são fictícios. Baseado na obra roteirizada intitulada
R.R. da autora Caroline Moura. Nenhuma parte deste livro pode ser reproduzida ou armazenada em um sistema de recuperação, ou transmitida de qualquer forma, ou por qualquer meio, eletrônico, mecânico, fotocópia, gravação ou outro, sem a permissão expressa por escrito da escritora.
Design da capa por: Caroline Moura
Colaboradores: Doutor Gustavo Henrique Cândido
| Doutor Lucas Achar
Direitosautorais
Fundação Biblioteca Nacional Escritório de Direitos
Autorais: 872.579
Direitosautorais Apresentação
Essa história explora o que escreveu Stephen King em Sombras da Noite: “Nosso interesse por esses horrores de bolso.” Abordando referências de crimes reais sem solução, que ficam até hoje no imaginário das pessoas que vivem com a firme convicção de que um dia estes mesmos terão sua resolução. Como, por exemplo, o caso de Christina Kettlewell, mais conhecida como a noiva de 8 dias. Em 12 maio de 1947, sem o consentimento de seus pais, a jovem de 22 anos fugiu para se casar com o seu noivo, Jack Kerouac, um veterano de guerra e foram passar a lua de mel com Barry, amigo de seu recém-marido, em uma cabana remota. Christina se sentia transtornada ao passar dos dias, até que no dia 20 ela desapareceu. Misteriosamente, o amigo do noivo não se encontrava no local e ao retornar no memento bem propício, ele encontrou o chalé em
chamas, conseguindo resgatar Jack, que estava completamente desorientado e com um ferimento na cabeça. Quanto a Christina, seu corpo foi enfim localizado algumas horas depois boiando de bruços na água. Apesar de não ter sido constatado sinais de luta, machucados e muito menos queimaduras em seu corpo, na autopsia resíduos de Codeína estavam presentes em seu estômago, contudo a causa da morte se deu por afogamento. Os mistérios que circundam esta história intrigante levaram a um inquérito sobre fuga, apólices de seguro de vida, cartas de suicídios e tentativas de homicídio. Lembre-se de que apenas bebi da fonte, mas não me embriaguei. A história que se segue é uma ficção que pode ter semelhanças com eventos reais, mas não é o que realmente aconteceu. No entanto, poderia ter sido...
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Prólogo
Presumindo que para atingir o resultado desejado de uma investigação, é necessário muito mais do que simplesmente apresentar provas. Em determinadas circunstâncias, é preciso aprofundar-se além da mera percepção de um fato. No entanto, ao adentrar profundamente em um cenário, torna-se cada vez mais difícil manter distância dele. Porém, vamos seguir adiante: trarei o caso e permitirei que julgue por si só quem é o culpado. Mas o problema nunca se resume apenas a quem, mas também ao porquê, como e se será possível explicar o motivo com precisão. Por mais trivial que possa parecer, ele sempre terá importância para alguém.
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ODireitosautorais
denso nevoeiro envolve a escuridão da noite em
Alphaville, criando um cenário aterrorizante. O silêncio é quebrado pelo vento sinistro assobiando por entre as árvores. Através da névoa, a silhueta de uma mulher emerge, com o cabelo loiro emaranhado caindo sobre o rosto, a camisola branca chamuscada e a pele fantasmagoricamente pálida. Ela cambaleia sem rumo pela neblina, sua confusão é igualada ao brilho caótico da mansãoaofundo.Anévoacarregaumcheiroúmidoe mofado, misturado com o cheiro forte de madeira
queimada e fumaça. O ar é denso e pesado, dificulta a respiração e causaarrepiosnapele.Osomdeumajanela se quebrando chama a sua atenção, contudo, para ela o lago parece ser seu único foco e consolo em meio ao caos. Assim, com o corpo totalmente submerso, suas últimas respirações escapam em bolhas que lentamente flutuam para a superfície, até que finalmente não existia mais.
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A noite dá lugar a uma melancólica luz matinal. A mesma cena agora está repleta de uma grande frota de policiais, vasculhandoaáreaembuscadeevidências.No centro de tudo está o Capitão Alves, um homem enrugado na casa dos cinquenta anos, segurando o seu habitual copo de café enquanto olha para o corpo sem vida flutuando na água. Atrás dele, um jovem oficial de 25 anos com baixa estatura,deolhoscinzentosecabelos tão negros quanto as penas de um corvo, lê suas anotações.
