Possibilidades de reabilitação no território da mooca ipiranga cambuci

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CAROLINE BETTI DA SILVA

POSSIBILIDADES DE REABILITAÇÃO NO TERRITÓRIO DA MOOCA MOOCA - IPIRANGA CAMBUCI IPIRANGA - CAMBUCI



Caroline Betti da Silva

POSSIBILIDADES DE REABILITAÇÃO NO TERRITÓRIO DA MOOCA - CAMBUCI IPIRANGA

Trabalho Final de Graduação apresentado à Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Presbiteriana Mackenzie como requisito parcial à obtenção do grau de Bacharel em Arquitetura. Orientador: Prof. Dr. Carlos Leite de Souza

São Paulo, 2014



Banca examinadora:

Carlos Leite de Souza Orientador Universidade Presbiteriana Mackenzie

Daniela Cristina Vianna Getlinger Convidada interna Universidade Presbiteriana Mackenzie

Alan Silva Cury Convidado externo Pontifícia Universidade Católica de Campinas

São Paulo, 10 de dezembro de 2014



À minha família, especialmente à minha mãe, Regina, e minha irmã, Andréia, pelo apoio, incentivo, ajuda e paciência durante esses cinco anos. Aos meus colegas, por terem me acompanhado e apoiado durante essa jornada, compartilhando todos os momentos que passados. Vocês me ensinaram muitas coisas. Aos meus professores, especialmente aos meus dois orientadores durante todo esse ano, Prof. Carlos Leite e Prof. Sami Bussab, por terem acreditado em mim e me incentivado.



RESUMO

nova população encontre equipamentos que supram as suas necessidades básicas.

O trabalho desenvolve a questão da requalificação urbana em antigas áreas industriais, que se encontram subutilizadas e degradadas, e busca, através da análise da área de estudo e de casos semelhantes em Barcelona, Paris e São Paulo, encontrar diretrizes e conceitos que sejam adequados à proposta de requalificação para a área escolhida: o antigo parque industrial dos bairros da Mooca, Cambuci e Ipiranga, inserido no perímetro da Operação Urbana Mooca - Vila Carioca. Dessa forma, procura-se entender os processos pelos quais passou a área de estudo e os impactos que eles tiveram na sua configuração atual. Trata-se de uma antiga área industrial, importante no processo de industrialização da cidade de São Paulo no século XIX, mas que hoje se encontra subutilizada do ponto de vista funcional e degradada do ponto de vista material. Como toda área industrial, possui estrutura viária desenvolvida (pois sem ela não seria possível o escoamento da produção) e consolidada, com a característica específica, nesse caso, de estar localizada no limite da área central da cidade de São Paulo. Ou seja, é uma área com grande potencial, mas não aproveitado. As possibilidades de transformação que existem nessa área já foram identificadas pelo poder público, uma vez que está implantada ali uma Operação Urbana Consorciada, em fase de estudos e discussões até o presente momento. As Operações Urbanas são importantes instrumentos catalisadores de investimentos para a requalificação de áreas degradas e são utilizadas em diversos países, cada qual com sua característica individual. A análise de casos semelhantes em Barcelona e Paris permite ver como essas cidades, que passaram por um processo de industrialização semelhante, mas muito anterior ao nosso, lidaram com esse problema. Quais foram os problemas e conquistas de suas intervenções. Já a análise de casos semelhantes na cidade de São Paulo, nos permite ver que tipo de intervenção é mais adequada para a cidade. A simples transposição de ações executadas em países com cultura, história e costumes diferentes não é capaz de recriar o sucesso (ou fracasso) alcançado originalmente. Vistas as dinâmicas do território e as formas possíveis de intervenção, propõe-se um projeto de requalificação da área, com o objetivo de revitalizá-la, criar empregos e moradias e, principalmente, garantir que a 9



SUMÁRIO Introdução 1.

2.

3.

4.

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A Estruturação do Território: Diagnóstico 1.1

O Processo de Concentração de Desconcentração Industrial

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1.2

Leitura do Território

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A Reestruturação Produtiva nos Grandes Territórios Urbanos 2.1

O Caso de Paris: ZAC Paris Rive Gauche

35

2.2

O Caso de Barcelona: Plano 22@ Barcelona

43

As Operações Urbanas Consorciadas 3.1

Uma Nova Forma de Planejamento na Cidade de São Paulo

53

3.2

Operação Urbana Consorciada Água Branca

55

Uma proposição 4.1

Operação Urbana Consorciada Mooca – Vila Carioca

71

4.2

Master Plan para o Território da Mooca | Unidade de Pronto Atendimento

77

Considerações Finais

101

Referências

105

11



Introdução

INTRODUÇÃO

O objeto de pesquisa deste trabalho é a área delimitada pela Operação Urbana Consorciada Mooca – Vila Carioca, definida pelo Plano Diretor Estratégico da cidade de São Paulo em 2002 e que se encontra em fase de discussões e audiências públicas para apresentação da proposta idealizada pelo Consórcio responsável. Trata-se de um território que foi de extrema importância para a cidade durante o processo de industrialização que aconteceu no início do século 20, mas que hoje se encontra estagnado e degradado, consequência das mudanças na lógica da produção fabril na metade do século e do pesado investimento em rodovias por parte do governo federal na época. O território localiza-se na região centro-sudeste de São Paulo, incluindo bairros centrais em seu perímetro, como o Cambuci. Possui infraestrutura farta, sendo cortado pela Linha 10 da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos), pelo Expresso Tiradentes, pela Linha 2-Verde do Metrô e pela Avenida do Estado, importante via da cidade e grande potencial construtivo, apesar dos problemas de drenagem urbana. O objetivo deste trabalho é, portanto, entender como se formou esse território, quais são seus pontos fortes e deficiências e buscar alternativas para a ocupação atual através de um projeto urbano. Para isso, a pesquisa foi organizada da seguinte forma: análise do território; análise de projetos urbanos em situações semelhantes em Paris e Barcelona; análise do instrumento da Operação Urbana Consorciada e da Operação Urbana Consorciada Água Branca; e proposta. Na primeira parte, pretende-se entender como foi formado o território da Operação Mooca – Vila Carioca, principalmente o seu parque industrial e o que levou às indústrias a deixarem essa região. São analisadas também as condições de drenagem, de conservação das edificações e quais são os meios de acesso à área dentro do contexto da municipalidade. Procura-se construir uma base sólida de conhecimento sobre a área de forma a projetar da forma mais adequada e condizente com o entorno.

Na segunda parte, são analisados os projetos urbanos ZAC Paris Rive Gauche, em Paris, e 22@ Barcelona, em Barcelona, exemplos de projetos de requalificação urbana em antigas áreas industriais obsoletas e degradadas. A cidade de Paris buscou ativar a área atraindo empresas e, principalmente, construindo equipamentos de cultura e educação para criar um novo polo na cidade. Já Barcelona procurou alcançar o sucesso da operação investindo em infraestrutura tecnológica de ponta para atrair empresas da nova economia, que tem como base para a sua produção o conhecimento e a tecnologia. Ambos são projetos que ainda estão em desenvolvimento, mas em estágio muito mais avançado do que a Operação Urbana Consorciada Água Branca, analisada na terceira parte do trabalho, e que propõe uma ocupação e desenvolvimento da área mais interessante do que a observada em outras operações paulistas como Faria Lima e Água Espraiada. O instrumento das Operações Urbanas Consorciadas também é objeto de estudo na terceira parte. Definido pelo Estatuto da Cidade em 2001, que regularizou as operações urbanas e delegou a ela um caráter social-econômico, buscando evitar o processo de gentrificação e expulsão da população local. A Operação Urbana Consorciada Água Branca, com lei aprovada pela Câmara Municipal de São Paulo, é, atualmente, uma inovação com relação às executadas anteriormente. Em sua lei foram especificados diversos mecanismos para criar uma paisagem urbana de qualidade, com diversidade de tipologias, mais áreas verdes, populações de diversas faixas de renda através de mecanismos que garantem a permanência da população mais carente, espaço para meios de transporte alternativo e incentivo a eles. Essa tendência nas operações é visível, também, na Operação Mooca – Vila Carioca, centro de todo o trabalho. Vemos na última parte do trabalho que as diretrizes sociais e ambientais da Água Branca também estão sendo aplicadas na Mooca. A operação ainda está em fase de discussões e, portanto, passível de alterações, mas já demonstra uma mudança na mentalidade por trás das transformações propostas na cida13


Possibilidades de Reabilitação no Território da Mooca - Cambuci - Ipiranga

de de São Paulo. Por fim, é apresentada a proposta de um Master Plan para um trecho da Operação Urbana Consorciada Mooca Vila Carioca que busca, a partir de todo o conhecimento adquirido a partir da análise dos três (3) casos apresentados, propor uma ocupação que priorize o espaço público conectado com as áreas verdes ao mesmo tempo em que abre espaço para novos postos de trabalho e moradias, criando uma nova centralidade na cidade, alternativa às existentes atualmente, concentradas no setor sudoeste da cidade e na área central. Além de propor uma paisagem urbana de qualidade, é a intenção principal desse trabalho que a população atraída por essa nova centralidade tenha todo o apoio e suporte necessário para ter uma boa condição de vida, ou seja, que tenha serviços de educação, saúde e lazer adequados. Para isso, um conjunto de equipamentos básicos foi projetado na área, com destaque para a Unidade de Pronto Atendimento, detalhada posteriormente.

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CAPÍTULO 1

A ESTRUTURAÇÃO DO TERRITÓRIO: DIAGNÓSTICO



A Estruturação do Território: Diagnóstico

1.1. O PROCESSO DE CONCENTRAÇÃO E DESCONCENTRAÇÃO INDUSTRIAL A cidade de São Paulo surgiu como um pólo centralizador entre os vários caminhos que conectavam o interior de São Paulo aos estados de Minas Gerais e Rio de Janeiro e ao Porto de Santos. A construção da São Paulo Railway (antiga Santos-Jundiaí) em 1867, o primeiro corredor de exportação entre o interior paulista e o Porto de Santos, reforçou a sua característica de pólo, marcou o início do processo de desenvolvimento do sistema ferroviário no estado de São Paulo e concentrou os investimentos nas suas imediações. Criou-se, assim, um ambiente propício para o processo de industrialização pelo qual passou a cidade no século XX. (BIDERMAN; GROSTEIN; MEYER: 2004; MENEGON:2008) A ocupação industrial aconteceu, primeiramente, ao longo do sistema ferroviário implantado ao longo das várzeas dos rios Tietê e Tamanduateí. As indústrias buscavam áreas que atendessem a três (3) variáveis: água abundante e barata para a disposição de resíduos, lotes generosos e sistema viário para escoamento da produção. As áreas de várzeas, ainda não ocupadas e, portanto, baratas, com pouco controle ambiental e cortadas pela ferrovia eram ideais para a planta industrial. (BIDERMAN; GROSTEIN; MEYER: 2004; MENEGON: 2008) Dessa forma, formou-se um extenso parque industrial nas regiões que hoje formam os bairros da Lapa, Barra Funda, Bom Retiro, Brás, Mooca, Cambuci e Ipiranga. Nas áreas próximas a essa grande concentração de fábricas, formaram-se vilas e cortiços, construídas pelos próprios trabalhadores. Sem nenhum tipo de planejamento ou ordem, essas vilas não possuíam condições adequadas de saneamento, estrutura viária ou moradia. Eram lugares insalubres, que tinham sua situação agravada pela contaminação do solo e da água por conta própria atividade industrial. (VALENTIM: 2007) Na década de 1950, o parque industrial paulistano já estava consolidado. O governo federal investia intensamente na indústria de bens de consumo e produção e na abertura de rodovias. Os investimentos atraíram mais fábricas para São Paulo, que se já se viam obrigadas a se instalarem em áreas mais distantes, como a Vila Leopoldina, onde

estavam os únicos terrenos disponíveis. Ao mesmo tempo, as ferrovias deixaram de receber tanta atenção do poder público, que passou a investir na construção das rodovias intermunicipais e interestaduais, o que alterou a lógica na escolha dos novos sítios industriais. (MENEGON: 2008) As indústrias, que antes buscavam o eixo das ferrovias para implantar suas instalações, passaram a buscar o eixo das rodovias, principais vias de transporte e escoamento da produção a partir daquele momento. As novas fábricas já não procuravam mais o tradicional, e saturado, eixo do Rio Tamanduateí e algumas antigas empresas começaram a transferir suas instalações. Até as grandes indústrias que escolheram permanecer na área diminuíram o quadro de funcionários, acarretando em muitas áreas vazias dentro dos próprios galpões. (ROLNIK, 2000 apud MENEGON: 2008) O processo de desconcentração industrial (mais visível a partir da década de 1970), no entanto, não aconteceu de forma uniforme. Uma vez que o eixo ordenador da ocupação industrial passou a ser as rodovias, a abertura de vias expressas nos fundos de vale, como a Avenida do Estado, deu a alguns bairros uma espécie de sobrevida. Os bairros da Mooca, Cambuci e Ipiranga, vizinhos à Avenida do Estado, apesar da forte tendência de abandono dos bairros centrais, passaram por esse processo com menor intensidade. (ROLNIK: 2000 apud MENEGON: 2008. P.23) Ao mesmo tempo, a evolução da tecnologia alterava as formas de produção fabris. Com maior participação da informática na comunicação informacional e maquinário mais evoluído, tornou-se possível uma maior flexibilização produtiva. Esses dois fatores em conjunto – flexibilização produtiva e interesse em novas áreas de implantação da indústria – permitiram que, apesar do deslocamento dos setores produtivos, as empresas mantivessem em São Paulo os seus setores administrativos e de apoio. (BIDERMAN; GROSTEIN; MEYER: 2004; VALENTIM: 2007) A cidade de São Paulo tornou-se, novamente, o pólo centralizador, o nó entre a economia local e o mercado internacional, concentrando 19


