Tr a b a l h o F i n a l d e G r a d u a ç ã o I
ESTRATÉGIA URBANA E INFRAESTRUTURA ENERGÉTICA
Orientanda Caroline Soares Eggerling Orientador Gastão Sales
“O tempo linear é uma invenção do Ocidente, o tempo não é linear, é um maravilhoso emaranhado onde, a qualquer instante, podem ser escolhidos pontos e inventadas soluções, sem começo nem fim.” Lina Bo Bardi
Agradecimentos A Deus, pela vida, por me abençoar e me dar forças para alcançar meus objetivos, permitindo com que eu chegasse até aqui. Aos meus pais, Gilvânia C. Soares Eggerling e Ari Eggerling; aos meus irmãos: Gabriel Soares Eggerling, Camila Soares Eggerling e Daniela Soares Eggerling. Pelo incentivo e apoio para seguir a carreira que escolhi, fornecendo o máximo de suporte que puderam até então. Às amigas de graduação, em especial, a Andresa Frutuoso e a Luiza Parisoto, por todo companheirismo e aprendizado nos trabalhos desenvolvidos em conjunto e pela amizade que construímos desde o primeiro ano do curso. E, por fim, agradeço a todos os professores da graduação com que tive contato, por todo o conhecimento transmitido e auxílio durante todos esses anos de curso. Em especial ao professor orientador Gastão Sales por todo suporte e incentivo prestado durante o ano de conclusão de curso.
Resumo As faixas de servidão possuem um papel muito importante para a transmissão de energia elétrica nas cidades, no entanto, contribuem com diversos impactos no contexto urbano. Essas faixas se tornam ao meio urbano espaços residuais e de risco para a população do entorno
já que foram delimitadas
apenas como o intuito de implantar as altas torres de transmissão de energia elétrica. Com a finalidade de requalificar um trecho de uma faixa de servidão na cidade de São Paulo, será proposta como estratégia projetual um parque linear. O projeto será concebido a partir de levantamento de informações relacionadas às infraestruturas energéticas, análises projetuais de parques lineares, além de análises territoriais para entendimento e identificação das condicionantes e problemáticas existentes no local. A fim de proporcionar um espaço urbano qualificado para a população, o parque linear será adaptado às infraestruturas energéticas preexistentes no perímetro delimitado de intervenção. Palavras-chave: energia elétrica; parque linear.
Abstract Right-of-way strips play a very important role in the transmission of electricity in cities, however, they contribute to several impacts in the urban context. These strips become waste and risky spaces for the surrounding population in the urban environment, as they were defined only in order to implement the high towers for the transmission of electricity. With the purpose of requalifying a stretch of a right of way in the city of São Paulo, a linear park will be proposed as a project strategy. The project will be conceived from a survey of information related to energy infrastructures, design analysis of linear parks, in addition to territorial analysis to understand and identify the conditions and problems existing in the place. In order to provide a qualified urban space for the population, the linear park will be adapted to the pre-existing energy infrastructures within the limited perimeter of intervention. Key-words: eletrical energy; linear park.
Lista de figuras Figura 1 - Município de São Paulo – Distrito São Domingos. Fonte: Elaboração autoral, 2021................................................................. Figura 2 - Mapa de localização – Perímetro de estudo. Fonte: Elaboração autoral com base no Google Earth, 2021........................... Figura 3 - Vista da Rua Joaquim de Oliveira Freitas. Abertura no muro para acesso irregular de pedestres; córrego aberto. Fonte: Google Maps, 2021................................................................................................................................................................................ Figura 4 - Ciclo de distribuição energética até o consumidor. Fonte: RIBEIRO, Amarolina. Distribuição de energia elétrica no Brasil.
10 10 10
Brasil Escola. Disponível em: <https://brasilescola.uol.com.br/geografia/distribuicao-energia-eletrica-no-brasil.htm>. Acesso em 5 mar. 2021..................................................................................................................................................................................... Figura 5 - Horta Comunitária Vila Esperança em Maringá. Fonte: Hortas Comunitárias. Copel, 2020. Disponível em:
12
<https://www.copel.com/hpcopel/root/nivel2.jsp?endereco=%2Fhpcopel%2Froot%2Fpagcopel2.nsf%2Fdocs%2F81D7778264F2D04C032 5740400772C25>. Acesso em 16 mar 2021 ...................................................................................................................................... Figura 6 - Horta Comunitária Parque Itaipu no Município de Maringá. Fonte: Hortas Comunitárias. Copel, 2020. Disponível em:
13
<https://www.copel.com/hpcopel/root/nivel2.jsp?endereco=%2Fhpcopel%2Froot%2Fpagcopel2.nsf%2Fdocs%2F81D7778264F2D04C032 5740400772C25>. Acesso em 16 mar 2021 ...................................................................................................................................... Figura 7 - Perímetro preliminar entre a Rua Cel. Albino Rêgo e a Rua Joaquim de Oliveira Freitas. Fonte: Elaboração autoral com base no Google Earth, 2021.............................................................................................................................................................................. Figura 8 - Perímetro expandido entre a Rua Cel. Albino Rêgo e a Avenida Elísio Cordeiro de Siqueira. Fonte: Elaboração autoral com base no Google Earth, 2021 ..................................................................................................................................................................... Figura 9 - Perímetro expandido final entre a Avenida Mutinga e a Avenida do Anastácio. Fonte: Elaboração autoral com base no Google Earth, 2021 ........................................................................................................................................................................................... Figura 10 - Percurso da Linha de Transmissão Chavantes – Botucatu até São Paulo. Elaboração autoral baseado no Mapa de Transmissão Paulista – CTEEP (Cia de Transmissão de Energia Elétrica Paulista), 2021............................................................................
13 15 15 15 16
Figura 11 - Mapa de Percursos da Linha de Transmissão de Energia. Fonte: Elaboração autoral com base no Mapa Digital da Cidade (2004), 2021........................................................................................................................................................................................... Figura 12 - Mapa de Localização Intraurbana. Fonte: Elaboração autoral com base no Mapa Digital da Cidade (2004), 2021 ............ Figura 13 - Alagamento passagem subterrânea. Fonte: Página do Facebook Pirituba Net, 2019 ........................................................... Figura 14 - Mapa de Bacias Hidrográficas – Bacia do Córrego Cintra. Fonte: Elaboração autoral com base no Mapa Digital da Cidade (2004), 2021 .......................................................................................................................................................................................... Figura 15 - Mapa de Contexto Urbano. Fonte: Elaboração autoral com base no Mapa Digital da Cidade (2004), 2021 ....................... Figura 16 - Indicação das edificações mais altas correspondentes aos condomínios residenciais da região. Fonte: Elaboração autoral com base no Google Earth,2021 ........................................................................................................................................................ Figura 17 - Mapa de Contexto Urbano. Fonte: Elaboração autoral com base no Mapa Digital da Cidade (2004), 2021..;.................... Figura 18 - Mapa de Predominância do Uso do solo. Fonte: Elaboração autoral com base no Mapa Digital da Cidade (2004), 2021 Figura 19 - Mapa de Densidade Demográfica. Fonte: Elaboração autoral com base no Mapa Digital da Cidade (2004), 2021 ........... Figura 20 - Mapa de Massa Arbórea. Fonte: Elaboração autoral com base no Mapa Digital da Cidade (2004), 2021 ........................... Figura 21 – Uso como estacionamento na faixa de servidão. Fonte: Google Streetview, 2021 ............................................................... Figura 22 – Moradia irregular na faixa de servidão. Fonte: Google Streetview, 2021 ............................................................................... Figura 23 – Trecho íngreme da faixa de servidão na Av. Elísio Cordeiro de Siqueira. Fonte: Acervo da autora, 2021 .......................... Figura 24 – Apropriação da calçada pelos comércios da Avenida Elísio Cordeiro de Siqueira. Fonte: Google Streetview, 2021 ......... Figura 25 – Feira livre na Avenida Elísio Cordeiro de Siqueira. Fonte: Acervo da autora, 2021 ............................................................... Figura 26 – Feira livre na Avenida Elísio Cordeiro de Siqueira. Fonte: Acervo da autora, 2021 ............................................................... Figura 27 – Rua Aureliano Lopo da Rocha ..................................................................................................................................................... Figura 28 – Margens do córrego destamponado .......................................................................................................................................... Figura 29 – Margens do córrego destamponado .........................................................................................................................................
16 16 17 17 17 18 18 18 19 19 20 20 20 21 21 21 22 22 22
Figura 30 – Travessia rente ao córrego destamponado. Fonte: Acervo da autora, 2021.......................................................................................................... 23 Figura 31 – Lotes lindeiros com acesso pela faixa de servidão. Fonte: Acervo da autora, 2021 .......................................................................................... 23 Figrua 32 – Passarelas irregulares de acesso aos lotes lindeiros à faixa de servidão. Fonte: Acervo da autora, 2021 ................................................. 23 Figura 33 – Empenas cegas dos edifícios residenciais lindeiros à faixa de servidão. Fonte: Acervo da autora, 2021................................................... 23 Figura 34 – Área de lazer improvisada na faixa de servidão. Fonte: Acervo da autora, 2021............................................................................................... 24 Figura 35 – Rua estreita de acesso à faixa de servidão. Fonte: Acervo da autora, 2021 ........................................................................................................ 24 Figura 36 – Rua sem saída com acesso à faixa de servidão. Fonte: Acervo da autora, 2021 ................................................................................................ 24 Figura 37 – Apropriação na faixa de servidão pelos lotes lindeiros. Fonte: Google Earth, 2021 ......................................................................................... 24 Figura 38 – Rua sem saída com acesso à faixa de servidão. Fonte: Google Earth, 2021 ........................................................................................................ 25 Figrua 39 - Vista da faixa de servidão pela Avenida do Anastácio. Fonte: Acervo da autora, 2021................................................................................... 25 Figura 40 - Síntese das problemáticas. Fonte: Elaboração autoral com base no Google Earth, 2021 ................................................................................ 26 Figura 41 - Mapa diagramático de localização do Emerald Necklace – Integração com áreas verdes existentes. Fonte: Garden Club Back Bay, 2021.................................................................................................................................................................................................................................................................. 28 Figura 42 - Parque Linear Itaim Paulista– Análise do parque. Fonte: Elaboração autoral com base no Google Earth, 2021...................................... 30 Figura 43 - Acesso aos lotes pelo parque. Fonte: Linear Itaim Paulista. Secretaria Municipal do Verde e do Meio Ambiente, 2021. Disponível em: <https://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/meio_ambiente/parques/regiao_leste/index.php?p=23080#:~:text=Com%203%2C5% 20km%20de,a%20drenagem%20urbana%20da%20regi%C3%A3o>............................................................................................................................................... 30 Figura 44 - Área de estar despercebida pelos moradores. Fonte: NAGANO A, Wellington Tohuro. Experiência paulistana na implantação dos parques lineares: Estudo do Parque Linear Itaim. 2018. 201p. Dissertação (Mestrado em Arquitetura e Urbanismo) - Universidade de São Paulo, Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, 2018. Disponível em: <https://teses.usp.br/teses/disponiveis/16/16135/tde17012019-183428/publico/MEwellingtontohorunagano.pdf>. Acesso em: 6 Mar. 2021.......................................................................................................... 30
Figura 45 - Área de estar com assoreamento e erosão do solo. Fonte: Google Maps, 2021 ..........................................................................................
