Revista koolhaas

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R Mediante as várias mudanças e descobertas conceptuais e tecnológicas trazidas pela era contemporânea, a arquitetura admite um caráter diferente do que até então havia sendo feito. A Grandeza surge oferecendo uma arquitetura de maior escala (a qual incorpora um programa ideológico do qual o arquiteto não tem total autonomia), e que também é capaz de influenciar a reorganização s o c i a l .

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A grandeza é vista por Koolhaas como uma revolução sem programa, pois é pensada de forma puramente quantitativa. A grandeza base 5

possui como teoremas

1- O Grande edifício não mais pode ser controlado por gestos arquitetônicos; ele passa a ter autonomia das suas partes, ainda que as mesmas continuem ligadas ao todo. 2- O elevador tem potencial de estabelecer ligações antes não viáveis (ligações agora mecânicas e não arquitetônicas), o que faz com que a questão de escala e proporção se tornem irrelevantes. O tamanho do edifício agora pode ser repensado, e portanto, novas possibilidades de uma mega arquitetura são c o n c r e t i z a d a s .

3- Na Grandeza o projeto do interior e do exterior são distintos.; a distância faz com que se tornem distintos. A “honestidade” (a fachada que revela o que acontece no interior) está condenada. Enquanto o exterior se preocupa com a estética do edifício como objeto escultórico, o interior se preocupa com o programa e a iconografia que oferecem aos cidadãos metropolitanos. A grandeza transforma o ambiente urbano; a medida que se torna uma acumulação de mistérios 4- A grandeza faz com que o edifício possua um domínio amoral; O impacto que ele realiza na cidade não depende da qualidade do projeto, apenas do seu t a m a n h o . 5- A grandeza possui autonomia, ela não faz parte de nenhum tecido urbano, ela em si própria se

Remment Lucas Koolhaas é um arquiteto holandês pós-moderno, fascinado pelo poder mítico de Nova York, cidade que, segundo ele, resumiria e exageraria muitos aspectos do caráter do país. É professor de Arquitetura e Desenho Urbano na Universidade Harvard. Koolhaas estudou na Nederlandse Film en Televisie Academie (Academia Neerlandesa de Cinema e Televisão), em Amsterdam. Em 1968 começou a estudar arquitetura, na Architectural Association School of Architecture, em Londres. Em 1972 prosseguiu seus estudos na Cornell University em New York. Começou a chamar a atenção do público e da crítica a partir de 1975, quando, juntamente com os arquitetos Madelon Vriesendorp (sua esposa), Elia Zenghelis e Zoe Zenghelis fundou em Londres, o OMA Office for Metropolitan Architecture e, posteriormente, a sua contraparte orientada para a pesquisa, a AMO, atualmente baseada em Rotterdam. Mais tarde, juntaram-se a eles Zaha Hadid, uma das alunas de Koolhaas, e outros parceiros como a Columbia Laboratory for Architectural Broadcasting. Sua produção bibliográfica é extensa, e tem entre diversas obras consideradas relevantes para o pensamento do espaço social posterior à década de 1960.


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O debate sobre a grandeza e o problema do grande é abordado por Rem Koolhaas como algo que foge ao controle do arquiteto e é capaz de incorporar um programa ideológico. Segundo ele, “apenas a Grandeza instiga o regime de complexidade que mobiliza a inteligência total da arquitetura e dos seus campos afiliados.” A grandeza é portanto entendida como solução única de uma demanda atual1, mas que surgiu de uma nova espécie de arquitetura - uma “programação amplamente mais rica” resultante de uma revolução nos campos conceituais e de tecnologias da construção. Nascia ali um potencial para a reorganização do mundo social. Introduzindo a ideia de que a Grandeza é uma “revolução sem programa” - por ser pensada de forma puramente quantitativa -, Koolhaas discorre através de cinco teoremas as rupturas da Grandeza com a arquitetura e com a cidade: Modernização, Maximum, Começo, Equipe e Fortaleza.

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“Na Grandeza, a arte arquitetura é inútil”.