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em seu território um grande número de empresas multinacionais, cujas atividades se concentram nos serviços especializados. Passando a ter uma nova vocação, a de cidade prestadora de serviços, dando início a uma nova fase de desenvolvimento econômico. (CARVALHO: 2000, apud MENEGON: 2008)

1.2. LEITURA DO TERRÍTÓRIO

Apesar do novo cenário, os antigos bairros industriais não foram incluídos no processo. O crescimento da cidade prestadora de serviços foi feito a partir do desenvolvimento e ocupação de novas regiões da cidade (seguindo o vetor sudoeste) para que essas assumissem o lugar dos bairros consolidados, ao invés de as complementarem. Os antigos bairros industriais ficaram, então, estagnados e se degradaram. (VALENTIM: 2007)

LOCALIZAÇÃO ESTRATÉGICA: A LINHA DE TREM E A AV. DO ESTADO

Dessa forma, temos hoje uma vasta dentro do centro expandido da cidade, equipada com infraestrutura desperdiçada. O desenvolvimento da cidade de São Paulo aconteceu através do espraiamento da mancha urbana, e não do adensamento. Sem o controle do poder público sobre o preço das áreas equipadas pela infraestrutura, a população de baixa renda buscou moradia em terrenos cada vez mais distantes, que não são atendidas pelos novos projetos de infraestrutura e desenvolvimento executados pelo poder público. Esta situação sobrecarrega ainda mais o insuficiente sistema viário urbano e ocasiona o que temos hoje: a total desorganização do funcionamento das áreas metropolitanas. (BIDERMAN; GROSTEIN; MEYER: 2004)

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Considerando o processo pelo qual passou a área de estudo, a avaliação de sua situação atual, suas potencialidades e deficiências pode ser melhor efetuada através das imagens e esquemas que seguem.

Como vimos, a posição estratégica de São Paulo (e de sua área central) foi um importante fator para a escolha dos bairros centrais como sítio para a implantação da infraestrutura urbana, principalmente de transportes, e, consequentemente, do parque industrial. Mesmo após o processo de desconcentração industrial, a área se mantém como região estrategicamente localizada dentro da cidade de São Paulo. A antiga São Paulo Railway deu lugar à Linha 10 – Turquesa da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos) no trecho entre Rio Grande da Serra e a Estação da Luz e faz conexões com as linhas 1 – Azul e 3 – Vermelha do Metrô, facilitando o acesso à região central da cidade e outras regiões. A presença da Linha 2 – Verde do Metrô e do Expresso Tiradentes, que percorre junto a Avenida do Estado, ajudam no deslocamento da população da região do ABC paulista a São Paulo. A Avenida do Estado, via expressa que acompanha o trajeto do Rio Tamanduateí, conecta a Marginal Tietê às Rodovias Anchieta e Imigrantes e às cidades do ABC paulista, passando pelos bairros centrais e pela área de estudo. Além de toda a infraestrutura de transportes, a área é muito próxima aos bairros da Sé e República, onde se encontram grande parte dos postos de trabalho, segundo a Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano em Informe Urbano de Dezembro de 2011.


A Estruturação do Território: Diagnóstico PARQUE ECOLÓGICO DO TIETÊ

PARQUE D. PEDRO II

PARQUE DA JUVENTUDE CAMPO DE MARTE

PARQUE DA ÁGUA CA

PARQUE DA LUZ

UES

RQ PTM

A (C )

PARQUE ECOLÓGICO VILA PRUDENTE

PARQUE DO IBIRAPUERA

. DO / AV

PARQUE DA ACLIMAÇÃO

PARQUE DA INDEPENDÊNCIA

Í ATE DU

PARQUE DA ACLIMAÇÃO

- TU

AN TAM

PARQUE TRIANON

10

RIO

HA

LIN

PARQUE D. PEDRO II

FAVELA DO HELIÓPOLIS AEROPORTO DE CONGONHAS

DO

A EST PARQUE DA INDEPENDÊNCIA

SÃO BERNARDO DO CAMPO

PARQUE DO ESTADO

HELIÓPOLIS DIADEMA

Imagem 01: Perímetro da Operação Urbana (em amarelo) na cidade de São Paulo. Fonte: Elaboração própria sobre base fotográfica do Google Earth em maio de 2014.

Imagem 02: Área de intervenção (em laranja) dentro do perímetro da Operação Urbana e os eixos estruturadores da área, o Rio Tamanduateí/Avenida do Estado e a Linha de trem. Fonte: Elaboração própria sobre base fotográfica do Google Earth em maio de 2014.

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A

EST ADO AV. DOM PEDRO i

LINHA 11 - CORAL DA CPTM LINHA 3 - VERMELHA DO METRÔ

MALUF FARAH

AV. DO

LIM AV. SA

RA TA N Â LC . A ADO V A CH MA R. DA MOO C

AV. PA ES

DE

LINHA 6 - LARANJA DO METRÔ

BA RR OS

LINHA 10 - TURQUESA DA CPTM

AV. NAZARÉ

AV. RIC ARD O

R. DAS JUNTAS PROVISÓRIAS

JAF ET

EXPRESSO TIRADENTES

Diagrama 01: Macro acessibilidade na área da Operação: as vias estruturais estão representadas com linha espessa. Em amarelo está a área de intervenção. Fonte: Elaboração própria sobre mapa da SEMPLA.

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LINHA 2 - VERDE DO METRÔ

Diagrama 02: Linhas de transporte público de massa encontradas área atualmente ou projetadas. Em amarelo está a áea de intervenção. Fonte: Elaboração própria sobre mapa da SEMPLA com base nos dados disponibilizados pela Secretaria de Desenvolvimento Urbana em sua publicação “Diretrizes para projeto: Operação Urbana Consorciada Mooca - Vila Carioca.”


A Estruturação do Território: Diagnóstico

Imagem 03: Fotografia tirada a partir da Estação C. A. Ypiranga do Expresso Tiradentes. Nela é visível três dos principais elementos estruturadores da área: o Expresso Tiradentes à esquerda, o Rio Tamanduatéi no centro e a Avenida do Estado correndo ao longo das duas margens do rio. À direita está o galpão de armazenamento da Elog Logística. Fonte: Acervo pessoal

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GRANDE POTENCIAL CONSTRUTIVO Mesmo com boa parte dos lotes e galpões em funcionamento, existe também um bom número de construções vazias na área de estudo, que colaboram para o estado de degradação e abandono no qual se encontra a região. Apenas as áreas subutilizadas já compõe uma grande área com potencial para a construção de novos edifícios. Ao estender essa área ao lotes que hoje estão em funcionamento, esse potencial aumenta consideravelmente. Imagem 04: Parque industrial da Mooca, cortado pela ferrovia (Linha 10 - Turquesa da CPTM), à esquerda, e pela Avenida Henry Ford, à direita. É uma grande área com enorme potencial construtivo. Fonte: SÃO PAULO, Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano. “Diretrizes para projeto: Operação Urbana Consorciada Mooca - Vila Carioca.

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A Estrutura莽茫o do Territ贸rio: Diagn贸stico

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Possibilidades de Reabilitação no Território da Mooca - Cambuci - Ipiranga

Diagrama 03: Parque industrial, se estende por boa parte da ferrovia. Fonte: Elaboração própria sobre mapa da SEMPLA.

Diagrama 04: Identificação dos lotes que ainda estão em atividade (verdes) ou abandonados (cinza). Vê-se que, mesmo após o processo de desconcentração pelo qual passou a cidade, muitas indústrias permaneceram na região ou tiveram seus terrenos reutilizados para outros usos. Um dos motivos para isso seria a implantação da Avenida do Estado, que deu uma espécie de sobrevida para essa região. Fonte: Elaboração própria sobre mapa da SEMPLA com base nos dados disponibilizados pela Secretaria do Verde e do Meio Ambiente em sua publicação “Planejamento urbano e integrado e participação social na recuperação e reintegração de áreas degradadas: Lições aprendidas do Projeto Piloto INTEGRATION na região Mooca - Vila Carioca”

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A Estruturação do Território: Diagnóstico

Imagem 06: Vista da Av. Henry Ford, é possível ver algumas fábricas em funcionamento. Fonte: Acervo pessoal.

Imagem 05: Vista da Av. Presidente Wilson e seu conjunto industrial. Fonte: UNA ARQUITETOS. “Requalificação Urbana da Mooca - Ipiranga.

Imagem 07: Parque industrial da Mooca, visto a partir de edificio na Avenida Dom Pedro I, no Cambuci. Em primeiro plano está o Expresso Tiradentes. Fonte: Acervo pessoal.

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Possibilidades de Reabilitação no Território da Mooca - Cambuci - Ipiranga

Imagem 09: Galpão industrial abandonado no encontro entre a Avenida do Estado e Avenida Presidente Wilson. Fonte: Acervo pessoal

Imagem 08: Antigo edifício da antiga Companhia Antárctica Paulista na Av. Presidente Wilson. Mesmo com mais da metade das fábricas em funcionamento, aquelas que não estão se encontram abandonadas e degradadas.

Imagem 10: Fábrica Labor, em processo de tombamento.

Fonte: SÃO PAULO ANTIGA. “Antarctica Paulista”

Fonte: SMDU: 2012

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A Estruturação do Território: Diagnóstico

QUESTÃO AMBIENTAL: DRENAGEM E ÁREAS VERDES A população residente no perímetro da área de estudo convive com as enchentes do Rio Tamanduateí desde o início da ocupação da sua várzea, ou seja, os problemas de drenagem da região não são recentes. A negligência com relação aos cursos d´água e a falta de áreas verdes em quantidade e qualidade apenas agravam o problema. Além disso, o tipo de ocupação no entorno do rio e as ações do poder público (como a construção do Expresso Tiradentes, a canalização do rio e o tamponamento do mesmo no trecho entre a Praça Alberto Lion e a Estação Pedro II do Metrô) não só agravam o problema como também criam um ambiente inóspito, sem qualidade urbana ou ambiental. Imagem 11: Rio Tamanduateí canalizado e poluído com uma de suas margens ocupada pelos pilares de sustentação do Expresso Tiradentes. Fonte: UNA ARQUITETOS. “Requalificação Urbana da Mooca - Ipiranga”

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Possibilidades de Reabilitação no Território da Mooca - Cambuci - Ipiranga

O AV. DOM PEDR I

EÍ UAT AND TAM RIO

PQE. DA ACLIMAÇÃO

RIO IPIR ANG A

PQE. DA INDEPÊNCIA

Diagrama 05: Rios principais e córregos da região. Fonte: Elaboração própria sobre mapa da SEMPLA com base nos dados disponibilizados pela Secretaria do Verde e do Meio Ambiente. Disponível em < http://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/ secretarias/meio_ambiente/umapaz/caderno_das_aguas/index.php?p=24598> em 10/05/2014

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Diagrama 06: Áreas verdes principais, elas são escassas e concentradas, dificultando a drenagem urbana. Fonte: Elaboração própria sobre mapa da SEMPLA


A Estruturação do Território: Diagnóstico

Imagem 13: Calçada da Av. Presidente Wilson alagada. É importante mencionar que chovia fraco no dia em que a foto foi tirada, o que não deveria inundar o passeio. Fica evidente a gravidade do problema da drenagem urbana. Fonte: Acervo pessoal

Imagem 12: Rio Tamanduateí canalizado e poluído. Em época de chuvas, o rio invade as pistas da Avenida do Estado, causando transtornos na região. Fonte: Acervo pessoal

Imagem 14 : Início da pista expressa da Avenida do Estado, na altura da Praça Alberto Lion, que corre sobre o leito do rio. Fonte: Acervo pessoal

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CAPÍTULO 2

A REESTRUTURAÇÃO PRODUTIVA NOS GRANDES TERRITÓRIOS URBANOS



A Reestruturação Produtiva nos Grandes Territórios Urbanos

2.1 O CASO DE PARIS: ZAC PARIS RIVE GAUCHE A ZAC Paris Rive Gauche é uma operação urbana desenvolvida numa área de 130 ha dentro do 13º arrrondissement de Paris. A região, ocupada por grandes galpões industriais, passou por um processo de abandono e degradação ao longo do século 20, devido à evolução das formas de produção e às decisões do próprio governo parisiense que incentivou, por exemplo, o desenvolvimento do setor financeiro em La Defense, no oeste da cidade. (VIEIRA: 2012) A área, degradada e ocupada pelos trilhos dos trens, isolava os bairros do entorno com relação ao restante da cidade, então, em 1991, foi aprovada a ZAC Paris Rive Gauche. As ZAC´s são instrumentos urbanísticos que permitem a flexibilização da legislação urbanística vigente, podendo ser utilizadas para implementar operações variadas como renovação e reabilitação urbana, realização de novos bairros residenciais, implantação de atividades industriais, comerciais, turísticas ou de serviços, ou realização de instalações de equipamentos coletivos públicos ou privados. Definindo áreas passíveis de projetos de desenvolvimento e transformação urbana. (MALERONA: 2010) Em geral, as ZAC’s são administradas por sociedades de economia mista (público e privado), criadas para esse fim. Este tipo de sociedade consegue formar parcerias mais facilmente, sem que seja retirada da coletividade a importância sobre as decisões da operação. No caso da ZAC Paris Rive Gauche, a administração do território foi delegada à SEMAPA – Société d´Économie Mixte d’Aménagemet de Paris -, responsável por desenvolver, planejar e implementar os projetos urbanos, principalmen-

te, as obras públicas de infraestrutura, revender os terrenos adquiridos para a iniciativa privada e coordenar o restante. (MALERONA: 2010) Junto a SEMAPA existe o CPC – Comité Permanent de Concertation – que reúne agentes públicos, representantes de conselhos de bairro, organizações não governamentais, estudantes, trabalhadores e instituições públicas e privadas. Seu objetivo é garantir um espaço aberto para debates, visando sempre à evolução do projeto. As alterações feitas estão previstas na lei das ZAC´s pois, dessa forma, garante-se que, mesmo um projeto feito para atender as lógicas de mercado, possa ser controlado e direcionado pelo poder público, que irá sobrepor o interesse público sobre o privado quando necessário. (MALERONA: 2010)

