Comida no divã

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PANCs

diversidade na mesa

comida no divĂŁ

Menos lixo mais comida

hora de reaproveitar

Gourmet:

A oportunidade perfeita para mais uma fotografia na rede


comida no divã

(Des)conexão na cozinha

No.1

Logo da Unesp (obrigatório) Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” Reitor: Sandro Roberto Valentini Vice-reitor: Sergio Roberto Nobre Curso de Jornalismo Coordenadora: Angela Grossi Vice-coordenador: Maximiliano Vicente

O ato de cozinhar é de fato uma atividade humana por definição. A cultura de um povo está estritamente ligada ao que ele come e como prepara seus alimentos. O cardápio tradicional de um país pode contar um pedaço de sua história de uma maneira única.No Brasil, por exemplo, temos receitas que remontam ao período das bandeias como o Feijão Tropeiro, revelando a forma como se alimentavam os homens envolvidos nas ancestrais missões de reconhecimento do nosso território. A construção dessas tradições são feitas nas interações cotidianas, nas receitas de família, na comida caseira, nos pratos festivos. No entanto, a escassez de tempo da pós modernidade vem apagando todo esse significado do hábito de cozinhar. A comodidade dos fast-foods vem substituindo a riqueza cultural dos pratos típicos por uma comida pasteurizada e sem identidade. Aos poucos percebemos um movimento preocupante de esquecimento de elementos simbólicos que envolvem a alimentação. Maracujá, rabada, goiabada de tacho, farinha de mandioca, curau de milho e tantos outros acabam negligenciados em meio a correria do dia a dia. A Comida no Divã, vem com o intuito de incentivar uma renovação na nossa relação com o alimento, trazendo- o para o centro da discussão e analisando suas mudanças. Tentamos ser um ponto de reflexão para tantas questões que surgiram na contemporaneidade sobre o que comemos: o terrorismo alimentar, as dietas da moda, as facilidades traiçoeiras e os ingredientes milagrosos.

Disciplina de Jornalismo Impresso II Professor: João Guilherme D’ Arcádia Disciplina de Planejamento Gráfico Editorial II Professor: Francisco Rolfsen Belda Redação [Ana Carolina Valentim Montoro] [Caroline Pinto Cardillo] [Daiane Tadeu] [Ingrid Watanabe] [Maria Carolina Dias] Av Eng Luiz Edmundo Carrijo Coube, nº 14-01 Bairro: Vargem Limpa CEP: 17.033-360 – Bauru, SP Fone: (14) 3103-6063

Comida no Divã Bauru, janeiro de 2018

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Ondas do verão: as dietas que são a moda Algumas delas surgem e desaparecem instantaneamente e são em geral soluções de curto prazo Ingrid Watanabe As dietas estão na moda, elas estão na tv, nas capas de revista, na internet e no nosso prato. Arrastam multidões com slogans do tipo “emagreça 15 quilos em 15 dias” ou pior, “faça essa dieta e esteja pronta para o verão”. Muitas pessoas entram numa verdadeira luta com si mesmo e com a balança esperando resultados rápidos, é a nova onda NO CARB, NO FAT. Nessa nova era, os carboidratos são proibidos ou reduzidos ao mínimo possível, e não são apenas eles, a lactose, o glúten, a gordura e até as proteínas são tiradas aos poucos do nosso dia a dia. A nutróloga Amanda Arruda, 34, destaca que o principal problema de se começar uma dieta dessas é não consultar um especialista “as pessoas encontram diversas dietas na internet e começam a cortar proteínas importantes, carboidratos bons e até coisas que elas acham que têm intolerância, tudo para emagrecer em um curto período de tempo”.

Mas afinal, o que é uma dieta low carb? É um estilo de se alimentar, onde se restringe (mas não se anula) o consumo de carboidratos para chegar ao peso desejado. A nutróloga afirma que “a dieta low carb possui diferentes variações, mas todas têm o objetivo principal de reduzir o consumo de carboidratos simples na alimentação, como arroz branco, macarrão e pão. Para compensar a redução no carboidrato, deve-se aumentar o consumo de proteínas”. Os carboidratos podem ser simples ou refinados (complexos): os simples, ou refinados, que são os mais comuns, como os do pão francês e do arroz branco, têm alto índice glicêmico – ou seja, provocam um pico de energia no corpo e têm rápida absorção. Já os complexos, como os alimentos integrais, têm baixo índice glicêmico, geram menos insulina no sangue e são absorvidos lentamente, o que ajuda na prevenção da diabetes e do acúmulo de gordura. Os alimentos fontes de carboidratos são: frutas, mel, sucos de frutas, geleia, hortaliças A (verduras), hortaliças B (legumes), hortaliça C (batata, aipim, inhame), cereais, pães, torradas, biscoitos.

o que é uma dieta low fat? Essa dieta visa reduzir o consumo de gorduras, é composta por 45 a 65% da energia vindo de carboidratos, 10 a 35% da energia a partir de proteínas e 20 a 35% de gorduras.

cadê o glúten que estava aqui? O glúten é uma proteína presente no trigo e outros cereais, ,muito utilizado na composição de alimentos, medicamentos, bebidas, entre outros. A nutróloga destaca que retirar o glúten da alimentação não leva ao emagrecimento à longo prazo, mas existe um certo “emagrecimento inicial” quando passamos a tirar principalmente o “pãozinho do café da manhã”. Segundo o Relatório de Nutrição Mundial do ano passado, uma em cada três pessoas no mundo sofre com a má nutrição causada pela dieta com excesso ou carência calórica. As consequências da alimentação desequilibrada somam perdas anuais de 10% do Produto Interno Bruto (PIB), um prejuízo maior do que o provocado pela crise mundial de 2008, por exemplo. Comida no Divã Bauru, janeiro de 2018

