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REFERÊNCIAS__________________________________________________________________________53

1. OS CORONAVÍRUS

1.1. A DESCOBERTA DOS CORONAVÍRUS

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Com base em estudos recentes de evolução molecular, estima-se que o ancestral comum a todos os coronavírus atuais tenha surgido há cerca de 293 milhões de anos1. No entanto, o primeiro caso clínico de infeção por coronavírus foi reportado por médicos veterinários no início do século XX, referente a um gato com febre e uma enorme distensão abdominal que só muito mais tarde se percebeu ser causada por um coronavírus felino. A associação entre determinadas doenças enzoóticas (doenças que se mantêm com alguma frequência ao longo do tempo numa população animal de uma região geográfica) e os coronavírus, só foi estabelecida nos anos 30 do século passado, com a identificação de uma infeção respiratória em galinhas, denominada bronquite aviária2 .

Assim, os coronavírus começaram por ser associados a infeções enzoóticas, limitadas apenas aos seus hospedeiros animais naturais (ex. gastroenterite transmissível em suínos ou a peritonite infecciosa em gatos). Os coronavírus que infetam apenas espécies animais circulam nas respetivas populações domésticas ou selvagens, transmitindo-se de animais infetados a animais suscetíveis. Muitos destes coronavírus não constituem ameaça para o Homem. Com efeito, apesar dos coronavírus coexistirem com os animais e com o Homem desde sempre, apenas nos anos 60 do século passado foram associados às constipações e diarreias ligeiras que afetam anualmente milhares de pessoas e que circulam continuamente na população mundial. Nessa altura foram reconhecidos e caracterizados por microscopia eletrónica3,4 .

1.2. PORQUE SE DENOMINARAM CORONAVÍRUS? A MORFOLOGIA E CLASSIFICAÇÃO TAXONÓMICA DOS CORONAVÍRUS

Só em 1965 é que o desenvolvimento e utilização de técnicas de microscopia eletrónica permitiram, pela primeira vez, observar a sua estrutura e, assim, classificar cientificamente os coronavírus. As imagens revelaram que possuem uma morfologia muito característica, fazendo lembrar uma coroa (coroa=corona) razão pela qual passaram a ser denominados comummente por coronavírus. As espículas (spikes, em inglês) que lhe conferem este aspeto inconfundível, são formadas por proteínas virais designadas por proteína S (de spikes) que, como veremos mais à frente, têm um papel essencial no reconhecimento e ligação do vírus às células do hospedeiro (animal ou Homem). A dimensão dos diferentes coronavírus varia entre 80-220 nm (nanómetros), estando estes entre os maiores vírus com invólucro conhecidos. São, no entanto, cerca de mil vezes mais pequenos do que a espessura de um fio de cabelo.

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