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Para Koolhaas, a necessidade de inovação para o fim do segundo milênio abriu uma oportunidade não aproveitada para os arquitetos explorarem os novos eventos sociais e econômicos, e finalmente sua colisão. Em consequência, toda a profissão perdeu a oportunidade de recuperar a sua credibilidade. Identifica que, sem uma Teoria da Grandeza, desconhece-se os limites da arquitetura - ao mesmo tempo que não há conhecimento de como aplicá-la ou utilizá-la. A Grandeza, no fim do século, é vista por Koolhaas como um potencial de reconstrução em meio a desordem, e somente através da Grandeza “pode a arquitetura dissociar-se dos exaustos

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“O edifício entra num domínio amoral; Seu impacto é independente da sua qualidade.” A Grandeza se torna mais arquitetônica - no que diz respeito à enormidade - e menos arquitetônica perde sua autonomia por depender de outras forcas; logo, está fora do controle do arquiteto.

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M o d e r n i z a ç ã o A impossibilidade do controle da Grandeza por um gesto arquitetônico ou uma combinação de tais desencadeia a autonomia das partes, que apesar de autônomas, continuam ligadas ao todo. A grandeza, aparentemente exclusiva ao Novo Mundo e suas economias em expansão, abraçou também a Europa. A combinação de uma teorização inaplicável com a “dádiva” da megaestrutura - que por si só finalmente possibilitava o questionamento do estatuto do edifício individual resultou em promessas (não cumpridas) de um “potencial ilimitado”, onde tudo seria possível. A grandeza realizada no velho continente cujas implicações excluíam a implementação - acontecia de forma exatamente oposta e sem qualquer esforço nos arranha céus americanos.

m o v i m e n t o s artísticos/ideológicos do modernismo e formalismo”, e assim “reconquistar a sua instrumentalidade como veículo de modernização.” A grandeza portanto, representa a “retirada e a concentração”, onde já não é tudo arquitetura.

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A fachada já não revela o que acontece no interior, e interior e exterior tornam-se projetos distintos transformando o edifício em um jogo de contrastes: a instabilidade das necessidades programáticas e iconográficas confronta-se com o elemento que se volta para a cidade e representa aparente estabilidade.

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À geração de 68 - inserida em um contexto geopolítico ainda conturbado, “franca nas suas apropriações de outras disciplinas, frente a modelos mal sucedidos de densidade e integração, e insensível pelo particular” - coube propor duas linhas defensivas maiores: desmantelamento e desaparecimento. Desmantelamento pode ser definido pela formação de um sistema a partir de um todo decomposto em unidades incompatíveis, que tem seu conteúdo de projeto adornado, obviamente, pela “sofisticação intelectual e formal” regido pelo funcionalismo em direção a tentativas frustradas de ordenação do caos, e onde cada uma dessas unidades é posta no seu lugar. Já desaparecimento diz respeito a algo que “transcende a questão da grandeza através de um envolvimento externo com a simulação, a virtualidade

“A grandeza transforma a cidade, que era uma soma de certezas e passa a ser uma acumulação de mistérios”. “A grandeza destrói, mas também é um novo começo. Pode reconstituir o que quebra.” A grandeza é capaz de programar o imprevisível, de abrigar a máxima diferença. Para o autor, o grande contentor é o único capaz de organizar sem a necessidade de especificar; de absorver genuinamente a combustão expansiva de novas relações entre novas entidades funcionais. O espaço assume uma espécie de liquidez, e os “elementos programáticos reagem entre si para criar novo eventos”.

Existe, quando muito coexiste. O seu subtexto é que se lixe o É impessoal contexto.” “Se a Grandeza transforma a e multidisciplinar, é resultado do trabalho de uma arquitetura, a sua acumulação gera equipe, e é rendição às um outro tipo de cidade”, onde a rua tecnologias e suas disciplinas. se torna não mais que um dispositivo A Grandeza promete um “estatuto organizativo, palco de confronto pós-heróico da arquitetura: um entre o novo e o antigo;parte de um realinhamento com a plano metropolitano contínuo, onde a Grandeza pode existir em qualquer neutralidade”. parte - “incapaz de estabelecer F o r t a l e z a relações com a cidade clássica”- e Em conjunto, todas as rupturas sendo assim, em si urbana. Ela é a resultam na mais radical cidade.Para Koolhaas, a Grandeza ruptura: “a Grandeza já não faz passa a representar a condição global; não tira inspiração do parte de nenhum tecido urbano. existente por não poder continuar na lógica existencial que a anterior remete, impõe.

