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FTC – FACULDADE DE TECNOLOGIA E CIÊNCIAS Carlla Geanne Dias Serafim
COMO A OBRA DE JORGE AMADO “TIETA DO AGRESTE” FEZ NASCER O TURISMO EM MANGUE SECO
Feira de Santana 2006
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CARLLA GEANNE DIAS SERAFIM
COMO A OBRA DE JORGE AMADO ”TIETA DO AGRESTE” FEZ NASCER O TURISMO EM MANGUE SECO
Artigo Acadêmico elaborado por Carlla Geanne Dias Serafim sob a orientação da professora Indira Binderl Gaspar Cruz, solicitado como requisito obrigatório para obtenção da Graduação de Bacharel em Turismo. Orientadora: Profª. Indira Binderl Gaspar Cruz
Feira de Santana 2006
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Recordo os dias, poucos, porém felizes, de permanência na bucólica cidadezinha, reino feliz da paz, recanto idílico; os passeios no rio, o banho na Bacia de Catarina, as idas à Praia de Mangue Seco, “obra-prima da natureza, paisagem do começo do mundo, única e incomparável” (...) pude conhecer e desfrutar as delícias desse “paraíso na terra, éden de beleza e harmonia, onde o homem... ainda é o próximo do homem”. (Giovanni Guimarães, Fictício Jornalista e cronista, redator de “A Tarde” personagem da obra de Jorge Amado, “Tieta do Agreste”, num momento de contemplação da natureza de Mangue Seco).
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Dedico este Artigo Acadêmico aos lutadores, corajosos, destemidos e persistentes que buscam a realização dos seus ideais com honestidade e respeito ao próximo.
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AGRADECIMENTOS Aprender é a melhor forma de atingir a sabedoria e penso que só se aprende com muita batalha, luta, perseverança e sacrifício. Ao fim deste trabalho, me pego inquieta, pois, acho que espero mais de mim e estou profundamente disposta a fim de continuar nessa incansável busca do conhecimento. Quando criança já dizia que queria ser “grande” e agora me encontro avançando para um novo degrau na escada infinita das experiências da vida. Iniciarei agradecendo primeiramente a Deus, minha força maior, fé e esperança, que pela sua vontade fez com que a natureza agisse a meu favor e, por conseguinte, tudo desse certo. Aos meus pais José Caldas Serafim da Luz e Marivone Lopes Dias Serafim, criaturas sagradas, me deram a vida, me apresentaram a honra, a dignidade, e a honestidade como forma de viver corretamente e me fizeram entender que é somente através do estudo que terei uma visão esclarecedora das coisas do mundo, enfrentando-as com coragem e dignidade. Amo vocês dois viu? A André Lima meu precioso companheiro, grande incentivador e cooperador. Com ele aprendi a ser mais corajosa, esforçada e centrada nos meus objetivos e metas. Acredite você é a minha maior conquista. Aos meus irmãos Jullian Ross, Francisco Antonio e Josevonne que me apoiaram e tornaram-me mais segura nas minhas decisões, tenho enorme carinho por vocês.
Aos meus colegas e amigos da
Faculdade com especialidade à Iara Dourado Saraiva, Luciano Mello e José Ferreira, agradeço por me lembrarem que existem ainda o respeito, a confiança e o companheirismo num ambiente competitivo. Estarão para sempre comigo mesmo se estiverem longe. Á querida professora Indira Binderl Gaspar Cruz, a forte, consagrada e tão nova mestra, que acreditou em mim e conseguiu extrair a dedicação para a produção deste trabalho, os meus sinceros agradecimentos. Ao conjunto de professores, e à coordenadoria representada por Roberta Andrade Carvalho, que integraram com verdadeira presteza e dedicação, o estimado Curso de Turismo. Parabéns pelo esforço, vocês conseguiram! Os meus francos agradecimentos a todas as pessoas que beneficiaram o meu aprendizado direta ou indiretamente ao longo do curso. A todos vocês ofereço o meu importante título de graduação de Bacharel em Turismo.
