cor terracota, no seu estado bruto. Os materiais ainda auxiliam no isolamento térmico da vinícola, mantendo o interior na temperatura adequada à produção do vinho.
35
4PER
4
ODNERROC
O ESPAÇO 36
O LUGAR
A cidade de Ribeirão Preto está localizada na região Noroeste do estado de São Paulo e possui 25 municípios
em sua Região Administrativa, ocupando uma área de 9.348,00km², de acordo com a Secretaria de Planejamento e Desenvolvimento Regional do Estado de São Paulo (2012).
Segundo o IBGE (2015), o município de Ribeirão Preto
possui uma área de 650,91 km², sendo 127,30 km² no perímetro urbano e 523,60 km² na área rural.
O clima de Ribeirão Preto é tropical, caracterizado por temperaturas altas em grande parte do ano. As condições
geográficas e naturais da região são favoráveis à agricultura. O cultivo e comercialização do café, inicialmente, e posteriormente da cana-de-açúcar nortearam o desenvolvimento do município, tornando o agronegócio a principal atividade econômica do município desde a sua fundação, no ano de 1.856, seguida pelo comércio e prestação de serviços, nos tempos atuais. De acordo com o IBGE (2015), a população de Ribeirão Preto é de 604.682 habitantes no município, com uma densidade demográfica de 928,92hab/km² e Índice de Desenvolvimento Humano Municipal em torno de 0,8%.
Imagem 39 - Ribeirão Preto
37
A área escolhida para o desenvolvimento do projeto
Existe uma gleba não loteada, parte da antiga
encontra-se na Região Sul da área urbana do Município,
fazenda Santa Theresa que forma um grande vazio
Setor 5, subsetor Oeste 2, segundo o mapa de Setores
urbano na região. Além do vazio, existe a presença do
concedido pela Secretaria de Planejamento da Prefeitura
Hospital Psiquiátrico Santa Teresa e o Hospital Estadual
de Ribeirão Preto.
de Ribeirão Preto.
A área do projeto do Centro de Atenção Psicossocial
ocupa uma parte desta gleba, fora dos limites ocupados pelos equipamentos citados. Presente na gleba está também uma considerável quantidade de vegetação nativa e com o objetivo de preservação destas espécies, parte da gleba será destinada, através de diretriz ambiental, à criação de um parque urbano.
41
Mapa 1 (Áreas Especiais) com Setorização
42
Imagem 40 – gleba sem loteamento
Imagem 41 – Portaria do Hospital Santa Teresa
Imagem 42– Portaria do Hospital Estadual
Esta preocupação com o resgate da identidade tanto
natural como histórica desta parte da cidade é que motivou a escolha desta área para o projeto. A Fazenda Santa Theresa teve diferentes usos ao longo da história de Ribeirão Preto, sendo necessário o resgate de sua identidade para a requalificação de todo o seu entorno.
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AS ORIGENS
Em 1925, o local do Posto Zootécnico foi concedido
à União para ali ser instalado o Patronato Agrícola Regente Feijó, um abrigo de menores. Por fim, em 1935 iniciou-se
Segundo informações da Secretaria Estadual
a avaliação do imóvel para a instalação de um manicômio
da Saúde (2015), a Fazenda Santa Theresa foi grande
e, em 1937, foi decretada a criação do Hospital de
produtora de café no século XIX. O nome Santa Teresa
Psycopatas de Ribeirão Preto. O decreto exigia reformas
foi dado devido à estação ferroviária Santa Teresa, que
de adequação ao novo uso e ampliações, que foram
transportava a produção cafeeira da fazenda e região.
realizadas. Porém, em 1940 um novo decreto revogou a
Possuía 1.300 alqueires (31.460,00km²), com uma
instalação e o edifício abrigou provisoriamente o quartel
população média de 1.400 pessoas.
do 3º Batalhão da Força Pública.
Em 1911, já após o declínio da produção cafeeira
Em 1944 houve a necessidade de transferir um
e com novas perspectivas para o município, a terra que
grupo de 20 internos do Hospício de Juqueri para Ribeirão
pertencia à fazenda foi cogitada como uma localização
Preto, e nessa data foi criado, pelo governo do estado
adequada para um posto Zootécnico Federal no município
de São Paulo, o Hospital de Insanos, conhecido como
de Ribeirão. Era necessária uma área de 60 alqueires e,
Hospital Santa Teresa, ocupando o edifício na antiga
após estudos e propostas, o proprietário vendeu a gleba
fazenda Santa Teresa. Atualmente, o Hospital é dirigido
para a prefeitura que, por sua vez, doou à União. O posto
pela Universidade de São Paulo (USP), em parceria com
Zootécnico exigiu a construção de alguns edifícios para
o Sistema Único de Saúde e com a Prefeitura Municipal,
desenvolver suas atividades.
fazendo parte da rede de saúde mental do Município, com atendimento aos pacientes que necessitam de cuidados intensivos constantes e não se enquadram no tipo de paciente próprio dos CAPs.
O restante da gleba em que nada foi edificado
tornou-se um grande vazio urbano na zona Sul da cidade, sem que houvesse interesse de aproveitar a área, até agora.
CONVERGÊNCIAS
Imagem 43 - Foto do antigo posto zootécnico na Sede da Fazenda Santa Theresa
A localização do hospital psiquiátrico na mesma
gleba em que se pretende desenvolver o projeto do
39
Centro de Atenção Psicossocial exerce uma influencia
modificando os fluxos no entorno da área. Também
positiva em diversos aspectos.
incentivará a requalificação urbanística e valorização
do entorno, pela implantação deste equipamento.
A identidade de qualquer cidade está ligada à sua
história, suas origens. O edifício e a área que hoje abrigam o
PEDAÇO DE TERRA
Hospital Santa Teresa contêm várias referências à história de Ribeirão Preto, pois trazem consigo modificações feitas conforme as necessidades da própria cidade em
cada época.
do projeto levou em consideração diversos fatores, além
da proximidade com o hospital psiquiátrico.
A decisão de designar o local para determinados
Aescolhadaporçãodaglebaparaodesenvolvimento
usos teve sempre influências políticas, econômicas e
também culturais, esta última referindo-se diretamente
seja adequado para todas as atividades do programa
ao Hospital Psiquiátrico. Levando em consideração as
de necessidades.
noções de loucura correntes na época, o procedimento
comum era que o paciente psiquiátrico fosse afastado
áreas permeáveis com jardins, locais ao ar livre para
do convívio da sociedade, resultando na escolha desta
contato com os elementos naturais. Assim, em toda
área, um local distante do centro da cidade. Porém, hoje
gleba, a localização mais apropriada para o projeto
a cidade alcançou e circundou a gleba, sem que o uso
é aquela que possui todas estas potencialidades que
fosse modificado.
possam ser aproveitadas através da arquitetura.
A proximidade com o hospital também é uma
A porção foi delimitada de forma que o espaço
O terreno deve conter a área construída e também
A escolha prioriza também a mobilidade urbana,
potencialidade de inclusão, pois o novo Centro de Atenção
proporcionando um fácil acesso ao equipamento,
Psicossocial, estando próximo ao local de internação,
levando em consideração diretrizes urbanas ainda não
facilita a dinâmica da rede de saúde mental do município.
implantadas mas previstas para a área. A criação e
O centro terapêutico também cumprirá sua função social,
ampliação de avenidas permitirá maior qualidade na
estando acessível para usuários que não têm condições
comunicação com a cidade e as rodovias.
de deslocar-se até outros locais da cidade em busca das
atividades que ali serão oferecidas.
Legislação Municipal que regulamenta o Parcelamento
Outra potencialidade é a proximidade dos usuários
e Uso do Solo Urbano da cidade de Ribeirão. A partir
com o meio natural, que será considerado no projeto
da análise da legislação urbanística e arquitetônica a
arquitetônico e nas diretrizes urbanísticas.
seguir, feita com o objetivo de conhecer as diretrizes
Por fim, a população da cidade de Ribeirão Preto
da área do projeto, é possível constatar a pertinência
será beneficiada com a localização do edifício, que
da localização do equipamento nesta parte da cidade.
estimulará a efetivação de diretrizes viárias municipais,
40
Além disso, o projeto deve adequar-se à
Imagens 44 e 45 – Localização na gleba e delimitação da área do projeto.
41
LEGISLAÇÃO URBANÍSTICA Zoneamento Urbano
Analisando o mapa de Macrozoneamento da cidade de Ribeirão Preto, anexo à Lei 2157/ 2007, de Parcelamento
e Uso do Solo, fornecida pela Secretaria de Planejamento, percebe-se que a área do projeto se encontra em uma, Zona de Urbanização Preferencial - ZUP. De acordo com esta Lei, a área é dotada de infraestrutura e condições geomorfológicas propícias à urbanização.
Mapa 2 – Macrozoneamento Urbano de Ribeirão Preto com a delimitação da área de projeto.
42
Zoneamento Industrial
A partir do Mapa de Zoneamento Industrial, também anexo à lei 2157/2007, é possível constatar que a área do
projeto é classificada como Uso Misto II, com Índice de Risco Ambiental 1,0. Segundo a Tabela V-C da referida Lei, hospitais, clínicas e pronto-socorros enquadram-se no Risco 1,0, apresentando baixo risco ambiental. Isto significa que o novo equipamento urbano não representa alto grau de nocividade para o meio ambiente e apresenta. Também é classificado, segundo a tabela V-A da referida Lei, como Gerador de Incômodo no Tráfego Nível 1, sendo um índice baixo e aceitável.