30
Figura 46 - Parque Linear Zilda Arns – Análise do parque. Fonte: Elaboração autoral com base no Google Earth, 2021 ....................................
32
Figura 47 - Perspectiva aérea de um trecho do Parque Linear Zilda Arns retratando áreas de lazer do parque próximas a uma torre de transmissão de energia. Fonte: Elaboração autoral com base no Google Earth, 2021 .......................................................................................................
32
Figura 48 - Acesso ao parque pela Avenida Adélia Chohfi (rotatória). Escadaria estreita e calçada como estacionamento. Fonte: Google Streetview, 2021 .............................................................................................................................................................................................................................................
32
Figura 49 - Parque Linear do Tiquatira – Análise do parque. Fonte: Elaboração autoral com base no Google Earth, 2021.................................
34
Figura 50 - Pista de skate. Fonte: Parque Linear Tiquatira - Eng0 Werner Eugênio Zulauf em São Paulo. Áreas verdes das cidades, 2013. Disponível em: <https://www.areasverdesdascidades.com.br/2013/07/parque-linear-tiquatira-eng-werner.html>. Acesso em: 6 Mar. 2021 ......................................................................................................................................................................................................................................................
34
Figura 51 – Bicicross. Fonte: Parque Linear Tiquatira - Eng0 Werner Eugênio Zulauf em São Paulo. Áreas verdes das cidades, 2013. Disponível em: <https://www.areasverdesdascidades.com.br/2013/07/parque-linear-tiquatira-eng-werner.html>. Acesso em: 6 Mar. 2021........................................................................................................................................................................................................................................................
34
Figura 52 - Vista do anfiteatro Carlos Lombardi integrado à natureza e topografia do parque. Fonte: Parque Linear Tiquatira recebe Projeto Lince. Projeto Lince, 2015. Disponível em: <https://projetolince.org/parque-linear-tiquatira-recebe-projeto-lince/>. Acesso em 16 mar 2021 .....................................................................................................................................................................................................................................................
34
Figura 53 - Parque Linear San Pedro Creek Culture – Análise do parque. Fonte: Elaboração autoral com base no Google Earth, 2021 .................................................................................................................................................................................................................. Figura 54 - Praça da Fundação - vista aérea. Fonte: GIACOBBE, Alissa. Why San Antonio's New "Latino High Line" Is a Vital Addition to the U.S. Landscape. Architectural Digest, 2018. Disponível em: <https://www.architecturaldigest.com/story/san-pedro-creek-culture-park>. Acesso em 01 abr 2021 ....................................... Figura 55 - Praça da Fundação. GIACOBBE, Alissa. Why San Antonio's New "Latino High Line" Is a Vital Addition to the U.S. Landscape. Architectural Digest, 2018. Disponível em: <https://www.architecturaldigest.com/story/san-pedro-creek-culture-park>. Acesso em 01 abr 2021 .......................................
36 36 36
Figura 56 - Mural artístico – Pista de caminhada – Contenção ajardinada. Fonte: GIACOBBE, Alissa. Why San Antonio's New "Latino High Line" Is a Vital Addition to the U.S. Landscape. Architectural Digest, 2018. Disponível em: <https://www.architecturaldigest.com/story/san-pedro-creek-culture-park>. Acesso em 01 abr 2021 ........................................
36
Figura 57 - Mural artístico às margens do córrego. Fonte: SISSON, Patrick. A new riverfront park aims to build bridges, not barriers, for immigrants. Archive Curbed, 2018. Disponível em: <https://archive.curbed.com/2018/5/7/17326818/san-antonio-latino-high-linesan-pedro-creek>. Acesso em 01 abr 2021..........................................................................................................................
Figura 58 - Mapa de setorização do Parque Linear. Fonte: Elaboração autoral com base no Google Earth, 2021 ....................................................
36
Figura 59 - Mapa de diretrizes projetuais. Fonte: Elaboração autoral com base no Google Earth, 2021 .....................................................................
38
Figura 60 : Funicular como acesso ao Clube da Comunidade. Elaboração autoral, 2021 ...................................................................................................
39
Figura 61 - Referência de esquema funicular. Fonte: COLIN, Silvio. Um projeto de Ângelo Murgel. Coisas da Arquitetura, 2010.
40
Disponível em: <https://coisasdaarquitetura.wordpress.com/2010/07/13/um-projeto-de-angelo-murgel/>. Acesso em 17 mai 2021...........
40
Figura 62 - Vista da rampa para o patamar em nível. Elaboração autoral, 2021 ...................................................................................................................
41
Figura 63 : Vista da cobertura do anfiteatro. Elaboração autoral, 2021 .....................................................................................................................................
41
Figura 64 - Acesso ao anfiteatro em nível com a Praça Alcebíades Souza. Elaboração autoral, 2021 ...........................................................................
41
Figura 65 : Perspectiva das áreas de permanência e pergolado próximos da Avenida. Elaboração autoral, 2021 ....................................................
42
Figura 66 : Perspectiva das áreas de permanência e redesenho das margens do córrego. Elaboração autoral, 2021 .............................................
42
Figura 67 : Perspectiva da passarela sobre o córrego. Elaboração autoral, 2021 ...................................................................................................................
42
Figura 68 : Passagem sobre o córrego; horta vertical na empena. Elaboração autoral, 2021 ...........................................................................................
43
Figura 69 : Horta vertical em paletes na empena. Elaboração autoral, 2021 ...........................................................................................................................
43
Figura 70 : Passarela sobre o córrego dando acesso aos lotes lindeiros. Elaboração autoral, 2021 ...............................................................................
43
Figura 71 : Acesso aos lotes lindeiros e acesso a Rua Manuel de Oliveira Rocha. Elaboração autoral, 2021 ..............................................................
43
Figura 72 : Acesso projetado no lote subutilizado da quadra. Elaboração autoral, 2021.....................................................................................................
43
Figura 73 : Área de lazer e estar. Elaboração autoral, 2021 ..........................................................................................................................................................
43
Figura 74 : Horta comunitária. Elaboração autoral, 2021 ..............................................................................................................................................................
44
Figura 75 : Perspectiva da trincheira vista da faixa de servidão para a Avenida do Anastácio. Elaboração autoral, 2021 ...................................
45
Figura 76 : Perspectiva da trincheira vista do acesso pela Avenida do Anastácio. Elaboração autoral, 2021 ............................................................
45
Fluxograma Fluxograma 1 - Mapa mental das principais problemáticas identificadas nos setores do parque. Elaboração autoral, 2021............................
38
Sumário
1.
A P R E S E N TA Ç Ã O 1.1. Introdução .........
09
1.2. Problemáticas ...
09
1.3. Objetivos ...........
09
1.4. Justificativa ........
10
1.5. Metodologia ......
10
2.
3.
ENERGIA ELÉTRICA EM SÃO PAU LO
LEITURA TERRITORIAL
2.1. Geração e transmissão de energia elétrica
3.1. Perímetros Preliminares ......................
15
3.2. Linha de Transmissão ..........................
16
..............................................................
12
2.2. Distribuição de energia elétrica...............
12
3.3. Localização Intraurbana ......................
16
3.4. Bacias hidrográficas .............................
17
12
3.5. Contexto Urbano .................................
17
3.6. Gabaritos ..............................................
18
13
3.7. Usos predominantes do solo ..............
18
3.8. Densidade Demográfica ......................
19
13
3.9. Massas arbóreas ..................................
19
3.10. Levantamento fotográfico.................
20
13
3.11. Síntese das problemáticas ................
26
2.3.
Linhas
de
transmissão:
Impactos
ambientais ....................................................... 2.4. Por que não aterrar as linhas de transmissão? .................................................... 2.5. Cuidados essenciais nas áreas de servidão ............................................................ 2.6. Práticas alternativas sob as linhas de transmissão .....................................................
4.
PA RQ U E S L I N E A R E S : REFERÊNCIAS PROJETUAIS
5.
6.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
ESTUDOS PRELIMINARES
4.1. Parques Lineares .............................
28
5.1. Setorização do Parque Linear .......
38
47
4.2. Parque Linear Itaim Paulista ...........
29
5.2. Diretrizes Projetuais .......................
6.1. Conclusão ............................
39
48
4.3. Parque Linear Zilda Arns .................
31
5.3. Setor 1 – Mutinga ............................
6.2. Referências Bibliográficas ..
40
4.4. Parque Linear Tiquatira ...................
33
5.4. Setor 2 – Elísio .................................
42
4.5. Parque San Pedro Creek Culture ....
35
5.5. Setor 3 – Anastácio ..........................
44
1.
