Carolina da silva rocha espaços livres em lares de idosos tfg

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ESPAÇOS LIVRES EM LARES DE IDOSOS Instituição de Longa Permanência para Idosos Jd. Pedroso

Carolina da Silva Rocha TRABALHO FINAL DE GRADUAÇÃO 2013



UNESP - UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JULIO DE MESQUITA FILHO” FAAC – FACULDADE DE ARQUITETURA, ARTES E COMUNICAÇÃO CURSO: ARQUITETURA E URBANISMO

TRABALHO FINAL DE GRADUAÇÃO – ESPAÇOS LIVRES EM LARES DE IDOSOS

Autora: Carolina da Silva Rocha Orientadora: Norma Regina Truppel Constantino

BAURU 2013


Trabalho Final de Graduação do curso apresentado à Faculdade de Arquitetura, Artes e Comunicação da Universidade Estadual Paulista, Campus de Bauru, como parte dos requisitos para obtenção da graduação no curso de Arquitetura e Urbanismo, sob orientação da Prof. Dra. Norma Regina Truppel Constantino.


RESUMO

Nas últimas décadas, o quadro da população de todo o mundo sofreu um processo de envelhecimento. No Brasil, este processo ainda não chegou ao seu ponto mais alto, mas já mostra sinais de mudança em sua pirâmide etária. Hoje, a faixa mais crescente da população é a dos idosos. Antigamente, as famílias conseguiam lidar com a responsabilidade de cuidar do idoso, mas, atualmente a estrutura da família brasileira e seu modo de vida mudaram, dificultando a conciliação da rotina com as necessidades do idoso. Esta nova característica da estrutura familiar vem gerando demandas crescentes por hospedagens fora dos lares familiares. Com a transição do ambiente familiar para uma instituição especializada, cresce a preocupação com o bem estar do idoso, que já não está mais integralmente sob o cuidado da família. O presente trabalho tem como objetivo, destacar como a existência de espaços livres de qualidade nos lares destinados aos idosos é importante, e explorar como estes espaços contribuem para atender as questões de bem estar e socialização desse idoso, dado que os cuidados com hospedagem e saúde são basicamente atendidos na maior parte das instituições. Procurou-se mostrar os benefícios do contato com o exterior e como este contato traz estímulos positivos para os idosos, tanto fisicamente, quanto mentalmente. Os lares de idosos são instituições existentes há anos, porém são mal vistos pela sociedade por conta de seu caráter hospitalar. Muitas pessoas associam este tipo de instituição ao abandono, segregação


e incapacidade, porém as Instituições de Longa Permanência para Idosos, ILPI, podem reintegrar os idosos à sociedade, elevando sua autoestima e independência. Associado aos cuidados que as ILPI pretendem oferecer, a proposta de vinculá-los aos espaços livres vem como um aditivo, acelerando os resultados benéficos através do contato com o meio externo, a natureza e os exercícios físicos. Este trabalho busca entender como a utilização diária do meio externo desperta o estímulo físico e mental dos idosos, contribuindo significativamente para a melhora de sua saúde. Deste modo, procurou-se encontrar maneiras de conciliar o funcionamento das ILPI aos desejos dos idosos de contato com a natureza, criando espaços livres adaptados a um programa que permita sua utilização para a melhoria da saúde física e mental dos residentes. Essas iniciativas contribuirão para que a adaptação à ILPI seja de aceitação mais rápida e, principalmente, lhes permitirão maior liberdade de escolha de suas atividades. Para que um projeto arquitetônico seja produzido para esse fim, foram reunidas informações relevantes sobre os lares de idosos existentes na cidade de Indaiatuba - São Paulo, com o objetivo de realizar uma análise aprofundada sobre as principais necessidades desses espaços nas ILPI da cidade.

Palavras chave: ILPI, instituto de longa permanência, espaços livres, lar de idosos.



ABSTRACT

In the last decades, the picture of the worldwide population has gone through an aging process. In Brazil, this process hasn’t reached its highest level, but it already shows up signals of chance in its age pyramid. Today, the most rising portion of the population is the elderly. Formerly, the families could deal with the responsibility of taking care of the senior, but nowadays, the structure of the Brazilian family and its way of life has changed, making difficult to conciliate the familiar routine with the elderly’s needs. This new characteristic of the family structure generates a grown demand for accommodation outside of the family homes. With the transition of the familiar environment to a specialized institution, the worries about the welfare of the ancient grow, as soon as he is not fully under the family care. The present work intends to highlight the importance of having appropriate open spaces at the senior home care, and explore how these spaces contributes to attend the welfare and socialization questions of this senior, since the care of accommodation and health are basically attended in the major part of the institutions. We sought to emphasize the benefits of being outdoor and the way it can stimulate both physically and mentally the seniors. The senior’s home cares are institutions that have been available for many years, but still have a bad reputation due to its hospital feature. Many people associate this kind of institution with desertion, segregation and incapacity, but the “Long-Term Care”, LTC, can reintegrate seniors into society, raising their self-esteem and independency.


The proposal to link the senior to the outdoor spaces together with the purpose of the LTC, have quicken the beneficial results, throughout the contact with the external environments and the physical exercises. This work searches for an understanding of how to motivate the physical and mental stimulation using the daily outdoor contact. Therefore, it tries to find a way to conciliate the LTC action and the desire of the seniors for being in touch with the environment, creating open spaces adapted to a program that allows its utilization for a physical and mental health improvement of the residents, making their fitting to the LTC easier and faster, letting them free to choose their activities. Lastly, for an architectonic project to be done, relevant information about the seniors home care existent in Indaiatuba, S達o Paulo, were collected, so that allows a deep analysis about the main needs in the LTC of the city. Keywords: LTC, long-term care, open spaces, senior home care.


A todas as pessoas. Afinal, todos nós chegaremos à terceira idade.


AGRADECIMENTO

Agradeço às minhas famílias. À minha família de sangue, por acreditarem em mim em todo momento. Por nunca me deixarem abalar e me mostrarem que sou capaz de qualquer coisa. Em especial aos meus pais e irmã, por terem me ajudado a concretizar este trabalho, mesmo no tempo em que morei em Portugal. À família formada pelos amigos de Indaiatuba, ao longo de muitos anos, por me divertirem sempre, me proporcionarem muitos momentos de alegria e por estarem sempre dispostos a ajudar. À família Comp80, por me ensinar o verdadeiro valor da amizade conquistada na universidade. À família Bauruense, formada por pessoas tão diferentes umas das outras, que me ensinaram a conviver, suportar, relevar, apoiar e amar. As maiores lições que tive nesses cinco anos. Espero levar vocês comigo pelo resto da vida. Obrigada por todos os momentos, sejam os almoços de domingo ou mesmo as inevitáveis madrugadas de projeto. À família formada em Coimbra, por me incentivarem todas as vezes que senti vontade de desistir. Agradeço à orientadora Norma, pelas aulas que me fizeram aprender a amar o paisagismo e por ter aceitado me orientar, mesmo que à distância.


SUMÁRIO

1

INTRODUÇÃO ............................................................................................................................................... 24 1.1 Contextualização .................................................................................................................................. 24 1.2 População idosa ................................................................................................................................... 29

2

OBJETIVO ...................................................................................................................................................... 35

3

HIPÓTESE ....................................................................................................................................................... 37

4

METODOLOGIA............................................................................................................................................ 39

5

AS ILPI ............................................................................................................................................................ 41 5.1 O que são ILPI? ...................................................................................................................................... 41 5.2 Tipos de instituições existentes ............................................................................................................ 43 5.3 Distribuição das ILPI e disponibilidade ............................................................................................... 45

6

QUALIDADE DE VIDA NA TERCEIRA IDADE .............................................................................................. 49

7

O CONTATO COM A NATUREZA NA TERCEIRA IDADE ........................................................................... 53

8

COMO DEVE SER O ESPAÇO EXTERNO DE UMA ILPI? ............................................................................ 57

9

REFERÊNCIA - Duncaster Life Care Center .............................................................................................. 65


10 ANÁLISE DAS ILPI DA CIDADE DE INDAIATUBA ........................................................................................ 69 11 CONCLUSÃO DAS VISITAS NAS ILPI DE INDAIATUBA ............................................................................... 78 12 CURIOSIDADES, EXEMPLOS INTERESSANTES E ESTUDO DE CASO .......................................................... 82 12.1 Curiosidade .......................................................................................................................................... 82 12.2 Guia Mundial – A cidade Amiga do Idoso ..................................................................................... 82 12.3 EXEMPLOS INTERESSANTES .................................................................................................................. 86 12.3.1 Elderly Care Center - Zamora, Spain......................................................................................... 86 12.3.2 Lar de Idosos da Misericórdia..................................................................................................... 87 12.4 Estudo de Caso ................................................................................................................................... 91 12.4.1 Residências Assistidas da 3ª Idade ............................................................................................ 91 13 PROJETO – ILPI Jd. Pedroso ........................................................................................................................ 99 13.1 Localização .......................................................................................................................................... 99 13.2 Projeto ................................................................................................................................................. 104 13.3 Estudo preliminar ............................................................................................................................... 105 13.4 Projeto Final ........................................................................................................................................ 110 13.4.1 Implantação ............................................................................................................................... 110 13.4.2 Entrada e Recepção ................................................................................................................. 112


13.4.3 Moradia ....................................................................................................................................... 114 13.4.4 Enfermaria ................................................................................................................................... 117 13.4.5 Salas Multiuso .............................................................................................................................. 120 13.4.6 Restaurante ................................................................................................................................. 122 13.4.7 Serviços ........................................................................................................................................ 124 13.4.8 Piscina e Vestiário ....................................................................................................................... 125 13.4.9 Pomar ........................................................................................................................................... 129 13.4.10 Jogos e cantina ........................................................................................................................ 131 13.4.11 Espaços Livres e Academia.................................................................................................... 134 13.4.12 Aspectos gerais ........................................................................................................................ 142 14 CONSIDERAÇÕES FINAIS .......................................................................................................................... 149 15 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................................................ 152 16 ANEXOS – Relatórios das visitas às ILPI ................................................................................................... 156 16.1 Visita à ILPI 1 ....................................................................................................................................... 156 16.2 Visita à ILPI 2 ....................................................................................................................................... 181 16.3 Visita à ILPI 3 ....................................................................................................................................... 203 16.4 Visita à ILPI 4 ....................................................................................................................................... 222


16.5 Visita à ILPI 5 ....................................................................................................................................... 237 16.6 Visita à ILPI 6 ....................................................................................................................................... 250

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Representatividade dos idosos 1960, 2000 e 2010 ..................................................................... 25 Figura 2 – População de 80 anos ou mais de idade por sexo (IBGE, 2012) ............................................ 26 Figura 3 - Distribuição da população por sexo, segundo grupos de idade (IBGE, 2010) ..................... 27 Figura 4 - Distribuição da população por sexo, segundo grupos de idade Região Sudeste (IBGE, 2012) .................................................................................................................................................................... 28 Figura 5 - Espaços que proporcionam a sensação de segurança (Fonte: CARSTENS, 1998) .............. 59 Figura 6 - Exemplo de áreas livres (Fonte: CARSTENS, 1998) ...................................................................... 60 Figura 7 - Exemplo de áreas livres (Fonte: CARSTENS, 1998) ...................................................................... 60 Figura 8 - Criação de subespaços gera intimidade (Fonte: CARSTENS, 1998) ....................................... 61 Figura 9 - Exemplos de piso antiderrapante: blocos intertravados (Fonte: PiniWeb Ed. 18, julho de 2008) .................................................................................................................................................................... 63 Figura 10 - Sinalização tátil de alerta e direcional: modulação do piso (Fonte: NBR9050) .................. 63 Figura 11 - Área externa Duncaster Life Care Center (Fonte: Divulgação) ............................................ 65


Figura 12 - Duncaster Life Care Center ......................................................................................................... 66 Figura 13 - Espaço de circulação externa (ILPI 1) ....................................................................................... 71 Figura 14 - Espaço externo ILPI 3 ..................................................................................................................... 72 Figura 15 – Garagem como espaço de lazer e descanso (ILPI 2) ............................................................ 73 Figura 16 - Espaço impermeabilizado com potencial para ser transformado em jardim .................... 74 Figura 17 - Espaço livre ILPI 5

Figura 18 - Espaço livre ILPI 6 .............................. 75

Figura 19 - Localização .................................................................................................................................... 91 Figura 20 - Implantação ................................................................................................................................... 92 Figura 21 - Planta Pavimento térreo ............................................................................................................... 92 Figura 22 - Planta Pavimento Tipo - 1, 2 e 3 .................................................................................................. 93 Figura 23 - Corte Transversal ............................................................................................................................ 94 Figura 24 - Vista Exterior .................................................................................................................................... 94 Figura 25 - Vista Exterior .................................................................................................................................... 95 Figura 26 - Vista do Pátio Interno .................................................................................................................... 96 Figura 27 - Tipologia dos apartamentos: 2 dormitórios e 1 dormitório ..................................................... 97 Figura 28 - Indaiatuba em 1951 (Fonte: Fundação Pró Memória Indaiatuba) ..................................... 100 Figura 29 - Igreja Matriz Nossa Sra. da Candelária (Fonte: Fundação Pró Memória Indaiatuba) .... 101 Figura 30 - Estação Ferroviária ...................................................................................................................... 101 Figura 31 - Hospital Augusto de Oliveira Camargo, Inaugurado em 1933 ............................................ 102 Figura 32 – Localização do Hospital (amarelo) e da Área de intervenção (vermelho) ..................... 103


Figura 33 – Implantação ................................................................................................................................ 106 Figura 34 - Apartamentos (tipologias) ......................................................................................................... 108 Figura 35 - Estrutura do telhado verde (FONTE: Ecotelhado) .................................................................. 142 Figura 36 - Aquecimento Solar (FONTE: Soletrol) e Ecotelhados com Placas solares (ILPI Jd. Pedroso) ............................................................................................................................................................................ 143 Figura 37 - Ciclo da matéria orgânica (FONTE: web) ............................................................................... 144 Figura 38 - Implantação: espécies, canteiros e vista superior ................................................................. 147 Figura 39 – Localização ILPI 1 (FONTE: GoogleMaps) ............................................................................... 157 Figura 40 - Entrada principal da ILPI 1 (Fonte: Google Street View) ....................................................... 158 Figura 41 - Sede do Bazar realizado fica ao lado da instituição ............................................................ 159 Figura 42 - Sede do Bazar .............................................................................................................................. 160 Figura 43 - Novo ambulatório e refeitório.................................................................................................... 161 Figura 44 - Novo Ambulatório........................................................................................................................ 162 Figura 45 - Corredor do Novo Ambulatório ................................................................................................ 163 Figura 46 - Ambulatório: circulação, sanitários e balcão ........................................................................ 164 Figura 47 – Refeitório ....................................................................................................................................... 165 Figura 48 – Refeitório ....................................................................................................................................... 166 Figura 49 - Uma das Rampas do corredor de circulação ........................................................................ 168 Figura 50 - Rampas do corredor de circulação ......................................................................................... 169 Figura 51 - Piso exterior ................................................................................................................................... 170


Figura 52 - Lavanderia e acesso à administração/enfermaria ............................................................... 171 Figura 53 - Desnível entre porta de banheiro encontrando o final de uma rampa no corredor...... 172 Figura 54 - Portas e janelas do lado feminino ............................................................................................. 174 Figura 55 - Banheiro sem barra sob o chuveiro

Figura 56 - Banheiro com barra sob o chuveiro 175

Figura 57 - Espaço de descanso ................................................................................................................... 176 Figura 58 - Espaço de descanso ................................................................................................................... 177 Figura 59 - Acesso ao patamar dos bancos ............................................................................................... 178 Figura 60 – Fundos da lavanderia: falta de espaço para armazenamento de equipamentos ....... 179 Figura 61 – Localização .................................................................................................................................. 181 Figura 62 - Dormitório duplo .......................................................................................................................... 182 Figura 63 - Suíte ................................................................................................................................................ 183 Figura 64 - Dormitório duplo .......................................................................................................................... 184 Figura 65 - Suíte tripla ...................................................................................................................................... 185 Figura 66 – Banheiro ........................................................................................................................................ 186 Figura 67 – Banheiro ........................................................................................................................................ 187 Figura 68 - Banheiro......................................................................................................................................... 188 Figura 69 - Banheiro 2...................................................................................................................................... 189 Figura 70 - Banheiro 2...................................................................................................................................... 190 Figura 71 - Banheiro 3...................................................................................................................................... 191 Figura 72 - Banheiro 3