Mapa 3 - Zoneamento Industrial de Ribeirão Preto com delimitação da área de projeto.
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Diretrizes Viárias
A facilidade de acessos que a localização da gleba e as diretrizes viárias proporcionarão é uma das
potencialidades da área.
Os mapas de Hierarquia Viária Física e Funcional, fornecidos pela Secretaria de Planejamento mostram que
existe uma diretriz de ampliação e duplicação das avenidas Independência e Adelmo Perdiza, duas vias principais que têm um papel significativo no sistema viário da cidade. Ambas possuem ligação com as áreas centrais, conectando as extremidades da cidade. Mapa 4 - Hierarquia viária Física com demarcação da área do projeto.
Mapa 5 - Hierarquia viária Funcional com demarcação da área do projeto.
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Diretrizes Cicloviárias
Não existe nenhuma ciclovia implantada no entorno da área. Porém, segundo o Mapa do Sistema Cicloviário
fornecido pela Secretaria de Planejamento, existem diretrizes que preveem a implantação deste equipamento nas principais avenidas do entorno.
Há também a diretriz para implantação de ciclovias em parques lineares, sendo prevista para a Área de
Preservação Permanente às margens do córrego Ribeirão Preto. Este curso d’água não cruza a área delimitada para o projeto, porém sua proximidade torna-se uma condicionante fundamental, pois é interessante haver um parque linear na região do novo espaço terapêutico.
Mapa 6 - Sistema Cicloviário com demarcação da área do projeto.
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Diretrizes viárias na área
A modificação prevista na diretriz viária mais favorável ao projeto é a implantação de uma avenida, continuação
da Avenida Ligia Latufe Salomão, que cortará a gleba ao meio. Esta avenida proporcionará um acesso direto à área do projeto, uma ligação com outra Avenida importante, a Presidente Vargas e também acesso ao Anel Viário de Ribeirão Preto. Desta forma, estará garantida a mobilidade urbana e facilidade de acesso ao local, tanto para os moradores de Ribeirão Preto como para visitantes de outras cidades.
Imagem 46 – Delimitação da área do projeto, localização das principais avenidas e modificações previstas para o sistema viário do entorno da gleba.
Imagem 47 – Avenida Adelmo Perdizza no ponto em que encontra com a nova Avenida
Imagem 48 - Avenida Ligia Latufe Salomão no local em que será ampliada
46
Áreas de Proteção Ambiental
A área delimitada para o projeto não possui nenhuma restrição ambiental que impeça edificações no terreno,
classificado como Zona de Urbanização Preferencial. A vegetação existente na gleba será respeitada e considerada inclusive como condicionante do projeto, buscando a integração com a natureza.
O entorno da gleba possui algumas áreas de Preservação Ambiental importantes para o Município. A Mata
de Santa Teresa é uma Estação Ecológica de conservação e proteção integral e localiza-se nas proximidades. Segundo o Plano de Manejo da Mata (2010), esta se encontra na zona de expansão urbana da cidade e possui 2.618ha de floresta mesófila semi-decídua. Ao seu redor existe a Zona de Amortecimento, cuja função é diminuir os impactos antrópicos e impedir qualquer atividade ilegal. A Rodovia Prefeito Antônio Duarte Nogueira, conhecida como Anel Viário Contorno Sul, é o limite que separa esta Zona de Amortecimento do entorno da gleba escolhida para o projeto. Este dado também foi confirmado junto à Secretaria Municipal de Planejamento. Portanto, a Zona de Amortecimento não alcança a área destinada ao projeto.
O Horto Municipal de Ribeirão encontra-se na margem oposta à Avenida Adelmo Perdiza, em frente à área
do projeto. O córrego Ribeirão Preto e sua Área de Preservação permanente nas margens representam o limite físico entre a Avenida e o Horto. A APP não alcança a área destinada ao projeto.
O Horto e a vegetação da APP
proporcionam visadas interessantes que serão aproveitadas.
Imagem 49 – Proximidade da área do projeto com as APAs.
47
Áreas de preservação e visadas
Além das áreas de Preservação, as visadas são proporcionadas pelas massas vegetais no entorno do terreno.
Os exemplares de vegetação nativa presentes no lote serão preservados e multiplicados, criando uma integração do paisagismo com o entorno. São árvores e arbustos próprios do Cerrado e da Mata Atlântica, como o Angelim do Cerrado, a Palmeira Buriti, a Embaúba e o Ipê.
Ao longo da Avenida Adelmo Perdiza existem diversos exemplares exóticos de grande porte (Eucalipto), que
produzem uma diferença de temperatura no microclima, graças à sombra que produz. Outro fator que contribui para a diminuição do calor são as matas ciliares na margem do córrego.
Uma diretriz urbanística que deve ser estabelecida para o bom êxito do projeto é o estabelecimento de uma área
de Proteção para a porção da gleba que, após a aplicação das diretrizes viárias, vai encontrar-se no lado oposto da Avenida Ligia Latuf. Este local deverá ser destinado exclusivamente à instalação de um parque urbano. A proposta leva em consideração a preservação da vegetação nativa ali existente. Além disso, existe a necessidade dos usuários de dispor de um grande espaço aberto, também para o desenvolvimento de atividades envolvendo a comunidade. O parque urbano poderá proporcionar este local, trazendo uma valorização urbanística para a região. Fica estabelecida também como diretriz a criação de passarelas para a transposição da nova avenida. Imagem 50 – Localização das Principais visadas do terreno
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Uso do Solo
Foi realizado um levantamento no entorno da área, em um raio de 1400m em torno do terreno do projeto, com
o objetivo de obter informações sobre o Uso do Solo atual e suas implicações na dinâmica do entorno. Os dados foram colhidos através de visitas ao local e pesquisas em meio eletrônico. A partir do levantamento, foi possível elaborar um mapa de Usos, considerando a predominância de cada quadra do entorno da gleba.
A leitura do mapa permite perceber a predominância do Uso Habitacional em muitas áreas. Em alguns locais
trata-se de conjuntos habitacionais, e condomínios fechados, com a predominância absoluta de residências. A localização de usos Comercial e de Serviços nestas áreas fica restrita às ruas e avenidas principais dos bairros.
É visível o isolamento que a gleba impõe a alguns residenciais e condomínios, constituindo-se uma barreira
física que gera desvalorização dos bairros afastados. Os locais mais próximos ao centro e cujos acessos já são resolvidos urbanisticamente apresentam um valor de mercado mais alto.
Mapa 7– Uso do solo, raio de 1.400m em torno da área do projeto.
49
Ocupação do Solo e Áreas Verdes
A análise do mapa dos vazios e áreas verdes permite a conclusão de que grande parte da área é de urbanização
recente e sem planejamento prévio, baseada na especulação imobiliária. O resultado disso são grandes áreas que esperam por uma ocupação, por não serem tão interessantes ao mercado imobiliário. Estas áreas causam barreiras físicas e algumas vezes falta de segurança e conforto à população.
O objetivo do projeto também é romper com esta situação de isolamento e desperdício de uma zona que
poderia ser melhor aproveitada.
Mapa 8 – Ocupação do solo e áreas verdes.
50
Polos Geradores de Tráfego
Alguns equipamentos são responsáveis por um grande deslocamento diário de pessoas, em busca de comércio, serviços,
equipamentos de saúde e de educação. Foi possível localizá-los e estabelecer análises quanto à sua importância para o projeto. É possível notar como a gleba onde se encontra a área do projeto está localizada no centro de uma dinâmica social existente nesta região. Os habitantes dos bairros de baixa renda não encontram emprego e outras oportunidades nos locais onde vivem. Dessa forma, precisam se deslocar até regiões próximas aos centros e outros focos de comércio e serviço. A gleba causa um corte no fluxo viário, o que dificulta o deslocamento diário destes milhares de pessoas, resultando em problemas urbanísticos e sociais.
Outros polos geradores de tráfego são os equipamentos que oferecem serviços e comércio, como os Shoppings Ribeirão
e Iguatemi e o Novo Mercadão. Além do deslocamento de habitantes de Ribeirão Preto para usufruir destes locais, também há o contingente de cidades vizinhas.
Os equipamentos de educação, principalmente os de terceiro grau como a UNIP, e a FAAP causam um grande fluxo de
estudantes que moram e trabalham em outros locais da cidade e em cidades vizinhas e que frequentam as escolas durante o período diurno e noturno. O Hospital santa Teresa e o Hospital Estadual de Ribeirão Preto também são geradores de fluxo.
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Mobilidade Urbana - Fluxo Viário
A partir da análise dos polos geradores de tráfego
e dos levantamentos in loco, foi possível conhecer a dinâmica do fluxo viário na área de levantamento. A classificação das vias no entorno imediato da área do projeto é necessária para estabelecer os possíveis acessos de veículos e pedestres ao terreno, além do contato com equipamentos próximos, pontos de ônibus e outras necessidades dos usuários do local.
As vias consideradas principais são aquelas que
possuem um alto fluxo de veículos, sujeitas a trânsito lento em horários de pico e fluxo constante durante todo o dia. São avenidas que cruzam a cidade, usadas para acessar locais distantes, são duplicadas e possuem no mínimo duas faixas de trânsito, quando de acordo com as diretrizes viárias.
