Fundação Municipal de Cultura apresenta:
0355/2014
Organização e coordenação de Carol Cunha
1a edição Belo Horizonte 2017
ÍNDICE Ilustração de Adna Souza 4
Ocupar. Expressar. Resistir.
por Carol Cunha
6
Equipe Técnica
10
BH independente
12
Acessibilidade para surdos
16
Maio: Centro Cultural Padre Eustáquio
18
coletivo ZiNas
por João Perdigão
por Hélio Alves de Melo Neto
trabalhos de alunos e professoras
Hip Hop e Resistência
40
Junho: Centro Cultural Liberalino Alves de Oliveira
42
por Bárbara Sweet
trabalhos de alunos e professoras
Invisibilidade e Resistência
64
Julho: Instituto Pauline Reichstul
66
por Cristal Lopez
trabalhos de alunos e professoras
Mulheres indígenas: representatividade e visibilidade
88
Concluindo...
92
Agradecimentos
96
Índice por artista
98
por Avelin Buniacá Kambiwá por Carol Cunha por Carol Cunha
Ficha Técnica
100
6
Introdução e ilustração de Carol Cunha.
OCUPAR.
expressar.
RESISTIR. Olá, eu sou a Carol Cunha e vou contar um pouco da história deste livro e do nosso coletivo! Este livro foi produzido pelo coletivo ZiNas, 28 alunos de oficinas de artes plásticas do nosso projeto “Vidas, Quadrinhos e Relatos” que é realizado pela Lei Municipal de Incentivo à Cultura, e vários convidados especiais que contribuíram para o projeto. Atualmente, o coletivo ZiNas é formado por Aline Lemos, Ana Schirmer, Carol Cunha, Carol Rossetti, Day Lima e Priscapaes. Nós nos conhecemos pessoalmente em feiras de publicações independentes, mas já tínhamos contato com os trabalhos umas das outras pela internet. Desde o início, tivemos uma interação muito harmoniosa, e percebemos grande potencial na nossa presença enquanto coletivo, para nos fortalecermos nas artes visuais e di-
vidirmos despesas com impressão de publicações. No final de 2014, quando comecei a escrever o projeto que daria origem a este livro, o coletivo ZiNas tinha menos de um ano de formação. Nós já tínhamos feito algumas publicações independentes juntas e queríamos realizar mais projetos em conjunto. Claro que eu já conhecia um pouco do trabalho das minhas colegas, mas sabe aquelas noites ociosas que a gente passa se divertindo vendo coisas legais na internet? Pois é, foi em alguma dessas noites que fiquei ainda mais encantada ao conhecer melhor os quadrinhos das minhas companheiras do coletivo. Percebi que, juntas, poderíamos desenvolver grandes projetos e ampliar nossa voz.
Nunca havia me identificado tanto com alguém no aspecto artístico como aconteceu com as ZiNas. Havia muitos pontos em comum nos nossos trabalhos, como as temáticas feministas, as influências da cultura underground, um pouco de pop art, várias questões relacionadas ao cotidiano, temas intimistas e direitos humanos, além dos traços fortes e cheios de personalidade. Fiquei super entusiasmada com nossa conexão naquele momento. Através da arte, e cada uma com seu estilo, todas militávamos pelos direitos humanos, especialmente por questões sobre mulheres, pessoas negras e LGBTs. Era a oportunidade que eu queria para construir algo novo.
Vidas, Quadrinho e Relatos
/
7
Fotografia de Pablo Bernardo
“Ao contrário do que dizem por aí, somos sim, maioria. Somos muitos, somos fortes e estamos acostumados a lutar para ocupar o nosso espaço”. Era notável no trabalho de todas nós uma busca constante por um mundo mais inclusivo, respeitoso e justo. Foi a partir disso que começamos a buscar alternativas para realizarmos nossos projetos artísticos com a preocupação em democratizar o acesso à arte e à cultura, encorajando a diversidade nos protagonismos das lutas e a expressão individual.
Possibilidades e Luta É incontestável a importância da existência de políticas públicas que favoreçam e valorizem a educação e a cultura, possibilitando protagonismo aos artistas e incentivando o potencial transgressor e transformador da arte. Vale lembrar que, no contexto político em que vivemos, essa luta se posiciona mais intensa e 8
necessária do que nunca. A arte, a cultura e a educação são pilares essenciais para a formação, a capacitação, o enriquecimento intelectual e a liberdade de expressão de um povo. Sem esses elementos, nossa sociedade retrocede e quem perde com isso não é apenas o educador, o agente cultural ou o artista; a perda é de toda a população e o prejuízo é irreparável. A arte, a educação e a cultura são bens que deveriam pertencer a todos, e não serem restritos a pequenos nichos de pessoas socialmente privilegiadas.
Sede de mudança Nós, pessoas negras e mestiças, mulheres, pobres, periféricas, faveladas, deficientes, LGBTs, nós somos muitos. Ao contrário do que
dizem por aí, somos sim, maioria. Somos muitos, somos fortes e estamos acostumados a lutar para ocupar nosso espaço. Chamam-nos de minoria mesmo quando aparecemos em massa, lutando em tantas vias. Se as minorias que propagam esse discurso alienado e alienante desaprovam, vou logo avisar: o choro é livre. Não é todo mundo que sabe o que é ter sede de mudanças, afinal, existe uma minoria que sempre foi muito privilegiada. Cada vez mais vamos nos manifestar nas ruas, nas artes, na educação, na cultura e também em cargos políticos e demais cadeiras formadoras de opinião.
