Centro Marias do Jardim - Centro Especializado de Atendimento à Mulher

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Centro Especializado de Atendimento Ă Mulher

Centro Marias do Jardim

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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE CAMPINAS Centro de Ciências Exatas e Tecnologia Faculdade de Arquitetura e Urbanismo

Campinas, Dezembro de 2020 TRABALHO FINAL DE GRADUAÇÃO ORIENTANDA CAROLINA BERRIEL CROCCO ORIENTADOR PROF. DR. CLAUDIO MANETTI BANCA AVALIADORA PROF.ª ISABELA SOLLERO LEMOS PROF. LEANDRO RODOLFO SCHENK PROF.ª DRA. LUCIANA BONGIOVANNI MARTINS SCHENK

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Agradeço Ao meu mentor e amigo Claudio Manetti por todas as discussões e ensinamentos, que apesar da distancia, foram sempre calorosos e extremamente pertinentes. Aos professores muito estimados por mim, Monica Manso Moreno e José Luiz R. F. Grieco por tantos levantamentos e grande participação nos processos desse trabalho. Aos professores que compõe a banca avaliadora, Isabela Sollero, Leandro Schenk e Luciana Schenk por me permitirem apresentar um pouco de mim através desse trabalho. A todos os docentes, discentes e funcionários da PUC Campinas que de alguma forma fizeram parte de minha trajetória. Aos meus colegas que tornaram esse trabalho possível, em especial meus grandes amigos Luisa Zotin e Bruno Brizotti por tornarem meu percurso acadêmico, não apenas muito mais rico, mas muito alegre e acolhedor. Ao Pedro pelo amor, companheirismo e cuidado ao longo de todos esses anos, por nunca duvidar de mim e me manter firme durante momentos desfavoráveis e dúbios. A minha amiga de longa data Miriane Cardoso Stefanelli por ser tudo aquilo que eu precisava em uma amiga.

Aos meus queridos amigos de profissão Jonathas Beloni, Ivy Queiroz, Thiago Carneiro, André Lima, Giovanni di Genova, Matheus Moreira e Rodrigo Formigon por incontáveis ensinamentos e inestimável carinho. A minha irmã Stephanie pelo apoio e companheirismo em minha trajetória mesmo que distante. A minha família por todo cuidado e incentivo, em especial aos meus avós Ivone Leite Crocco, Carlos Oswaldo Crocco, Maria Conceição Berriel e Hugo Berriel por serem a base de tudo.

Aos meus pais Candyce Berriel Crocco e Eduardo Leite Crocco, os quais agradecimentos em simplórias linhas não bastariam jamais. Agradeço por possibilitarem, através da doação altruísta de suas lágrimas e suor, todos os passos que trilho em minha vida. É tudo por, e para vocês.

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Dedico esse trabalho a todas aquelas que tiveram suas vozes silenciadas. Nรณs nos faremos ouvidas. 5


Sumário

01 02

Capítulo 01 Introdução Resumo

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Nascer Mulher

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Implicações Territoriais e Culturais

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Sistema Atual e suas Lacunas

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Capítulo 02 Relações Urbanas Contextualização no Plano Urbano

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Entorno Imediato e suas Influências

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03 04

Capítulo 03 O Projeto O Programa de Necessidades

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Concepção Projetual A Escolha do Nome Implantação Setorização

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Plantas Baixas

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Cortes

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Detalhamentos e Constucto

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Perspectivas

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Capítulo 04 Conclusão e Anexos Considerações Finais

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Referências

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01

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INTRODUÇÃO 9


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Resumo De que maneira a Arquitetura e o Urbanismo podem contribuir para uma sociedade melhor? De que forma um espaço de acolhimento social pode contribuir para a ruptura das estruturas violentas seculares contra a mulher naquele território? O projeto “Centro Marias do Jardim” procura através de sua arquitetura e relação com seus arredores estabelecer um espaço acolhedor, democrático e educador visando a prevenção e visibilidade da violência contra a mulher através do diálogo e ambiente receptivo a todos aqueles que precisem dele. Além de sua função social perante a mulher, o Centro desempenha uma importante conexão entre eixos e intensa topografia, permitindo que todos os habitantes e transeuntes usufruam desse espaço público de travessia e permanência. O centro busca através de seus núcleos abranger todas as necessidades que a mulher vulnerável tenha ou possa ter, despertando o instinto de comunidade através de seus espaços e atividades, munindo-a de força e artifícios para que encontre a cura dentro de si e possa se restabelecer socialmente e financeiramente rompendo o ciclo de agressão.

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Nascer Mulher Convenções sociais, imposições e batalhas diárias Como e por que tal condição pode mudar e definir o futuro de milhares de pessoas tão significativamente? Ao nascer, nós, seres humanos, recebemos uma série de etiquetas e normas de conduta sociais fragmentadas fundamentalmente em duas vertentes: masculinas e femininas, logo, tornar-se homem ou mulher são seria uma transição natural, biológica e hormonal, mas uma questão performática social. Essa série de etiquetas e normas de condutas mencionadas anteriormente podem ser desde imposições sutis como uma simples cor designada para cada gênero, cabelos longos ao invés de curtos, unhas adornadas ao invés de naturais, como podem ser também deveres sociais bruscos os quais limitam a liberdade feminina e reprimem atitudes naturais muitas vezes incentivadas aos homens, tornando o amadurecimento da mulher doloroso e frequentemente repleto de injustiças e vulnerabilidade, uma vez que vivemos em uma sociedade que constantemente busca reprimir e questionar vítimas ao invés de seus agressores. Para que esse tema pudesse ser debatido, muito já se lutou pelo direito de apenas ser mulher. Mas a verdadeira batalha ainda está longe de acabar. A mulher ainda não pode ser quem é, pois é imposta a necessidade da batalha diária e exaustiva.