Low carb é a dieta da vez para quem sofre de ovário policístico Tratamento é polêmico entre médicos Ana Carolina Montoro A Síndrome do Ovário Policístico (SOP) é uma doença que atinge as mulheres, causando o que os médicos chamam de anovulação, ou seja, o corpo tem dificuldade de ovulação, por isso entre seus vários efeitos, a dificuldade de engravidar é tão comum.

por que tratamentos alternativos? Normalmente, quando a SOP é identificada os médicos partem para o tratamento hormonal usando o anticoncepcional, acontece que diferente da liberdade sexual que ele representava nos anos 60, um outro movimento vem crescendo: o de mulheres que escolheram parar de usá-lo com medo de seus efeitos colaterais e a fim de conhecer melhor o próprio corpo. Sobre a eficácia do anticoncepcional nesse caso, a professora universitária Maria Célia Mendes, da USP Ribeirão Preto, defende que ele traz resultados. “O anticoncepcional hormonal é necessário para impedir que os hormônios sintetizados no cérebro estimulem o ovário, também diminui sintomas como a acne e o hirsutismo. Além disso a mulher precisa menstruar para evitar doenças a longo prazo como hiperplasia e câncer no endométrio”. Em contrapartida, a também ginecologista Elaine Morch não receita anticoncepcional para suas pacientes como forma de tratamento. Adepta de opções não-hormonais, ela acredita que os métodos tradicionais só mascaram os sintomas e vê como algumas das alternativas, técnicas como modulação hormonal, reposição e/ou bloqueio dos hormônios alterados pela SOP. A estudante de jornalismo Bruna Hirano explica que faz uso do método “tradicional” do anticoncepcional desde que soube que tinha SOP em 2013 e que foi o meio indicado pela sua médica. “Sei o quanto o anticoncepcional faz mal para o nosso corpo e gostaria de ter mais informações de como tratar a SOP de forma alternativa, mas no meu caso o anticoncepcional funcionou no tratamento”. Uma das alternativas mais buscadas pelas mulheres que deixaram de lado tratamentos hormonais é a dieta low carb. Como é um consenso entre os especialistas que o sobrepeso é um dos facilitadores para o desenvolvimento do ovário policístico, Maria Célia argumenta sobre esse tipo de dieta. “sempre acreditei que para perder peso é necessário diminuir os carboidratos da alimentação. Os pesquisadores que defendem a dieta low-carb, ressaltam que além de perder peso, há o benefício sobre a glicemia, triglicerídeos, LDL colesterol e pressão arterial”. Para Elaine Morch, “o ideal é manter a dieta low carb por um período máximo de até seis meses, e intercalar com outros métodos. “Depois de um tempo o corpo entra na chamada fase de platô, quando a pessoa para de emagrecer. Para que isso seja evitado a mudança de dieta é fundamental”.

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Fernanda Cotez

A chef vendeu livros e distribui autógrafos para admiradores no evento

BELA GIL DEFENDE BANDEIRAS ALIMENTARES EM BAURU Palestra abordou como a comida é consumida pelo brasileiro e o papel da mídia nesse cenário Daiane Tadeu Na noite do dia 20 de outubro, a chef, apresentadora de TV e youtuber, Isabela Giordano Gil Moreira, mais conhecida como Bela Gil, foi ao Sesc de Bauru para participar do evento “Quem Escolhe o que Você Come?”. Em um bate-papo que durou cerca de três horas, a culinarista acompanhada da jornalista e pesquisadora em gastronomia Helena Jacob, discutiu sobre a influência que a mídia exerce nas escolhas alimentícias. Apesar da visível timidez, a apresentadora falou longamente de diversos temas relacionados à alimentação. Criticou a publicidade, o agronegócio e os maus hábitos alimentares do brasileiro. Todos os 300 ingressos disponibilizados gratuitamente para o evento foram esgotados. Na coletiva de imprensa realizada antes da palestra, Bela respondeu aos jornalistas algumas perguntas sobre alimentação.

a indústria alimentícia

EDUCAÇÃO PASSA PELA COZINHA

Segundo Bela Gil, quando se pensa em alimentação saudável, é preciso resistir, já que, “a indústria alimentícia usa artifícios muito convidativos, e até um pouco covardes, que tornam os alimentos muito baratos, práticos e gostosos. É muito fácil a indústria colocar goela abaixo o que a gente come, se não usarmos o conhecimento, a informação e a vontade como escudo para não sermos engolidos.”

“Quando nós educamos e interagimos com as crianças na cozinha, nós mostramos que isso faz parte da vida, que é normal, legal e bom cozinhar”, disse a culinarista. De acordo com Bela, cozinhar é um fator importante para o processo de amadurecimento das crianças, porque traz autonomia e responsabilidade sobre aquilo que se está consumindo.

Comida e política “Comer, para mim, é um ato político. A alimentação é uma ferramenta enorme de transformação econômica, ambiental, social, cultural e nutricional. Porém, só é um ato político se a gente tem oportunidade de escolha”, afirmou a entrevistada. No entanto, esta oportunidade de escolha passa pelos políticos, fator criticado pela chef. Ela ressalta a problemática da concentração de poder. “O sistema de produção e distribuição de alimento está na mão de poucas pessoas e a comida não chega no prato de quem precisa.

