Mobiliário flexível O espaço privado na coabitação
Mobiliário flexível O espaço privado na coabitação
Carolina Miki Ojima Orientador: Prof. Dr. Giorgio Giorgi Jr. Trabalho Final de Graduação Faculdade de Arquitetura e Urbanismo Universidade de São Paulo Julho de 2016
AGRADECIMENTOS Ao meu orientador, professor Giorgio Giorgi Jr., por guiar, questionar e libertar. Às professoras Tatiana Sakurai e Myrna de Arruda Nascimento por todos os ensinamentos na graduação e por gentilmente aceitarem participar da banca avaliadora desse trabalho. Aos meus pais, Satie e Fabio, pelo amor incondicional e por sempre terem priorizado a educação. Ao meu irmão e melhor amigo, Caique, pela companhia, pelas risadas e pela ajuda doméstica durante o trabalho. Aos meus colegas da FAU e dos estágios pela amizade e ensinamentos diários. Em especial, aos queridos amigos André Kakuta, Andre Sato, Felipe Barradas, Fernanda Hee Chang, Kiyoshi Chida, Luciana Nakao, Mariana Fugihara, Natalia Metolina e Paula Kagueyama, que tornaram os momentos na FAU ainda mais especiais. À todas as repúblicas que abriram suas casas e me receberam de coração aberto para as visitas e conversas e à todas em que morei. Sem vocês, esse trabalho não seria possível. Ao Andre Hiro(yuki) Yoshioka, pelo carinho, companheirismo e ajuda nesse trabalho e sempre. Muito obrigada.
sumário
apresentação
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motivações
09
introdução
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coabitação
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antinomadismo
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alternância
23
compacto
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fluidez
27
visitas
30
referências
60
mercado
61
categorização de projetos
66
processo
80
projeto final
118
considerações finais
151
bibliografia
153
01
APRESENTAÇÃO
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motivações
Sempre ouvi dizer que o Trabalho Final de Graduação seria uma síntese de nosso aprendizado e recorte do que nos interessou e nos instigou mais durante a faculdade. Ao longo da graduação, alguns temas me envolviam com um apreço especial e, talvez não por coincidência, foram de encontro com questões pessoais. Ao ingressar na Universidade, assim como muitos outros estudantes, deixei a casa dos meus pais e passei a morar em coabitação com outros estudantes, as chamadas repúblicas estudantis. Ao longo dos seis anos, me mudei várias vezes, convivi com pessoas diferentes em apartamentos de diversas tipologias. Através dessas experiências, percebi algumas incoerências entre o que existe e o que precisamos, entre a rigidez do espaço da habitação e a multiplicidade de atividades e costumes dentro de um espaço de tamanho reduzido. Assim, temas com os quais tive contato acadêmico deram pistas do que poderia ser a base para pensar, discutir e projetar para a flexibilização do espaço em que vivemos, de forma que ele seja mais condizente com o que necessitamos para que ele se torne um lar.
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INTRODUÇÃO
Há uma grande diferença entre o significado das palavras casa1 e lar2. Atribui-se a primeira a noção de proteção, um local de abrigo e refúgio. Já a segunda denota a ideia de aconchego e relação familiar. Por sua vez, a palavra aconchego traz o significado atrelado a acolhimento, amparo físico, comodidade, conforto, conceitos muito subjetivos. Ter uma casa não significa necessariamente ter um lar. Para que haja identificação com a moradia onde vivemos, é necessário que esta atenda nossas necessidades e traga conforto, tanto físico quanto psicológico. “O lar não é um lugar físico, mas uma necessidade móvel: onde quer que se esteja, o lar sempre deverá ser encontrado em outro lugar. O poder de deslocamento do lar, essa jornada do exílio, para aqueles que vêm de fora, oferece a possibilidade de submeter-se de novo ao apego, sob a égide da vontade.” (Sennett, 2002, p.207) O estilo de vida contemporâneo é marcado pela dinamicidade: rápidas transformações na rotina e na composição familiar, troca de empregos e endereço e a constante sensação de falta de tempo. Em contrapartida, as casas e apartamentos têm quartos com medidas fixas, determinadas por paredes; os móveis são grandes, pesados e, portanto de difícil transporte. A moradia não se adapta bem às mudanças, detectando-se assim, uma contradição entre a flexibilização da sociedade e o caráter demasiadamente rígido das construções existentes.
1. Sua origem está associada ao termo skaad, de raiz indo-europeia, que remete às noções de cobrir, proteger. Skiá, é sombra em grego, skené, seria o anteparo que protege o coro do teatro, e schatten é sombra em alemão. (Lemos e Menezes, 2006, p.8) 2. A origem da palavra lar denota a associação com o aconchego do espaço onde o fogo está aceso para cozinhar, principalmente porque lar é o nome da pedra do fogo romano. Lar remete à ideia de grupos de pessoas que se reúnem ao redor do fogo para conversar, se aquecer ou mesmo se alimentar. (Barbosa, 2012, p.37)
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“The urban campsite”, Eduard Böhtlingk. Exemplo de arquitetura flexível citado na obra de Robert Kronenburg: “Flexible Architecture”.
Deve-se assim, desenvolver e implantar a chamada Arquitetura flexível, a qual é uma resposta ao fato de que as construções possuem um tempo de vida útil longo e complicado, no qual as condições de uso mudam drasticamente. Numa escala maior, elas são inseridas permanentemente em determinados locais, enquanto o entorno se mantém em transformação, com novas edificações, infraestrutura, pessoas e atividades. Numa escala menor, a maneira com que a construção é utilizada pode mudar radicalmente dependendo do uso que emprega-se a ela com o passar do tempo, o qual varia conforme o avanço da tecnologia, mudança de costumes e necessidades. Portanto, o caráter permanente e demasiadamente rígido da Arquitetura não está de acordo com a realidade, evocando a elaboração de projetos mais flexíveis em sua forma, modo de uso e conceito. (Kronenburg, 2007). Além disso, a especulação imobiliária dificulta a ocupação dos centros das cidades pelas classes de menor poder aquisitivo, forçando-as a morar longe dos polos de trabalho, comércio e lazer. O resultado disso é uma compressão ainda maior do tempo livre devido a necessidade de grandes e tumultuados deslocamentos diários. Os novos empreendimentos imobiliários estão cada vez mais reduzidos em sua volumetria, expulsando gradativamente a parte de serviço de dentro dos apartamentos para as áreas comuns dos condomínios. Várias atividades domésticas passam a ser realizadas fora do apartamento, tais como as comemorações importantes da família, ou mesmo o simples ato de receber amigos nos fins-de-semana e que passam a ser compartilhadas, também, com vizinhos. (Amorim e Loureiro, 2005).
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Por um lado, crescimento da importância desses espaços coletivos atribui um caráter de convivência maior entre os moradores, alterando positivamente a dinâmica social. Por outro, a redução de área desacompanhada de diminuição de preços dos imóveis atua a favor das construtoras, as quais utilizam estratégias de marketing para atribuir um caráter nobre aos chamados lofts3 e apartamentos studio4, os quais não são semelhantes a kitnets5, de conotação pejorativa por trazer ideia de algo barato, mascaradas com o nome novo grafado com estrangeirismo.
à esquerda: exemplo de kitnet. fonte - vivareal ao centro: exemplo de loft. Dogarilor Apartment Building por ADN Birou de Arhitectura. Imagem por Cosmin Dragomir. à direita: exemplo de studio. fonte bigofertaimoveis.
3. Loft: Surgidos a partir da reciclagem de antigos imóveis comerciais, galpões ou depósitos, tem tamanho maior que os studios. Os apartamentos possuem cozinha americana e áreas livres e acabamentos internos com instalações aparentes. O pé direito duplo possibilita a implantação de um mezanino onde é instalado o dormitório ou a suíte. 4. Studio: Semelhante ao loft com pequenas diferenças. O studio é caracterizado por apresentar algumas divisões internas a mais que o loft, como, por exemplo, o quarto privativo, delimitado com paredes. Os prédios de studios costumam dispor de boa infraestrutura de serviços e lazer. Os serviços de lavanderia e cafeteria são cobrados à parte. 5. Kitnet (kitchenete ou quitinete): é um apartamento pequeno, com cerca de 20 a 35 m². A principal característica é possuir apenas um cômodo e banheiro. O cômodo único integra quarto e cozinha. Definições disponíveis em http://exame.abril.com. br/seu-dinheiro/noticias/entenda-as-diferencas-entre-tipos-de-imoveis; acesso em Junho de 2016.
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O objetivo deste trabalho é possibilitar a flexibilização do espaço da habitação de forma a torná-la mais condizente com as necessidades da sociedade contemporânea. O público alvo e a escala de projeto foram determinados após parte da pesquisa teórica e avaliação de referências. Elegeu-se assim, uma das parcelas da população mais marcadas pela tendência de estilo de vida nômade e mutante: os estudantes e trabalhadores jovens que coabitam em moradias denominadas popularmente como “repúblicas”, no intuito de dividir os gastos e poder arcar com as despesas. Esse recorte foi feito tanto por sintetizar o tema, quanto pela proximidade pessoal com esse universo. Uma das premissas é propor algo que fosse condizente com a realidade atual do público alvo, o qual geralmente ocupa casas e apartamentos planejados para famílias tradicionais. Optou-se assim, pela escala do mobiliário, o qual poderia resolver alguns impasses dos usuários com o mínimo de impacto no espaço construído, já que é possível modificá-lo sem a necessidade de reformas. O equipamento doméstico6 deve dar apoio às atividades básicas bem como servir de base para armazenar os pertences mais comuns. O projeto procura facilitar o convívio entre pessoas provindas de famílias, costumes e culturas diferentes, intermediando entre a privacidade e coletividade sob um mesmo teto. Deseja-se agregar ao mobiliário o valor de um espaço fechado em si mesmo do ponto de vista psicológico, dando a sensação de totalidade e lar dentro da unidade compartilhada, sendo também transportável e transformável para acompanhar o usuário durante sua trajetória por diferentes moradias.
6. O termo “equipamento doméstico” foi sugerido por Le Corbusier para substituir o termo mobiliário, como novo vocábulo, em Cahiers d’Art, n.3, 1926.