Ela luta para viver. Luta pelo direito de ser quem é. Luta para ser criativa. Luta para ter o direito de usar seus instintos. Luta para que seus sentimentos e idéias sejam respeitados. A mulher vítima de agressão física ou verbal necessita recuperar todos os seus poderes instintivos. Conforme Clarissa Pinkola Estés (1994): “A mulher carrega consigo os elementos para a cura; traz tudo o que a mulher precisa ser e saber. Ela dispõe do remédio para todos os males. Ela carrega histórias e sonhos, palavras e canções, signos e símbolos. Ela é tanto o veículo quanto o destino.” Essa cura acontece quando ela volta a se encontrar consigo mesma, num local seguro e tranquilo, onde ela possa recuperar sua estima e sua coragem e munida de toda a força, recomeçar sua batalha. “O modo cultural que meninas são ensinadas traz reflexos até a vida adulta, inclusive é responsável e justifica o grande número de violência doméstica contra a mulher. A mulher é doutrinada a ser submissa, cuidadora, frágil não somente no sentido fisiológico, mas também na personalidade, na sociedade e nas relações. Não obstante, a única fragilidade imputada ao homem é a sexual. Ele se torna frágil somente neste contexto, em que cabem inúmeros argumentos para sua falta de controle ao atender seus desejos sexuais, não importando se ele faça o uso de violência para atender seus desejos.” SAVITSKI, Luciana. SCHONS, Sandra. CORRÊA, Dialison Silva.

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Implicações Territoriais e Culturais Ser mulher no Brasil e no Distrito Jardim São Luís

BRASIL

JARDIM SÃO LUÍS

Quais são os enfrentamentos que uma mulher que mora no Brasil deve lidar todos os dias quando acorda?

E aquelas que moram no distrito Jardim São Luís na cidade de São Paulo, SP? O que significa ser mulher em um lugar como esse?

O Brasil é o 5º país com maior índice de feminicídio no ranking de 83 nações.

Só na cidade de São Paulo, acontece 1 estupro a cada 11 horas em local público

Organização Mundial da Saúde (OMS)

Três mulheres são vítimas de feminicídio a cada um dia. 13º Anuário Brasileiro de Segurança Pública

61% das vítimas de feminicídio são negras e 70,7% tinham apenas ensino fundamental completo. 13º Anuário Brasileiro de Segurança Pública

A cada 1,4 segundo uma mulher é vítima de assédio. Relógio da Violência do Instituto Maria da Penha

Governo do Estado de São Paulo

De 8,4 à 12% dos nascidos do Jd. São Luís são filhos de mães adolescentes. Mapa da Desigualdade, 2020

A cada 10 mil mulheres de 20 a 59 anos que moram no distrito de Jardim São Luís, 100 delas denunciaram ter sido vítimas de agressão em 2017. Mapa da Desigualdade, 2018

Moradoras do Jardim São Luís foram vítimas de agressão 180 vezes a mais do que aquelas que vivem nos Jardins. Mapa da Desigualdade, 2018

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Sistema Atual e suas Lacunas De que maneiras pessoas socialmente vulneráveis são acolhidas? Atualmente, mulheres em situações e cenários distintos, por uma série de fatores podem se tornar vítimas de algum tipo de violência, uma vez que isso ocorre o sistema legal brasileiro oferece uma série de direitos e proteções a essas pessoas na teoria, porém, na prática, por exemplo, segundo a pesquisa “Violência doméstica e familiar contra a mulher - 2019” apenas 19% das mulheres conheciam bem a Lei Maria da Penha, em vigor desde 2006, ademais, também há uma grande porcentagem de mulheres que sabem da existência de alguns de seus direitos, mas, temem por suas vidas ao denunciar, por conta de sistemas falhos e injustiças.

Mesmo com dados preocupantes de quantas vítimas de fato denunciam seus agressores, ainda temos mulheres que vão até a Delegacia de Defesa da Mulher mais próxima e delatam seus infratores, mas mesmo assim a vulnerabilidade dessas mulheres não se encerra de prontidão, porque há uma série de processos legais para que esse agressor seja de fato punido e afastado efetivamente de sua vítima. Outra questão que dificulta extremamente o rompimento do ciclo de agressão é que grande parte das vítimas de violência dependem financeiramente de seus agressores, o que faz com que elas se sintam sem escolha perante esse cenário. Então, esquematicamente nós temos o seguinte sistema e lacunas: ABRIGO

MULHER

VÍTIMA

DELEGACIA RETORNA A CASA

PREVENÇÃO

APOIO

REINSERÇÃO

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RELAÇÕES URBANAS 19


Vias Arteriais Vias Coletoras Ciclovias Linha de Alta Tensão Transposições

Linha 5 Lilás Linha 9 Esmeralda Curvas de Nível (a cada 5m) Recorte de Estudo Maciços Arbóreos