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COMO A OBRA DE JORGE AMADO ”TIETA DO AGRESTE” FEZ NASCER O TURISMO EM MANGUE SECO Carlla Geanne Dias Serafim RESUMO O Brasil possui um potencial turístico enorme e é cada vez maior o número de pessoas que desejam conhecer este país. O turismo aumenta a economia, incentiva a melhoria na infra-estrutura, gera rendas e, finalmente, faz crescer a sociedade. O marketing turístico permite tornar o que é potencial em real, e uma das formas de levar os indivíduos a viajar é a mídia. Quando os livros, novelas, e filmes despertam e estimulam as pessoas a visitar um determinado lugar, há uma verdadeira ação do marketing contida no processo através da promoção, apresentação de fatores influenciadores positivos e um bom planejamento estratégico. A vila de Mangue Seco, depois da obra de Jorge Amado “Tieta do Agreste” renasceu para o mundo, reergueu-se economicamente acompanhada da sua nova atividade: o turismo. A pesquisa através do método descritivo e empírico pretende demonstrar as mudanças ou os impactos ocorridos no povoado. PALAVRAS-CHAVE: Marketing Turístico, Mangue Seco e Turismo. RESUMEN EL Brasil tiene um potencial turístico muy grande y el número de personas que desean conocerlo es cada vez más grande. El turísmo aumenta la economía, causa mejoras en la infraestructura, genera renta y, finalmente, haz crecer la sociedad. El Marketing Turístico convierte el potencial en real, pues una de las formas de hacer con que viajen las personas, es la propaganda. Cuando los libros, novelas y películas incentivan a que personas visiten un determinado sitio, hay una verdadera acción del marketing a través de la promoción, presentación de factores de influencia positiva y una buena planificación estratégica. La villa de Mangue Seco, después de la obra de Jorge Amado “ Tieta do Agreste”, renació para el mundo e hizo crecer la economía por causa del turismo. La investigación por el método descritivo y empírico, busca demostrar los cambios o los inpactos ocurridos en el pueblo. PALABRAS-LLAVE: Marketing Turístico, Mangue Seco y Turísmo.
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INTRODUÇÃO O Turismo constitui-se atualmente em um dos maiores e mais importantes instrumentos de geração de emprego e renda em todo o mundo. Apesar disso, a incapacidade generalizada que afeta até mesmo inúmeros profissionais de diversos segmentos, provoca dificuldades e deficiências na cadeia produtiva da atividade em questão. Esta carência de estudos especializados faz criar dissonâncias e distorções dentro da conexão produtiva, abalando os nichos e segmentos do mercado turístico. Desta forma, o quadro de recursos humanos, nos diferentes setores, por mostrar-se incapacitado refletirá diretamente na destinação visitada ocasionando uma boa ou má impressão daquele determinado lugar. A incansável busca pelo novo, ou por diversas outras razões faz as pessoas se deslocarem do lugar onde residem por interesse ou motivação. A exibição de filmes e novelas, que contam uma estória real ou fictícia, acaba despertando nas pessoas a vontade de querer vivenciar o cotidiano do lugar. Fazer parte da mesma rotina, experimentar, sentir, interagir e participar do ambiente. Diante disto, o Turismo utiliza as ferramentas do marketing e lança mão da proposta de despertar para conhecer novos lugares através da mídia. Quem um dia viria pensar que Mangue Seco, uma pequena vila de pescadores, se tornaria famosa, a partir do lançamento do livro e das gravações da novela “Tieta do Agreste” de Jorge Amado1? Portanto, o presente artigo pretende apontar os impactos na infra-estrutura de Mangue seco a partir da atividade turística e ainda verificar as mudanças ocorridas no cotidiano da comunidade local. A estória do livro “Tieta do Agreste” mostra a cultura, os hábitos e os costumes que se apresentam como ferramentas essenciais na divulgação da vila de Mangue Seco, atraindo, conseqüentemente, o turista, motivado pelo desejo de conhecê-la bem como, ao seu povo. No aspecto metodológico, considera-se que a pesquisa “procede de maneira formal, e que por meio do pensamento reflexivo, requer tratamento científico,
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Jorge Amado – Representante do Ciclo do Romance Baiano, nasceu em Pirangi, Bahia em 1912. Um dos escritores mais lidos no Brasil e no mundo. Sua obra reflete a realidade dos temas: paisagem, dramas humanos, secas e migração. (www.suapesquisa.com/jorgeamado/)