As vias consideradas Secundárias ou Coletoras
possuem um fluxo moderado de veículos, com menos intensidade do que nas vias Principais. São responsáveis por colher o fluxo de veículos das avenidas principais e desviá-lo, geralmente em um sentido perpendicular. Imagem 52 - Fluxo Viário do Entorno Imediato
Ligam bairros e avenidas, com um fluxo moderado de veículos durante o dia e aumento do número de veículos nos horários de pico. Suas dimensões variam conforme o local, possuindo uma ou duas faixas de trânsito. Algumas são duplicadas e outras não.
As vias locais caracterizam-se pelo trânsito reduzido
de veículos. Não são vias que fazem ligações extensas, apenas conduzem o usuário a seu destino próximo. São vias simples, sem duplicações, com baixo fluxo em todos os horários. Caracterizam-se pela dinâmica de bairro,
52
muitas vezes tranquilas e vazias.
A via Expressa próxima à área é a rodovia conhecida
como Anel Viário Contorno Sul. Tem um grande papel, pois é uma alternativa para escapar do trânsito lento no interior da cidade. Também realiza a ligação entre municípios vizinhos, como Sertãozinho e Bonfim Paulista, e conduz veículos às rodovias estaduais e nacionais, como a Anhanguera. Também tem uma influencia direta no projeto, pois é uma via de acesso a usuários vindos de cidades vizinhas.
A problemática na área se refere à avenida Ligia
Latuf, que não possui escoamento suficiente e sofre um corte devido à presença da gleba onde será implantado o projeto. A solução está justamente na implantação da diretriz viária, que transformará as duas coletoras da área em avenidas principais: Avenida Ligia Latuf
Mapa 9 – Principais pontos de ônibus no entorno da Gleba
e Avenida Adelmo Perdiza. Estas serão as duas vias lindeiras da área onde será implantado o projeto.
Mobilidade Urbana – Transporte público
De acordo com o site da empresa de transporte
coletivo Nosso Ritmo (2015), as linhas de transporte público existentes que atendem a área são: João Rossi, Nova Aliança, Fazenda Experimental e Jardim Progresso.
Todas elas oferecem algum ponto nas proximidades
da área, ou fazem ligações entre uma linha e outra, até que os usuários cheguem ao seu destino. O mapa mostra os pontos de ônibus mais próximos existentes. Para o projeto, será prevista a implantação de mais
Imagem 53 – Tipologia de Ponto de ônibus. Este é o ponto mais próximo à gleba, localizado na Avenida Independência, em frente ao conjunto habitacional João Rossi.
pontos na continuação da Avenida Lygia Latuf.
53
Equipamentos de Saúde Mental em Ribeirão Preto O fluxo dos pacientes na rede de saúde mental funciona em dois sentidos, das UBDSs existentes aos CAPs e
vice e versa. Além disso, as UBDs podem também encaminhar os pacientes ao Hospital santa Teresa e ao Hospital das Clínicas, conforme o tipo de diagnóstico. O Hospital Psiquiátrico Santa Teresa, localizado na Avenida Adelmo Perdiza, é um local onde acontecem internações para tratamentos intensivos. O Hospital das Clínicas, localizado no CAMPUS da USP, também realiza internações para tratamento.
Todos os CAPS existentes em Ribeirão Preto estão instalados em edifícios adaptados, sem um projeto específico
para a atividade. Existem na cidade todos os tipos de Centro de Atenção Psicossocial.
De acordo com a Portaria GM/MS 336, de 2002, os CAPS são “serviços ambulatoriais de atenção diária” e as
modalidades I, II e III são definidas de acordo com a abrangência populacional do município. A portaria define também que o CAPS deve ser independente de qualquer edifício hospitalar, atendendo em local próprio, porém podendo ter conexões com outras instituições. A Portaria 336 ainda prevê CAPS ad, para pacientes que necessitam de tratamento contra álcool e drogas e o CAPSi, para crianças e adolescentes.
A única modalidade que prevê leitos para pernoite e observação dos pacientes é o CAPS III, próprio para
tratamentos intensivos. Porém, o tempo de permanência máxima no CAPS é de sete dias corridos, período não caracterizado como internação.
O CAPS I Ambulatório, localizado na Rua João Penteado, 504, realiza atividades individuais e em grupos, com
oficinas terapêuticas e cuidados diários em dois turnos.
O CAPS II, localizado na Rua Prudente de Moraes, 475, funciona em dois turnos e possui uma área de abrangência
maior do que o CAPS I.
O CAPS III fica na Rua Pará, 1280 e realiza atendimento ambulatorial de atenção contínua, durante 24 horas
diariamente. Este foi o CAPS visitado, onde foi possível observar o acolhimento e atividades em grupo. Não foram permitidas fotografias no interior do edifício.
O CAPS AD também fica na Rua Pará, número 1310. Sua especialidade é atendimento a usuários de álcool e
drogas.
Finalmente, o CAPS Infantil está localizado na Zona Norte, Av. Dom Pedro I, 1997.
Nenhum dos locais apresenta alguma proposta de espacialidade que leve em consideração a influência do
ambiente na situação psíquica dos pacientes; todos os equipamentos de saúde mental estão localizados em edifícios adaptados ou com uso misto.
54
Mapa 10 - Equipamentos de saĂşde mental de RibeirĂŁo Preto.
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Dimensões do Terreno
Em toda a gleba não existe um projeto de parcelamento do solo, portanto as dimensões do terreno para
o projeto foram decididas pela autora com base em projetos de referência e de acordo com o programa de necessidades do Centro de Atenção Psicossocial. A delimitação da área também respeitou a diretriz viária que prevê a ampliação da Avenida Lygia Latuf, localizando o lote exatamente na esquina desta nova via com a Avenida Adelmo Perdiza. A área do terreno é de 5.192,90m2.
Imagem 54 – Posição e dimensões, em metros, do terreno.
Imagem 55 – Vista da frente do terreno a partir da Avenida Adelmo Perdiza
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Topografia
A partir do Mapa Base de Curvas Topográficas de Ribeirão Preto, foi possível evidenciar as características
físicas do terreno com relação às curvas de nível, e assim determinar a inclinação do terreno e a direção da queda de água. O terreno possui uma topografia em aclive, sendo necessária a correção do desnível na parte da frente do lote.
A partir deste dado será possível estabelecer como o lote será ocupado pelo objeto e quais cortes serão feitos
nas curvas de nível, pois a topografia possui uma ligação direta com os conceitos do projeto. As imagens mostram a situação atual do terreno.
Imagem 56 – Vista da frente do terreno, onde é possível perceber o corte na topografia.
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Clima predominante na região
Segundo o Centro de Pesquisas Meteorológicas
e Climáticas da UNICAMP, o município de Ribeirão Preto tem clima tipo Aw, segundo a classificação de Koeppen. Esta se baseia em dados pluviométricos e termométricos mensais. Este tipo de clima caracterizase por temperaturas mais quentes, com verão tropical com chuvas e inverno seco.
O microclima de uma região influencia na
temperatura, podendo ocorrer mudanças que não são consideradas nos dados da estação meteorológica.
No entorno do terreno existe uma quantidade
significativa de vegetação e cursos d’água que influenciam no microclima. Apesar de Ribeirão Preto ser uma cidade com altas temperaturas, agravadas pela atividade agroindustrial que envolve queimadas, devastação de área natural e grande quantidade de poeira na atmosfera, a região do terreno permanece com temperaturas um pouco abaixo do que em áreas mais desmatadas.
A vegetação também faz o papel de barreira física
contra massas de ar quente trazidas pelos ventos e purifica o ar da região. O pouco adensamento da área também contribui para a diminuição das temperaturas, comparando com áreas mais centrais que, devido à densidade, verticalização e circulação de veículos, possui a diferença de até dois graus Celsius a mais que na região do projeto.
Orientação solar
O posicionamento do terreno com relação ao Norte
nos permite estabelecer quais as fachadas tornam-se favoráveis e quais são as problemáticas com relação à incidência direta dos raios de sol. A incidência solar influencia na iluminação e também na temperatura dos ambientes. Ao longo do ano as mudanças também são levadas em consideração, devido à posição do sol. Norte – a direção norte recebe incidência solar média e alta. A temperatura aumenta no início da tarde e ao final da tarde já não há incidência. São necessárias proteções horizontais e verticais, graças às mudanças do ângulo solar durante o ano. Sul – a direção sul recebe a menor incidência de raios solares, tendo praticamente durante todo o dia apenas a iluminação indireta. Não são necessárias proteções solares, pois nesta fachada o aproveitamento da luz natural deve ser privilegiado. Leste – esta direção recebe incidência solar moderada, sendo a maior parte no período da manhã, com pouca variação durante o ano. O sol da manhã na face leste é considerado saudável, sendo necessário seu máximo aproveitamento em projeto. Oeste – uma das direções mais problemáticas, a fachada oeste recebe alta incidência solar a partir da metade do dia, agravando o aumento da temperatura. O ângulo com que os raios do sol incidem sobre esta fachada exige proteção vertical bem calculada, pois esta incidência não é de nenhuma forma favorável.
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Noroeste – a direção Noroeste possui as problemáticas semelhantes às da fachada Oeste, com o agravante que recebe incidência de sol alto, sendo necessárias proteções horizontais e verticais. Sudoeste – a incidência nesta direção é mais intensa no final da tarde, quando os raios de sol estão mais baixos, sendo necessárias proteções verticais. Nordeste – a incidência nesta direção é intensa, com aumento da temperatura e sol alto, tornando-se baixo durante a tarde. Por esta razão, são necessárias proteções horizontais e também verticais. Sudeste – a direção sudeste possui baixa incidência solar, acontecendo principalmente no início da manhã e tornando-se iluminação indireta no restante do dia. Não
Imagem 57 - Esquema para análise da insolação conforme as fachadas.
são necessárias proteções, já que estes raios solares são considerados saudáveis.