Carol Cunha (ou Kaka Kuh)
Eu sou a Kaka Kuh e já tive muitos bichos de estimação mas ratos são os meus favoritos; adoro vê-los sorrir: quiquique! Artista “Prática”, Carol Cunha é bacharela em Artes Plásticas com habilitação em Cerâmica e Pintura pela Escola Guignard- UEMG. Trabalha com fanzines, desenhos, cerâmica, pintura e gravuras. Autora do quadrinho “KaKa Kú e Fudivaldo”, faz fanzines desde novembro de 2013. Engraçados, seus personagens Xuranhas, Briokos e Pirokas Felizes conversam e reivindicam seus prazeres com muita autonomia e personalidade. Kaka Kuh vendeu durante 2 anos e meio suas sátiras escatológicas em bares boêmios de BH e outras cidades por onde passou. Os preços eram R$5,00 ou R$10,00 e, quem as comprava, ganhava também um abraço da autora, cheio de afeto! http://kakakuhefudivaldo.wixsite.com/carolcunha Vidas, Quadrinho e Relatos
/
9
EQUIPE Carol Cunha Aline Lemos Ana Schirmer Carol Rossetti Day Lima Laura Athayde Priscapaes Reginaldo dos Santos Daniela Moreira Dias Thiago Pedro Monteiro Bárbara Sweet Cristal Lopez Avelin Buniacá Kambiwá
Ilustração de Carol Cunha 10
Coordenadora Todas as aulas foram acompanhadas pela coordenadora do projeto, a fim de garantir a unidade das aulas.
Arte-educadoras Todas as oficinas foram ministradas por Carol Cunha, coordenadora e idealizadora do projeto, e mais duas outras integrantes do Coletivo ZiNas. Todas as integrantes têm experiência com quadrinhos independentes voltados para temáticas relativas à sociedade e aos direitos humanos.
Intérprete de Libras O projeto foi pensado considerando a inclusão de pessoas surdas ou com deficiência auditiva, de forma que um intérprete de Libras fez parte da equipe de todas as aulas do projeto.
Psicólogos
Artistas convidados Com o objetivo de mostrar o potencial transformador da arte, convidamos artistas de outras áreas, além da ilustração, para que contassem um pouco sobre suas trajetórias, para promover a interdisciplinaridade entre as lutas.
As oficinas foram permeadas de discussões sobre temas sensíveis, como racismo, LGBTfobia e machismo. Para encorajar os alunos a se expressarem sobre esses temas, que podem vir acompanhados de traumas e medos, contamos com a participação pontual de psicólogos que fizessem dinâmicas em sala e proporcionassem uma discussão mais significativa.
Vidas, Quadrinho e Relatos
/ 11
“Não tem como negar que Belo Horizonte está se consolidando como um centro de produção independente que atrai atenção de todo o Brasil”.
12
BH
BH independente Texto de João Perdigão. Ilustraçôes de Carol Rossetti e Carol Cunha.
Voltando para a Belo Horizonte de 1951, tudo começa com o jornal “Binômio”, fundado para fazer chacota do então governador JK. Com uma fórmula satírica mesclada ao jornalismo de primeira, o jornaleco cresceu e nos anos 1960 tornou-se uma grande mídia local, até ser empastelado pelo Golpe de 1964. Em BH despontou para seu percurso, o O coletivo ZiNas me o mundo com a “Binômio” revelou pediu para fazer cartunistas do poresse texto sobre a Cogumelo. te de Ziraldo e Borgênese dessa cena jalo, que estouraram logo depois. independente (ou alternativa) na No início dos anos 1960, a reviscidade. Obviamente, devem existir ta “Alterosa”, através de seu edioutras referências históricas difetor Roberto Drummond, lançou o rentes destas, que podem vir à cartunista Henfil, que a partir do tona a qualquer hora - e olha que nem poderia ficar apenas no munfinal daquela década brilharia nado de zines e revistas, senão o recionalmente no “Pasquim”, um exemplo nacional de mídia indepenlato seria ainda mais curto. Quem dente que vingou e que, por acapode completar essa lacuna um dia so, teve influências do “Binômio” é a quadrinista e historiadora Aline em sua concepção satírica. Lemos, integrante do ZiNas, que tem uma pesquisa bem bacana sobre as mulheres pioneiras dos Nos anos 1970, enquanto os poetas e escritores malditos da chamada quadrinhos e do cartum no Brasil.
Para falar sobre publicações independentes em Belo Horizonte é relevante dizer que nos últimos anos ocorreu a solidificação de uma pungente cena autônoma. Tal cenário se desenhou pela qualidade e pluralidade dos trabalhos produzidos pelos artistas locais e, claro, pelo apoio do público.
geração mimeógrafo vendiam seus zines no “centrão” e no Maletta, apareceram as revistas “Meia Sola” e “Uai”, primeiras publicações de quadrinhos locais feitas sob influência do quadrinho underground que tinha estourado nos Estados Unidos na década anterior. Era só um aperitivo para a chegada dos anos 1980, quando BH despontou para o mundo com a Cogumelo, selo musical de metal/ punk/experimental que lançou o Sepultura e o Pato Fu. Inclusive o punk rock, gênero musical incentivador da cultura de fanzines, só chegou por aqui nessa década. Uma figura representativa dos quadrinhos locais neste período foi Lacarmélio, que além de editar e vender a revista “Celton”, já fazia propaganda para que as pessoas comprassem produções independentes. Naqueles tempos, a videoarte local aparecia com força e nas artes, a novidade abraçada pelos artistas locais era a performance. Vidas, Quadrinho e Relatos
/ 13
“Nos dias de Momo, nosso único jeito de “carnavalizar” era participando de alguma oficina engajada no Carnaval Revolução.”.