Imagem 15: Área da ZAC Paris Rive Gauche na década de 1990, a Biblioteca Nacional da França da estava concluída. Fonte: SCOT, Marie. “1986-1996: Mirages immobiliers” Sciences Po, Paris, 1997. Disponível em <http://www.sciencespo.fr/stories/#!/fr/ frise/97/mirages-immobiliers/> em 20/11/2014

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Possibilidades de Reabilitação no Território da Mooca - Cambuci - Ipiranga

É por conta deste espaço aberto às discussões que a ZAC é uma operação que tem como principais objetivos melhorar a conexão desse trecho com o restante da cidade e as cidades periféricas, aumentar a quantidade de áreas verdes e criar uma dinâmica urbana variada abrigando diversos usos, atraindo grandes multinacionais, trazendo habitações de interesse social e estudantil para o centro urbano da cidade e integrando a universidade à cidade. A intenção inicial era criar um bairro de escritórios, somente, o que foi alterado após diversos debates. (SEMAPA: 2013) (MALERONKA: 2010) A integração com o restante do tecido da cidade norteou o desenvolvimento do projeto. Para tanto, construiu-se uma grande laje de 26 ha sobre a linha férrea sobre a qual se criou a Avenue de France, novo eixo estruturador local que parte da Gare d´Austerlitz e se estende por 3 km até o Boulevard Massena, e a base para a inserção de novas quadras. (SEMAPA: 2013) Além disso, seis pontos determinam a construção do entorno e o seu funcionamento: traçado viário organizado paralelamente ao curso

PONTE CHARLES DE GAULLE ESTAÇÃO DE AUSTERLITZ

do Rio Sena; edifícios com gabaritos limitados de acordo com parâmetros definidos a partir da largura do leito carroçável, de modo que a insolação no passeio e nas fachadas seja sempre otimizada e o skyline de Paris não seja muito alterado; reabilitação de edifícios históricos; sistema de transporte público eficiente; intervenção setorizada e grandes equipamentos de infraestrutura. (DURVAL-ZAC: 2006 apud MALERONKA: 2010) A área da ZAC é organizada em 4 grandes bairros estruturados por um projeto âncora cada, que dão visibilidade para a intervenção e atraem importantes investimentos. Cada setor, por sua vez, é dividido em quadras. Essas quadras, após todo o investimento feito pela SEMAPA, são delegadas a um arquiteto-coordenador responsável pelo desenvolvimento de um plano de massas detalhado que atenda às diretrizes determinadas pelo órgão administrador. A própria Avenue de France, inclusive, foi delega a um arquiteto-coordenador. O projeto dos edifícios fica a cargo de outros escritórios, que recebem do arquiteto coordenador as diretrizes de ocupação elaboradas por ele. Dessa forma, diversas instâncias são responsáveis pelo desenvolvimento da ZAC em diferentes escalas e não é concentrado o poder de decisão em apenas uma organização. (SEMAPA: 2013) PARQUE DE BERCY RIO SENA

JARDIM DAS PLANTAS (JARDIM BOTÂNICO)

LIMITE DE MUNICÍPIOS PARIS - VAL-DE-MARNE

Imagem 16: Perímetro da ZAC e seu entorno. Fonte: Elaboração própria sobre base fotográfica do Google Earth

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A Reestruturação Produtiva nos Grandes Territórios Urbanos

PARIS RIVE GAUCHE (SEMAPA: 2013) 130 ha de intervenção 585 000 m² de unidades habitacionais; 745 000 m² de escritórios; 405 000 m² de comércios e serviços; 665 000 m² de equipamentos; Imagem 17: Área da ZAC ainda em desenvolvimento. A operação ainda está em desenvolvimento, mas em estágio avançado. 55 000 m² de equipamentos locais. Fonte: SEMAPA. “Paris Rive Gauche”. 2013

QUARTIER AUSTERLITZ

QUARTIER TOLBIAC

QUARTIER MASSENA

QUARTIER BRUNESSEA Imagem 18: Quartiers (setores) da ZAC e Avenue de France (em preto). Fonte: Elaboração própria sobre base fotográfica do Google Earth.

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Possibilidades de Reabilitação no Território da Mooca - Cambuci - Ipiranga

Habitação Equipamentos públicos Equipamentos culturais Escritório Imagem 19: Plano Urbanístico para a intervenção: os escritórios estão concentrados no limite da Avenue de France e no Quartier Austerlitz, onde a oferta de transporte público é mais farta; os equipamentos públicos estão concentrados no Quartier Massena, para ativar o setor; já as habitações não se concentram em um único lugar, mas é possível notar que ao lado do rio e no Quartier Massena elas existem em maior número. Isso acontece pela necessidade de oferecer habitação estudantil nas proximidades da Universidade e pela intenção de criar uma relação mais próxima entre os moradores e o Rio Sena. Fonte: Arquivo cedido pelo escritório Triptyque Projetos LTDA.

Imagem 20: Esplanada em frente ao edifício Grand Moullins, transformado em Universidade. Fonte: SEMAPA. “Paris Rive Gauche”. 2013

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A Reestruturação Produtiva nos Grandes Territórios Urbanos

Os 4 bairros que compõe a ZAC e seus respectivos projetos âncora são: Quartier Auterlitz com a renovação da Estação de Trem de Austerlitz; o Quartier Tolbiac com a Biblioteca Nacional da França, de Dominique Perrault; o Quartier Massena-Bruneseau com o projeto da Universidade Paris-Diderot Paris VII, construída a partir da renovação dos antigos galpões do Grands Moullins e Halle aux Farines, um dos pontos principais da intervenção, e o Quartier Bruneseau, com a construção de um boulevard periférico de conexão com a periferia. (SEMAPA: 2013) Cada quartier, por sua vez, é dividido em quadras organizadas a sul ou a norte da Avenue de France, basicamente. Serão detalhadas 3 quadras, todas voltadas para o rio Sena e a Avenue de France.

QUARTIER AUSTERLITZ

QUARTIER TOLBIAC

QUARTIER MASSENA

QUARTIER BRUNESSEA

Imagem 21: Quadra Austerlitz Nord, em vermelho. Fonte: Elaboração própria sobre base fotográfica do Google Earth

AUSTERLITZ NORD Todos os quarteirões do setor Austerlitz possuem uma maior quantidade de escritórios do que de edifícios residenciais ou equipamentos culturais. Isso se deve à proximidade dos quarteirões à Gare d’Austerlitz, que concentra duas estações de metrô e uma de trem. Como um dos objetivos principais da ZAC é atrais sedes de empresas internacionais para essa área, é importante que as estações de trabalho estejam localizadas próximas a esses meios de transporte de massa. Outro objetivo do projeto urbano é melhorar a relação dos franceses com o rio Sena, criando equipamentos e passeios que façam a população ir até ele. Por isso, existem passagens internas na quadra que fazem a ligação entre a Avenue de France e o rio, algumas são públicas e outras privadas, restritas aos edifícios de escritório, mas que são abertas ao público durante o horário comercial. Além disso, foi feito o Docks on Seine, um projeto que revitalizou um antigo depósito industrial do início do século XX e que agora abriga o Instituto Francês de Moda e diversas atividades ligadas à moda e design, inclusive desfiles e eventos. A cobertura do antigo depósito foi transformada em um terraço que abriga os mais variados usos durante o dia: festas, oficinas, restaurantes durante o dia e a noite, etc. (SEMAPA: 2013)

Imagem 22: Praça pública e boulevard em frente ao Rio Sena. Ao fundo, o Docks on Seine. Fonte: SEMAPA. “Paris Rive Gauche”. 2013

Imagem 23: Docks on Seine visto do Rio Sena. Fonte: SEMAPA. “Paris Rive Gauche”. 2013

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Possibilidades de Reabilitação no Território da Mooca - Cambuci - Ipiranga

TOLBIAC NORD O quarteirão Tolbiac Nord foi o primeiro a ser entregue e a Biblioteca Nacional da França, de Dominique Perrault, teve um papel muito importante neste feito. O programa, na verdade, não havia sido considerado nos primeiros estudos da ZAC, mas foi responsável por dar visibilidade a operação. Com a Biblioteca finalizada em 1995, a intervenção ganhou credibilidade e atraiu diversos investidores que viabilizaram financeiramente as moradias, a extensão do metrô e a instalação de outros equipamentos públicos no entorno. (MALERONKA: 2010) Além de abrigar a Biblioteca Nacional, o projeto é utilizado, também, para travessias. A grande praça central projetada permite a conexão entre a margem do Sena e a Avenue de France por um nível mais baixo. Já a grande praça seca superior recebe uma das pontas da passarela Simone de Beauvoir, que faz a conexão entre as duas margens do rio, chegando ao Parque de Bercy do outro lado.

Imagem 25: Biblioteca Nacional da França (BNF) vista a partir do Rio Sena. Fonte: SEMAPA. “Paris Rive Gauche”. 2013

Outra solução encontrada para melhorar a relação da população com o rio Sena foi concentrar a maioria das residências na face voltada para ele e os escritórios na Avenue de France. Essa é uma forma de criar uma ligação diferente com rio, pois o morador vai entender o Sena como parte da sua casa e cuidará mais dele. Imag em 26: Passarela Simone-de-Beauvoir. Ao fundo, a BNF.

Ao mesmo tempo, foram criadas duas praças internas no meio da quadra (uma de cada lado da biblioteca) que fazem uma passagem entre a Avenue de France e o rio Sena. Essas praças possuem uma escala menor e se tornam, além de passagem, um espaço de permanência, arborizado e mais “reservado”. É possível perceber a importância dada ao rio Sena neste projeto, a todo o momento são vistas conexões que trazem a cidade ao Sena e vice-versa.

QUARTIER AUSTERLITZ

TOLBIAC

Fonte: SEMAPA . “Paris Rive Gauche”. 2013

QUARTIER MASSENA

Imagem 24: Quadra Tolbiac Nord, em vermelho.

Imagem 27: Praças internas.

Fonte: Elaboração própria sobre base fotográfica do Google Earth

Fonte: SEMAPA . “Paris Rive Gauche”. 2013

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A Reestruturação Produtiva nos Grandes Territórios Urbanos

MASSÉNA – NORD O quarteirão Mássena-Nord teve como arquiteto responsável Christian de Portzamparc. Nesse quarteirão, o arquiteto implantou o seu conceito da quadra aberta1, ou seja, não determinou um plano de massas rígido como feito por outros arquitetos responsáveis, mas criou regras que permitissem variadas tipologias, aberturas e fechamentos de modo a formar espaços internos de pequena e média escala, públicos e semi-públicos. Para manter a unidade entre os imóveis (apesar da diversidade), alguns parâmetros são comuns como gabarito e alinhamento.

QUARTIER AUSTERLITZ

QUARTIER TOLBIAC

QUARTIER

QUARTIER BRUNESSEA

Imagem 28: Quadra Massena Nord, em vermelho. Fonte: Elaboração própria sobre base fotográfica do Google Earth

Esse quartier foi escolhido para abrigar o novo polo universitário da região. Foi criada a Universidade Paris Diderot e a Escola de Arquitetura do Vale do Sena, através da reabilitação de alguns galpões industriais e da construção de alguns novos edifícios. Como é possível ver na implantação, a praça central faz a ligação entre a universidade e as residências e escritórios do entorno que têm como pano de fundo o Rio Sena. Novamente, cria-se um elemento que estabelece uma relação mais próxima entre os moradores e o rio, estreitando-a. A instalação da Universidade no perímetro do projeto, no entanto, encontrou dificuldades, principalmente por parte dos investidores (comerciantes e incorporadores imobiliários) que temiam que a área ficasse esvaziada nas férias e fins de semana. Ainda hoje, há dificuldade para encontrar pessoas que queiram se instalar perto da universidade. (ASCHER: 2004 in MALERONKA:2010) 1 “A quadra aberta é por essência um elemento híbrido conciliador. Permite a diversidade, a pluralidade da arquitetura contemporânea. Ela recuperar o valor da rua e da esquina da cidade tradicional, assim como entende as qualidades da autonomia dos edifícios modernos. A relação entre os distintos edifícios e a rua se dá por alinhamentos parciais, o que possibilita aberturas visuais e o acesso mais generoso do sol. Os espaços internos gerados pelas relações entre as distintas tipologias podem variar do restritamente privado ao generosamente público, sem desconsidera as nuances entre o semipúblico e o semiprivado.” (FIGUEROA: 2006)

Imagem 29: Universidade Paris-Diderot. Fonte: SEMAPA. “Paris Rive Gauche”. 2013

Imagem 30: Quadra aberta. Fonte: ARTHITECTURAL. “Atelier Christian de Portzamparc|Quartier Massena”. Disponível em < http://www.arthitectural.com/atelier-christian-de-portzamparc-quartier-massena/ > em 20/10/2013

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AVENUE DE FRANCE A avenida principal da intervenção também foi delegada a um único arquiteto. A avenida foi projetada com ciclovias dos dois lados da rua, calçadas arborizadas e com, no mínimo, 4m de largura para o passeio, o que pode ser variável, em diversos trechos ao norte, onde o sol é mais fraco, o passeio pode chegar a até 8 metros para permitir maior incidência de luz. O gabarito dos edifícios foi limitado para coincidir com o skyline do resto da cidade de Paris e permitir a melhor insolação dentro do edifício e no passeio.