“ A gente produz comida para alimentar 9 milhões de pessoas, mas quase um terço vai parar no lixo ”.

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Soluções “Hoje eu vejo a agroecologia, com a sua visão de mundo mais justa e ética, como uma saída para que nós possamos levar comida de qualidade até a mesa de todos os brasileiros. Com uma boa repartição de terra, uma boa educação no campo e o apoio da sociedade civil, nós conseguimos alimentar o Brasil”, propôs ela.

Segundo a Associação Brasileira de agricultura, a agroecologia pode ser definida como um estudo da agricultura a partir de uma perspectiva ecologica, que visa a exploraçao de recursos naturais mantendo uma consciência ambiental.

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Fed Up: Os malefícios causados pela indústria de alimentos Documentário denuncia a indústria alimentícia como responsável pela obesidade nos Estado Unidos

Divulgação

DaianeTadeu

AÇÚCAR

COCAÍNA

Estudos demonstram que o consumo excessivo de açúcar eleva os níveis de dopamina no organismo de forma similar ao que acontece com a cocaína.

Apesar de não ter sido muito aclamado no ano de seu lançamento, “Fed Up” se mostra cada vez mais preciso. Produzido pela jornalista veterana Katie Couric e lançado mundialmente em 2014, o filme encara a obesidade sob a perspectiva dos hábitos alimentares e principalmente da indústria alimentícia. O documentário constrói sua narrativa alternando-se entre depoimentos de adolescentes que convivem com a obesidade precoce e entrevistas com especialistas na área da alimentação. Médicos e nutricionistas argumentam com políticos e representantes de grandes empresas sobre as causas do alto índice de obesidade nos Estados Unidos. Entretanto, desde o ínicio, “Fed Up” deixa claro de qual lado da disputa está, defendendo a tese de que mesmo quando os consumidores se disciplinam para se alimentarem bem, eles não conseguem. Os maiores culpados disso seriam os fabricantes de alimentos processados e as redes fast-food que aumentaram a quantidade de açúcar em seus produtos, mesmo nos de “baixo teor de gordura”, para torná-los mais palatáveis e viciantes. Assim, a população ficou viciada em produtos light e diet.

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Índice de obesidade nos Estados Unidos

Adultos 69,09%

Adolescentes 30,91%

O filme também aponta críticas ao governo norte-americano pelas medidas que relacionam alimentação e educação. A partir de 1981, o presidente Ronald Reagan reduziu em US$ 1,4 bilhão o orçamento para alimentação nas escolas, abrindo a porta para convênios com redes de fast-food como McDonald’s e Pizza Hut nos refeitórios escolares. Os índices são alarmantes, entre 1980 e 2010, os índices de diabete juvenil passaram de zero a 57.938 casos. Em meio a falta de informação sobre alimentação, resta aos consumidores que lutam contra a obesidade encher seus armários de produtos “light”, torcendo para que seus problemas de saúde não se agravem.

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Uso de agrotóxicos em cheque

Consumo de alimentos organicos vem aumentando nos últimos tempos.

Brasil é o país que mais consome produtos com aditivos quimícos no mundo Ingrid Watanabe De acordo com dossiê publicado pela Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco), em 2015, nos últimos dez anos o mercado mundial de agrotóxicos cresceu 93%, enquanto o mercado nacional cresceu 190%. Com tamanho impacto na economia, saúde pública e meio ambiente, o uso dos agroquímicos é amparado pelas normativas do país.

Orgânicos: uma solução? Vários estudos comprovam a inviabilidade do uso de agrotóxicos. Além do perigo de risco da saúde do administrador, os consumidores não estão isentos de consumir alimentos que possuem substâncias cancerígenas. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), ocorrem 20 mil óbitos ao ano devido à manipulação e consumo direto de defensivos agrícolas. Rafael Cruz, da ong Greenpeace, em uma de suas palestras em Brasília, destacou que os grandes responsáveis pela ameaça ao direito à alimentação são os ruralistas. A população não quer mais pagar o preço por uma agricultura suja e cara. Os brasileiros querem comer sem veneno, querem comer barato. Contra essa ideia não tem desmonte ruralista que dê jeito”. Pela legislação brasileira, considera-se um produto orgânico, seja ele in natura ou processado, aquele que é obtido em um sistema orgânico de produção agropecuária ou oriundo de um processo extrativista sustentável e não prejudicial ao ecossistema local.

Para a professora Patrícia Andrea Monquero, a situação exige uma intervenção do governo Somente com uma maior participação do poder público é que seria possível um uso mais seguro e sustentável do agrotóxico.“O grande problema é a falta de assistência técnica para os médios e pequenos produtores rurais. Então, desde que o governo trabalhe com assistência técnica qualificada, fazendo com que chegue a todos os produtores, é possível sim diminuir o uso, pois usaremos corretamente”. Entretanto, “ a praticidade no uso, eficácia de controle e obtenção de resultados a curto prazo tornam o controle químico a tática de controle mais utilizada no tratamento fitossanitário”, comenta o engenheiro agrônomo Carlos Raetano. Existe uma discussão muito grande acerca desse assunto entre defensores de agrotóxicos, principalmente entre a Bancada Ruralista no Congresso e ambientalistasEm novembro de 2017, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) liberou o uso de mais um agrotóxico (comprovadamente nocivo à saúde), sem consulta da sociedade. Em meio a muitas petições e apelos de pessoas conhecidas, como a Bela Gil, que teve mais de 13 mil assinaturas.