Vielas e Escadarias Hidrografia Setores 1

Centro Marias do Jardim 20


Contextualização no Plano Urbano Onde estamos e onde queremos chegar? Através do mapa de conjunto de forças (a esquerda) é possível extrair uma série de potências pré existentes na área e também aquelas impulsionadas pelo plano urbano estratégico. Com um olhar mais afastado, observa-se um intenso sistema viário ao sul, composto por avenidas de grande importância como a Av. Guarapiranga, Av. Luiz Gushiken e a Av. Guido Caloi, que, ao conectado sistema proposto através da R. Jardim da Felicidade irriga toda essa área uma vez esquecida, porém, de enorme importância, tratando-se de confluência de fluxos. Aproximando mais especificamente para o Setor I: Jardim da Felicidade, a área próxima ao Centro Marias do Jardim configura um conjunto de projetos estruturadores e conexões intermodais. Tratando-se dos projetos lindeiros temos 2. Área de lazer e Campo de Futebol, agregando a um fluxo intenso esporádico de moradores e um significado muito forte culturalmente para aqueles que usufruem desse espaço, o projeto 3. Estação Intermodal Santo Amaro, o qual desempenha um papel fundamental para a estruturação do “nó” intermodal existente, e conduzindo um grande fluxo de pessoas de e para a área, e por fim o projeto 4. Unidade Básica de Saúde, suprindo a necessidade de acesso a saúde e atendimento médico

da população, gerando um marco territorial e atraindo um significativo número de habitantes das áreas mais residenciais do distrito para esse equipamento. Além dos projetos estruturadores próximos, um elemento extremamente importante que o Plano Urbano Estruturador propõe para essa área é a implantação da Rua Jardim da Felicidade, a qual se conecta ao sul na Av. Luiz Gushiken, e percorre por esse eixo o qual conectará essa nova centralidade proposta, atravessa adjacente ao projeto Centro Marias do Jardim, passando pelo complexo de galpões industriais e conecta-se a Av. Maria Coelho Aguiar ao norte, resinificando completamente a área de implantação do projeto.

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ISOMÉTRICA DE COMPONENTES DO ENTORNO

LINHAS DE ALTA TENSÃO

OCUPAÇÕES PRECÁRIAS

EDIFICAÇÕES PRÉ EXISTENTES

VIA PROPOSTA (RUA JD. DA FELICIDADE)

VIAS PRÉ EXISTENTES

CURVAS DE NÍVEL

IMAGEM AÉREA

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Entorno Imediato e suas Influências O que a região de estudo nos revela sobre o projeto Analisando de forma mais descritiva as relações que o entorno imediato da área de projeto nos revela, nota-se logo de início a intensa topografia pertencente a esse lugar, onde, apenas na área de implantação projetual há um declive de 30 metros de um ponto a outro, ou seja, configura um território com barreiras físicas para aqueles que vivenciam esse espaço cotidianamente. Rompendo com esse desenho acidentado do terreno é possível observar um grande plato, o qual caracteriza um marco importante para os habitantes das redondezas: um campo de futebol. Em relação as vias pré existentes observa-se uma malha de ruas de carácter local, as quais ramificam-se no território de maneira estreita e de uso disputado entre pedestres, automóveis passantes, automóveis estacionados e pontuais ciclistas. Adentrando mais na área da ocupação precária existente, nota-se a presença de duas ruas mais amplas e mais desenvolvidas que se dividem em vielas irrigando a área de ocupações. Tratando-se do eixo proposto pelo Plano Urbano Estratégico, ele será uma rua ampla de dois sentidos a qual também contemplará fluxo de ônibus e calçadas mais generosas, resultando em um novo e forte fluxo de pedestres e veículos, devido ao projeto estruturador da Estação Intermodal Santo Amaro e também

os demais equipamentos presentes nessa via. No que se refere as edificações presente no entorno imediato repara-se que a oeste da área o uso é predominantemente habitacional, com exceção de pequenos comércios e serviços, seu gabarito é baixo, com alturas de 1 à 4 pavimentos no máximo, não se vê uma forte verticalização na área. Já sobre a porção norte, a ocupação é bem diferente da mencionada anteriormente, sua área é ocupada por uma série de amplos galpões industriais, que anteriormente ao plano, possuía um carácter totalmente privado, o qual através de barreiras topográficas e físicas (muros) o segregava do restante da região. Por fim, o local de estudo apresenta uma forte barreira visual e física, uma extensa linha de alta tensão que corta de oeste a leste da área, gerando faixas de subutilização de terras por questões legais e uma segregação ainda maior do terreno de implantação do projeto propriamente dito com seus entornos.

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MAPA SÍNTESE

R. Jardim da Felicidade

o en ar az N

R. Maria José de

R.

Carvalho

o os dr Pe

R. Do is R.

Um

Grande Fluxo Médio Fluxo Pequeno Fluxo Edifícios Residenciais/Pequenos Comércios Galpões Industriais

Campo de Futebol Transposição Pedonal Estreita Linha de Alta Tensão Área de Projeto Curvas de Nível (a cada 1m)

Ocupações Precárias 24


Analisando os elementos que compõe o entorno imediato da região de implantação projetual é possível compreender uma série de potencialidades e necessidades que o espaço nos revela. De início, nota-se o grande impacto do novo eixo criado pelo Plano Urbano Estratégico, o qual diferentemente das vias pré existentes carrega consigo um intenso fluxo de pessoas, denunciando a necessidade de um acesso “principal” no projeto em seu percurso. Outra questão importante, é o interrompimento de uma rua sem saída interna da ocupação precária associada a uma estreita transposição pedonal a qual desemboca diretamente na área de implantação do projeto, revelando a carência

de um eixo amplo de passagem de pessoas nessa região. Tais relações dizem que, apesar da topografia intensa e abrupta presente nessa área, os usuários desse espaço necessitam de uma conexão através de seu terreno, denunciando a necessidade conectora não só norte-sul, mas agora, concomitantemente ao “nascimento” da Rua Jardim da Felicidade, nasce-se também a força conectora entre oeste (região mais residencial, com vias de escala local) e leste (área de expansão e fluxo geradas pelo plano).