A P R E S E N TA Ç Ã O
1.1. Introdução A partir da intensificação da urbanização brasileira na década
As faixas de terras, correspondentes às faixas de servidão,
de 1960, o crescimento das metrópoles foi se consolidando em
tornam-se ao meio urbano elementos limítrofes subutilizados - que
concordância com a industrialização, sobretudo próximo às
podem ser considerados zonas de fronteiras, termo apontado no
ferrovias. E, com isso, a demanda por energia elétrica aumentava
livro Morte e Vida das Grandes Cidades, de Jane Jacobs - dividindo
simultaneamente.
bairros e dificultando a transposição na cidade pelos habitantes.
A distribuição da energia elétrica tem sido realizada por redes de linhas de transmissão de energia que a transmitem desde as usinas hidrelétricas até as subestações e em seguida aos consumidores. Entretanto, a implantação dessas linhas ocorre em extensas faixas de servidão, o que vem impactando no contexto urbano em diversos aspectos. Os principais impactos correlatos são os campos magnéticos e ruídos que são emitidos e, também, sobre os ecossistemas, pois ocasionalmente há desmatamento em demasia para abertura das faixas de servidão e/ou estradas de acesso para circulação dos equipamentos. Com esse desmatamento e com a implantação das torres, ocorrem processos erosivos no solo devido a movimentação intensa de terra. Além disso, a paisagem urbana é afetada visualmente pela presença das altas torres de transmissão e suas linhas extensas.
9
Deste modo, a implantação das infraestruturas energéticas desqualifica o entorno e influencia diretamente na qualidade de vida urbana.
1.2. Problemáticas
1.3. Objetivos
Os efeitos na qualidade de vida urbana prejudicada por essa infraestrutura
energética
e
suas
faixas
de
servidão
vêm
proporcionando desconforto e insegurança à população. Por se tratar de áreas extensas, muitas vezes delimitadas por muros, o deslocamento dos pedestres torna-se dificultado e interrompido. Estes muitas vezes recriam um percurso irregular dentro desses limites a fim de acessarem as demais vias e o sistema de transporte público da região. Decorre que, as faixas de servidão não foram projetadas para
Através do entendimento da problemática, objetiva-se então, a proposição de um parque linear como estratégia principal de requalificação urbana para um trecho da faixa de servidão na cidade de São Paulo.
1.3.1. Objetivos Específicos Os objetivos específicos para concretização dessa estratégia sintetizam-se em:
o uso da população em suas atividades cotidianas e, com isso, não
• Avaliação de transposição entre quadras viárias;
há infraestrutura básica que forneça segurança e qualidade pública
• Estudo para projetar a paisagem a fim de cumprir com as
para atender os fluxos de pedestres nesses trajetos criados.
restrições para alturas das árvores por conta das linhas de
Consequentemente, essas áreas tornam-se alvos de atividades
transmissão;
ilícitas e assaltos.
• Recuperação
Além disso, por serem áreas que não possuem vigilância contínua, se tornam propícias a moradias irregulares.
do
solo
e
revitalização
de
infraestruturas
existentes; • Viabilizar os acessos de acordo com os graus diferentes de restrições, já que é necessário manter uma área exclusiva para acessar as torres pelos trabalhadores; • Implantação de infraestruturas de convivência e lazer gerando benefícios sociais e ambientais.
1.4. Justificativa O trecho da faixa de servidão da cidade de São Paulo selecionado para estudo, está localizado no distrito de São Domingos, entre duas avenidas de grande importância de
Usos indevidos na faixa de servidão como estacionamento, moradia irregular e extensão dos lotes sobre a faixa;
transposição nos bairros, sendo a Avenida Mutinga e a Avenida do
Córrego destamponado rente a caminhos criados pela população
Anastácio. Passando pelas vias Rua Padre Anibal Difrancia, Avenida
para atravessar a quadra a partir de aberturas nos muros que
Elísio Cordeiro de Siqueira, Rua Joaquim de Oliveira Freitas, Rua Cel.
cercam a faixa de servidão, vide figura 3;
Albino Rêgo e Rua José da Costa Valério. A área desse trecho é de aproximadamente 11,8 ha, com seu perímetro delimitado nas figuras 1 e 2.
10
As maiores problemáticas no trecho selecionado são:
Figura 1: Município de São Paulo – Distrito São Domingos. Elaboração autoral, 2021.
Acessos improvisados irregulares a lotes lindeiros; Variação topográfica acentuada na faixa de servidão em trecho da Avenida Elísio Cordeiro de Siqueira e na Avenida do Anastácio.
Figura 2: Mapa de localização – Perímetro de estudo. Elaboração autoral com base no Google
1.5. Metodologia Para realização deste projeto serão levantadas informações referentes às infraestruturas energéticas, desde a produção da energia elétrica, os impactos ambientais até as condicionantes e problemáticas que envolvem as torres de transmissão de energia no contexto urbano. Em sequência, será realizada uma leitura territorial para entendimento da área de estudo, com análises autorais baseadas Figura 3: Vista da Rua Joaquim de Oliveira Freitas. Abertura no muro para acesso irregular de pedestres; córrego aberto. Fonte: Google Maps, 2021
e Earth, 2021.
primordialmente no Mapa Digital da Cidade (2004), no Google Earth e em visita de campo. Como referências projetuais, serão produzidas análises de projetos já implantados ou em implantação de parques lineares em diferentes condicionantes, a fim de compreender a distribuição espacial, manejo com os recursos hídricos e relação com o entorno. Através desses estudos será realizada uma proposta preliminar de projeto para o parque linear no trecho da faixa de servidão na cidade de São Paulo, avaliando-se as melhores condições para a área levando-se em consideração as restrições e leis vigentes na cidade de São Paulo para parques lineares e faixas de servidão.
2.
E N E RG I A E L É T R I C A E M S Ã O PAU LO
2.1. Geração e transmissão de energia elétrica Conforme descrito na Secretaria de Infraestrutura e Meio Ambiente, a geração e a transmissão de energia brasileira são feitas nacionalmente, ou seja, produzida e transmitida aos estados que necessitam através do Sistema Interligado Nacional (SIN). Além disso, o Estado de São Paulo é considerado o polo industrial do Brasil, consumindo energia sobressalente ao que é produzido no estado e, portanto, incentiva os demais estados a produzirem energia para importação.
2.2. Distribuição de energia elétrica Ainda em conformidade com a Secretaria de Infraestrutura e Meio Ambiente, o sistema de transmissão de energia elétrica brasileira é composto por subestações e linhas de transmissão em tensões iguais ou superiores a 230 KV, que oferecem garantia energética aos grandes centros consumidores, conforme a figura 4. Em São Paulo, as concessionárias responsáveis pela distribuição da energia são a Eletropaulo, a CPFL, a EDP São Paulo, a Elektro e a Energisa.
12
Figura 4: Ciclo de distribuição energética até o consumidor. Fonte: Brasil Escola.
2.3. Linhas de transmissão: Impactos ambientais De acordo com o Guia de avaliação de impacto ambiental para
na diminuição do valor de mercado para propriedades lindeiras à
licenciamento de linhas de transmissão (2012), os impactos
área, caso haja a pretensão de venda do imóvel – determinado
ambientais mais recorrentes sobre as linhas de transmissão são:
através da norma da ABNT NBR 14653-2, que possui o enfoque em estabelecer a precificação de imóveis de áreas urbanas;
• Campo magnético sobre a região; • Durante
as
contaminação
manutenções do
solo
• Aumento da taxa de criminalidade dentro das faixas de servidão;
das
por
infraestruturas,
meio
de
ocorre
derramamento
a
• Receio da população – Muitas pessoas acreditam no mito de que
de
a proximidade pode ocasionar em doenças como o câncer. É um
substâncias;
tema que vem sendo estudado e discutido há muitos anos,
• Assoreamento de corpos hídricos – devido às chuvas, há um aumento relativo de sedimentação nos córregos e rios;
então, de acordo com Victor Wünsch Filho, professor da
• Indução de processos erosivos durante e após a implantação das torres de transmissão devido a movimentação intensa nos solos; • Aumento da fragmentação da paisagem e incidência de efeito de borda
(dificuldade
na
adaptação
da
vegetação
porém, a comunidade científica não entrou em consenso até
pós
desmatamento e adoecimento desta) por conta das altas torres metálicas; • Geração e acúmulo de resíduos sólidos nas manutenções das estruturas; • Desvalorização imobiliária - O impacto visual das torres ocasiona
Faculdade de Saúde Pública da USP.
2.4. Por que não aterrar as linhas de transmissão? De acordo com o BENTO (2020), a instalação das infraestruturas
bastante avaliação técnica interdisciplinar, de praticamente toda a
energéticas subterrâneas possui um custo muito maior comparada
rede e o local onde está implantada, para que a opção de
à instalação convencional sobre o solo. Além disso, fatores como a
aterramento seja válida. Propor o aterramento, pós urbanização,
diversidade dos solos, a temperatura do local e do solo e a
apenas por quesitos estéticos, são inviáveis atualmente e, portanto,
resistividade térmica, são itens que influenciam diretamente na
essa opção não será considerada neste trabalho.
instalação das redes subterrâneas e para que haja um bom funcionamento das infraestruturas, devem ser feitos levantamentos assíduos para a viabilização. Dependendo do tipo do solo em que se pretende instalar a rede subterrânea, pode ser inadequado por conta da resistividade às cargas elétricas emitidas pelas redes. E em relação às temperaturas, é necessário avaliar as variações diárias e anuais, tanto do local quanto do próprio solo, para que a profundidade do aterramento permita uma estabilidade. Contanto, devido a esses altos custos, “essa opção de redes é implantada apenas em áreas urbanas com média ou alta densidade de carga, onde a utilização da rede aérea é inviável tecnicamente, por motivações regulatórias ou solicitação de governos locais”, segundo a Rede de Distribuição Subterrânea, 2011, da Light. E, por mais que seja um sistema sofisticado, é um investimento significativamente alto, demorado e de risco que necessita de
13
2.5. Cuidados essenciais nas áreas de servidão Conforme a Cartilha de Preservação Ambiental na Faixa de Servidão da Linha de Transmissão de Energia, para manter o funcionamento adequado das linhas de transmissão, há algumas restrições que devem ser seguidas como: • Subir nas torres e fazer queimadas; • Atirar objetos sinalizadores; • Construir edificações ou benfeitorias; • Depositar materiais; • Plantar árvores de grande porte (de pequeno a médio porte são permitidas, seguindo as normas técnicas de compatibilização da Arborização com Redes de Distribuição, 2018).