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constituindo-se no caminho para conhecer a realidade ou para descobrir verdades parciais” (LAKATOS E MARCONE, 2001, P.155). A pesquisa é realizada na área do marketing turístico, e utiliza como instrumento o método empírico, descritivo e exploratório. A precariedade de referências bibliográficas e documentações científicas mais intensas sobre Mangue Seco fez com que se apelasse para sites de busca na Internet, através de depoimentos de pessoas que lá estiveram, o órgão representante do turismo na Bahia (BAHIATURSA) ou reportagens publicadas pela imprensa do estado. Para os elementos que constituíram o embasamento, foram extraídos da bibliografia particular sobre marketing turístico e turismo. Breve Histórico de Mangue Seco No século XIX, Mangue Seco desfrutava de posição geográfica privilegiada na rota comercial nordestina. Por ali passaram os rebanhos com destino a Sergipe pertencentes a Garcia D’ Ávila2, um dos maiores dominadores das terras brasileiras, chegando a ser classificado como um verdadeiro Senhor Feudal no nordeste do Brasil. Muitos navios atravessavam a barra em direção a portos nos Rios Real e Piauí. Naquela época Mangue Seco era próspera com grandes armazéns e sobrados, produzia óleo de coco e artesanato à base de tucuru3, uma espécie de fibra de palmeira. O comércio se consolidava, produtos vindos de outros lugares como a puba, a tapioca, o beiju, as carnes de sol, os potes e moringas, as figuras de barro, o caldo de cana extraído em primitivas prensas de madeiras. Frutas típicas da região eram também oferecidas como as goiabas, mangas de todos os tipos, araçás, cajus, jenipapos, mangabas, cajás, umbus, pitangas e os famosos aipins e batatas doces também eram expostos e comercializados nas ruas em dias de feira. Naquele período a beleza natural do lugar já atraía multidões. Muitos Senhores de Engenho já veraneavam com suas famílias nas praias de Mangue Seco. Em 1930 um fenômeno da natureza modificou para sempre a vocação do 2
Garcia D’Ávila – Amigo e protegido de Tomé de Souza, Governador Geral do Brasil, Atuou durante a construção da capital da Bahia e foi recompensado com enormes terras de Sesmarias, tornando-se o primeiro Bandeirante do Norte. (www.casadatorre.org.br/historia.htm) 3 Tucuru – nome indígena dado à fibra de palmeira na Bahia, planta genuína da flora brasileira que cresce espontaneamente e explorada economicamente desde o tempo do Brasil colônia. A Bahia responde por 95% da produção é utilizada na confecção de produtos como redes, cestos, balaios, alçapões de pesca, vassoura, escovas, invólucros para moringas, etc. (www.seagri.ba.gov.br/piacaveira.htm)
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lugar; a maré alta na bacia de estância provocou o desaparecimento de uma só vez de toda uma rua de armazéns e sobrados. A partir de então, Mangue Seco distanciou-se
do
progresso
urbanístico
permanecendo
parada
no
tempo,
caracterizando-se como uma Vila de Pescadores e fazendo desta atividade a única produção econômica do lugar. Em 1977, com o lançamento do livro de Jorge Amado, “Tieta do Agreste”, Mangue Seco ressurgiu alcançando reconhecimento no cenário nacional e internacional, do seu potencial turístico elevando e valorizando a sua cultura e a sua gente. Depois iniciativas foram criadas pelo Governo do Estado da Bahia, como forma de proteção e conservação de todo o patrimônio natural, como é o caso da APA Mangue Seco - Área de Preservação Ambiental com 34 km de extensão. Mangue Seco tornou-se destino para milhares de turistas cheios de vontade de conhecer as imensas cadeias de dunas móveis com aproximadamente 7 km de extensão que abrigam diversas espécies de animais silvestres e onde “Tieta”4 imitando uma cabrita, despertou para o amor. Existem dunas que cobrem o coqueiral revolvendo ao lugar num deserto à brasileira. Mangue Seco situa-se no extremo nordeste da Bahia, na divisa com Sergipe, distanciando-se a 242 km de Salvador (246 km, se for de barco). Sua posição geográfica proporciona para quem lá vai, o fascinante encontro dos rios Real, Piauí, Fundo, Guararema, Priapu e Sagüi com as águas do oceano Atlântico. Essa mistura de água doce e salgada propicia a fartura de peixes como também torna o mangue abastado em caranguejo, siri, aratu, mussuni, mexilhão e guaiamu. O vilarejo ainda é bem pequeno por isso, favorece a paz e a tranqüilidade para os que o visitam e para quem lá mora. Hoje Mangue Seco é distrito de Jandaíra, antiga cepa-forte5 que integrava o território da freguesia formada com a denominação de Nossa Senhora da Abadia, por alvará Régio de 11 de abril de 1718. Foi elevada à categoria de cidade através do Decreto-Lei Estadual de 30 de março de 1938, com a denominação de Jandaíra. Em 1943 perdeu a condição de cidade quando da extinção do Município. Porém, restaurou sua posição quando da lei que restabelecia o município em 1944.