QUARTIER AUSTERLITZ

QUARTIER TOLBIAC

QUARTIER MASSENA

QUARTIER BRUNESSEA

Imagem 33: Avenue de France, em vermelho. Fonte: Elaboração própria sobre base fotográfica do Google Earth.

Imagem 31: Canteiro central da Avenue de France, espaço generoso para pedestres. Fonte: SEMAPA. “Paris Rive Gauche”. 2013

Imagem 34: Vista da Avenue de France a partir do canteiro central. Fonte: SEMAPA. “Paris Rive Gauche”. 2013

Imagem 32: Vista da Avenue de France a partir do canteiro central.

Imagem 35: Corte de um projeto implantado na quadra Tolbiac-Chevaleret, construída sobre a linha de trem, assim como a Avenue de France, à direita.

Fonte: SEMAPA. “Paris Rive Gauche”. 2013

Fonte: Arquivo cedido pelo escritório Triptyque Projetos LTDA.

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2.2 O CASO DE BARCELONA: PLANO 22@ BARCELONA O Plano 22@ Barcelona é um projeto de revitalização para uma região de aproximadamente 200 ha no bairro de Poblenou, distrito de Sant Martí, em Barcelona. O bairro se tornou, a partir de 1850, no grande parque industrial da cidade, crescendo de tal maneira que era considerada a Machester Catalã, em comparação com a cidade inglesa que foi protagonista no processo da 1ª Revolução Industrial. A partir dos anos 60, no entanto, esse intenso processo de industrialização desacelerou e deu início a um processo de degradação e desvalorização da área. (VIEIRA:2012) A área permaneceu expectante até que, em 1992, os Jogos Olímpicos de Verão realizados em Barcelona impulsionaram a renovação de diversas áreas subutilizadas da cidade, principalmente a área da Vila Olímpica, bairro próximo a Poblenou. Desde então, a política urbanística da cidade tem buscado o equilíbrio e a recuperação de partes desatualizadas da cidade, situação na qual se encontra o bairro. (SALES: 2008)

Sendo assim, foi aprovado em 2000 o Plano 22@ Barcelona, que deu início ao processo de transformação dessa área. Sua intenção é criar clusters2 de setores considerados estratégicos atualmente, como mídia, tecnologia da informação e comunicação, tecnologias médicas, 2 “Segundo Porter (1998), um cluster é a concentração geográfica de empresas e instituições interconectadas em torno de um determinado setor. São estruturas econômicas ativas compostas por fornecedores de componentes, maquinário e serviços e dispõem de ampla infraestrutura especializada. [...] Muitos clusters tem a presença de instituições como universidades, associações e centros de treinamento, que promovem educação, informação, pesquisa, treinamento especializado e suporte técnico, além de receberem o apoio de forças governamentais, que fomentam seu desenvolvimento na forma de incentivos e programas diversos.” (LEITE: 2012: P. 108) O ponto central dessa dinâmica entre empresas é a relação de mutualismo, cooperação e competição entre elas, que cria um ambiente propício para o surgimento de novas ideias criativas e inovadoras.

PRAÇA DAS GLÓRIAS CATALÃS

CATEDRAL DE BARCELONA

AV. DIAGONAL

RONDA LITORAL LIMITE DE MUNICÍPIOS BARCELONA - BADALONA

Imagem 36: Perímetro da intervenção 22@ Barcelona (em amarelo), o distrito Sant Martí (em vermelho) e pontos importantes do entorno. Fonte: Elaboração própria sobre base fotográfica do Google Earth.

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energia e design. Setores da chamada indústria do conhecimento, formada por “atividades que utilizem a informação como matéria prima e cujo resultado seja a produção do conhecimento” (SALES: 2008: P.242). Ao mesmo tempo, deseja-se criar um ambiente urbano compacto, diversificado e de qualidade, fazendo com que as empresas e indústrias coexistam com habitações, equipamentos e áreas verdes. Essa estrutura multifuncional favorece a diversidade social, a vitalidade do espaço público e permite que moradia e trabalho fiquem mais próximos. (BARCELONA: 2012) A partir dessas duas premissas, pretende-se devolver à cidade de Barcelona sua importância econômica. O protagonismo econômico, antes alcançado através da manufatura, se dará, agora, com a transformação da região do Poblenou em uma importante plataforma científica, tecnológica e cultural, atrativa para empresas envolvidas com as novas formas produtivas baseadas na tecnologia. (BARCELONA: 2012; SALES: 2008) Esse tipo de atividade exige uma reflexão sobre a organização de um espaço urbano capaz de abrigar e articular essas novas funções com as redes mundiais. Para tanto, foi necessária a revisão do Plano Geral Metropolitano, que vigorava desde 1976. Dessa ação resultaram mudanças importantes: melhorias na infraestrutura local, alterações nas leis urbanísticas e criação de instrumentos especiais de gestão. (LEITE: 2012; SALES: 2008) Com relação a infraestrutura, a cidade de Barcelona já possui uma vantagem: a malha urbana projetada por Cerdá em 1859. Ela tem

Imagem 37: Redes de fibra ótica e elétrica subterrâneas instaladas. Fonte: BARCELONA: 2012

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a capacidade de receber atualizações sucessivas sobre si mesma e suportar situações de grande carregamento de trânsito. Além disso, a própria malha foi complementada com o prolongamento da Av. Diagonal, a criação do Parque Diagonal Pere e 29km de ciclovias. Houve também o desenvolvimento de um novo plano de mobilidade com melhorias no transporte público. (SALES: 2008) As redes também foram melhoradas. Uma infraestrutura subterrânea de redes de fibra ótica e rede elétrica com 5 vezes mais capacidade do que a anterior foi instalada para dar suporte às atividades “@”3, que dependem desse tipo de rede para o seu bom funcionamento. A atualização da infraestrutura como um todo foi essencial para que o Plano 22@ Barcelona fosse implantado. (BARCELONA: 2012; LEITE: 2012) Além das intervenções dentro do perímetro definido pelo Plano, outros 3 projetos, de maior porte, o estruturam: a Estação Intermodal de La Sagrera, a Praça das Glórias Catalãs - que teve a estrutura viária que a cercava soterrada, ganhou a maioria das habitações sociais no seu entorno e recebeu 17.000 m² de áreas - e a renovação da orla do bairro de El Bésos i el Maresmee – com a construção do Fórum Universal das Culturas, novo centro de convenções, hotéis e campus universitário. (BARCELONA: 2012) As mudanças nas leis urbanísticas se relacionam com a alteração da qualificação da área e do coeficiente de aproveitamento. Antigamente, a qualificação urbanística do bairro do Poblenou era 22a, determinando uma ocupação exclusivamente industrial, seguindo a antiga lógica de organização do território por meio da setorização. Com a revisão do Plano Geral Metropolitano essa qualificação foi modificada para a 22@, que mantém a vocação industrial do bairro, mas a adapta às novas tecnologias, já que se trata de um território central da cidade, dentro do perímetro urbano consolidado. A qualificação 22@ também permite a ocupação do solo por outros usos como oficinas, habitações, comércios, equipamentos públicos e atividades @, possibilitando um trecho de cidade multifuncional. (LEITE: 2012; SALES: 2008) 3 As atividades @ se relacionam com os usos que utilizam tecnologia da informação e comunicação, empregam mão-de-obra qualificada, podendo trabalhar com desenho, edição, cultura, gestão de dados e mídia e ocupam menos espaço do que as empresas tradicionais. (BARCELONA: 2012)


A Reestruturação Produtiva nos Grandes Territórios Urbanos

22@ BARCELONA (BARCELONA:2012) 200 ha de intervenção Potencial construtivo de 4 000 000 m²

4 614 habitações requalificadas; 4 000 novas habitações; 150 000 novos empregos;

3 200 000 m² de atividades produtivas; 800 000 m² para outros usos; 114 000 m² de áreas verdes.

Imagem 38: Área de intervenção (em azul) e os três projetos estruturadores do perímetro. Fonte: BARCELONA: 2012

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Possibilidades de Reabilitação no Território da Mooca - Cambuci - Ipiranga

Já o coeficiente de aproveitamento da área sofreu um aumento, passou de 2,0 para 2,2 como compensação ao empreendedor pelo repasse de custos das melhorias na infraestrutura. Pela nova vocação definida para a área, estabeleceu-se uma adicional de 0,5 a ser somado aos 2,2 anteriores que deveria ser destinado às atividades “@”. E, por fim, mais um adicional de 0,3 no coeficiente foi estabelecido, que deve ser destinado à municipalidade, que o usará para construir habitações de interesse social e novas áreas verdes. Dessa forma, cria-se um mecanismo que induz as novas construções da iniciativa privada a um modelo idealizado pelo poder público. (VIEIRA: 2012)

Imagem 39: Ilustração das mudanças propostas no coeficiente de aproveitamento e ocupação do solo. Fonte: BARCELONA: 2012

A gestão da intervenção, segundo Sales (2008), é feita através de um ‘sistema flexível de planejamento’. Foram criados dois tipos de planos: os Planos Predeterminados ou Planos Especiais de Reforma Interior, desenvolvidos pelo poder público, e o Planejamento Derivado, que pode ser desenvolvido pela iniciativa pública ou privada. O primeiro tipo será aplicado em 6 áreas pré-determinadas, regiões consolidadas da cidade onde a intervenção deverá ser feita de forma gradual, adaptando-se ao entorno. São elas: Campus Audiovisual, Eixo Llacuna, Llull Pujades Ponent, Llull Pujades Levant, Parque Central e Perú-Pere IV, que pretendem ser os motores que impulsionarão a transformação na região. (VIEIRA:2012) 46

O segundo tipo define diferentes tipos de intervenção: planos por quadras, planos para lotes com mais de 2.000 m², planos para edifícios industriais consolidados, planos para edifícios de especial interesse e planos para frentes consolidadas de habitação. Esses planos podem ser desenvolvidos de forma livre, mas estão sujeitas a aprovação do poder público. Criando, dessa forma, condições para que cada projeto seja desenvolvido para adaptar-se às pré-existências. (LEITE: 2012; SALES: 2008) O respeito ao entorno, inclusive, é um forte conceito dentro do Plano 22@ Barcelona. Segundo ele, as novas propostas devem ter o entorno e os elementos históricos como ponto de partida, ao invés de se sobreporem a eles. Seguindo essa ideia, as moradias pré-existentes foram todas mantidas e em 2006 foi aprovado o Plano Especial de Proteção ao Patrimônio Industrial de Poblenou, que prevê a conservação de 114 edifícios e conjuntos industriais remanescentes a serem reformados, em diferentes níveis, de acordo com o poder público, e que terão seus usos revisitados, podendo abrigas sedes de novas empresas, universidades, hotéis e habitações. (BARCELONA: 2012) Essa questão, no entanto, não parece estar aplicada segundo críticas da própria comunidade. De acordo com a matéria ‘Cidade Cíclica’ da revista Página 22, “o projeto [22@] fechou as portas para a participação tão logo os planos foram aprovados pela Prefeitura” (DERIVI, 2011). Contrariando a tradição da cidade, que com o seu “Modelo Barcelona” de fazer a cidade a partir do debate, descentralização dos projetos e participação cidadã, tornou-se referência para outras cidades do mundo. A melhora na qualidade da paisagem urbana da cidade é inquestionável, reconhecida também pela comunidade, principalmente o aumento de áreas verdes. No entanto, a vida urbana ainda é tímida, a maioria das novas pessoas atraídas vai apenas para trabalhar, não se mudou para no bairro e não utiliza o espaço público. O que pode estar relacionado com a forte crise econômica pela qual passou a Espanha nos últimos anos. O alto índice de desemprego fez com que muitos jovens migrassem para outros países, público alvo do projeto.


A Reestruturação Produtiva nos Grandes Territórios Urbanos

PEI PARC CENTRAL

PEI PERÚPERE IV

PEI CAMPUS AUDIOVISUAL

PEI LLULL-PUJADES PONENT

PEI EIX LLACUNA

PEI LLULLPUJANT LLEVANT

Imagem 40: Localização dos seis (6) Planos Especiais de Reforma Interior. Fonte: Elaboração própria sobre base fotográfica do Google Earth

A solução talvez fosse não focar apenas no setor do conhecimento e tecnologia, mas também em cooperativas e Terceiro Setor, como disse Ramon Ribera-Fumaz para a reportagem. Abrindo, assim, várias possibilidades e atraindo uma maior variedade de pessoas para criar um ambiente mais diverso.