Imagem 58 – Croqui de estudo da insolação
59
Ventos Dominantes
De acordo com informações do site Windfinder (2015), o vento predominante é de origem Sudeste. As informações
são baseadas em observações feitas diariamente entre 2012 e 2015, na estação meteorológica de Ribeirão Preto. No gráfico fornecido pelo site é possível perceber a direção de origem do vento predominante durante o ano todo.
Imagem 59 - Predominância da direção Sudeste dos Ventos em Ribeirão Preto.
Legislação Arquitetônica
Segundo a Lei Complementar 2157/2007, artigo 34, fica estabelecido “o gabarito básico de 10 (dez) metros de
altura para todas as edificações novas ou a reformar no Município de Ribeirão Preto.”
De acordo com o artigo 39 da mesma Lei, a taxa de ocupação máxima para edificações não residenciais é de
80%, levando em consideração que a gleba não está loteada, portanto não possui outras restrições maiores. O lote escolhido possui uma área de 5.192,90m2; sendo assim, poderá haver uma projeção da edificação em 4.154,32m2, respeitando os recuos.
O coeficiente de aproveitamento máximo, segundo a referida Lei, será de até cinco (5) vezes a área do terreno,
60
respeitando o gabarito, taxas de ocupação e recuos.
A área permeável do lote, ou solo natural coberto com vegetação deve existir na proporção de 10% da área
total do lote. Sendo assim, 519,29m2 devem ser destinados a este uso no lote.
Quanto aos recuos, o mínimo para lateral ou fundo estabelecido nesta Lei é de 2 (dois) metros. O recuo frontal,
para edificações de até 4 (quatro) metros de gabarito em avenidas, que é o caso do projeto, deverá ser de 5 (cinco) metros. A área interna aos recuos resulta em 4.231,09m2, ou seja, a área permeável pode ser totalmente localizada nos recuos, restando ainda espaço para rampas de acesso e garantindo a máxima ocupação dentro dos 80% permitidos no lote.
A imagem mostra a demarcação da área edificável no lote, de acordo com o esquema a seguir, constatando ser
possível construir uma edificação térrea que esteja de acordo com toda a legislação.
Imagem 60 – demarcação da área edificável e recuos no interior do lote.
61
5
AR QUI TETU RA 62
5
“A arquitetura não é só construção.
Vai além do material. Existe uma parte espiritual.”
PROGRAMA E PRÉ-DIMENSIONAMENTO
Álvaro Siza
O Programa de Necessidades é definido conforme
as orientações das portarias GM/MS 336 (2002) e GM/MS 180 (2002), para organização de Centros de Atenção Psicossocial.
Segundo a Portaria GM/MS
336 (2002, p. 4), o CAPS III é um “serviço de atenção psicossocial
com
capacidade
operacional
para
atendimento em municípios com população acima de 200.000 habitantes”, que é o caso de Ribeirão Preto.
O CAPS III deve oferecer cuidados intensivos,
semi-intensivos e não intensivos, que correspondem respectivamente ao atendimento diário, com máximo de 60 pacientes por mês, semanal, com máximo de 90 pacientes por mês e quinzenal ou mensal, com máximo de 150 pacientes por mês. Os cuidados no turno das 18 às 21 horas admitem no máximo 20 pacientes por mês e o cuidado noturno com pernoite restringe-se a até 5 leitos por CAPS, com uma permanência de até sete dias corridos.
Sendo assim, o limite diário estimado de pacientes
em regime intensivo, mais uma previsão de pacientes para A arquitetura inicia-se com as necessidades humanas
outros cuidados, resulta em uma média de 80 pacientes
a serem sanadas. A escolha de projetar um Centro de
por dia. Esta estimativa considera 38 pacientes por turno
Atenção Psicossocial se dá pela compreensão de que
e 5 pacientes no atendimento noturno, diariamente.
existem pessoas que necessitam de um espaço propício
para o restabelecimento de sua saúde mental e
pela
assistências obrigatórias para o CAPS III, estabelecendo
constatação de que, na cidade de Ribeirão Preto, não
atividades individuais e coletivas que estarão contidas no
existe um espaço projetado para este fim. É pensando no
programa do edifício. A assistência individual refere-se ao
paciente e nas suas necessidades físicas e psicológicas
acolhimento, enfermaria com até três macas, atendimento
que o edifício começa a ser concebido.
psicológico, oficinas terapêuticas, acolhimento noturno,
63
A Portaria GM/MS 336 (2002) estabelece algumas
nutricionista e assistência social. As atividades em grupo
deverá ser, portanto:
envolvem oficinas terapêuticas, caminhadas, atividades comunitáriascomofestastípicaseexposiçõesdostrabalhos
MANHÃ: máximo 40 pacientes
realizados nas oficinas e atendimento à família.
É prevista a alimentação para os pacientes, sendo
20 funcionários equipe técnica de saúde mental 08 funcionários do setor de serviços
que para permanência de um turno, é oferecida uma
04 funcionários do setor administrativo
refeição diária, para pacientes que frequentam dois turnos
TOTAL: 72 pessoas
são oferecidas duas refeições diárias e os pacientes que
TARDE: máximo 40 pacientes
permanecem 24 horas recebem quatro refeições diárias,
20 funcionários equipe técnica de saúde mental
sendo obrigatórios refeitório, cozinha e despensa.
08 funcionários do setor de serviços
04 funcionários do setor administrativo
A equipe técnica mínima para o atendimento de 40
pacientes por turno em regime intensivo, segundo a Portaria
GM/MS 336 (2002), deve ser composta por: 02 médicos
18H00 ÀS 21H00 E PERNOITE: máximo 05 pacientes
psiquiatras;01enfermeiro;05profissionais denívelsuperior
TOTAL: 72 pessoas
(psicólogo, assistente social, nutricionista); 08 técnicos
(enfermagem, administrativo, educacional e artesão).
Para o atendimento noturno a equipe técnica deve ter,
04 funcionários equipe técnica de saúde mental 02 funcionários do setor de serviços
TOTAL: 11 pessoas O dimensionamento da recepção, das circulações
no mínimo: 03 técnicos de enfermagem; 01 enfermeiro. Por
e da quantidade de sanitários prevê também os
fim, o atendimento aos finais de semana deve contar com:
familiares e visitantes. Para todos os setores do edifício
01 psicólogo; 01 enfermeiro; 03 técnicos em enfermagem.
serão previstos sanitários, conforme a demanda,
locais para depósito e vestiários para os funcionários.
A equipe de serviços para manutenção foi
prevista de acordo com a quantidade de pessoas por
turno e a necessidade do preparo de até 4 refeições
atividades,opré-dimensionamentoparaoedifícioconsisteem:
diárias. Sendo assim, será previsto: 01 cozinheiro por turno; 02 ajudantes de cozinha por turno; 03 faxineiros; 01 jardineiro; 01 zelador (reparos em geral).
A equipe administrativa contará com: 01 diretor;
01 secretário; 01 recepcionista; 01 funcionário do setor financeiro.
A média da População total do novo Centro de
Atenção Psicossocial, por turno, contando pacientes, equipe técnica, equipe de manutenção e administração
64
Com base na população e na dinâmica diária das
65
Os estacionamentos serão localizados no subsolo
As vagas para funcionários corresponderão ao
, com vagas para o Público Geral, Funcionários e Serviços
número de pessoas por turno no edifício, ou seja, 32
(carga e descarga). O cálculo de vagas é com base na
pessoas, sendo 7 vagas para motocicletas e 25 para
população e pré-dimensionamento do edifício e de acordo
automóveis. Haverá uma vaga para Carga e Descarga no
com a Lei Complementar 2157/2007 de Parcelamento
estacionamento, evitando veículos estacionados junto
e Uso do Solo de Ribeirão Preto, o Código de Obras
às avenidas.
do Município de Ribeirão Preto e a NBR 9050/2015, de
O Total de vagas somando vagas comuns, idosos,
acessibilidade.
deficientes, motocicletas, funcionários e carga e descarga
é de 75 vagas. A área de acumulação, acomodação e
Segundo a Lei 2157/2007, o Centro de Atenção
Psicossocial se enquadra na atividade de Prestação de
manobra deve corresponder a no mínimo 3% do total.
Serviços (ambulatório) e, neste caso, o número de vagas
Segundo a Tabela do Código de Obras, as dimensões
deve corresponder a uma vaga por cada 50,00m2 de
das vagas são:
área Computável de todo o edifício, sendo: Área Computável – 1.565,40m2 Número de vagas – 1.565,40/50 = 32
Segundo a NBR 9050/2015, o número de vagas
previstas para idosos e deficientes deve obedecer ao disposto nas Resoluções 303/08 e 304/08 do Contran. A Resolução 303 estabelece que 5% das vagas em estacionamento devem ser utilizadas exclusivamente por idosos. A Resolução 304 estabelece que 2% das vagas em estacionamento devem ser utilizadas exclusivamente para estacionamento de veículos que transportem pessoas portadoras de deficiência física ou visual. Total de vagas – 32 Vagas para Idosos – 5% de 32 = 2 Vagas para Deficientes – 2% de 32 = 1 As vagas de motocicletas, segundo o Código de Obras, deverão corresponder a 20% do total de vagas comuns, sendo: Total de vagas comuns – 32 Vagas para Motocicletas – 20% de 32 = 7
66
NÍVEIS DE ILUMINAÇÃO
O projeto aproveita a topografia do terreno para
criar níveis conforme os usos. O percurso ascendente em direção ao terraço é inspirado nas etapas do tratamento recebido pelos pacientes no Centro de Atenção Psicossocial. O encontro com a luz natural durante a subida, até a iluminação plena na cobertura remete ao encontro do paciente com o seu equilíbrio interior.