Ao final dos anos 1980, a revista independente “Finalmente” apareceu para tacar moda, arte e cultura no liquidificador durante alguns anos. Os anos 1990 foram definitivos para a consolidação do underground nacional. O poder público local, através do Festival Internacional de Quadrinhos (FIQ), finalmente criou um evento que se tornou referência no Brasil. O FIQ surgiu quando a revista “Graffiti” começava, que era um empreendimento de jovens quadrinistas fundado em 1995 que sempre contou com mulheres em seu conselho editorial. A “Graffiti” teve tanto sucesso que chegou a ser uma editora, lançando ótimos títulos do quadrinho nacional e gringo. Havia constante presença feminina em suas páginas que publicaram artistas como Silvia Amélia, Clarice Alvarenga, Marilá Dardot e muitas outras. Em 2009, em um ato de pioneirismo, a “Graffiti” lançou um número inteiramente dedicado a elas: a edição apresenta 23 histórias de autoras brasileiras e de países como Bolívia, Peru, Sérvia, Inglaterra e Itália. Já eu, vim de uma cena que circulou na cidade nos anos 2000. Naquele tempo, no Edifício Maletta só havia o Lua Nova, boteco pancada que ainda resiste, e o Gato Negro, um espaço anarquista. Nos dias de Momo, nosso único jeito de “carnavalizar” era participando de alguma oficina engajada no Carnaval Revolução. Tempos de Orkut e Fotolog, quando eu 14
colava lambe-lambes e comecei a conhecer o pessoal das artes urbanas. Quando me formei, meu TCC coletivo foi sobre fanzines e em 2010 eu e um grupo de amigos resolvemos fazer um zine que viria com um pôster - e assim nasceu “A Zica”. Em 2010, quando editamos a primeira “A Zica”, colocamos o preço de R$ 5,00 na capa, temerosos de que as pessoas não fossem pagar por aquilo. Fora o FIQ e um ou outro “rolê” esporádico, não havia uma cultura de zines e quadrinhos locais circulando. Juntamente com o 4e25, Comum e Desali, bolamos o conceito de Kamelô Gráfico, uma rede autônoma para fazer feiras voltadas para as artes gráficas. Dentro deste conceito, durante o FIQ de 2013 e 2015, fizemos o FIQ Fora, quando tivemos a oportunidade de ficar no vão do Viaduto Santa Tereza para vender nossos zines e nos conectar com o pessoal de fora que passava ali. Foi em um cenário em ebulição das publicações independentes que o coletivo ZiNas apareceu. No Maletta, já tinha rolado a galeria de arte Piolho Nababo e a Feira Gráfica, e o Mercado Faísca estava nascendo, entre outras feiras pipocando por BH. Quem eu conheci primeiro foi a Carol Cunha, que vendia zines eróticos neste circuito - e agora no processo de produzir sua primeira graphic novel que será uma referência aos ratos do underground. Numa conexão muito louca que acontece durante as feiras, Carol se aliou a umas meninas muito cabulosas (no bom sentido, claro!), cada uma com sua
habilidade: a Aline (Desalineada), que eu já citei lá no início, faz um trabalho original e tem o que dizer a partir de uma pesquisa histórica, coisa rara hoje; a Carol Rossetti é uma designer e ilustradora muito sagaz que, a partir de pequenos relatos, cria peças de poster art que são compartilhados no mundo todo; a Ana Schirmer (Ana, Só Ana) é uma desenhista de primeira e tatuadora que tem um trabalho sensacional com aquarela; Day Lima, que se formou em moda, mas atua como tatuadora (seus desenhos de pegada old school se sobressaem) e também trabalha com ilustração; Priscapaes, que veio do teatro e também se graduou em artes plásticas, gosta de fazer tirinhas pontuais, além de colar uns lambe-lambes por aí.
“A partir da pluralidade encontrada no trabalho das integrantes do coletivo Zinas, podemos ver a potência que as mulheres têm para criar novos espaços de tensão e conexão em Belo Horizonte”.
A partir da pluralidade encontrada no trabalho das integrantes do coletivo Zinas, podemos ver a potên-
cia que as mulheres têm para criar novos espaços de tensão e conexão em Belo Horizonte
Vidas, Quadrinho e Relatos
/ 15
16
ACESSIBILIDADE PARA SURDOS Texto e ilustração de Hélio Alves de Melo Neto
Vamos formular as questões antes de começar a falar sobre a acessibilidade. O que é acessibilidade, afinal, para você? Por que esse termo é muito importante para o público? Você se importa com a acessibilidade? Por que a acessibilidade é muito importante para a diversidade? Acessibilidade significa a inclusão da pessoa com deficiência na participação de atividades, como o uso de produtos, serviços e informações, afirma um site governamental. Exemplos disso são rampas de acesso para cadeira de rodas, banheiros adaptados para deficientes, adaptação de corrimãos e piso tátil em todo local para cegos. Existem leis para a acessibilidade de deficientes, que são as seguintes: Decreto no 5.296 de 02 de dezembro de 2004 e Decreto no 6.949, de 25 de agosto de 2009. E existe a acessibilidade para os surdos? Sim, existe a acessibilidade para os surdos. Os exemplos desse tipo de
acessibilidade são profissionais de Libras para interpretar as falas das pessoas ouvintes no teatro, congresso, tribunais de justiça, consultórios médicos, salas de aula de vários níveis de escolaridade, entre outros. Não apenas o intérprete de Libras, mas também as legendas e closed caption na TV e no cinema. As formas de comunicação mais utilizadas pelos surdos são mensagem de celular e videoconferência, em qualquer aplicativo. A importância da acessibilidade para os surdos é que, assim, eles recebem mais informações completas em qualquer espaço. Com isso, eles se sentem mais satisfeitos e seguros, pois são cidadãos que têm seus direitos. Com a acessibilidade, eles são colocados em igualdade com as pessoas ouvintes, como, por exemplo, ao não perderem as informações que as pessoas falaram em uma palestra.
Imagine um surdo em uma sala de cinema assistindo um filme brasileiro de comédia sem legenda. Quando tivesse uma cena engraçada, o público conseguiria rir, e o surdo não? Imagine uma palestrante apresentando seu trabalho para o público em um espaço sem a presença de um interprete de Libras. Todos conseguiriam obter as informações para o trabalho e estudo, e o surdo não? O jornalista apresenta as notícias na televisão sem closed caption. Os ouvintes veriam essas notícias e comentariam, e o surdo não? Se não houver serviços acessíveis em todos os espaços, os surdos são excluídos e prejudicados. Enfim, os surdos se importam com a acessibilidade em todos os espaços para ganharem autoestima e se sentirem bem com os serviços acessíveis.