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coabitação
É importante analisar a sociedade contemporânea do ponto de vista sociológico para entendermos como se dão as relações na coabitação. Para Zygmunt Bauman7, os laços humanos hoje se estabelecem de forma muito distinta às de vinte anos atrás. Uma das evidências é a diferença entre comunidade, a qual caracterizava as relações interpessoais, e a dita network8, a qual passa a ser o grande expoente contemporâneo dos vínculos sociais. “(...) Qual a diferença entre comunidade e as redes? A comunidade precede você, você nasce em uma comunidade. Por outro lado temos a rede, o que é a rede? Ao contrário da comunidade, a rede é feita e mantida viva por duas atividades diferentes. Uma é conectar e outra é desconectar, e eu acho que a atratividade do novo tipo de amizade, o tipo de amizade do Facebook, como eu a chamo, está exatamente aí. É tão fácil de desconectar. É fácil conectar, fazer amigos. Mas o maior atrativo é a facilidade de se desconectar.” Para Bauman, desconectar-se de um amigo hoje deixou de ser um evento traumático e difícil para reduzir-se a simplesmente pressionar a tecla delete. Tão fácil quanto estabelecer um vínculo afetivo, é desfazê-lo. Esse fato marca a cultura dos tempos atuais, na qual as relações afetivas influenciam muito em como vivemos, trabalhamos e fazemos escolhas. A perenidade das relações interpessoais torna as pessoas mais independentes umas das outras, proporcionando mais liberdade para mudanças na rotina, no
7.
Zygmunt Bauman é sociólogo polaco.
8. o autor utiliza o termo como nomenclatura para as redes sociais existentes atualmente como o Facebook, Instagram, Twitter, etc. 9. trecho retirado de vídeo-entrevista – Londres, 25 de Julho de 2011. Disponível em http://www.updateordie.com/2015/03/31/vivemos-tempos-liquidos-nada-e-para-durar/ acesso em 20 de Novembro de 2015
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postagens na rede social Facebook em grupos de interesse em repúblicas citados.
estilo de vida e endereço, fator que se reflete na formação das coabitações. Pessoas se unem por conveniência em moradias, sem necessariamente ter um vínculo afetivo, unindo-se e separando-se sem muitas complicações. Muitas das repúblicas são formadas por contato em redes sociais, entre pessoas que não se conhecem previamente. Os grupos do facebook, entre outros, são comumente procurados por pessoas que têm o interesse em morar com outras pessoas. Esses grupos funcionam como uma central de anúncios informais de vagas em casas, apartamentos, kitnets, com informações como localização, despesas mensais e características do imóvel. Também são especificados requisitos acordados entre os moradores anunciantes em relação a vaga, como por exemplo: o novo morador deve ser não-fumante, a vaga é temporária, há animais domésticos, o quarto é compartilhado, entre outros.
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Ocorre também a lógica oposta: interessados em compartilhar apartamentos se apresentam nos grupos declarando estar abertos a propostas. O número de postagens é alto, principalmente em épocas de férias de faculdade (Dezembro, Janeiro e Julho). É comum também o uso desses grupos para vendas de mobiliário, louças, eletrodomésticos e outros objetos decorrentes de mudanças. De acordo com os anúncios, muitos preferem se desfazer de tudo e comprar produtos novos, pois os antigos não se adequam a nova moradia ou são de difícil transporte. Por isso, os pertences são vendidos por preços baixos com a condição de serem retirados no local.
site de anúncios de vagas em moradias compartilhadas em toda a América latina. site: www.dadaroom.com acesso em Maio de 2016.
Percebe-se através das redes sociais, de conversas informais e pela experiência própria que a rotatividade de moradores nas coabitações é alta, assim como as mudanças de endereço. Oportunidades de intercâmbio no exterior, desavenças entre os moradores, insatisfação com as condições de moradia e arranjo de emprego em locais distantes são alguns dos motivos comumente detectados para as mudanças.
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antinomadismo
Entender as características dos povos que migram constantemente demanda um entendimento maior sobre nomadismo e suas nuances. Durante a pesquisa, foram detectados diferentes tipos de nômades. É importante considerar suas diferenças para poder entender melhor as características e necessidades de cada tipo, considerando os pontos de aproximação e distanciamento entre eles. De acordo com a etimologia, a palavra nômade refere-se aos povos que não se fixam em uma localidade só, movendo-se constantemente de um lugar a outro. Isso ocorre pela limitação de recursos que força os povos a migrarem para sobreviverem (Kronenburg, 2008). “Os totalmente nômades geralmente migram no ritmo das estações, dependendo da fonte da forragem nos pastos (mas também da disponibilidade da água). A população totalmente nômade acompanha o rebanho, levando consigo todo o seu equipamento da casa e habitação, barracas e abrigos transportáveis. Não praticam agricultura.” (Kalter, 1984, p.18) O termo “nômade” é empregado de uma forma muito generalista. Segundo Kronenburg, há diferentes categorias que são frequentemente confundidas com o nomadismo. Há regimes de total ou seminomadismo, sendo este definido como “uma combinação de migração pastoral e sedentarismo agricultural, ocorrendo ainda quando a tenda usada no verão é trocada por uma casa, de pedra ou de barro, permanente no inverno.” (Barbosa, 2012, p. 18) Além dessa separação entre nômades e seminômades, há ainda uma grande diferença entre nômades e os chamados antinômades por Robert Kronenburg. Para o professor, enquanto os nômades deslocam-se por necessidade e sobrevivência, os antinômades migram por escolha, sendo esta a expressão mais adequada ao público alvo desse trabalho.
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Essa diferença implica em outras questões como ressaltadas por Barbosa: “Pelo comportamento dos antinômades, percebe-se a excessiva mobilidade motivada por turismo ou negócios, despreocupada com a integração ao meio ou com uso de recursos com parcimônia. Já no comportamento dos nômades, o próprio contexto de sobrevivência impõe limites para o gerenciamento daquilo de que se dispõe.” (Barbosa, 2012, p.21)
habitações nômades. à esquerda: yurts na Mongolia. à direita: tendas tuaregues na Argélia.
Os hábitos de descarte e troca exacerbados de móveis e eletrodomésticos do público alvo relatados anteriormente é uma das evidências disso. Dessa forma, é importante propor projetos que incentivem que os antinômades possam se assemelhar um pouco aos nômades no quesito sustentabilidade: possibilidade de levar o mínimo de suas habitações junto deles, de forma a não precisar descartar e consumir muitos produtos a cada mudança. Por isso, deve-se pensar no ciclo de vida útil do equipamento para executar o projeto. “O aspecto sistêmico do design se combina à visão cíclica da sustentabilidade. Aplicada ao design, a atenção ao ciclo de vida, tanto do produto como do edifício, é a maneira mais direta de relacionar cada fase do projeto com as implicações da sustentabilidade.” (Barbosa, 2012, p. 23). Deve-se projetar equipamentos domésticos que tenham materialidade reduzida, de forma a serem facilmente transportados.
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método Konmari de dobrar roupas para que todas sejam visíveis e ocupem pouco espaço.
A premissa do transporte pressupõe também uma preocupação de síntese do que seria de essencial inclusão na habitação, descartando o que não é necessário. Isso inclui bens materiais e não materiais, uma vez que o conforto psicológico é tão importante quanto o físico. “Sob o ponto de vista da partida, aquilo que carregamos conosco é de primeira importância. Não apenas a matéria que levamos, mas os significados, a bagagem cultural, as línguas que carregamos, os sentimentos por pessoas que deixamos, as expectativas de para onde vamos.” (Barbosa, 2012, p.39) A necessidade de seleção do que levar consigo nas mudanças evoca o pensamento minimalista, contudo, adequado a sociedade capitalista vigente. Marie Kondo defende em sua obra e palestras que para ter um lar organizado e confortável, é preciso manter somente objetos que tragam verdadeira satisfação e boas energias, descartando tudo que não trouxer boas lembranças ou não tenham mais utilidade (Kondo, 2014). Por isso, selecionar bem o que compramos e mantemos conosco é importante. Também mostra que, se dobradas de uma determinada maneira, as roupas ocupam muito menos espaço no armário, comprovando que necessidade de compartimentos para armazenar pertences é relativa e variável.
10. Intitulada como guru da organização, a consultora japonesa Marie Kondo desenvolveu o método KonMari de arrumação, difundido internacionalmente através de seu livro The LifeChanging Magic of Tidying Up.
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“Ainda que certos grupos de pessoas possuam a necessidade de se mudar frequentemente, o mobiliário no interior das casas muitas vezes não corresponde aos requisitos de mobilidade. Sendo transportado com dificuldade.” (Barbosa, 2012, p. 193) Muitas vezes, o método de viagem e transporte determina o que podemos levar conosco. Considerando essa premissa, a indústria moveleira criou artifícios para facilitar o transporte de seus produtos e assim, gastar menos com a logística de entrega e montagem. O projeto é pensado de forma a simplificar a montagem para que o próprio usuário possa executá-la. Além disso, as peças devem ser embaladas da forma mais compacta possível, permitindo que o comprador saia da loja carregando a embalagem. “Método do caixote e o método ‘ponha tudo em caixas’, conceitos hoje difundidos por empresas como Ikea, internacionalmente, e a Tok & Stok, no Brasil. [...] Ajustados de maneira modular, ou em seções dobráveis que se fecham, os móveis podem ter suas dimensões reduzidas, conseguindo passar até mesmo por áreas limitadas de circulação, o que otimiza o transporte.” (Barbosa, 2012, p.65)
Room in a box, por Casulo design.
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exemplos de objetos collapsibles.
Alguns produtos são projetados para montarem-se e desmontarem-se sempre que for conveniente, não só no primeiro uso. Segundo Mollerup11, “collapsibles” são os objetos cujo volume e espaço que ocupam podem ser redistribuídos de alguma forma, adaptando-o às nossas necessidades imediatas ao livrar ou ocupar um volume. Essa característica traz economia de espaço e facilidade de transporte. Para ser caracterizado como “collapsible”, o objeto deve ter a capacidade de realizar essa transformação formal sempre que requisitado. Existem vários tipos de mecanismos possíveis, cada um mais adequado para diferentes objetivos. Os mecanismos mais comuns são: compressão/expansão, tensão, pressão, inflação, encaixe, empilhamento, vinco, dobra (Mollerup, 2001)12.
11.
Per Mollerup, designer gráfico e professor da Swinburne University of Technology
12. “compression and expansion; pressure and tension. Folding: creasing, bellows, asssembling , hinging, rolling, sliding, nesting, inflation, fanning, comcertina.” (Mollerup, 2001).