O NÍVEL FOSCO, ou seja, o subsolo, é o estacio-
namento semi-enterrado. A luz natural é discreta e entra por uma grelha que permite também a permeabilidade do solo. A partir deste nível, os visitantes podem iniciar a subida pela primeira rampa que leva ao nível da recepção. Funcionários e prestadores de serviço podem usar os elevadores de serviço.
O NÍVEL TRANSLUCIDEZ é a etapa em que o paciente
começa a conhecer o espaço. Ainda bastante ligado ao exterior do edifício, este nível faz a passagem entre o espaço público e o privado. A recepção controla o acesso ao interior do prédio e ali inicia-se a Rampa Percurso ao Terraço, significando também o início do tratamento.
O próximo nível a que a Rampa Percurso conduz é
o NÍVEL LUZ QUENTE, ou seja, o nível do acolhimento e do cuidado. A etapa do tratamento é de diagnóstico e atenção individual, elaboração do plano de tratamento do paciente. Também é o nível da enfermaria e controle de medicação. Este espaço é projetado para proporcionar sensações de segurança e tranquilidade, com efeitos de luz e sombra através de texturas e transparência nas divisórias. O espaço amplo e os jardins internos sob as aberturas nas lajes criam a comunicação com o exterior, evitando a sensação de enclausuramento. Neste nível
67
também estão localizados o Setor Administrativo e
Esta experiência ainda é mais intensa quando o
vestiário dos funcionários.
paciente decide subir a parte final da Rampa Percurso
Há um nível intermediário separado dos demais
ao Terraço até o NÍVEL LUZ VIVA, onde o terraço jardim
por um corte na topografia, com o objetivo de ser mais
se encontra sobre a laje do salão. O usuário desfruta da
privativo. O NÍVEL REFLEXO é o espaço de interiorização.
paisagem do entorno, das vegetação nativa preservada
Para quem já está no interior do edifício, o acesso
e das visadas existentes. A chegada ao topo e a
se dá por uma rampa que sai do Nível Luz Quente e
contemplação a partir do alto simbolizam a iluminação
desce até um metro abaixo, na lateral do terreno. Para
do ser, o encontro com a cura. A decisão de descer
o acesso externo, uma rampa com gramado sai do
e deixar o edifício é do usuário que, curado, já não é
Nível Translucidez e vence o desnível de um metro com
paciente do Centro de Atenção Psicossocial.
suavidade. Neste local, a integração com o entorno é criada através de divis´órias transparentes e cobogós, permitindo o contato visual com os jardins e a entrada
PROJETO TÉCNICO
texturizada da luz natural. O layout solto dá ao espaço uma conotação de liberdade individual.
Outra rampa conduz ao último nível no interior
do prédio, ligando o Nível Luz Quente ao NÍVEL LUZ
1. Implantação; (com cortes) 2.
Legenda Esquemática dos Níveis; (com cortes
NEUTRA. Neste local o ambiente oferece ao paciente a
esquemáticos)
possibilidade de escolha entre o atendimento individual
3. Nível +1,00 - TRANSLUCIDEZ; (com corte)
e as atividades em grupo. O espaço individual são salas
4. Nível +3,00 - LUZ QUENTE; (com corte)
de tratamento através de conversas e criações manuais com o acompanhamento de um monitor. Também há os
5. Nível +2,00 - REFLEXO; (com corte)
leitos de observação, de uso esporádico, ligados indivi-
6. Nível +4,00 - LUZ NEUTRA; (com corte)
dualmente aos jardins contemplativos. O espaço de
6. Nível +8,00 - LUZ VIVA e PERCURSO AO TERAÇO;
convívio é para atividades em grupo e com a comunidade,
7. Nível -0,90 - SUBSOLO; (com corte)
como exposições e eventos. Também é o local das refeições, ligado ao Setor de Serviços. É um grande salão com um contato intenso com o exterior, através
8. PLANTA TRAJETO AO TERRAÇO; 9. ELEVAÇÕES.
dos jardins internos e externos e poucas divisórias, criando uma linha tênue entre o dentro e o fora. Esta
configuração do ambiente pretende proporcionar a sensação de liberdade.
68
7,00
3.00
0.50
3.50
Grelha
4.50 -0,90
0.40
+3,00
3.50
0,00
+4,00
+4,00
0.40
5.00
3.00
5.00
+7,00
+1,00
Muro de Arrimo
1.00
1.00 1.00
+8,00
-0,90
0.20
Muro de Arrimo
Muro de Arrimo
Corte AA 5
A
10
20
40
B
+7,00
Limite do terren o - Muro de ar rimo
6.65
+4,00
+7,00
5.81
Guarda Corpo
10.93
2.82
+4,00
sob grelha
+8,00
elevada LAJE IMPERMEABILIZADA
+8,00
Comportas para despejo do lixo no
LAJE INCLINADA
e lixeiras com fundo falso
+7,50
+4,00
+4,00
+3,00
Guarda Corpo
Muro de Arrimo
+2,00
Guarda Corpo
Muro de Arrimo
5.65
LAJE PATAMAR +7,00 i=8%
+6,00
+5,00
12.54
Muro de Arrimo
+3,00
+2,00
0,00 0,00 Estacionamento
LAJE IMPERMEABILIZADA +7,00
Entrada e Entrada
Carga e Descarga
Rampa Acesso PNE i=8%
TERRENO
Rampa com Gramado Rampa Acesso Pedestres
Limite do terren o
+1,00
Rampa PNE i=8%
0,00
5.192,90m2
14.25 5.43
18.54
10.00
Limite do te rreno - Muro
LAJE IMPERMEABILIZADA +9,00
Limite do terreno
LAJE IMPERMEABILIZADA +5,50
Muro de Arrimo
Passeio em material antiderrapante i= 3%
2.875,00m2
+1,00
55,36%
0,00
0,00
3.170,00m2 METRAGEM TOTAL Avenida Ade lmo Perdiza
1.430,00m2 (27,53%) A
40
0.50
20
10
B
0.50 +2,00
4,00
3.00
7,00
7,00
Grelha
3.00
5
6.045,00m2
+1,00 0,00
-0,90
Muro de Arrimo
Muro de Arrimo
Muro de Arrimo
Corte BB 5
10
20
40
+8,00
+4,00
5
10
40
20
5
10
20
40
5
10
20
40
5
10
20
40
5
10
20
40
-0,90
5
10
40
20
+3,00
7,00
Limite do terren o - Muro de ar rimo
4,00
7,00 Muro de Arrimo
4,00
4,02
+2,00
Muro de Arrimo 4,00
4,00
2,00
4,02
3,52
Muro de Arrimo
Limite do terreno
3,00
3,02
Limite do te rreno - Muro
3,00 0,00
2,00
3,02
Muro de Arrimo
1,00
3,02
Muro de Arrimo
1,00
1,00
1,00 +1,00
0,00
Limite do terren o
1,00
0,00
0,00 Muro de Arrimo
5
10
20
40
1.00
+7,00
5.00
+4,00 +3,00 +2,00 +1,00 +Rampa com gramado
0,00 Muro de Arrimo
Muro de Arrimo
Muro de Arrimo
Muro de Arrimo
Corte CC 10
5
40
20
+7,00 +4,00
+7,00 +4,00
D1
Muro de Arrimo
D2 D3 D4 D5
em vidro
D6
+4,02
em policarbonato
Legenda Caixilhos +4,00
+4,00
Nome larg x alt x peitoril x tipo
+3,00
+2,00
C1
2,00 x 1,70 x 0,00
C2
10,00 x 2,85 x 0,00 Basculante
C3
5,10 x 3,50 x 0,00
Basculante
C4
1,80 x 2,80 x 0,00
Correr Vidro
C5
2,40 x 2,80 x 0,00
Correr Vidro
C6
1,20 x 2,80 x 0,00
Correr Vidro
C7
1,00 x 2,80 x 0,00
C8
1,00 x 2,80 x 0,00
Abrir Madeira
C9
0,70 x 2,10 x 0,00
Abrir Madeira
C10
2,20 x 0,90 x 1,90
Basculante
+3,52
+3,02
D1
+3,02
Jardim +3,00 0,00
C2
Rampa
+3,02
C1
+1,00
C3
D1 Muro de Arrimo
Rampa
+3,02
+2,00
C11 1,60
x 0,90 x 1,90
C12 1,50
x 1,80 x 1,00
Correr duas folhas
2,50 x 1,80 x 1,00
Correr duas folhas
C13
Rampa i=8%
+2,02
D5 do Estacionamento 0,00
+1,00
Muro de Arrimo
D4
C
C
D3
Limite do te rreno - Muro
+1,00 +1,02
C1
Rampa com Gramado
+1,00 D1
Pilar +1,00
Rampa Acesso PNE i=8%
+1,00
+1,00
+1,00 Rampa Acesso Pedestres
Carga e Descarga 0,00
Limite do terren o 0,00
Rampa PNE i=8% D1
Muro de Arrimo
+1,00 0,00
Passeio em material antiderrapante i= 3%
5
10
20
40
Limite do terreno
Rampa D2
C1
Entrada
Abrir Vidro
+4,02
Basculante
5.00
1.00
+7,00
+4,00
+4,00
+3,00 +2,00
Muro de Arrimo
-0,90
Muro de Arrimo
Muro de Arrimo
Corte DD 10
5
+7,00
40
20
+4,00
+7,00 +4,00
+4,02
+4,02
+4,02 +4,00
+4,00 D1 Muro de Arrimo
+2,00
+3,00 C9
C9
D2
Mas C10
+3,00
D3
C8
C10
Mas
+4,02
+3,52
Fem
+2,00 C10
+2,02
C10
+3,00
D3
C8
Giro
Fem
C9
C8
Rampa
C8
+3,02 D3
C13
C12
D
D3 C12 Almoxarif.