PERSPECTIVA 3D DA ÁREA DE ESTUDO

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IMAGEM DA TRANSPOSIÇÃO PEDONAL EXISTENTE NA R. DOIS INTERNA DA OCUPAÇÃO PRECÁRIA

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IMAGEM DA ESQUINA ENTRE A R. MARIA JOSÉ DE CARVALHO E A R. NAZARENO PEDROSO

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03

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O PROJETO 29


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O Programa de Necessidades Como se organiza um Centro Especializado de Atendimento à Mulher? Quais são as necessidades de uma mulher vulnerável? E de seus filhos? E quais são as necessidades daquelas mulheres que não estão em obrigatoriamente situação de violência doméstica, mas estão expostas a uma dependência prejudicial a sua vida como seres individuais? Questionamentos como esses são extremamente necessários para que se entenda o que o espaço projetado deve conter, afinal de contas, ele não faz sentido se não for projetado para aqueles que mais precisam dele, e é a partir disso que se estrutura o programa de necessidades para o Centro Marias do Jardim. Remetendo a análise dos “Sistemas Atuais e suas Lacunas” (cap. 01, pág. 17) foi possível compreender que o sistema de acolhimento a mulheres vulneráveis apresenta as seguintes lacunas: a prevenção, atuando no intervalo que torna uma mulher vítima de violência, o apoio, o qual da estrutura para que essa mulher possa, não só compreender a situação que vive, mas dar força à ela para que denuncie seu agressor, e a reinserção, a qual busca dar o apoio necessário à essa mulher para que ela possa se restabelecer, e ser independente em todas as faculdades necessárias (financeira, psicológica e social, por exemplo), visto isso, compreende-se

que, o Centro Marias do Jardim deve contemplar plenamente estas lacunas em seu programa, além das necessidades básicas previstas pela “Norma Técnica de Uniformização - Centros de Referência de Atendimento à Mulher em Situação de Violência”. Em razão das informações mencionadas anteriormente, o programa de necessidades se estruturou a partir de três núcleos: o Núcleo de Prevenção e Encaminhamento, o Núcleo de Acolhimento, e por fim, o Núcleo de Apoio e Reinserção, os quais se ramificam em diversos usos, abrangendo assim uma série de situações impares, e necessidades diversas as quais as pessoas que necessitam desse espaço tenham, ou venham a ter. O Centro Marias do Jardim busca ser um espaço que não só acolhe aquelas que carecem diretamente de suas funções, mas também, através de sua existência no território, tornar-se símbolo da resiliência feminina e da prevalência da ideia de igualdade a todos aqueles que usufruam de seu espaço.

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CEAM

CENTRO ESPECIALIZADO DE ATENDIMENTO À MULHER

NÚCLEO 01

NÚCLEO 02

NÚCLEO 03

NÚCLEO DE PREVENÇÃO E ENCAMINHAMENTO

NÚCLEO DE ACOLHIMENTO E ABRIGO

NÚCLEO DE APOIO E REINSERÇÃO

Espaço responsável pela organização de eventos educativos e inclusivos, e encaminhamento de mulheres vulneráveis aos demais núcleos.

Casa de Acolhimento Provisório, espaço dedicado à acolher mulheres vulneráveis e fornecer apoio psicológico e jurídico

Espaço dedicado a cursos de pequena e média duração buscando a autonomia financeira e social da mulher vulnerável.

SALAS DE ATENDIMENTO (TRIAGEM), SALAS DE REUNIÃO, ÁREA PARA EVENTOS E CONVERSAS, SALAS DE REUNIÃO ABERTAS

CASA DE ACOLHIMENTO PROVISÓRIO (QUARTOS, BANHEIROS, REFEITÓRIO), SALAS DE ATENDIMENTO PSICOLÓGICO E JURÍDICO

SALAS DE AULA DIVERSAS, ÁREAS DE CONVÍVIO, HORTA COMUNITÁRIA, ESPAÇO PARA ATIVIDADES E AULAS AO AR LIVRE

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N

CONCEPÇÃO PROJETUAL 01

CONCEPÇÃO PROJETUAL 02

CONCEPÇÃO PROJETUAL 03

CONCEPÇÃO PROJETUAL 04

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Concepção Projetual As descobertas do projeto através tentativa e falha O ato de projetar permite, através de desenhos, a compreensão a cada passo mais aprofundada de informações e detalhes que o espaço e suas relações intrínsecas nos apresenta, portanto analisar as etapas que precederam o desenho final é de extrema importância para o entendimento do raciocínio projetual e sua estruturação final. De início, a intensão primeira era o enfrentamento da intensa topografia presente e a conexão entre a R. Maria José de Carvalho e a R. Jardim da Felicidade, de forma que o edifício derivaria como consequência dessa articulação. No croqui “Concepção Projetual 01” nota-se uma série de patamares conectados entre si através de escadarias de passagem, onde já se prevê um alargamento da R. Dois e uma grande praça central associada a ela, porém, o edifício em si ainda era um volume desconexo de seus entornos e as praças escalonadas de ligação eram ambientes mais de passagem do que permanência de fato. Avançando o desenvolvimento projetual para o desenho “Concepção Projetual 02” observa-se que o edifício começa a articular-se com as praças escalonadas e a ligação entre a R. Dois e a praça central se configura de maneira contínua, porém, devido ao desenho das escadas, o seu uso ainda seria majoritariamente de passagem, sem gerar o desejo do transeunte

a permanecer no local e usufruir dele como um espaço devidamente público. Na “Concepção Projetual 03” o território revelou que não só há necessidade de uma conexão oeste-leste, mas sim também uma potencialidade de conexão norte-sul através de um grande eixo partido da abertura da R. Dois chegando até a área de galpões industriais ao norte, além disso, o edifício se articula com as relações previstas, onde seus pavimentos se relacionam com cada momento e abertura gerado pelas praças escalonadas. Por fim, no croqui “Concepção Projetual 04” entende-se que a conexão norte-sul também demandaria uma série de praças escalonadas na porção norte, e essas grandes escadarias deveriam se desenvolver no outro sentido, como um equipamento não só de passagem, mas de permanência. Apesar das evoluções apresentadas, o desenho ainda não solucionava todas as questões necessárias, como por exemplo os muros de arrimo resultantes das escadarias localizavam-se colados a fachada do edifício, não havia arborização prevista no desenvolver das praças e pavimentos, tornando o espaço árido e pouco interessante, entre outros problemas internos. Levantamentos como esses e soluções para tais resultaram na estruturação da implantação final do projeto a ser vista adiante. 35