Figura 73 - Banheiro 3 ..................................................... 192


Figura 74 - Sala de TV...................................................................................................................................... 193 Figura 75 – Cozinha ......................................................................................................................................... 194 Figura 76 – Corredor ........................................................................................................................................ 195 Figura 77 - Corredor externo lateral ............................................................................................................. 196 Figura 78 - Entrada do dormitório dos fundos ............................................................................................ 197 Figura 79 - Lavanderia adaptada ................................................................................................................ 198 Figura 80 - Objetos sem armazenamento adequado .............................................................................. 199 Figura 81 – Fundos ........................................................................................................................................... 200 Figura 82 - Garagem utilizada como espaço de descanso .................................................................... 201 Figura 83 - Pequeno jardim em frente à casa ............................................................................................ 202 Figura 84 – Localização .................................................................................................................................. 203 Figura 85 - Frente da ILPI 3 (Fonte: Google Street View) ........................................................................... 204 Figura 86 - Sala de TV...................................................................................................................................... 205 Figura 87 - Sala de Jantar .............................................................................................................................. 206 Figura 88 – Cozinha ......................................................................................................................................... 207 Figura 89 - Dormitório triplo ............................................................................................................................ 208 Figura 90 - Dormitório Quádruplo ................................................................................................................. 209 Figura 91 - Janela tipo 1

Figura 92 - Janela tipo 2 ........................................ 210

Figura 93 - Janela tipo 3 ................................................................................................................................. 210 Figura 94 - Entrada Sanitário 1 ....................................................................................................................... 211


Figura 95 - Sanitário 1 ...................................................................................................................................... 212 Figura 96 - Sanitário 1 ...................................................................................................................................... 213 Figura 97 - Sanitário 2 Figura 99 - Início do corredor

Figura 98 - Sanitário 2 ................................................................ 214 Figura 100 – Corredor ............................................... 215

Figura 101 - Posto de Enfermagem .............................................................................................................. 216 Figura 102 - Área de Luz ................................................................................................................................. 217 Figura 103 - Acesso área de luz .................................................................................................................... 218 Figura 104 - Pequeno jardim frontal ............................................................................................................. 219 Figura 105 - Circulação externa - área de serviço .................................................................................... 220 Figura 106 - Circulação externa

Figura 107 - Circulação externa .................................................. 220

Figura 108 - Garagem vista do pequeno jardim........................................................................................ 221 Figura 109 – ILPI4 .............................................................................................................................................. 222 Figura 110 - Localização ILPI 4 ....................................................................................................................... 223 Figura 111 - Placa de contato para doações............................................................................................ 224 Figura 112 - Entrada ILPI 4 .............................................................................................................................. 225 Figura 113 - Sala da entrada ......................................................................................................................... 226 Figura 114 - Corredor dos quartos - interliga a sala da entrada ao refeitório ...................................... 227 Figura 115 - Dormitório duplo ........................................................................................................................ 228 Figura 116 – Banheiro ...................................................................................................................................... 230 Figura 117 - Pequeno refeitório ..................................................................................................................... 231


Figura 118 – Cozinha ....................................................................................................................................... 232 Figura 119 - Sala de TV.................................................................................................................................... 233 Figura 120 - Sala de TV.................................................................................................................................... 234 Figura 121 - Área de descanso ..................................................................................................................... 234 Figura 122 - Lateral do terreno ...................................................................................................................... 236 Figura 123 – Localização ILPI 5 (Fonte: Google Maps) ............................................................................. 237 Figura 124 - ILPI 5 (caráter de casa de campo) ........................................................................................ 238 Figura 125 – Dormitório ................................................................................................................................... 239 Figura 126 - Campainha de alarme ............................................................................................................. 240 Figura 127 – Banheiro ...................................................................................................................................... 241 Figura 128 – Cozinha ....................................................................................................................................... 242 Figura 129 – Corredor...................................................................................................................................... 243 Figura 130 - Pisos (entrada) ............................................................................................................................ 244 Figura 131 - Rampa de acesso à residência .............................................................................................. 245 Figura 132 - Circulação externa ................................................................................................................... 245 Figura 133 - Corredor de serviço ................................................................................................................... 246 Figura 134 – Depósito ...................................................................................................................................... 247 Figura 135 - Espaço livre ILPI 5 ....................................................................................................................... 248 Figura 136 - Piscina (fechada) ...................................................................................................................... 249 Figura 137 - Localização ILPI 6 (Fonte: Google Maps) .............................................................................. 250


Figura 138 – ILPI 6 (Fonte: Google Street View) .......................................................................................... 251 Figura 139 - Dormitório quádruplo ................................................................................................................ 252 Figura 140 - Dormitório triplo .......................................................................................................................... 252 Figura 141 - Dormitório triplo .......................................................................................................................... 253 Figura 142 - Corredor interno ......................................................................................................................... 254 Figura 143 - Banheiro 1

Figura 144 - Banheiro 1 .................................................. 255

Figura 145 - Banheiro 2 ................................................................................................................................... 256 Figura 146 - Posto de enfermagem e Administração ............................................................................... 257 Figura 147 - Sala de TV.................................................................................................................................... 258 Figura 148 - Sala de Jantar ............................................................................................................................ 258 Figura 149 - Cozinha........................................................................................................................................ 259 Figura 150 – Cozinha ....................................................................................................................................... 260 Figura 151 - Área dos fundos ......................................................................................................................... 261 Figura 152 - Lavanderia adaptada (edícula) ............................................................................................. 262 Figura 153 - Garagem (espaço de desanso) ............................................................................................. 263 Figura 154 - Jardim frontal .............................................................................................................................. 264


1. INTRODUÇÃO

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1 INTRODUÇÃO 1.1

Contextualização

Nos dias atuais, os idosos são uma parcela crescente da população. Segundo o “U.S. Census Bureau 1995”, em 2050 os idosos americanos serão um em cada cinco habitantes do país. Além disso, a faixa etária dos 85 anos ou mais será a que aumentará mais rapidamente até lá. Hoje, 75% dos idosos do mundo todo residem nos países desenvolvidos. No Brasil, segundo o IBGE, nos últimos 50 anos o total da população quase triplicou: passou de 70 milhões, em 1960, para 190,7 milhões, em 2010. Outra análise desses números, revela que o número de idosos com 60 anos ou mais cresceu de 3,3 milhões em 1960 para 14,5 milhões em 2000 e, em 2010, este número chegou a 20,5 milhões, representando 10,8% do total da população do país.

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Figura 1 – Representatividade dos idosos 1960, 2000 e 2010

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Figura 2 – População de 80 anos ou mais de idade por sexo (IBGE, 2012)

A pirâmide etária do país está cada vez mais semelhante às pirâmides etárias dos países desenvolvidos. Deste modo, o Brasil deve se alertar, pois os problemas vividos por estes países nos tempos atuais serão os mesmos que o Brasil enfrentará no futuro.

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Figura 3 - Distribuição da população por sexo, segundo grupos de idade (IBGE, 2010)

Conforme os anos passam, as inovações tecnológicas auxiliam o avanço cada vez maior da medicina. Consequentemente, a expectativa de vida do ser humano também aumenta. Hoje, já se nota que as pirâmides etárias das regiões sul e sudeste são as que caminham mais rápido para a situação dos países de primeiro mundo, como se pode ver na figura abaixo:

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Figura 4 - Distribuição da população por sexo, segundo grupos de idade Região Sudeste (IBGE, 2012)

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1.2

População idosa

Apesar de a legislação brasileira apontar a família como maior responsável pelo cuidado do idoso, pesquisas declaram que, atualmente, a população idosa busca cada vez mais sua independência, preferindo viver em lares destinados a idosos a ter que viver em casas de amigos ou parentes. Além disso, muitos idosos são orientados a sair do meio familiar por algum motivo específico que não seja favorável à situação do envelhecimento (maus tratos, problemas familiares, problemas financeiros...). Assim, o país deve se preparar para que haja acomodações adequadas para esta nova população de faixa etária dominante nos próximos anos. É fato que a pirâmide etária está se deslocando mais para a faixa dos idosos (pessoas com 60 anos ou mais), seguindo tendência dos países mais desenvolvidos. Este fenômeno demográfico (longevidade e fecundidade) que ocorre no Brasil e no mundo pode ser explicado por vários fatores. Pelo lado da longevidade, o avanço da medicina e da tecnologia permitiu a descoberta de medicamentos mais eficazes e até mesmo a cura de muitas doenças. Nos dias de hoje, as expectativas de cura de um câncer, por exemplo, são muito maiores. Isto acontece em muitos casos devido ao diagnóstico precoce, possível hoje por conta da medicina avançada. Ademais, em 1998 a Constituição Federal tornou direito de todo cidadão o acesso à saúde. Segundo o Ministério da Saúde, com a criação do Sistema Único de Saúde (SUS) o atendimento médico

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ficou mais acessível. Embora ainda se mostre deficiente, o SUS beneficia 190 milhões de pessoas. Anteriormente, apenas 30 milhões tinham acesso ao atendimento médico1. Associado ao avanço da medicina e à maior facilidade de acesso ao atendimento médico, a preocupação com a saúde se mostra maior nos dias de hoje. Um dos impulsionadores desta preocupação é a mídia. Muito em pauta em programas de TV, jornais, rádio e até mesmo na internet, o assunto “cuidados com a saúde” leva mais informações à população sobre prevenções e alerta sobre sintomas de doenças graves, fazendo com que a população se cuide melhor, consequentemente vivendo por mais tempo. Pelo lado da fecundidade, a redução da taxa de fecundidade por mulher mostra a diminuição da população jovem. Também, a expansão da urbanização extinguiu a ideia de que era preciso ter muitos filhos para ajudar nos trabalhos do campo2. Em 1960, a taxa de fecundidade no Brasil que foi de 6,3 filhos por mulher, caiu para menos de dois filhos por mulher em 2010, abaixo do nível natural de reposição da população, de acordo com o Censo Demográfico 20103.

1

Portal Brasil: Atendimento Médico, s.d. (http://www.brasil.gov.br/para/servicos/atendimento-medico) Acesso em

2

Mundo Educação: “Taxa de Fecundidade no Brasil”, s.d. (http://www.mundoeducacao.com/geografia/taxa-

06/09/2013 fecundidade-no-brasil.htm) Acesso em 27/08/2013 3

Revista

Exame:

“IBGE:

Taxa

de

fecundidade

diminuiu

20,1%

na

última

década”,

(http://exame.abril.com.br/economia/noticias/ibge-taxa-de-fecundidade-diminuiu-20-1-na-ultima-decada-2)

27/04/2012.

Acesso

em

29/08/2013

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Tabela 1 - Taxa de fecundidade 2000/2010 (Fonte: IBGE)

A educação sexual, o planejamento familiar e a grande participação da mulher no mercado de trabalho são outros aspectos que acarretaram redução da taxa de fecundidade no Brasil. Os gastos com a criação dos filhos estão cada vez mais elevados, especialmente com escolas, creches, hospitais e transporte. Além disso, os divórcios são comuns nos dias atuais, alterando as responsabilidades antes definidas entre mãe e pai. Espaços Livres em Lares de Idosos

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Nesse contexto, não podemos deixar de destacar o novo papel da mulher na sociedade. Essa nova mulher vem alterando seu papel na família e na sociedade: Hoje, a mulher possui novos anseios. No Brasil, até meados do século XX, a mulher era tida como essencialmente uma provedora das necessidades do lar, mas, agora ela busca atender suas ambições – liberdade econômica, mostrar que tem capacidade de realizar atividades que anteriormente estavam exclusivamente no domínio masculino. Além disso, a mulher é essencial para complementar da renda familiar. O custo de vida e o custo com a criação dos filhos têm aumentado muito e a mulher, em seu novo papel, vai à luta para complementar essa renda e atender estas demandas. Este novo papel da mulher cria um grande impacto nas relações familiares. Agora, com jornada dupla - trabalho e casa - tem pouco tempo para os familiares dependentes, ou seja, filhos e idosos. Para as crianças há inúmeras alternativas (creches, atividades extracurriculares etc), mas e para os idosos? Diante destes cenários, a questão do cuidado com o idoso se torna cada vez mais complexa. A responsabilidade integral de seus cuidados não se encaixa mais à rotina familiar. Então, quais tipos de entidades existem e que podem acolher? Quais tipos de infraestruturas são oferecidas? O idoso indo para uma instituição - Como tornar esta separação da família algo menos doloroso?

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O Estatuto do Idoso4, que regula os direitos assegurados às pessoas com idade igual ou superior a 60 (sessenta) anos, traz em seu Art. 3º:

É obrigação da família, da comunidade, da sociedade e do Poder Público assegurar ao idoso, com absoluta prioridade, a efetivação do direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, à cultura, ao esporte, ao lazer, ao trabalho, à cidadania, à liberdade, à dignidade, ao respeito e à convivência familiar e comunitária.

Mas como a família pode ser a principal cuidadora do idoso, se as mudanças em sua estrutura fazem com que mal sobre tempo para cuidar da vida pessoal e dos próprios filhos? Está claro que, principalmente para as populações que residem no campo e nas pequenas cidades, a família irá continuar a tomar conta do idoso, inclusive pela falta de infraestrutura disponível. Mas, para as médias e grandes cidades, a solução, quando sai do âmbito familiar, está nos institutos de longa permanência. Ao analisar estas instituições existentes, este trabalho pretende observar e propor soluções, verificando como a Arquitetura pode colaborar para melhorar a estadia do idoso nestas instituições, minimizando a separação familiar e proporcionando melhor qualidade de vida tanto física quanto mentalmente.

4

Estatuto do Idoso (http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2003/l10.741.htm) Acesso em 01/06/2013.

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2. OBJETIVO Espaรงos Livres em Lares de Idosos

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2 OBJETIVO

O Trabalho Final de Graduação tem como objetivo principal destacar a importância da existência de espaços livres de qualidade nos lares destinados a idosos, buscando garantir a qualidade desses espaços nos Lares de Permanência de Idosos, ou seja, humanizando este tipo de instituição. Segundo pesquisas realizadas em Nova Jersey, Estados Unidos, realizadas na década de 80, os espaços livres provocam um sentimento de prazer para os idosos. Quase metade dos entrevistados declarou que sai todos os dias (quando o clima permite) e mais de 80% deles afirmaram que gostariam de sair no verão. Já em São Francisco, 75% dos idosos entrevistados utilizam áreas externas para a prática de exercícios ou mesmo sentar e apreciar a paisagem (CARSTENS, 1990). Deste modo, procura-se neste trabalho encontrar uma maneira de conciliar o funcionamento das ILPI associados aos desejos dos idosos de contato com a natureza, criando espaços livres adaptados a um programa que permita sua utilização para a melhoria da saúde física e mental dos residentes, fazendo com que eles se sintam bem por viver neste tipo de instituição e, principalmente, permitindo-lhes maior independência.

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3. HIPร TESE Espaรงos Livres em Lares de Idosos

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3 HIPÓTESE

Os lares de idosos são instituições existentes há anos, porém são mal vistos pela sociedade por conta de seu caráter hospitalar. Muitas pessoas associam os lares de idosos a abandono, segregação e incapacidade, porém, as ILPI podem reintegrar os idosos à sociedade e estimulá-los a terem vontade de viver. Associado aos cuidados que as ILPI pretendem oferecer, a proposta de associá-los aos espaços livres vem como um aditivo, acelerando os resultados benéficos através do contato com o meio externo, a natureza e os exercícios físicos. A busca deste trabalho é o estímulo físico e mental dos idosos através da utilização diária do meio externo. É fazer com que os residentes das ILPI vejam as instalações como seus lares.

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4. METODOLOGIA

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4 METODOLOGIA

O trabalho se construirá a partir da pesquisa e leitura de referências bibliográficas, tais como: artigos, livros e normas técnicas, vinculados ao assunto de Moradia para Idosos, principalmente associados aos espaços livres. Além disso, também contará com um levantamento de exemplos, tanto bem sucedidos, quanto mal sucedidos, para que haja maior entendimento de um lar de idosos de qualidade. Pretende-se reunir informações sobre os lares de idosos existentes na cidade de Indaiatuba, São Paulo, para que seja feita uma análise aprofundada sobre as necessidades da cidade onde se pretende realizar o projeto arquitetônico e paisagístico. Após levantamento e análise destas questões, terá início o anteprojeto e projeto arquitetônico e paisagístico, no qual será aplicado todo o conhecimento adquirido através da pesquisa.