Vidas, Quadrinho e Relatos
/ 17
centro cultural padre eustáquio Áustria fernandes Flávia pompermayer ribeiro Guilherme Jacomé Gustavo Assis Hélio alves de melo neto lucas ramón alves de lima marciel Luiz saraiva Luiza bernardes de matos marcolino Patrícia de souza oliveira Sabrina brito Thaís cristina lombardi Yasmin mahmud
18
1o ciclo de oficinas maio/2016 coordenadora: Carol cunha arte-educadoras: Aline Lemos Day Lima Convidada: BÁrbara Sweet
Ilustração de Day Lima
Vidas, Quadrinho e Relatos
/ 19
Daquelas que fica horas pensando no que vai dizer, mas acaba pondo qualquer coisa. Aline Lemos é Mestre em História e possui formação complementar em Design Gráfico e Artes Plásticas. Faz e publica quadrinhos de forma independente desde 2013, além de ser colaboradora do portal Lady’s Comics. www.desalineada.com
20
Eu sou Day Lima, vegana, feminista, chorona e tenho uma cabeça que nunca para de trabalhar. Dayanna Isis Gomes Lima é bacharela em Moda pelo Centro Universitário UNA e atualmente trabalha como tatuadora e ilustradora utilizando o nome artístico Day Lima. Tem um grande apreço por HQs independentes e possui algumas publicações em pequenos formatos: “Entre” e “Identidade” (2014), além de histórias em quadrinhos publicadas em fanzines: “Erosphobia” #1 e #2 (2014), “Tranza” (2014) e “Aborto” (2015). Em 2011, começou a se interessar por ilustrações e como tema principal para seu trabalho ilustrou mulheres gordas, uma forma de representar essas mulheres na Moda, já que são quase inexistente para essa indústria. instagram.com/dayisis
Vidas, Quadrinho e Relatos
/ 21
Luiza Bernardes de Matos Marcolino 22
PatrĂcia de Souza Oliveira FlĂĄvia Pompermayer Ribeiro
Vidas, Quadrinho e Relatos
/ 23
24
Patrícia de Souza Oliveira Hélio Alves de Melo Neto
Ă ustria Fernandes Vidas, Quadrinho e Relatos
/ 25
26
Gustavo Assis HĂŠlio Alves de Melo Neto
Thais Cristina Lombardi Vidas, Quadrinho e Relatos
/ 27
28
Ilustração de Aline Lemos
Ilustração de Day Lima
Vidas, Quadrinho e Relatos
/ 29
Luiz Saraiva 30
Ă ustria Fernandes LuĂza Marcolino
Vidas, Quadrinho e Relatos
/ 31
Guilherme JacomĂŠ 32
Sabrina Britos Yasmin Mahmud
Vidas, Quadrinho e Relatos
/ 33
Lucas Ramon (Tiquinho) 34
Lucas Ramon (Tiquinho) Vidas, Quadrinho e Relatos
/ 35
Daniela Dias 36
Zine colaborativo Vidas, Quadrinho e Relatos
/ 37
38
Ilustração de Aline Lemos
Ilustração de Day Lima
Vidas, Quadrinho e Relatos
/ 39
HIP
40
HOP & LUTA Texto de Bárbara Sweet Ilustração de Aline Lemos
Eu não sei dizer quando me tornei feminista. Talvez seja algo que eu sempre fui, desde a tenra infância. Eu nunca consegui compreender as liberdades que eram dadas aos meus primos e tios homens, e negadas a mim e às outras mulheres da minha família. Mas lembro bem da primeira vez que fui chamada de feminista na escola, e isso não era um elogio. Foi bem antes do advento da internet em nossas vidas e da militância emplacar palavras como “empoderamento”, “protagonismo”, “sororidade” e “problematização”. De lá pra cá muita coisa mudou, outras nem tanto. E eu vi o feminismo crescer dentro de mim e no mundo, atingindo meninas tão novas quanto eu era na primeira vez
que fui “ofendida” com a alcunha. Muito se tem discutido sobre os direitos das mulheres, a hipersexualização dos corpos femininos na mídia, assédio e sexualidade, porém, no plano das vivências, ainda somos bombardeadas todos os dias com o esmagamento de nossa liberdade. No mundo das artes, um ambiente supostamente libertário, nos deparamos com o apagamento da produção feminina em todos os campos artísticos. Historicamente, somos as musas inspiradoras de lindos versos, telas e romances, mas uma ida rápida ao museu, biblioteca e shows (de qualquer estilo musical) e percebemos como as mulheres ainda estão longe da real valorização de sua produção.
Como MC eu passei por situações que deixavam claro que os palcos no Hip Hop poderiam ser bem hostis para uma mulher. Assédio, humilhação, remuneração inferior, sabotagem; tudo isso faz parte não só da minha história, mas da de todas as MCs com quem tenho conversado ao longo dos anos. Isso não começou ontem e não acabará amanhã. Longe de mim ser agente do pessimismo. A evolução está acontecendo a passos curtos e agora já vemos mais mulheres se unindo e criando espaços para produzir entre si de forma horizontal e colaborativa, propagar sua arte e atingir mais pessoas com a arte produzida por mulheres. Quando vamos juntas, unidas, somos mais fortes e vamos mais longe.