Casa Ato Núcleo Afeto Núcleo Existir Casa Afeto Centro Existir Centro Afeto Casa Mãe Centro Mãe Centro Eva Jardim Centro Marias do Jardim

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A Escolha do Nome

Cen tro

(Centro, latim centrum, subst. masc.)

lugar onde se reúnem atividades

Ma ri a

(Maria, .antropônimo, subst. fem. e adj. fem.)

Nome usado para indicar uma mulher indeterminada; alguém: quem é essa Maria? Nome feminino mais comum no Brasil, segundo censo de 2010.

Jar dim

(Jardim, francês jardin, subst. masc.)

[Figurado] Terra fértil Nesse contexto, originário do nome do eixo Rua Jardim da Felicidade

O Centro Marias do Jardim, busca, através de seu nome, gerar um vínculo afetivo com todos aqueles que convivam de certa forma com sua existência, sem mascarar através de bruscos eufemismos sua responsabilidade de ser um “Centro Especializado de Atendimento à Mulher”. O nome busca um equilíbrio entre os significados figurados de suas palavras e os significados literais originários das relações de entorno e nomenclaturas legais de suas funções. A designação desta nomenclatura ao centro faz uso do nome Maria como uma espécie de identificação feminina, através de um nome praticamente sinônimo de “Mulher”, também procura gerar um reconhecimento da população com o nome e posição no território do equipamento através da palavra “Jardim”, derivada do marcante eixo que tangencia sua implantação: a Rua Jardim da Felicidade e o distrito onde o projeto se implanta, o Jardim São Luís. 37


R. Jardim da Felicidade

R. Maria JosĂŠ

de Carvalho

o en ar az N R.

o s ro d Pe

R. D ois

R.

Um

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Implantação A implantação do Centro Marias do Jardim se desenvolve a partir de escadarias que conectam pedonalmente a Rua Maria José Carvalho e a Rua Jardim da Felicidade e praças escalonadas originadas a partir dessas escadarias, as quais conformam praças públicas e os pavimentos do edifício. Através da escala apresentada pelo desenho é possível observar o eixo norte-sul configurado a partir da cota 769 conectando a Rua Dois e a praça gerada entre galpões. O edifício se descola dos arrimos resultantes da travessia vertical através de corredores verdes de respiro, e possui um átrio em seu volume central buscando uma melhor iluminação e relações fluidas de “fora e dentro”. Outra questão que a implantação nos permite observar é sistema de escoamento de águas pluviais configurado através de caixas escalonadas, esporádicas “piscinas” urbanas e canteiros.

0

10

25

50

100m

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Setorização

01

PREVENÇÃO E ENCAMINHAMENTO

PAVIMENTO TÉRREO 761 SALA PARA PALESTRAS, COPA, SALA ADMINISTRATIVA, SALA DE TRIAGEM, RECEPÇÃO, SALA DE REUNIÃO, SANITÁRIOS

PAVIMENTO 01 765 ESPAÇO ABERTO PARA REUNIÕES E CONVERSAS, SALA PARA PALESTRAS

02

ACOLHIMENTO E ABRIGO

PAVIMENTO 04 778 BRINQUEDOTECA, LAVANDERIA COLETIVA, ABRIGO (CASA DE ACOLHIMENTO PROVISÓRIO)

PAVIMENTO 05 782 ABRIGO (CASA DE ACOLHIMENTO PROVISÓRIO)

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REINSERÇÃO E APOIO

PAVIMENTO 03 774 SALA ADMINISTRATIVA, RECEPÇÃO, SALA DE AULA MULTIUSO, SALA DE INFORMÁTICA, REFEITÓRIO, COZINHA COMUNITÁRIA, SALA DE ATENDIMENTO, ALMOXARIFADO, ÁREA LIVRE, HORTA COMUNITÁRIA

PAVIMENTO 04 778 BIBLIOTECA, SALA DE AULA MULTIUSO, SANITÁRIOS

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Eixos estruturais a cada 12m 42


Pavimento Térreo 761 O pavimento térreo se implanta na cota 761 com acesso direto da R. Jardim da Felicidade. Seus usos fazem parte do Núcleo 01 - Núcleo de Prevenção e Encaminhamento e organiza seus espaços internos através de volumes desassociados de suas fachadas com estruturas próprias. Entre os volumes há um espaço coberto para eventos e usos diversos como cinemas abertos, roda de conversas e permanência refugiada do Sol.

1 Sanitários 2 Sala para Palestras 3 Copa 4 Sala Administrativa 5 Sala de Triagem 6 Recepção 7 Sala de Reunião 22 Reservatório de Água

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50m

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Eixos estruturais a cada 12m 44


Pavimento 01 765 O pavimento 01 se desenvolve na cota 765 com volumes interligados através de uma passarela e circulações internas. Possuí usos democráticos os quais podem ser alterados e reconfigurados modificando suas meias paredes conforme a necessidade. Seu programa se enquadra no Núcleo 01 - Núcleo de Prevenção e Encaminhamento buscando a incentivação de eventos e palestras educacionais e preventivas.