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Tieta – Personagem feminina criada por Jorge Amado, passa a formar ao lado de outras heroínas tão famosas quanto Gabriela, Dona Flor e Tereza Batista, a mesma estatura de suas antecessoras. (Carlos Bastos, apresentação e capa da obra “Tieta do Agreste” de Jorge Amado). 5 Cepa-Forte – Denominação feita ao território que hoje constitui o município de Jandaíra. (Guia Cultural da Bahia: Litoral Norte: Secretaria da Cultura e Turismo)
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A Infra-estrutura do Lugar Mangue Seco é marcada pela lentidão no processo de melhorias e benfeitorias das áreas que a compõe, e pela precariedade das instalações disponíveis. De forma desordenada, o Turismo se desenvolve comprometendo o ambiente; descontrolando principalmente todos os fatores do meio físico como o abastecimento de água, a coleta de lixo e a disposição de esgotos, energia elétrica e iluminação e limpeza pública, comunicações, transportes, postos de saúde e, equipamentos e serviços de infra - estrutura do Turismo. As ruas em Mangue Seco são mal iluminadas e a chão batido, cobertas de areia fina e macia; o despejo de lixo é feito em locais indevidos. Nos aspectos da infra-estrutura turística, ainda são encontrados alguns problemas; dificuldades de comunicação e informações, a travessia pode ser feita de duas maneiras; a primeira vindo de Pontal, feita a barco apresenta-se complicada visto que, não existe segurança completa e não há um serviço de padronização entre os barcos (os traslados são realizados em todo tipo de embarcação). O desembarque é feito na Praia do Rio Real. E a segunda, pela praia utilizando bugres, carros de tração ou por meio de caminhadas pela Costa azul durante a maré baixa. As cinco pousadas, os seis restaurantes e a meia dúzia de bares ficam distribuídos por toda a praia aportada. Por ali também permanecem cerca de vinte bugres à disposição dos turistas fazendo o traslado para praias e ilhas do entorno. É possível também o passeio de ultraleve sobrevoando o delta, as dunas e a Vila. Pode-se afirmar que por movimentar um precário volume de recursos, o Vilarejo apresenta mínimos benefícios para o seu receptivo, pois utiliza técnicas próprias, sem orientação, permanecendo desta forma, o controle da atividade turística nas mãos de pessoas despreparadas, que por critérios próprios adotam roteiros e regras de atuação no trade turístico específico na Vila. Mas há quem diga que o conjunto de todas essas dificuldades torna Mangue Seco mais original e atraente e que, desta forma, permanecerá naturalmente rústica. A Vida na Comunidade Como as águas do rio, a vida em Mangue Seco é pacata, tranqüila e sossegada. Apesar de que nos últimos tempos, depois da atividade turística, a Vila passou
por
algumas
modificações.