C12
D6 C8
C4
C1
C6
Secretaria
C6
D
D2
Jardim
D5
Jardim D5
C6 C6
C5
C12
C12
D4
nto
Ac
2
olh
e lhim Aco C4
Descanso
nto
3
C9 WC Fem.
C4
D5
D6
C10
PNE chuveiro
C9 WC Masc.
PNE Giro
C7
C7
C8
C10
D1
Ac
olh
im
en
to
Pilar
1
+3,02
+3,00
ime
C8
C8
D2
C4 C12
Medicamentos
Enfermaria
Rampa
+3,00
D2
Muro de Arrimo
+3,02
Rampa
+3,02
+2,00
D3
+1,00
0,00
Muro de Arrimo
+3,02
C1
Rampa
+2,02
D4
do Estacionamento
D5
+1,00
em vidro
0,00
D6
em policarbonato
+1,00 +1,02
Rampa
Legenda Caixilhos
+1,00
Nome larg x alt x peitoril x tipo +1,00
+1,00
+1,00
+1,00 Rampa Acesso Pedestres
0,00
0,00
Rampa PNE
C1
2,00 x 1,70 x 0,00
C2
10,00 x 2,85 x 0,00 Basculante
C3
5,10 x 3,50 x 0,00
Basculante
C4
1,80 x 2,80 x 0,00
Correr Vidro
C5
2,40 x 2,80 x 0,00
Correr Vidro
C6
1,20 x 2,80 x 0,00
Correr Vidro
C7
1,00 x 2,80 x 0,00
C8
1,00 x 2,80 x 0,00
Abrir Madeira
C9
0,70 x 2,10 x 0,00
Abrir Madeira
C10
2,20 x 0,90 x 1,90
Basculante
Abrir Vidro
+1,00 0,00
Passeio em material antiderrapante i= 3%
C11 1,60
x 0,90 x 1,90
C12 1,50
x 1,80 x 1,00
Correr duas folhas
2,50 x 1,80 x 1,00
Correr duas folhas
C13 5
10
20
40
Basculante
+8,00 +7,00
+4,00
+7,00
+4,00
+4,00 +3,00
+2,00
Muro de Arrimo
-0,90 Muro de Arrimo
Muro de Arrimo
Corte EE 10
5
+7,00
40
20
+4,00
+7,00 +4,00
+4,02
+4,00
+4,00 +3,00
D5 +4,02
+3,52
+2,00
+2,00
Muro de Arrimo
C1
C1
+2,02
E
D5 +3,02
E
Jardim
D4
C1
+2,02
D4
D1 D2
Muro de Arrimo Rampa
+3,00
Muro de Arrimo
+2,00
D3
0,00
+3,02
Rampa
+2,02
D4 D5
+1,00
em vidro
0,00
D6
em policarbonato
+1,00
Limite do terreno
Rampa Rampa com Gramado
+1,00 +1,00 Rampa Acesso Pedestres
0,00
0,00
+1,00
Rampa PNE D1
Legenda Caixilhos Nome larg x alt x peitoril x tipo
C1
2,00 x 1,70 x 0,00
C2
10,00 x 2,85 x 0,00 Basculante
C3
5,10 x 3,50 x 0,00
Basculante
C4
1,80 x 2,80 x 0,00
Correr Vidro
C5
2,40 x 2,80 x 0,00
Correr Vidro
C6
1,20 x 2,80 x 0,00
Correr Vidro
C7
1,00 x 2,80 x 0,00
C8
1,00 x 2,80 x 0,00
Abrir Madeira
C9
0,70 x 2,10 x 0,00
Abrir Madeira
C10
2,20 x 0,90 x 1,90
Basculante
Abrir Vidro
Muro de Arrimo 0,00
Passeio em material antiderrapante i= 3%
C11 1,60
x 0,90 x 1,90
C12 1,50
x 1,80 x 1,00
Correr duas folhas
2,50 x 1,80 x 1,00
Correr duas folhas
C13 5
10
20
40
Basculante
+7,00
+4,00
-0,90
Muro de Arrimo
Muro de Arrimo
Corte FF 10
5
40
20
+7,00
Limite do terren o - Muro de ar rimo
+4,00
D1 +7,00 +4,00
Pergolado C11
C10
C11
C11
Jardim
C5
Mas
Material Oficinas C5
Fem
C8
Vest PNE Giro
C9
Leito 1 C5
C8 Masc
Pacientes
Fem
D2
C8
Atend.
C10
D3
C11
C8
C8
D3
C9
Giro C8
D2
Pacientes
D2 C8
C11
Leito 2 C5 Jardim D6
C8
C8
C5
Leito 3
+4,02 Atend. Jardim D1
D3 Lavand DML
C7
D2
D5
C7
C8
+4,02
D3 Atend.
D6 C4
C11
Comportas para despejo do lixo no
Leito 4 C4 C8
C1
Despensa
C9
Cozinha
C4
C5
D6 Leito 5 C4
e lixeiras com fundo falso
D6 D4
Corta Fogo C8
C4
D2
Pilar
+4,02
F
+4,00
D3
Atendimento
Elevadores
C4 Atendimento
C8
C4
F
+4,00
D4
D1 +2,00
+3,00 +4,02
+3,52
+3,00
+2,00 +2,02
+3,00 Rampa
D1
+3,02
Muro de Arrimo
D2 D3 D4 D5
+3,00
D6
+3,02
+3,02 +3,00
Rampa
+3,02
+2,00
+3,02
Rampa
em policarbonato
Legenda Caixilhos
+1,00
0,00
em vidro
+2,02
Nome larg x alt x peitoril x tipo
C1
2,00 x 1,70 x 0,00
C2
10,00 x 2,85 x 0,00 Basculante
C3
5,10 x 3,50 x 0,00
Basculante
C4
1,80 x 2,80 x 0,00
Correr Vidro
C5
2,40 x 2,80 x 0,00
Correr Vidro
C6
1,20 x 2,80 x 0,00
Correr Vidro
C7
1,00 x 2,80 x 0,00
C8
1,00 x 2,80 x 0,00
Abrir Madeira
C9
0,70 x 2,10 x 0,00
Abrir Madeira
C10
2,20 x 0,90 x 1,90
Basculante
Abrir Vidro
+1,00 0,00
+1,00 +1,02
Rampa +1,00
+1,00
+1,00
+1,00
+1,00 Rampa Acesso Pedestres
0,00
0,00
Rampa PNE
+1,00
C11 1,60
x 0,90 x 1,90
0,00
C12 1,50
x 1,80 x 1,00
Correr duas folhas
2,50 x 1,80 x 1,00
Correr duas folhas
C13
5
10
20
40
Basculante
+7,00
Limite do terren o - Muro de ar rimo
+4,00
+7,00 +4,00
Guarda Corpo
+8,00 +8,00 LAJE IMPERMEABILIZADA +7,50
LAJE INCLINADA i=8%
+4,00
+4,00
+3,00
+2,00 Guarda Corpo LAJE PATAMAR +7,00
+6,00
Guarda Corpo
+5,00
i=8%
+3,02
+2,02
i=8%
Rampa +3,02
Jardim 1,00
+3,00
+4,02
Rampa
+3,02
+2,00
+1,00
0,00
+3,02
Rampa i=8%
+2,02
do Estacionamento
+1,00
Limite do te rreno - Muro
+1,00 +1,02
Rampa +1,00
Rampa Acesso PNE i=8%
+1,00
Entrada Rampa Acesso Pedestres
Carga e Descarga 0,00
Limite do terren o 0,00
i=8% Rampa PNE
+1,00 0,00
Passeio em material antiderrapante i= 3%
5
10
20
40
1.00
1.00 1.00
+8,00
7,00
0,00
3.00
0.50
3.50
Grelha
0.40
+3,00
4.50
3.50
+1,00
+4,00
+4,00
0.40
5.00
3.00
5.00
+7,00
-0,90
Muro de Arrimo
FOSCO
Muro de Arrimo
0.20
Muro de Arrimo
Corte AA 5
10
20
40
A sob grelha
32
31
30
29
28
-0,90 -0,90
MOTOCICLETAS
14
1
-0,90
13
21
22
23
24
25
26
27
11
12
13
12 11
20
10 9
Fim da Rampa
19
8
Corta Fogo C8 Elevadores D2
7
2
Pedestres/ PNE
1
MOTOCICLETAS
C8
18
10
4 3
17
9
2
16
6
15
5
8
1 PNE
14
PNE
7
6
IDOSO IDOSO
Rampa i= 3,21%
Rampa i= 3,21%
2
Rampa
1
1
2
3
4
5
-0,90
Rampa i= 3,33% -0,90 1,00
C2
C3
D2
D1
0,00
Muro de Arrimo
Terra
D1
Muro de Arrimo
D2 D3 D4
0,00
Limite do terren o Carga e Descarga
D5
0,00
D6
em vidro
em policarbonato
Passeio em material antiderrapante i= 3%
Legenda Caixilhos Nome larg x alt x peitoril x tipo
A 5
10
20
40
C2
10,00 x 2,85 x 0,00 Basculante
C3 C8
5,10 x 3,50 x 0,00
Basculante
1,00 x 2,80 x 0,00
Abrir Madeira
5
5
10
10
20
20
Fachada Sudoeste
40
Fachada Noroeste
40
PERSPECTIVAS
FACHADA NOROESTE - VISTA FRONTAL E COBERTURA
86
COBERTURA 87
FACHADA SUDOESTE
VISTA ISOMÉTRICA DAS FACHADAS NOROESTE E SUDOESTE 88
FACHADA NORDESTE
VISTA ISOMÉTRICA DAS FACHADAS NOROESTE E NORDESTE 89
VISTA ISOMÉTRICA DAS FACHADA SUDOESTE E SUDESTE NO ÂNGULO DE VISÃO A PARTIR DA NOVA AVENIDA
DETALHE DO PORTÃO DE ACESSO PARA VEÍCULOS 90
DETALHE DA RAMPA ACESSÍVEL AO PORTADOR DE NECESSIDADES ESPECIAIS E ACESSO DE VEÍCULOS AO PORT-COCHÉRE
VISTA DA RAMPA PERCURSO AO TERRAÇO NO TRAJETO DO INTERIOR AO EXTERIOR DO EDIFÍCIO 91
DETALHAMENTOS SISTEMA CONSTRUTIVO
61
Laje Lisa
A laje lisa é um sistema que possibilita a criação de
grandes vãos sem a utilização de vigas de sustentação.