A FOME QUE VOCÊ SENTE QUANDO BEBE A fome estranha depois de beber é sim normal, e muitas pessoas sentem o mesmo que você Maria Carolina Dias

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As porções servidas nos bares, normaalmente gordurosas e fritas, reforçam os maus hábitos alimentares.

“ninguém bebe pensando em comer uns brócolis cozido no vapor. Acredito que o instinto das pessoas é recorrer às coisas mais gostosas e que consequentemente Comidas gordurosas e calóricas são no geral o que as pessoas mais buscam em sua alimentação após se embriagar, como afirma também o estudante Isaque Costa: “Eu prefiro comer na rua, opto por lanches, mas se tiver em casa acabo preparando algo fácil como misto quente, mas nunca apenas um”. O estudante que assume gostar muito de comer normalmente nota que seu apetite aumenta quando bebe, mas que não foi sempre assim: “Acho que o principal motivo para o aumento desse apetite é por eu ficar muitas horas bebendo sem comer, seja em uma festa ou em uma social na casa de alguém”.

Amauri Junior

Deixou de ser um boato, ingerir bebidas alcoólicas está relacionado ao aumento de fome. O que podia um mito se tornou verdade após pesquisas feitas por cientistas britânicos em camundongos. Ao ingerir bebidas alcoólicas automaticamente o corpo humano ativa os sinais cerebrais responsáveis por alertar o corpo de que estamos com fome. Pessoas que costumam beber e tem seu apetite aumentado, não é apenas uma coincidência, mas segundo pesquisas há sim uma ligação direta de bebidas alcoólicas com a fome. Mas isso varia de casos para casos, já que nem todos os seres humanos podem sentir essa fome excessiva. Há quem comprove o que os estudos dizem, como é o caso do estudante Marcos Vinicius Spegiorin de apenas 20 anos, que após beber sente muita vontade de comer. “Geralmente eu como coisas que tem bastantes calorias ou são gordurosas. Independente de ser doce ou salgada” relata o rapaz. Marcos ainda conta que pelo menos de segunda a sexta, tenta manter uma alimentação regrada, nutritiva e saudável. Evitando frituras e muito açúcar. Mas ao ser questionado ao motivo pelo qual saí da dieta quando bebe, o jovem responde:

Excepcionalmente Isaque Costa nem sempre comeu apenas o comum, ele já ousou um pouco mais em combinações enquanto estava bêbado. “Já fiz umas misturas bem loucas de comida, quando não tem algo que aguça minha vontade acabo pegando qualquer coisa em casa e misturando, um exemplo disso foi o dia que comi quibe cru junto com bolacha Mabel”, conta o rapaz.

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GOURMET: A OPORTUNIDAde perfeita para mais uma fotografia na rede O raio gourmetizador vem atingindo não só o público, mas os estabelecimentos que evoluem para se manter nesse meio Maria Carolina Dias “Gourmet” é uma palavra surgida em 1825, pelo gastrônomo francês Jean Brillat-Savarianno. Porém o processo de gourmetização dos produtos é recente, faz pouco tempo que as pessoas começaram a se adaptar e aderir à ideia de que transformar um alimento simples em algo mais produzido e elaborado, seria moda.

Fotos de comida dominam todas as redes sociais

Neusa Gonçalves, de 54 anos, que apesar de usufruir das redes sociais como o Facebook, não é adepta a divulgação e exaltação das comidas na internet, acha o preço cobrado pelas comidas gourmets um absurdo. “Em uma mesma sorveteria, duas bolas de sorvete na casquinha era um preço, e como era mostradas na propaganda, duas bolas de sorvete na taça, era mais de 5 reais a mais. Imagina só, pagar 5 reais a mais por uma taça?”.

“É uma moda sim, a visibilidade que dá você colocar aquilo em uma rede social. Pode ver que essas comidas gourmet são sempre objetos de fotografia antes de ser alimento”, opina Melissa Nascimento, estudante de 20 anos que se declara como uma consumidora frequente dos produtos gourmet.

Ao contrário da jovem estudante, que além de consumidora desse raio gourmetizador atual, faz parte do grupo de pessoas que divulga seu consumo através de fotos nas redes. “É um absurdo pensar o quanto o preço sobe pela aparência, às vezes nem vale a pena, mas isso não vai acabar né? Somos a geração que considera mais a aparência e as curtidas valem muito mais”.

Tudo aquilo que é sofisticado, tem certa elegância é considerado gourmet. Um lanche bem apresentado, um sorvete diferenciado com uma montagem em uma taça moderna, uma pizza com uma borda diferente, muitas comidas clássicas vem se aprimorando para deixar de lado o padrão e chamar a atenção do público com um lado gourmet.