Os
nativos,
pescadores
e
pequenos
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comerciantes não têm pressa ou correria, realizam seus trabalhos com muita satisfação e respeitam-se uns aos outros. As mulheres, como em muitos povoados turísticos, tendem a dedicar-se a trabalhos artesanais e com a ajuda das crianças, comercializam seus produtos. A meninada ainda brinca pelas ruas de esconde-esconde, amarelinha, pega-pega, de corda e de roda, o que leva a crê que as mesmas não têm acesso às informações televisivas e menos ainda do computador e a Internet. Os autóctones são muito hospitaleiros e, apesar de não estarem capacitados, procuram ajudar os turistas na medida do possível. São gentis e alegres, ao cair o dia, todos vão à praia para ouvir as estórias dos pescadores e escutar lindas canções de seresta acompanhadas do bom violão. Há noites em que a turma se agita curtindo o xote, o xaxado e um animado forró. Antes a vila era ainda mais quieta e as dificuldades eram bem maiores. A atividade pesqueira, a principal fonte de renda do lugar, não garantia por completo o sustento de muitas famílias e os pequenos comerciantes não prosperavam porque as pessoas não dispunham de dinheiro para periodicamente comprar e atender as suas necessidades básicas. A agricultura era praticada, mas não dava segurança. Entretanto, a atividade turística na vila trouxe, de algum modo, o crescimento econômico e social para o lugarejo. A Atividade Turística A Vila de Mangue Seco por um bom tempo passou por enormes dificuldades econômicas e sociais sobrevivendo timidamente escondida sob a proteção do trabalho dos pescadores. A partir do lançamento da obra de Jorge Amado “Tieta do Agreste”, que virou novela e em seguida filme nacional, Mangue Seco tornou-se destino para milhares de turistas, ocasionando a garantia de um espectro maior de oportunidades de trabalho. Além da pesca, da agricultura e o pequeno comércio existente, integra-se ao grupo várias ramificações da atividade turística como o turismo esportivos (enduros, motocross, e sand board), ecológicos (com trilhas autorizadas pelo IBAMA), contemplativos, náuticos, entre outros. Todavia, a exploração intensa atenua-se pelas praias, falésias, corais, deltas, e todas as paisagens costeiras deslumbrantes e atrativas.
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A tendência tem sido o aumento da variabilidade cultural, crescimento econômico, de ocupação e da possibilidade de instalações de equipamentos turísticos adequados, trazendo benefício e crescimento local. O Turismo é um dos componentes externos que afetam comunidades locais; funciona como um artifício introdutor de novos hábitos e como um vetor poderoso das mudanças econômicas. Coriolano, 2002, completa afirmando que: ...para promover o desenvolvimento local há que se incentivar os critérios práticos e criativos da população, da cultura, do patrimônio, da formação da territorialidade valorizando sua participação na configuração das novas estratégias, com o Turismo, que transforma os recursos naturais em mercadoria e avalia seu preço no mercado. Contudo há que se respeitar às peculiaridades preservacionistas de natureza física e cultural...
Portanto, é necessário ter cuidado, pois são raros os lugares onde a atividade turística é arraigada de maneira sustentável e com total integração das comunidades locais. A Mídia como Fator Motivacional para o Turismo A notável influência exercida pela mídia provoca um efeito incrível nas pessoas em desejarem viajar. Nos últimos tempos, a mídia vem fornecendo imagens internacionais imediatas de lugares e eventos bem como, um número significante de novelas, filmes e livros identificando locais, condição econômica e social do lugar. Esses ajudam a promover a interação de atividades antes praticadas apenas em seu país de origem, além de padrões de comportamento, estilos de vida, e acesso a lugares exóticos. A mídia também possui a habilidade de expor e chamar a atenção para situações negativas para turistas como cobertura televisiva dada a mortos em acidentes de avião, histórias de assassinatos, estupros e agressões a turistas que captam a imaginação das pessoas em todo o mundo. Nos lugares em que a maioria da população faz parte constantemente de viagens ou turismo, a indústria torna-se, um grande interesse para a mídia por que gera histórias que o público quer ler e ver. O efeito que a mídia gera sobre a