1 referente à ideia de atual de quando o texto foi escrito (1994); pode ou não se aplicar ao ano de 2016. 2 o ano de publicação do artigo, 1994.

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real e a inexistência”. A “arquitetura será o primeiro <<sólido que se dissipa no ar>>”, através dos efeitos combinados das tendências tecnológicas, sociais e políticas presentes2, e do “fim da Grande história”. Para Koolhaas, esta vanguarda experimenta a virtualidade como modo de prevenir o desaparecimento da arquitetura, reivindicando seu anterior poder absoluto no mundo da realidade virtual (fato tal atacado por Koolhaas).

Apesar da Grandeza exigir interação, também promove sepação de atividades, regulando as intensidades da “coexistência programática”. Seus graus de intensidade de interação também variam na sua vastidão, “esgotando a necessidade compulsiva da arquitetura para decidir e determinar”.

No entanto, nem tudo será engolido pela grandeza - um conjunto de necessidades desnecessárias não tem lugar no grande contentor. A Grandeza é a última ´base inabalável da arquitetura uma hiper-arquitetura. Os grandes contentores são marcos na paisagem pós-arquitetonica: “a Grandeza prepara o terreno para um depois da arquitetura.”


Para se entender Remment Koolhaas, deve-se tomar conhecimento de parte de sua Biografia: “os acontecimentos da infância pairam sobre sua carreira”6. Nascido em 1944 na Holanda, morou por dez anos na Ásia em colônias Holandesas. De volta à Holanda, inicia seus estudos de jornalismo e interessa-se pelo cinema, onde, escrevendo roteiros, percebe a demanda de novas técnicas de representação e expressão. A arquitetura nasce no entanto do seu entusiasmo pela cidade, e ingressa na Architectural Association de Londres, onde se forma no fim dos anos 1960 - época que a escola era fortemente influenciada pelos arquitetos do Archigram, que apresentavam uma visão de arquitetura onde se destacavam a ação e a tecnologia (com esquecimento deliberado da forma). Quando vai para os Estados Unidos, ingressa na Universidade de Cornell, onde se torna discípulo do alemão Oswald Matias Ungers (que tinha rivalidade assídua com o inglês Colins Rowe, tornando Cornell um dos “centros mais vibrantes e atraentes dos Estados Unidos na época”). Com Ungers, Koolhaas aprende a fazer da cidade a “referência obrigatória para toda a intervenção arquitetônica, bem como a estar consciente da importância da cultura do movimento moderno na arquitetura recente. Ungers foi quem introduziu o arquiteto Holandês nos círculos nova-iorquinos.

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Localização: Beijing, China Ano :2002 - 2012 Status: completo Gerenciador de projeto: Dongmei Yao Parceiros: Rem Koolhaas, David Gianotten, Ole Scheeren, Shohei Shgenatsu, Ellen Van Loon, Victor Van Der Chijs.

Nos anos 1970, Koolhas começa a trabalhar no Institute for Architectural and Urban Studies, fundado e dirigido por Peter Einsenman. No tempo que trabalha lá, Koolhaas escreve Nova York delirante. Para Koolhas, Nova York é a cidade moderna por excelência surgindo daí seu interesse em exprorá-la, a fim de “identificar os autênticos princípios de um urbanismo contemporâneo”. Nesse contexto, e com as parcerias de sua mulher aquarelista e de seu primeiro colaborador - Elia Zenghelis, funda o Office of Metropolitan Architecture (OMA) - que representa desejo de apresentar seu trabalho como fruto de um esforço cooperativo (cria-se ta´bem o AMO, Architecture Metropolitan Office, responsável por investigar as questões levantadas pelo OMA e as novas demandas gobais). Em sua Linha investigativa, Koolhas se propõe a entender como são os resultados formais quando perdemos o referencial das - e o respeito por - linguagens e normas convencionais e atendemos às forças autênticas que regem o Mundo Moderno: a tecnologia e a economia. Junto à essa idéia, entra a vertente do “antiintelectualismo” presente naturalmente no reconhecimento dos Estados Unidos como berço da modernidade. “A cultura de massa, presente com mais força em Nova York do que em qualquer outro lugar é o que interessa Koolhaas”. Vale ainda ressaltar o posterior interesse pelas economias e dinâmicas urbanas asiáticas: o desejo de tornar o OMA um escritórios de especialistas globais, investigando as novas tendências e práticas de cidade.