Vidas, Quadrinho e Relatos
/ 41
centro cultural liberalino alves DE OLIVEIRA angélica Lourenço de almeida BEATRIZ augusta gonçalves geraldo ferreira de morais HELLEN BARBOSA julieta martha alves bicalho marília fonseca del passo nadir barbosa eduardo Pedro balduíno
42
Daniela Dias Daniela Dias
2o ciclo de oficinas junho/2016 coordenadora: Carol cunha arte-educadoras: Carol Rossetti Laura Athayde Convidada: Cristal Lopez
Áustria SabrinaIlustração de Laura Athayde
Vidas, Quadrinho e Relatos
/ 43
Ilustração, cinema, literatura e chocolate. Não necessariamente nessa ordem. Carol Rossetti decidiu ser ilustradora aos 3 anos, quando ganhou de seus pais uma caixa de lápis de cor. Mais tarde, resolveu que estudaria design gráfico, área na qual se graduou em 2011. Ela mora em Belo Horizonte e concilia seus projetos autorais de ilustração com o estúdio Café com Chocolate Design - projeto criado por ela e três amigos - e com o coletivo ZiNas. Até hoje ela adora ganhar cadernos e se delicia com as infinitas possibilidades de um papel em branco. www.carolrossetti.com.br
44
Advogada por profissão e desenhista por teimosia. Laura Athayde desenha desde criança. Tentou fugir da vocação e seguir a tradição familiar, mas não teve jeito: após terminar a pós graduação em Direito Tributário, em 2014, passou a dedicar-se à ilustração e aos quadrinhos. Participou de diversas publicações coletivas e lançou também dois zines individuais, que podem ser lidos online em http://issuu. com/lauraathayde. Em novembro de 2015, durante o Festival Internacional de Quadrinhos, lançou Arquipélago, sua primeira HQ longa, em parceria com a Editora Tribo. Como se não bastasse fazer quadrinhos, decidiu escrever sobre eles na coluna de HQ Arte do portal MinasNerds.com. br. Atualmente, cursa design, trabalha em uma agência de publicidade e acha que a gente não nasceu pra ser uma coisa só nessa vida. www.facebook.com/ltdathayde
Vidas, Quadrinho e Relatos
/ 45
Angélica Lourenço de Almeida 46
Beatriz Augusta Gonรงalves Vidas, Quadrinho e Relatos
/ 47
Julieta Martha Alves Bicalho 48
Geraldo Ferreira de Morais Vidas, Quadrinho e Relatos
/ 49
Pedro BalduĂno 50
Angélica Lourenço de Almeida Vidas, Quadrinho e Relatos
/ 51
Beatriz Augusta Gonรงalves 52
Geraldo Ferreira de Morais Vidas, Quadrinho e Relatos
/ 53
54
Ilustração de Carol Rossetti
Áustria Ilustração de Laura Athayde Sabrina
Vidas, Quadrinho e Relatos
/ 55
Hellen Barbosa 56
Nadir Barbosa Eduardo Vidas, Quadrinho e Relatos
/ 57
Pedro BalduĂno 58
Zine colaborativo Vidas, Quadrinho e Relatos
/ 59
Angélica Lourenço de Almeida 60
Hellen Barbosa Vidas, Quadrinho e Relatos
/ 61
62
Daniela Dias Ilustração de Carol Daniela DiasRossetti
Ilustração de Laura Athayde
Vidas, Quadrinho e Relatos
/ 63
“Eu acho que o maior desafio da mulher trans é as pessoas não te legitimarem como mulher pois independente de tudo eu sou uma mulher, a transexualidade me fez uma mulher”. Cristal Lopez
64
INvisibilidade & REsistência Texto de Cristal Lopez Ilustração de Carol Rossetti
Olha, ser uma mulher trans e negra nesse país é muito complicado, pois a gente carrega dois preconceitos: o preconceito da pele e o preconceito da identidade de gênero. Assim, eu sou vítima tanto de racismo quanto de transfobia, e eu não sofro nenhum mais que o outro, eu sofro os dois na mesma medida. Eu já passei por várias situações difíceis, desde o desrespeito ao meu nome social no período da escola, com muitos professores não respeitando esse nome e não me vendo como mulher. Eu acho que o
maior desafio das mulheres trans são as pessoas que não nos legitimam como mulher, pois, apesar de tudo, eu sou uma mulher; a transexualidade me fez uma mulher. Então, eu acho que o maior problema da mulher trans é a invisibilidade, e quando a mulher é negra e trans o problema é duas vezes maior. Eu já sou “invisível” porque eu sou negra, “invisível” também por ser uma mulher trans, mas eu não me arrependo de ser uma mulher trans, eu sou feliz do jeito que eu sou, e é isso.
A transexualidade me fez uma mulher.
Vidas, Quadrinho e Relatos
/ 65
instituto pauline reichstul adna souza Amanda muiños Andrade Bárbara Macêdo ribeiro Dara cecília domingues Eliza carolina ferreira de jesus júlia seném botelho Tiago goulart yasmin barroso
66
3o ciclo de oficinas julho/2016 coordenadora: Carol cunha arte-educadoras: Ana schirmer Priscapaes Convidada: AVELIN Buniacá Kambiwá
Ilustração de Ana Schirmer
Vidas, Quadrinho e Relatos
/ 67
Eu sou a Ana: tatuadora, fada e amo gatos. Desde 2013, Ana Schirmer adotou o adorável codinome Ana - só Ana - para publicar sua produção de ilustrações em aquarela nas redes sociais. Desde então, a bacharelanda em Artes Plásticas tem se aventurado em várias possibilidades que a arte oferece: dando aulas, ilustrando, criando materiais gráficos para feiras e para o coletivo ZiNas, colaborando como produtora cultural em eventos específicos, fotografando e até mesmo no universo da cerâmica. Atualmente, tem se dedicado ao desenho e à tatuagem, sem perder a essência do que move a sua produção, onde o ponto de partida são suas percepções sobre o que é ser mulher dentro da nossa cultura. http://schirmerana.wixsite.com/portfolio
68
Oi, eu sou a Prisca. Pareço séria, mais faço cover da Beyoncé enquanto arrumo a casa. Graduada em Artes Plásticas pela UEMG - Escola Guignard, Priscapaes tenta, sem sucesso, educar seu cãozinho. Teve seu início nas artes através do Teatro. Estudou Design pelo Senai - CECOTEG e tem muito apreço pela arte urbana; vez ou outra sai pra colar uns lambes. Tem como respiro a arte-educação, já trabalhou em espaços expositivos e atualmente é educadora de artes visuais da ONG Corpo Cidadão. Suas publicações principais são: “Pra Tua Presença Ausente”, “Coisas (irr)elevantes que se descobre depois dos 30” e “Profundidade”. Produziu também o zine Erosphobia com Day Lima. Ilustra suas certezas e, através de seus desenhos, tenta se comunicar com o mundo. priscapaes.webnode.com