2.6. Práticas alternativas sob as linhas de transmissão Uma das práticas que vem sendo desenvolvida sob as linhas de transmissão de energia, é o incentivo às hortas comunitárias (figuras 5 e 6). Existe uma parceria com a Copel e empresas privadas, denominado Cultivar Energia, que: se consolida como uma estratégia auxiliar na prevenção de ocupações irregulares e de risco para a população [...] os principais benefícios são a melhoria ambiental do espaço urbano, o estímulo à segurança alimentar e a possibilidade de geração de renda. (COPEL, 2020) As figuras 5 e 6, correspondem às hortas comunitárias já implantadas sob as linhas de transmissão da Copel, no município de Maringá. Essas hortas permitem uma renda extra para a população local além de melhorar a permeabilidade do solo. Figura 5: Horta Comunitária Vila Esperança em Maringá. Fonte: Copel, 2020. Figura 6: Horta Comunitária Parque Itaipu no Município de Maringá. Fonte: Copel, 2020.
3.
L E I T U R A T E R R I TO R I A L
3.1. Perímetros preliminares Inicialmente, a área de intervenção estava prevista para ser
importância na mobilidade urbana no Distrito São Domingos, sendo
somente a quadra que interligava a EMEF Gabriel Sylvestre e a Praça
a Avenida Mutinga, a Avenida Elísio Cordeiro de Siqueira e a
Nerson Parreira Dantas, de acordo com a figura 7. As motivações
Avenida do Anastácio, conforme perímetro delimitado na figura 9.
eram o córrego destamponado em um trecho, passagens irregulares aos lotes por dentro da faixa, além de transposições diárias de moradores e estudantes por dentro da faixa de servidão. Conforme avanços nos estudos territoriais, foi decidido ampliar o trecho até a Avenida Elísio Cordeiro de Siqueira (figura 8), pela continuidade do córrego destamponado na faixa de servidão e com isso seria possível propor transposições entre quadras também. Entretanto, ao analisar de forma mais ampliada as continuidades da faixa de servidão, percebeu-se potencialidades ao estender o trecho de intervenção. Entre elas, a conectividade com o Clube da Comunidade Jardim Mangalot e a Praça Alcebíades Souza. Além disso, a variação topográfica existente no novo perímetro (figura 9), permite intervenções diversificadas ao longo da área, em contrapartida ao trecho inicial que pode ser considerado mais planificado. Contudo, foi definido estender a área de intervenção para os dois lado do trecho inicial, interligando três avenidas de grande
15
Essa interligação permitirá novas possibilidades aos pedestres de transporem entre essas quadras viárias, além da implementação de infraestruturas de lazer, conectividade com espaços públicos existentes e recuperação de infraestruturas, como o córrego destamponado no trecho.
Figura 7: Perímetro preliminar entre a Rua Cel. Albino Rêgo e a Rua Joaquim de Oliveira Freitas. Elaboração autoral com base no Google Earth, 2021.
Figura 8: Perímetro expandido entre a Rua Cel. Albino Rêgo e a Avenida Elísio Cordeiro de Siqueira. Elaboração autoral com base no Google Earth, 2021.
Figura 9: Perímetro expandido final entre a Avenida Mutinga e a Avenida do Anastácio. Elaboração autoral com base no Google Earth, 2021.
3.2. Linha de transmissão A linha de transmissão (LT) correspondente ao trecho de estudo é a Chavantes-Botucatu, com seu percurso no Estado de São Paulo delimitado na figura 10, possuindo voltagens entre 88 kV e 230 kV, consideradas baixas e geralmente atribuídas onde a predominância é residencial. A LT se distribui ao longo do percurso por outros distritos da cidade de São Paulo e atinge a ETD Anhembi, no distrito de Santana, conforme o Mapa de Percursos das Linhas de Alta Tensão (figura 11).
3.3. Localização intraurbana Ampliando a escala a nível do distrito São Domingos destacamse os elementos estruturadores da área de intervenção (figura 12) que são a Rodovia dos Bandeirantes, a Rodovia Anhanguera, a Marginal Tietê, a Avenida do Anastácio, a Avenida Elísio Cordeiro de Siqueira e a Avenida Mutinga. Além destes elementos, há também os parques municipais, correspondentes às grandes áreas verdes da região como o Parque São Domingos, o Parque Cidade de Toronto, o Parque Jardim Felicidade e o Parque Vila dos Remédios.
16
Figura 10: Percurso da Linha de Transmissão Chavantes – Botucatu até São Paulo. Elaboração autoral baseado no Mapa de Transmissão Paulista – CTEEP (Cia de Transmissão de Energia Elétrica Paulista), 2021.
Figura 11: Mapa de Percursos da Linha de Transmissão de Energia. Elaboração autoral com base no Mapa Digital da Cidade (2004), 2021.
Figura 12: Mapa de Localização Intraurbana. Elaboração autoral com base no Mapa Digital da Cidade (2004), 2021.
3.4. Bacias hidrográficas A área está localizada na Bacia do Córrego Cintra (destacada na figura 14). Os córregos dessa bacia deságuam no córrego Cintra que em seguida faz o deságue completo no Rio Tietê. As bacias das imediações, como Ribeirão Vermelho, Charles de Gaulle e Fiat Lux, também deságuam no Rio Tietê, o que em dias de precipitações elevadas podem ocasionar em alagamentos pontuais, como na passagem subterrânea Fandi Chafic Kalil (Córrego Cintra) sob a Rodovia Anhanguera, via essencial de fluxo de transportes públicos da região (figura 13).
Figura 13: Alagamento passagem subterrânea. Fonte: PiritubaNet, 2019.
Em vista disso, investir em uma melhor permeabilidade do solo e qualificação dos córregos contribuiria com a qualidade e velocidade das águas nesses escoamentos.
3.5. Contexto urbano Os elementos que mais influenciam no trecho no contexto
As torres de energia, por sua vez, possuem variação de altura por
urbano estão destacados na figura 15, sendo as linhas de
conta da topografia, as que recebem a carga direta da Chavantes-
transmissão de energia; a rede de transporte público que consiste
Botucatu entre 40,80m e 45m e as intermediárias entre 15,40 e
em pontos de ônibus e a ciclofaixa que percorre grande extensão
16m.
da Avenida Elísio Cordeiro de Siqueira; locais importantes como as escolas de caráter público, o Departamento de Polícia 33ºDP, a garagem de ônibus (Viação Santa Brígida), a Subestação São Domingos, o Parque São Domingos e o CDC (Clube da Comunidade Jardim Mangalot).
17
Figura 14: Mapa de Bacias Hidrográficas – Bacia do Córrego Cintra. Elaboração autoral com base no Mapa Digital da Cidade (2004), 2021.
Figura 15: Mapa de Contexto Urbano. Elaboração autoral com base no Mapa Digital da Cidade (2004), 2021.
3.6. Gabaritos Em relação aos gabaritos das edificações do entorno, vide figura 17, percebe-se que há uma grande concentração em que a altura não ultrapassa dos 6 metros, principalmente as que estão na imediação da área de estudo. Entretanto, há edificações em que suas alturas atingem até 60 metros, correspondentes aos condomínios residenciais dos bairros de médio a alto padrão e também ao CDHU (Companhia de
Figura 16: Indicação das edificações mais altas correspondentes aos condomínios residenciais da região. Elaboração autoral com base no Google Earth, 2021.
Desenvolvimento Habitacional e Urbano do Estado de São Paulo) próximo a Avenida Mutinga, conforme figura 16.
3.7. Uso predominante do solo Analisando-se a figura 18, mapa de predominância do uso do
Na Avenida Elísio Cordeiro de Siqueira, há um polo comercial e
solo, visivelmente o tipo residencial horizontal se prepondera nas
de serviços evidente, o que se distingue dos polos residenciais
quadras viárias do entorno da área de estudo, este caracterizado
paralelos à avenida.
como terreno vago. Os lotes das quadras lindeiras ao trecho, de acordo com o Mapa Digital da Cidade, há predominância de uso residencial horizontal de baixo a médio/alto padrão e grande área correspondente a residencial
18
vertical
médio/alto
padrão,
condomínios de altos gabaritos relatados.
isso
devido
aos
Figura 17: Mapa de Contexto Urbano. Elaboração autoral com base no Mapa Digital da Cidade (2004), 2021.
Figura 18: Mapa de Predominância do Uso do solo. Elaboração autoral com base no Mapa Digital da Cidade (2004), 2021.
3.8. Densidade demográfica Com base no levantamento de habitantes por hectare, a
Os trechos mais ao norte da área de intervenção possuem uma
densidade demográfica do mapa da figura 19, corresponde a
densidade mais elevada; ao leste e ao sul a densidade
33,36 habitantes por hectare.
populacional é um pouco menor devido a predominância de uso
Há uma estreita relação com o uso predominante do solo (figura 18 página anterior). Os locais caracterizados por residencial vertical de médio/alto padrão correspondem a maior concentração
residencial horizontal (também em concordância a figura 18), sendo que computa-se por pavimento construído o valor corresponde a 3,5 habitantes.
populacional.
3.9. Massa arbórea Por ser um distrito com bastante cobertura arbórea, a relação desta com a população do mapa (figura 20) corresponde a 3,25m² por habitante (20.355 habitantes e
66.197,39m² de
cobertura arbórea – MDC, Censo 2010). As vegetações do trecho da faixa de servidão (figura 20) predominam-se baixa cobertura arbórea e vegetação herbáceaarbustiva.