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ALTERNÂNCIA
Todos possuem costumes, culturas e hobbies diferentes. Múltipla e complexa, a necessidade de bem-estar é uma condição variável e nem sempre se pode distinguir quais necessidades são básicas (Barbosa, 2012, p.195)”. O equipamento precisa atender a necessidades comuns ao público alvo, mas também permitir outros usos diversos. É impossível prever e adequar o projeto a todos os usos perfeitamente, mas para atender da melhor forma, deve-se simplificar ao máximo o projeto para que ele seja flexível e adaptável. Nas coabitações mais comuns, o espaço privativo de cada morador é bem reduzido, exigindo que este acomode várias atividades e objetos necessários para realizar cada uma delas. Nessa lógica, alguns estudos de caso são adequados para a discussão. Durante a graduação, uma das propostas de trabalho foi o projeto da casa cubo13, com dimensões de 4m x 4m x 4m. O exercício foi proposto para que pudéssemos pensar em como aproveitar ao máximo o espaço e atender aos requisitos sem comprometer o conforto. Para atingir esse objetivo, percebemos que um fator crucial seria provocar a alternância de espaços voltados para atividades que não eram realizadas simultaneamente, como dormir e estudar, por exemplo. Além disso, utilizamos a altura sempre que possível e conveniente. Desse modo, liberamos espaço, proporcionando conforto visual e psicológico, bem como área livre para atividades diversas. Esse exercício permitiu que os alunos considerassem novas possibilidades de projeto, relativizando o que seria um tamanho adequado de moradia para se viver bem.
13. Atividade proposta na disciplina AUT260 - Conforto Ambiental 2 - Ergonomia, na FAUUSP (2010).
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acima: All I own, Yolanda’s house, por PKMN Architects. abaixo: Apartamento de Gary Chang em Hong Kong.
Outro exemplo que usa a solução da alternância entre diferentes usos do espaço é o apartamento de Gary Chang em Hong Kong, divulgado através de um curto documentário dirigido por Kirsten Dirksen14. O pequeno apartamento de acomoda a infraestrutura para todas as atividades básicas de uma moradia. O espaço livre central se transforma ao se deslocarem “camadas” periféricas repletas de equipamentos domésticos, permitindo assim, usos diferentes dependendo do arranjo.15 Avaliar quais são as atividades mais comumente executadas, bem como quais são concomitantes ou necessariamente não sobrepostas, é uma etapa primordial para exploração de novos recursos nos projetos. Nem todos os equipamentos precisam estar disponíveis o tempo todo e podem ser guardados de forma a economizar espaço. Assim como as atividades se alternam, os objetos-suporte para elas também podem ser guardados e armados sempre que necessário.
14. Kirsten Dirksen é diretora cinematográfica, mais conhecida por trabalhos como “We the Tiny House People” (2012), “Searching for Da Vinci’s Secret” (2006) e “Translating Genocide: Three Students Journey to Sudan” (2005). 15. O mini vídeo-documentário “Extreme transformer home in Hong Kong: Gary Chang’s 24 rooms in 1” está disponível em https://www.youtube.com/watch?v=WB2-2j9e4co ; acesso em Abril de 2015.
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COMPACTO
A princípio, a área das moradias passou a ser reduzida devido ao crescimento demográfico e, consequentemente, o aumento da oferta e procura, e assim a elevação do preço por metro quadrado, principalmente em domicílios bem localizados. Dado a estes fatores, a redução da área ocupada por cada indivíduo e a coabitação se tornam alternativas à questão da escassez de espaço a preços acessíveis. Richard Ball cita perfis de pessoas que estão comumente nessa situação: recém-casados com baixo poder aquisitivo perante aos altos alugueis em grandes centros urbanos, o idoso que sai de um lar com uma grande família para morar com um dos filhos ou sozinho, o trabalhador que tem de incorporar o espaço de trabalho em seu apartamento, a pessoa solteira que prefere um apartamento pequeno no centro da cidade a uma casa grande no subúrbio, o individuo que se muda para a metrópole onde há melhores oportunidades de estudo e trabalho. Ball detecta problemas frequentemente encontrados em moradias de espaço reduzido como a falta de privacidade, banheiros e cozinhas mal ventilados, iluminados e posicionados dentro da unidade habitacional, e considerados pequenos demais. Há queixas em relação à insuficiência de locais de armazenamento, principalmente na sociedade capitalista e acumulativa de bens materiais. Além disso, esta redução espacial pode contribuir para tornar o local depressivo, aproximando-o da ideia de área de confinamento. Contudo, a moradia compacta pode trazer muitas vantagens também. Ambientes com menor volume são mais fáceis, rápidos e baratos para aquecer ou resfriar e há menos área para limpar e manter. A redução de área força o morador a ser mais cauteloso em relação dispêndio próprio por falta de local para estocagem, forçando a economia e um consumo mais consciente. Situações extremas e não convencionais de habitação em espaço reduzido instigam projetistas e usuários a formularem soluções criativas e muitas vezes não usuais de ocupação. Como exemplos de tais casos existem as cabines de barcos, o interior de aeronaves, submarinos, barracas e celas de presídios.
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espaço compacto das embarcações. fonte: beneteau235.com
Tendo esse último como base de análise, a superpopulação nos presídios é uma parte da punição designada aos detentos. A densidade nesse caso gera conflitos, falta de ergonomia, higiene e conforto psicológico devido à supressão de privacidade. Observando o comportamento dos detentos, podemos perceber algumas medidas tomadas por eles para amenizar a pressão emocional. Muitos deles decoram seu próprio espaço, por menor que seja, adquirindo uma sensação de pertencimento, a marcação do território como um lar dentro da sociedade presidiária (Ball, 1987). Na impossibilidade de haver uma separação e privacidade material, os fones de ouvido utilizados pelos presos auxiliam no isolamento mental. Isso nos mostra que a privacidade e sensação de pertencimento estão estritamente relacionadas com questões psicológicas.
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fluidez
A privacidade é um conceito muito complexo e relativo, é uma questão cultural. A busca pela privacidade se manifesta nos costumes e também no espaço físico de acordo com a cultura de cada povo. Alguns dos elementos construtivos na cultura ocidental que auxiliam na privacidade dos espaços, por exemplo, as paredes, atuam também como barreiras para uma planta mais livre e a flexibilização do espaço. Tendo isso em vista, é relevante analisar outras culturas e formas de pensar na arquitetura para o trabalho proposto. A cultura tradicional japonesa é originada de uma base budista que cultua a fluidez dos espaços, o minimalismo e a perenidade da vida e dos bens materiais (Kurokawa, 1997). Essa cultura se traduz em espaços mais livres, condizentes ao abrigo da sociedade antinômade e mutante proposto por este trabalho. Na arquitetura tradicional japonesa, um cômodo abre-se a outro e não há corredores. As paredes, tanto internas quanto externas, são menos substanciais do que nas casas ocidentais: as portas deslizam e são translúcidas, permitindo uma transição mais suave e o compartilhamento de luz entre ambientes. O centro das casas é marcado pela fonte de calor responsável por manter as pessoas e o alimento aquecido, relacionado com a definição de “lar” descrito
Arquitetura tradicional japonesa
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anteriormente. Os espaços são modulares e compostos por tatames, unidades de revestimento de piso com medidas de 90 cm x 180 cm. O hábito dos japoneses se ajoelharem no chão para sentar faz com que cadeiras não sejam necessárias e que as atividades sejam realizadas em baixa altura. Como há menos móveis, há uma sensação de espaço mais amplo e um cômodo pode ser adaptado facilmente para diversas atividades diferentes. Antes da influência ocidental na Era Meiji, os membros de uma mesma família dormiam e conviviam dentro dos mesmos cômodos. Pode-se notar que até hoje muitas casas japonesas são estabelecidas com muita fluidez entre seus “cômodos”, quando existentes. Muitas das propostas não preveem divisórias, tanto internas quanto externas. Já na Arquitetura contemporânea japonesa, podemos encontrar uma mistura de elementos tradicionais com um fortalecimento de preocupações atuais. A estreita aglomeração de residências nas cidades tornam o acesso a luz natural extremamente importante e uma prioridade. Para aproveitar ao máximo a luz, as casas possuem grandes aberturas voltadas para o exterior da construção, o que para os ocidentais pode causar estranhamento pela visibilidade que transeuntes possam ter do interior da moradia e vice-versa. Além disso, nota-se que muitas habitações japonesas têm aberturas para os vizinhos e não possuem recuos como os exigidos na Legislação brasileira. Segundo entrevistas nos documentários de Kirsten Dirksen, ao contrário do que poderia se esperar, os japoneses não sentem que comprometem sua privacidade com tal visibilidade e transparência, uma vez que a cultura japonesa é marcada pela discrição e por ser pouco invasiva na vida e assuntos alheios. A sociedade tem o costume de não observar nem encarar as pessoas. Muitas soluções de projeto contemporâneas japonesas baseiam-se em elementos construtivos soltos do volume construído de fato, utilizando principalmente o mobiliário e instalações como soluções de projeto. Esses transmitem muitas vezes a ideia de serem os próprios cômodos ou mesmo uma habitação dentro da própria habitação, característica que se relacionou muito com o trabalho. Divisórias são elementos ambíguos que conferem certa privacidade e, ao mesmo tempo, uma exposição parcial de um ambiente sem fechamentos rígidos.” (Barbosa, 2012, p.192)
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Naked house, por Shigeru Ban Saitama, 2000.
NA House. Sou Fujimoto Tรณquio, 2012.