/
70
Dara Cecília Domingues Júlia Seném Botelho
Amanda MuiĂąos Andrade Vidas, Quadrinho e Relatos
/ 71
Ilustração de Bárbara Macedo e Yasmin Barroso 72
Ilustração de Adna Souza e Júlia Seném Botelho Vidas, Quadrinho e Relatos
/ 73
Ilustração de Eliza Carolina Ferreira de Jesus e Dara Cecília Domingues 74
Yasmin Barroso de Souza Vidas, Quadrinho e Relatos
/ 75
76
Ilustração de Ana Schirmer
Ilustração de Priscapaes
Vidas, Quadrinho e Relatos
/ 77
Eliza Carolina Ferreira de Jesus 78
Dara CecĂlia Domingues Vidas, Quadrinho e Relatos
/ 79
Tiago Goulart 80
BĂĄrbara Macedo Ribeiro Amanda MuiĂąos Andrade
Vidas, Quadrinho e Relatos
/ 81
Babi Macedo 82
Adna Souza Vidas, Quadrinho e Relatos
/ 83
Yasmin Barroso de Souza 84
Júlia Seném Vidas, Quadrinho e Relatos
/ 85
86
Ilustração de Ana Schirmer
Ilustração de Priscapaes
Vidas, Quadrinho e Relatos
/ 87
Mulheres
88
indígenas Representatividade & visibilidade Texto de Avelin Buniacá Kambiwá Ilustrações de Priscapaes e Carol Cunha
O Brasil e o mundo, de forma consciente ou não, têm alguma noção sobre o massacre dos povos indígenas. Mas sobre nós, que continuamos aqui, sabem muito pouco ou nada. Sobre as mulheres indígenas sabem menos ainda, ou alimentam em seu imaginário uma imagem folclórica e antiquada de que seríamos submissas e incapazes, de que viveríamos atrás dos cocares dos homens, de que não participaríamos das decisões da aldeia ou nas lutas e na política, dedicadas apenas a cuidar dos filhos. Esses estereótipos, além de falsos, fazem com que tantas conquistas por nós já vividas se tornem invisíveis e ainda ocultam crimes contra as mulheres indígenas, as mais vulneráveis do mundo. Dados da ONU comprovam que em cada grupo de 5 mulheres indígenas, 3 já foram estupradas. Isso é mais que o dobro da média nacional. Segundo
o mesmo relatório, no Brasil, o índice de maternidade adolescente indígena é o dobro da não indígena. Mas a força e a beleza da mulher indígena estão na resiliência e na transformação.
povos, o que faz com que tenhamos que interagir com diferentes atores no contexto interétnico.
A partir da década de 1990, começaram a surgir nossas próprias organizações e, inclusive, departamentos de mulheres dentro de organizações indígenas já estabelecidas na Amazônia brasileira. Encontros, oficinas e conferências de mulheres de diferentes etnias também têm acontecido com cada vez mais frequência, nos âmbitos nacional e internacional, promovidos por organizações indígenas, instâncias estatais e não governamentais.
Esses novos espaços de discussão articulam mulheres de diferentes etnias. Neles, é expressivo o número de professoras e mulheres atuantes na área da saúde. Grandes lideranças femininas têm se levantado nesses encontros, lutando por questões específicas de nossos povos ou por outras pautas da sociedade civil, inclusive no campo político partidário. A inserção na política partidária parte da necessidade de um diálogo com a sociedade não indígena. Nós, mulheres, acreditamos que temos muito a ensinar e aprender com o não indígena. Nesse sentido, é importante lembrar que o número de mulheres indígenas que saem de suas aldeias para fazer um curso superior nas cidades é o triplo do número de homens, apesar de todas as dificuldades relacionadas a gênero. Também é importante destacar que os
O que buscamos no momento atual é a reivindicação de direitos próprios da mulher e, ao mesmo tempo, o fortalecimento de antigas lutas de nossos
Vidas, Quadrinho e Relatos
/ 89
termos utilizados nas discussões feministas não indígenas, como “gênero” ou “empoderamento”, entre tantos outros, têm sido intensamente vividos por nós, mesmo que não tenhamos esses conceitos em palavras.
Vivemos todos os dias o empoderamento, questionando os papéis tradicionais desde muito jovens e mudando o mundo ao nosso redor, dentro das aldeias e fora delas. Dessa forma, transpomos as lutas de um campo estritamente feminista-ocidental para outra realidade que não a da mulher não indígena. Os conceitos acadêmicos têm sido resignificados por nós em diferentes formas de ação e passam a ter um caráter que se comunica entre as sociedades indígenas e não índias. Isso possibilita a nossa participação, de forma cada vez mais ativa, nas decisões políticas ao nosso redor. Essa participação se dá de forma ampla, até porque não temos uma agenda feminista específica
90
dentro da sociedade ocidental. Assim, vamos transformando o academicismo para que ele possa dar conta das necessidades específicas das mulheres indígenas. A violência contra a mulher e o reconhecimento dos direitos reprodutivos, por exemplo, são demandas compartilhadas pelos dois movimentos, mas a experiência cotidiana nas comunidades, e até mesmo no espaço urbano, das mulheres indígenas difere – e muito – da realidade das mulheres não indígenas.
Por isso é tão necessário e urgente um maior engajamento político da nossa parte: ainda precisamos mostrar que nossas lutas e vidas são valiosas e podem trazer à política institucional nossa garra, nossa força, nossa cultura e nossa ancestralidade.
“Os conceitos acadêmicos têm sido resignificados por nós em diferentes formas de ação, e passam a ter um caráter que comunica entre as sociedades indígenas e as não índias”.
Vidas, Quadrinho e Relatos
/ 91
“Não tem como negar que Belo Horizonte está se consolidando como um centro de produção independente que atrai atenção de todo o Brasil”.
92
BH
CONCLUINDO... Texto e ilustração de Carol Cunha.