Ainda bem próximo ao trecho, há uma quantidade
significativa de média a alta cobertura arbórea referente às praças
19
Alcebíades Souza junto ao CDC Jardim Mangalot e a Praça Nerson Parreiras Dantas próxima a E.M.E.F Gabriel Sylvestre. Nas vias Padre Anibal Difrancia, Joaquim de Oliveira Freitas e na Av. Elísio Cordeiro de Siqueira é escassa a cobertura vegetal, pois as ruas possuem calçadas estreitas e a avenida possui o uso predominante do solo de comércio e serviços (vide figura 18, página 15), em que suas calçadas são utilizadas como entrada e saída de veículos ou apropriadas para uso dos comerciantes.
Figura 19: Mapa de Densidade Demográfica. Elaboração autoral com base no Mapa Digital da Cidade (2004), 2021.
Figura 20: Mapa de Massa Arbórea. Elaboração autoral com base no Mapa Digital da Cidade (2004), 2021.
3.10.Levantamento fotográfico
21
22
23
Para melhor entendimento da área de estudo, fez-se necessário
Ainda na Rua Padre Anibal Difrancia, parte da faixa de servidão
um levantamento fotográfico dos pontos estratégicos que
está sendo ocupada com moradias irregulares, vide figura 22,
auxiliarão no desenvolvimento do projeto do parque linear.
possuindo até mesmo portão de acesso.
Atualmente, o trecho da faixa de servidão entre a Avenida
De acordo com a figura 23, vista a partir da Avenida Elísio
Mutinga e a Rua Padre Anibal Difrancia está sendo utilizado, de
Cordeiro de Siqueira, percebe-se o quão íngreme é esse trecho da
maneira irregular, como estacionamento da população do entorno
faixa de servidão em relação à avenida.
(figura 21).
________________________________________________ Figuras 21 e 22: Fonte Google Streetview, 2021.
20
Figura 23: Acervo da autora, 2021.
21
22
23
26 25 24
A Avenida Elísio Cordeiro de Siqueira possui uso do solo
Além do comércio típico estabelecido nas edificações da
predominantemente comercial e de serviços, com calçadas mais
Avenida, há também, feira livre em um trecho, bem próximo a área
largas do que as demais da região e sendo uma via importante de
de estudo (figuras 25 e 26).
transposição entre os bairros. A avenida se torna um ponto de encontro para os moradores do entorno. As calçadas são utilizadas como suporte dos estabelecimentos
O trecho da avenida é fechado para a utilização do espaço público como feira semanalmente, às quartas-feiras, no período diurno.
para comportar uma maior quantidade de pessoas que os frequentam, sendo posicionadas mesas e cadeiras regularmente (figura 24).
_________________________________________________ Figura 24: Fonte Google Streetview, 2021. Calçadas dos comércios apropriadas com mesas e cadeiras antes da pandemia do COVID-19. Figuras 25 e 26: Acervo da autora, 2021.
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24
25
26
27 28
A Rua Aureliano Lopo da Rocha é uma rua de caráter residencial, utilizada
apenas
para
acesso
aos
lotes
ou
então
29
Além da vegetação estar extremamente alta, há despejo de lixo
como
próximo às árvores do trecho, o que ocasionalmente cai no córrego
estacionamento de veículos para utilizarem o comércio e serviços
destamponado, comprometendo a qualidade e velocidade das
da região (figura 27).
águas.
Ambos os lados da faixa de servidão possuem muros em uma altura aproximada de 2,00m.
Apesar das situações preocupantes, um ponto positivo nessa rua, é a arborização viária distribuída na calçada.
Abaixo dessa rua, atravessa o córrego que fica destamponado em trecho da área de intervenção. Ao analisar a área de intervenção da Rua Joaquim de Oliveira Freitas sentido Avenida Elísio Cordeiro de Siqueira, (figuras 28 e 29) a situação às margens do córrego é preocupante.
__________________________________________________ Figuras 27, 28 e 29: Acervo da autora, 2021.
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28
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30
32 31
A quadra entre a Rua Joaquim de Oliveira Freitas e a Rua Cel.
As passarelas irregulares, construídas sobre o córrego (figura
Albino Rêgo, é a que possui as maiores problemáticas para
32), apresentam-se como uma função estrutural de laje, que
intervenção.
aparentemente estão irregulares com suas estruturas mas que
Logo ao acessar pela Rua Joaquim de Oliveira Freitas (figura 30), a passagem criada pelos pedestres se encontra bem rente ao córrego aberto. Por não possuir qualquer pavimentação, a
possivelmente suportam as sobrecargas acidentais, tais como tráfego de pessoas, de animais e bicicletas. Os tijolos empilhados abaixo delas se tornam indiferentes já que não são estruturais.
passagem fica escorregadia em dias úmidos e chuvosos, tornando
Sob essas passarelas, o córrego se encontra em péssimas
o percurso bastante perigoso para quem trafega por lá. Além disso,
condições com resquícios de descartes de entulho, lixos e
como observa-se na figura, a passagem não possui acessibilidade
tubulações voltadas para o córrego das residências lindeiras (figura
adequada para transposição.
32).
O córrego se apresenta nas mesmas condições da quadra anterior, com grandes proporções de vegetação em suas margens. Avançando um pouco mais na quadra (figura 31), avistam-se lotes voltados para a faixa de servidão com passarelas irregulares sobre o córrego a fim de acessarem as residências.
23
__________________________________________________________________ Figuras 30, 31 e 32: Acervo da autora, 2021.
31
30
32
35 33
34
36
Voltando-se o olhar para a Rua Joaquim de Oliveira Freitas
Prosseguindo à via de acesso para a Rua Manuel de Oliveira
(figura 33), verificam-se os edifícios residenciais lindeiros à faixa
Rocha, esta se encontra pavimentada, estreita e cercada por
de servidão e os muros altíssimos que percorrem deste lado até a
muros altos de um lado e vegetação alta de outro lado, vide
Rua Cel. Albino Rêgo. Contudo, de antemão, os lotes desse lado
figura 35.
não constarão com proposta de intervenção devido a variação topográfica extremamente acentuada em relação a faixa de servidão. Já na figura 34, há uma adaptação para área de lazer com uma
Dirigindo-se para a rua sem saída, figura 36, essa rua é residencial e um dos lotes é lindeiro a faixa de servidão. Nesse ponto, há um trecho em alvenaria no final da rua, entretanto, há parte em que está aberto permitindo passagens de pedestres.
trave de gol feita em madeira, num trecho mais planificado da área. Mais afastado, na mesma figura, é local de plantação dos moradores dos lotes lindeiros. _________________________________________________________________ Devido às alturas das vegetações no meio dessa quadra no dia da visita de campo, não foi possível permear nesse trecho por questões de segurança e sugestão de morador local. Figuras 33, 34, 35 e 36: Acervo da autora.
24
33
35
34
36
38 37
Entre a Rua Cel. Albino Rêgo e a Rua Monsenhor Castro Nery,
Ao observar a faixa de servidão a partir da Avenida do
alguns lotes residenciais se apropriaram da faixa de servidão
Anastácio, vide figura 39, percebe-se que houve um intenso
estendendo os fundos dos lotes de forma irregular, conforme
movimento de terra para a implantação das torres de transmissão
vista aérea 37.
de energia, a partir do processo de aterramento do solo no trecho
O acesso dado pela rua intermediária entre a Rua Monsenhor de Castro Nery e a Avenida do Anastácio está totalmente aberto
permitindo com que as torres atingissem as alturas necessárias para prosseguirem a transmissão na cidade.
com passagem livre aos pedestres (figura 38), em que os lotes lindeiros à faixa de servidão são caracterizados por serem residenciais de baixo gabarito.
_________________________________________________________________ Figuras 37 e 38: Fonte Google Streetview, 2021. Figura 39: Acervo da autora, 2021.
25
38
39
39
V I S TA A É R E A E X T E N S Ã O D E LOT E S N A FA I X A
37
38
39
3.11. Síntese das problemáticas Após as análises do levantamento fotográfico, observam-se as principais problemáticas levantadas na área (figura 40), sendo elas:
Usos inadequados na faixa de servidão, como estacionamento e moradias irregulares; Córrego destamponado com as margens em situação crítica; Empenas cegas altas dos edifícios residenciais lindeiros à faixa de servidão; Acessos irregulares aos lotes por dentro da faixa de servidão; Vias de acesso estreitas e com muros altos; Lotes expandidos dentro da faixa de servidão; Variação topográfica acentuada em relação a Avenida do Anastácio, dificultando a transposição em nível pelos pedestres.
Figura 40: Síntese das problemáticas. Elaboração autoral com
26
m base no Google Earth, 2021.
4.
PA RQ U E S L I N E A R E S : R E F E R Ê N C I A S P RO J E T UA I S
4.1. Parques Lineares O conceito de parque como espaço público surgiu na Europa, no
parques urbanos, mas sim por relacionar com demais infraestruturas
século XVIII, com o auge da Revolução Industrial. A fim de recuperar
da cidade como a melhoria da qualidade de água dos rios para
a vivência do homem com a natureza, já que a rotina de trabalho nas
controle de inundações, além de formar um corredor ecológico com
indústrias não permitia tal feito. Usualmente, eram doadas fortalezas
a conexão das demais áreas verdes da região.
para implantação dos parques. Pós-Revolução
Industrial,
O parque urbano surge como necessidade por demanda de século
XIX,
surgem
os
jardins
contemplativos, os parques de paisagem, os parkways (vias-parque
equipamentos de lazer que proporcionam um respiro em meio a intensificação da urbanização em 1950.
que faziam conexão entre os espaços verdes de grande porte da cidade), os parques de vizinhança americanos e os parques franceses formais e monumentais como áreas verdes nas cidades, geralmente destinadas a parcela nobre da população. O primeiro parque linear do mundo é o Emerald Necklace (figura 41), inaugurado em 1878, em Boston, com autoria do arquiteto paisagista Frederick Law Olmsted. Esse parque interligava as demais áreas verdes, formando um sistema de corredor verde, assim como um parkway. Para isso, Olmsted melhorou o traçado do Rio Charles e construiu eclusas para controlar as águas do Rio Muddy.