Moriyama House SANAA Tรณquio, 2005. 29
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VISITAS
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DIRETRIZES
Uma das etapas mais interessantes de todo o processo foi a pesquisa de campo na qual foram realizadas visitasa domicílios coabitados por pessoas do perfil analisado. O estudo das moradias englobou diversos perfis de pessoas, variando o gênero, ocupação, curso, idade, região. Procurou-se analisar também, repúblicas de densidade variadas. O foco nas coabitações da cidade de São Paulo dá-se pela existência de um grande número de habitações desta categoria, além das dificuldades inerentes às pessoas que se deslocam para a essa cidade no intuito começar uma carreira. Dentre as dificuldades, estão o alto custo de vida, incluindo o valor dos alugueis, bem como as distâncias a serem percorridas em atividades diárias. Num contexto caótico como a metrópole paulistana, o espaço disponível é reduzido, evidenciando ainda mais os desafios espaciais dentro de casa. Após uma discussão com o professor orientador sobre como deveriam ser encaminhadas as visitas, a ideia de aplicar um questionário com entrevista formal foi descartada no intuito de evitar respostas padronizadas, as quais poderiam levar a resultados mascarados. Como alternativa, optou-se por observar, tirar fotografias e medidas das moradias e fazer perguntas mais espontâneas através de conversas informais, de modo a captar melhor a essência de como se dá a convivência entre os moradores e o uso do espaço. O foco da visita foi observar os dormitórios e áreas comuns das moradias para identificar o contraste entre o coletivo e o privado na coabitação. Além disso, procurou-se estudar a relação entre os usuários e seus pertences e o modo como tais objetos são guardados, identificando elementos que auxiliariam na transformação da casa em lar. A indisponibilidade e dificuldades de conciliar horários foi o maior agravante durante o processo das visitas, além do receio demonstrado por alguns dos entrevistados em expor a privacidade de seus lares. Apesar do número de visitas realizadas ser menor do que o desejado, a amostragem pode ser considerada satisfatória no que diz respeito a sintetizar as características e necessidades do publico alvo. 31
01 morador 1 21 anos estudante universitário economia FEAUSP
morador 2 21 anos estudante universitário engenharia EPUSP
moradora 3 21 anos estudante universitário engenharia EPUSP
morador 4 26 anos estudante doutorado bioquímica IQUSP
Jardim bonfiglioli apartamento 90 m2 visita em 13/11/2015
A república analisada é formada por amigos de colégio que foram aprovados na faculdade no mesmo ano, junto ao um estudante de doutorado que conheceram pelas redes sociais. Ao chegar ao apartamento, três dos moradores jogavam videogame juntos, sentados num mesmo sofá de três lugares. Morador 1 diz ser raro haver um momento em que os três estão juntos no apartamento no período matutino. Em geral, a rotina dos estudantes difere bastante, pois os dois moradores estudantes de Engenharia estudam de manhã e passam grande parte do dia na faculdade, o morador 1 estuda a noite e o doutorando tem uma rotina que varia conforme o dia da semana. Desse modo, dificilmente há conflitos quanto ao uso das áreas comuns, como o uso do banheiro e da cozinha. Os moradores 1 e 2 não possuem escrivaninha no quarto, estudando sempre na mesa da sala, na qual todos realizam refeições. Os moradores 3 e 4 frequentemente estudam também na sala.Há cinco lugares na mesa, pois um dos espaços é suprimido pelo fato da mesa encostar na parede, mas não chega a ser um problema. Segundo o morador 1, em geral não há muitas visitas no apartamento, com exceção de dois amigos que frequentam ocasionalmente a república. Ele considerou que talvez isso ocorra porque os moradores não possuem muitos amigos em comum, por isso não se sentem muito confortáveis para trazê-los. A varanda é utilizada como depósito para objetos que são raramente ou nunca utilizados pelos moradores, recordações que foram trazidas aos poucos e esquecidas. A divisão dos quartos é dada da seguinte forma: Os moradores 1 e 2 dividem um quarto de 9m2, e os moradores 3 e 4 são locados em seus próprios quartos de 9m2 e 7m2, respectivamente.
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O dormitório dos moradores 1 e 2 é marcado pela ausência de móveis comprados, com exceção das duas camas box tamanho solteiro. Os demais foram improvisados, como as duas pilhas de caixotes de feira utilizados como estante, e a arara feita com um galho de árvore suspenso pelo forro. A sinuosidade do galho causa o atrito com os cabides, mantendo as peças no lugar. Os moradores afirmam que o mobiliário é suficiente para acomodar todos os pertences dos dois, uma vez que grande parte das roupas de ambos se encontra na casa dos respectivos pais no interior de São Paulo.
sala de estar: convívio social e área de estudo e refeições.
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Dormitรณrio dos moradores 1 e 2. Mobiliรกrio improvisado pelos moradores.
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Dormitório da moradora 3.
Dormitório do morador 4. Mobiliário improvisado pelos moradores.
O dormitório do morador 3 é tomado quase por inteiro pela cama tamanho king size, não sobrando espaço para passagem e para estudo. Os pertences ficam empilhados em cima da mesa de estudos e a cadeira quase não cabe no pequeno corredor entre a cama e a parede. Já o dormitório do morador 4 possui área central livre, concentrando o mobiliário no perímetro do cômodo. As roupas se acomodam em um armário de 1 m de largura. As prateleiras abrigam materiais didáticos e recordações.
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02 morador 1 27 anos formado há 2 anos engenheiro civil trabalha em Pinheiros
morador 2 25 anos formado há 1 ano analista de sist. de informação trabalha
morador 3 24 anos formado há 1 ano engenheiro civil trabalha
VILA MADALENA apartamento 70 m2 visita em 12/11/2015
Os moradores são amigos de infância e passaram a morar juntos em Julho de 2015, com o interesse em comum de saírem da casa dos pais após terem se formado na faculdade. As famílias dos três moram em São Paulo também. Os três trabalham durante o dia, encontrando-se em casa somente durante a noite e nos finais de semana. A sala, segundo o morador 1, é composta por móveis e eletrodomésticos doados por amigos e familiares. Como os moradores recebem amigos frequentemente, além do sofá de três lugares, há duas cadeiras extras e um colchão, que fica guardado atrás do sofá, para as visitas. Não há mesa de jantar. Cada um come suas refeições segurando o prato e apoiando o que for necessário nas duas mesas de centro improvisadas, compostas por caixas de papelão nas quais os móveis comprados vieram. O espaço para estender roupas na lavanderia mostra-se insuficiente e não ergonômico. Por isso, os moradores optaram por comprar um varal extra de chão que arma-se na sala, próximo a janela. A cozinha e o banheiro são suficientes para as necessidades de todos, segundo o morador 1. Cada um possui seu próprio quarto, o qual reflete seus gostos e costumes.
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acima: sala de estar com mรณveis doados e improvisados. abaixo: cozinha.
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Dormitรณrio do morador 1.
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O morador 1 optou por comprar todos os móveis na Oppa. Ele ressalta que a cômoda e a arara são mais do que suficientes para guardar todas as suas peças de roupas. Há exposição de lembranças de viagens e de seus instrumentos musicais. Ele diz que o ventilador foi uma das mais importantes aquisições devido ao calor intenso em São Paulo. A cama box tamanho viúva é suficiente para o conforto de uma ou duas pessoas.
Dormitório do morador 2.
O dormitório do morador 2 não possui muito objetos. Basicamente, o dormitório é ocupado por uma cama box tamanho casal e uma escrivaninha pequena, onde apoiam-se o notebook e o desktop. Além disso, há um grande armário embutido que já estava presente no apartamento. Segundo o morador 1, tal móvel representa um desperdício de espaço útil, uma vez só uma pequena parte dele é utilizada. Há um mural de fotos sob a cama e um mural magnético sob a escrivaninha para fotos e lembretes.
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Já o dormitório do morador 3 é composto por dois elementos improvisados, de baixo custo e muito bem aproveitados. Um deles é a cama de casal feita com um colchão sob uma estrutura de cama comum de madeira que se apoia em caixotes de plástico nos quais são armazenados objetos menos utilizados. Outro elemento é a arara feita com estrutura de vestiário para lojas, com fechamento feito com uma cortina de plástico para box.
Dormitório do morador 3.
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Dormitรณrio do morador 3: armรกrio improvisado.
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03 moradorA 1 24 anos estudante e estagiária arquitetura e urbanismo FAUUSP
morador 2 22 anos estudante e estagiário contabilidade FEAUSP
moradorA 3 21 anos estudante engenharia naval EPUSP
moradorA 4 20 anos estudante pscicologia IPUSP
moradorA 5 20 anos estudante nutrição FSPUSP
moradorA 6 20 anos estudante direito Faculdade de direito USP
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BUTANTÃ apartamento 70 m2 visita em 01/11/2015
A república é composta por seis estudantes, dentre os quais há dois pares de irmãos. Há uma diversidade grande da formação de cada um. A convivência é tranquila e marcada por várias regras de limpeza e convivência. Os moradores 1 e 2 moravam em Itatiba-SP e os demais em Campinas-SP. A formação atual da república se deu com a saída de algumas pessoas e entrada de amigos indicados. A maioria dos moradores visita a casa dos pais em pelo menos dois finais de semana por mês. O apartamento possui um banheiro, lavabo, cozinha, lavanderia grande, sala de estar e três quartos com tamanhos diversificados. Por isso, a divisão de pessoas entre os quartos deu-se com três, duas e uma pessoa em cada quarto. Nem todos teriam espaço para uma mesa no quarto, então os moradores 2 e 4 estudam na sala. Eles optaram pela sala porque não se incomodam com barulho de conversas. Embora a moradora 3 tenha uma escrivaninha no quarto, ela opta por estudar na sala devido ao fato de seu quarto ser muito pequeno e por não haver sinal de internet. Ela usa então, uma das mesas da sala, a qual é utilizada para refeições quando recebem visitas. Em geral, os moradores utilizam as próprias escrivaninhas para essa finalidade. Há duas televisões antigas não utilizadas estacionadas na sala, as quais os moradores decidiram devolver. Os dois sofás expansíveis foram doados por amigos. A grande dimensão destes limitou as possibilidades e determinou o layout da sala.
sala de estar: convĂvio social e ĂĄre de estudo para alguns dos moradores.
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sala de estar: convĂvio social e ĂĄre de estudo para alguns dos moradores.
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Dormitório dos moradores 1 e 2
O dormitório de tamanho médio, de 10.5m2, é compartilhado entre os moradores 1 e 2, que são irmãos. Há uma separação bem clara entre as áreas dominadas pelos pertences de cada um no meio. A moradora 1 utiliza uma cama/mesa da Tok Stok, a qual abriga todos os seus materiais de estudo. Esse móvel já foi desmontado e montado quatro vezes e perdeu um pouco de sua estabilidade. O gaveteiro embaixo da mesa impossibilita a utilização de grande parte da mesa como bancada de trabalho. Empilham-se assim, vários objetos nessa área inutilizada. A parte da cama torna-se um aparato que bloqueia a luz do quarto na área de trabalho, criando forte demanda de uma luminária. O tamanho do armário do quarto é mais do que suficiente para guardar todas as roupas, sendo a parte mais alta inutilizada devido à dificuldade em acessá-la. O morador 2 dorme na cama ao lado da janela e sua bancada de trabalho fica na sala.
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Acima: dormitório das moradoras 4, 5 e 6. uma cama e uma beliche. Abaixo: roupas penduradas na porta.
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Acima: área de trabalho da moradora 5.
Acima: área de trabalho da moradora 6.
Abaixo: área de trabalho da moradora 3.
Abaixo: cômoda improvisada utilizando uma fruteira.
O dormitório maior é compartilhado entre os moradores 4, 5 e 6. Diferente do quarto anterior, não há uma separação bem determinada entre as áreas ocupadas pelos pertences de cada uma. Na formação da república, determinou-se tal divisão de quartos levando em consideração a dificuldade ou facilidade que cada um possuía em acordar com alarme. As três moradoras que compartilham esse dormitório têm mais dificuldade em acordar com o toque do alarme então, nenhuma se incomoda os sons de alarme das outras. Há necessidade e costume comum de perdurar peças de roupas e bolsas. Duas das moradoras estudam frequentemente no quarto e a terceira possui mesa na sala.
Dormitório da moradora 3: quarto na área de serviço com aproximadamente 6 m2.
Como citado anteriormente, o quarto menor é habitado pela moradora 3. Uma tela mosquiteiro protege-a dos pernilongos. Uma mesa localiza-se ao lado da cama. Pelo fato de estar atrás da porta, não se pode utilizar a mesa com a porta aberta, tornando o ambiente um pouco claustrofóbico. Há um armário grande e embutido que supre todas as necessidades de armazenamento de roupas e não é totalmente ocupado. Mesmo assim, improvisa-se uma estante utilizando uma fruteira leve com rodinhas. O quarto é isolado da área social e dos demais quartos, na área de serviços e, segundo a moradora 3, isso faz com que ela se sinta demasiadamente isolada do convívio social.
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04 morador 1 25 anos estudante arquitetura e urbanismo FAUUSP
morador 2 24 anos estudante odontologia IOUSP
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BUTANTÃ apartamento 65 m2 visita em 18/11/2015
A república é composta por dois irmãos, ambos estudantes de cursos de período integral da USP. A família deles mora em Atibaia-SP e os irmãos vieram para São Paulo para estudar. Além deles, mais duas pessoas frequentam diariamente o apartamento: a namorada do morador 1 e um amigo que morava com ambos há quatro meses. Esse amigo decidiu se mudar após a mudança de suas duas irmãs para São Paulo para trabalhar. Os moradores possuem vários aquários espalhados pela moradia, um gosto que adquiriram há um pouco mais de um ano. Ambos gostam de convidar vários amigos para fazerem temaki e jogarem videogame. A mesa da sala é frequentemente utilizada, tanto para refeições, quanto para estudo. A maioria dos móveis foi trazida da cidade natal deles, doada por parentes. Uma estante na sala concentra os livros, jogos e bonecos de exposição, presente de um terceiro irmão que trabalha na indústria de brinquedos. Um armário embutido no corredor central é subutilizado.
Acima: sala de estar utilizada como área de convívio social, local para refeições e estudo. À esquerda: aquário e móveis trazidos da cidade natal.
Página anterior: móveis da sala e aquário. À esquerda: estante com livros, DVDs e action figures.
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Cada um possui seu dormitório e os armários são excessivamente grandes para as necessidades desses moradores. O morador 2, apesar de possuir um desses grandes armários, opta por expor seus pertences em prateleiras. Esses pertences abrangem desde livros e materiais didáticos, até objetos pequenos e itens de higiene pessoal.
Dormitório do morador 2.
Dormitório do morador 1.
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À esquerda: armário do corredor. À direita: armário no dormitório do morador 2.
À esquerda: prateleiras no dormitório do morador 2. À direita: área de estudo no dormitório do morador 2.
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05 moradorA 1 20 anos estudante economia FEAUSP
moradorA 2 20 anos estudante direito Faculdade de direito USP
morador 3 20 anos estudante publicidade ESPM
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CONSOLAÇÃO apartamento 180 m2 visita em 23/11/2015
A república é composta por amigos que se conheceram durante o ensino médio em Rio Claro-SP. Eles começaram a viver em coabitação no início de 2014. Segundo as moradoras, todos possuem uma rotina e costumes bem diferentes, mas convivência entre eles é muito tranquila. O apartamento onde eles vivem é relativamente grande, em torno de 190m2, e bem localizado. O apartamento está bem equipado com o mobiliário emprestado pela mãe da moradora 2, a qual quis se desfazer de sofás, camas, mesas entre outros, durante uma mudança em Rio Claro. A sala é muito espaçosa, 45m2 e é local onde ocorrem várias reuniões entre amigos. São recebidas em torno de 10 a 20 pessoas nesse espaço frequentemente. Quando realizam festas, afastam alguns móveis e utilizam cadeiras dobráveis. Não há televisão, visto que cada um assiste aos próprios programas em seus próprios notebooks. As moradoras 1 e 2 cursam faculdade matutina e o morador 3, noturna, diminuindo os encontros durante a semana. Além disso, os três possuem hábitos bem diferentes em relação a refeições, quase anulando a coletividade de atividades que envolvem comida.
sala de estar e cozinha.
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dormitório da moradora 2, área de trabalho e cômoda.
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Cada morador possui seu próprio dormitório, todos com áreas diferentes: 22m2 (moradora 1), 35 m2 (moradora 2) e 15 m2 (morador 3). Todos eles possuem preferência por pendurar suas roupas em araras expostas, assim como deixar sapatos expostos em baixo. Todos prezam por um bom espaço para estudo. A moradora 2 possui consideravelmente um volume de pertences maior devido ao fato de que ela não deixou nada na casa de sua família, devido a mudança que fizeram. Já o morador 3 volta todos os finais de semana para Rio Claro, onde deixa parte de suas roupas lavando, trazendo roupas limpas para São Paulo. A moradora 1 afirma que não há nada que a incomode no apartamento, com exceção das paredes serem demasiadamente brancas, sendo necessário decorar o quarto com objetos pessoais para um melhor conforto psicológico. Ressaltou que gosta muito das janelas com grandes aberturas e do pé direito alto característico do edifício.
dormitório da moradora 2: prateleira e arara.
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dormitรณrio do morador 3.
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dormitรณrio da moradora 1.
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CONSIDERAÇÕES
É possível reconhecer alguns pontos comuns entre as repúblicas visitadas durante o trabalho, bem como outras que visitei durante a graduação e que não estão registradas formalmente. Muitas dessas observações vão em direção oposta ao que se espera de um “lar convencional familiar” em termos de costumes e necessidades. Na coabitação, as atividades são mais individualizadas e privadas. Diferente de hábitos familiares como cozinhar, fazer limpeza da casa e realizar refeições em conjunto, nas chamadas “repúblicas” essas atividades passam a ser individuais. Em parte, isso ocorre pela ausência de vínculo familiar e pela grande diversificação de horários e rotina entre os moradores, dificultando até mesmo o encontro entre eles em casa. Cada um chega, sai, cozinha, come, toma banho, estuda, trabalha em horários diferentes, o que acarreta em algumas consequências no âmbito espacial. Há alternância de pessoas que usam os equipamentos da casa: cozinha, banheiro, lavanderia. Mesas maiores de jantar dificilmente são utilizadas por muitas pessoas ao mesmo tempo para refeições. A mesa acaba por ter mais de uma função: é utilizada para estudar e como superfície para trabalhos que demandem mais espaço também. É comum cada um utilizar sua própria mesa de estudo para comer, revelando função multiuso do espaço de trabalho. O estudo se dá também ora em mesa pessoal, ora em mesa coletiva, dependendo subjetivamente do tipo de ambiente que cada um prefere para trabalhar. As coabitações que mais recebem visitas são formadas por um grupo de amigos que possuem colegas em comum. Não há muita cerimônia em receber as pessoas em casa, sendo suficientes cadeiras dobráveis para uso esporádico, e alguns colchões para sentar ou pernoitar. Foram notados vários objetos feitos pelos próprios usuários. O público alvo em questão é marcado por uma afinidade com a cultura “faça você mesmo”16, improvisando seus próprios móveis e quadros de recordações e fotos, como foram vistos em várias visitas. Segundo as conversas com os moradores, isso ocorre no intuito de economizar e de personalizar o próprio cantinho para ter
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a sensação de pertencimento nessa nova casa coabitada, que não é mais o lar de família no qual os eles moravam anteriormente. O volume de pertences varia muito de pessoa para pessoa, sendo impossível mensurar um padrão. Contudo, notou-se que os estudantes dos primeiros anos de faculdade que voltam frequentemente para a casa de seus pais possuem menos roupas nas repúblicas, pois deixam a maior parte em sua casa anterior. Conforme o aparecimento de vínculos como trabalho e relacionamentos na capital, a frequência de ida à casa dos pais diminui, ocasionando o acúmulo maior de pertences na coabitação. Há uma evidente preferência em pendurar e exibir roupas e acessórios ao invés de dobrar e guardar. Alguns disseram que deixando tudo exposto fica mais fácil visualizar, escolher o que vão usar e acessar o objeto. Não há grande cerimônia em mostrar o que pertences, os quais ficam fora dos armários, mesmo havendo espaço para armazenamento dentro deles. Dessa forma, grandes armários de madeira fechados acabam por ser um grande desperdício de espaço dentro das coabitações que, em geral, mostraram-se com espaço modesto. Esses armários, junto com a prática de comprar ou ganhar móveis que não se adaptam a muitas situações diferentes, acabam por dificultar a mudança de um endereço a outro. Dentre as visitas feitas, conseguimos destacar alguns elementos comuns em todas as coabitações, essenciais para atender demandas pessoais de um indivíduo da categoria. São eles: superfície de trabalho e/ou refeição, superfície acolchoada e confortável para descanso, suporte para pendurar roupas e compartimentos para guardar objetos de volumes menores.
16.
Em inglês DIY, “do it yourself ”.
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03
REFERÊNCIAS
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MERCADO Pesquisou-se em sites de venda de mobiliário voltadas para vários públicos alvo e de diferentes poderes aquisitivos. Levantou-se brevemente quais os tipos de projeto, os preços, materiais utilizados, entre outros, estão presentes nessas referências.
RESOURCE FURNITURE
A empresa de origem italiana projeta e produz mobiliário multifuncional que utiliza de tecnologia avançada de ferragens e mecanismos para poderem se tranformar e possibilitar diferentes atividades. Os produtos são voltados para um público de classe média e alta, e são bons exemplos de projeto. Contudo, seriam de difícil execução em países que não possuem tal tecnologia de produção, como o Brasil.
produtos encontrados no site: www.resourcefurniture. com
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TOK & STOK
Tok&Stok é uma empresa varejista de móveis e eletrodomésticos fundada em Barueri, São Paulo, em 1978. Seus produtos são voltados para o público de classe média, sendo seus preços são mais altos os vistos no exemplo anterior. A empresa fornece produtos que, em sua maioria, oferecem as opções de serem montados pelo consumidor ou pela equipe própria (com custo adicional e garantia). A palavra “Tok” refere-se ao design arrojado de seus produtos e “Stok” mencionava a disponibilidade desses móveis para retirada imediata.
produtos encontrados no site da loja: tokstok.com.br
A Tok&Stok possui um amplo catálogo para casa e escritório, o qual se renova anualmente. Muitos projetos atentam para a questão de economia de espaço tomado pelo mobiliário, ao mesmo tempo que procuram ter um apelo visual mais forte com os jovens consumidores17.