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demanda do turismo é realmente muito importante e deve ser mais bem compreendido através dos processos de motivação do turista. Como as necessidades dos turistas são heterogêneas, as empresas assumem maior ou menor importância para cada um deles dependendo do grau de satisfação proporcionado por elas. Portanto, Krippendorf apud Benni, 2002, apresenta em um quadro os principais grupos de necessidades turísticas e, numa coluna e outra, as principais empresas de turismo capazes de satisfazê-las (ver TABELA 1, em anexo). São várias as necessidades e aspirações dos indivíduos e, de acordo com 6
Maslow, as necessidades humanas são classificadas hierarquicamente em cinco
níveis, que compreendem as necessidades fisiológicas, de segurança, de amor, de respeito e sentimento de realização (MASLOW, 1943). Depois, ele acrescentou a essas, mais duas necessidades; a de conhecer e compreender e as necessidades estéticas (MASLOW, 1954). Isso indica a importância crescente das aspirações do autodesenvolvimento ou conhecimento interior que terão um impacto ainda maior e mais significativo sobre as decisões de viagem e turismo ao longo dos tempos. A partir da teoria psicológica7, o movimento contínuo de sentimentos altamente inconsciente das necessidades, desejos e metas gera estados nãoconfortáveis de tensão nas mentes e nos corpos dos indivíduos. Essa tensão tende a aumentar, e não pode ser liberada enquanto as necessidades não forem atendidas. Um motivador poderoso aciona atitudes urgentes, faz ligar um produto à decisão de ir comprá-lo ou, no caso do Turismo, usufruir os serviços. As influências internas ou psicológicas afetam escolhas individuais. São as chamadas Motivações. Os principais motivos para a escolha do tipo de Turismo serão demonstrados na Tabela 2 em anexo, de acordo com a visão dos autores: Margarita Barreto, Alexandre Rose, Marília Gomes dos Reis Ansarah, e Antonio Pereira Oliveira. Inúmeros são os fatores que influenciam a tomada de decisão dos indivíduos em viajar, e variado é o número de elementos responsáveis pela escolha do tipo de Turismo. Na Tabela 3, em anexo serão apresentados alguns exemplos facilitadores. 6
Maslow – Psicólogo e Consultor norte-americano, criador da teoria das necessidades para explicar as razões da Motivação. (www.psicologia.org.br/internacional/pscl45htm) 7 Teoria das Necessidades Básicas - teoria segundo a qual, as necessidades humanas estão organizadas e dispostas em níveis, numa hierarquia de importância e influência. (www.psicologia.org.br/internacional/pscl45htm)
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Jorge Amado, força adutora para os caminhos Baianos... Jorge Amado nasceu em Pirangi, Bahia, no ano de 1912. Um garoto que cresceu, se fez homem e se incomodou com as desigualdades, preconceitos e injustiças sociais. Sonhava e esperava um socialismo perfeito e igualitário, precursor da paz, da qualidade e liberdade da vida humana. Com apenas 17 anos, começou a escrever seus pensamentos e idéias; sua obra reúne grandes romances que não se prendiam apenas aos simples fatos e acontecimentos fictícios. Buscavam antes de tudo, elucidar e informar às pessoas, fazer com que percebessem os interesses para o bem-comum, interesses e direitos justos e cabíveis a qualquer cidadão dentro da realidade. Aos 18 anos, Jorge Amado publica seu primeiro romance, ¨O País do Carnaval¨, sucesso de crítica e de público animando o jovem escritor a outras empreitadas. Filiou-se ao Partido Comunista Brasileiro (PCB) em 1932, seduzido pelo ideal socialista na certeza de poder contribuir para melhorar a vida do proletariado. Em Pirangi, no sul da Bahia, interessa-se pela saga dos plantadores de cacau. A partir daí surge o romance "Cacau", o primeiro de uma série de obras que retratam a chamada "Civilização Grapiúna", com suas lutas, heroísmo e crueldades: a prepotência dos "Coronéis", a vida sofrida e atribulada dos trabalhadores da região, quase escravos dos grandes fazendeiros e as cidades como Itabuna e Ilhéus crescendo sob o signo dos frutos de ouro que ofereciam riqueza e desgraça para muita gente. Cacau, Terras do sem fim, São Jorge dos Ilhéus, Gabriela Cravo e Canela e Tocaia Grande são os grandes romances do ciclo do Cacau e foram nascidos da observação de uma realidade que Jorge conhecia desde pequeno e que o acompanharia sempre, através da reflexão feita em seus romances, pasmando-lhe a consciência e a sensibilidade para com os mais carentes de fortuna. Em 1934, é publicado o romance, ¨Suor¨ e em 1935, Cacau é traduzido para o espanhol, neste mesmo ano, ¨Cacau e Suor¨, são lançados em Moscou. Jorge Amado formou-se em Direito, ao tempo em que lançava "Jubiabá", com muito sucesso. O ofício político e as atividades de escritor dividiam Amado. Acusado de participar do Levante Político, ocorrido em Natal, em novembro de 1935, sofre sua primeira prisão em 1936. Neste ano ¨Mar Morto¨ é publicado. Recebe o Prêmio ¨Graça Aranha¨ da Academia Brasileira de Letras.