Camila Rezende, 54 anos. Empresária dona da exposição de trem R.R. no Ipiranga. Ela estava celebrando seu recente casamento com ele procura pelas folhas Ricardo. Pelo que tudo indica, após envenenar a si mesma e ao marido com uma garrafa de champanhe batizada, a senhora Rezende ateou fogo ao local, queseiniciounacozinha.Porfim,elafoiatéorio, ondetirouaprópriavida.
Eomarido?
Foi encontrado desorientado pelo seu genro, Pierre Brün, que estava fora na hora do incidente,maschamou aemergênciaassimquechegouaolocal.
Ondeeleestáagora?
Os paramédicos olevaramàspressasaohospital.Seu quadro éestável,masficarásobobservação.Oagravante é o estado mental dele, o homem está mentalmente perturbado.
OCapitãoobservaooficialsecarassuasmãossuadas.
Meparecepreocupado.
O senhor acha que vão chamar… o senhor sabe quem.
Ocapitãoencaraorapazcomdesdém.
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Escute, os verdadeiros profissionais estão resolvendo o caso. E não há nada de extraordinário por aqui. Este é apenasumcasodesuicídio.
Apressadamente, outro oficial vem ao encontro deles segurando umpequenosacodeevidênciascontendouma carta.
Oquetemparamim?
Uma carta de suicídio. Tem um bocado delas no quarto. Conseguimos coletaralgumasevamoslevarpara odistrito.
Com apenas um aceno, o capitão dispensa o segundo oficial.Voltandoasuaatençãoparaojovemaoseulado.
Oqueeutedisse?Suicídio!Casoresolvido.
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Nessa mesma noite, em um barzinho em Pinheiros, ao estilo dos anos 50, ao som suave de jazz, pessoas conversam despreocupadas nas mesas do lugarzinho elegante. Num corredor estreito, uma longa escadaria com tapete vermelho leva a uma porta lateral. Joseph Martin, um músico afro-americano de 54 anos, entra, causando um silêncio abrupto. Ansioso, o Sr. Martin ajusta seu terno vintage de 1910 e fecha a porta atrásde si. Seu olhar permanece na parede ao lado da porta, adornada com uma pintura abstrata de uma mulher chorando que contribui para o ambiente intimista do lugar. Voltando-se para a escada, ele se assusta ao se deparar com Beto, um morador de rua barbudo e desgrenhado sorrindo com meio sanduíche nas mãos sujas. O homem sai rapidamente pela porta. Com as
mãos trêmulas, Joseph tira um lenço elegante do bolso paraenxugarosuorqueescorrepelatesta.
Na escuridão do exterior do estabelecimento, omendigo corre para um beco onde Regina Reina, uma mulher enigmática de trinta e quatro anos, olhos castanho-escuros, frios como gelo e baixa estatura; está encostada na parede o esperando. Ela ajeita o blazer e estende a mão para ele, esperando alguma coisa. Seu cabelo castanho estilo arrepiado parece ainda mais escuro sob a luz bruxuleante do poste. O homem maltrapilho se aproxima, tirando uma carteira do bolso do casaco e entregando-a à mulher, que o encara de formaautoritária:
Odinheiro!
Subjugado,eleentregaodinheiro.
Todoodinheiro.
Envergonhado, ele finalmente decide entregar tudo a Regina,quecolocaodinheironacarteiraelegante.
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O que você tem para mim? ela perguntaenquanto passaseusdedosnasiniciaisJ.M.bordadasnoobjeto.
Estátudodojeitoquevocêfalou.
Reação?
O homem imita as reações de espanto de Joseph ao vê-lo.
Perfeito! Além de descuidado, também é medroso balançaacabeçaemdesaprovação.
O homem tosse nervosamente e esfrega os dedos; ela sabeoqueeledeseja.
Você já foi muito bem pago diz ela, apontando para a boca dele cheia de restos de comida Se você quisermais,encontre-menesteendereçoemdoisdias.
Reginaentrega-lheumpapelcomoendereço.
Ipiranga?AquiéPinheiros.
Está preocupado com o quê? Com o rodízio de veículos? ela faz uma pausa. Se não estiver interessado,possoencontraroutrapessoa…
Eleainterrompeafirmando:
Euvou.
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MalterminaasuafraseeBetofogeapressadamente.