8 Espaço Aberto para Reuniões e Conversas 2 Sala para Palestras 22 Reservatório de Água

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Eixos estruturais a cada 12m 46


Pavimento 02 769 O pavimento 02 compõe o grande eixo de conexão norte-sul através de um amplo espaço aberto o qual possuí a finalidade de sediar feiras livres para que comerciantes locais, e mulheres do Centro possam vender seus produtos (artesanatos, hortaliças, alimentos, etc) gerando renda para suas famílias e agregando movimento e vida para o local.

9 Área para Feira Livre e Convívio 22 Reservatório de Água

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Eixos estruturais a cada 12m 48


Pavimento 03 774 O pavimento 03, de acesso na cota 774, configura um uso mais restrito do Centro, o qual em ambas as suas entradas possuí recepções para o controle de acesso e para orientação das pessoas que ingressam no espaço. Seus usos configuram o Núcleo 03 - Núcleo de Reinserção e Apoio com espaços não só de usufruto das mulheres vulneráveis mas de todas aquelas que necessitem de suas funções.

1 Sanitários 4 Sala Administrativa 6 Recepção 10 Sala de Aula Multiuso 11 Sala de Informática 12 Refeitório 13 Cozinha Comunitária 14 Sala de Atendimento Psicológico e Jurídico 15 Almoxarifado 16 Área Livre para Exposições, Atividades e Convívio 17 Horta Comunitária 22 Reservatório de Água

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Eixos estruturais a cada 12m 50


Pavimento 04 778 O pavimento 04 implantado na cota 778 (sem acesso externo ao centro direto) possuí um uso ainda mais restrito com funções tanto do Núcleo 03 - Núcleo de Reinserção e Apoio quanto to Núcleo 02 - Núcleo de Acolhimento e Abrigo em sua porção leste, configurando um espaço mais privativo para as mulheres vulneráveis e seus filhos.

1 Sanitários 10 Sala de Aula Multiuso 18 Biblioteca 19 Lavanderia Comunitária 20 Brinquedoteca e Lazer 21 Abrigo 22 Reservatório de Água

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Eixos estruturais a cada 12m 52


Pavimento 05 782 O pavimento 05, localizado na cota 782, também sem acesso externo ao centro, é um pavimento extremamente privativo e restrito a pessoas externas, configurado 100% por abrigos da Casa de Acolhimento Provisório, que conjuntamente ao pavimento 04 possuí a capacidade de abrigar até 48 pessoas em suas dependências. Seu programa é inteiramente pertencente ao Núcleo 02 - Núcleo de Acolhimento e Abrigo.

21 Abrigo 22 Reservatório de Água

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5

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Eixos estruturais a cada 12m 54


Pavimento 06 786 O pavimento 06 possuí acesso na cota 786 por meio da Rua Maria José de Carvalho através de uma passarela conectora. Seu uso é completamente aberto e público e pode ser utilizado para exposições, como mirante, para implantação de comércios pontuais e atividades diversas por exemplo. A oeste da Rua Maria José de Carvalho se localiza o reservatório de águas o qual alimenta todo o complexo.

16 Área Livre para Exposições, Atividades e Convívio 22 Reservatório de Água

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Buzinote de Escoamento Pluvial

Viga Metálica W 610 x 101 Pilar de Concreto Armado Moldado In Loco

Brises Metálicos

Vedação de Alvenaria

Escada Metálica Pré Fabricada Caixilharia Metálica Guarda-corpo Metálico Viga Metálica W 610 x 101 Pilar de Concreto Armado Moldado In Loco Buzinote de Escoamento Pluvial Viga Metálica W 360 x 64 Pilar Metálico W 200 x 46,1 Escada Helicoidal Metálica Cobogó Bandeira 64


Detalhamentos e Constructo Como se estrutura o Centro Marias do Jardim A estrutura do Centro se desenvolve de forma modular (módulos estruturais de 12x12m) e se repete no decorrer de todo o espaço de forma aparente para que a população possa identificar com clareza a maneira que esse espaço foi estruturado. As malhas estruturais são compostas por pilares de concreto armado, vigas metálicas e lajes alveolares. Para a vedação do Centro é empregado o uso de alvenaria convencional e caixilharias metálicas. Anexo aos caixilhos, nos pavimentos 03, 04 e 05, temos uma série de brises metálicos de malha fina para garantir não só a proteção do Sol, mas principalmente, a privacidade que seus usos necessitam. Os pavimentos térreo e 01 possuem, além do sistema estrutural mencionado anteriormente, um sistema independente, mais leve, para estruturar apenas o núcleo de salas do pavimento térreo e o mezanino do pavimento 01. Essa estrutura independente é totalmente metálica com vigas e pilares esbeltos e vedação de alvenaria convencional. Para a cobertura faz-se uso do concreto armado e de telhas metálicas as quais escoam as águas para calhas, as quais por sua vez, escoam as águas através dos buzinotes para o sistema de recolhimento de águas pluviais presente nas praças escalonadas.

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Esquema de Abastecimento de Águas Potáveis

BOMBA

A infraestrutura de água que rege o Centro é originária no reservatório de água implantado em uma cota mais alta (788) gerando a pressão necessária para o abastecimento do complexo, e possuindo volume suficiente não apenas para suprir as necessidades do edifício, mas também, para amparar região em caso de escassez de água. Os canos percorrem o subsolo e através da passarela conectora chegam ao Centro, irrigando todos os pavimentos e usos específicos que o necessitam. Para os banheiros localizados no pavimento térreo faz-se necessário o uso de uma pequena bomba para suprir a pressão necessária.