A dona do estabelecimento ainda relata que não precisa ter um ingrediente importado, um produto realmente diferenciado, o que realmente os consumidores levam em consideração é a aparência. “Com receio de que não desse certo, no início eu produzi hot dog, e outros lanches normais. E como forma opcional servi-los na barca. E o número de clientes que buscavam pelo produto na barca era evidentemente maior. Melissa concorda com a ideia de que a aparência acaba sendo mais importante do que o sabor, quando se vai escolher um produto para consumir. A mesma ainda reforça ideia de que a internet é a principal disseminadora dessa moda gourmet. “Todo mundo quer aumentar o ego, e podendo Comida no Divã Bauru, janeiro de 2018

Maria Beatrz Leonel

Como é o caso de Larissa, dona do estabelecimento comercial che na Barca”. Larissa disse que teve a ideia de abrir uma lanchonete um pouco diferente dos padrões, pois já trabalhava com doces na barca, e via futuro nessa ideologia. “É brigadeiro, beijinho, sorvete, bolo, tudo a gente colocava na barca e ficava bonito, digno de fotos no Facebook e Instgram, mas doces não eram o meu forte. Então pensei, porque não lanches na barca?” conta a empreendedora.

“Pode ver que essas comidas gourmet são sempre objetos de fotografia antes de ser alimento”.

do que um consumidor pagaria por um lanche sem a apresentação na barca.

“É um absurdo pensar o quanto o preço sobe pela aparência, às vezes nem vale a pena, mas isso não vai acabar né? Somo a geração que considera mais a aparência e as curtidas valem muito mais”. GOURMET X ARTESANAL:

Há algum tempo, se tornou comum escutar os termos “artesanal” e “gourmet” quando vai se referir a gastronomia. Hamburguer artesanal, hamburguer gourmet, pizza artesanal, pizza gourmet, cerveja artesanal, cerveja gourmet, são tantos produtos, mas o que de fato difere o que é gourmet, do que é artesanal? Gourmet é basicamente tudo aquilo que se refere a alta gastronomia, que seja sofisticado e/ou refinado. Enquanto artesanal, como seu próprio nome se refere, significa que o produto é produzido, em sua maioria, a mão, pelos artesãos. O gourmet, mesmo se tratando de produtos nobres, estes são geralmente industrializados, enquanto aqueles que se enquadram no conceito de alimentos artesanais, estes tentam utilizar o menor possível de produtos industrializados em seus procedimentos.

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Talos, raízes e cascas, a palavra de ordem agora é aproveitamento.

A moda da marmita é uma opção viável para quem tem pouco tempo

Maria Carolina Dias

Menos lixo mais comida Ingrid Watanabe Segundo dados da Organização das Nações Unidas para alimentação e agricultura (FAO), um terço dos alimentos produzidos no mundo nem chega à mesa. Eles se perdem no caminho ou são descartados por não seguirem os “padrões de beleza” do mercado. uma residência brasileira desperdiça em média 20% dos alimentos que compra semanalmente e, a cada ano, o Brasil joga fora R$ 12 bilhões de reais com o desperdício de alimentos. “verdade seja dita, uma fruta ou um vegetal bonito tem muito mais chances de ser escolhido no lugar daquele que tem alguma marquinha ou está um pouco passado”, é o que afirma a estudante Camila Prado enquanto faz compras no mercado. A produção de alimentos no mundo, em relação ao período de 2005 a 2007, precisa aumentar 60% até 2050 para suprir a crescente demanda resultante do crescimento da população no mundo e aumento do consumo nos países em desenvolvimento. A necessidade de maior produção gera maior pressão sobre recursos naturais escassos, como solo, água e energia. A alimentação sustentável é um caminho e sabendo disso, cada vez mais criam-se movimentos a favor do reaproveitamento, cascas, talos, raízes e “restos” tudo vira comida. O descarte de alimentos na cozinha, na pós colheita, na comercialização e principalmente no transporte, faz com que uma média de 1,3 bilhão de toneladas de alimentos sejam descartados anualmente. Estima- se que 28% dos alimentos que chegam ao final da cadeia em países latino-americanos são desperdiçados. Enquanto o Brasil descarta mais do que o necessário para acabar com a insegurança alimentar no país, apenas um quarto do desperdício agregado dos EUA e Europa é suficiente para alimentar as 800 milhões de pessoas que ainda passam fome no mundo.

Sem desperdício O pesquisador em nutrição e gastronomia saudável Flávio Passos, é uma das personalidades que defende a alimentação sustentável, em seu programa de televisão “Comer bem, que mal tem?” por lá, ensina receitas que reaproveitam sementes, talos e até casquinhas do grão de bico, por exemplo. Apesar de receber muitas críticas, conquistou muitos fãs e seu e-book sobre alimentação saudável já foi baixado milhares de vezes. “De tanto assistir o Flávio cozinhar, deu vontade de começar também”, destaca a estudante Charlotte Ferreira. “As opções são muito variadas e as receitas também, as partes não convencionais dos alimentos podem ainda ser utilizadas em sopas, saladas, sucos, geleias, compotas e até como aperitivos”. Há diversas práticas para diminuir esse desperdício. A mais indicada delas, de acordo com a ONG Banco de Alimentos, é o chamado Aproveitamento Integral dos Alimentos (AIA).

“verdade seja dita, uma fruta ou um vegetal bonito tem muito mais chances de ser escolhido no lugar daquele que tem alguma marquinha está um pouco passado”.

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MOVIMENTO DAS MARMITAS: OPÇÃO OU NECESSIDADE? Tempo, trabalho, dinheiro - por esses motivos as marmitas se tornam frequentes na vida de trabalhadores e estudantes Maria Carolina Dias Dias corridos e muitos gastos são geralmente as justificativas para que as pessoas optem pelas marmitas em suas refeições diárias. Como é o caso do estudante Victor Hugo de Oliveira, que leva todos os dias marmita para o cursinho. “Meu intervalo de almoço é de 12h às 13h30, eu pego dois ônibus da onde eu moro para chegar no cursinho, não tem chances de eu conseguir almoçar em casa”. O cursinho que se localiza na Av Rio Branco, em Bauru, tem diversos restaurantes nas proximidades, mas Victor alega que não tem condições financeiras de pedir marmita ou almoçar em restaurantes todos os dias. “Eu tenho aula de segunda a sábado, um almoço meu em um restaurante custaria em torno de 5 a 10 reais, imagina pagar isso todos esses dias no mês?”, questiona. No geral, quando a justificativa envolve gastos, produzem suas marmitas, mas quando a luta é especificamente contra o tempo, o consumo se torna mais viável. Como é para Aline dos Anjos, que há oito meses trabalha como secretária em uma revista e tem horários curtos de almoço, mas que tem condições de comprar sua própria quentinha. “Desde que comecei a trabalhar nesse novo ambiente, que é bem longe de casa, eu optei por pedir marmitas todos os dias no serviço, pois o gasto que eu teria de ir sempre para casa seria o mesmo que eu gasto com marmitas”, comenta a secretária. As opções de cardápios de marmitas são diversas e até mesmo quem segue dietas ou tem restrições alimentares podem se sentir incluídas. José Victor Pistori, gastrônomo, depois de formado iniciou vendas de marmitas conforme as exigências e restrições dos clientes. “Desde a faculdade, comecei a ter interesse pela alimentação funcional, o que foi tema para o meu TCC, com isso, tive a ideia de unir a alimentação funcional para o dia a dia das pessoas, através de marmitas personalizadas”, conta o gastrônomo. José Victor ainda afirma que a busca pelas suas marmitas personalizadas têm perfis variados, de homens e mulheres, acima de 20 anos, que trabalham com horários muito corridos. “Geralmente as pessoas alegam que as marmitas são mais eficientes para se manterem saudáveis no ritmo do dia a dia, pois muitos que não vão almoçar em casa, e não querem acabam se propondo a fazer suas refeições em lanchonetes e fast food, seja por restrição ou dieta”, complementa o cozinheiro.

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Daiane Tadeu

Muitas Embalagens de suco contém afirmações enganosas como “sem adição de conservantes”.

VOCÊ REALMENTE SABE O QUE COME? As mentiras por trás dos rótulos de alimentos

DaianeTadeu Indo ao mercado, é comum encontrar nas prateleiras diversos produtos alimentícios, que apesar de serem industrializados, possuem em suas embalagens dizeres como “sem conservantes” ou “sem adição de açúcares”. Mas será isso realmente verdade?

cine Lima, outros problemas na atual rotulagem nutricional são a falta de confiabilidade dos valores nutricionais recomendados nos produtos, rótulos que não comunicam o risco de consumo do alimento e desconfiança no percentual de gorduras, como a gordura trans.

Segundo o movimento “Põe no rótulo”, grupo que luta para a inclusão de informações sobre alergênicos nas embalagens de alimentos no Brasil, ainda existem muitos problemas nos rótulos dos produtos comercializados aqui.

Esses fatores, aliados a uma apresentação gráfica inadequada das embalagens, refletem em uma pesquisa realizada pelo Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec). A pesquisa feita entre junho e julho de 2016 aponta que apenas 25% das pessoas entendem totalmente o que está escrito na tabela nutricional dos alimentos e os ingredientes que constam nos rótulos.

“É muito comum listas de ingredientes praticamente ilegíveis e que contém nomes técnicos que, muitas vezes, mascaram a presença acentuada de açúcares em um mesmo produto como a maltodextrina e o xarope de glucose. Por que não esclarecer que isso tudo é açúcar?”, questiona Fernanda Mainier Hack, coordenadora do movimento. Outra pegadinha bastante recorrente nas embalagens brasileiras é a afirmação “sem conservantes”, comum em bebidas industrializadas como os sucos de caixinha. No entanto, ao olhar a lista de ingredientes destes produtos, é frequente encontrar componentes como antioxidantes e antiespumantes, além de diversos outros aditivos que também servem para aumentar a durabilidade da mercadoria. Os fabricantes destas bebidas infringem uma legislação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), de janeiro de 2016, que estabelece que “alimentos embalados não podem conter quaisquer informações que possam induzir o consumidor a erro ou engano quanto à verdadeira composição do alimento”. Assim, os consumidores podem denunciar esses fabricantes por produzirem embalagens e propagandas enganosas. De acordo com a jornalista e mestre em saúde pública, FranComida no Divã Bauru, janeiro de 2018

POSSÍVEIS SOLUÇÕES Em 2014, a Anvisa aliada a diversos especialistas criou grupos de trabalho para discutir mudanças a serem implementadas na legislação de rotulagem de alimentos, já que, a legislação atual é de 2002. Diferentes modelos de embalagens estão sendo estudados pela agência. Entre eles, o apresentado pela Associação Brasileira da Indústria da Alimentação (Abia), o desenvolvido pelo Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec) e o da Fundação Ezequiel Dias (Funed). Todos esses modelos defendem que as informações nutricionais passem a ser colocadas na parte da frente da embalagem, e não mais no verso, como é hoje. A rotulagem frontal foi adotada no Chile em 2016 e, segundo Fernanda Mainier Hack, “tem se mostrado como uma maneira de permitir que o consumidor separe o que é publicidade do que realmente está contido no produto.

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“Eu seguia meus hábitos alimentares normalmente, eu comia doce, comia fritura, comia gordura, comia basicamente de tudo um pouco. Mas após todas as refeições que eu sabia que era gordurosas, eu me arrependia e eu tomava um comprimido de laxante. Fiz isso por mais ou memos seis meses. E recentemente, assistindo o filme “O minímo para viver”, eu acabei indo ao médico e descobrindo que estou com anorexia.” - Karolina Negreiros, 19 “Eu era a louca do regime, já fiz todo e qualquer regime que se imagina. E perder o hábito de comer tudo que a gente gosta por um corpo perfeito é muito difícil. Entrar numa dieta balanceada também era, então a gente sempre procura pelo resultado mais fácil né? Essa dieta de jejum intermitente, nem tinha esse nome na época em que eu fiz. Mas o que eu fazia era basicamente isso, eu ficava de 12 a 24 horas sem comer, e aí eu podia fazer uma refeição depois desse período e depois dessa refeição eu retornava ao jejum de 12 a 24 horas. Era basicamente uma refeição por dia. Dava resultado, e eu me empolguei demais, fiquei três meses fazendo isso. Até que um dia eu vomitava muito, eu passei o dia vomitando, e vi que tinha algo de errado. Fui no hospital e tive que passar a noite tomando soro, pois estava muito fraca e a ponto de ficar doente de verdade.” - Janice Satiko, 50

OS MAUS HÁBITOS ALIMENTARES QUE AS PESSOAS CRIAM EM BUSCA DO CORPO PERFEITO Ouve-se falar sobre muitas dietas, mas você sabe os malefícios que pode trazer se você crias hábitos alimentares sem o auxílio de um profissional? Maria Carolina Dias A busca pelo emagrecimento que tanto as pessoas aspiram, ainda tem como base os hábitos alimentares. E existem muitas dietas e hábitos distintos, mas há alguns desses que podem inclusive trazer vários problemas sérios de saúde. Há clássicos das dietas e hábitos, como tomar um copo de água com limão em jejum, ficar sem comer carboidratos no período noturno, comer de três em três horas e outras. Porém há algumas que são mais radicais, que apesar de trazer resultados mais rápidos, pode acarretar alguns problemas de saúde. Como é a dieta do chiclete, que a estudante Laura Stein, antes de realizar a cirurgia bariátrica, tentou realizar na tentativa de emagrecer, mudando seus hábitos alimentares, de forma que comesse menos. A dieta do chiclete é o seguinte: você faz poucas refeições no dia, no geral uma, ou no máximo duas e o resto do tempo você fica mascando chiclete para suprir a vontade de comer. “Eu fiz isso por uns dois ou três dias, mas eu acabei tendo que interrompe-la, no segundo dia eu estava sentido muita dor no estomago, algo absurdo”, conta Laura. Mas para a moça além de não trazer resultados na balança, trouxe um problema muito maior. “Essa dor absurda continuou por um bom tempo, sempre que comia determinadas coisas. Achei estranho que não passava e resolvi ir ao médico, e descobri uma gastrite que até então não conhecia”.

Comida no Divã Bauru, janeiro de 2018

A dieta do chiclete não é a única, tem a dieta do ovo cozido, no qual a pessoa deve comer apenas três ovos cozidos durante o dia todo. Três ovos ao dia equivalem a aproximadamente 210 calorias, sendo que uma dieta de até 500 calorias já é considerada de alto risco de desnutrição, imagina ter apenas 210 calorias sendo postas no corpo durante um grande período de tempo? Isso possui um risco de hipotensão ou até mesmo coma. A seguinte é a dieta da clara de ovo, que é muito mais perigosa, já que a gema é rica em vitamina B, enquanto a clara tem em média 20 calorias. Mesmo que ingerida como o indicado, seriam de três a quatro ingestões de clara de ovos por dia, que equivale a no máximo 80 calorias. Sendo assim, os riscos de coma, muito maiores. A última a ser enfatizada é a dieta do gelo, pode inclusive parecer uma brincadeira, mas não é. A funcionária pública Maria Rosalina Gonçalves, já testou, e não conseguiu passar de dois dias seguindo essa ideia. “Eu desisti, no segundo dia sem praticamente comer nada, eu estava me sentindo muito fraca e com muita fome, apesar de manter gelo na boa, de fato parecer que estamos sendo alimentados, como ele não nos enche essa fome só aumenta”, afirma Maria. A redução de peso, que é o principal motivo para as pessoas criar esses maus hábitos alimentares, é atingido facilmente, por conta da grande restrição calórica. Porém como visto, não só as que foram citadas, mas muitas outras dietas exageradas, não são recomendadas, e podem acarretar problemas sérios a saúde, tanto a curto, como a longo prazo.