Isso, no entanto, não é algo que seja possível planejar. Segundo Carlos Leite, a formação dos clusters acontece com o tempo e de forma espontânea, pois “as classes criativas vão aonde estiver a vivacidade urbana genuína”. Ou seja, serão necessários mais alguns anos para que o 22@ seja concluído plenamente, não só suas construções, mas sua vida urbana. 47


Possibilidades de Reabilitação no Território da Mooca - Cambuci - Ipiranga

Imagem 41: Abertura da Av. Diagonal para melhorar a conexão da região com o restante da cidade, em primeiro plano está a Praça das Glórias Catalãs. Fonte: BARCELONA: 2012

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Imagem 42: Vista da área do Campus Audiovisual, uma das seis (6) áreas reservadas para a intervenção do poder público. Nota-se a verticalização no setor e no restante de área. Fonte: BARCELONA: 2012




CAPÍTULO 3

AS OPERAÇÕES URBANAS CONSORCIADAS



As Operações Urbanas Consorciadas

3.1 UMA NOVA FORMA DE PLANEJAMENTO NA CIDADE DE SÃO PAULO As operações urbanas são instrumentos urbanísticos utilizados para promover melhorias estruturais, urbanas e sociais em áreas obsoletas ou degradas nos territórios urbanos através de parceria público-privada. Na cidade de São Paulo, esse tipo de ação é discutido e implantado desde a década de 1970, a partir da teoria sobre o solo criado desenvolvida na época, e vem sofrendo modificações desde então. (MALERONKA: 2012) A primeira operação proposta na cidade aconteceu na década de 1990 e, desde então, se transformou no principal mecanismo de viabilização de intervenções públicas, trazendo larga experiência para o poder público municipal e, também, muitas críticas. Muitas delas, relacionadas com a Operação Urbana Faria Lima, uma das três (3) primeiras operações instituídas em São Paulo. (MARICATO; WHITAKER: 2002) Segundo Maricato e Whitaker (2002, p. 9), no caso dessa operação, “o elemento motivador [...] não [foi] um plano urbanístico mais amplo elaborado pelo Poder Público e no qual se encaixe a necessidade de uma parceria para revitalização urbana dentro de prioridades por ele estabelecidas, [...] mas simplesmente uma resposta às demandas específicas do setor imobiliário. [...] Em outras palavras, o que motiva a operação urbana é o interesse imobiliário, que encontra respaldo do poder público.” Já existia uma pressão imobiliária sobre a área antes mesmo da aprovação da operação urbana, a lei que a instituiu apenas afirmou essa tendência. Então, se tomarmos como referência o interesse dos investidores na área, ela pode ser considerada um sucesso, visto a quantia arrecadada com a venda de CEPACs. Do ponto de vista urbanístico e social, no entanto, não se pode dizer a mesma coisa: o resultado é sofrível. (MARICATO; WHITAKER: 2002) Apesar do “fracasso” como instrumento de promoção de melhorias sociais, o texto da Operação foi tomado como exemplo para o

desenvolvimento do Estatuto da Cidade, em 2001, devido ao sucesso do ponto de vista imobiliário. (MALERONKA: 2012) De acordo com o texto da lei: Considera-se operação urbana consorciada o conjunto de intervenções e medidas coordenadas pelo Poder Público municipal, com a participação dos proprietários, moradores, usuários permanentes e investidores privados, com o objetivo de alcançar em uma área transformações urbanísticas estruturais, melhorias sociais e a valorização ambiental. (BRASIL: 2001, art. 32) Ou seja, a lei definiu objetivos mais claros, acrescentando os aspectos social e ambiental – deixados de lado na Operação Faria Lima -, e previu medidas como a modificação de índices e características de parcelamento e uso e ocupação do solo e subsolo. Foi instituída, pelo Estatuto, a obrigatoriedade de se definir um programa básico de ocupação para a área, um programa de atendimento econômico e social para a população diretamente afetada pela operação, um estudo de impacto da vizinhança, definir a contrapartida (CEPAC4 ou não) a ser exigida dos proprietários e investidores pelos benefícios trazidos pela alteração na legislação, que deverá ser investida exclusivamente em obras da própria operação e a gestão compartilhada com participação da sociedade civil. (BRASIL: 2001, art. 32) A gestão é, inclusive, o meio para garantir o sucesso da operação nos aspectos social e urbano, e não só econômico-financeiro, dividindo a responsabilidade com o projeto urbano. E o fato de este controle ser compartilhado entre o Estado e a sociedade civil é, segundo Bovaiard (2004 apud MALERONKA: 2012, p.12) “um passo no sentido do estabelecimento de ‘parcerias colaborativas’”. 4 A CEPAC (Certificado de Potencial Adicional de Construção) visa antecipar os recursos obtidos com o pagamento de outorga onerosa do direito de construir (MANNA: 2007) para investimento em obras de infraestrutura dentro do perímetro da intervenção. Seu preço mínimo é definido pela Prefeitura, que organiza leilões para realizar as vendas desses certificados que podem atingir preços variados. (MALERONKA: 2012) 53


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Assim, são estabelecidos, de forma clara, os mecanismos permitidos para a implantação de uma operação urbana e os principais pontos a serem considerados durante o processo. A definição de transformações estruturais e melhorias sociais como objetivos do instrumento indica que uma operação deve estar bem fundamentada em suas justificativas e intenções e ciente dos impactos sociais trazidos por ela, com soluções para neutralizá-la. (MALERONKA: 2012) Dessa forma, a dimensão do projeto passa a ser mais valorizada, como é possível ver nos editais das novas operações em São Paulo. Elas cobram estudos econômicos, ambientais e de comunicação além dos estudos urbanísticos, deixando claro que todos eles serão a base para a formulação dos projetos de lei das respectivas operações. Criando mais um mecanismo de controle e ordenação da atuação do setor privado no território. (MALERONA: 2012)

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As Operações Urbanas Consorciadas

3.2 OPERAÇÃO URBANA CONSORCIADA ÁGUA BRANCA PARQUE DA JUVENTUDE CAMPO DE MARTE

A região da OUC Água Branca se desenvolveu de forma muito semelhante à região da OUC Mooca – Vila Carioca: a partir da instalação de indústrias ao longo da orla ferroviária - atraídas pela facilidade de escoamento da produção, água abundante (no caso, do Rio Tietê) e grandes áreas compatíveis com as exigências da planta industrial – no início do século 20 e posterior processo de desconcentração industrial a partir da década de 60 e 70. Assim, criou-se uma área subutilizada e degradada, formada por grandes lotes que não incentivam o percurso a pé, com “micro-acessibilidade deficitária e truncada e [...] problemas de drenagem”. (MAGALHÃES Jr.: 2005 apud MORAES: 2010, p. 84) No entanto, a infraestrutura viária de grande porte e os modais de transporte de massa existentes são suficientes, e há a oferta de equipamentos de lazer e cultura como o Memorial da América Latina, o Sesc Pompéia e o Allianz Parque. Ou seja, é uma região que se encontra dentro dos limites do chamado centro expandido de São Paulo, próxima ao centro histórico, com muito potencial não explorado, como acontece com a região da Mooca. Essa potencialidade foi notada pelo poder público que, desde o Plano Diretor de 1985, estudou as possibilidades nessa área. Foi diagnosticada uma vocação para estender as atividades terciárias da região central da cidade e do sub-centro da Lapa, que seria facilitado pela baixa densidade e pela infraestrutura existentes. Então, em 1995, durante a gestão do prefeito Paulo Maluf, foi promulgada a Lei 11.774/1995 que instituiu a Operação Urbana Água Branca. (MORAES: 2010) Foram listados como objetivos da Operação a promoção e desenvolvimento urbano através de melhorias na infraestrutura, a qualidade ambiental, a valorização da paisagem urbana e o incentivo ao adensamento, através da ocupação dos vazios urbanos. Dessa forma, foram estabelecidas obras viárias aliadas à drenagem para melhoras na infraestrutura (IMAGEM P. 88) e proposto o parcelamento das grandes

PARQUE DA ÁGUA BRANCA

PARQUE DA LUZ

PARQUE D. PEDRO II

PARQUE TRIANON

PARQUE DA ACLIMAÇÃO

JOCKEY CLUB

PARQUE QUE DA Q INDEPENDÊNCIA ENDÊNCIA PARQUE ECOLÓGICO VILA PRUDENTE

PARQUE DO IBIRAPUERA

FAVELA DO HELIÓPOLIS AEROPORTO DE CONGONHAS

SÃO BERNARDO DO CAMPO

PARQUE DO ESTADO

DIADEMA

Imagem 43: Perímetro da Operação Urbana (em amarelo) na cidade de São Paulo, a Operação Urbana Mooca-Vila Carioca pode ser vista em cinza. Fonte: Elaboração própria sobre base fotográfica do Google Earth

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Possibilidades de Reabilitação no Território da Mooca - Cambuci - Ipiranga

glebas, abrindo novas vias, priorizando a ocupação do solo com usos residenciais e comerciais e reservando trechos para a implantação de novas áreas verdes e equipamentos de cultura e lazer. (MORAES: 2010) A área, no entanto, não despertou o interesse esperado no mercado imobiliário, que promoveu poucas mudanças desde o início da operação. Com a aprovação do Estatuto da Cidade em 2001, foi desenvolvido o Plano Diretor de São Paulo, que reafirmou o interesse do poder público na Operação Água Branca. Ela, agora, tinha mais um propósito: o de ser um contraponto ao tipo de ocupação visto na região da Operação Urbana Consorciada Faria Lima, que sofreu um processo de gentrificação pela alta valorização imobiliária, fruto da própria Operação. (BIDERMAN; SANDRONI: 2005 apud MORAES: 2010) Para tentar reverter o desinteresse pela área, foi organizado, em 2004, o Concurso Bairro Novo, que tinha como objetivo responder a questão de como deveria ser o bairro ideal em São Paulo no século 21. O projeto vencedor seria o ponto de partida para o desenvolvimento de um plano urbanístico detalhado e posterior revisão da antiga lei da Operação. Com essa estratégia, buscava-se evitar o que aconteceu na Operação Urbana mencionada acima, onde a falta de um plano mais detalhado, permitiu a construção de uma cidade com base nas leis de mercado, sem considerar o desenho urbano de uma forma mais ampla. (MORAES: 2010) A iniciativa não teve sucesso esperado, uma vez que o resultado do concurso foi revisto e o contrato com o escritório vencedor encerrado. As incorporadoras, no entanto, passaram a enxergar melhores oportunidades na região da Água Branca depois da realização do concurso. Encerrado o contrato com o escritório ganhador, várias propostas foram encaminhadas para a aprovação da Prefeitura, nenhuma delas ia de encontro com os objetivos da Operação. (MORAES: 2010) Com a compra da antiga gleba da Telefónica pela incorporadora Tecnisa, verificou-se urgente a necessidade de elaboração de um plano urbanístico que desse as diretrizes necessárias para a ocupação desse e de outros grandes terrenos existentes na área. Em 2008, foi proposto um conjunto de diretrizes para a revisão da Lei da Operação Urbana Água Branca, levando em consideração as novas legislações – Estatuto da Ci56

dade e Plano Diretor – e inserindo novos instrumentos: Gestão Compartilhada, CEPAC´S e Estudo de Impacto Ambiental. (EMURB: 2008 apud MORAES: 2010) O Plano Urbanístico se baseou em quatro (4) princípios: ⋅

melhorar as condições de mobilidade para veículos e pedestres no interior da área;

reurbanizar a orla da ferrovia;

áreas para concessão urbanística5

viabilizando a implantação de HIS e HMP

implantar um sistema de áreas verdes associado ao sistema de drenagem;

recuperar referenciais paisagísticos. (SMDU: 2009)

5 De acordo com a Lei 14.917/2009, Art. 2º. “[...] concessão urbanística é o contrato administrativo por meio do qual o poder concedente, mediante licitação, na modalidade concorrência, delega a pessoa jurídica ou a consórcio de empresas a execução de obras urbanísticas de interesse público, por conta e risco da empresa concessionária, de modo que o investimento desta seja remunerado e amortizado mediante a exploração dos imóveis resultantes destinados a usos privados nos termos do contrato de concessão, com base em prévio projeto urbanístico específico e em cumprimento de objetivos, diretrizes e prioridades da lei do plano diretor estratégico.”


As Operações Urbanas Consorciadas

JARDIM DAS PERDIZES (EM CONSTRUÇÃO)

ESTAÇÃO ÁGUA BRANCA (CPTM) VIADUTO POMPÉIA CASA DAS CALDEIRAS SESC POMPÉIA

VIADUTO ANTÁRTICA TERMINAL BARRA FUNDA

ALLIANZ PARQUE

MEMORIAL DA AMÉRICA LATINA

VIADUTO PACAEMBU

Imagem 44: Vias estruturais da área (em branco); as transposições do rio (em laranja) e da ferrovia (em amarelo) existentes; e os principais equipamentos de transporte, cultura e lazer. Fonte: Elaboração própria sobre base fornecida por SP URBANISMO em “Operação Urbana Consorciada Água Branca”. São Paulo, 2013.