Rafael moneo sobre a abordagem da obra através da biografia de Rem Koolhaas. Inquietação teórica e estratégia projetual na obra de oito arquitetos contemporâneos. Trad. Flavio Coddou. São Paulo: Cosac&Naify, 2009, p.283-284.

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Duas torres, embasadas em uma plataforma de estúdio de produção comum, abrigam, cada uma, espaços com especificidades de usos. As torres abrigam em si o núcleo de acontecimento do uso principal do edifício, o qual é voltado para a produção de mídia. A concentração de todas as atividades de um programa de TV em um único edifício permite a maior interação dos trabalhadores entre si e seu entendimento sobre natureza do trabalho desenvolvido por cada um - interdependência tal que promove "solidariedade em vez de isolamento, colaboração em vez de oposição". O edifício passa então a contribuir diretamente para uma organização coesa. Ademais, o programa3 envolve ainda um circuito aberto ao público que percorre todo o edifício, um loop. Tal circuito aborda o dia-a-dia dos trabalhadores nos estúdios, a história do CCTV, culminando, enfim, na borda do balanço onde abre aos visitantes a experiência da contemplação do skyline de Beijing, destaque para a CBD e a Cidade Proibida. Considerados os temas abordados acima, podemos discorrer brevemente sobre os cinco teoremas da grandeza, apresentadas em "Grandeza ou problema do grande". CCTV pode ser considerado um grande edifício. A relação entre suas partes não acontece através de um único gesto e o arquiteto não se encontra na posição de único responsável pela Grandeza. Fazendo uso dos elementos tecnológicos herdados da modernidade, enxerga-se que através do elevador, a multiplicidade de conexões dentro do grande contenedor, se torna "infinita". O edifício é fruto de questões multidisciplinares - intrínsecas! - que chegam a respostas apropriadas à Grandeza. arquitetura onde "conteúdo" é forma. Se entendermos o contexto no qual o CCTV está inserido, vemos uma Beijing aparentemente progressista e tecnológica. Segundo Koolhas, no entanto, "a China não está em vias de se tornar uma economia de mercado; ela permanece um Estado autoritário", e ainda pela mídia ser uma nova condição na China. Entendemos a atitude do edifício, co-relacionando a abertura do edifício ao público, seu trajeto interno - com vista para a Cidade Proibida -; como a materialização de um espaço aberto à reflexão e até ao questionamento. Em outras palavras, um edifício todo voltado para uma TV, novidade para o Estado autoritário4, e ainda com liberdade de acesso ao público, pode ser considerado por si só um ato manifesto. Portanto, o loop de visitação é o "conteúdo" que se tranforma em forma. A

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programa definido por Rafael Moneo (colocar bibliografia completa) como "muito mais difuso e menos diretamente relacionado com a obra a ser construída. O programa é uma categoria que propicia a construção de edifícios imprecisos e abertos.". Aplicável a esse caso específico podemos também utilizar a fala de Kolhaas sobre o edifício Karlsruhe, "capaz de gerar densidade, explorar a proximidade, provocar

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tensão, maximizar a fricção (...) ". Rafael moneo sobre a abordagem da obra através da biografia de Rem Koolhaas. Inquietação teórica e estratégia projetual na obra de oito arquitetos contemporâneos. Trad. Flavio Coddou. São Paulo: Cosac&Naify, 2009, p.288. 4 Koolhaas sobre o estado chinês. Supercrítico Peter Einsenman e Rem Koolhas. Tradução de Cristina Filho. São Paulo: Cosac Naify, 2013, p.33-34


participação democrática da população no CCTV é compreendida não só como fim, mas como ponto de partida. A estrutura interna do edifício funciona através de uma malha reticulada de pilares e vigas, de forma a ser mais fácil organizar o programa, fechar os núcleos de elevadores, entre outros. Quando os pilares da estrutura interior se aproximam da fachadas, são introduzidas treliças, que fazem a transferência de cargas das fachadas para a estrutura interior. Essa estrutura auto-portante da fachada híbrida apresenta painéis de vidro de alto desempenho com 70 % de sombreamento de frita cerâmica aberta, criando a cor cinza-prata suave que dá ao edifício uma presença surpreendentemente sutil no horizonte de Beijing. Essa estrutura inovadora possui forças que atuam em seu interior e tornam-se visíveis na fachada: uma teia de tubos de aço triangulares (diagrids) - que, em vez de formar um padrão regular de diamantes, tornam-se densas em áreas de maior tensão, e mais flexíveis e abertas em áreas que exigem menos apoio. A fachada em si torna-se uma manifestação visual da estrutura do edifício. Em um primeiro momento entende-se, através dos teoremas da Grandeza, que os projetos de arquitetura do interior e do exterior tornam-se separados: a forma que se apresenta para a cidade revela a estabilidade que sua estrutura, tecnologia e materialidade são capazes de criar; seu interior abriga todo o potencial de um grande contentor: a instabilidade das necessidades programáticas e iconográficas se mantém no interior. O interior - que lida ainda com a independência e a interdependência das suas partes, a liquefação dos seus espaços, de modo a criar novos eventos, e a simultânea coexistência entre a interação entre as partes e sua separação se conecta fisicamente e conceitualmente à fachada (vigas/pilares, que constroem vãos e padronagens no interior que são transformados na estrutura da fachada), assumindo assim as singularidades de cada projeto não como projetos distintos e avessos entre si, mas como de naturezas diferentes que confrontam-se mas precisam de uma conexão, em algum ponto, para chegar à um edifício final.

ADMINISTRAÇÃO

ESCRITÓRIOS

ÁREA RESTRITA

PRODUÇÃO DO PROGRAMA

NOTÍCIAS

TRANSMISSÃO

CANTINAS

ÁREA DE RECREAÇÃO

ESTACIONAMENTO

NÚCLEOS

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Le Corbusier Na visão de Le Corbusier (na sua primeira fase) os espaços são compreendidos como expressão da razão pura, coordenada segundo regras matemáticas que são capazes de gerar em nós emoções arquiteturais. Ele entende o espaço como múltiplo, no que diz respeito à possibilidade de trajetos, e ainda assim conectado como um todo. Apesar de não possuir a mesma escala das duas outras obras em análise, a cultura arquitetônica da circulação vertical pode ser comparada com igual hierarquia: no projeto da Ville Savoye existe a intenção de integração entre os espaços, estabelecida pela continuidade da rampa que atravessa todos os pavimentos (a qual possui papel de destaque na percepção dos espaços internos),e pelas divisões articuladas (finas paredes móveis) que permitem essa conexão. Ao se tratar da autonomia do arquiteto sobre o projeto, as visões dos dois arquitetos divergem, à medida em que na Ville Savoye, conseguimos ver a intenção de Le corbusier em induzir a um trajeto determinado ainda que haja possibilidades de outros trajetos - em contraste com o edifício aberto à neutralidade genuína, apresentada no CCTV. A linguagem usada por Le Corbusier se apresenta de forma mais literal em comparação à linguagem abstrata de Koolhaas.

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Renzo Piano Renzo Piano apresentava um interesse pela criação de detalhes característicos de cada projeto, bem como interesse pela experimentação. Em seu projeto do Centro Georges Pompidou, Renzo Piano efetua a conexão dos espaços através da circulação vertical bem marcada na fachada principal (se utilizando da sua forma e do uso do vermelho como cor de destaque), a qual é projetada para fora do edifício. No entanto, o Pompidou é o único dos três projetos em análise que realiza a conexão dos espaços internos através de uma circulação vertical externa (não só a circulação vertical, como também toda a estrutura e todas as instalações do edifício),

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Renzo Piano Renzo Piano apresentava um interesse pela criação de detalhes característicos de cada projeto, bem como interesse pela experimentação. Em seu projeto do Centro Georges Pompidou, Renzo Piano efetua a conexão dos espaços através da circulação vertical bem marcada na fachada principal (se utilizando da sua forma e do uso do vermelho como cor de destaque), a qual é projetada para fora do edifício. No entanto, o Pompidou é o único dos três projetos em análise que realiza a conexão dos espaços internos através de uma circulação vertical externa (não só a circulação vertical, como também toda a estrutura e todas as instalações do edifício), facilitando a leitura do espaço interno de maneira livre e desobstruída. No entanto Koolhaas propõe o não alcance da suposta proposta de um espaço onde "qualquer coisa" seria possível - "a flexibilidade resultante foi desmascarada como a imposição de uma média teórica às custas tanto do carácter como da precisão".

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Renzo Piano Renzo Piano apresentava um interesse pela criação de detalhes característicos de cada projeto, bem como interesse pela experimentação. Em seu projeto do Centro Georges Pompidou, Renzo Piano efetua a conexão dos espaços através da circulação vertical bem marcada na fachada principal (se utilizando da sua forma e do uso do vermelho como cor de destaque), a qual é projetada para fora do edifício. No entanto, o Pompidou é o

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único dos três projetos em análise que realiza a conexão dos espaços internos através de uma circulação vertical externa (não só a circulação vertical, como também toda a estrutura e todas as instalações do edifício), facilitando a leitura do espaço interno de maneira livre e desobstruída. No entanto Koolhaas5 propõe o não alcance da suposta proposta de um espaço onde "qualquer coisa" seria possível - "a flexibilidade resultante foi desmascarada como a imposição de uma média teórica às custas tanto do carácter como da precisão".

facilitando a leitura do espaço interno de maneira livre e desobstruída. No entanto Koolhaas propõe o não alcance da suposta proposta de um espaço onde "qualquer coisa" seria possível - "a flexibilidade resultante foi desmascarada como a imposição de uma média teórica às custas tanto do carácter como da precisão".

Trecho de análise sobre manifestações malsucedidas da Grandeza no continente Europeu. “Grandeza ou o problema do Grande”. In: KOOLHAAS, R. Três textos sobre a cidade. Barcelona, Gustavo Gilli, 2010, p.19.

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ARCHITECTURAL Association e os autores. Supercrítico Peter Einsenman e Rem Koolhas. Tradução de Cristina Filho. São Paulo: Cosac Naify, 2013, 224p. CCTV Headquarters. OMA Office Work Search. Disponível em: <http://oma.eu/projects/cctv-headquarters >. Acesso em 05 mar. 2016, 20:30. COHEN, J.L. “O otimismo futurista do High Tech”. In:___.O futuro da arquitetura desde 1989. São Paulo: Cosac & Naify, 2013, p.438-447. FRACALOSSI, Igor. Clássicos da Arquitetura: Centro Georges Pompidou / Renzo Piano + Richard Rogers. Archdaily Brasil, Abr. 2012. Disponível em: <http://www.archdaily.com.br/br/01-41987/classicos-da-arquitetura-ce ntro-georges-pompidou-renzo-piano-mais-richard-rogers>. Acesso em: 07 mar. 2016, 09:48. KOOLHAAS, R. Conversa com estudantes. Tradução de Mônica Trindade. Barcelona: Gustavo Gilli, 2002. KOOLHAAS, R. “Grandeza ou o problema do Grande”. In: KOOLHAAS, R. Três textos sobre a cidade. Barcelona, Gustavo Gilli, 2010. LE CORBUSIER._____. Por uma arquitetura. São Paulo: Ed. Perspectiva, 1989. MONEO, R. “Rem Koolhas”. In:_____. Inquietação teórica e estratégia projetual na obra de oito arquitetos contemporâneos. Trad. Flavio Coddou. São Paulo: Cosac&Naify, 2009, p.283-322. OMA AMO Rem Koolhaas 1996/2003. Madrid: El Croquis Editorial, 2006. p.270-299. IMAGENS: Imagens 01, 02, 03, 04, 05, 06, 10: OMA AMO Rem Koolhaas 1996/2003. Madrid: El Croquis Editorial, 2006. p.270-299. Imagens 07, 08 E 09: KROLL, Andrew. AD Classics: Villa Savoye / Le Corbusier. Archdaily, Out. 2010. Disponível em: <http://www.archdaily.com/84524/ad-classics-villa-savoye-le-corbusie r>. Acesso em 08 mar. 2016. Imagens 11, 12 E 13: FRACALOSSI, Igor. Clássicos da Arquitetura: Centro Georges Pompidou / Renzo Piano + Richard Rogers. Archdaily Brasil, Abr. 2012. Disponível em: <http://www.archdaily.com.br/br/01-41987/classicos-da-arquitetura-ce ntro-georges-pompidou-renzo-piano-mais-richard-rogers>. Acesso em: 07 mar. 2016, 09:48

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