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Durante a viagem que foi denominada pelo profº Raul Antelo como "Ronda das Américas", Jorge, escreveu o romance "Capitães da Areia", concluído na cidade do México. De volta ao Brasil, em Belém do Pará, recebe a notícia de que o Presidente Getúlio Vargas baixara um Decreto-Lei suprindo a liberdade política, dando início à Ditadura do Estado Novo. Amado é preso E seus livros, considerados subversivos, são queimados em praça pública em Salvador, por determinação da sexta região militar. Ainda confinado em Salvador, por causa da Ditadura, Jorge Amado retorna às páginas de ¨O Imparcial¨, na coluna “Hora da Guerra”, para a qual escreve crônicas de combate ao nazi-fascismo e lança “Terras do sem fim”, seu primeiro livro vendido abertamente após seis anos de censura. Em 1945, inconformado com a proibição de deixar a Bahia, ignora a ordem de confinamento e parte para São Paulo, chefiando a delegação baiana do I Congresso Brasileiro de Escritores. Publica a vida de Luiz Carlos Prestes, com o título “O Cavaleiro da Esperança”; ”Bahia de Todos os Santos” – “Guia de Ruas e de Mistérios” e a versão para o inglês de “Terras do sem fim”. Depois de eleito Deputado Federal pelo PCB, como político e escritor, escreve “Seara Vermelha”, num sítio batizado por Jorge de “Peji de Oxossi” em ioruba, uma das línguas do candomblé da Bahia. Em janeiro de 1948 foi declarada a ilegalidade do Partido Comunista, Jorge resolve partir para a Europa em exílio voluntário, deixando no Brasil a família e os amigos. Em 1958, na cidade de Petrópolis, escreve “Gabriela Cravo e Canela”, tornando-se um acontecimento editorial conquistando prêmios importantes, sendo adaptado para teatro, cinema e televisão. Após o lançamento de “Gabriela”, Amado escreve a novela “A Morte e a Morte de Quincas Berro D’ Água” em 1959. Sempre manifestando grande respeito pela religião dos candomblés, Amado posicionou-se
em
defesa
da
cultura
afro-brasileira,
contribuindo
para
o
reconhecimento da herança africana presente no Brasil. No dia 6 de abril de 1961, é eleito para a Academia Brasileira de Letras. Em 1966, instalado em Salvador no bairro do Rio Vermelho, escreve e publica um de seus maiores sucessos, o romance “Dona Flor e seus Dois Maridos”. Permanecendo em Salvador, consegue levar cada vez mais as pessoas desejarem estar ao seu lado para, com isto, saber um pouco mais sobre seu mundo, seus
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gostos, suas histórias e tantas outras coisas que faziam da sua vida, uma caixa de talento e surpresa. “...a presença de Jorge Amado, definitivamente morando na Bahia, atrai visitantes, artistas e intelectuais que chegam a Salvador, influenciados por seus livros (...) enfeitiçados pelos costumes e pela beleza da civilização mestiça que Jorge tão bem soube captar e reproduzir em seus romances...” (Fraga, 2003, p. 40). Em 1969, ganha o prêmio “Juca Pato”, da União Brasileira de Escritores, e lança “Tenda dos Milagres”. Em 1977 escreve “Tieta do Agreste”, obra que, além de reunir e evidenciar a vida e os costumes de um povo bucólico e inocente, transfere Jorge Amado das ruas de pedras do Pelourinho da colorida Salvador e das aventuras na zona cacaueira para invadir e infiltrar-se num arrabalde estagnado, lhe permitindo um despojamento técnico e formal. Em Tieta, Jorge procura apresentar lugares incógnitos e esquecidos pelo tempo e pela história do país, além de ressaltar um realismo apurado no tocante, à vida das profissionais do sexo, suas lutas e a bravura pela conquista na sociedade atual.