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POMPÉIA

PARQUE DA ÁGUA BRANCA

FERROVIA

VIADUTO POMPÉIA

Imagem 45: Gleba Pompéia no primeiro plano, herança do processo industrial pelo qual passou a cidade de São Paulo no início do século XX. Fonte: SP URBANISMO: 2013

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FERROVIA

Imagem 46: Gleba Pompéia e Gleba da Telefónica, hoje Jardim das Perdizes (em construção). Fonte: SP URBANISMO: 2013

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MELHORAR AS CONDIÇÕES DE MOBILIDADE PARA VEÍCULOS E PEDESTRES NO INTERIOR DA ÁREA A conformação territorial da Água Branca foi um dos principais problemas identificados pelo poder público, já na década de 1980, como obstáculo para uma urbanização de qualidade na área. Os grandes lotes oriundos da antiga ocupação industrial dificultam a micro acessibilidade, tanto para carros quantos para pedestres. Criar uma malha urbana condizente com a nova ocupação que se propõe para a área seria, portanto, o passo mais importante dessa intervenção.

um único sistema. RECUPERAR REFERENCIAIS PAISAGÍSTICOS Segundo Moraes (2010), a definição dos referenciais será definida com a publicação do Estudo de Impacto Ambiental, que não havia sido elaborado até então.

REURBANIZAR A ORLA FERROVIÁRIA Nos primeiros anos da Operação Urbana Água Branca, foi construída a Avenida Auro Soares de Moura Andrade acompanhando o trajeto da ferrovia no trecho que vai do Memorial da América Latina até a Casa das Caldeiras. A intenção era a de que essa via prosseguisse até a Estação Água Branca da CPTM, o que se torna inviável sem a realocação dos trilhos do trem. (MORAES: 2010) Propôs-se, então, a realocação dos trilhos desde a Casa das Caldeiras até a Estação Lapa da CPTM, o que tornaria possível a continuação da Av. Auro Soares de Moura Andrade, a transposição em desnível da Av. Santa Marina (sob a linha de trem) e a liberação do solo que fica entre os trilhos. Alguns terrenos resultantes da nova estrutura viária proposta seriam reservados para concessão urbanística e outros, próximos às vias de maior fluxo, ficariam reservados para HIS e HMP. (SMDU: 2009)

Imagem 47: Novas vias propostas (em amarelo). Fonte: SMDU: 2009

IMPLANTAR UM SISTEMA DE ÁREAS VERDES ASSOCIADO AO SISTEMA DE DRENAGEM Como já foi mencionado, as áreas de várzea (planas) próximas aos rios facilitavam a implantação das ferrovias e atraíram as indústrias pela facilidade de escoamento da produção, pela água abundante e pelos grandes terrenos. No entanto, como acontece em toda área de várzea, as inundações são frequentes e problemáticas quando existe ocupação, o que não seria diferente na região. Dessa forma, foi proposto um sistema de áreas verdes que direcionasse o sistema de drenagem da área, criando

Imagem 48: Proposta de realocação da linha férrea. Fonte: SMDU: 2009

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O Plano Urbanístico desenvolvido passou por diversas revisões com o tempo, após discussões com a população local. Levando em conta os quatro (4) conceitos originais foram definidos cinco (5) objetivos claros, que levaram a um desenho de cidade proposto pela SP Urbanismo, empresa subordinada à Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano de São Paulo. ⋅

Transporte coletivo e mobilidade não motorizada;

Inclusão e diversidade social;

Adensamento com uso misto;

Ordenamento e valorização da paisagem;

Melhorias ambientais e na infraestrutura. (SMDU: 2012)

frentes: tentando diminuir a necessidade de realizar grandes deslocamentos para tarefas cotidianas, que seriam locadas nos térreos dos empreendimentos de uso misto e oferecendo mais opções de transporte público quando grandes distâncias tiverem de ser percorridas, de modo a reduzir a utilização do transporte motorizado individual.

TRANSPORTE COLETIVO E MOBILIDADE NÃO MOTORIZADA O transporte de massas é a principal estratégia para tentar amenizar o problema da mobilidade reduzida na cidade, assim como o incentivo ao adensamento, de uso misto, nas áreas mais centrais. Para isso, prevê-se maior investimento no sistema e controle sobre a quantidade de vagas ofertadas para os novos empreendimentos residenciais, que terá limite de até três (3) vagas gratuitas por unidade residencial em apenas um (1) andar de subsolo nos setores limitados pelo Rio Tietê ou dois (2) andares de subsolo nos setores restantes.6

Imagem 49: Novas vias propostas (em marrom). No geral, as duas propostas (2009 e 2013) são muito semelhantes, mesmo que não sejam idênticas. A única grande diferença é o desmembramento da gleba onde estão os CTs dos clubes do Palmeiras e São Paulo (canto superior esquerdo) que tinha sido ignorada no plano antigo. Fonte: SP URBANISMO: 2013

Para incentivar o uso de outros modais de transporte, são projetados uma extensa rede de ciclovias e passeios mais largos, e incentivados edifícios de uso misto que criem espaços de uso público voltados para a calçada, as chamadas fachadas ativas, criando uma dinâmica mais interessante. Nestes casos, as áreas de circulação que totalizem até 20% da área construída total não serão computadas.7 Uma forma de atrair investidores, financeiramente, para este tipo de empreendimento. Dessa forma, a questão da mobilidade é trabalhada em duas 6 7

De acordo com a Lei nº 15.893, de 07 de novembro de 2013. De acordo com a Lei nº 15.893, de 07 de novembro de 2013.

Imagem 50: Sistema de ciclovias (em roxo) proposto ao longo de praticamente todas as novas vias planejadas e ao longo da Av. Marquês de São Vicente, uma das principais vias da área. Fonte: SP URBANISMO: 2013

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INCLUSÃO E DIVERSIDADE SOCIAL

ORDENAMENTO E VALORIZAÇÃO DA PAISAGEM

Um dos objetivos dessa Operação é evitar um processo de gentrificação, como ocorreu na Operação Urbana Consorciada Faria Lima. (MORAES: 2010) Para isso, serão reservados 22% dos recursos arrecadados para a construção de Habitações de Interesse Social em terrenos pré-determinados e reurbanização de favelas no perímetro estendido da Operação e um número máximo de CEPACs para a construção de usos residenciais que não correspondam à unidade habitacional incentivada, que deve ter entre 45 e 50 m² e possuir, no máximo, um sanitário e uma vaga de estacionamento.8 Garantindo, assim, que as leis de mercado não determine o tipo de construção em todo o perímetro da intervenção.

A verticalização, ordenada, ocorrerá ao longo de eixos pré-determinados no Plano Urbanístico. Esse mecanismo permite que sejam criadas referências visuais para os usuários, facilitando o reconhecimento e a localização do espaço. Além disso, ordena a ocupação e a direciona para que seja feita da forma como foi proposta pelo poder público.

ADENSAMENTO COM USO MISTO A Operação Urbana definiu dois tipos de CEPAC: residencial e não residencial. Com essa atitude garante-se que ocorrerá um adensamento populacional na área e não apenas um adensamento construtivo, como aconteceu na Operação Faria Lima, onde a grande parte dos novos empreendimentos são torres de escritórios. Além disso, a reserva de uma quantidade de CEPACs para a unidade habitacional incentivada e a criação de mecanismos na lei que tornam a construção de empreendimentos de uso misto menos custosa são mecanismos que garantem que mais unidades habitacionais por andar serão construídas, criando condições para o adensamento diversificado, com população de diversas faixas.

Imagem 51: Esquema genérico do conceito da fachada ativa, que cria uma dinâmica mais interessante na rua. Fonte: SP URBANISMO: 2013

8 62

De acordo com a Lei nº 15.893, de 07 de novembro de 2013.

Imagem 52: Exemplos de verticalização ordenada, criando referências visuais claras. Fonte: SP URBANISMO: 2013

Imagem 53: Eixos principais determinados pela Operação, onde gabaritos mais elevados serão permitidos. No restanto das quadras, o gabarito deverá ser menor. Fonte: SP URBANISMO: 2013


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EIXO 1

EIXO 2

EIXO 3

EIXO 4

Imagens 54 a 57: Ilustração dos quatro eixos principais. Fonte: SP URBANISMO: 2013

Imagem 58: Vista geral do plano urbanístico proposto, em branco estão os novos edifícios. Fonte: SP URBANISMO: 2013

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MELHORIAS AMBIENTAIS E NA INFRAESTRUTURA É planejado um sistema de áreas verdes conectados por corredores verdes em todo o perímetro da intervenção, que melhora a qualidade do ar, além de ajudar na drenagem das águas da chuva. Novas vias cortando os grandes terrenos existentes também serão abertas, com passeios generosos, facilitando a permeabilidade do terreno para os pedestres e auxiliando na implantação do sistema de drenagem. A restrição da quantidade de subsolos, além de ser uma forma de restringir o número de carros nas ruas, é uma estratégia para amenizar os problemas de drenagens, visto que a construção de um segundo subsolo só é permitida se não houver rebaixamento de lençol freático. Os equipamentos institucionais também foram previstos no Plano Urbanístico. Por se tratar de uma Operação que pretende um grande adensamento com populações de várias rendas, é importante que creches, UBS (Unidade Básica de Saúde), escolas, ginásios, etc. sejam projetados.

Imagem 60: Sistema de áreas verdes conectadas por corredores verdes ao longo das principais vias (existentes e projetadas). Os grandes parques públicos serão implantados nas glebas da antiga Telefonica (atual Jardim das Perdizes) e onde estão os CTs dos clubes do Palmeiras e São Paulo. Fonte: SP URBANISMO: 2013

Imagem 61: Ruas predominantemente comerciais ao longo dos principais eixos/corredores verdes. Imagem 59: Perspectiva ilustrada da proposta: espaços públicos conectados à água e área verde. Fonte: SP URBANISMO: 2013

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Fonte: SP URBANISMO: 2013


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Em reportagem à Revista Carta Capital, o vereador Nabil Bonduki ressaltou os avanços obtidos com relação à Operação Urbana Consorciada Água Branca, quando comparada com as já realizadas em São Paulo. A Operação passou por três (3) anos de discussões e audiências públicas com participação da sociedade civil, onde as suas sugestões foram incorporadas ao Plano Urbanístico pelo Legislativo, um avanço na justiça social que, segundo ele, deve ser notado.

redistributivo. A população de baixa renda que habita a área será beneficiada e permanecerá no local.” (BONDUKI: 2013)

Todos os aspectos da Operação descritos acima, como a fachada ativa, o uso misto, a unidade habitacional incentivada, a destinação obrigatória de parte da arrecadação para a construção de HIS, os passeios generosos e vias projetadas pensando em ciclovias, e tantos outros, são citados como extremamente positivos e demonstram o poder do instrumento da Operação Urbana no processo de garantir a justiça social, inclusão territorial e transparência. No processo de votação do Projeto de Lei, no entanto, houve uma forte pressão por parte de alguns parlamentares e entidades empresariais para a alteração de três (3) pontos: o aumento do número máximo de vagas por unidade habitacional, de duas (2) para três (3) vagas; o aumento no número de andares de subsolo permitido em parte da Operação, de um (1) andar para dois (2) andares; e o aumento do gabarito máximo no miolo das áreas, de 42m para 80m. A justificativa para a inclusão dessas mudanças era a de que elas eram necessárias para viabilizar os empreendimentos na região do ponto de vista comercial e aumentariam a arrecadação das CEPACs. O sucesso dessa pressão foi fortemente criticado, por incentivar o produto imobiliário tradicional que gera uma verticalização com baixo adensamento e valorização do automóvel. De qualquer forma, o balanço final da Lei aprovada é positivo. Nabil Bonduki ressalta: ”A Operação Urbana Consorciada Água Branca rompe com a tradicional exclusão socioterritorial que caracteriza as operações urbanas em São Paulo. Os benefícios deverão ser distribuídos por um amplo território externo ao perímetro da operação, com intervenções de caráter social e 65


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Imagem 62: Perímetro da intervenção, a imagem de satélite é anterior ao início das construções do empreendimento Jardim das Perdizes. Fonte: SP URBANISMO: 2013

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Imagem 63: Proposta geral para a área. Fonte: SP URBANISMO: 2013

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CAPÍTULO 4

UMA PROPOSIÇÃO



Uma Proposição

4.1 OPERAÇÃO URBANA CONSORCIADA MOOCA - VILA CARIOCA

PARQUE DA JUVENTUDE

A análise do entorno do parque industrial da Mooca, feita no Capítulo 1, mostrou a potencialidade da área para se tornar uma nova centralidade na cidade de São Paulo. Visto isso, a Prefeitura determinou no Plano Diretor Estratégico de 2002 a Operação Urbana Consorciada Diagonal Sul, posteriormente desmembrada em Operação Lapa - Brás e Operação Mooca - Vila Carioca, o perímetro total da antiga Operação era definido pela união entre as duas manchas vistas ao lado.

CAMPO DE MARTE

PARQUE DA LUZ

PARQUE D. PEDRO II

A Operação está, atualmente, em fase de discussões e audiências públicas nas Subprefeituras dos quatro (4) bairros que abrangem o seu perímetro: Mooca, Cambuci, Ipiranga e Vila Prudente. A proposta desenvolvida pelo Consórcio responsável foi apresentada para a sociePARQUE ANON dade civil no primeiro semestre de 2014 e está, agora, sendo revisada em conjunto com a SP URBANISMO para novas discussões.