Regina continua a inspecionar o objeto em suas mãos com grande cautela. Ela abre a carteira e examina rapidamente seu conteúdo: cartões de crédito de vários
países, carteira de motorista de Joseph e cédulas cuidadosamente separadas em reais e dólares. Satisfeita com suas descobertas, ela fecha a carteira, olha para o relógio e continua avançando com confiança até a entrada principal do bar. Sem diminuir o ritmo de seus passos, elacolocaacarteiraemumamesapróximaàrua. Elasaiconfiante,apenasmantendooolharfixoàfrente.
Enquanto isso, dentro do estabelecimento, todos os olhares estão em Joseph, que vai na direção da barrista que está apoiada no balcão. Ele se dirige a ela em português:
Boanoite!Mesaparadois,porfavor!
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Sem responder uma palavra, a mulher indica com o canto do olho uma mesa com duas cadeiras e uma vela, que auxilia na iluminação do ambiente escuro. O Sr. Martin vai até o seuassentoalmofadado,ajustaoternoe se senta. Verifica as horas e olhaaoredor,atéseusolhos darem de encontro com dois franceses truculentos sentados a sua frente o encarando. Amigavelmente, ele acena aos homens e um deles desabotoa o paletó revelando um coldre. Joseph engole seco, enquanto ajeita o colarinho de sua camisa. Subitamente, atrás de si, uma mão masculina dáumlevetapaemseusombros. Eleparalisa,mantendosuacompostura.
Acredito que isso seja seu se pronuncia Simon Farias, em inglês, entregando a Joseph a carteiraoutrora perdida.
Sr. Martin pega seu pertence das mãos do cavalheiro de altura consideravelmente alta, grande nariz avermelhado e barriga de chopp, que se apoia em sua bengala, andandocomdificuldadeatéacadeiraaoseulado.
Sejamaiscautelosodápróximavez,senhorMartin continua em inglês o homem com aparência de meia-idade. Nãoiránosabrilhantarcomumacanção?
Ele se senta. Posso garantir-lhe que a plateia é usualmenteagradável.
Simon aponta para saxofone sendo iluminado por um holofote no centro de um pequeno palco a frente deles. Educadamente,Josephperguntaemseuidioma:
Perdão,masjánosconhecemos?
Elespermanecemodiálogoeminglês.
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Não é fascinante como as coisas são? A vida é o palco e nóssomosaatração.Quempoderiaimaginarque apenas uma bengala ele balança o objeto em suas mãos —, e um rosto envelhecido, poderiam fazer toda a diferençanestanarrativa.
Sr. Martin o encara seriamente com sua mão apoiada na mesa.
Você continua confuso Farias coça o farto bigode grisalho.
Josepholhaparaasescadas.
Deixe me adivinhar, este lugar está reservado pausa até onde é de meu conhecimento, para uma mulher.
Sr.Martinarregalaosolhos.
Elanãovem,nãoémesmo?
Desapontado,eleselevantaparasair.
Vamos direto ao ponto e falarmos de negócios Simon oferece a cadeira para Joseph se sentar novamente. Eu posso lhe garantir que o senhor nãoé o único interessado no assunto ele acena com a cabeçaparaumdosfrancesesselevantando.
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Compreendo Sr. Martin logo toma seu acento novamente.
Farias retira um papel amarelado, sem inscrições,deseu sobretudoeentregaaJoseph.
Jásabecomofunciona.Paramaisinformação…
Joseph queima o papel cartão na vela. Gradualmente as letrasvãosurgindoeelevailendoparasiasinscrições.
Rana? Tem certeza disso? Tudo isso me parece perigoso.Nãoficapreocupado?
SimonFariascabisbaixosepronuncia:
É exatamente por isso que estou aqui ele pondera suas palavras Joseph, estou apenas seguindo ordens. Contudo, apesar de toda essa situação me causar profunda ansiedade, creio que no fim possa ser algoque meconduzaaoprofissionalismonestaárea.
OqueosenhorSecretáriopensaarespeito?
Estamos discutindo a falência de propriedades e uma quantiasubstancialdedinheiro.OSecretáriodeFinanças francês está certamente preocupado com a fraude que sofreu, mas creio que este assunto é mais pessoal parao senhor Simon retira do bolso uma caneta e entrega paraoSr.Martin.
Direitosautorais
Lembre-se, foi o senhor quem nos contatou. E no final, a decisão é toda sua. Então… qual é a sua resposta?