17. Informações sobre a marca disponíveis em: www.mundodasmarcas.blogspot.com.br; acesso em Maio de 2016.
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MUJI
Mujirushi Ryōhin, mais conhecida como Muji, é uma companhia japonesa empresa varejista que vende uma grande variedade de produtos. A empresa é reconhecida pelo design minimalista, com ênfase na reciclagem, uso mínimo de embalagem, e a política de não-aplicação da marca nos produtos, característica que é traduzida no próprio nome da empresa. O capital que a marca deixa de investir em propaganda e marketing é revertido para reduzir os preços dos produtos para seus consumidores. A marca opera em vários países na Europa e na Ásia, bem como na Austrália, Estados Unidos e Canadá18. Muitos dos produtos são facilmente montáveis e desmontáveis e levam em consideração a questão de aproveitamento do espaço.
produtos encontrados no site da loja: www.muji.eu
18. Informações sobre a marca disponíveis em: www.ryohin-keikaku.jp/eng/ryohin; acesso em Maio de 2016.
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CASAS BAHIA
Casas Bahia é uma popular rede de varejo de móveis e eletrodomésticos do Brasil. Foi fundada em 1952, na cidade de São Caetano do Sul, no estado de São Paulo. Pelos preços serem acessíveis, esse é um grande fornecedor de móveis para estudantes e trabalhadores jovens, que em sua maioria não possuem alta renda. O custo benefício é satisfatório, segundo conversas com alguns consumidores da rede. A maioria do mobiliário é feita de madeira MDF revestida com fórmica brilhante de cores neutras ou que imitam revestimento de madeira, cujos desenhos e projetos são simples e padronizados. Estes foram recorrentemente encontrados nas habitações visitadas, bem como foram observadas em repúblicas estudantis. Os móveis não são resistentes a várias desmontagens e montagens, além de não serem adequados para todo o tipo de espaço. Dessa forma, acabam sendo descartados ou trocados durante o processo de mudança, como observado nos grupos do facebook e nas visitas. produtos encontrados no site da loja: www.casasbahia. com.br
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Dentre os mais recorrentes em ambientes de república, estão a beliche, o armário de roupas de pequenas dimensões (até 1,20 m de largura), escrivaninha e o rack para TV.
IKEA
IKEA é varejista de móveis e objetos de origem sueca com soluções racionais para pessoas jovens com baixo orçamento e espaços. A empresa distribui seus produtos por uma rede de revendas próprias; a característica principal da IKEA é que seus produtos são criados para que sejam montados pelos próprios clientes. Atualmente cada loja IKEA oferece aproximadamente 9.500 itens, disponibilizando aos consumidores uma variada e ampla gama de produtos como sofás, camas, mesas, cadeiras, produtos têxteis, utensílios de cozinha, assoalhos, tapetes, móveis de cozinha, plantas, etc. Os produtos são desenhados de forma a transmitir o aspecto saudável inerente à Suécia, através das cores e materiais utilizados como madeiras claras, tecidos naturais e superfícies sem tratamento19.
produtos encontrados no site da loja: www.ikea.com
19. Informações sobre a marca disponíveis em: www.mundodasmarcas.blogspot.com.br; acesso em Maio de 2016.
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CATEGORIZAÇÃO DE PROJETOS
Há inúmeros exemplos de referências, provindos de livros especializados, vídeos documentário, sites da internet e revistas online. Todos relacionam-se de a algum dos assuntos abordados. No intuito de organizar para entender melhor e acessar mais facilmente as referências necessárias, realizou-se uma categorização simples das referências. Utilizaram-se os painéis na rede social Pinterest, a qual “é uma rede social de compartilhamento de fotos. Assemelha-se a um quadro de inspirações, onde os usuários podem compartilhar e gerenciar imagens temáticas, como de jogos, de hobbies, de roupas, de perfumes, etc. Cada usuário pode compartilhar suas imagens, as de outros usuários e colocá-las em suas coleções ou quadros (boards), além de poder comentar e realizar outras ações disponibilizadas pelo site.”20 A rede permite a visualização de uma foto provinda de um site, compondo o quadro, no qual temos uma visão geral de várias referências. Mas podemos também acessar o site fonte dessas imagens na íntegra quando for interessante. Além disso, a rede social avalia o tipo de foto que o usuário coleciona e sugere outras relacionadas, sendo uma fonte de pesquisa nela mesma. Através de outros usuários com interesse parecido, pude ter acesso a boards inteiros relacionados ao trabalho. Na categorização de referências, levou-se em consideração o mecanismo principal dos projetos como critério de separação. A classificação é bastante esclarecedora pois dessa forma é possível notar algumas vantagens e desvantagens comuns ao utilizar determinado mecanismo. Assim, é possível escolher conscientemente o mecanismo adequado. Grande parte das referências se encaixa em mais de uma categoria.
20.
Fonte: www.pt.wikipedia.org/wiki/Pinterest e www.techtudo.com.br/tudo-sobre/pinterest;
acesso em Novembro de 2016.
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perfil pessoal do pinterest utilizado para organizar referĂŞncias. site: br.pinterest.com/carolinaojima
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01 DESLIZAR
Projetos nos quais parte ou o equipamento todo desliza. O movimento pode ocorrer em vários sentidos, seguindo trilhos, ou não. O mecanismo é aplicado para a abertura e fechamento de compartimentos e rearranjo de elementos de forma a criar diferentes espaços entre eles. Assim, é um recurso muito utilizado em armários, para criar nichos e tornar o acesso a elementos do móvel mais rápido e fácil. Alguns projetos apresentam elementos que fagocitam outros, de forma a economizar espaço.
ALL I OWN HOUSE Yolanda’s House (2014) PKMN architectures fonte: cargocollective.com/ pkmnarchitectures
à esquerda: Pyramid Furniture (1968) Shiro Kuramata fonte: www.mocoloco.com/ book-shiro-kuramata à direita: A’dammer (2015) Pastoe fonte: www.pastoe.com
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à esquerda: Nested Bunk Beds (2007) Tsai Design Studio fonte: tsaidesignstudio.com à direita: PinPres Children’s Shelf
à esquerda: As if from nowhere… (2012) Orla Reynolds fonte: www.orlareynolds.com à direita: Staircase Danny Kuo fonte: www.dannykuo.com
HACK (2016) Konstantin Grcic fonte: www.vitra.com
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02 COMPOSIÇÃO
Produtos que são formados pela associação e dissociação de peças por meio de encaixes, sobreposições e justaposições. São marcadas pela possibilidade de terem suas dimensões reguladas e serem facilmente montadas e desmontadas. A modulação e repetição de peças presentes nas referências possibilitam a personalização dos equipamentos e reparos pelo usuário. Quando desmontados, peças semelhantes se juntam e ocupam pouco espaço. O usuário pode adquirir a quantidade de módulos que desejar e aumentar ou diminuir de acordo com a necessidade ao longo do tempo.
à esquerda: Daybed (1953) Pierre Paulin à direita: Totem (2010) Pastoe fonte: www.pastoe.com
Peg (2010) Studio Gorm fonte: www.studiogorm. com/peg/
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Alpstories (2015) Brigada fonte: www.brigada.hr Totem Broberg & Ridderstråle - Klong fonte: www.klong.se Madoka preschool Smaut fonte: www.smaut.net
acima: Leviathan Table (2013)Michael Bernard fonte: leibal.com/furniture Neplus (2015) Niko Crnčević fonte: www.behance.net abaixo: Grid System Ying Chang fonte: www.yingchang.co.uk
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03
POSIÇÃO
Alguns produtos apresentam funções que variam de acordo com a posição em que se encontram. Algumas referências são compostas por um elemento único e outras possuem mais peças que se transformam ao serem rotacionadas. Estas se aproximam do mecanismo “compor” citado anteriormente.
à esquerda: Maisonnette Simone Simonelli fonte: www.simonesimonelli.it à direita: Roll it University of Karlsruhe in Germany fonte: www.archdaily.com
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GVAL Vanesa Moreno, Gustavo Reboredo, Louis Sicard & Nenad Katic - YD fonte: www.yankodesign. com/2012/03/15/wooden-perfection/
acima: project Gaia (2013) David Bruer fonte: www.behance.net abaixo: Steel Stool Noon Studio fonte: www.furnit-u.com
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04 APOIO
Referências que, em geral, possuem estrutura simples e leve, a qual se sustenta e dois apoios: um em superfície vertical (parede) e outro em horizontal (piso). Sendo assim, geralmente são formadas por diagonais unidas por hastes, nas quais são pendurados objetos e tecidos. O peso da própria estrutura, aliada ao que está pendurado auxiliam no reforço do apoio.
à esquerda: Fanfan (2013) Violaine d’Harcourt fonte: www.violainedharcourt.fr à direita: KU Fashion Stand (2014) Virginia de Colombani, Sheng Kai Lan fonte: www.behance.net/
Woodstock Wardrobe Mae Engelgeer en Jeroen van Leur fonte: viewonretail.blogspot.com.br
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Ă esquerda: Leaning shelves (2013) Ă direita: Ladder Coat Rack Yenwen Tseng. fonte: www.yenwentseng.com
Mac Gee Shelf (1984) Baleri Italia fonte: www.connox.com
acima: Curt Deck chair Bernhard Burkard fonte: bernhard-burkard.com abaixo: Pivot (2011) studio Raw Edges fonte: www.dezeen.com
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05 GRID
Formados por finas linhas estruturais, que compõem um esqueleto leve, porém resistente. A estrutura dá base para o apoio de superfícies e compartimentos responsáveis por criarem cheios e vazios componíveis de acordo com as necessidades do usuário. O recurso é amplamente utilizado para armazenar, pendurar e expor vestuário, livros e outros objetos.