Se a pedissem para falar do momento mais chocante de sua vida, como você o descreveria? Será que realmente sabemos quais foram os melhores ou os piores momentos de nossas vidas? Será que damos conta de nos lembrar de momentos que transcendem, que vão além da nossa conta, que chegam em um lugar que não sabemos onde é, mas que parece deletar tantas coisas e ao mesmo tempo não anula nada? Escrever um texto de conclusão sobre o projeto “Vidas, Quadrinhos e Relatos”, para mim, é de uma responsabilidade que não caberia em frases e parágrafos sequenciais e cheios de nexo, não saberia fazê-lo. Tem coisas que não dá para definir. Sabe quando você está em um dia tão, mas tão legal que tudo parece perfeito e quando passa você se dá conta de que não há nenhum registro fotográfico para você se re-
cordar daquelas situações icríveis e inigualáveis? Não houve fotos, afinal, estava tão maravilhoso que a única coisa a se fazer era seguir o fluxo do momento. Por isso, deixo menos árdua essa etapa permitindo que meus dedos discorram pelo teclado... Suor, dúvida, vontade, sonho, dedicação, fé, entusiasmo, dedos, imaginação, árduo, trabalho, devoção, coletivo, trio, dupla, solidão, conquista, surpresa, deslumbramentos, felicidade, encantamento, ego, dificuldades, encontros, prazeres, desencontros, problemas, soluções, aproximações, afastamentos, desconfianças, tretas, rompimentos, recomeços, encerramentos, novidades, sorrisos, gargalhadas, admiração, pessoas, gratidão, desapontamentos, impotência, decepção, críticas, julgamentos, desrespeitos, recuperações, volta por cima, ternura, momentos, emoção, simpatia, apatia, dor, feridas, mágoas, sonhos,
devaneios, ilusões, conquistas, afeto, carinho, amor, dinheiro, sorte, perdas, saúde, reconhecimento, conhecimento, ignorância, má vontade, boa vontade, incompreensão, compreensão, sol, luta, escassez, tristeza, fome, desespero, pobreza, mágoa, doença, depressão, família, par, pai, mãe, avós, irmãos, amigas, amigos, respeito, identificação, cura, mãos dadas, união, solidão, frieza, poeira, sol, chuva, elos, barreiras, dúvida, responsabilidade, medo, preocupação, neutralidade, materialidade, riqueza, legado, expressão, adeus, morte, vida, passagens, evolução.
Arte: Vida.
Vidas, Quadrinho e Relatos
/ 93
Corpo político Olho da rua Poesia nua Crua sangrando Retinas nebulosas Entranhas de concreto Cinza no espaço Azul do mundão Revolução poética Ed Marte
94
Vidas, Quadrinho e Relatos
/ 95
96
AGRADECIMENTOS Texto de Carol Cunha Ilustração de Angélica Lourenço de Almeida
O coletivo ZiNas agradece à Fundação Municipal de Cultura e seus representantes por terem aprovado e acreditado no nosso projeto, dando-nos essa oportunidade única de executá-lo através do Fundo Municipal de Cultura. Agradecemos a todas as cidadãs e cidadãos que residem em Belo Horizonte pois, graças à honestidade de vocês, tivemos condições e recursos para realizarmos nosso projeto. Agradecemos imensamente aos alunos pelo interesse, empolgação e confiança: sem vocês, nada disso teria sido construído. Nossa gratidão também vai para a equipe do projeto, sempre competente e com boa vontade. Aos psicólogos Daniela Dias e Thiago, ao intérprete de Libras Reginaldo dos Santos, ao advogado Vicente Natalino Silva, à Pulo Comunicação e Arte, ao jornalista e escritor João Perdigão, ao Ed Marte, que nos cedeu um poema, e às convidadas Bárbara Sweet, Cristal Lopez e Avelin Buniacá Kam-
biwá; muito obrigada por fazerem parte do nosso projeto. Agradecemos ainda à quadrinista, artista plástica e ilustradora Amanda Reis (Bianca) que, embora não tenha participado deste livro, nos apoiou e nos inspirou em vários momentos, estando junto do coletivo desde seu surgimento. Agradecemos também à quadrinista e ilustradora Laura Athayde, que complementou nossa equipe de arte-educadoras, agregando seu conhecimento e experiência às oficinas e planejamentos. Toda gratidão ao fotógrafo Pablo Bernardo e às instituições onde foram realizadas as oficinas de artes plásticas: Centro Cultural Padre Eustáquio, Centro Cultural Liberalino Alves de Oliveira e Instituto Pauline Reichstul. O coletivo ZiNas também agradece pelo incentivo, carinho e atenção de: Afonso Andrade, Alex Bessas, Alexandre Barbosa da Cunha, Almir Pepato, Ana Paula Freitas, Ângelo
Vinícius Ferreira de Andrade, “A Zica”, Benfeitoria, Brisa Flow, Camila Costa, Camila Rocha, Débora Fantini, Débora Paes, Erickson Silva, Fernando Cardoso, Gabriel Nascimento, Geraldo Augusto da Cunha, Gisele Almeida, Helena D’Algosto Miguel Fonseca, Helen Murta, Helena Tuler Creston, Hélio Prata, Ivanete de Oliveira, Jão, Jefferson Sedlmayer, José Lino, Josenberg Mendes Rodrigues, Julião Vilas, Júlio Moreira, Lady’s Comics, Layse Barboza, Lets Nick, Lorena Santos, Lu Matsu, Lucas Barbosa da Cunha, Lucas Henrique de Almeida Amorim, Luiz Navarro, Maria Helena Lima, Márcia Araújo, Márcio Martins Lage Júnior, Márcio Mitsuo Minamiguchi, Márcio Moreira, Maria José da Cunha, Maria Lyra, Maria de Oliveira Barbosa, Marli de Oliveira Barbosa da Cunha, Marta Neves, Maurício Marcondes, Ohana Santana, Olympia Coop Bar, Otávio Demétrio Nowicki, Renata Manfredini, Roger Deff, Samba Rooms Hostel, Sérgio Danilo Miranda Rocha, Sesc Palladium, Simone Rocha e Sônia Ângela.