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Esquema de Escoamento de Águas Pluviais

Tratando-se da infraestrutura para o escoamento de águas pluviais temos um sistema externo de caixas escalonadas as quais diminuem a força das águas e as deslocam para o sistema de captação público na cota mais baixa. Em relação do edifício em si, sua cobertura escoa as águas para calhas e as calhas escoam as águas para os buzinotes, os quais a derramam nas caixas escalonadas mencionadas anteriormente. O edifício possui uma abertura em sua cobertura, onde as chuvas adentram o espaço e, o próprio solo do canteiro e suas infraestruturas a coletam e absorvem.

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Perspectivas

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CONCLUSÃO E ANEXOS 81


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Considerações Finais Esse projeto me deu o privilégio não só de conhecer um território extremamente rico como o Jardim São Luís, mas de descobrir ainda mais meu papel como mulher na sociedade e de me permitir pensar espaços para minhas irmãs que caminham nessa terra as quais não tiveram tamanhos privilégios como tive em minha vida. Espero que através desse trabalho as vozes das Marias do Jardim São Luís possam ser ouvidas e ecoadas para horizontes mais distantes, e que talvez, o esforço presente nesse trabalho possa agir como um pequeno grão de centeio em um grande moinho de mudanças sociais.

“me levanto sobre o sacrifício de um milhão de mulheres que vieram antes e penso: o que é que eu faço para tornar esta montanha mais alta para que as mulheres que vierem depois de mim possam ver além?” — legado (Rupi Kaur) 83


Referências BIBLIOGRÁFICAS PREFEITURA DE SÃO PAULO. Arquivos da Lei. Disponível em: <https://www.prefeitura.sp.gov.br/ cidade/secretarias/urbanismo/legislacao/plano_diretor/index.php?p=201796> Acesso em 10 de jun. De 2020 GEOSAMPA. Mapa Digital da Cidade de São Paulo. Disponível em: <http://geosampa.prefeitura.sp. gov.br/> Acesso em 12 de jun. de 2020 ESTÉS, Clarissa Pinkola. Mulheres que correm com os lobos. Rio de Janeiro, Rocco, 1994. KAUR, Rupi. O que o Sol faz com as flores. Edição 1. São Paulo: Editora Planeta, 2018. Zona sul de SP lidera o número de notificações de agressão a mulheres. Carta Capital, São Paulo, 28 de agosto de 2019. Disponível em: <https://www.cartacapital.com.br/blogs/32xsp/zona-sul-de-sp-lidera-o-numero-de-notificacoes-de-agressao-a-mulheres/>. Acesso em: 13 de jun. de 2020 Violência Contra Mulher em Dados <https://dossies.agenciapatriciagalvao.org.br/violencia-em-dados/> Acesso em 13/06/2020 Mulheres do extremo da Zona Sul de SP sofrem 180 vezes mais com a violência do que moradoras dos Jardins, diz estudo. G1, São Paulo, 28 de novembro de 2018. Disponível em: <https://g1.globo. com/sp/sao-paulo/noticia/2018/11/28/mulheres-do-extremo-da-zona-sul-de-sp-sofrem-180-vezes-mais-com-a-violencia-do-que-moradoras-dos-jardins-diz-estudo.ghtml>. Acesso em: 13 de jun. de 2020 SAVITSKI, Luciana. SCHONS, Sandra. CORRÊA, Dialison Silva. Gênero feminino e violência sexual: nascer mulher é uma sentença? Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento. Ano 04, Ed. 07, Vol. 10, pp. 56-69. Julho de 2019. ISSN: 2448-0959 SPAZIANI, Raquel Baptista. MAIA Ana Cláudia Bortolozzi. Violência sexual contra meninas: entrelaçamentos entre as categorias gênero, infância e violência. Seminário Internacional: Fazendo Gênero Women’s Worlds Congress (Anais Eletrônicos), Florianópolis, 2017. Disponível em:< http://www. en.wwc2017.eventos.dype.com.br/resources/anais/1498262409_ARQUIVO_Trabalhocompleto_RaquelBaptistaSpaziani.pdf> Acesso em: 04 out. 2020. 84


SOARES, L. “Violência: nascer mulher define existência social, diz ONU”. Terra, 29 maio de 2014. Disponível em: <https://www.terra.com.br/noticias/mundo/violencia-nascer-mulher-define-existencia-social-diz-onu,1f73983035526410VgnVCM3000009af154d0RCRD.html> Acesso em: 4 out. 2020 CARASCO, D. “Ser Mulher no Brasil Machuca”. Uol. Disponível em: <https://www.uol/estilo/especiais/ser-mulher-no-brasil-machuca.htm> Acesso em: 11 nov. 2020 REDE NOSSA SÃO PAULO. Mapa da Desigualdade 2019. Disponível em: <https://www.nossasaopaulo.org.br/wp-content/uploads/2019/11/Mapada_Desigualdade_2019_apresentacao.pdf> Acesso em out. de 2020

PROJETUAIS Hope Dental Center: Rwanda Clinic and Trainning Institute. Fresta Arquitetura e Whabout. 2020. Fundação Querini-Stampalia. Carlo Scarpa. 1961. Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand (MASP). Lina Bo Bardi. 1968. English National Ballet. Glenn Howells Architects. 2019. Siete Vueltas Rural Educational Institution. Plan:b Arquitectos. 2015. Fundação Bradesco. Shieh Arquitetos Associados. 2017.