à esquerna: Installation S (2012) Muller Van Severen fonte: www.mullervanseveren.be
Flexit (2015) Pieter Peulen fonte: www.pieterpeulen.be
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acima: Abitacolo (1971) Bruno Munari fonte: socks-studio.com
abaixo: climbing frame apartment (2014) CUT Architectures fonte: www.cut-architectures.com
Dwelling for a Tokyo Nomad Woman Toyo Ito
Jo Wilton and Mirka Grohn fonte: design-milk.com
bureau Kilian Schindler fonte: www.kilianschindler.com
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06
PIVÔ E DOBRAS
Duas ou mais peças que são unidas e giram em torno de um eixo. O eixo pode estar nas posições horizontal, vertical ou outra, de forma a proporcionar o efeito de abertura e fechamento, criando ou suprimindo espaços entre seus elementos. Essa movimentação depende de ferragens diversas ou podem ser traduzidas em simples dobras, as quais possibilitam que uma superfície passe a ter um volume definido.
à esquerda: Revolving Cabinet (1970) Shiro Kuramata fonte: www.cappellini.it à direita: Chaise Longue Ospite (1996) Vico Magistretti fonte: www.designbest.com
Nakagin Capsule Tower (1972) Kisho Kurokawa fonte: www.archdaily.com
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Kenchikukagu Foldable Rooms (2013) Toshihiko Suzuki fonte: www.jebiga.com
Shed Shelf Studio gorm fonte: www.studiogorm.com
All-in-One Flat-Pack Room
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04
PROCESSO
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Os estudos de projeto não representam uma etapa realizada separadamente após o estudo teórico. Pelo contrário, foram feitos concomitantemente e retroalimentados. Contudo, o processo foi separado no caderno para melhor organização do conteúdo e facilidade de entendimento. Nesse capítulo, contarei de forma cronológica sobre o desenvolvimento do projeto final, um representante do estudo feito durante todo o trabalho. Como em todo processo, há indagações, conclusões e algumas dificuldades encontradas no caminho, as quais tentarei expor da forma mais direta e sincera possível. O projeto foi moldado a partir da alternância de quatro ferramentas principais: croquis feitos à mão para ideias rápidas e conceituais, rascunhos no AutoCAD21 para verificar medidas de forma mais precisa, modelos 3D simples feitos no sketch up22 para visualizar e brincar com formas de maneira prática e modelos físicos em escala para levantar problemas estruturais e técnicos, bem como ter noção da espacialidade do produto. Não há regras em como e quando utilizar essas ferramentas, cada uma foi empregada quando mais apropriada. Por exemplo, no início do processo, os croquis foram mais presentes e, uma vez que um conceito era desenvolvido de forma mais detalhada, as outras foram mais utilizadas.
21. AutoCAD é um software do tipo CAD — computer aided design ou desenho auxiliado por computador - criado e comercializado pela Autodesk, Inc. desde 1982. É utilizado principalmente para a elaboração de peças de desenho técnico em duas dimensões (2D) e para criação de modelos tridimensionais (3D). https://pt.wikipedia.org/wiki/AutoCAD 22.
SketchUp é um software proprietário para a criação de modelos em 3D no computador
https://pt.wikipedia.org/wiki/SketchUp
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Croquis iniciais e anotações conceituais: espaço privado x coletivo
Primeiramente, fez-se um esforço de definir quais os itens que o projeto deveria contemplar. O produto é pessoal e deve agrupar e sintetizar os pertences de uma pessoa. Dessa forma, a questão inicial envolvia a dicotomia do que seria privado e coletivo na coabitação. Através das visitas, observaram-se quais eram os objetos pessoais comuns e importantes, assim como as atividades que eram feitas dentro de um espaço mais recluso e próprio. Observando fotos e lembrando das conversas com os moradores estudados, bem como a experiência pessoal, fez-se um esforço de síntese das diretrizes de projeto. O projeto então deveria abrigar as atividades dormir, estudar/trabalhar e comer, quando esta for feita de maneira solitária, como detectado nas visitas. Além disso, deveria ser suporte para armazenar os pertences do usuário. Tudo isso prevendo mudanças de endereço e, consequentemente, transporte do equipamento como um todo, bem como a necessidade de ressignificação do mobiliário no futuro para que ele tenha outras utilidades possíveis e não seja descartado facilmente. Em paralelo, é importante lembrar que na maioria das moradias desse tipo, há casos de divisão de quartos ou limitação de espaço disponível a ser ocupado pelo produto.
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Croquis iniciais: reflexĂŁo sobre os objetos essenciais para o pĂşblico alvo.
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Croquis iniciais: possibilidades de projetos visando compartilhamento de espaço.
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Croquis iniciais foram feitos pensando na questão da privacidade enquanto o espaço privativo do dormitório pode ser compartilhado. Os estudos apontaram algumas considerações, como por exemplo, deve-se adequar o projeto às alturas comuns de janelas ao mesmo tempo que é conveniente aproveitar o máximo possível da altura do pé direito. Deve-se respeitar a área de circulação do cômodo, a qual pode ter a função de definir o qual é o espaço de cada morador.
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E, assim como estudado no exercício da casa cubo mencionado na parte teórica do trabalho, a cama é um elemento demasiadamente grande e que exige um certo grau de conforto propiciado por colchões com determinada espessura os quais limitam o projeto. Ao mesmo tempo, a cama é utilizada para dormir, atividade que não é realizada ao mesmo tempo que outras e é, em geral, concentrada em um período do dia. Dessa forma, iniciou-se um processo de tentativas de diminuir as dimensões da cama através de dobras e rearranjos do colchão, de forma que ele pudesse ser aproveitado como um sofá ou pudesse ser guardado quando não utilizado. Simultaneamente, os espaços de armazenamento eram acomodados conforme fosse acessível ergonomicamente e aproveitasse o espaço disponível.
Croquis: possibilidades de tranformação da cama quando esta não é utilizada.
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Croquis: extensรฃo de mesa e mรณdulos que se arranjam de vรกrias formas diferentes.
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Croquis: possibilidades de tranformação da cama em sofá e mesa.
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Após esforço de dividir ou suprimir o colchão, percebeu-se que essa decisão poderia não ser culturalmente bem aceita, assim como provavelmente acarretaria em diminuição do conforto. Modificar drasticamente a superfície para dormir pode ser justificada em equipamentos de uso esporádico. Porém, em situações como a proposta deste trabalho, os usuários utilizam o equipamento diariamente. A maioria das soluções observadas nas referências e convenientes na alternação de atividades envolvia o seccionamento do
colchão, fragilizando o produto em áreas críticas para a coluna vertebral humana. Além disso, os moradores visitados apresentam certa resistência em realizar processos que exigem muito esforço de arrumação de suas camas e mesas, sugerindo que uma solução de projeto envolvendo muitos processos de transformações diárias do equipamento não seria bem aceita.
Croquis: possibilidades de tranformação da cama em sofá e mesa.
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Dessa forma, ao invés de criar mecanismos complexos que transformassem o equipamento completamente para economizar espaço, decidiu-se realizar um esforço de síntese dos elementos necessários, de maneira a simplificar a estrutura do objeto para cada atividade. Esse processo abriu possibilidades para utilizar a mesma estrutura para atividades diferentes. Chegou-se a conclusão de que a cama nada mais é do que uma superfície acolchoada; o espaço de estudo e trabalho e refeições simples podem ser os mesmos, compostos de superfície lisa e ampla em altura apropriada; e o armazenamento de pertences é feito a partir de estrutura para pendurar objetos e roupas e uma variedade de compartimentos modulares que podem ser fechados ou abertos.
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Anotações conceituais: reflexões sobre a síntese de cada elemento a ser incorporado no projeto.
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Brainstorming de acordo com as visitas e referĂŞncias.
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Croquis: estruturas finas e adaptáveis inspiradas nos mecanismos das referências.
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A partir desse ponto, vários estudos foram feitos utilizando os recursos observados nas referências. Para simplificar ao máximo e reduzir a materialidade do equipamento, observou-se que as estruturas compostas de grids leves e finos seriam adequadas. Se associadas a mecanismos que permitem movimentação de parte da estrutura, as possibilidades em cima do projeto se multiplicariam.
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Croquis: estruturas finas e adaptáveis inspiradas nos mecanismos das referências.
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Em atendimento com o professor orientador, percebeu-se que os croquis mantinham-se em torno de um conceito único aplicado de duas formas diferentes: Estruturas metálicas unidas por um eixo central. O que separou as ideias foi o posicionamento do eixo em vertical e horizontal. Decidiu-se então, explorar essas duas vertentes. Notou-se uma característica interessante nesse tipo de projeto: A estrutura é simples e possibilita que o próprio usuário componha o mobiliário anexando componentes conforme sua necessidade, aumentando o potencial de personalização.
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Croquis: estudos de escadas e referências.
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Para estudar melhor estruturas com o eixo na horizontal e abertura, foram observadas escadas, as quais são objetos “collapsible” fáceis de armar e desarmar, assim como aproveitam bem a altura disponível nas moradias. No lugar dos degraus, poderiam ser colocadas superfícies que atuam como prateleiras e mesas. O espaço abaixo da estrutura aberta poderia abrigar objetos pendurados na própria estrutura.
acima: estudos com modelos simples abaixo: croquis
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Em paralelo, desenvolveram-se vários tipos de projetos diferentes. O processo não é linear, e sim, aberto a possibilidades novas sempre que uma ideia surge a partir de uma problemática. Dessa forma, os croquis e estudos não são setorizados de forma muito definida. Um esboço leva a outro, hora é necessário um croqui, hora um modelo digital ou físico para testar possibilidades e entender as potencialidades e fraquezas de casa proposta.
maquete de estudo
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estudos em modelos 3D
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Esquerda: croquis baseados em Campeggi Lettino Ospite de Vico Magistretti. Direita: croquis de estudo.
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Estudos foram feitos e verificou-se que, para abrigar prateleiras e mesas de dimensões suficientemente grandes, seria necessária inclinação com ângulo grande, o qual tornaria o equipamento muito espaçoso. Nos primeiros estudos, houve dificuldade em incorporar o elemento da cama, exigindo algumas alterações. Dessa forma, ao invés de uma estrutura que se apoia na parede e se abre a frente, experimentou-se fazer uma combinação de duas estruturas, compondo um equipamento em formato W. As junções foram planejadas de forma a coincidirem com as alturas apropriadas para a cama, mesa e prateleiras.
modelos 3D de estudo
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estudos no AutoCAD para alturas e ângulos das estruturas
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Esse projeto apresentou alguns pontos fortes como a facilidade de fechá-lo e torná-lo menos volumoso através de seu sistema pivotante, sendo, até certo ponto, “collapsible”. Os próprios componentes, como as prateleiras, travariam o sistema. Poderia abrigar uma mesa, também armada por sistema pivotante. Para assento, é possível utilizar uma cadeira independente ao sistema, ou a própria cama, com o encosto feito por tela elástica presa aos eixos. Os eixos foram posicionados de acordo com as alturas ideais para se estabelecerem a cama, mesa e prateleiras, bem como o limite de altura para o mobiliário se acomodar em pé direito convencional de apartamento, por volta de 2,40 m.
modelo 3D de estudo.