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plantas típicas promoveM retomada às origens Plantas Alimentícias Não-Convencionais (Panc) se mostram como um caminho para maior diversidade na mesa Caroline Cardillo

No entanto, toda essa diversidade infelizmente ocupa pouco espaço quando se pensa nos hábitos alimentares do brasileiro. Pense no seu cardápio da última semana e se atente a quantas vezes os mesmos alimentos aparecem. É estimado que 90% do todo alimento do mundo venha de apenas 20 das 30 mil espécies comestíveis conhecidas Rapoport e Drausal. Lutando contra essa monotonia, surge o movimento das PANCs - Plantas Alimentícias Não Convencionais. A ideia principal é explorar o potencial nutritivo de plantas, que não são necessariamente exóticas ou desconhecidas do público geral, mas pouco divulgadas pelo seu potencial como alimento. A samambaia, por exemplo,é Panc, podendo ser utilizada no preparo de refogados e saladas. O mamão também - a fruta se refogada ainda verde apresenta uma textura que o assemelha a um legume.

caça ás panc

crédito:Neide Rigo

Essas novas possibilidades apresentadas pelas PANCs estimularam a nutricionista Neide Rigo a inaugurar o projeto Panc na City no início do ano passado. A iniciativa consiste em pequenos grupos de passeio guiado pelo bairro da City Lapa em São Paulo a procura das espécies comestíveis. A programação ainda conta com um almoço preparado com ingredientes não convencionais para ilustrar como aproveitá-los

Comida no Divã,Bauru, janeiro de 2018

“Me sentia mais atraída ainda por conhecer aquelas (plantas) que pouca gente conhecia. Minha família é do campo e então já faziam uso de muitas espécies que hoje recebem o nome de Panc” Em suas procuras com o Panc na City, Neide encontra uma grande universo de espécies e entre as mais comuns estão bredo, mentruz, major-gomes, alho silvestre, erva-de-ganso e beldroega. Para quem está começando a se aventurar no universo das Pancs, a nutricionista recomenda algumas leituras. ‘’Comece lendo e conversando com quem já conhece. E não se desespere para tentar aprender tudo de uma só vez”. Um começo para esse caminho pode ser o livro do pesquisador botânico Valdely Kinupp ”Plantas Alimentícias Não Convencionais (Panc) no Brasil (Editora Plantarum). A obra explora as características morfológicas, locais onde aparecem, modos de preparo de mais de 500 espécies.

Papa das pancs Valdely Kinupp cunhou o termo Panc há 10 anos em sua tese de mestrado. Hoje o pesquisador é um grande divulgador e defensor das possibilidades apresentadas pela biodiversidade brasileira. Como podemos incentivar uma reconexão com os nossos próprios ingredientes? ...Na última reunião do BFN até o presidente da Embrapa comentou sobre as Pancs em sua palestra, mas infelizmente a própria Embrapa e os outros órgãos de pesquisa, extensão e de ensino(...) tem tem virado as costas para a nossa biodiversidade. Todas as pesquisas e o grosso dos investimentos são para plantas da Europa ou da Ásia. Então a gente tem que investir justamente no conhecimento das frutas e hortaliças Pancs...

Hoje existe alguma PANC que tenha um forte potencial comercial?Como o que aconteceu com o açai nos últimos anos ...O açai é um exemplo fabuloso, o Cupuaçu está seguindo esse exemplo, mas mesmo o açai ainda é muito subutilizado. Agora mais recentemente que ele tem entrado na panificação nos bolos, molhos salgados e não só ficando em sorvetes mousses,suco de açai, acai na tigela.Ele está tomando um novo corpo, por exemplo, o caroço do açai que está na meu livro, o chaí, usado pra fazem um chá ou café de açai. Tem até gente produzindo o jussaí na mata atlanta que é a combinação na jussara com o açai. Agora temos varías outras plantas, como o ora-pro-nobís, uma cactacea popularmente conhecida como “carne de pobre”, chegando a ter de 25% a 32% de proteína em base seca.Até um projeto foi criado pela Embrapa Hortaliça e a empresa Proteios para produzirum concentrado proteico vegetal á patir da planta em largano Estado do Paraná...

credito: Neide Rigo

O Brasil é notadamente conhecido pela sua biodiversidade.De fato, em seus 8,5 milhões de quilômetros quadrados, o país abriga 20% das espécies existentes, sendo considerado a principal potência megadiversa do mundo.


Hora de comer: os hábitos das famílias mudaram? Durante a semana eu ou a minha filha cozinhamos todas as refeições, as vezes ainda meu marido, mas não temos o hábito de sentar na mesa pra almoçar ou jantar, comemos na sala, as meninas comem no quarto assistindo tv, só se formos para a casa de algum parente que nos reunimos. Gostamos mesmo é de sair pra comer, fazemos isso umas duas vezes por semana e vamos sempre para uma pizzaria, lanchonete. Conhecemos bem a praça de alimentação do Bauru Shopping (risos).

Familia Quiló Ao longo do dia cada um come num lugar, como nossa filha estuda em período integral, eu estou na faculdade e minha esposa no trabalho, cada um faz sua rotina, só à noite que ficamos todos juntos para jantar e quando chega o final de semana são todas as refeições juntas também, e normalmente sou eu quem cozinha. Quando bate aquela preguiça saímos pra comer fora, mas não passa de duas vezes no mês, fast food é mais raro ainda, a cada dois meses mais ou menos. Mesmo fora de casa preferência é refeições completas, por isso optamos por restaurantes.

Família Primoli

Agora que a família está longe, nos reunimos pouco, só no natal e nas festas, mas no dia a dia nós dois mantemos hábitos como o de fazer todas as refeições à mesa e cozinhar todo dia. A gente sabe que na nossa idade não é bom comer sempre essas comidas prontas, por isso é só de vez em quando. A preferência é mesmo por carnes brancas, legumes,ou mesmo uma carne de vaca magra no almoço, e no café frutas, leite, café e pão integral. Fritura de jeito nenhum.

Família Garcia


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