Neste sistema a laje é uma placa de concreto
armado apoiada diretamente nos pilares.
As armações atuam como vigas chatas, reforçadas
junto aos pilares. Para evitar o efeito de punção, a espessura da laje é aumentada, como um capitel embutido e também a dimensão dos pilares é maior, em comparação com outros sistemas estruturais.
62
As aberturas zenitais criadas nas lajes são
possíveis graças a um reforço em suas bordas, com uma amarração própria e sempre com o apoio de quatro pilares próximos à abertura.
Os pilares foram dispostos conforme a necessidade
de apoiar as lajes sem ocasionar balanços muito extensos. São do tipo cilíndrico, com um diâmetro de 0,80cm.
O distanciamento dos pilares é da ordem de 7,00m
e neste tipo de estrutura pode haver deslocamentos, sem a obrigatoriedade de uma malha de pilares
A Marquise do Ibirapuera, de Oscar Niemeyer, é um
ortogonal.
exemplo de laje lisa, com pilares dispostos de forma
não ortogonal.
As lajes e pilares são peças maciças de concreto
armado aparente.
92
INSTALAÇÕES PREDIAIS Elétrica e Hidráulica Como o sistema de laje lisa tem o objetivo de deixar a estrutura aparente tanto interna quanto externamente, os sistemas de elétrica e hidráulica são embutidos no piso.
As esperas são deixadas durante a concretagem
da laje. Os pontos elétricos ficam no piso e a fiação da iluminação é conduzida através de eletrocalhas até o teto.
Toda a tubulação é direcionada ao subsolo. A
fiação elétrica e os canos de água e esgoto ficam sob o teto do estacionamento, que já possui uma altura de pé-direito adequada para este fim. Os sistemas também são ligados às redes públicas pelo subsolo.
63
Exemplos de utilização de eletrocalha para a distribuição da iluminação. Na imagem abaixo também são visíveis os canos de hidráulica no subsolo
A tubulação do sistema de lixo por sucção
64
também fica localizada no subsolo, junto aos sistemas de elétrica e hidráulica.
93
DETALHAMENTO DE DIVISÓRIAS D1
65
- MURO DE ARRIMO
Muro que suporta a terra e isola o terreno, entre dois níveis diferentes em que não se queira criar talude. Construído com blocos de concreto com estrutura metálica.. Possui fundação, o baldrame, e deve ser impermeabilizado por estr em contato direto com a terra. Além disso é necessário um sstema de drenagem para escoamento de água.
D2 - ALVENARIA DE VEDAÇÃO Tijolos de nove furos que são utilizados como fechamento
66
em alguns locais do difício que possuem áreas molhadas ou contato com o exterior. Feitos de materiais opacos, revestidos com reboco e pintura, ou revestimento cerâmico.
D3 - CONCRETO TRANSLÚCIDO Uma tecnologia diferenciada e recente, desenvolvida na Hungria. Este material é maleável, impermeável e resistente. Permite a entrada de luz natural e cria efeitos muito interessantes de textura. Como ainda é um material experimental, propõe-se seu uso em divisórias de fechamento não-estruturais.
67
94
DETALHAMENTO DE DIVISÓRIAS D4
68
- COBOGÓ
De criação brasileira, são peças vazadas de concreto assentadas para formar um padrão, criando uma parede que o olhar pode atravessar. O padrão estudado seguiu o conceito de percurso ao centro e o desenho criado está n Memorial. A luz natural que penetra no edifício através destas aberturas cria diferentes padrões de sombra no interior.
D5 - DIVISÓRIA EM VIDRO O vidro é utilizado para criar comunicação visual entre os ambientes e também com o exterior. Protege de
69
chuva e ventos mas não impede a entrada de luz natural. Reforça a ideia da linha tênue entre o interno e o externo e isola acusticamente os ambientes mais reservados. Também é usado em guarda-corpos.
D3 - POLICARBONATO TRANSLÚCIDO Placas de policarbonato translúcido que se encaixam num sistema macho e fêmea. Usadas para reforçar o efeito de continuidade do ambiente, porém criando a sensação de um espaço a ser descoberto atrás da divisória. Este material permite a passagem da luz sem a definição dos contornos do ambiente que está por trás. 70
95
SISTEMA DE COLETA DE LIXO POR SUCÇÃO
Este tipo de coleta de lixo tem como referência o
sistema implantado na década de 90 em Barcelona.
O sistema funciona através de comportas embutidas
no piso, próximas ao setor de Serviços do edifício. Nelas o lixo é depositado, separado em orgânico ou reciclável. Dessa forma não há a necessidade de latões ou compartimentos onde o lixo fique armazenado.
O lixo desce por um tubo até um container
71
subterrâneo situado abaixo do nível do estacionamento (um para orgânicos, outro para reciclados, com tubulações diferentes). No container há uma escotilha que se abre quando o compartimento está cheio e o lixo é deslocado através de sucção até outro container sob a calçada.
Logo acima deste container estão duas tampas
de concreto com duas lixeiras de fundo falso, onde também pode ser lançado o lixo. A tampa é aberta pelo funcionário da coleta municipal, uma grua do caminhão é atada aos containers e o lixo é despejado na caçamba.
Este sistema tem as vantagens de manter o lixo sob
o solo, aguardando ser recolhido sem a necessidade de lixeiras ou depósitos aparentes.
72
96
TERRAÇO VERDE
O terraço verde escolhdo é diferente do tradicional
que utiliza terra. O sistema conhecido como ecotelhado é semi-hidropônico, capaz de armazenar água na própria laje, sob a vegetação. Esta água pode ser reutilizada para fins não potáveis
Para isso é necessária uma impermeabilização de
PVC, específica para telhados verdes e com proteção
73
anti-raízes.
Por não utilizar terra ou substrato, evita grandes
cargas sobre a laje, mesmo com o armazenamento da água.
O mais indicado para usar sobre Lajes Lisas é o
Sistema Laminar Médio que consiste em uma camada semi-flexível de plástico reciclado em grelha que retém 50l/m2 de água; as outras camadas são uma membrana de absorção, um substrato leve, argila exandida, gel e membrana anti-raízes. A vegetação ideal é do tipo gramínea ou arbustiva, com raízes curtas.
74 75
97
ACESSIBILIDADE
76
Os acessos ao edifício são todos projetados
com o objetivo de facilitar a entrada dos usuários em qualquer condição.
Todas as rampas criadas possuem inclinação
igual ou inferior a 8%, com patamares a cada 12m de rampa. São os valores ideais para garantir uma subida suave e paradas de descanso, possibilitando o acesso de cadeirantes, idosos e outros usuários que necessitem de um percurso facilitado.
O estacionamento no subsolo também conta
com rampa também elevador, facilitando o acesso de carga até o setor de Serviços do prédio.
Para calçadas e rampas foi previsto piso
antiderrapante e nenhum tipo de vegetação com espinhos ou venenosa. A esquina possui rampas de aceso para cadeirantes. O terraço, além da vegetação, conta com um piso próprio para a movimentação de cadeira de rodas.
Todas
as
aberturas
e
passagens
foram
dimensionadas de acordo com as necessidades de um cadeirante, com exceção de algumas portas no setor de serviços, que não serão usadas pelos pacientes. Dessa forma, as portas de abrir têm vão de 0,90m ou mais e todas as passagens, rampas ou corredores medem 1,20m ou mais de largura.