Emerald Necklace se tornou símbolo multifuncional de parque linear por não se tratar somente de programas temáticos usuais de
28
Figura 41 : Mapa diagramático de localização do Emerald Necklace – Integração com áreas verdes existentes.. Fonte: Garden Club Back Bay, 2021.
Hellmund e Smith (2006 apud NAGANO, 2018), propõem diretrizes para parques lineares em que deve ser estabelecida uma integração da natureza com infraestruturas da urbanização preexistentes como ferrovias, canais, linhas de alta tensão, incorporando novas áreas verdes ao parque. Os parques lineares em São Paulo podem ser classificados como
Os parques lineares possuem tipologias de implantação classificadas por: • Implantação ao longo dos cursos d’água (Parque linear do Itaim Paulista); • Sobre adutoras (Parque Linear da Integração Zilda Arns);
parques de bairros por abrangerem a população local, com suas
• Sobre elevados (Projeto Parque do Minhocão);
atividades e necessidades cotidianas, com espaços destinados para
• Sob vias elevadas (Parque Linear da Vila Carioca) e
lazer, descanso e passagens. Em relação à finalidade de implantação de um parque linear em São Paulo, NAGANO em sua tese de
• Entre eixos viários (Parque Linear do Tiquatira).
mestrado: Em São Paulo, onde há diversas ocupações junto às
O Código Florestal de 2012 (Lei 12.651, artigo 4º) em conjunto
margens dos rios, o parque linear é estratégia de
com a Resolução do CONAMA - Conselho Nacional de Meio
estruturação urbana, conforme os artigos 272 e 273 do Plano Diretor Estratégico de 2014, por envolver a remoção de ocupações, a criação de equipamentos (playground, área de estar, equipamento esportivo ou academia ao ar livre), infraestrutura (ruas, redes de esgoto, coletor de águas pluviais), mobilidade e tratamento paisagístico do córrego, por meio da renaturalização, criação de áreas alagáveis ou por canalização de gabiões [...]. (NAGANO, 2018)
Ambiente (artigo 3º, inciso I), são responsáveis por estabelecerem as leis e restrições para áreas ligadas à proteção das margens dos cursos d’água em parques lineares no Brasil. Além desses órgãos ambientais, as leis municipais e estaduais contribuem com a legislação dos parques lineares no Brasil.
4.2. Parque Linear Itaim Paulista
29
Localização: Itaim Paulista Ano de execução: 2009 Área: 68,15 ha Extensão: 3,5 km Infraestrutura do parque: áreas de estar, pista de skate, quadra poliesportiva, playgrounds, caminhos e gramados (Secretaria Municipal do Verde e do Meio Ambiente, 2021). Flora: gramados, arborização esparsa, além de vegetação ruderal no talude do córrego. Sendo destaques, de acordo com a Secretaria Municipal do Verde e do Meio Ambiente (2021): alfeneiro, aroeira-mansa, chapéu-de-sol, cheflera, chorão, córdia-africana,
figueira-benjamim,
gota-santa,
guapuruvu,
ipê-de-el-
salvador, jacarandá-mimoso, jerivá, paineira, pau-formiga, sabão-de-soldado, seafórtia, sibipiruna e timboúva.
Parque Linear Itaim Paulista O Parque linear Itaim Paulista é um dos mais extensos de São Paulo, implantado às margens do Córrego do Itaim (figura 42). Entretanto, é muito fragmentado e difícil de caracterizá-lo como um objeto só. Há empenas cegas que se voltam ao parque em algumas quadras, fazendo com que as transposições sejam dadas majoritariamente pelas vias preexistentes, mas também há uma via compartilhada, que permite acesso aos lotes (figura 43) e transposições intermediárias que contribuem com a caminhabilidade. O córrego do Itaim está destamponado em quase toda sua extensão, com exceção dos trechos de conexão com o sistema viário.
30
Figura 43 : Acesso aos lotes pelo parque. Fonte: Prefeitura SP, 2021.
Figura 44 : Área d moradores. Fonte:
de estar despercebida pelos : NAGANO, 2018.
A infraestrutura do parque é distribuída em quadras poliesportivas, áreas de estar e playgrounds. Sendo as áreas de estar (figura 44), mencionadas na dissertação de mestrado do Wellington
Nagano
(2018),
Experiência
paulistana
na
implantação dos parques lineares: Estudo do Parque Linear Itaim, passam despercebidas ou então foram implantadas a fim de conter a ocupação irregular na área e, portanto acabam não sendo utilizadas. Uma das áreas de estar (figura 45) possui problemas com Figura 45: Área de estar com assoreamento e erosão do solo. Fonte: Google Maps, 2021.
assoreamento e erosão do solo além de ser alvo de acúmulo de lixo nas margens do córrego. Aproximando-se aos conjuntos habitacionais da região, o Parque foi descontinuado por falta de verba e acompanhamento.
Figura 42: Parque Linear Itaim Paulista– Análise do parque. Elaboração autoral, 2021, com base no Google Earth.
4.3. Parque Linear Zilda Arns
31
Localização: desde o bairro de Sapopemba até o Largo São Mateus, Zona Leste de São Paulo Ano de execução: 2010 Área: 22,4 ha Extensão: 7,5 km, instalado sobre as tubulações da adutora Rio Claro, da Companhia de Saneamento Básico de São Paulo (Sabesp). Infraestrutura do parque: pista para pedestres, ciclofaixa, equipamentos esportivos e de lazer, bicicletários, sanitários, quadras poliesportivas, campos de futebol, canchas de bocha e malha, mesas para jogos de dama e xadrez, parquinhos para crianças; pista para skate, postos para uso da Polícia Militar, praças e arenas para eventos (Governo do Estado de São Paulo, 2010). Flora: áreas ajardinadas e arborizadas e bosques heterogêneos. Destaques da flora: abacateiro, alfeneiro, aroeira-mansa, aroeira-salsa, árvore-polvo, cássia-javanesa, cinamomo, falsa-seringueira, figueira-benjamim, jambolão, jerivá, mangueira, paineira, pitangueira e sibipiruna (Secretaria Municipal do Verde e do Meio Ambiente, 2021).
Parque Linear Zilda Arns Implantado sobre a adutora Rio Claro, o Zilda Arns é envolvido por empenas cegas em quase toda sua extensão, demonstrado na cor roxa na figura 46. Essas empenas se tornam ao cenário urbano barreiras que dificultam os acessos ao parque, que se transpõem onde não existem essas empenas, por meio das vias preexistentes. Além da infraestrutura hidráulica, há paralelamente
um
trecho do linhão, em que uma torre de transmissão de energia, em amarelo nas figuras 46 e 47, está posicionada próxima às quadras de
esportes
do
parque.
Esse
fator
contribui
para
o
desenvolvimento do projeto deste trabalho por ser possível implantar infraestrutura de lazer em proximidade a torre de energia, com os devidos cuidados. Outro fator é a impossibilidade de plantar árvores de grande porte, pois as raízes podem danificar a tubulação da adutora. E, no caso da faixa de servidão, não é possível por conta das copas das árvores atingirem as linhas de transmissão e provocarem danos. Demais elementos do parque estão destacados na figura 46, como a ciclofaixa, praças, quadras de esportes, pista de skate e anfiteatros a céu aberto.
32
Figura 47: Perspectiva aérea de um trecho do Parque Linear Zilda Arns retratando áreas de lazer do parque próximas a uma torre de transmissão de energia. Fonte: Google Maps, 2021, alterado pela autora.
Além da adutora Rio Claro, existe uma nascente de um córrego, próxima a Avenida Adélia Chohfi, que não acompanha a adutora mas que percorre trecho do parque. Há um acesso ao parque pela Avenida dificultado com escadaria estreita e calçada utilizada como estacionamento dos comércios do entorno, representado pela figura 48. A utilização da calçada como estacionamento, inviabiliza a passagem de pedestres de forma segura e esconde o acesso ao parque existente no local. Além disso, não há uma transposição Figura 48: Acesso ao parque pela Avenida Adélia Chohfi (rotatória). Escadaria estreita e calçada como estacionamento. Fonte: Google Maps, 2021.
direta dessa mesma calçada para a Praça implantada na rotatória, o que intensifica a falta de conexão e planejamento urbano.
Figura 46: Parque Linear Zilda Arns – Análise do parque. Elaboração autoral com base no Google Earth, 2021.
4.4. Parque Linear do Tiquatira
33
Localização: Penha, Zona Leste de São Paulo Ano de execução: 2007 Área: 32 ha Extensão: 3 km Infraestrutura do parque: pista de caminhada, quiosques com mesas e bancos, pista de skate, pista de bicicross, quadras esportivas, campo esportivo, áreas de convivência, concha acústica (anfiteatro aberto); bosques; ciclofaixa e sanitários públicos. Flora: áreas ajardinadas, gramados, bosques heterogêneos e arborização esparsa. Espécies em destaque: alfeneiro, araribá-rosa, aroeira-mansa, aroeira-salsa, bambu-imperial, capixingui, cedro, chorão, embaúba-branca, faveira, jerivá, mirindiba-rosa, nespereira, paineira, resedá, sibipiruna e tipuana. (Áreas verdes das cidades, 2013). Fauna: garça-branca-grande, caracará, rolinha, periquito-rico, anu-preto, beija-flor-tesoura, joão-de- barro, ferreirinho-relógio, suiriri-cavaleiro, bemte-vi, corruíra, sabiá-laranjeira, sabiá-do-campo, cambacica, sanhaçucinzento, chopim e bico-de-lacre. (Áreas verdes das cidades, 2013).