PARQUE DA ACLIMAÇÃO

Os objetivos apresentados para a área de intervenção são: ⋅

PARQUE DA INDEPENDÊNCIA

Ordenar o desenvolvimento equilibrado da região;

PARQUE ECOLÓGICO VILA PRUDENTE

PARQUE DO IBIRAPUERA

Criar e requalificar áreas verdes, equipamentos e espaços públicos;

Implantar habitação de interesse social;

Otimizar o uso e aproveitamento de áreas subutilizadas;

Melhorar as condições gerais de mobilidade;

FAVELA DO HELIÓPOLIS AEROPORTO DE GONHAS

Qualificar a paisagem urbana;

Atrair novas atividades econômicas. (CONSÓRCIO CMCV; SP URBANISMO: 2014)

SÃO BERNARDO DO CAMPO

Imagem 64: OUC Mooca - Vila Carioca (em amarelo) e OUC Lapa-Brás (em cinza), as duas formavam a Operação Urbana Diagonal Sul. Fonte: Elaboração própria sobre base fotográfica do Google Earth.

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Possibilidades de Reabilitação no Território da Mooca - Cambuci - Ipiranga

Assim, foram determinadas diretrizes para a ocupação e propostas de intervenção gerais. É possível notar muitas semelhanças entre os objetivos e diretrizes da Operação Mooca - Vila Carioca e da Operação Água Branca, demonstrando o ‘sucesso’ das ideias desta última. Foram propostas a fachada ativa, o incentivo ao uso misto, novas vias projetadas favorecendo o pedestre e as ciclovias e novas áreas verdes conectadas por corredores verdes.

INFRAESTRUTURA As grandes glebas industriais na área serão desmembradas para criar uma escala mais próxima do pedestre e permitir uma maior permeabilidade. As principais vias serão requalificadas e readequadas e a pista expressa da Av. do Estado que corre sobre do Rio Tamanduateí, mostrada no Capítulo 1, será retirada, liberando o leito.

A grande diferença entre as duas propostas é o foco dado à questão da drenagem. No caso da OU Mooca - Vila Carioca, Foi apresentada uma solução mais evoluída e concreta, ainda que sem grandes detalhamentos, do sistema a ser implantado, conectando-o às novas áreas verdes propostas, criando um único sistema. (CONSÓRCIO CMCV; SP URBANISMO: 2014)

Imagem 66: Diretrizes para a intervenção: cidade compacta, moradia próxima do emprego; áreas verdes a 15 minutos de percurso; fachadas ativas/uso misto; integração de tipologias, convivência entre tecido existente e novas edificações; mais mobilidade, mais qualidade urbana. Fonte: CONSÓRCIO CMCV; SP URBANISMO: 2014 a

LEGENDA: Destamponamento do Rio Tamanduateí Novas vias propostas Readequação das vias existentes Imagem 67: Novas vias propostas. Fonte: CONSÓRCIO CMCV; SP URBANISMO: 2014 a

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Uma Proposição

Serão implantas ciclovias e ciclofaixas ao longo das principais vias (projetadas e existentes), com paradas nos parques propostos e estações de metrô e fura fila (projetadas e existentes). Criando espaços adequados para a circulação de diferentes meios de transporte e incentivando-o.

LEGENDA: Ciclovias Ciclorrotas Ciclofaixas Passarela para pedestres

ÁREAS VERDES O defícit em áreas verdes é uma das maiores deficiências identificadas na região. Para contornar esse problema, foi proposto um sistema de parques urbanos ao longo da área, complementando as áreas verdes existentes, conectados através de corredores verdes, e a arborização das vias em alguns trechos determinados.

LEGENDA: Áreas verdes existentes Áreas verdes projetadas Arborização de vias

Imagem 68: Ciclovias propostas e os pontos de parada (bicicletários).

Imagem 69: Parques urbanos.

Fonte: CONSÓRCIO CMCV; SP URBANISMO: 2014 a

Fonte: CONSÓRCIO CMCV; SP URBANISMO: 2014 a

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Possibilidades de Reabilitação no Território da Mooca - Cambuci - Ipiranga

DRENAGEM URBANA

ADENSAMENTO

A drenagem da área é muito falha atualmente. Qualquer volume de água maior que incida sobre a área alaga os passeios, mesmo que o leito do Rio Tamanduateí não esteja acima da sua capacidade.

Da mesma forma que a Operação Urbana Água Branca, o adensamento e a verticalização dentro do perímetro da OUC Mooca - Vila Carioca será concentrado em trechos determinado, criando referências visuais.

A proposta do Consórcio é desenvolver um sistema de drenagem que esteja conectado às áreas verdes e tornar algumas delas parte desse sistema através de áreas indundáveis ao longo dos parques urbanos. Criando, assim, um único sistema. (CONSÓRCIO CMCV; SP URBANISMO: 2014)

Imagem 70: Canais de drenagem associados a áreas verdes na Praça Silveira da Mota, Parque Porto de Areia e Parque Avenida Dianópolis e a áreas inundáveis no Parque Foz do Ipiranga. No canto inferior direito, está o Piscinão Guaramiranga, obra do Governo do Estado de São Paulo, atualmente em obras, que auxiliará o sistema de drenagem.

Imagem 71: Cenário de adensamento

Fonte: CONSÓRCIO CMCV; SP URBANISMO: 2014 a

Fonte: CONSÓRCIO CMCV; SP URBANISMO: 2014 b

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Uma Proposição

Imagem 72: Plano urbanístico geral. Fonte: CONSÓRCIO CMCV; SP URBANISMO: 2014 a

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Possibilidades de Reabilitação no Território da Mooca - Cambuci - Ipiranga

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Uma Proposição

4.2 MASTERPLAN PARA O TERRITÓRIO DA MOOCA|UNIDADE DE PRONTO ATENDIMENTO A partir das análises feitas ao longo deste trabalho, foi proposto um Master Plan para um trecho da área da Operação Urbana Mooca - Vila Carioca. O trabalho consiste em duas etapas: projeto urbano do trecho e projeto da uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA). O objetivo é que a área esteja preparada para receber a nova população de todas as formas: com transporte adequado; paisagem urbana de qualidade; e equipamentos básicos de suporte.

PR AV.

ESTAÇÃO MOOCA LINHA 10 - CPTM

EW NT

DE

ESI ON

O AD EST

ILS

DO AV. ESTAÇÃO ALBERTO LION

A área escolhida para receber a intervenção engloba duas grandes quadras, que totalizam aproximadamente 30 ha, ocupadas por antigos galpões, que variam em seu estado de conservação e utilização, entre os quais está o conjunto antiga Companhia Antarctica Paulista. É margeada pela Avenida do Estado e abriga em seu perímetro a Estação Mooca da CPTM, a Estação Alberto Lion do Expresso Tiradentes e a futura Estação Alberto Lion da Linha 6 – Laranja do Metrô. O desenvolvimento do Master Plan teve três (3) diretrizes principais: criar áreas verdes, desenvolver uma relação mais próxima entre as pessoas e o rio/água e fazer com que o espaço público fosse o local de encontro desse trecho de cidade, dando vitalidade a ele. Para isso, foi adotada a proposta, apresentada pelo Consórcio CMCV e SP URBANISMO, de retirar o tampão de concreto que hoje existe sobre o leito do Rio Tamanduateí, sobre o qual correm a pista expressa da Avenida do Estado, já mencionada, e o Expresso Tiradentes. Ao retirar o tampão, cria-se um problema: por onde correr o Expresso Tiradentes? A solução adotada foi promover um alargamento de cinco (5) metros da Avenida do Estado no trecho atualmente vedado para acomodá-lo em uma nova faixa criada na margem do Rio. Dessa forma, cria-se um contato visual entre a população e a rio, o que não garante a sua despoluição, mas traz a água para o dia-a-dia, criando aos poucos uma relação mais próxima e estimulando o cuidado.

AV .A RN O

EXPRESSO TIRADENTES

Imagem 73: Vista aérea da área de intervenção. Fonte: Elaboração própria sobre base fotográfica do Google Earth

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Possibilidades de Reabilitação no Território da Mooca - Cambuci - Ipiranga

Expresso Tiradentes Estação Mooca - CPTM LEGENDA: Tampão sobre o Rio Tamanduateí Alargamento da Av. do Estado Expresso Tiradentes Estação Mooca - CPTM Tampão sobre o Rio Tamanduateí Alargamento da Av. do Estado 500 200 0 50 100 400

DESTAMPONAMENTO DO RIO TAMANDUATEÍ. 78


Uma Proposição

MUDANÇA DE TRAJETO DO EXPRESSO TIRADENTES

0

50

100

200

400

500

79


Possibilidades de Reabilitação no Território da Mooca - Cambuci - Ipiranga

Como a área escolhida possui uma grande área pouco permeável no sentido da circulação de veículos e pedestres, o desmembramento dessas duas glebas foi necessário. O processo partiu da escolha das construções que seriam mantidas, como forma de manter uma parte da história ali registrada, e a partir delas foram definidos dois novos eixos principais (um longitudinal, paralelo à Av. do Estado, e um transversal) e vias secundárias do projeto. O eixo longitudinal conecta toda a extensão do projeto com um corredor verde e cria, ao mesmo tempo, uma alternativa para o tráfego intenso da Av. do Estado. O eixo transversal marca a entrada do projeto, é a via mais larga e pretende ser o caminho do pedestre até as estações do Expresso Tiradentes e Metrô. A locação da futura Estação Alberto Lion do Metrô foi feita numa nova quadra criada a partir da junção de duas, sendo uma delas a quadra de acesso à Estação do Expresso Tiradentes. Dessa forma, criou-se uma conexão entre os dois sistemas de transporte pelo nível da rua, de forma segura. Ao longo do perímetro da intervenção e das avenidas (existentes e projetadas) de maior fluxo, foi reservada uma faixa de 2,60m para a implantação de ciclovias, incentivando a utilização de meios alternativos de transporte. Com a estrutura viária das glebas definida, desenvolveu-se a proposta de ocupação das quadras. As três premissas mencionadas foram combinadas para criar os espaços principais do projeto: praças de escala urbana espalhadas pela área que tem como ponto central lagoas de contenção e são ativadas por atividades comerciais no térreo dos edifícios em seu entorno. Assim, as áreas verdes principais do projeto são distribuídas por toda a área, ao invés de criar apenas um grande parque, transformando as lagoas nos elementos mais importantes do projeto. Elas têm dupla função: ser parte de um sistema de drenagem que tem como objetivo aliviar o fluxo de água que cai no Rio Tamanduateí - canalizado e com suas margens intensamente ocupadas - em épocas de chuva e levar a água para o dia-a-dia da população, o que não foi feito com os rios da cidade, criando uma consciência sobre a preservação e cuidado com a água. Já as atividades comerciais no térreo dos edifícios que compões essas 80

praças criam um destino, ativam a praça e fazem com que a proposta de aproximar a população da água se concretize. Além das áreas verdes principais, foram projetadas pequenas praças ao longo de toda a área, criando respiros e áreas de encontro. Os edifícios no entorno dessas praças também possuem atividades comerciais no térreo ativando as praças. Dessa forma, pretende-se atender a demanda diária por produtos e lazer da população com espaços de qualidade. A ocupação efetiva das quadras foi feita seguindo parâmetros simples: num raio de 400m a partir das estações do trem, metrô e Expresso Tiradentes foram concentrados os edifícios de escritório, e além desse raio, os edifícios residenciais, respeitando a proporção de 1,2 entre postos de trabalho e moradores definida pela Prefeitura. O gabarito foi limitado a 30m nas quadras da Av. Presidente Wilson, de forma a preservar a ambiência dos edifícios preservados, principalmente a Companhia Antarctica Paulista, e a 50m nas quadras restantes. Os antigos galpões mantidos tiveram seus usos repensados e receberão atividades culturais, de acordo com a proposta do Consórcio CMCV, responsável pelo desenvolvimento da Operação Urbana. Os equipamentos básicos de saúde e educação, que vão proporcionar um suporte básico para a população, foram posicionados ao longo do eixo longitudinal, longe do fluxo intenso da Av. do Estado.


Uma Proposição

AV. PRESIDENTE WILSON

RUA PROJETATA 1

RUA PROJETATA 2

AV. DO ESTADO

LEGENDA: Edifícios Mantidos

Vias abertas

Vias fechadas

NOVAS VIAS CRIADAS A PARTIR DA DEFNIÇÃO DOS EDIFÍCIOS MANTIDOS.

0

50

100

200

400

500

81


Possibilidades de Reabilitação no Território da Mooca - Cambuci - Ipiranga

AV. PRESIDENTE WILSON RUA PROJETADA 1

passeio

leito carroçável

4,0

canteiro

ciclovia

12,4

2,6

1,0

passeio 5,5

CORTE ESQUEMÁTICO DA VIA

passeio

canteiro

5,5

leito carroçável

2,0

RUA PROJETADA 1

canteiro

7,0

2,0

CORTE ESQUEMÁTICO DA VIA

RUA PROJETADA 2

passeio

canteiro 4,0

2,0

leito carroçável 11,5

CORTE ESQUEMÁTICO DA VIA

AV. DO ESTADO

passeio

canteiro 5,0

2,0

ciclovia

leito carroçável 12,0

CORTE ESQUEMÁTICO DA VIA

82

expresso tiradentes

4,0

canteiro 1,0

passeio 5,0

leito carroçável 7,0

ciclovia 2,6

canteiro 1,0

passeio 5,5


Uma Proposição

LEGENDA: Estação (Projetada) Alberto Lion - Metrô NOVA ESTAÇÃO DE METRÔ E TRAJETO DAS CICLOVIAS.