77
98
78
VEGETAÇÃO - TIPOS UTILIZADOS GRAMÍNEAS - GRAMA ESMERALDA Folhas verde claro, resistente ao pisoteamento, ideal para pleno sol e áreas recreativas. Pode ser utilizada no terraço.
ARBUSTOS - CAMBARÁ
79
Escolhido por sua capacidade de suportar o sol pleno e possuir floração. O cambará é utilizado nos jardins e também no terraço verde.
ÁRVORES PORTE MÉDIO - CAMBUCI Árvore típica do estado de São Paulo, ameaçada de extinção. Possui frutos que atraem a avifauna e tem
80
porte pequeno a médio. Utilizada no projeto como resgate da vegetação nativa da área, que se encontra na faixa de transição entre o Cerrado e a Mata Atlântica.
PALMEIRAS - PALMEIRA IMPERIAL DE PORTO RICO Árvore historicamente incorporada ao paisagismo ribeirão-pretano, é escohida para o projeto também por possuir um porte alto, acima de 12,00m, podendo assim atravesar as aberturas zenitais nas lajes e ser plantada nos jardins internos. Necessita de sol pleno e possui frutos pequenos que atraem a avifauna.
81
99
PISOS GRANILITE Piso composto de concreto, aditivos e agregados minerais como calcário e dolomita. Durável, fácil manutenção e baixo custo, além de próprio para ambientes hospitalares. Usado em todas as áreas internas com exceção de áreas
82
molhadas e cozinha.
PISO ANTI-DERRAPANTE Próprio para rampas, calçadas, áreas externas, e estacionamento. O piso possui uma textura e evita
83
derrapagens.
CERÂMICA - ÁREAS MOLHADAS Utilizadas no piso e paredes desde o chão até o teto, as cerâmicas esmaltadas proporcionam maior higiene e impermeabilização às áreas molhadas, como banheiros e lavanderia.
84
PISO PERMEÁVEL Usado em parte do piso do estacipnamento, sob a grelha, com o objetivo de absorver a água das chuvas e manter a permeabilidade do solo.
85
100
MOBILIÁRIO UTILIZADO
O tipo de mobiliário utilizado seguiu o conceito
da integração com o ambiente natural através do material, da textura e dos elementos vazados. Cada peça também é usada com o objetivo de criar um equilíbrio entre a privacidade e o encontro, definindo limites entre os espaços e permitindo o uso ora de grupos, ora de apenas uma pessoa.
Alguns móveis como sofás, utilizados nas áreas
de interiorização e atendimento individual também permitem a modificação do layout por parte do usuário, que assim se apropria do ambiente à sua maneira. 89
86
87
88
101
90
MEMORIAL
independência entre estrutura e fechamentos, o que proporciona a fluidez entre os espaços e a possibilidade
TOPOGRAFIA E SISTEMA CONSTRUTIVO
de o usuário fazer a experiência da continuidade, o que
O terreno, inicialmente com sete curvas de nível,
lhe traz segurança..
foi dividido em quatro níveis. Foram criados muros de
contenção de terra para aumentar as áreas de jardim
foram desenvolvidos através de maquetes físicas e
acessíveis a cada nível. O posicionamento do edifício no
desenhos.
terreno também segue a linha da topografia natural, com uma descida suave em direção ao fundo de vale.
O estacionamento fica localizado no subsolo, para
o máximo de área
do terreno ser aproveitada com a
construção.
O corte no terreno auxilia a criação de pontos de
vista interessantes. Para quem desce a avenida, o edifício não demonstra sua dimensão total, pois graças ao teraço jardim está mesclado à vegetação. Cria-se assim uma linha com a vegetação da cota mais alta. Porém, no final da descida, ao chegar à esquina, o usuário se depara com a imponência do volume e dimensão do edifício.
A estrutura consiste em um sistema de Lajes Planas
com capitel embutido, apoiadas sobre pilotis dispostos de forma irregular. Esta laje que ora desce e se torna rampa, ora sobe e se torna cobertura simboliza o corpo, uma unidade composta de partes, onde o percurso representa a vida que flui. É um corpo que se abre ao exterior através de frestas e transparências como olhos, ouvidos e pele, recebendo os estímulos da luz natural.
Este sistema construtivo também permite um
aproveitamento da topografia, em que a forma do edifício dialoga com as diferenças de nível e utiliza o potencial da paisagem e da orientação solar.
Os estudos de topografia e sistema construtivo
A organização da planta fica livre, graças à
102
103
ORIENTAÇÃO SOLAR, COBERTURA, CHEIOS E VAZIOS, MATERIALIDADE
O estudo da orientação solar e o posicionamen
Materiais de acabamento claros e aconchegantes
to das lajes de cobertura condicionou muitos aspectos
tornam os percursos confortáveis e seguros, e transformam
da escolha de fechamentos no projeto.
o edifício em uma tela onde a luz pode criar diferentes
padrões quando atravessa os elementos vazados.
As fachadas com ângulo solar mais baixo, Noroeste
e Sudeste, pediram um tratamento das divisórias com o
cuidado de permitir a entrada da luz natural evitando o
fácil manutenção, a utilização de recursos tecnológicos
ofuscamento ou o ganho de calor prejudicial.
ecológicos, como o reaproveitamento de águas pluviais
e placas de aquecimento solar para a diminuição do
Assim, foram criadas aberturas nas lajes e diferentes
alturas entre elas, aproveitando os espaços para a
consumo das redes públicas.
utilização dos cobogós. Nesta angulação, a iluminação natural cria os padrões de sombra desejados no interior, em alguns momentos do dia.
As divisórias nestas fachadas são opacas ou
translúcidas. A vegetação a sudeste também contribui com a criação de padrões de sombra e o efeito de linha tênue entre o interno e o externo.
As fachadas Noroeste e Sudoeste possuem uma
incidência de raios solares com ângulação mais alta, sendo possível localizar divisórias translúcidas, transparentes e cobogós sem que haja ganho de calor.
Desta forma, os vazios são maiores e os cheios
mais indefinidos, criando uma simbiose do edifício com o entorno, mantendo a opacidade apenas nos elementos estruturais. De alguns pontos de vista, o edifício parecerá um conjunto de lajes delicadamente apoiadas sobre os pilotis, com um grande vazio embaixo.
O tipo de cobertura utilizado permite, além de uma
Além disso, a translucidez e transparência dos
materiais permite que o olhar do usuário atravesse as camadas, sem barreiras e interrupções, num convite ao próximo passo em direção a luz.
104
105
SETORIZAÇÃO, ACESSOS E CIRCULAÇÃO A da e
organização
quantidade do
de
da
planta
dependeu
usuários,
atividades
desenvolvidas
dos
ambientes.
pré-dimensionamento
da
definição
Os estudos sobre a maquete física conduziram as decisões sobre localização dos usos, conexões através das circulações e relações entre o interior e o exterior do edifício. O pré-dimensionamento feito levou à definição do tamanho dos ambientes.
Seguindo o conceito de Percurso sob a Luz e a setorização por
níves que remete às etapas do tratamento, os usos foram divididos em Recepção, Administração, Acolhimento, Interiorização, Atividades Individuais, Atividades em Grupo e Serviços.
A circulação por rampas definiu a localização de sanitários e
o posicionamento das aberturas nas lajes para a criação de jardins internos. O principal objetivo é fazer com a luz natural esteja sempre presente em diferentes intensidades conforme os usos e a circulação.
Os acessos foram distribuídos conforme o pré-dimensionamento
dos estacionamentos e localização dos usos na planta. O acesso dos usuários acontece pela fachada noroeste: os pedestres chegam à recepção através de rampas que ligam a calçada ao nível +1,00. Há um acesso em rampa para carros, com o desembarque protegido pela laje, o chamado Port-cochére.
O acesso de automóveis e caminhão ao estacionamento
subterrâneo também acontece nesta fachada, através dos portões. A rampa que conduz ao subsolo inicia a descida logo após a entrada, e possui inclinação adequada, tanto para os automóveis como para caminhões leves.
A partir daí o fluxo dos usuários é distribuído ou por rampas ou
pelo elevador ao interior do edifício, aos jardins ou ao terraço.
106
107
RE FE
ÊR SAICN 108
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CAROLINA CORREA CORTEZE
PERCURSO SOB A LUZ: PROJETO ARQUITETÔNICO DE CENTRO DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL
Trabalho Final de Curso apresentado ao Centro Universitário Moura Lacerda para cumprimento das exigências para obtenção do título de bacharel em Arquitetura e Urbanismo Ribeirão Preto,______de____________de__________.
BANCA EXAMINADORA
__________________________________________________ EXAMINADOR 1
__________________________________________________ EXAMINADOR 2
__________________________________________________ EXAMINADOR 3
RIBEIRÃO PRETO 2016
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“Eis que me transformei num desenho de ornamento Volutas Sentimentais Rosca das espirais Superfície organizada em negro e branco E entretanto acabo de perceber respirando Isso é um desenho Isso sou eu” Pierre Albert-Birot Poèmes à l’Autre Moi
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LUZ PERCURSO
LUZ LINHA
PERCEPÇÃO
PERCURSO ILUMINAÇÃO LUCIDEZ
LUCIDEZ
ENCONTRO ENCONTRO LINHA TÊNUE
TRANS
PERCURSO
PERCURSO
ENCONTRO
LUZ
ENCONTRO
TRANSLÚCIDO
LUCIDEZ 118