Parque Linear do Tiquatira O Parque Linear do Tiquatira foi implantado às margens do córrego Tiquatira, que se apresenta destamponado em grandes extensões e tamponado quando há intersecção das vias, possuindo deságue no Rio Tietê. Localizado entre as Avenidas Governador Carvalho Pinto (figura 49), vias coletoras de alta velocidade, o que dificulta o acesso dos pedestres limitados pelas faixas de pedestres distribuídas com grande distanciamento, prejudicando a caminhabilidade ao parque (GEHL, 2013). Há uma grande quantidade de massa arbórea que permite melhor permeabilidade das águas, correspondente às áreas de proteção
Figura 50: Pista de skate. Prefeitura SP, 2021.
permanente (APP).
34
Figura 49: Parque Linear do Tiquatira – Análise do parque. Elaboração autoral com base no Google Earth, 2021.
Figura 5 Prefeitura
51: Bicicross. a SP, 2021.
Demais infraestruturas do parque são distribuídas em pista de skate (figura 50), quadra de bicicross (figura 51), anfiteatro a céu aberto, o Centro esportivo e de lazer Luiz Martinez, quadras, campo esportivo, praças e pistas de caminhadas. O anfiteatro Carlos Lombardi, conhecido como concha acústica, figura 52, é um espaço público aberto que recebe diversos tipos de eventos, como o Projeto Lince (2015). Incluindo shows, apresentações de dança, entre outros. Figura 52: Vista do anfiteatro Carlos Lombardi integrado à natureza e topografia do parque. Fonte: Áreas Verdes nas cidades, 2013.
4.5. San Pedro Creek Culture Park
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Localização: San Antonio, Texas - EUA Ano de execução: iniciado em 2015, em obras atualmente. Área: 569,80 ha Extensão: 3 km Infraestrutura do parque: áreas de estar, pista de caminhada, muros de contenção destinados para obras de artistas, áreas para atividades ao ar livre. Flora: 5.824 plantas aquáticas nativas, 133 árvores de sombra, 47 árvores ornamentais, 849 arbustos, 291 vinhas, 2.426 perenes, mais de 3.700 m² de grama, mais de 1.600 m² de cobertura do solo, mais de 1.000 m² de plantio aquático.
35
Parque Linear San Pedro Creek Culture O Parque San Pedro Creek Culture, localizado em San Antonio no Texas, é caracterizado por ser um espaço cultural dinâmico. Ainda sendo implantado por fases, simboliza por meio da arte, multiculturalidade e natureza a história de San Antonio. San Antonio é uma cidade que se desenvolveu através dos imigrantes e no entorno do riacho San Pedro Creek. Às margens dele, se desenvolveu o centro tradicional da cultura latina da cidade, entretanto, era como um divisor entre os assentamentos dos nativos com os dos imigrantes. Com a intenção de quebrar essa barreira, surgiu a proposta
Figura 54: Praça da Fundação - vista aérea. Fonte: Architectural Digest, 2018.
Figura 55: Praça Fonte: Architectu
do parque linear.
Figura 57: Mural artístico às margens do córrego. Fonte: Archive Curbed, 2018.
36
Figura 53: Parque Linear San Pedro Creek Culture – Análise do parque. Elaboração autoral, 2021, com base no Google Earth.
a da Fundação. ural Digest, 2018.
O Parque está sendo implantado em quatro fases de construção (figura 53) desde 2015. A primeira fase foi dividida em três segmentos, o primeiro segmento foi inaugurado em maio de 2018, que contempla a Praça da Fundação (de San Antonio), figuras 54 e 55, com espaços como praças, áreas de estar além de um mural às margens do córrego contemplando artes que representam a Figura 56: Mural artístico – Pista de caminhada – Contenção ajardinada. Fonte: Architectural Digest, 2018.
multicultura do local (figuras 56 e 57). O segundo segmento está previsto para ser entregue ainda em 2021. Já o terceiro segmento está em desenvolvimento com previsão para 2023, tendo como propostas melhoria das infraestruturas, acessos e caminhos sobre o córrego. A fase dois, assim como o segmento três da fase um, está prevista para conclusão em 2023. Já as demais fases ainda encontram-se em desenvolvimento.
5.
ESTUDOS PRELIMINARES
5.1. Setorização do Parque Linear A área destinada para a implantação do Parque Linear possui uma extensão de aproximadamente 1,5km, dado isto, será necessário a setorização do mesmo a fim de propor intervenções que de fato suprem as necessidades urbanísticas que o local necessita.
Sendo assim, o parque linear será setorizado em três partes, sendo: O setor 1 Mutinga, entre a Avenida Mutinga e Avenida Elísio Cordeiro de Siqueira, contemplando o Clube da Comunidade Jardim Mangalot e a Praça Alcebíades Souza;
A partir da interpretação territorial e das análises projetuais de parques lineares já implantados, é possível identificar pontos estratégicos
em
comum
que
contribuem
na
união
para
formalização dos perímetros dos setores. Dado que o parque linear está sendo proposto onde há travessia
O setor 2 Elísio, entre a Avenida Elísio Cordeiro de Siqueira e a Rua Cel. Albino Rêgo, em que próximo a faixa de servidão há uma Escola Municipal e a Praça Nerson Parreira Dantas;
de três avenidas de grande importância no Distrito São Domingos, a Avenida Mutinga, a Avenida Elísio e a Avenida Elísio, estas tornaram-se
primordiais
na
delimitação
dos
perímetros,
O setor 3 Anastácio, entre a Rua Cel. Albino Rêgo e a Avenida do Anastácio.
delimitados na figura 58. Além das vias, a variação topográfica acentuada nos setores 1 e 3 e as atividades cotidianas na faixa de servidão, permitiram a concretização desses setores.
38
A partir da identificação das problemáticas existentes em cada setor, conforme o fluxograma 1, podem ser iniciadas as proposições para esse trecho da faixa de servidão.
Figura 58 : Mapa de setorização do Parque Linear. Elaboração autoral com base no Mapa Digital da Cidade (2004), 2021.
Fluxograma 1: Mapa mental das principais problemáticas identificadas nos setores do parque. Elaboração autoral, 2021.
5.2. Diretrizes projetuais Para a viabilização da implantação do Parque Linear no trecho da
Com base nessas informações, foram delimitadas e descritas na
faixa de servidão será necessário solucionar as problemáticas
figura 59 as diretrizes projetuais para a implantação do parque
existentes no trecho além de adaptação na intervenção através de
linear.
diretrizes projetuais. As diretrizes projetuais levam em consideração a situação atual dos elementos apontados além da possibilidade de propostas de acordo com a variação topográfica da região.
Figura 59 : Mapa de diretrizes projetuais. Elaboração autoral com base no Mapa Digital da Cidade (2004), 2021.
39
A – Transposição até a via por meio de rampas acessíveis e
residenciais lindeiros a faixa de servidão para converter em espaço
qualificação paisagística.
de apropriação cultural vertical.
B – Remoção do uso de estacionamento dentro da faixa de
I – Remoção das passarelas irregulares existentes para acesso aos
servidão e implantação de infraestrutura de lazer.
lotes lindeiros e proposição de acessos qualificados e ampliados.
C – Remoção de moradias irregulares dentro da faixa de servidão
J – Lote vago será utilizado como praça para acesso ao parque.
e realocação das famílias com prática do poder público, através de aluguel social e Habitação de Interesse Social (HIS) da Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano do Estado de São Paulo (CDHU). D – Conexão do Parque com o Clube da Comunidade Jardim Mangalot e com a Praça Alcebíades Souza, com infraestrutura de lazer. E – Aproveitamento do relevo íngreme para proposição de horta comunitária em conjunto com rampas para transposição. F – Redesenho das margens do córrego destamponado com possibilidade de ampliação da abrangência das águas. G – Remoção da travessia viária somente sobre o córrego. H – Tratamento das altas empenas cegas dos condomínios
K – Área destinada para implantação de infraestrutura de lazer próxima à EMEF. L – Conexão com a Praça Nerson Parreira Dantas com qualificação paisagística. M – Remoção do avanço dos lotes na faixa de servidão. N – Trecho mais íngreme em relação a via em que haverá movimento de terra para transposição.
5.3. Setor Mutinga No setor Mutinga, correspondente ao trecho da faixa de servidão
A disposição das rampas anguladas foi proposital, de acordo com
entre a Avenida Mutinga e a Avenida Elísio Cordeiro de Siqueira, o
a Implantação Setor Mutinga e o Corte Longitudinal AA, para
projeto estabelece estratégias na implantação a fim de propor
que fosse possível implantar horta comunitária ao longo do
transposições acessíveis, novas áreas de lazer e estar de acordo com
percurso. Essa horta tem como propósito melhorar ambientalmente
as variantes topográficas existentes no local (vide Implantação
o espaço urbano, permitindo uma nova fonte de renda para a
Setor Mutinga).
população do entorno, além de contribuir com a permeabilidade do
Entre a Avenida Mutinga e a Rua Padre Anibal Difrancia, as
solo.
rampas se tornam essenciais para a acessibilidade entre as vias e além disso, próximo ao nível da Rua Padre Anibal Difrancia, foi possível implantar uma área de lazer e estar. Entre a Rua Padre Anibal Difrancia e a Avenida Elísio Cordeiro de Siqueira, o projeto engloba infraestruturas urbanísticas existentes, sendo o acesso ao Clube da Comunidade Jd. Mangalot e a
Figura 60 : Funicular como acesso ao Clube da Comunidade. Elaboração autoral, 2021.
requalificação da Praça Alcebíades de Souza. Para acessar o Clube da Comunidade, foi proposto acesso por meio de transporte funicular (figura 60), sendo utilizada a funicular de Santa Tereza, no Rio de Janeiro, como referência, de acordo com a figura 61; nova base para a praça, constituída de sanitários e área de apoio além de um anfiteatro aberto que pode ser utilizado como cinema ao ar livre.
40
Figura 61 : Referência de esquema funicular Santa Tereza no Rio de Janeiro. Fonte: Coisas da Arquitetura, 2010.
Conforme apresentado, serão dispostas as hortas comunitárias
Com o intuito de integrar atividades de lazer com o Clube da
permitindo atrativos e geração de renda extra, além da transposição
Comunidade ao projeto (Corte Transversal BB), o anfiteatro pode
(figura 62).
ser utilizado como cinema ao ar livre. A parte em nível com a Praça
Por ser necessário corte no terreno para transposição a partir da Avenida Elísio Cordeiro de Siqueira, a terra retirada seria aterrada mais a frente onde foi proposto o anfiteatro (Corte Transversal CC), com a cobertura projetada em estrutura de madeira, de acordo com a figura 63.
41
Alcebíades Souza servirá de acesso e de fechamento quando necessário por meio de porta guilhotina (figura 64).
Figura 62: Vista da rampa para o patamar em nível. Elaboração autoral, 2021.
Figura 63 : Vista da cobertura do anfiteatro. Elaboração autoral, 2021.
Figura 64 : Acesso ao anfiteatro em nível com a Praça Alcebíades Souza. Elaboração autoral, 2021.
5.4. Setor Elísio No setor Elísio, entre a Avenida Elísio Cordeiro de Siqueira e a Rua Cel. Albino Rêgo, o projeto visa a requalificação e implantação de travessias delimitadas por pisos drenantes, além de adicional qualificação paisagística de pequeno a médio porte. De acordo com a Implantação Setor Elísio, o projeto consta com áreas de permanência e pergolado (figura 65 e Corte Longitudinal AA) por estar próximo à Avenida que possui fluxo de pedestre
Figura 65 : Perspectiva das áreas de permanência e pergolado próximos da Avenida. Elaboração autoral, 2021.
intenso, além de feira livre semanalmente neste trecho. No córrego destamponado, houve redesenho das margens em escalonamento de degraus, sendo possível usufruir como área de estar (figura 66). A Rua Aureliano Lopo da Rocha foi descontinuada e implantado um balão de retorno próximo aos lotes residenciais existentes ali. Ademais, sobre o córrego, foi projetada uma travessia em ponte, vide Corte Transversal DD e figura 67.
Figura 66 : Perspectiva das áreas de permanência e redesenho das margens do córrego. Elaboração autoral, 2021.
Figura 67 : Perspectiva da passarela sobre o córrego. Elaboração autoral, 2021.
42
No trecho entre a Rua Joaquim de Oliveira Freitas e a Rua Cel. Albino Rêgo, o acesso foi qualificado através de travessias que passam sobre o córrego destamponado e percorrem toda a quadra, vide Corte Transversal EE e figura 68. Para tratamento das empenas cegas dos altos edifícios residenciais lindeiros à faixa de servidão, foi proposta horta vertical por meio de paletes fixados na alvenaria (figuras 68 e 69). Sendo
Figura 68 : Passagem sobre o córrego; horta vertical na empena. Elaboração autoral, 2021.
assim, a empena passa a se tornar um atrativo e utilitária para a população. Os lotes lindeiros que possuíam acessos irregulares pela faixa de servidão, agora possuem passarelas regulares (Corte Transversal FF e figura 70) que interligam tanto a passagem até a Rua Joaquim de Oliveira Freitas quanto a passagem para a Rua Manuel de Oliveira Rocha (figura 71). O lote subutilizado entre a Rua Manuel de Oliveira Rocha e a faixa de servidão, foi transformado em um acesso para o parque linear por meio de um plano inclinado com área permeável e muro verde (Corte Transversal GG e figura 72). Aproximando-se da EMEF Gabriel Sylvestre e da Praça existente Nerson Parreiras Dantas, foi implantada uma área para pista de skate, vide figura 73.
43
Figura 69 : Horta vertical em paletes na empena. Elaboração autoral, 2021.
Figura 70 : Passarela sobre o córrego dando acesso aos lotes lindeiros. Elaboração autoral, 2021.
Figura 71 : Acesso aos lotes lindeiros e acesso a Rua Manuel de Oliveira Rocha. Elaboração autoral, 2021.
Figura 72 : Acesso projetado no lote subutilizado da quadra. Elaboração autoral, 2021.
Figura 73 : Área de lazer e estar. Elaboração autoral, 2021.
5.5. Setor Anastácio No setor Anastácio, correspondente ao trecho da faixa de servidão entre a Rua Cel. Albino Rêgo e a Avenida Anastácio, de acordo com a Implantação Setor Anastácio, as transposições foram feitas, principalmente, através de rampas acessíveis. Ao longo do percurso das rampas, foram implantadas hortas comunitárias
aproveitando-se
do
relevo
original,
conforme
demonstrado na figura 74. Em nível com a Rua José Teodoro Vieira, há o encontro dos dois conjuntos de rampas compondo uma praça com acesso à horta comunitária apresentada anteriormente. Para que houvesse a transposição em nível nesse trecho, houve um aterro considerado em parte dos trechos das rampas, visivelmente identificado no Corte Transversal HH. Prosseguindo no setor Anastácio, entre a Rua Monsenhor Castro Nery e a Avenida do Anastácio, além das rampas foi necessário projetar uma trincheira devido ao desnível, conforme Corte Longitudinal AA.
44
Figura 74 : Horta comunitária. Elaboração autoral, 2021.
O aclive existente entre a faixa de servidão e a Avenida do
delimitar o caminho em nível com a Avenida do Anastácio e a Rua
Anastácio é de seis metros, devido a necessidade de atingir a
Cel. Joaquim Monteiro, de acordo com as figuras 75 e 76, a
altura ideal para as torres de transmissão de energia continuarem
ampliação do Corte Longitudinal AA e o Corte Transversal JJ.
a transmissão pela cidade. Esse aclive limita as possibilidades de projeto para transpor nesse trecho da faixa de servidão. Sendo assim, a solução estrutural adotada foi uma abertura em trincheira para contenção do talude compactado resultante ao
45
Com a implantação da trincheira houve excedente corte no terreno que foi, posteriormente, utilizado em compensação no aterro ao final da travessia (vide Corte II).
Figura 75 : Perspectiva da trincheira vista da faixa de servidão para a Avenida do Anastácio. Elaboração autoral, 2021.
Figura 76 : Perspectiva da trincheira vista do acesso pela Avenida do Anastácio. Elaboração autoral, 2021.
6.
CO N S I D E R A Ç Õ E S F I N A I S
6.1. Conclusão A iniciativa de intervir em um trecho de faixa de servidão, pode
Aproveitando-se das infraestruturas urbanas existentes, como o
ser considerada utópica se não houver estudos e análises
Clube da Comunidade Jardim Mangalot, as Praças Alcebíades Souza
aprofundadas do local, das condicionantes das infraestruturas
e a Nerson Parreiras Dantas, a integração proposta através de
energéticas existentes, além das restrições para faixas de servidão.
sistema funicular, rampas acessíveis e até mesmo desenhos de
A área de intervenção atualmente está subutilizada com diversas problemáticas, usos irregulares e transposições pela população diariamente de maneira irregular. O projeto do parque linear visa suprir essas escassezes urbanas que a área necessita, através de integração, requalificação, melhoria paisagística e ambiental.
47
caminhos, qualificam e se tornam atrativos para a população. Um grande diferencial desse projeto é a movimentação de terra in loco, pois em diversos casos onde foi necessário corte do terreno para transposições por meio das rampas, a terra retirada foi aterrada no mesmo trecho de intervenção, como no caso do anfiteatro na Praça Alcebíades, no setor Mutinga e no final do trecho da trincheira, no setor Anastácio.
A terra excedente dos cortes topográficos pode ser utilizada nas
Em suma, este trabalho permite um olhar mais sensível às áreas
hortas comunitárias propostas, tanto nas horizontais em conjunto
que se tornam subutilizadas na cidade mesmo que sejam
das rampas, quanto na vertical, alocada na empena cega alta dos
destinadas a algum uso, como as faixas de servidão para a
edifícios residenciais no setor Elísio.
implantação de torres de transmissão de energia.
O parque linear proposto, setorizado em três setores, atende
Projetar a cidade para as pessoas deve ser considerado
todas as necessidades da área com soluções abrangentes e
prioridade pois, são elas que usufruem diariamente do local.
inovadoras.
Sendo assim, adaptar as condições existentes para melhor
Enquanto estudos preliminares, percebeu-se forte relação entre o setor Elísio e o setor Mutinga. As propostas de integração, qualificação e lazer se relacionam podendo ser consideradas e analisadas unicamente na intervenção.
aproveitamento da população, contribui diretamente na tão esperada qualidade de vida urbana da região.
6.2. Referências Bibliográficas SIMA, Secretaria de Infraestrutura e Meio Ambiente do Estado de São Paulo. A energia elétrica no Estado. Disponível em: <https://www.infraestruturameioambiente.sp.gov.br/infraestrutura/coorde nadorias/coordenadoria-de-energias-eletrica-e-renovaveis/a-energiaeletrica-no-estado/>. Acesso em: 8 mar. 2021; ALVES, Rodolfo F. Metrópoles brasileiras. Mundo Educação. Disponível em: <https://mundoeducacao.uol.com.br/geografia/metropolesbrasileiras.htm#:~:text=As%20metr%C3%B3poles%20brasileiras%20resulta ram%20da,segunda%20metade%20do%20s%C3%A9culo%20XX.&text=No %20Brasil%2C%20existem%20v%C3%A1rias%20metr%C3%B3poles,para% 20tornar%2Dse%20majoritariamente%20urbano.>. Acesso em: 8 mar. 2021; IACO, Agrícola. Cartilha de Preservação Ambiental na Faixa de Servidão da Linha de Transmissão de Energia. Disponível em: <http://www.graficapex.com.br/imgs/cartilha-linhao-20x20cm.pdf>. Acesso em 9 mar. 2021; COLIN, Silvio. Um projeto de Ângelo Murgel. Coisas da Arquitetura, 2010. Disponível em: <https://coisasdaarquitetura.wordpress.com/2010/07/13/um-projeto-deangelo-murgel/>. Acesso em 17 mai 2021;
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