Vidas, Quadrinho e Relatos
/ 97
Ă?ndice por artista 98
AGRADECIMENTOS Turma do Centro Cultural Padre Eustáquio.........16 Áustria Fernandes.................................................23, 29 Flávia Pompermayer Ribeiro.....................................21 Guilherme Araújo........................................................30 Gustavo Assis...............................................................24 Hélio Alves de Melo Neto................................14, 22, 24 Lucas Ramon (Tiquinho).......................................32, 33 Luiza Bernardes de Matos Marcolino..................20, 29 Luiz Saraiva..................................................................28 Texto e ilustração de Carolita Cunha Patrícia de Souza Oliveira.....................................21, 22 Sabrina Britos...............................................................31 Thaís Cristina Lombardi..............................................25 Yasmin Mahmud..........................................................31
Turma do Instituto Pauline Reichstul.....................64 Adna Souza.........................................................2, 71, 81 Amanda Muiños Andrade..............................69, 79, 96 Bárbara Macedo Ribeiro.......................................70, 79 Dara Cecília Domingues..................................68, 72, 77 Eliza Carolina Ferreira de Jesus.....................72, 76, 80 Júlia Seném Botelho..................................68, 71, 69, 83 Tiago Goulart...............................................................78 Yasmim Barroso.........................................70, 73, 68, 82
Arte-educadoras e Equipe Técnica Aline Lemos................................................18, 26, 36, 38 Ana Schirmer.............................................65, 66, 74, 84 Day Lima......................................................17, 19, 27, 37 Carol Rossetti........................................10, 42, 52, 60, 62 Turma do Centro Cultural Liberalino Alves..........40 Angélica Lourenço de Almeida......................44, 49, 94 Carol Cunha...........................................4, 7, 8, 13, 89, 90 que dellest ab inis cone nissumMusame voluptate acium landand ci llendis doluptam qui officiusLaura Athayde..........................................41, 43, 53, 61 Beatriz Augusta Gonçalves.............................45, 50, 59 qui asimi, unt quate eum sollaces aerorectates arume la ipsam il tiam quiaepror rehendis sum qui Priscapaes..................................................67, 75, 85, 86 Geraldo Ferreira de Morais....................................47, 51 dessunt faccaer rovidignati verionis acesti quatem utem nit eatem et ipsae inimoluptate is doluptia Hellen Barbosa.............................................................54 Daniela Dias..................................................................34 nihita ea sequi rere dest que ipsamus inctur, ommo cusaeri sinexceaquia quatur, voloris inctate Julieta Martha Alves Bicalho......................................46 sumquibus voluptaquate dolorer ciae voluptas derum quas endae. pliquas itatquas ut venda dita venMarília Fonseca del Passo..........................................58 da vollatate et hitatib ercienis qui ibustrumet, omnis milit min cum Em qui conseniam volut vellorio Nadir Barbosa Eduardo..............................................55 doloris unt explis abo. Vendit ut que sum, voleste ea consendio ditia nonet ationsequam imoleca Pedro Balduíno.......................................................48, 56 boremporesed et ab inis ut aut laut assus resequo del iunti apedit liate minctotate in cus est od exceari doluptatas excessequos modit dolores dem des as sedit maio id dolorrum quas dollor alibus adieum es iusam fugitate res disqui evendis con rem nos quo ius. ta sus quiaecum que sit minulpa Quatiuntur? Tem adia simodit il eturere magni dion repella ceatur comni verorestem aliat et, ven-
Vidas, Quadrinho e Relatos
/ 99
ficha técnica IDEALIZAÇÃO E COORDENAÇÃO Carol Cunha REALIZAÇÃO Coletivo ZiNas ARTE-EDUCADORAS E ILUSTRADORAS Aline Lemos Ana Schirmer Carol Rossetti Carol Cunha Day Lima Laura Athayde Priscapaes INTÉRPRETE DE LIBRAS Reginaldo dos Santos PSICÓLOGOS Daniela Moreira Dias Thiago Pedro Monteiro
100
IDENTIDADE VISUAL, PROMOCIONAIS E PROJETO EDITORIAL Café com Chocolate Design REVISÃO Paula Faria LOCAIS DAS OFICINAS Centro Cultural Padre Eustáquio Centro Cultural Liberalino Alves de Oliveira Instituto Pauline Reichstul Realizado com recursos da Lei Municipal de Incentivo à Cultura de Belo Horizonte. Fundação Municipal de Cultura.
TÍTULO
Como aparece na folha de rosto.
SUBTÍTULO
Se houver, como aparece na folha de rosto.
EDITORA
Como na solicitação de ISBN
Ana Carolina Barbosa Cunha
NÚMERO DE PÁGINAS
Última página numerada – se não tiver, fica o espaço indicado e o diagramador acrescenta quando terminar a diagramação.
100
ILUSTRAÇÕES, FOTOS
Se houver, indicar se estão em preto e branco ou coloridas.
coloridas
ASSUNTOS PRINCIPAIS
Os principais assuntos. Para literatura indicar o gênero, conto, crônica, poesia, etc.
Coletânea, quadrinhos, artes plás
Vidas, Quadrinhos e Relatos
ISBN
97885 922470-0-3
ILUSTRADORES, FOTÓGRAFOS
Se houver.
Enviado dia
Por
Aline Lemos, Ana Schirmer, Caro Rossetti, Day Lima, Laura Athayd Pablo Bernardo
Catalogação na Publicação (CIP)
C972
Cunha, Carol Vidas, quadrinhos e relatos / Carol Cunha (Ana Carolina Barbosa Cunha) ; [ilustrado por Aline Lemos, Ana Schirmer, Carol Cunha, Carol Rossetti, Day Lima, Laura Athayde, Priscapaes, Pablo Bernardo]. - Belo Horizonte : Ed. do Autor, 2017. 100 p. il. color. ISBN: 978-85-922470-0-3 1. Histórias em quadrinhos - Brasil I. Lemos, Aline II. Schirmer, Ana III. Rossetti, Carol IV. Lima, Day V. Athayde, Laura VI. Priscapaes VII. Bernardo, Pablo VIII. Título CDD: 741.5
Bibliotecária responsável: Cleide A. Fernandes CRB6/2334
A formatação da ficha segue normas internacionais e deve ser respeitada, não sendo autoriza qualquer tipo de modificação no layout, exceto tipo e tamanho da fonte. A ficha deve ser impr no terço inferior do verso da folha de rosto (ou na página de informações técnicas). Substituir XXX pelos números do ISBN.
Fontes: Univers LT Std e Corda Papel: AP 120g 2017
Os quadrinhos têm uma força narrativa poderosa. Nas oficinas realizadas pelo coletivo ZiNas, formado por seis artistas incríveis e talentosas, vemos essa força aflorar com intensidade. Narrativas sobre o mundo que nos cerca, sobre o mundo dentro de nós. Em tempos que a intolerância nos ameaça, é encantador ver um trabalho que promove a liberdade, o empoderamento, o coletivo, o conhecimento. Quadrinho é vida. Afonso Andrade Coordenador do FIQ
Patrocínio:
Realização: