Processos Construtivos: experimentações em construção com tijolo

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Relatório Final Processos Construtivos III Professor Fernando Minto 16 Nov. 2015

Alunos: Camila Nóvoa Táboa - 1111286880 Carolina Dytz​ Seoane- 111465264 ​ Carol Sant’anna Sampaio -111007951 Conrado Neves Ely - 110039141 Isabela Duarte​ - 111456222 ​ Katharine Hainfellner - 111465206 Laura Martins​ - 107329901 ​ Nathália Mamede - 111480353


Índice

Escolha e desenvolvimento do projeto………………..…………………………..pág. 02 Mudança de projeto e novo molde……………….….…………………………....pág. 04 Metologia de marcação e corte da base de MDF…………………..…………...pág. 05 Primeiro dia de canteiro escolha do método construtivo e execução da primeira fiada………………....pág. 06 Segundo dia de canteiro de obras - tomando forma…..……………..………....pág. 07 Terceiro dia no canteiro de obras…………………………………………..……...pág. 08 Resultado final do projeto..…………………………………………………….......pág. 09 Conclusão…………………………………………………………………………….pág. 10 Bibliografia………………...………………………………………………………….pág. 13

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1. Escolha e desenvolvimento do projeto O projeto começou com a proposta de construir algo inusitado em alvenaria e foi inspirado pelo projeto de nome Brick-Topia, no qual foi apresentado no Festival Internacional de Arquitetura da Eme3, de autoria do escritório Map13 e selecionado na categoria ​ Buit-it!​ , sendo construído nos fundos de uma antiga fábrica de fios na ​ Rua Carrer Sant Adrià​ 20, em Barcelona.

Imagem 01- vista externa do projeto

Imagem 02 - vista interna do projeto

O nosso modelo se desenvolveu a partir do desenho fluido a que referência acima remete. A proposta inicial seria o resultado da revolução de uma parábola em torno de uma seção circular, dimensionada em 1,5m de base por 1,5m altura.

Imagem 03 - parábola em torno de seção circular

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Considerou-se inicialmente o desenvolvimento de uma fórmula de curva parabolóide, no entanto depois de considerado o ​ background de conhecimento de cálculo de função integral, partiu-se para uma função simples de segundo grau, que ​ obedecia à função ​ y= -2.67x10-3 ​​x2​ + 4x​ .

Imagem 04 - Simulação de curva da primeira função desenvolvida.

Após a entrega do primeiro módulo do projeto, pudemos concluir que o objeto estava super-dimensionado, se considerássemos que a proposta em questão era de realizar um exercício de execução não prolongada. Cogitou-se então manter as ​ dimensões e fazer um recorte perpendicular ao chão, de modo a criar uma abertura habitável no projeto; no entanto esta estratégia também

Imagem 05 - desenvolvimento do projeto parabolóide de base circular e seção perpendicular ao chão.

foi abandonada por reconhecimento do ainda presente super-dimensionamento. Partimos então para as medidas 1m X 1m, da própria função simples de segundo grau, que agora seria representada pela fórmula ​ y= - 4x10-3 ​​ x2​+ 4x​ , e o modelo passaria 3


a ter ma parábola frontal e outra espelhada na base, a ser explicado melhor nos itens abaixo.

2. Mudança de projeto e novo molde

A mudança do modelo foi necessária devido a quantidade de material que precisaríamos para execução do primeiro modelo e também devido ao tempo de execução que teríamos para a finalização do mesmo.

Após discutirmos a questão do método construtivo, houve a indicação da análise das abóbadas núbias. Tais abóbadas consistem em uma técnica milenar que permite a realização de construções de tijolos sem cimbre ou reforço, possibilitando vãos de até dez metros. Alguns fatores como custo, auxiliam na sua disseminação, pois os materiais utilizados, tijolo e argamassa, são de custo relativamente baixo, podendo o tijolo ser inclusive de adobe, o que tornaria a construção ainda menos onerosa.

Imagem 06 - Croquí Alfonso Ramirez Ponce

Imagem 07 - Croquí Corte

A técnica é tão antiga que um dos vestígios se encontra no centro funerário de Ramsés, situado no Vale dos Reis, beirando o Rio Nilo, na cidade de Luxor. A construção existente tem aproximadamente 3.300 anos.

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Imagem 08

Imagem 09 - Centro Funerário de Ramsés, 3.300 anos

Resgatando o projeto discutido e repensado, chegou-se a conclusão de que sua base inicialmente circular passaria a ser uma parábola, rebatida da mesma parábola encontrada por meio da função ​ y= - 4x10-3 ​​ x2​+ 4x​ . Com tal estratégia, reduzimos mais que metade da quantidade de tijolos e argamassa necessários.

3. Metodologia de marcação e corte da base de MDF A placa retangular de MDF utilizada tinha 1,5cm de espessura 1,20m X 1,20m (em comprimento e altura). Primeiramente traçamos uma ​ grid de 10cm X 10cm, na qual marcamos pontos que, quando unidos, formaram a parábola pré-determinada no projeto. Com a marcação finalizada, iniciamos o processo de corte. Optamos por fazer inicialmente um corte transversal passando pelo meio da parábola para posteriormente facilitar o recorte da placa - executado por uma máquina fixa, somente utilizada para esse corte especificamente. Para o recorte da parábola utilizamos uma serra elétrica pequena de mão, que possibilitou maior maleabilidade na execução do recorte. O instrumento era frágil e recortamos a parábola da forma mais precisa possível.

Imagem 10 - O Corte

Imagem 11 - Finalizado o corte

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4. Primeiro dia de canteiro - escolha do método construtivo e execução da primeira fiada No primeiro dia, pode-se dizer que nós tivemos dificuldades em nos familiarizar com o material e com a forma de colocação dos tijolos e argamassa, visto que, em geral, foi o primeiro contato direto com a real execução de um projeto para a grande maioria do grupo. O primeiro passo foi usar o MDF cortado como base para amarrar os barbantes que serviriam de linhas guias na colocação dos tijolos. Em nossa primeira tentativa de assentamento, emparelhamos os tijolos, de maneira com que todos ficassem a 45 graus, porém quando já estávamos quase na metade de ambos os lados, percebemos que os tijolos não estavam seguindo as nossas linhas guias.Assim, chegamos a conclusão de que tínhamos duas opções, ou derrubávamos tudo o que já havia sido feito, ou tentávamos consertar essa questão com as futuras fiadas. Mesmo refletindo sobre o tempo que havíamos perdido construindo esta primeira fiada, por conta da nossa inexperiência, resolvemos escolher a primeira opção, e derrubar tudo o que já havíamos feito.

Imagem 12 -Colocação dos barbantes, ou linhas guias.

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Imagem 13 - primeira fiada

Imagem 14 - finalização do primeiro dia.

Reiniciamos o emparelhamento dos tijolos, dessa vez buscando seguir a direção dos barbantes, de maneira que o tijolos ficassem posicionados a 45 graus ​ e seguissem o formato demarcado de uma parábola. Para isso colocamos uma boa quantidade de argamassa entre os tijolos com o objetivo de alcançar o ângulo requirido. Dessa forma, a nossa construção seguiu o rumo que pretendíamos, e ficamos confiantes de que a nossa primeira fiada estava correta conforme o nosso planejamento. Neste primeiro dia construímos até quase a segunda fiada.

5. Segundo dia de canteiro de obras - tomando forma

No segundo dia, nós nos empenhamos em agilizar o processo com o intuito de ganharmos o tempo perdido com a primeira fiada, buscando desta forma seguir o conceito estabelecido de emparelhar os tijolos a 45° (graus) de acordo com o posicionamento dos barbantes. Concluímos que a nossa escolha de destruir a primeira fiada e corrigi-la nos trouxe maior facilidade e rapidez de continuar a posicionar as próximas fiadas, visto que nós pudemos seguir uma orientação correta e não tivemos que perder tempo pensando em como posicionar as fiadas para corrigir o que já estava errado.

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Imagem 15 - inicio da construção da quarta fiada

Imagem 16 - finalização da quarta fiada

Neste segundo dia, chegamos até a quinta fiada e decidimos continuar depois para que a argamassa tivesse tempo de cura e estivesse mais firme, sem risco de cair. Nós colocamos alguns apoios dentro do nosso modelo para assegurar o posicionamento das últimas fiadas construídas e já foi possível cortar alguns barbantes posicionados no início da parábola do MDF, já que estes não seriam mais necessários na continuação da construção do projeto.

Imagem 17 - inicio da construção da quinta fiada do modelo para sustentação

Imagem 18 - apoios dentro

6. Terceiro dia no canteiro de obra O modelo se encontrava quase todo finalizado, faltando somente o topo. Primeiramente preparamos os materiais que seriam utilizados e começamos o assentamento dos tijolos.

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Imagens 19 e 20- produto no final do terceiro dia de canteiro.

Durante esse processo encontramos algumas dificuldades, considerados pequenos problemas desde a execução da base, quando o projeto não havia nos apontado a inclinação necessária dos tijolos para o fechamento do modelo; sobre os tijolos, tivemos dificuldades sobre o escoramento central das fiadas - cada vez tendendo mais ao horizontal -, que foi resolvido com a quebra dos tijolos inteiros em dois ou três pedaços, e chanfrados conforme o pequeno vão requeria. Vale ressaltar que encontramos soluções para tais questões já no canteiro, que não faziam parte das previsões do projeto. Poderíamos ter finalizado o modelo nesse mesmo dia, mas o cimento acabou.

7. Resultado final do projeto No último dia de canteiro nos deparamos com o desafio: "Como construiríamos sem cimento?". No entanto nos organizamos e a integrante Camila Táboa se responsabilizou pela compra do produto, que será ressarcida pelo Universidade. Chegando no canteiro a massa foi realizada com o auxílio do técnico Flávio, e iniciamos a finalização. 9


Imagem 21 - Modelo finalizado.

O grande desafio nesse dia seria o fechamento do módulo. Após algumas discussões e embates chegamos à conclusão de que a quebra de alguns tijolos em tamanhos específicos, aliada ao conserto da trajetória dos mesmos, faria com que obtivéssemos êxito na missão. Alguns reparos tiveram que ser feitos e foram realizados com o auxílio da massa nas áreas que necessitavam ser preenchidas. O projeto foi finalizado com êxito, e apesar dos imprevistos, conseguimos que o nosso modelo ficasse em pé como havíamos planejado inicialmente.

8. Conclusão Quando finalizamos o projeto que de fato viríamos a concretizar, nós não imaginávamos as dificuldades que encontraríamos na hora da execução do mesmo, já que não havíamos trabalhado diretamente com os materiais em questão. 10


Desde o corte do modelo as dificuldades foram começando a aparecer, entre a escolha dos instrumentos que nos auxiliariam no processo até o manuseio da placa de MDF, que era bastante grande. Nos dias de canteiro a maior dificuldade encontrada foi o posicionamento da primeira fiada de tijolos, já que a base do projeto precisava ser muito precisa para que, ao avançarmos com o processo, nós não concluíssemos que o modelo não se sustentaria. Uma das dificuldades que encontramos também foi o fato de o nosso grupo ter muitas pessoas que executavam cada etapa das fiadas um pouco diferente das demais, por isso não obtivemos uma uniformidade estética no modelo. Acreditamos que parte disso se explica pela nossa inexperiência com o manuseio dos materiais. Depois do modelo finalizado pudemos notar também que os tijolos que encostavam no molde vertical de MDF não estavam precisos como no projeto, devido ao fato de não termos utilizado tijolos em pedaços menores e devidamente cortados para que preenchessem os espaços que faltavam na finalização de cada fiada. Na reflexão final do grupo, chegamos a conclusão de que um projeto deve prever etapa por etapa para ser executado com precisão e que, mesmo com essa previsão inicial, certamente surgiriam dificuldades que teriam que ser resolvidas diretamente no canteiro. Nós percebemos também que a ajuda de uma pessoa mais experiente é fundamental para a orientação do processo, como fez o professor Fernando durante toda a execução do nosso projeto. Por fim, concluímos que pensar no método construtivo é tão importante quanto pensar em todas as outras etapas de um projeto. É uma maneira de tentar evitar imprevistos que podem fazer com que o projeto final fique muito divergente do previsto. A construção civil é uma atividade que envolve uma grande quantidade de variáveis e se desenvolve em um ambiente dinâmico e mutável. O planejamento prévio pode evitar consequências desastrosas para uma obra e, por extensão, para a empresa que a executa. Um descuido em uma atividade pode acarretar atrasos e escalada de custos, assim como colocar em risco o sucesso da construção. A atividade prática nos mostrou com clareza a importância de pensar nos materiais a serem usados, nos gastos, no tempo, assim como nos pequenos detalhes do projeto.

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Imagem 22 - Perspectiva 1, Modelo Desenformado

Imagem 23 - Perspectiva 2, Modelo DesenformadoI

Imagem 24 - Fachada Oeste - Modelo Desenformado

Imagem 25 - Fachada Leste - Modelo Desenformado

Imagem 26 - Interno 1, Modelo Desenformado

Imagem 27 - Interno 2, Modelo Desenformado

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Bibliografia Imagens Imagem 01 - ​ BRICKTOPIA in the ​ Eme3 Festival. Disponível em <​ http://www.map13bcn.com/2013-Jun-Bricktopia-Map13-Barcelona​ >. Acesso em 15 out. 2015. Imagem 02 - BRICK-TOPIA by MAP13. Disponível em: <​ http://www.metalocus.es/content/en/blog/brick-topia-map13​ >. Acesso em 15 Out. 2015. Imagem 03, 04, 05 - arquivo do grupo: desenvolvimento Trabalho 1 Imagem 06 - artigo Ramirez Ponde, Alfonso - Megazine Vitruvius -disponível em: <​ http://www.vitruvius.com.br/media/images/magazines/grid_9/9788_028-03-03.jpg >. Acesso em 15 Out 2015 Imagem 07 - artigo Ramirez Ponde, Alfonso - Megazine Vitruvius -disponível em: <​ http://www.vitruvius.com.br/media/images/magazines/grid_9/9788_028-03-04.jpg >. Acesso em 15 Out 2015 Imagem 08 - artigo Ramirez Ponde, Alfonso - Magazine Vitruvius -disponível em: <​ http://www.vitruvius.com.br/media/images/magazines/grid_9/3c95_028-03-01.jpg >. Acesso em 15 Out 2015 Imagem 09 - artigo Ramirez Ponde, Alfonso - Magazine Vitruvius -disponível em: <​ http://www.vitruvius.com.br/media/images/magazines/grid_9/9788_028-03-07.jpg​ >. Acesso em 15 Out 2015 Imagem 10 a 27 - arquivo do grupo: processo de preparo e construção do modelo.

Bibliografia Geral BRICKTOPIA in the ​ Eme3 Festival​ . ​ MAP13 Barcelona, ​ jun. 2013. Disponível em: <​ http://www.map13bcn.com/2013-Jun-Bricktopia-Map13-Barcelona​ >. Acesso em: 15 Out. 2015. Curvas de suspiro e barro. O tijolo recarregado: uma técnica milenar e moderna. Magazine Vitruvius, Set. 2002. Disponível em:

<​ http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/03.028/750/pt​ >. Acesso em: 15 Out. 2015

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