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modelo fĂsico para testes e avaliação do projeto
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modelo físico para testes e avaliação do projeto
modelo físico: estrutura pivotante
Contudo, o anteprojeto não se mostrou eficiente o bastante no quesito versatilidade, uma vez que ele poderia ser montado apenas de uma forma. Além disso, a partir da maquete física, percebeu-se que haveria necessidade de melhor travamento da estrutura no sentido transversal, tornando o desenho do equipamento demasiadamente fechado, dificultando a entrada do usuário no espaço interno.
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Numa tentativa de manter as características positivas desse projeto e, ao mesmo tempo, eliminar a fraqueza estrutural, projetos com abertura com eixo vertical foram retomados, aproveitando-se da ortogonalidade, a qual facilita a flexibilização do grid e de composição no projeto. Croquis de estudo: alturas necessárias.
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Partiu-se das alturas ideias já estudadas anteriormente como o pontapé para um grid funcional. Chegou-se numa modulação vertical de 35 cm.
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Croquis de estudo: estruturas ortogonais baseadas em um grid no qual as superfĂcies se apoiam.
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modelos 3D de estudo: projeto em versão madeira
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Como concluído em reflexões anteriores, os elementos considerados no projeto, como cama, mesa, prateleiras e suporte para se pendurar roupas, são nada mais do que superfícies e barras estruturadas em diferentes alturas. Dessa forma, chegou-se no estudo de dois componentes modulares e iguais que servem de suporte para todos os elementos. Para desmontar o equipamento, seria necessária somente a retirada das peças alocadas na horizontal e fechar o quadro em U.
Por haver muitas barras-suporte compondo o sistema para possibilitar arranjos diferentes, o material empregado deveria ter bitolas de dimensĂľes menores possĂveis para refinamento visual e para evitar enclausuramento do usuĂĄrio. Assim, decidiu-se substituir a madeira inicialmente utilizada por metal.
modelos 3D de estudo: projeto em versĂŁo madeira - estrutura de montantes para suportar o estrado.
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modelos 3D de estudo: versão com estrutura metálica - arranjo 1
modelos 3D de estudo: versão com estrutura metálica - arranjo 1
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Esquerda: modelos 3D de estudo: versão com estrutura metálica arranjo 2 Abaixo: teste de implantação de dois conjuntos do equipamento para quarto com 3 x 3,5 m.
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PROJETO FINAL
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projeto final
Após vários estudos, chegou-se no desenho apresentado mais detalhadamente nesse capítulo. Em relação aos últimos desenhos, retomou-se a temática da rigidez excessiva apresentadas pelos colchões e camas, incoerente com a proposta. Para solucionar esse problema, trabalhou-se com estrutura metálica dobrável como suporte de tecido elástico e maleável a coluna vertebral, semelhante a camas elásticas. A cama projetada poderia manter-se fixa na estrutura principal do equipamento ou dobrar-se para dar lugar a outras superfícies base para atividades como estudar, sendo muito conveniente para pessoas que compartilham o quarto e não possuem muito espaço disponível. Também houve um aumento na profundidade do módulo principal de forma a não aumentar o volume deste quando fechado para transporte. Dessa forma, o módulo que tinha a forma de U em planta nas últimas ilustrações, transformou-se em H. Assim, houve um ganho expressivo no tamanho dos tampos de mesa e prateleira. Essa modificação partiu da preocupação em relação à projeção que as roupas penduradas na estrutura teriam sobre a mesa e cama. As composições são feitas a partir das peças: estrutura metálica maior; estrutura metálica menor; prateleiras P, M e G; mesa dobrável; quadro da cama e montantes. Os desenhos técnicos estão representados nas próximas páginas. Nas estruturas metálicas foram previstos orifícios espaçados ritmicamente para a colocação optativa de montantes de acordo com a necessidade do usuário. Tais montantes são transversais ao módulo-base do equipamento, sendo suporte para superfícies como prateleiras e mesas, ou como arara para pendurar roupas e acessórios. A estrutura permite vários layouts diferentes, sendo muito personalizável, característica importante para o público alvo em questão, como foi detectado nas visitas e no estudo teórico. Algumas das possibilidades estão ilustradas a seguir.
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estrutura metĂĄlica maior
axonomÉtrica
planta 1:20
120
medidas em cm
vista 1 1:20
detalhe encaixe dos montantes 1:2 medidas em mm
vista 2 1:20
121
estrutura metรกlica MENOR
axonomร trica
planta 1:20
vista 1 1:20
122
medidas em cm
detalhe encaixe dos montantes 1:2 medidas em mm
vista 2 1:20
123
CAMA
axonomÉtrica
planta 1:20
124
medidas em cm
vista 1 1:10
corte a 1:10
detalhe 1 1:2
medidas em mm
detalhe 2 1:2
medidas em mm
125
MESA DOBRÁVEL
axonomÉtrica
vista 1 1:10
126
medidas em cm
planta 1:10
127
PRATELEIRA G
planta 1:20
corte b 1:10
128
medidas em cm
corte a 1:20
axonomÉtrica
detalhe 1 1:2
medidas em mm
detalhe 2 1:2
medidas em mm
129
PRATELEIRA M
axonomÉtrica
planta 1:10
130
medidas em cm
corte a 1:10
corte b 1:10
detalhe 1 1:2
medidas em mm
detalhe 2 1:2
medidas em mm
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PRATELEIRA P
axonomÉtrica
planta 1:10
132
medidas em cm
corte a 1:10
corte b 1:10
detalhe 1 1:2
medidas em mm
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SITUAÇÃO A
Nessa configuração, as áreas de estudo, descanso e armazenamento de pertences são bem delimitadas. É uma boa opção para pessoas que preferem que todos os equipamentos estejam sempre disponíveis e não precisam ser montados ou desmontados. Contudo, espaços maiores são necessários, uma vez que nessa situação o conjunto possui 266,6 cm de largura e demanda mais um espaço de circulação nas duas extremidades.
planta 1:20
134
medidas em cm
vista 1 1:20
135
136
137
SITUAÇÃO B
planta 1 1:20
planta 2 1:20
138
medidas em cm
Nessa configuração, há alternância entre o uso da mesa em toda a sua extensão (planta 1) e a cama (planta 2). Essa opção ocupa menos espaço e corresponde a um volume completo e fechado em si. Cria-se assim, um espaço que pode ser envolto por algum anteparo de tecido para maior privacidade ou tela para evitar mosquitos.
vista 1 1:20
139
140
141
situação C
142
Outras configurações mais abertas também são possíveis utilizando somente as mesmas peças ou adquirindo mais. Os arranjos podem ser feitos de acordo com as necessidades imediatas.
Situação na qual a estrutura da cama pode se tornar uma pequena mesa para refeições, estudos ou pequenas reuniões.
situação D
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configuraÇões no Quarto coMPartilHado
Procurou-se atender no projeto a necessidade de delimitação do próprio espaço pelo jovem que compartilha o dormitório. Cada um pode montar seu equipamento da forma que melhor se adequar à sua rotina, ao espaço disponível e posicionamento de portas e janelas no cômodo. Nas ilustrações a seguir, o quarto possui 3,5 x 4 m, seguindo as menores dimensões registradas nas visitas para quartos compartilhados entre duas pessoas.
144
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ilustrações humanizadas para exemplificar um possível uso do equipamento.
146
147
transporte
As peรงas fechadas e prontas para o transporte em conjunto formam um volume alto, mas muito fino e leve, de forma a ser facilmente carregado em partes por uma pessoa ou duas.
perspectiva com peรงas empilhadas.
148
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CONSIDERAÇÕES FINAIS O trabalho foi muito prazeroso, uma vez que eu mesma me encaixo como usuária do produto. Muitas das indagações e problemas a serem solucionados foram inspirados em experiências próprias e de colegas. Contudo, através das visitas e estudos teóricos, também pude descobrir novas diretrizes e possibilidades de abordagem da problemática. Ao longo do processo, pude perceber a dificuldade em propor projetos flexíveis para uma sociedade mutante, que necessita se adaptar e se transformar, mas que ainda está arraigada na cultura capitalista acumuladora, na qual o mobiliário é tradicionalmente pesado e rígido. Por isso, procurou-se propor algo aceitável pelos usuários mas, ao mesmo tempo, incentivar pequenas mudanças de costumes, as quais poderiam influenciar em novos projetos voltados para a sociedade antinômade. É um processo que se retroalimenta na direção de tornar as pessoas menos apegadas a tradições que prejudicam as atividades cotidianas, e mais abertas a novos projetos. Pensar em equipamentos flexíveis muitas vezes implica na transformação do produto em várias formas no intuito de atender diferentes objetivos. O desafio compreende em atingir esse caráter sem carregar e encarecer demais a estrutura com ferragens especiais e tampos excessivos, de forma a torná-la pesada e dificultar o transporte e montagem. O trabalho passou por muitas alterações e estudos, demandando um bom tempo para definir minimamente qual caminho seguir. Mesmo a escala de projeto foi definida somente na metade do processo. Algo que ajudou muito nas escolhas ao longo do projeto foi a categorização de referências de acordo com suas características principais, vantagens e desvantagens. Ao compreender melhor os mecanismos, fica muito mais fácil escolher o mais adequado para os estudos. Dessa forma, o processo torna-se mais consistente e direcionado. O processo foi muito interessante por envolver diversas ferramentas, desde o croqui, passando por softwares no computador, até o modelo físico. Elas se complementam, tornando o trabalho mais enriquecedor. O produto final atende grande parte das diretrizes propostas ao longo do estudo inicial. Porém, para seguir em frente e ser aprovado, seriam necessários testes com modelos em escala real, maior estudo de viabilidade, materiais e detalhamento. Acredito que seriam necessárias várias mudanças e almejo refinar o projeto no futuro. O trabalho final de graduação foi um processo muito gratificante, pois foi uma síntese do aprendizado que tive nesses quase sete anos de graduação, alinhado com as experiências em moradias coabitadas durante esse período. 151
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