Ciclovias 0

50

100

200

400

500

83


Possibilidades de Reabilitação no Território da Mooca - Cambuci - Ipiranga

LEGENDA: Áreas Verdes Projetadas

Canteiros

Lagoas de contenção

Canais de drenagem subterrâneos

SISTEMA DE ÁREAS VERDES E DRENAGEM. 84

Sentido da drenagem 0

50

100

200

400

500


Uma Proposição

CASA DE EVENTOS (ANTIGO MOINHO)

COMPLEXO CULTURAL DE ENTRETENIMENTO (ANTIGA CIA. ANTARCTICA PAULISTA)

ESCOLA

QUADEAS ABERTAS

LEGENDA: Equipamentos Públicos ÁREA SETORIZADA POR USOS.

Residencial

400m

400m

MUSEU ABERTO DA FERROVIA

MUSEU

UBS

Residencial Misto

Escritórios 0

50

100

Escritórios + comércio no térreo 200

400

500

85


Possibilidades de Reabilitação no Território da Mooca - Cambuci - Ipiranga

PLANO DE MASSAS.

86

0

50

100

200

400

500

#-. / 0


Uma Proposição

87


Possibilidades de Reabilitação no Território da Mooca - Cambuci - Ipiranga

88


Uma Proposição

FOTO DA MAQUETE VOLUMÉTRICA DO PLANO URBANÍSTICO. A UPA ESTÁ REPRESENTADA EM PRETO. 89


Possibilidades de Reabilitação no Território da Mooca - Cambuci - Ipiranga

90


Uma Proposição

PROPOSTA DE OCUPAÇÃO DAS QUADRAS. 91


Possibilidades de Reabilitação no Território da Mooca - Cambuci - Ipiranga

Definida a ocupação das quadras, foi detalhada a Unidade de Pronto Atendimento (UPA). De acordo com o Ministério da Saúde, existem 3 portes de UPA, foi escolhida a de maior porte por se tratar de uma área de intervenção urbana, que terá uma densidade de 200 hab/ha, segundo proposta do Consórcio CMCV e SP URBANISMO, totalizando mais de 250.000 habitantes em toda a Operação Urbana, além dos demais habitantes do entorno que tem pouquíssimas opções para tratamento médico próximo.

resultado do encaixe de vários elementos. Todos são estruturados por um sistema convencional de concreto moldado in loco, com lajes em grelha e pilares seguindo eixos regulares a cada 10m.

O objetivo das UPAs é desafogar os Pronto Socorros dos grandes hospitais das cidades para que eles possam atender os casos realmente graves. Elas têm capacidade de atender casos de infarto ou derrame e, dependendo da gravidade, solucionar o caso dentro da própria UPA, sem necessidade de mandar o paciente para um hospital, mantendo-o na unidade por até 24h em observação. O programa da unidade de maior porte é pré-definido pelo Ministério da Saúde e se resume em: área de emergência com quatro (4) leitos, área de observação com treze (13) leitos, área de atendimento com sete (7) consultórios e sete (7) salas para exames e procedimentos simples, área administrativa, área de apoio. Ele foi resolvido quase por completo no pavimento térreo, sendo que apenas o refeitório e o café, que fazem parte da área de apoio, foram projetados no primeiro pavimento. O conceito do projeto da UPA é criar um equipamento que proporcione um ambiente mais agradável para os pacientes e seus acompanhantes durante o tratamento, principalmente para aqueles que precisam ficar 24h em observação. Para isso, a arquitetura foi pensada de modo que a luz natural chegasse a todos os ambientes e os ambientes interno e externo se integrassem, quando possível. O conjunto é composto pela justaposição de três (3) blocos de materiais diferentes que representam as diversas atividades que acontecem dentro dele: recepção, atendimento e café, além de um grande deck livre no primeiro pavimento. Formando, assim, um objeto que parece 92

ORGANIZAÇÃO DA UPA

LEGENDA: Percurso Pacientes Percurso Ambulância Percurso Funcionários


IMPLANTAÇÃO

0 5 10

25

50


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A recepção, localizada no centro do conjunto, tem o formato de uma grande caixa de vidro com pé direito de 8m que permite a entrada da luz natural por todos os lados, criando um espaço menos artificial e hermético, como é normalmente um ambiente hospitalar. Como todo o conjunto é térreo, ela se sobressai com relação ao restante da UPA e a sua entrada, voltada para o lado oeste, é protegida por brises verticais revestidos em aço corten posicionados a cada 1,5m, que criam portais e permitem a entrada dos pacientes por toda a extensão da fachada. Dessa forma, cria-se uma relação visual e física próxima entre o interno e o externo, como não poderia ser feito no restante do projeto. É a partir da recepção que os pacientes acessam a cobertura do conjunto. Uma grande escada dá acesso ao mezanino que faz a transição entre a caixa da recepção e a cobertura e demarca o vazio, por onde entra a luz natural. Após passarem pela recepção, os pacientes são encaminhados para a triagem e atendimento ou diretamente para a emergência. Esses dois setores são os mais próximos da recepção, e formam, junto com a observação e as áreas de administração e apoio, o maior bloco do conjunto, de forma quadrada. Esse bloco é organizado da seguinte forma: à direita estão localizadas a emergência e a observação e à esquerda, o pronto atendimento, a administração e o apoio, que ficam juntos. Ele envolve o bloco da recepção e possui dois pátios internos de cada lado que iluminam as quatro divisões, ventilam e trazem um pouco do ambiente externo para dentro do edifício. É revestido por uma pele de tubos cerâmicos sustentados por perfis metálicos postos a cada metro, dando unidade ao conjunto. O pronto atendimento é formado por um grande salão de espera para onde todas as salas de exames e especialidades médicas estão voltadas. Ali, a sala de espera possui uma grande abertura voltada para o lado externo, possibilitando o contato visual com a rua e com a área verde projetada em frente, tornando a espera mais agradável. 94

Já o bloco de emergência possui dois acessos por dentro e por fora do edifício, para aqueles que são trazidos pela ambulância que acessa o edifício pela lateral direita do bloco da recepção. O setor da emergência possui quatro (4) leitos que são iluminados por um dos pátios já mencionados, permitindo que o paciente tenha contato com alguma área verde e faça com que a sua passagem pela UPA seja menos penosa. No bloco de observação, os treze (13) leitos da observação recebem iluminação natural, seja pelas janelas da fachada, ou pelo pátio interno dividido com o setor de emergência. Os leitos estão posicionados no perímetro do setor, criando uma área central livre para que as enfermeiras possam observar todos os pacientes ao mesmo tempo. Do lado oposto à observação, contíguo ao pronto atendimento, estão as áreas de administração e apoio. A circulação desse setor também é iluminada por um pátio interno compartilhado com o pronto atendimento, que permite a iluminação natural de algumas salas da administração e de alguns consultórios voltados para esse setor. Todas as áreas de trabalho e descanso dos plantonistas estão voltadas para a rua, com vista para a área verde projetada à frente, da mesma forma que a espera do pronto atendimento. Nesse setor existe também a área operacional do edifício, onde todos os materiais utilizados são esterilizados ou eliminados, os medicamentos são recebidos e os exames são enviados para os laboratórios, além do recebimento de alimentos para a copa. Portanto, existem três (3) acessos diferentes e restritos nesse setor: para funcionários de uma maneira geral; de entrega e recebimento do material necessário para o funcionamento da UPA; e de entrega de alimentos. Todos estão voltados para os fundos do edifício.

AO LADO, PLANTA DO PAVIMENTO TÉRREO 0

5

10

25


730.92

1

RAMPA DESCE I= 20%

730.90

1

projeção pav. superior

730.39

S 730.18 730

projeção pav. superior

2%

730.39

S

730.28

D

projeção pav. superior

S


Possibilidades de Reabilitação no Território da Mooca - Cambuci - Ipiranga

A copa, o refeitório e o café formam o 3º bloco, no primeiro pavimento, construído em concreto aparente. Ele está voltado para o grande deck, que tem como intenção propiciar um ambiente distante do hospitalar para o paciente que já foi atendido ou está aguardando o atendimento ou um acompanhante de um caso grave. Esse espaço é acessível a todos, mas de formas distintas: os funcionários tem acesso direto pela circulação vertical projetada dentro da administração e apoio, que permite que eles tenham acesso à copa e ao refeitório; e os pacientes e acompanhantes o acessam por uma escada dentro do bloco da recepção.

D

1 PAVIMENTO

96

0

5

10

25


Uma Proposição

FACHADA PRINCIPAL

CORTE TRANSVERSAL

CORTE LONGITUDINAL

0

5

10

25

97


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98




Considerações Finais

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O grande centro econômico em que se transformou a cidade de São Paulo começou a ser desenhado de forma mais clara no início do século 20, com a instalação das indústrias ao longo do eixo ferroviário que cortava a cidade, ligando o interior paulista ao Porto de Santos. Durante esse período, formou-se um extenso parque industrial que se estendeu por toda a orla ferroviária de São Paulo e por outras cidades vizinhas, como é o caso do ABC Paulista. Esse complexo foi responsável, durante algum tempo, por grande parte da riqueza gerada na em São Paulo e seu desenvolvimento, atraindo novas empresas e investimentos e estimulando a formação de bairros operários ao seu redor. A partir da década de 1960, no entanto, sua importância começou a diminuir. Com o desenvolvimento de novas tecnologias no meio fabril, que permitiam a separação entre a produção e a administração, a expansão e priorização dos investimentos federais as rodovias e o aumento do custo na cidade, muitas fábricas se mudaram seguindo a direção do interior do Estado, ao longo do eixo das rodovias, deixando suas antigas instalações abandonadas e sem uso. Essa mesma tecnologia que mudou a organização das fábricas permitiria, também, que as antigas construções fossem reutilizadas pelas mesmas empresas ou compartilhadas entre várias delas para abrigar e expandir os outros setores internos, o que não aconteceu. Em São Paulo e em tantas outras cidades que passaram por um intenso processo de industrialização, a nova lógica (de desconcentração) levou ao abandono dessas áreas e não à sua renovação. Preferiu-se expandir a cidade, construir em novas regiões e investir em infraestrutura a adequar uma área consolidada, com infraestrutura instalada e, normalmente, próxima aos centros. Esse cenário se repetiu em diversas cidades pelo mundo. No continente europeu, onde a Revolução Industrial foi pioneira, o poder público passou a voltar sua atenção para essas áreas renegadas e obsoletas no final do século 20. Elas estavam expectantes, criando enclaves no tecido urbano, com grande potencial construtivo e infraestrutura instalada,

enquanto as cidades se encontravam saturadas. Viu-se, ali, a chance de criar novas centralidades na cidade consolidada, dinamizando a economia e amenizando as tensões sociais. Em Paris e Barcelona, cidades analisadas ao longo deste trabalho, os principais objetivos das intervenções foram atrair sedes de empresas e construir habitações para população de baixa renda, adequadas à realidade local. E, em ambas, o discurso do espaço público como local de encontro embasou as decisões de projeto, de modo que o sucesso desses projetos fosse alcançado não só em números, mas em qualidade da paisagem e vitalidade urbana. Assim, além de criar um espaço funcional, é criado, também, um espaço seguro. A garantia de um desenho urbano de qualidade só é possível com uma gestão eficiente e determinação de leis urbanísticas claras. O exemplo de Paris, onde arquitetos são escolhidos para desenvolver um plano de massas detalhado de cada quadra, determinando gabarito, recuos entre os prédios, passagens laterais e usos, mostra como é possível administrar uma intervenção para que o trabalho dos incorporadores siga as ideias daqueles responsáveis pela intervenção. Principalmente com relação às questões sociais, normalmente ignoradas por eles. Em São Paulo, as primeiras operações urbanas concluídas não tiveram sucesso nesse aspecto. A falta de um plano urbanístico detalhado e de mecanismos previstos em lei capazes de orientar de forma mais rígida o trabalho de incorporadores geraram uma ocupação com alto adensamento construtivo, mas sem adensamento populacional e com uma paisagem urbana de baixa qualidade, sem espaços públicos ou passeios adequados. As habitações sociais, previstas no texto da lei, até hoje não foram alvos de projetos. Hoje, observa-se uma nova tendência no desenvolvimento das várias operações urbanas em curso na cidade de São Paulo. As Operações Urbanas Consorciadas Água Branca e Mooca-Vila Carioca, estudadas neste trabalho, apresentaram em suas propostas diretrizes claras 101


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com relação à garantia de habitações de interesse social e da construção de um desenho urbano de qualidade, que incentive o encontro no espaço público. O projeto de lei aprovado para a Operação Água Branca tem o mérito de conseguir manter diversas diretrizes que priorizam o coletivo ao invés do individual, barrando mudanças, propostas pela iniciativa privada, que eram contrárias a essa ideia. Assim, o projeto apresentado no último capítulo é a conclusão de toda a pesquisa feita neste trabalho. Ainda que numa escala muito menor do que as analisadas, buscou-se adotar diretrizes que priorizassem o espaço público, transformando-o em ponto central do projeto e organizando a nova cidade ao seu redor.

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REFERÊNCIAS

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