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5. AS ILPI Espaรงos Livres em Lares de Idosos

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5 AS ILPI

5.1

O que são ILPI?

Como já foi dito, ILPI significa “Instituição de Longa Permanência para Idosos”.

Este tipo de

instituição pode ser visto por todo o Brasil e pelo mundo. Tem como objetivo abrigar pessoas idosas (60 anos de idade ou mais), de ambos os sexos, com diferentes graus de dependência ou necessidade e, além disso, que não têm condições de permanecer em sua família. De acordo com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA, 2004), ILPI é uma “instituição mantida por órgãos governamentais e não governamentais destinada a propiciar atenção integral em caráter residencial com condições de liberdade e dignidade, cujo público alvo são as pessoas acima de 60 anos, com ou sem suporte familiar, de forma gratuita ou mediante remuneração”. No Brasil, as ILPI fazem um trabalho de reintegração social dos idosos, além de garantir sua proteção. Porém, este tipo de instituição possui recursos escassos e contam com a ajuda de empresas privadas para funcionar, limitando o número de idosos atendidos. Nas ILPI o critério mais utilizado para selecionar os beneficiários é o socioeconômico. A instituição deve ter caráter residencial e estar inserida na comunidade com uma estrutura adequada para receber os idosos, fazendo com que as relações vivenciadas no ambiente sejam as mais próximas possíveis de um ambiente familiar. Espaços Livres em Lares de Idosos

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Deste modo, as instituições procuram atender os irmãos ou idosos com algum grau de parentesco na mesma unidade, evitando o rompimento dos laços familiares. Além disso, também se procura inserir deficientes nas unidades, para que não haja segregação. Também devem ter atendimento 24 horas e localização adequada perante o espaço urbano. As ILPI abrangem a população em nível regional. Segundo o site da prefeitura de São Paulo, para ingressar em uma das unidades de ILPI do estado, a demanda é encaminhada e/ou validada pelos CRAS, CREAS, Ministério Público ou Poder Judiciário. No Brasil segundo o IPEA5 existem 3.548 instituições deste gênero, onde são atendidos 83.870 idosos. Todas elas devem atender às exigências estabelecidas pela ANVISA e pela NBR – 9050, norma brasileira de acessibilidade da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). De acordo com a definição feita pela Prefeitura de São Paulo, o dever de uma ILPI é:

Acolhimento de pessoas idosas, com diferentes necessidades e graus de dependência, que não dispõem de condições para permanecer na família, ou para aqueles que se encontram com os vínculos familiares

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Site

do

IPEA:

“Mais

de

2/3

das

cidades

não

têm

abrigo

para

idoso”, 25/05/2011 Acesso em

(http://www.ipea.gov.br/portal/index.php?option=com_content&view=article&id=8581&catid=159&Itemid=75) 19/03/2013.

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fragilizados ou rompidos, em situação de negligência familiar ou institucional, sofrendo abuso, maus tratos e outros tipos de violência, ou com perda de capacidade de autocuidado [...]

5.2

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Tipos de instituições existentes

As ILPI podem ser classificadas tanto pela modalidade assistencial, quanto pelo critério de administração. Quanto à administração temos os seguintes tipos: a) Pública – dependem apenas de recursos fornecidos pelo governo. b) Privada filantrópica religiosa (sem fins lucrativos) – mantém-se principalmente através de doações, porém recebe uma ajuda financeira do governo. c) Privada filantrópica não religiosa (sem fins lucrativos) – mantém-se principalmente através de doações, porém recebe uma ajuda financeira do governo. d) Privada (com fins lucrativos) – mantém-se apenas através das mensalidades dos residentes. e) Mista (pública de direito privado) – são de proveniência tanto pública quanto privada.

6 Site da Prefeitura de São Paulo: “Instituição de Longa Permanência para Idosos – ILPI”, s.d. (http://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/assistencia_social/protecao_social_especial/index.php?p=28988) Acesso em 19/03/2013

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Já quanto à Modalidade Assistencial, a ANVISA (2004) tem as seguintes definições: a) Modalidade I – destinada a idosos independentes, mesmo que requeiram o uso de equipamentos de autoajuda; b) Modalidade II – destinada a idosos com dependência funcional em qualquer atividade de autocuidado tais como: alimentação, mobilidade, higiene e que necessitam de auxílios e cuidados específicos. c) Modalidade III – destinada a idosos com dependência que requeiram assistência total, com cuidados específicos, nas atividades de autocuidado. No Brasil, As instituições públicas representam apenas 6,6% do total das ILPI existentes, seguidas pelas privadas, que representam 28,2%. A maior parte das instituições, 65,2%, é filantrópica, ou seja, dependem principalmente de doações. Deste modo, conclui-se que a maior parte dos idosos residentes em ILPI encontra-se em instituições filantrópicas. O maior problema é que, como apenas 20% da verba das ILPI desta natureza são provenientes do governo, estas instituições podem passar por dificuldades em algumas épocas do ano. Além disso, como as instituições públicas não conseguem suprir toda a demanda de idosos que necessitam de ajuda, as instituições filantrópicas podem ficar sobrecarregadas, pois a maioria não consegue arcar com os custos de uma instituição particular. Na matéria “Instituições filantrópicas, esperança dos ‘esquecidos’”, publicada na Gazeta do Povo no dia 02 de junho de 2011, a administradora do Lar de Idosos Adelaide, em São José dos Pinhais disse: “Todo mês é uma ginástica para pagar as contas. O governo cobra, multa se algo está fora do lugar, mas não me ajuda. Eu me sinto abandonada”. A matéria também ressalta: “Segundo o IPEA (Instituto de Espaços Livres em Lares de Idosos

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Pesquisa Econômica Aplicada), só 12,6% da renda dessas ILPI vêm de recursos próprios. A maioria, 47%, advém de contribuições dos residentes, geralmente 70% da aposentadoria (porcentagem estabelecida pelo Estatuto do Idoso), ou de doações, que não são certas”. Além disso, muitos dos idosos são abandonados ou têm transtornos mentais e não têm como contribuir. Por um lado as ILPI filantrópicas são a salvação dos idosos que não têm para onde ir, por outro, algumas delas acabam por não poder oferecer-lhes as condições necessárias para ter uma velhice tranquila. Aliás, como o número de ILPI no Brasil ainda é restrito, muitas vezes os idosos são transferidos de seu local de origem para um lugar desconhecido, o que de fato é prejudicial, pois os afasta de seus laços afetivos criados ao logo da vida. Outras vezes, os idosos ficam sem atendimento, já que o maior critério de desempate da disputa de vagas é o socioeconômico.

5.3

Distribuição das ILPI e disponibilidade

A distribuição das ILPI no país é extremamente desigual. Este fator está diretamente ligado à concentração de idosos referentes a cada região. Na região sudeste estão concentradas 63,5% das instituições. Nela também se encontram 51% dos idosos existentes no Brasil. Porém, apesar da maior concentração de idosos nesta região, segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) 71% das

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cidades brasileiras não possuem sequer uma ILPI. No nordeste, por exemplo, há apenas 8,5% das instituições de todo o Brasil. É lá também que se concentram 24% do total de idosos existentes no país. Segundo a reportagem “IPEA: mais de 2/3 das cidades não têm abrigo para idoso”, produzida pelo jornal O Estado de São Paulo,

“O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) fez o primeiro censo de abrigos e asilos do País Instituições de Longa Permanência para Idosos (ILPI), no jargão técnico - e descobriu que apenas 0,5% da população com mais de 60 anos está em uma das 3.548 instituições brasileiras. Mais de dois terços dos municípios brasileiros não têm nenhum abrigo para idosos” 7.

Então, com a baixa capacidade das ILPI no Brasil, a família continua sobrecarregada, tendo a função de cuidador do idoso ainda sob sua responsabilidade. Como referido anteriormente, a manutenção de uma ILPI requer um investimento financeiro relativamente alto, devido às necessidades de cuidados especiais e equipamentos adaptados para que o maior número de pessoas possível possa utilizá-los independente de ajuda. Apesar disso, o maior gasto mensal de uma ILPI se refere ao pagamento de seus funcionários. Segundo o IPEA, 62,6% dos gastos mensais

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Site

do

IPEA:

“Mais

de

2/3

das

cidades

não

têm

abrigo

para

idoso”, 25/05/2011 Acesso em

(http://www.ipea.gov.br/portal/index.php?option=com_content&view=article&id=8581&catid=159&Itemid=75) 19/03/2013.

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de uma ILPI são referentes ao pagamento dos funcionários, sendo que, em média, um idoso tem um “custo” de 700 reais mensais. Entretanto, apesar das dificuldades financeiras particulares de cada instituição, ainda assim, é seu dever garantir os cuidados ao idoso. Além dessas restrições financeiras, que não são poucas, as ILPI precisam se atentar às questões de acessibilidade com a remoção de todas as barreiras físicas existentes no ambiente e também se atentar com as questões socioculturais, removendo barreiras para que todos se relacionem o mais naturalmente possível. Essa dimensão do relacionamento, socialização, interação, inclusão do idoso, pode ser provida pela arquitetura através de um espaço adequado.

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6. QUALIDADE DE VIDA NA TERCEIRA IDADE Espaรงos Livres em Lares de Idosos

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6 QUALIDADE DE VIDA NA TERCEIRA IDADE

Cada vez mais, no mundo todo, o assunto “saúde” tem se destacado na mídia, conscientizando as pessoas sobre a importância de possuírem hábitos mais saudáveis e a praticar atividades físicas durante toda a vida. Na terceira idade não é diferente. Uma alimentação balanceada e exercícios físicos regulares só trazem benefícios quando praticados de maneira e intensidade corretas. Segundo SOUZA, GALANTE e FIGUEIREDO (2002), a “teoria do envelhecimento bem sucedido” envolve proatividade, objetivos de vida, acumulação de recursos (para manutenção de saúde), qualidade de vida, bem estar (satisfação), segurança e dignidade pessoal. Para muitos autores, a qualidade de vida depende de diversos fatores, porém a maior parte deles cita o bem estar social como um dos principais fatores para uma vida plena. Em muitas cidades do Brasil foram instalados CISE, os Centros Integrados de Saúde e Educação. Estas instituições têm como objetivo oferecer ao idoso atividades como cursos, palestras, exercícios físicos, orientações profissionais (nutrição, exames preventivos, saúde), oficinas e até mesmo viagens. Participando de atividades em grupo como as oferecidas pelo CISE, o idoso se sente mais confiante e eleva sua autoestima, além de aumentar as relações sociais e as amizades. Muitas vezes a terceira idade leva os idosos à monotonia e depressão. A mudança da qualidade de vida pode resultar numa velhice mais tranquila e feliz.

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“A Qualidade de Vida depende da conjugação de fatores sociais (contatos com o outro), fatores físicos (saúde ou patologia), fatores funcionais (atividades de vida diárias) e fatores psicológicos (estado emocional)”, (FERNANDES, 2010). Para os idosos, há inúmeras alternativas da prática frequente de exercícios físicos, gerando uma mudança na rotina muitas vezes monótona da terceira idade. Tomando os cuidados necessários para que seja adequado às limitações do corpo de cada idoso (sendo este independente, semidependente ou dependente), o exercício físico gera bem estar e melhora a qualidade de vida, principalmente quando praticados em ambientes externos. Segundo Carstens (1998), em pesquisa desenvolvida na Califórnia, o desejo por espaços livres numa ILPI constava na 11ª posição num total de 77 itens. Além disso, em Nova Jersey, Estados Unidos, pesquisas apontam que o contato com os espaços livres proporciona prazer para os idosos: 46% dos entrevistados saem todos os dias (desde que o tempo permita) e 82% gostariam de sair no verão. Em São Francisco, outra cidade americana, 75% dos idosos utilizam áreas externas para sentar e se exercitar. Carstens classifica os idosos em três categorias: a) Young-Old (jovens velhos): idosos ativos, que gostam de esportes, de atividades recreativas e oportunidades no meio social. Têm idade aproximadamente entre 55 e 70 anos. b) Old (velhos): Possuem em média 70 anos, gostam de atividades intermediárias, um pouco mais sedentárias, e de assistência diária disponível, porém, normalmente não necessitam de grandes

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cuidados médicos. Este grupo prefere atividades passivas e sociais (caminhadas, jogos de cartas, churrascos). c) Old-Old (velhos velhos): É a menor parcela, porém, dos três grupos é a que possui o crescimento mais rápido nos últimos tempos.

Geralmente com 80 anos ou mais, estes idosos necessitam de grande

atenção e muitos cuidados médicos. O melhor tipo de atividades destinadas a esta parcela são as passivas e terapêuticas (sentar e conversar, observar a paisagem e a natureza, caminhadas curtas). Baseada nas necessidades sociais e psicológicas dos idosos, Carstens também destaca a necessidade de praticar atividades cotidianas para que mantenham sua independência e saúde, tanto física quanto mental. Deste modo é preciso que as dificuldades de cada grupo de idosos sejam reconhecidas, cuidando para que os ambientes das ILPI (internos e externos) ofereçam o suporte necessário e sejam funcionais. Assim, é necessário que haja variedade quanto às atividades oferecidas nos lares de idosos, permitindo que o morador tenha liberdade de escolha para praticar o que melhor se adapta às suas limitações.

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7. O CONTATO COM A NATUREZA NA TERCEIRA IDADE

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7 O CONTATO COM A NATUREZA NA TERCEIRA IDADE

Nos dias atuais, o medo gerado pelo aumento da violência, os avanços tecnológicos e o acesso fácil à internet também contribuem cada vez mais para que as pessoas vivam de forma interiorizada, evitando que saiam de suas casas para realizar as tarefas cotidianas. Hoje, a luz natural dos ambientes dá lugar a lâmpadas artificiais, a ventilação natural é trocada por ar condicionado, praças e jardins foram substituídos por estacionamentos. A substituição de elementos naturais por artificiais, que já foram constatados como essenciais para a saúde e sobrevivência dos seres humanos, alteram as condições dos ambientes e, consequentemente, o estado de espírito das pessoas. A qualidade dos ambientes hospitalares, ILPI e afins são muitas vezes comparáveis aos presídios, completamente fechados, sem vida. Os moradores ou pacientes são constantemente controlados, perdendo o sentimento da própria independência. Porém, cada vez mais os benefícios do contato com o ambiente exterior têm sido colocados como prioridade para que haja um bom nível na qualidade de vida na terceira idade, mudando os paradigmas do que se espera de um lar para idosos. De acordo com MARCUS (s.d.), 85% dos hospitais americanos que possuem pacientes de longa permanência ou pediátricos têm obrigatoriedade em disponibilizar acesso fácil ao ambiente externo (devem ser próximos a parques e playgrounds). Facilitar o acesso às áreas externas pode ajudar a diminuir o stress da rotina hospitalar, para pacientes, funcionários e até mesmo visitantes.

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Uma ILPI pode ser comparada a um hospital neste caso, pois as pessoas cuidadas nas instituições estão muitas vezes emocionalmente fragilizadas ou até mesmo com a saúde prejudicada. Ademais, os idosos passam praticamente todo o tempo dentro da instituição. Marcus releva a importância de uma pesquisa realizada por Johns Hopkins Medical Researchers (1997) sobre estudos experimentais relacionados aos efeitos de “estar ao ar livre”, afirma que os efeitos produzidos por elementos como luz, temperatura, ruídos, música e o espaço exterior afetam positiva e negativamente os ambientes de tratamento de saúde. Estes estudos podem ser também aplicáveis a uma ILPI. Todas as pesquisas nessa categoria mostram rápida recuperação do nível de stress e melhora na saúde após ver paisagens naturais ou passar algum tempo observando a natureza. A questão é que o simples estar em uma área externa, em um ambiente natural, estimula todos os sentidos do ser humano, gerando uma mistura que torna a experiência cativante. Deste modo, a qualidade de vida se mostra muito mais elevada quando o ser humano (de todas as idades) se coloca em contato com ambientes naturais. Inclusive através de um retrato, o contato com a natureza pode trazer muitos benefícios. Pesquisas indicam que, pacientes que se recuperavam de uma cirurgia no coração e se encontravam em contato com figuras que representavam água e árvores, tinham os níveis de ansiedade mais baixos e necessitavam de menos doses de analgésicos fortes quando comparados a outro grupo que não olhava para foto alguma (Ulrich, et al., 1993, in MARCUS, s.d.).