Reeds Spring Middle School. Dake Wells Architecture. 2017. IMAGENS

pág. 01 - Croqui. Fonte: autoria própria. pág. 12 - Colagem Digital “Nascer Mulher”. Fonte: autoria própria. pág. 14 - Colagem Digital “Vislumbrando Velhos Horizontes”. Fonte: autoria própria. pág. 16 - Colagem Digital “Luta”. Fonte: autoria própria. pág. 20 - Mapa. Fonte: elaborado pela equipe com alterações de cores de autoria própria. pág. 22 - Diagrama. Fonte: autoria própria. pág. 24 - Diagrama. Fonte: autoria própria. pág. 25 - Imagem. Fonte: GEOSAMPA com alterações de autoria própria. pág. 26 - Imagem. Fonte: Google Street View. pág. 27 - Imagem. Fonte: Google Street View. pág. 30-31 - Imagem. Fonte: autoria própria. 85


pág. 34 - Croquis. Fonte: autoria própria. pág. 37 - Logotipo Centro Marias do Jardim. Fonte: autoria própria. pág. 38-39 - Implantação. Fonte: autoria própria. pág. 40 - Diagrama. Fonte: autoria própria. pág. 42-63 - Desenhos técnicos. Fonte: autoria própria. pág. 64 - Diagrama. Fonte: autoria própria. pág. 66 - Diagrama. Fonte: autoria própria. pág. 67 - Diagrama. Fonte: autoria própria. pág. 68-79 - Imagens. Fonte: autoria própria.

ANEXO Norma Técnica de Uniformização - Centros de Referência de Atendimento à Mulher em Situação de Violência (...) V. ESTRUTURA DOS CENTROS DE REFERÊNCIA DE ATENDIMENTO À MULHER EM SITUAÇÃO DE VIOLÊNCIA 1. Equipamentos Os equipamentos mínimos necessários ao funcionamento de um Centro de Referência são classificados nas seguintes categorias: a. Comunicação – uma Central telefônica, um telefone-fax, telefones; b. Transporte – um veículo tipo utilitário; c. Informática – a especificação prevê no mínimo um computador e uma impressora, com previsão de rede lógica e Internet e uma máquina copiadora; d. Diversos – neste item, os equipamentos especificados são: 01 aparelho de TV de 20 polegadas, 01 equipamento de vídeo ou DVD, 01 máquina fotográfica digital, 04 mini-gravadores, 01 filmadora; bebedouro refrigerado, fogão, geladeira, ventiladores. 2. Localização e espaço físico Os Centros de Referência devem ter espaços bem iluminados e sinalizados, com placas de identidade visual própria (deverá haver clara indicação dos parceiros do co-financiamento), facilitando o acesso da população ao serviço e, na medida do possível, estarem localizadas próximas aos serviços da Rede de Atendimento. Na construção e/ou adaptação de espaços físicos dos Centros de Referência devem ser contempladas as especificações constantes na legislação específica vigente para os portadores de deficiências e necessidades especiais. O espaço físico dos Centros de Referência devem conter, no mínimo: a. Recepção – A recepção deve ser composta por 3 salas: uma com assentos confortáveis e murais com materiais relativos à prevenção e ao enfrentamento da violência contra a mulher; outra para o atendimento geral, com espaço para mesas e material de apoio para 2 profissionais técnico-administrativos e ligada a esta; a terceira sala dirigida a estudos sobre a violência contra a mulher, aberta, por meio de hora marcada a estudantes, profissionais e membros de movimentos sociais,com mesa, cadeiras, estantes para materiais de estudo, computador ligado à Internet e impressora. 86


b. Atendimento – O espaço de atendimento deve estar dividido em uma sala de espera, uma sala para atendimento jurídico, outra para o atendimento psicológico, uma mais para o atendimento social e uma última sala que deve ser ampla o suficiente para promover o atendimento de grupos. c. Coordenação – A coordenação deve ser composta por três salas: uma para a coordenação, outra para o arquivo e uma última para reuniões. d. Apoio – O apoio deve prever uma sala para almoxarifado, uma sala de estar para a equipe e uma copa-cozinha. e. Áreas comuns – As áreas comuns devem ser compostas por dois banheiros femininos e um masculino, uma brinquedoteca, uma sala para atividades e uma área verde. Os ambientes devem possuir um código de sinalização apropriado e que, de forma clara e objetiva, permita o fácil e adequado acesso aos diferentes serviços e espaços existentes. 3. Mobiliário Nas salas previstas no item 2 (Localização e espaço físico) devem ser utilizados móveis funcionais que atendam às necessidades dos(as) funcionários(as) e usuários(as) de cada espaço e que atendam , na mesma medida, às necessidades das atividades desenvolvidas, de forma a oferecer às mulheres em situação de violência que venham efetuar seus registros, bem como à equipe técnica, o conforto e acolhimento necessários. VI. DIVULGAÇÃO DO SERVIÇO E ARTICULAÇÃO DA REDE O Centro de Referência deve desenvolver: • estratégias de comunicação diferenciadas que divulguem o equipamento para: comunidade em geral, público-alvo específico do Centro de Referência, gestores públicos e profissionais de serviços, Poder Judiciário, Ministério Público, conselhos de direitos, organizações não-governamentais, igrejas e quaisquer outros serviços e entidades que possam contribuir na difusão do Centro de Referência. É importante assegurar a acessibilidade de linguagem (Braile e Libras) nos diversos materiais institucionais do Centro de Referência; • protocolo de atendimento e encaminhamento que contemple os casos de urgência e fora do horário regular de trabalho (...) Norma completa disponível em: <http://www.observatoriodegenero.gov.br/menu/publicacoes/outros-artigos-e-publicacoes/norma-tecnica-de-uniformizacao-centros-de-referencia-de-atendimento-a-mulher-em-situacao-de-violencia#:~:text=Os%20Centros%20de%20Refer%C3%AAncia%20de,risco%20 na%20rede%20de%20atendimento.>

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