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Com isso, conclui-se que a existência de um espaço livre adequado numa ILPI pode ser um fator essencial para que se viva bem na terceira idade, mesmo com os problemas típicos vividos pelos idosos: família desestruturada, abandono, maus tratos e afins. Ao passarem de um ambiente problemático para uma ILPI que ofereça esta opção, a reabilitação do idoso e sua autoestima são recuperadas mais rapidamente. No Brasil, porém, são poucas as ILPI que oferecem espaços livres adequados para as atividades que beneficiariam a terceira idade. Muitas delas não possuem nem mesmo um simples canteiro de flores, se assemelhando a hospitais e criando a imagem estereotipada de “lugar deprimente”. Entretanto, isto não significa que é impossível a existência de espaços agradáveis nas instituições públicas e filantrópicas. Como ressaltado anteriormente, os lares de idosos de natureza privada são maioria no país. Neste tipo de instituição é mais comum a existência de uma estrutura física mais adequada e também de áreas livres amplas e agradáveis. O pesquisador mais citado como referência em projetos que buscam a relação entre saúde e arquitetura é o Doutor Roger S. Ulrich, professor de arquitetura em universidades na Suécia e na Dinamarca. Ulrich trabalha com a Theory of Supportiver Garden Design (no sentido literal: Teoria de Projeto do Jardim de Apoio). Esta teoria trabalha com a premissa de que os jardins, de acordo com sua distribuição, ajudam a abrandar o stress em nível considerável, melhoram o autocontrole e disponibilizam ambientes nos quais os usuários podem conviver e experimentar o apoio social, movimentar-se, praticar exercícios etc.

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A teoria de Ulrich é importante, pois deu início aos trabalhos sobre criação de jardins com benefícios terapêuticos. Deste modo, foram determinados diversos fatores importantes para que jardins e pátios funcionem de modo eficaz nos locais de tratamento de saúde ou nas Instituições de Longa Permanência para Idosos, ajudando pacientes, moradores, visitantes e/ou funcionários a terem melhor qualidade de vida.

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8. COMO DEVE SER O ESPAร O EXTERNO DE UMA ILPI?

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8 COMO DEVE SER O ESPAÇO EXTERNO DE UMA ILPI?

Os espaços livres, numa ILPI ou em qualquer instituição que tenha vínculos a tratamentos de saúde, possuem funções que vão além do embelezamento. Os jardins e pátios nestas instituições possuem um valor terapêutico. Bem como já citadas anteriormente, há uma série de pesquisas que comprovam o valor de qualquer tipo de contato com a natureza, mesmo que seja apenas por observação. Deste modo, os estudos sobre os espaços livres em locais de cuidados especiais se aperfeiçoam em busca da adaptação dos espaços, de modo que se tornem coerentes para o público que os utilizará. Para que os jardins e espaços livres de uma instituição sejam realmente utilizados, devem, primeiramente, estar bem visíveis, ter fácil acesso e fazer com que os usuários se identifiquem com o espaço. Além disso, devem também proporcionar a sensação de segurança ao usuário. Proporcionar um microclima adequado também fará com que os espaços sejam utilizados. Ventos fortes, calor excessivo e mudança de temperatura são prejudiciais à saúde dos idosos.

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Figura 5 - Espaços que proporcionam a sensação de segurança (Fonte: CARSTENS, 1998)

Manter as áreas destinadas à recreação às vistas do interior dos prédios gera um efeito de atração de usuários para o espaço (CARSTENS, 1998). Numa avaliação pós-ocupação ocorrida em um hospital em São Francisco, Estados Unidos, foi constatado a preferência das pessoas por jardins tradicionais, com arbustos, árvores e flores (MARCUS, s.d.). Assim, conclui-se que os jardins devem fornecer ao usuário possibilidades diferentes de uso.

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Figura 6 - Exemplo de รกreas livres (Fonte: CARSTENS, 1998)

Figura 7 - Exemplo de รกreas livres (Fonte: CARSTENS, 1998)

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Como Marcus (s.d.) coloca, muitos idosos veem nos espaços livres a possibilidade de socialização. A criação de espaços menores faz com que as pessoas se distraiam menos e também se sintam menos intimidadas, gerando uma lacuna para a comunicação. Muitas pessoas cometem o equívoco de pensar que os idosos buscam “calma e tranquilidade”, quando na realidade conviver num meio social provocalhes o bem estar (CARSTENS, 1998).

Figura 8 - Criação de subespaços gera intimidade (Fonte: CARSTENS, 1998)

Apesar do desejo de socialização, os idosos possuem limitações devido ao envelhecimento. Muitos deles têm o corpo enfraquecido, problemas visuais, problemas auditivos, retardamento da agilidade Espaços Livres em Lares de Idosos

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motora ou até mesmo mobilidade reduzida, o que pode gerar problemas emocionais que dificultam o convívio (MORAES; MELO; PUERARI, 2004 in FERNANDES; CARVALHO, 2011).

O processo biológico do envelhecimento traz danos ao sistema neurológico, musculoesquelético e cardiovascular e repercute progressivamente sobre a acuidade visual, o equilíbrio e a locomoção, limitando a autonomia e a segurança do idoso. Os espaços ou ambientes e artefatos, por sua vez, devem ser projetados para maximizar a acessibilidade e minimizar os efeitos das perdas funcionais progressivas dos idosos devido ao processo de envelhecimento. (FERNANDES, Julio Cesar Felix de Alencar; CARVALHO, Ricardo Jose Matos de. Mapeamento da Acessibilidade nas Instituições de Longa Permanência para Idosos da Cidade de Natal – RN. Natal, 2011).

Deste modo, as ILPI devem ser adequadas fisicamente para que o direito de circular por todos os espaços seja garantido a qualquer morador ou visitante, sem que haja a preocupação constante com acidentes. Devem ter atenção especial aos acessos e indicações para evitar que os idosos se confundam e se percam, colocando pavimentação padronizada indicando os caminhos, por exemplo. Para isso é necessário que a instituição siga as normas de acessibilidade da ABNT – NBR9050 integralmente, instalando corrimãos, pisos táteis, rampas e certificando as larguras adequadas, não apenas nas áreas de circulação, como em todas as instalações internas e externas. Desta forma, as ILPI incluem o indivíduo socialmente através de proporcioná-lo a sensação de controle, de autonomia.

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Figura 9 - Exemplos de piso antiderrapante: blocos intertravados (Fonte: PiniWeb Ed. 18, julho de 2008)

Figura 10 - Sinalização tátil de alerta e direcional: modulação do piso (Fonte: NBR9050)

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9. REFERÊNCIA – Duncaster Life Care Center

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9 REFERÊNCIA - Duncaster Life Care Center

Localizado em Bloomfield, Estados Unidos, o Duncaster Life Care Center conta com uma área de quase 30 hectares em meio às montanhas, na área campestre, a cerca de 30 quilômetros do centro da cidade de Hartford. O conjunto conta com 216 apartamentos residenciais, 60 leitos no centro médico e um centro comunitário agitado locado na parte noroeste do terreno. Assim, mais de 24 hectares ficam livres para o ambiente natural. A função do conjunto é ser uma réplica de uma cidade com uma “vila verde” (CARSTENS, 1998).

Figura 11 - Área externa Duncaster Life Care Center (Fonte: Divulgação)

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Figura 12 - Duncaster Life Care Center

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Neste conjunto, os idosos residentes debilitados alegaram preferir ser parte da comunidade a serem observados durante o dia todo. Então o fator “centro de saúde” ficou em segundo plano, dando lugar ao verde do ambiente natural que o cercava. Para incorporar todos os moradores, todas as instalações são acessíveis para cadeirantes ou idosos com mobilidade debilitada. Um fator muito interessante neste local é o incentivo dado aos residentes para que tragam seus pertences, móveis e objetos de decoração para o local (CARSTENS, 1998). Deste modo, o idoso se identifica mais facilmente com o local e a transição da sua residência para a instituição se torna mais natural. Mas o que mais chama atenção nesta instituição é o fato de que ela, na realidade, é uma comunidade. Os espaços individuais de cada idoso são respeitados, mas a área externa é toda comum. Os espaços livres foram cuidadosamente planejados para que cada idoso se sentisse parte dele e se sentisse bem compartilhando aquele espaço (CARSTENS, 1998). Além disso, o programa oferecido pela instituição faz com que a qualidade da velhice de seus residentes seja acima da média de um idoso que vive sozinho. Além do espaço de qualidade, a instituição oferece também um programa de qualidade, que incentiva os idosos a praticarem atividades físicas e que promovem a socialização.

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10. ANร LISE DAS ILPI DA CIDADE DE INDAIATUBA

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10 ANÁLISE DAS ILPI DA CIDADE DE INDAIATUBA

Ao pesquisar sobre as ILPI da cidade de Indaiatuba, encontraram-se nove entidades: Casa de Repouso Aconchego, Lar de Longa Permanência El Shaday, ILPI Doce Vida, Abrigo de Idosos Girassol, ILPI Ipê, Centro de Convivência Amor sem Limites (CECAL), Centro Espírita Apóstolos do Bem (Lar de Velhos Emmanuel) e outra instituição que possui duas unidades e não concordou em participar do levantamento. Numa primeira etapa foram entregues questionários simples para entender fatores como a natureza de cada instituição, tipo de público que atende e atividades que realiza. Depois, num segundo momento, foi feita uma visita para a realização de um levantamento fotográfico. Quanto ao questionário, muitas questões não foram respondidas, ocasionando a falta de informações. Após a realização da visita (segunda etapa), percebe-se que o motivo principal para a falta de respostas a algumas das questões é a grande ocupação dos encarregados pelos lares, que, na maior parte, são voluntários. Além disso, algumas das instituições participantes não possuem um cadastro atualizado dos moradores ou mesmo dos visitantes da ILPI. Não houve a realização da visita no Lar de Longa Permanência El Shaday. Provavelmente estão passando por mudanças e reformas. Em tentativa, não houve resposta à porta. Por conta da falta de contato com a instituição, o relatório foi desconsiderado, já que não houve como comprovar as respostas. Portanto, das nove entidades existentes em Indaiatuba, consideraremos apenas seis para a análise.

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Para a comparação das ILPI, os nomes foram substituídos por ILPI 1, ILPI 2, ILPI 3, ILPI 4, ILPI 5 e ILPI 6, aleatoriamente, para que as nenhuma entidade fosse exposta. Como o foco deste trabalho é o espaço livre, então nesta etapa será considerada apenas a área externa de cada instituição para comparação e análise8. A partir do questionário, constatou-se que na cidade não há nenhuma instituição 100% pública. A maior parte delas é privada (com fins lucrativos), uma é privada filantrópica não religiosa e a última é privada filantrópica religiosa (ambas sem fins lucrativos). Os idosos atendidos em cada uma das instituições possuem diferentes graus de dependência. Na ILPI 1, por exemplo, os idosos se mostraram mais independentes. Já na ILPI 3, os moradores são muito dependentes, necessitando de ajuda em praticamente todas as atividades de autocuidado. É interessante observar que a ILPI 1 é também a instituição que possui o terreno mais complicado em relação à inclinação, dentre todas as outras. E a ILPI 3 é a entidade que possui o espaço externo mais deficiente quando comparada às outras.

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A análise completa das visitas pode ser consultada na sessão “Anexos” deste trabalho.

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Figura 13 - Espaço de circulação externa (ILPI 1)

Das seis ILPI consideradas, cinco delas possuem instalações em antigas residências familiares. Apenas uma delas (ILPI 1) possui instalações com fim específico de Lar de Idosos. Entretanto, isso não significa que as condições desta ILPI sejam melhores que as outras, o que pode ser observado nos relatórios de visita disponível nos anexos deste trabalho. A instalação de uma ILPI em uma residência familiar se mostrou complicada principalmente pela questão dos fluxos. Os corredores internos não são dimensionados para que sejam acessíveis a cadeirantes Espaços Livres em Lares de Idosos

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ou mesmo suportar fluxos constantes de ambas as direções simultaneamente. Além disso, na parte externa não há natureza em praticamente 100% dos casos.

Figura 14 - Espaço externo ILPI 3

Em instituições desse caráter, a utilização da garagem como espaço de descanso e lazer é muito comum (ILPI 2, 4 e 6). Das cinco instituições com caráter residencial, apenas duas não consideram a garagem como espaço de lazer.

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Figura 15 – Garagem como espaço de lazer e descanso (ILPI 2)

Destas duas ILPI, uma (ILPI 3) nem mesmo conta com uma área para contemplação e descanso, conta apenas com um pequeno solário, com pavimento 100% impermeabilizado (como pode ser observado na figura acima). A outra é uma das únicas que conta com uma área externa muito ampla e agradável (ILPI 5). A ILPI 1 não possui garagem, mas seu exterior é praticamente todo impermeabilizado. Esta instituição poderia explorar o potencial de seu espaço (mesmo não sendo muito amplo) e proporcionar ambientes mais aproximados da natureza.

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Figura 16 - Espaço impermeabilizado com potencial para ser transformado em jardim

Apenas nas ILPI 5 e 6 observa-se espaços externos agradáveis e que proporcionam o contato com a natureza. A ILPI 6 era uma residência e possui um espaço amplo e gramado nos fundos. A ILPI 5 também tem caráter residencial, mas pelo exterior, é mais uma casa de campo, contando com um gramado muito amplo, árvores e até mesmo uma piscina.

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Figura 17 - Espaço livre ILPI 5

Figura 18 - Espaço livre ILPI 6

Apesar do espaço com muito potencial, não há diversidade nas atividades realizadas nestas ILPI. As áreas verdes são apenas utilizadas para “dar uma voltinha” com o idoso. Mesmo com pouco espaço disponível na maior parte das ILPI, todas elas realizam atividades diferentes com os idosos. Bailes ou festas são muito esperados por eles e mudam a rotina monótona. A fisioterapia também ajuda a melhorar as condições físicas e dão mais independência a eles. Entre as seis entidades consideradas, apenas uma delas não possui um fisioterapeuta na equipe. A última lacuna a ser preenchida no questionário entregue na primeira etapa desta análise era uma questão em aberto: “Qual é o tipo de espaço que falta na instituição?”. Das seis entidades

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consideradas, quatro responderam esta questão e, 100% delas, expressaram a vontade da existência de um espaço livre “verde” e que proporcione espaço suficiente para realizar atividades físicas.

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11. CONCLUSテグ DAS VISITAS NAS ILPI DE INDAIATUBA

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11 CONCLUSÃO DAS VISITAS NAS ILPI DE INDAIATUBA

Visitar as entidades de Indaiatuba foi muito importante, pois promoveu o contato direto com a problemática deste trabalho, ou seja, as ILPI e seus espaços livres. O contato é uma forma única de experienciar o ambiente e enxergar a crua realidade. Foi interessante observar como cada ILPI reagiu à visita e à presença de uma estranha analisando o ambiente e o fotografando. Algumas me deram liberdade para entrar onde quisesse e para que eu fotografasse o que quisesse, enquanto outras se atentavam todo o tempo da visita e controlavam o acesso e/ou as fotografias. Muitas entidades ficaram interessadas e apoiaram a iniciativa, se colocando à disposição sempre que necessário. Houve uma instituição em especial que demonstrou muito interesse, me acompanhando durante toda a visita e explicando como funciona o trabalho no local. Também tirou minhas dúvidas e deu conselhos importantes para a etapa seguinte: a elaboração do projeto arquitetônico. A resposta dos idosos às visitas foi muito interessante. Alguns deles perguntaram muito sobre meu trabalho e o acharam muito interessante. Outros apenas ignoravam. A maior parte deles se mostrava muito carente de atenção. Na maioria das ILPI os idosos residentes são muito debilitados. Como já foi colocado, a visão da sociedade sobre os lares destinados a idosos é de abandono, tristeza e doença. Infelizmente, ao terminar algumas visitas, tive a mesma impressão. Entretanto, em alguns

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lares, são oferecidas melhores condições, aumentando as expectativas de melhora neste setor nos próximos anos. Como o foco do trabalho é o espaço livre das ILPI, a partir da realização das visitas foi confirmada a hipótese de deficiência neste setor. Muitas vezes nem sequer há espaços abertos nas instalações da entidade. Contudo, duas instituições surpreenderam, disponibilizando espaços que realmente possuem alto potencial, mas que não realizam atividades que estimulam seu uso. Após estudar o assunto e realizar as visitas nas ILPI, conclui-se que o idoso sofre de carência de atenção e falta de estímulo, o que pode gerar depressão. Combinados ao abandono familiar (recorrente em muitos casos), o idoso se torna dependente por opção em alguns casos. Após conversa com uma enfermeira coordenadora de uma das instituições, descobriu-se que alguns idosos que praticavam fisioterapia e atividades físicas tiveram avanços surpreendentes e já não necessitavam de ajuda para atividades de autocuidado, como “ir ao banheiro”, por exemplo. Entretanto, após perceberem a nova independência, acabavam desistindo dos exercícios por sentirem falta da atenção antes recebida. Fatos como este ressaltam o problema de descaso e abandono do idoso pela sociedade e pelo governo. É fato que as ILPI são um instrumento criado pelo próprio governo brasileiro com a finalidade de incluir o idoso socialmente e garantir seu bem estar. Assim, é incoerente que os investimentos públicos destinados às Instituições de Longa Permanência para Idosos sejam tão baixos. Nas visitas realizadas, confirmou-se também a existência das instituições filantrópicas como a salvação para os que não possuem Espaços Livres em Lares de Idosos

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recursos para pagar uma ILPI particular, as quais, nas conversas tidas com os funcionários, confirmei que podem chegar a mensalidades de 8 mil reais. Comparados à classe jovem, os idosos são um problema para o governo. Os jovens são “o futuro da nação”, portanto recebem investimentos constantes para educação e saúde. Jovens inteligentes e/ou bons em esportes significam para o governo melhoras nos quadros social, político e econômico no futuro. Mas e quanto aos idosos? Os idosos são deixados de lado, pois são sinônimos de despesas. Não trarão nenhum benefício para o país futuramente. Assim, esta parcela da população é constantemente esquecida tanto pelo governo, quanto pela própria sociedade. Para que haja educação básica de qualidade, a população cobra resultados do governo. Porém, para garantir o bem estar do idoso, aquele que já trabalhou e contribuiu muito para o país, não há mobilização. Consequentemente, o espaço necessário para prover uma velhice plena ao idoso também é esquecido. Já as áreas livres ficam em último plano, mesmo havendo tantas pesquisas defendendo sua importância. Em muitos casos são consideradas um “luxo”, mas já foi provado neste trabalho que o espaço livre pode ser um aliado muito importante para estimular o idoso e, assim, provê-lo de uma velhice mais independente e, consequentemente, mais prazerosa.

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12. CURIOSIDADES, EXEMPLOS INTERESSANTES E ESTUDO DE CASO

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12 CURIOSIDADES, EXEMPLOS INTERESSANTES E ESTUDO DE CASO 12.1 Curiosidade 12.2 Guia Mundial – A cidade Amiga do Idoso

Como vimos neste trabalho, pelo mundo todo há maus exemplos quando se trata em Instituições de Longa Permanência para Idosos. Seguindo o raciocínio, se as instituições especializadas já se demonstram precárias, como é a cidade perante a esta questão? Igualmente as ILPI, as cidades estão despreparadas para acolher a população idosa. Pensando nisso, a Organização Mundial de Saúde (OMS), criou o Guia Global - “A cidade amiga dos Idosos. Este guia foi desenvolvido a partir da análise de 35 cidades de todos os continentes (desde países de primeiro mundo até países de terceiro mundo). O objetivo principal deste guia era compreender como as cidades podem se adaptar ao idoso ativo dos tempos atuais e incentivar as cidades a uma “auto avaliação” e evoluir a partir de suas necessidades. Apesar de ativo, o idoso tem necessidades especiais. A partir disso, os líderes do projeto buscaram fazer a experiência diretamente com os idosos. Quais são as características amigáveis aos idosos nas cidades em que eles vivem? Que problemas eles encontram? O que está faltando na cidade para melhorar a sua saúde, participação e segurança?

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Além de diferentes grupos sociais de idosos, a opinião dos cuidadores também foi considerada, assim como a de voluntários e servidores públicos. A partir daí, foram estudados aspectos urbanos (estruturas, ambientes, serviços e políticas) que refletem os determinantes do envelhecimento ativo. Todos os itens analisados e questionados são de alguma forma, relacionados à mobilidade, o fator mais relevante em uma cidade amiga do idoso. Por fim, observando o ambiente urbano e relacionando-o às necessidades do idoso ativo, OMS foi levada à criação das oito linhas de ação desenvolvidas pelo Guia Global da cidade amiga do idoso: 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. 8.

Espaços abertos e prédios Transporte Habitação Participação social Respeito e inclusão social Participação cívica e emprego Comunicação e informação Apoio comunitário e serviço de saúde

Para a OMS, a solução para as cidades se tornarem “amigas do idoso” é a capacitação. Como o foco deste trabalho é a relação do idoso com o espaço livre, a ênfase maior da pesquisa nesta área será destacada. Dentre os itens estudados, muitos deles podem ser considerados da categoria “espaços livres”, quando consideradas as vias da cidade, por exemplo. Espaços Livres em Lares de Idosos

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Quando analisados individualmente, a pesquisa da OMS destacou a relevância de um ambiente limpo e agradável para um idoso, além da importância de espaços verdes, calçadas amigáveis e “um lugar para descansar”. A existência de espaços verdes é uma das características mais comumente mencionadas como amigáveis aos idosos. Entretanto, em muitas cidades, há barreiras que impedem os idosos de utilizar estes espaços verdes. Em Nova Delhi, por exemplo, foi dito que alguns espaços verdes são mal conservados e tornaramse “monturos de lixo”, e em Himeji, alguns parques são considerados perigosos. Em Melville, houve reclamações quanto à inadequação de banheiros públicos e à ausência de bancos. Em Moscou, foi relatada a ausência de proteção contra o mau tempo, ao passo que, em Udaipur, a ênfase foi na dificuldade de acesso aos parques. Outro aspecto mencionado foi o risco resultante da utilização compartilhada do parque. Pode ser um fator limitante a um idoso ir a um parque onde também haja [crianças ou jovens de]bicicleta indo de um lado para o outro, ou [de] skate ou [de] patins, ou onde haja cavalos. Diferentes sugestões são oferecidas para resolver esses problemas. Cuidadores em Halifax sentem a necessidade de espaços verdes menores e mais tranquilos em áreas periféricas da cidade, ao invés de parques maiores e mais frequentados por crianças e jovens que andam de skate. Idosos em Amã recomendam que sejam feitos jardins especiais para eles, enquanto, os de Nova Delhi,

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sugerem que sejam demarcadas áreas só para idosos. Em muitas cidades foi mencionada a necessidade de uma melhor conservação dos parques. 9

Como já citado, a mobilidade é um fator primordial para que uma cidade seja compatível ao ritmo de vida de um idoso ativo. Deste modo, com o crescente número de idosos ativos, a importância de passeios e ambientes acessíveis e seguros se torna cada vez obrigatória nas cidades de todo o mundo. Associado diretamente a esse fator, o grau de socialização do idoso também tem influencia no quanto ele se sentirá motivado a participar da vida em sociedade, ou seja, utilizar os espaços livres e públicos da cidade. Cabe à cada região identificar as preferências dos habitantes seniores e incentivar suas práticas. Eventos religiosos, por exemplo, conferem alto grau de participação dos idosos em cidades como na Jamaica, por exemplo. Há uma diversidade de atividades a ser explorada. A integração de culturas também é muito bem vinda. Para cada um dos itens estudados, o Guia oferece um “check list” para testar ou comprovar o quanto o ambiente/cidade é “amigo do idoso”. Caso não haja muitos “ticks” na lista, a cidade tem a receita para se capacitar para alojar idosos com competência.

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(Guia Mundial – A cidade Amiga do Idoso - disponível em: http://www.who.int/ageing/GuiaAFCPortuguese.pdf,

acesso: 25/11/2013).

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12.3 EXEMPLOS INTERESSANTES 12.3.1 Elderly Care Center - Zamora, Spain

Arquitetos: CSOArquitetura Localização: Pequena

cidade

na

provincial de Zamora, Espanha. Descrição: Projetada acima da laje, há uma “colcha de retalhos” de painéis de energia solar que estão definidos para o mesmo ângulo que as paredes inclinadas, acrescentando uma união abstrata para o projeto como um todo. Os painéis também

fornecem

sombra

para

os

assentos dos moradores.

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12.3.2 Lar de Idosos da Misericórdia

Arquitetos: Francisco Aires Mateus e Manuel Aires Mateus Colaboradores: Giacomo Brenna, Paola Marini, Anna Bacchetta, Miguel Pereira Construtor: Ramos Catarino, As Engenheiro: Engitarget, lda Topografia: ABAP Luis Alçada Batista Localização: Alcácer do Sal, Portugal Data do Projeto: 2006-2007 Espaços Livres em Lares de Idosos

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Data de Construção: 2008-2010 Área: 3640 m² Fotos: Fernando Guerra, FG+SG Architectural Photography

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Estudo de Caso 12.3.3 Residências Assistidas da 3ª Idade

Edifício: Residências Assistidas da 3ª Idade Localização: Parede

Cascais,

Portugal Autor: Atelier Frederico Valsassina Data do Projeto e Construção: 2000 – 2005 Área Construída: 14950 m² Área do Lote: 4754 m²

Figura 19 - Localização

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Figura 20 - Implantação

Figura 21 - Planta Pavimento térreo

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Figura 22 - Planta Pavimento Tipo - 1, 2 e 3

O edifício se posiciona no lote de forma longitudinal, em dois blocos, um linear e outro em forma de O, formando um pátio central. Possui três pisos de dormitórios, um piso de serviços e de áreas comuns (térreo) e o estacionamento em dois pisos no subsolo. Há duas tipologias de apartamentos: quartos individuais com banheiro privativo e apartamentos com uma pequena sala e uma “kitchenette”. Os materiais utilizados no acabamento externo são pedra, madeira e vidro, enfatizando a relação entre o edifício e a avenida marginal, como forma de interpretação dos volumes e texturas.

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A pretensão do projeto é de que o espaço externo se funda com o interno, formando áreas de lazer e convívio social. A ligação entre os setores se dá a partir de um deque de madeira, que percorre os espaços entre as elevações do terreno, formando, inclusive, uma barreira acústica contra os ruídos da Avenida Marginal. O prédio tem vista para o mar.

Figura 23 - Corte Transversal

Figura 24 - Vista Exterior

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Figura 25 - Vista Exterior

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Figura 26 - Vista do Pátio Interno

Apesar de forma e disposição um tanto comuns e comparáveis a hospitais, esta instituição residencial acolhe os idosos de forma que prevaleçam suas privacidades.

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Figura 27 - Tipologia dos apartamentos: 2 dormitórios e 1 dormitório

Os ambientes comuns permitem a socialização e os materiais utilizados nos acabamentos conversam de forma harmoniosa com a encosta e o mar, além de torná-lo mais aconchegante e convidativo.

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13. PROJETO – ILPI Jd. Pedroso

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13 PROJETO – ILPI Jd. Pedroso 13.1 Localização

O seguinte trabalho trata da construção de uma Instituição de Longa Permanência para Idosos na cidade de Indaiatuba, São Paulo. Hoje, a cidade conta com mais de 210.696 habitantes e um crescimento de 2% ao ano. Apesar do constante crescimento da população na cidade, Indaiatuba mantém altos níveis de qualidade de vida. Seu Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) se compara a países desenvolvidos, por ser elevado (de valor 0,829), além disso, a cidade foi considerada a melhor cidade do Brasil para se viver em dois anos consecutivos. Nos dias de hoje, Indaiatuba apresenta 10,95% da população com mais de 60 anos. Como no resto do mundo, esta parcela tende a crescer mais rapidamente comparada às outras faixas etárias da população. Como já foi visto, a cidade já possui instituições desta natureza, porém estas contam com muitas irregularidades. Visto isso, para a realização deste projeto arquitetônico foram analisadas todas as instituições possíveis da cidade (consultar anexos, item 16) além da bibliografia estudada e estudos de caso.

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Chegou-se então à escolha do lote ideal para a realização do projeto: um lote de 12637,80 m², localizado no bairro Jardim Pedroso, logo atrás do Hospital Augusto de Oliveira Camargo, o principal e mais antigo hospital da cidade. A região do hospital é muito antiga, próxima à Igreja Matriz central e à Estação Ferroviária, região do marco zero da cidade.

Igreja Matriz ào

``ao

Estação ào

``ao Hospital Augusto de Oliveira Camargo

Figura 28 - Indaiatuba em 1951 (Fonte: Fundação Pró Memória Indaiatuba)

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Figura 29 - Igreja Matriz Nossa Sra. da Candelária (Fonte: Fundação Pró Memória Indaiatuba)

Figura 30 - Estação Ferroviária

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Figura 31 - Hospital Augusto de Oliveira Camargo, Inaugurado em 1933

O bairro é basicamente residencial. Logo em frente ao terreno há uma faculdade e muito próximo está o centro da cidade. O desnível do terreno é acessível, o que é muito importante quando se trata de um lar de idosos. Como já citado anteriormente, é importante manter os vínculos locais dos idosos residentes da ILPI. Por se tratar de uma região próxima ao marco zero da cidade e do centro comercial, os atuais

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residentes destas regiões são antigos moradores da cidade. Dificilmente, nos dias de hoje, há residências localizadas no centro comercial, o que torna a região um tanto insegura no período noturno. Nesta localização, a ILPI proposta mantém os idosos na mesma região, porém oferece-lhes melhor qualidade de vida, cuidados e segurança, sem desfazer os laços criados ao longo de uma vida.

Figura 32 – Localização do Hospital (amarelo) e da Área de intervenção (vermelho)

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13.2 Projeto Após definida a área, o segundo passo foi definir a modalidade da ILPI 10 e o programa ao qual a ILPI deveria atender. Neste caso, serão atendidos idosos das modalidades I e II, que correspondem a idosos independentes (que podem necessitar de equipamentos de autoajuda) e idosos com alguma dependência funcional (como: dificuldade de locomoção, alimentação, higiene). O programa deveria atender às seguintes necessidades básicas: - Moradia - Alimentação - Saúde - Lazer - Serviços (lavanderia, limpeza, administração).

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Modalidade Segundo a classificação previamente referida neste trabalho (rever item 5.2).

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13.3 Estudo preliminar

Posteriormente, foi realizado um estudo preliminar, a partir da área e do programa de necessidades básicas. Através da análise da geometria da área e seu entorno, foram realizados croquis para que fosse possível chegar a um resultado coerente para a implantação. Como o desnível é acessível e o público alvo é idoso, foi estabelecido que as construções seriam térreas e que a ILPI teria um caráter de vila. Deste modo, o resultado obtido foi o seguinte:

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Figura 33 – Implantação

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O resultado da implantação deu-se a partir da ideia de conciliar a forma radial das “ruas” de pedestres ao grau de socialização que as atividades de cada ponto oferecem. Isto é, conforme o raio dos arcos aumenta, aumenta a possibilidade de realizar uma atividade sociável, considerando como marco zero a recepção, localizada logo na esquina. A recepção conta com uma entrada de carros, que aumenta a segurança para a entrada/saída de moradores ou visitantes idosos ou com necessidades especiais. À sua esquerda, foi locada a enfermaria, um local tranquilo, considerando que encontra no primeiro raio, ou seja, local de atividades mais calmas e individualistas. É importante que a enfermaria não esteja diretamente em contato com o convívio dos idosos, pois, como já estudado, a mistura de graus de grande diferença de dependência pode retroceder o comportamento de idosos em evolução. Quanto à moradia, foram pensados apartamentos de mesma tipologia, todos com 45,50 m², podendo abrigar uma ou duas pessoas, totalizando em um mínimo de 20 idosos moradores da instituição e um máximo de 40. Não serão setorizados por gênero, fazendo com que o convívio seja integral. Localizamse nos eixos externos da implantação, abraçando o espaço de uso comum.

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Figura 34 - Apartamentos (tipologias)

As áreas de convívio pretendem oferecer espaços onde se possa contemplar a natureza sozinho ou em grupo, praticar atividades ao ar livre, jogar, ter aulas de artesanato e se divertir, reafirmando a ideia de que a socialização aumenta conforme o raio dos arcos da implantação. Ademais, o tipo de vegetação utilizado condiz com a atividade proporcionada pelo espaço. As cores mais vibrantes se encontram em locais onde há atividades mais agitadas, do mesmo modo, as cores claras e neutras se encontram em atividades de contemplação e concentração.

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A área de lazer é o ponto principal do projeto, localizada no centro do terreno. Conta com salas multiuso, academia (e fisioterapia), salão de jogos, piscina coberta, pomar e uma estufa. A ideia é que os idosos apenas durmam em seus módulos residenciais e sejam obrigados a sair de casa para realizar atividades do cotidiano. Deste modo, a socialização se torna inevitável e, com ela, o estímulo para melhorar a qualidade de vida. Outro ponto importante é a localização do restaurante. Localizado no canto do terreno, voltado para a rua, convida pessoas a almoçarem com os residentes em alguns dias da semana. Assim, os residentes saem da rotina, tendo contato com pessoas diferentes que, não necessariamente, estão no local para fazer uma visita, mas que criam relacionamentos interessantes, mesmo que seja por um breve momento no almoço. A área de serviço também está localizada nesta região do terreno. Como visto no resultado da análise das ILPI da cidade de Indaiatuba, as instituições não possuem espaços adequados para organizar equipamentos não utilizados. Pensando nisso, a área de serviço realiza a função de lavanderia e secagem de roupas, limpeza e também conta com depósitos para armazenar equipamentos.

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13.4 Projeto Final 13.4.1 Implantação Após o estudo preliminar, iniciou-se o processo de fechamento do projeto. Para isso, foram identificados os maiores problemas existentes na proposta e, assim, foram realizados estudos para suas melhorias. O projeto continuou com o mesmo caráter de implantação, com as vias pedonais e a ideia predominante da proporção entre possibilidade de socialização e espaço. É possível entender como se dá a inserção da ILPI no local através da imagem abaixo.

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13.4.2 Entrada e Recepção

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Localizada na esquina, a recepção pretende atender as visitas e interessados na ILPI Jd. Pedroso, além de suprir as necessidades de um espaço de reunião, administração, administração financeira e almoxarifado. Com a possibilidade dos carros chegarem muito próximo à porta, a facilidade e segurança para idosos e pessoas debilitadas é garantida. A ILPI conta com vagas de estacionamento no lado oposto à recepção.

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13.4.3 Moradia

O setor da moradia foi o setor que sofreu as principais modificações. Apesar de continuarem numa região periférica, abraçando o espaço de lazer, foram alteradas suas tipologias e disposição. A partir de agora há 3 tipologias diferentes de moradia:

- Tipo 1: 40 m² (individual) - Tipo 2: 53,25 m² (casal) - Tipo 3: 79 m² (2 dormitórios)

Com a forma bem simplificada de uma casa, os 31 módulos foram criados para que suas aberturas pudessem ser trocadas conforme eles se encaixam de formas diferentes. Portanto, não há a possibilidade de algum cômodo ficar debilitado quanto à iluminação ou ventilação natural. Todos os módulos de moradia contam com um pergolado que interliga os diferentes tipos de encaixe que criam áreas de convivência pela vizinhança. A ideia de vila, de comunidade, ainda é predominante neste aspecto. A moradia tem apenas uma função de dormitório e necessidades básicas. Todas as casas possuem o mesmo pé direito, porém, os telhados de cada uma possuem diferentes formatos e alturas, gerando um jogo de volumes que dá mais dinâmica ao desenho. Espaços Livres em Lares de Idosos

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13.4.4 Enfermaria

A enfermaria manteve-se na localização original (ao lado da recepção), reforçando a ideia do espaço tranquilo na região do primeiro arco da implantação. Há uma barreira vegetal criando uma proteção sonora e visual, dando mais conforto e privacidade aos que necessitam de cuidados médicos. A Espaços Livres em Lares de Idosos

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ideia é que só ocorram atendimentos de emergência neste local, porém, há espaço para 4 leitos, caso alguém precise de mais cuidados por um curto prazo de tempo. Há um acesso direto para ambulância, caso necessário.

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13.4.5 Salas Multiuso As salas multiuso são 2 salas de 108 m² que proporcionam a realização de diferentes tipos de atividades, desde uma aula de artesanato até uma festa de aniversário, por exemplo. Estão inseridas na área de lazer e contemplação, pois proporcionam atividades de intensa socialização.

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13.4.6 Restaurante O restaurante se manteve com uma das fachadas voltadas diretamente para o exterior. Deste modo é possível abri-lo ao público em determinados dias da semana, proporcionando a socialização dos idosos com pessoas diferentes. Também conta com um acesso direto para abastecimento. Para o projeto final, foi adicionado um segundo pavimento, aumentando a capacidade do salão.

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13.4.7 Serviços O setor de serviços também se manteve no mesmo local e as mesmas funções. O prédio conta com uma lavanderia e espaço para secar roupas, fechado por cobogós para criar uma barreira visual. Além disso há espaços de depósito, para suprir a necessidade de um espaço adequado para armazenar equipamentos não utilizados.

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13.4.8 Piscina e Vestiário A piscina é o ponto focal da área de lazer. Para proteger do vento ou sol excessivo, conta com uma estrutura metálica coberta com vidro tratado e um pergolado que liga este volume à academia, ao vestiário e ao salão de jogos, formando o complexo esportivo. O vidro pode ser completamente aberto, possibilitando a ventilação natural e a sensação de ambiente externo.

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13.4.9 Pomar

O pomar se encontra logo atrás da região da piscina, possui uma estufa e conta com diversas árvores frutíferas. Nesta aqui se encontra o local de realização da compostagem doméstica.

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13.4.10

Jogos e cantina

Próximo à piscina e ao pomar, encontra-se o salão de jogos, que conta com uma cantina de apoio. Isso possibilita que os residentes realizem pequenas refeições ou lanches sem terem que se deslocar até o restaurante. O salão de jogos comporta uma pista de Bocha em dimensões reduzidas, além de mesas de sinuca e baralho/jogos de tabuleiro. Além disso, é um local sombreado que ainda permite o contato com a natureza e as outras atividades da ILPI.

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13.4.11

Espaços Livres e Academia

Finalmente chegamos à academia e aos espaços livres de lazer e contemplação. Esta área praticamente se manteve igual à primeira versão. Como o espaço se localiza bem no centro do terreno, as atividades realizadas aqui são vistas de praticamente qualquer ponto da área. A ideia de atividades mais calmas nos raios de menor dimensão foi mantida, e, além disso, a vegetação também se torna mais colorida conforme o raio aumenta e, consequentemente, a socialização. Como a sombra é muito importante para os idosos, como foi estudado anteriormente, foram criados espaços menores, sombreados por árvores de pequeno e médio porte, além de palmeiras, que ainda permitem algumas brechas de sol. A presença de bancos é indispensável nestes locais. A água é muito importante neste caso, pois ajuda a relaxar em momentos de agitação e ansiedade, como já foi estudado anteriormente.

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13.4.12

Aspectos gerais

Como o foco principal neste projeto são os espaços livres, a parte da arquitetura é muito simplificada, se tornando um cenário para as espécies vegetais e os espaços de convivência. Deste modo, foram adotadas formas muito simplificadas, e integradas a partir de um elemento: o telhado verde. Com formatos e alturas diferentes uns dos outros, o telhado verde dá à composição mais movimento e a valoriza. Além de esteticamente interessante, o telhado verde é ótimo para o conforto térmico e escoamento da água da chuva, que, inclusive, pode ser reutilizada no sistema de esgoto da edificação. Para isso é preciso utilizar um sistema de drenagem, que pode ser observado abaixo:

Figura 35 - Estrutura do telhado verde (FONTE: Ecotelhado)

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Uma das preocupações constantes com a ILPI é a da sustentabilidade. Por isso, além do reaproveitamento da água pluvial através dos telhados verdes, foram também utilizadas as placas receptoras de energia solar.

Figura 36 - Aquecimento Solar (FONTE: Soletrol) e Ecotelhados com Placas solares (ILPI Jd. Pedroso)

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Outro ponto importante para a sustentabilidade é a área de compostagem, localizada próxima à estufa, na região do pomar. Com a compostagem, o lixo orgânico gerado pela instituição tem uma finalidade adequada, adubando o solo e criando uma maior capacidade de absorção. É interessante que a composteira esteja em local sombreado, o que evita mau cheiro, por isso a escolha da localização. No caso da ILPI, a pilha de compostagem acontecerá sob o solo.

Figura 37 - Ciclo da matéria orgânica (FONTE: web)

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Além da preocupação com sustentabilidade, houve o cuidado da escolha de espécies vegetais utilizadas no espaço. Foram escolhidas espécies que não oferecem perigo em questões tóxicas e vão se colorindo, relacionando o espaço com a atividade desenvolvida. Deste modo, espécies mais delicadas, de floração mais esbranquiçada foram colocadas nos raios menores, assim como as espécies e canteiros coloridos se localizam nos raios maiores da implantação, estimulando atividades mais agitadas e de convívio maior.

NOME POPULAR

Areca Bambu Brasiliana Caixeta Falso Chorão Flamboyant Grama Amendoim Grama esmeralda Guaimbê Hera Japonesa Ipê Branco Iris Aquática Lambari roxo

TABELA DE VEGETAÇÃO NOME CIENTÍFICO ADAPTAÇÃO

Dypsis lutescens Alternanthera brasiliana Tabebuia cassinoides Schinus molle Delonix regia Arachis repens Wild Zoysia Japonica Steud Philodendron bipinnatifidum Parthenocissus tricuspidata Tabebuia roseoalba Iris spuria Tradescantia zebrina

sol/meia sombra sol sol sol sol sol sol sol/meia sombra sol sol sol meia sombra

ALTURA (m)

COR

3a6 0,30 a 0,50 3 a 13 5a8 6a9 0,10 a 0,20

. Beterraba .

3,5 a 7 0,1 7 a 15 0,40 a 0,60 0,15 a 0,20

Branca Amarela . Branca Branca Branca Roxo

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Lírio de São José Moréia Orquídea Bambu Palmeira Azul Palmeira do Mediterrâneo Palmeira Leque Palmeira Rabo de Raposa Pata de Vaca Samambaia rabo de peixe Strelitzia Tamareira de jardim

Hemerocallis hybrida

sol

Dietes iridioides Arundina bambusifolia Bismarckia nobilis Chamaerops humilis Licuala grandis Wodyetia bifurcata Bauhinia sp.

sol/meia sombra sol/meia sombra sol sol meia sombra sol sol

Nephrolepis biserrata

meia sombra

Strelitzia reginae Phoenix Roebelenii

sol sol

0,30 a 0,80 0,30 a 0,50 1,20 a 2 10 a 30 2a4 2a3 12 a 18 5a9 0,70 a 1 1,20 a 1,50 2a4

Amarela Branca Lilás . . . . Lilás . Laranja .

As espécies podem ser conferidas na implantação, que se encontra no item 16 deste livro – Anexos.

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Figura 38 - Implantação: espécies, canteiros e vista superior

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14. CONSIDERAÇÕES FINAIS

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14 CONSIDERAÇÕES FINAIS O presente trabalho possuía o objetivo da realização de um projeto arquitetônico de uma Instituição de Longa Permanência para Idosos para a cidade de Indaiatuba, que tivesse como diferencial espaços livres de qualidade. A ideia surgiu da crescente necessidade de recolocação do idoso na sociedade, visto que, nos dias atuais, o número de idosos aumentou e eles se tornam cada vez mais independentes. Assim, a humanização deste tipo de instituição se torna uma necessidade básica para a adaptação do novo idoso. Para a sua realização, foram avaliadas todas as entidades de mesma origem da cidade, constatando a deficiência neste setor. Após os estudos das análises dos resultados e da revisão bibliográfica presente, estabeleceu-se a área de intervenção, localizada num ponto que se identifica com muitos antigos moradores da cidade. O projeto se insere na área sem alterar a paisagem, por possuir um gabarito baixo. As construções são térreas, com exceção do restaurante, que possui um segundo pavimento. A arquitetura é muito simplificada, com telhados verdes que se diluem no paisagismo criado para dar o diferencial a esta ILPI e proporcionar o bem estar e a melhor qualidade de vida. Espera-se que este trabalho tenha contribuído para melhor entendimento dos idosos e suas necessidades, que vão além dos serviços de “hotelaria, alimentação e limpeza” oferecidos pelas instituições existentes. Espera-se que faça as pessoas repensarem a maneira com que os idosos são vistos e tratados pela sociedade. Espaços Livres em Lares de Idosos

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15. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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15 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Site

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Prefeitura

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São

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CENSO

Demográfico

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Disponivel

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Disponivel

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<http://www.ipea.gov.br/portal/index.php?option=com_content&view=article&id=8581&catid=159&Itemid= 75,>. Acesso em: 19 março 2013. LORENZI, H. Plantas Ornamentais no Brasil - arbustivas, herbáceas e trepadeiras. 4a. ed. [S.l.]: [s.n.], 2008. MARCUS, C. Shared Spaces in Elderly Housing. In: ______ People Places. New York: Van Nostrand Reinhold Co, 1990.

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Povo,

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16. ANEXOS

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16 ANEXOS – Relatórios das visitas às ILPI

16.1 Visita à ILPI 1

Esta instituição é de natureza privada filantrópica religiosa (sem fins lucrativos), possui regime semiaberto, ou seja, define horários para entrada de visitantes e circulação/saída dos residentes. É a instituição de maior capacidade de alojamento de idosos em Indaiatuba. Localizada numa região residencial de um bairro antigo e próxima ao centro comercial, hospital e de um Parque, esta instituição é a mais conhecida da cidade. O recebimento de doações é muito comum na ILPI1 e muitas das doações são utilizadas para uma das maneiras de complementação da renda: a realização de um bazar, que acontece três vezes por semana.

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Figura 39 – Localização ILPI 1 (FONTE: GoogleMaps)

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Figura 40 - Entrada principal da ILPI 1 (Fonte: Google Street View)

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Figura 41 - Sede do Bazar realizado fica ao lado da instituição

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Figura 42 - Sede do Bazar

A ILPI 1 possui, além da parte residencial, a enfermaria e um serviço de creche. Os idosos da creche passam o dia na instituição e participam das atividades e refeições, porém, ao fim do dia, voltam às casas de seus familiares. Ao todo, a instituição conta com quase 100 idosos.

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Na visita realizada no dia 1 de agosto de 2013, quinta feira, não foi permitido o acesso à enfermaria e à creche. Além disso, a instituição está em processo de mudança das instalações, contando com a construção de um novo ambulatório e refeitório, que estão em fase de acabamento. O novo ambulatório contará com mais leitos e um equipamento mais adequado para receber os idosos que estão doentes e/ou necessitam de maiores cuidados e acompanhamento médico.

Figura 43 - Novo ambulatório e refeitório

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Figura 44 - Novo Ambulat贸rio

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Figura 45 - Corredor do Novo Ambulat贸rio

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Figura 46 - Ambulatório: circulação, sanitários e balcão

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Figura 47 – Refeitório

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Figura 48 – Refeitório

A entidade possui um bloco residencial linear e térreo, dividido ao meio, separando o lado masculino do feminino. No terreno em que estão implantados estes blocos, nota-se um declive consideravelmente íngreme para a instalação de uma ILPI. Os sanitários se encontram fora dos quartos, entre as portas de entrada de cada nível praticamente.

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Através das imagens, é possível notar facilmente as irregularidades quanto à inclinação das rampas e corredores de acesso aos dormitórios. De acordo com a NBR9050 da ABNT, as rampas são acessíveis desde que possuam máxima inclinação de 8,33% e a sinalização tátil contrastante com a cor do piso utilizado. Outro problema é a largura do corredor, que é de cerca de 1,20m. A norma admite que corredores comuns com extensão maior de 10m tenha largura mínima de 1,50m. Por se tratar de um “corredor rampa” muito longo, seria fundamental que esta largura fosse suficiente para que fosse possível circular em ambos os sentidos e que cadeirantes pudessem executar manobras com facilidade. Para que as manobras com cadeiras sejam realizadas em um giro de 360°, recomenda-se também uma largura de 1,50m.

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Figura 49 - Uma das Rampas do corredor de circulação

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Figura 50 - Rampas do corredor de circulação

Outro ponto importante observado foi o piso utilizado nas rampas e corredor, de tipo cerâmico. Apesar da perceptível tentativa de evitar que o piso seja escorregadio através da colocação de filetes horizontais no centro das rampas, este tipo de piso quando molhado pode causar muitos acidentes. Por se encontrar num local coberto, porém no exterior dos dormitórios, é recomendado pela norma um piso

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antiderrapante, como o piso intertravado de concreto, por exemplo, além da faixa tátil de cor contrastante com o piso e instalado de acordo com a norma técnica, como já foi ressaltado. O piso da área externa descoberta da entidade é praticamente em totalidade feito de cimento. Tanto no lado masculino como no lado feminino. Este piso tem continuidade até a parte mais baixa do terreno, onde se encontra a lavanderia.

Figura 51 - Piso exterior

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Figura 52 - Lavanderia e acesso à administração/enfermaria

Os dormitórios dessa ILPI são em sua maioria duplos. Como já foi referido, o prédio divide homens e mulheres, cada um para um lado. As portas dos dormitórios possuem a largura mínima aceita pela norma técnica de acessibilidade, 0,80m. Porém, é também recomendável que na existência de idosos não haja desnível entre os cômodos, o que não ocorre nesta instituição. Para acessar todos os dormitórios e sanitários é preciso subir Espaços Livres em Lares de Idosos

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um degrau de cerca de 5cm de altura como se observa nas figuras acima. Ainda notam-se irregularidades como o encontro da rampa com o desnível da porta de entrada de um banheiro.

Figura 53 - Desnível entre porta de banheiro encontrando o final de uma rampa no corredor

Ainda, segundo a ANVISA (2004), nos dormitórios de uma ILPI, as camas devem ter “distancia mínima entre duas camas paralelas de 1,00m e de 0,50m entre uma cama e outra fronteiriça”. Também “deve ser prevista uma distância mínima entre uma cama e a parede paralela de 0,50m”. Espaços Livres em Lares de Idosos

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A realização das visitas fez perceber que esta é provavelmente a recomendação que é menos seguida nas ILPI da cidade de Indaiatuba. Na ILPI 1, em nenhum dos quartos vistos foi observada alguma cama com a distância de 0,50m em relação à parede paralela. Não há imagens dos dormitórios, pois não havia nenhum deles vazio no momento da visita. O novo ambulatório conta com leitos novos, porém, ao notar o número de equipamentos instalados na parede, sabe-se a quantidade de leitos que existirão ali. Ao comparar as dimensões dos leitos com as recomendações de distanciamento entre os próprios e/ou as paredes e objetos, nota-se que será impossível colocar todos os leitos seguindo corretamente as recomendações. As janelas dos dormitórios, segundo as recomendações da ANVISA, devem ser de cor contrastante a da parede e ter um peitoril de no mínimo 1,00m, além de abertura em alavanca e “sistema que impeça o acesso de pessoas através dos vãos”. Nesta ILPI, os requisitos do peitoril e cor contrastante foram atendidos, porém a janela tem sistema de fechamento em guilhotina, o que pode facilmente causar algum acidente. As persianas são de abrir, um sistema mais simples que a guilhotina, porém ainda não se compara à alavanca, o sistema mais simples de ser manuseado.

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Figura 54 - Portas e janelas do lado feminino

Na imagem acima, observa-se claramente a circulação, as barras de segurança existentes e o tipo de piso usado nas rampas e no exterior. As cadeiras são onde os moradores descansam e tomam sol. Nota-se que as barras de segurança seguem em toda a extensão, porém, apenas de um dos lados. Quanto aos sanitários, a ILPI possui espaços relativamente amplos e com barras de segurança. Porém, os problemas do degrau existente na entrada e da largura do vão da porta voltam a persistir. As Espaços Livres em Lares de Idosos

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barras também não se encontram sob o chuveiro em alguns casos. Já a recomendação da ANVISA que diz que “nos chuveiros não é permitido qualquer desnível em forma de degrau para conter a água” foi seguida corretamente.

Figura 55 - Banheiro sem barra sob o chuveiro

Figura 56 - Banheiro com barra sob o chuveiro

Na questão dos espaços livres a entidade se mostra carente. Há um espaço amplo em frente ao novo refeitório, porém ele é praticamente todo impermeabilizado. Há um pequeno jardim em frente à creche e, em frente aos dormitórios masculinos, há também alguns canteiros com árvores e dois bancos. O Espaços Livres em Lares de Idosos

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problema principal é que os bancos se encontram num patamar superior ao caminho, dificultando a entrada de cadeirantes, por exemplo, no local. Foram também encontrados equipamentos de uso da entidade nos fundos do local. A falta de armazenamento adequado é constantemente observada neste tipo de instituição. Estas informações podem ser observadas nas figuras abaixo.

Figura 57 - Espaço de descanso

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Figura 58 - Espaรงo de descanso

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Figura 59 - Acesso ao patamar dos bancos

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Figura 60 – Fundos da lavanderia: falta de espaço para armazenamento de equipamentos

Apesar de esta ILPI possuir profissionais qualificados e que realizam diferentes tipos de atividade, não há espaços livres adequados para realizações de atividades em grupo ao ar livre nos limites da instituição. Entretanto, atividades em grupo como festas, passeios, jogos e danças são realizadas frequentemente pela ILPI 1. Ademais, ao comparar todas as entidades visitadas à ILPI 1, observa-se que esta é a ILPI que possui os idosos mais independentes, além de ser a instituição que mais proporciona a eles o maior grau de Espaços Livres em Lares de Idosos

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independência. Os fatores mais importantes para esta causa é a separação dos idosos enfermos, o que os dá maior ânimo para progredir, além da forma como são implantados os quartos, formando uma espécie de “pequenas residências”, aumentando a individualidade de cada idoso.

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16.2 Visita à ILPI 2

A ILPI 2 é uma instituição de natureza privada, ou seja, com fins lucrativos. Funciona em uma base de regime fechado, no qual há horários predefinidos para visitas e entrada/saída dos 16 idosos atendidos. Localiza-se numa região onde hoje se encontra o centro comercial da cidade, porém a instituição tem caráter residencial. A visita a esta ILPI foi realizada no dia 31 de julho de 2013.

Figura 61 – Localização

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A instituição é, literalmente, uma residência que foi adaptada para receber os idosos e cumprir as recomendações da ANVISA. Por se tratar de uma residência comum, porém muito ampla, os idosos atendidos têm de dividir os quartos em duas ou mais pessoas. A instituição conta com cerca de seis dormitórios, alguns são suítes.

Figura 62 - Dormitório duplo

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Figura 63 - Suíte

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Figura 64 - Dormit贸rio duplo

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Figura 65 - Suíte tripla

Está claro nas imagens acima que, tal como a ILPI 1, esta instituição também não seguiu as recomendações de distanciamento entre camas e entre a cama e a parede, tampouco a recomendação de janela alavanca e que impeçam a entrada de uma pessoa pelo vão. Entretanto, a janela existente (de correr) é menos passível de acidentes que a do tipo guilhotina, encontrada na ILPI 1. O mobiliário utilizado nos quartos é em sua maioria de residência comum, o que não haveria problema se as cabeceiras e pés das camas não fossem tão ornamentados e cheios de saliências que Espaços Livres em Lares de Idosos

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podem causar hematomas ou, até mesmo, acidentes. Para idosos que necessitam de cuidados maiores, as camas são como os leitos hospitalares, sem quinas e com grades de segurança. Também nota-se que próximo a todas as camas há campainhas de alarme, como recomenda a ANVISA. Os sanitários ora estão no interior dos quartos, ora no corredor. Todos são amplos e possuem barras de segurança, mas elas nem sempre estão nos lugares recomendados, ou nos mesmos lugares, ou seja: também não há padronização deste item nesta ILPI.

Figura 66 – Banheiro

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Figura 67 – Banheiro

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Figura 68 - Banheiro

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Figura 69 - Banheiro 2

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Figura 70 - Banheiro 2

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Figura 71 - Banheiro 3

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Figura 72 - Banheiro 3

Figura 73 - Banheiro 3

A sala de TV e de jantar não são muito amplas, mas mesmo assim são muito utilizadas pelos moradores. A sala de TV recebe boa iluminação, por possuir uma janela que se encontra na fachada frontal da casa. Já a sala de jantar, não recebe muita iluminação, pois, tem vista para um corredor, que apesar de ser amplo, recebeu uma cobertura.

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Figura 74 - Sala de TV

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Figura 75 – Cozinha

Quanto à circulação, esta casa possui um corredor interno que liga a maior parte dos dormitórios. Este corredor possui barras de segurança, como recomendado pela ANVISA, entretanto a cor não é contrastante à cor da parede, como recomendado, podendo passar despercebida pelos moradores. Ademais, as barras estão instaladas apenas em um dos lados do corredor.

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Figura 76 – Corredor

Na parte externa, na lateral da casa, há outro corredor que dá acesso a outros dois dormitórios. Esta parte foi coberta para que não houvesse problemas de circulação em dias de chuva. Há barra de circulação apenas em uma pequena extensão da parede e apenas de um dos lados. É ali que se encontram as cadeiras de rodas que, ao menos no momento da visita não estavam sendo utilizadas. Este caminho também leva aos fundos, onde se localiza a lavanderia adaptada e muitos objetos, sofá etc.

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Novamente constatou-se a preocupação de um espaço adequado para o armazenamento de equipamentos e objetos das ILPI.

Figura 77 - Corredor externo lateral

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Figura 78 - Entrada do dormit贸rio dos fundos

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Figura 79 - Lavanderia adaptada

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Figura 80 - Objetos sem armazenamento adequado

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Figura 81 – Fundos

Nesta entidade, praticamente não existe espaço livre. Os idosos residentes aproveitam a luz do dia sentados onde seria originalmente a garagem da residência. Há um pequeno canteiro em frente, o qual um jardineiro faz a manutenção. Mesmo não havendo espaços verdes e ao ar livre, a instituição sempre realiza festas de aniversário e comemorações.

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Figura 82 - Garagem utilizada como espaรงo de descanso

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Figura 83 - Pequeno jardim em frente à casa

Segundo o questionário respondido pela ILPI, constata-se que o principal motivo do encaminhamento dos idosos para a instituição foi por dificuldades para cuidar do residente com fragilidades (física ou mental) e, quem os encaminhou para o local foram seus próprios familiares. Nota-se também que a ILPI 2 possui muitos profissionais (fisioterapeutas, nutricionista, terapeuta ocupacional etc) e cuidadores contratados, e que eles sugerem no próprio questionário a falta de um espaço para a prática de atividades físicas ao ar livre. Espaços Livres em Lares de Idosos

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16.3 Visita à ILPI 3

A ILPI 3 se localiza muito próxima ao centro comercial da cidade de Indaiatuba, de um parque e também de um hospital. É de natureza privada (com fins lucrativos) e funciona em regime semi aberto, ou seja, definem horários amplos para visitas e controlam a entrada/saída dos idosos atendidos. A realização da visita à esta ILPI se deu no dia 6 de agosto de 2013.

Figura 84 – Localização

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Esta ILPI também é na realidade uma residência adaptada para receber os idosos. É ampla e não abriga muitos idosos residentes, porém também presta o serviço de creche, no qual o idoso apenas passa o dia na instituição e recebe os cuidados principais para saúde, higiene e alimentação.

Figura 85 - Frente da ILPI 3 (Fonte: Google Street View)

A residência em que a ILPI se encontra é ampla, mas não é muito bem iluminada. As áreas mais favorecidas são a sala de TV e a sala de jantar, onde os espaços são amplos. Mesmo nestes locais não há muita iluminação natural. Assim mesmo, estas são as partes mais utilizadas pelos residentes e visitantes.

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Figura 86 - Sala de TV

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Figura 87 - Sala de Jantar

Bem ao lado da sala de jantar se encontra a cozinha. Os idosos residentes não têm acesso a esta área para evitar acidentes domésticos. As refeições são preparadas pelos funcionários e distribuídas na sala de jantar.

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Figura 88 – Cozinha

Quanto aos dormitórios, todos eles são divididos, em duas ou mais pessoas. Atualmente, há 14 idosos na ILPI 3 e estes se distribuem entre os quartos da residência. São cerca de 4 quartos existentes na casa. Os dormitórios apresentam os mesmos problemas encontrados em outras instituições: falta do espaçamento correto entre o mobiliário existente e/ou entre o mobiliário e as paredes. Como já foi citado

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anteriormente, a ANVISA exige que a mínima distância entre as camas deveria ser de no mínimo 1,0m para a lateral e 1,5m fronteiriça, além de entre a cama e a parede haver uma distância mínima de 0,5m. Como pode ser observado nas imagens, nenhum dos distanciamentos foi atendido e, ainda, há maiores obstáculos no interior dos dormitórios. Nota-se também que ao menos a exigência de uma campainha de alarme próxima a cada uma das camas foi atendida.

Figura 89 - Dormitório triplo

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Figura 90 - Dormitório Quádruplo

As janelas dos dormitórios não são padronizadas, principalmente por conta da adaptação da residência para abrigar todos os idosos. Há alguns tipos diferentes e nem todos possuem grades, como o recomendado pela ANVISA. Ademais, nenhuma das janelas tem a abertura tipo alavanca. Quanto ao peitoril, a altura mínima de 1,0m foi desrespeitada apenas em um dos dormitórios, que originalmente seria uma sala da residência.

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Figura 91 - Janela tipo 1

Figura 92 - Janela tipo 2

Figura 93 - Janela tipo 3

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Os sanitários são externos aos quartos e de área similar, oferecendo um bom espaço. Possuem portas de largura de 0,80m, o mínimo requerido pela norma de acessibilidade (NBR 9050) da ABNT e barras de segurança, como a norma também exige. Os problemas encontrados nestes sanitários são os mesmos problemas encontrados na maior parte das ILPI: falta de padronização das barras de segurança e objetos de uso de limpeza soltos pelo espaço, criando obstáculos que podem causar acidentes.

Figura 94 - Entrada Sanitário 1

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Figura 95 - Sanitรกrio 1

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Figura 96 - Sanitรกrio 1

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Figura 97 - Sanitário 2

Figura 98 - Sanitário 2

A circulação interna da ILPI é feita principalmente por meio de um logo corredor. Sua largura é de cerca de 1,20m, ou seja, é inferior aos 1,50m requeridos pela ANVISA.

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Figura 99 - Início do corredor

Figura 100 – Corredor

O corredor possui iluminação natural, porém, devido à pequena distância entre a parede da casa e o muro lateral do terreno, a entrada de luz fica um tanto debilitada. Para corrigir este problema, poderia haver um número maior de janelas neste local. Além das janelas, há também iluminação artificial ao longo do corredor. As barras de segurança estão por todo o corredor, numa boa altura e pintadas de uma cor contrastante à cor das paredes. Entretanto, como observado em outras ILPI, as barras estão instaladas em apenas uma das laterais do corredor. Espaços Livres em Lares de Idosos

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A entidade ainda conta com um espaço reservado para a prestação de primeiros socorros, um pequeno posto de enfermagem. Logo ao lado do posto de enfermagem se encontra a administração.

Figura 101 - Posto de Enfermagem

A instituição não possui nenhum espaço livre de qualidade onde se possa realizar algum tipo de atividade física. O mais próximo disso é a existência de uma área de luz localizada próxima ao centro do terreno e um canteiro que está logo na parte frontal do terreno.

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É na área de luz que se encontravam cadeiras de rodas que não estavam sendo utilizadas no momento da visita. Mais uma vez nota-se a falta de espaços adequados para a armazenamento de equipamentos nas instituições.

Figura 102 - Área de Luz

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Figura 103 - Acesso รกrea de luz

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Figura 104 - Pequeno jardim frontal

Além destas áreas, há a circulação externa. Uma das laterais possui um tanque, e é utilizada como área de serviço. A outra tem um móvel, que no momento parece não ter utilidade. Surpreendentemente, diferentemente das outras instituições com caráter residencial, nesta ILPI a garagem não é utilizada como espaço de descanso dos idosos.

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Figura 105 - Circulação externa - área de serviço

Figura 106 - Circulação externa

Figura 107 - Circulação externa

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Figura 108 - Garagem vista do pequeno jardim

Através da visita, constatou-se que a instituição se esforça para cumprir as exigências da ANVISA, porém, novamente por se tratar de uma residência adaptada para se tornar uma ILPI, as dificuldades são muitas. Principalmente no âmbito dos espaços livres, a instituição se mostra muito carente, demonstrando seu desejo por mais espaços livres e contatos com a natureza através das respostas do questionário feitos na primeira etapa.

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16.4 Visita à ILPI 4

A ILPI 4 é de natureza privada filantrópica não-religiosa, ou seja, sem fins lucrativos. A instituição funciona em regime semi aberto, no qual estabelece horários amplos para visita e controla a entrada/saída de visitantes e idosos atendidos.

Figura 109 – ILPI4

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A ILPI se localiza numa avenida que interliga duas outras importantes avenidas da cidade. O bairro conta principalmente com residências e estabelecimentos comerciais, está relativamente próximo ao centro, de um parque e também a um hospital (cerca de 15 minutos de carro). A instalação da ILPI 4 é numa residência adaptada (solução comum entre as entidades da cidade de Indaiatuba como já foi visto anteriormente), atende 18 idosos e também oferece o serviço de “creche”. A visita a este estabelecimento se deu no dia 6 de agosto de 2013.

Figura 110 - Localização ILPI 4

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Por se tratar de uma instituição filantrópica, a renda mensal na maior parte do ano não é suficiente para cobrir todas as suas despesas. Por lei, a instituição recebe parte da aposentadoria de cada um dos 18 idosos atendidos, além da ajuda da prefeitura. Entretanto, mesmo com estes recursos a renda total não garante o pagamento das despesas totais. Deste modo, a instituição conta com a elaboração de um bazar que é feito com produtos provenientes de doações.

Figura 111 - Placa de contato para doações

Tratando-se das instalações de uma antiga residência comum, através das imagens que serão apresentadas e da visita realizada na ILPI, observa-se o esforço realizado para que as condições do

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estabelecimento cumpram as exigências da ANVISA. Um exemplo disso é a rampa metálica na entrada que procura trazer melhor acessibilidade à residência.

Figura 112 - Entrada ILPI 4

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Entretanto, como também já observado anteriormente, é complicado adaptar uma residência familiar para abrigar uma ILPI. Para que isso seja possível, nesta instituição também há a necessidade de cada dormitório abrigar dois ou mais idosos atendidos, por exemplo. A entidade não conta com muitos dormitórios. São cerca de 4 quartos ao longo de um corredor que liga a sala da entrada ao pequeno refeitório. É neste corredor que se encontra também um banheiro de tamanho médio. A sala da entrada não é grande e conta com dois sofás e uma poltrona. Não há televisão nesta sala, apenas alguns livros.

Figura 113 - Sala da entrada

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Figura 114 - Corredor dos quartos - interliga a sala da entrada ao refeitório

Observa-se no corredor a presença da barra de segurança, assim como nas outras ILPI. Também se observa que, semelhante às outras instituições ela consta apenas de um dos lados do corredor, mesmo na ausência das portas dos dormitórios/banheiro. Outro ponto a ser destacado é a largura do corredor, que é inferior aos mínimos 1,50m exigidos pela ANVISA. Nesta instituição a situação é ainda pior que as outras, pois a dimensão da largura do

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corredor é de cerca de 1,00m, inferior aos 1,20m encontrados nas outras entidades. Assim sendo, a acessibilidade da circulação fica comprometida. Como já ressaltado anteriormente, os dormitórios da ILPI se encontram ao longo deste corredor e são compartilhados por dois ou mais idosos. Durante a visita foi fotografado apenas um dos dormitórios devido à utilização dos outros três pelos residentes.

Figura 115 - Dormitório duplo

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Os dormitórios levam mobiliário de caráter residencial e contém basicamente os mesmos problemas encontrados nas outras ILPI, como: o distanciamento inadequado entre cama-cama e camaparede e a janela de correr, que não corresponde ao pedido da ANVISA (2004) de janelas com abertura tipo alavanca e com proteção na parte da abertura para que não passe uma pessoa. Ao menos o peitoril de 1,00m de altura da janela e as campainhas de alarme nas camas foram encontrados como o esperado. Ao longo do mesmo corredor há um banheiro de tamanho médio. Foram encontrados alguns problemas clássicos, a começar pelo vaso sanitário, que logo da porta nota-se que não há barras de segurança em nenhum dos lados. No chuveiro observa-se uma barra de segurança instalada na parede lateral, porém é insuficiente para a segurança total de um idoso. Além disso, sua cor deveria ser contrastante com a cor da parede, de acordo com a ANVISA (2004).

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Figura 116 – Banheiro

Finalmente, ao outro extremo do corredor encontra-se o pequeno refeitório e a cozinha. Além deste refeitório há uma mesa na área de luz que foi coberta para adaptar esta função.

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Como a maior parte dos idosos desta entidade ĂŠ semidependente, necessitam da ajuda das enfermeiras e cuidadoras para a maioria das atividades de auto cuidado (alimentar-se, vestir-se, fazer higiene pessoal ou locomover-se).

Figura 117 - Pequeno refeitĂłrio

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A área de refeitório adaptada na área de luz não foi fotografada a pedido dos idosos que a utilizavam no momento da visita. A cozinha da instituição é pequena e conta com uma ligação para cada ambiente de refeição. A janela mostra a área de refeições adaptada e a porta faz a conexão com o refeitório interior.

Figura 118 – Cozinha

Passando a zona de refeições chega-se ao fundo do terreno, onde se encontra a sala de TV e uma pequena área onde se encontram cadeiras de descanso. A situação precária dos espaços livres se repete nesta ILPI. Apesar de haver uma pequena área gramada nesta entidade, não há utilização deste Espaços Livres em Lares de Idosos

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para cultivo de plantas ornamentais, horta ou algo que desperte o interesse dos idosos a ter contato com a natureza.

Figura 119 - Sala de TV

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Figura 120 - Sala de TV

Figura 121 - ร rea de descanso

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A área externa da instituição se restringe a este pequeno quintal, à lateral do terreno e à frente da casa. Ao todo, a área não é tão reduzida e poderia ser mais bem utilizada. A frente da residência conta com cadeiras e poltronas que são muito utilizadas pelos idosos, pois os coloca de frente para o movimento da rua, sendo o local de preferência para descanso. Este local não foi fotografado exatamente por estar sendo muito utilizado no momento da visita. A lateral do terreno não é um corredor estreito como se imagina em uma residência, possui um espaço largo que poderia ser de boa serventia para criar um espaço de contemplação. Nela há uma barra de segurança instalada em um dos lados do corredor de cor adequada, contrastante com a parede.

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Figura 122 - Lateral do terreno

Os maiores problemas encontrados neste local sรฃo: o piso quebrado em alguns locais, o que pode causar acidentes, e a maca inutilizada que foi encontrada por lรก. Isto retrata novamente a falta de local adequado para armazenamento dos equipamentos e objetos das ILPI.

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16.5 Visita à ILPI 5

As duas últimas ILPI visitadas (ILPI 5 e 6) pertencem ao mesmo dono, portanto possuem características parecidas. Ambas são de natureza privada (com fins lucrativos) e funcionam em regime aberto, ou seja, não há horários definidos pela instituição para que entrem ou saiam visitantes e moradores. Primeiramente ocorreu a visita à ILPI 5, no dia 31 de julho de 2013. A ILPI localiza-se em um bairro residencial, próxima a um hospital e a um parque da cidade. Esta é a instituição mais distante do centro comercial da cidade de Indaiatuba.

Figura 123 – Localização ILPI 5 (Fonte: Google Maps)

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O caráter desta instituição se assemelha a uma casa de campo, com bastante espaço livre à sua volta. Ainda assim, a residência não é muito grande e foi adaptada para tentar cumprir as exigências da ANVISA (2004).

Figura 124 - ILPI 5 (caráter de casa de campo)

A ILPI 5 atende apenas mulheres. São ao todo 14 senhoras, das quais 9 têm entre 70 e 79 anos de idade e 11 são dependentes, ou seja necessitam de ajuda para realizar atividades de autocuidado. Comum às outras instituições, nesta ILPI as idosas também compartilham os dormitórios em duas ou mais pessoas. Espaços Livres em Lares de Idosos

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Figura 125 – Dormitório

Os dormitórios são no padrão da imagem acima. O mobiliário encontrado é padronizado, diferente de outras instituições visitadas. Algumas camas possuem grades adaptadas para idosos que necessitam de maiores cuidados. Como é de fácil observação, esta ILPI também não respeita as recomendações da ANVISA de distanciamento entre camas e entre cama e parede, que são de 1,50m e 0,50m respectivamente. Além disso, também não há grade nas janelas e a abertura destas não é do tipo alavanca.

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Os dormitórios não possuem barras de segurança. Entretanto, observa-se a existência da campainha de alarme em todas as camas da entidade.

Figura 126 - Campainha de alarme

Há sanitários externos aos dormitórios e internos. Na imagem abaixo observamos um banheiro que se localiza no corredor da casa. Observa-se que o espaço foi adaptado para que pudesse oferecer melhores condições de segurança às usuárias, porém ainda assim apresenta problemas, além das dimensões reduzidas.

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Figura 127 – Banheiro

O primeiro problema a ser destacado é o fato da existência das barras de segurança não estarem pintadas de cor contrastante à cor da parede, como recomenda a ANVISA (2004). Ademais, as barras do chuveiro são de tamanho bem reduzido.

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Outro problema que ainda não havia sido observado em nenhuma das outras ILPI visitadas é o desnível grande que demarca a área do chuveiro. A ANVISA destaca que “nos chuveiros não é permitido qualquer desnível em forma de degrau para conter a água”. A existência desse degrau pode causar acidentes. A cozinha da entidade possui acesso restrito aos moradores, assim como em todas as outras ILPI visitadas. As refeições são preparadas pelas cozinheiras da instituição e são servidas na sala de jantar, que não foi fotografada devido a pedidos de uma das funcionárias.

Figura 128 – Cozinha

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A entidade ainda conta com uma sala de TV, que se encontra ao lado da sala de jantar e estava repleta de pessoas na hora em que a visita foi realizada. Também não pôde ser fotografada. Quanto à área de circulação interna a ILPI tem um problema: o corredor tem um formato descontínuo, o que pode prejudicar o fluxo.

Figura 129 – Corredor

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Como se observa na imagem, apesar das barras de segurança estarem bem espaçadas umas das outras, a utilização das cores contrastantes à parede está sendo utilizada de modo correto. Observa-se também que as portas para os dormitórios são largas. Quanto à circulação externa, a entidade possui alguns obstáculos, principalmente por se tratar de uma casa de caráter “casa de campo” originalmente. O piso utilizado muitas vezes pode oferecer irregularidades em suas superfícies, ou serem lisos demais, o que é indesejável para que um idoso caminhe com segurança. Quebras e lascas nos pisos também foram encontradas.

Figura 130 - Pisos (entrada)

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Figura 131 - Rampa de acesso à residência

Figura 132 - Circulação externa

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Figura 133 - Corredor de serviço

Uma surpresa encontrada nesta instituição foi o espaço destinado ao depósito de colchões e outros equipamentos. Em nenhuma das outras entidades visitadas foi encontrado um espaço destinado exclusivamente ao armazenamento de equipamentos. Mesmo que adaptado, o espaço cumpriu bem sua função.

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Figura 134 – Depósito

Quanto aos espaços livres, a ILPI 5 demonstra muito potencial, porém apesar da existência de uma grande área gramada e plana em volta da residência, não há nenhum tipo de equipamento que estimule sua utilização. A entidade conta até mesmo com uma piscina, que se encontra tampada.

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Figura 135 - Espaรงo livre ILPI 5

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Figura 136 - Piscina (fechada)

Em conversa com as funcionárias da instituição, descobriu-se que o espaço não é utilizado para realizações de atividades em grupo e que estimulem as idosas fisicamente. A área gramada é utilizada apenas para levar as idosas “darem uma volta”. Já a piscina nunca é utilizada. Ou seja, mesmo tendo potencial para oferecer atividades de lazer e saúde para as residentes, a instituição ainda não atingiu o patamar de qualidade desejado nesta questão. Espaços Livres em Lares de Idosos

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16.6 Visita à ILPI 6

A ILPI 6 se encontra numa área residencial, próxima a um hospital e ao Parque Ecológico. A visita a esta ILPI foi realizada no dia 7 de agosto de 2013.

Figura 137 - Localização ILPI 6 (Fonte: Google Maps)

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Assim como a maior parte das instituições de Indaiatuba, esta ILPI é também uma residência que foi adaptada para receber as 14 idosas, todas dependentes. Uma delas é totalmente dependente e se encontra acamada.

Figura 138 – ILPI 6 (Fonte: Google Street View)

Esta ILPI se encontra em uma casa de tamanho médio. Há cerca de cinco dormitórios divididos entre as 14 idosas atendidas, ou seja, cada quarto é compartilhado entre duas ou mais mulheres. Até mesmo as idosas totalmente acamadas compartilham o dormitório, o que não é recomendado por CARSTENS (1998), que ressalta a importância de manter idosos com diferentes graus de dependência em ambientes diferentes, para que a vitalidade não seja afetada. Espaços Livres em Lares de Idosos

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Figura 139 - Dormit贸rio qu谩druplo

Figura 140 - Dormit贸rio triplo

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Figura 141 - Dormitório triplo

O principal problema com os dormitórios desta ILPI é o mesmo encontrado em todas as outras: o espaçamento do mobiliário, principalmente entre as camas e entre as camas e a parede. Além do espaçamento entre as camas, os móveis competem com as muitas camas existentes em um espaço reduzido, ou seja, o espaço de movimentação dentro dos dormitórios é deficiente.

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Sobre a questão das janelas, a tipologia se mostra variada. Há janelas tipo guilhotina, de correr e até mesmo uma porta. Apesar de não serem padronizadas e não serem do tipo alavanca como recomenda a ANVISA (2004), todas elas possuem grades. Inclusive a grade da porta foi adaptada para que houvesse o peitoril na altura adequada, mínima de 1,00m, como a recomendação da norma. A circulação entre os quartos e banheiros é feita por meio de um corredor. Tal como em outras ILPI, o corredor apresenta uma barra de segurança por toda sua extensão, mas instalada em apenas um dos lados.

Figura 142 - Corredor interno

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A barra está com a cor contrastante à cor da parede, seguindo corretamente as recomendações. A altura também está adequada. A largura do corredor é de cerca de 1,10m, o que é insuficiente para a acessibilidade segundo a ANVISA. O correto, como reforçado anteriormente, seria largura de 1,50m. Os banheiros desta instituição são externos aos dormitórios. Um deles é de tamanho médio e o segundo é bem grande. Os dois possuem barras de segurança de cor contrastante à cor da parede e, nesta instituição, a instalação das barras foi feita exatamente igual nos dois banheiros. Este fator assegura que o idoso não se confunda sobre a localização das barras numa situação de emergência.

Figura 143 - Banheiro 1

Figura 144 - Banheiro 1

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Figura 145 - Banheiro 2

O problema encontrado no banheiro 1 (banheiro médio) é o distanciamento insuficiente entre o vaso sanitário e a pia. Já o banheiro 2 (grande), possui uma banheira que forma uma quina seca bem próxima a área do chuveiro, o que pode causar acidentes. Há na instituição um posto de enfermagem para primeiros socorros e curativos. Sua localização é junto à administração.

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Figura 146 - Posto de enfermagem e Administração

A entidade ainda conta com uma sala de TV e uma sala de jantar, próximas ao posto de enfermagem. A sala de TV possui um espaço amplo e é muito utilizada pelas moradoras e visitantes. A sala de jantar não é muito ampla, mas o espaço é suficiente para acomodar uma mesa grande confortavelmente.

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Figura 147 - Sala de TV

Figura 148 - Sala de Jantar

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A sala de jantar é apenas utilizada para servir as refeições que são preparadas pelas funcionárias na cozinha. A cozinha é como a de uma residência comum, com espaço suficiente para cozinhar para as 14 idosas.

Figura 149 - Cozinha

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Figura 150 – Cozinha

Assim como a ILPI 5, a área externa desta instituição possui bastante potencial. O terreno é plano e nos fundos há uma área gramada onde poderiam ser realizados diferentes tipos de atividades em conjunto. Mas, também como a ILPI 5, este espaço não é utilizado para este fim. As idosas apenas “dão uma volta” por lá. Além disso, é utilizado como área para secar roupa. Há também uma edícula onde há uma lavanderia adaptada.

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Figura 151 - ร rea dos fundos

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Figura 152 - Lavanderia adaptada (edícula)

O espaço utilizado como espaço de descanso e lazer é a garagem, adaptação também comum em outras entidades. Há bancos e um jardim na frente da casa, com uma qualidade um pouco maior comparado a outras ILPI visitadas.

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Figura 153 - Garagem (espaรงo de desanso)

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Figura 154 - Jardim frontal

Esta instituição, das ILPI adaptadas em antigas residências familiares, foi destaque devido à apresentação de melhores condições para abrigar idosos, mesmo apesar do número de dormitórios ser insuficiente em relação ao número de residentes. A casa possui muito potencial, tanto nas áreas interiores como, principalmente, nas áreas externas. A instituição foi muito atenciosa durante a visita e demonstrou interesse sobre a pesquisa, fornecendo dados importantes para conclusões posteriores.

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