O tema da poluição, que projeta o desgaste da qualidade de vida dos
moradores do recanto idílico em questão, é tratado de forma crítica e severa pelo autor que por sua vez, relata com detalhes o que poderá acontecer à pequena povoação de Santana do Agreste (a transformação do difamo céu azul em poluída mancha negra, matança de peixes e aves, a redução dos pescadores à miséria, a substituição da saúde por enfermidades...) e coloca os próprios personagens como verdadeiros agitadores e guerrilheiros, tendo como heroína “Tieta”, dispensadora de milagres que, tendo se apropriado do poder (luxo, dinheiro, status) através do “matrimônio” com um homem rico e influente em São Paulo (quando da expulsão de Mangue Seco, pressionada por seu pai), age contra as manobras políticas da barbárie contemporânea. Ao mesmo tempo, Jorge não economiza a verdadeira identidade da “Santa Tieta”, assim chamada e exaltada no santuário da igreja pelos moradores de “Sant’Ana do Agreste” ao desmascará-la em público, revelando o que nunca deixou de fazer na vida “amar demais aos homens”. O livro suscita a vontade no leitor em entregar-se por completo aos hábitos de vida, ao cotidiano e à pacata condição histórica das pessoas do lugar . Desejoso em percorrer por iguais caminhos em que os personagens da história passaram e que
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tornaram interessante e evidente a riqueza e a beleza em Mangue Seco, sai então, o leitor perseguindo a obra em busca da imagem inferida através da leitura. Imaginário Coletivo O Turismo faz parte do mundo de símbolos, de idéias, de sonhos, desejos e principalmente, representações. Pois é, antes de tudo, um conjunto de préconcepções e percepções de imagens e valores de significado cultural, construído por quem viaja antes mesmo da experiência vivenciada. Todo Turista antes de chegar ao seu destino já elaborou representações mentais dos lugares que serão visitados. Os mecanismos criados pelo Marketing Turístico em conjunto com as lendas, as narrativas, os livros, novelas e filmes, são elementos fundamentais quando na representação fiel de um determinado lugar, porém deve-se ter sempre em mente que a imagem comunicada é somente uma representação da realidade, jamais deverá ser confundida com o mundo real. As imagens não só apresentam o produto turístico, bem como, comunicam e informam atributos, características, conceitos, idéias e valores aos turistas. Sartre, trad. Fortes. 1973, apud Coriolano 2002, p 97, diz que: ...”a imaginação ou conhecimento da imagem vem do entendimento; é o entendimento, aplicado à impressão material produzida no cérebro, que nos dá uma consciência da imagem... que possui a propriedade estranha de poder motivar as ações da alma. As idéias não vêm dos movimentos, mas são inatas no homem; é por ocasião dos movimentos, porém, que aparecem na consciência...”
Diante disto, é possível se fazer uma comparação com os grandes romances literários, em especial o de Jorge Amado: “Tieta do Agreste”, que impulsionou a vontade nas pessoas de conhecer a Bahia, destacando Mangue Seco. Como uma vila de pescadores se torna um local de um Turismo inexaurível? Para responder a este questionamento, Jorge Amado surge provocando instigação nas pessoas que leram e assistiram “Tieta”, fala do privilégio da localização; da vida simples dos moradores do lugar; das prostitutas; dos malandros; do cotidiano; do artesanato, das artes; da comida; do ambiente verdadeiramente pacato em contraposição com as
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intrigas provocadas pelos fofoqueiros; da natureza, do sol e da beleza e riqueza do lugar. A rotina e a agitação dos grandes centros comerciais e industriais contribuíram para que a vontade de procurar lugares mais calmos fosse despertada nas mentes dos adeptos e apaixonados por Jorge, em vivenciar o dia dos personagens criados por ele. Desta forma, grande é o número de pessoas que entram e saem de Mangue Seco, procurando experimentar este excitante conteúdo. Muitos se identificam com os personagens fictícios e tendem a interpretá-los percorrendo os mesmos caminhos, agindo como se fizesse parte da obra. Várias pessoas caminham pelas dunas, deslizam e escorregam sobre elas à procura das “cabras de Tieta”, ou então vão à Capela procurando pelas beatas do lugar. Os pequenos negócios como, os barzinhos, armazéns, mercearias e pousadas fazem lembrar a simplicidade dos “homens sérios” do romance e instigam curiosidade nas pessoas de se aproximar, querer entrar e se instalar na local. O Turismo, por si só, já é um fenômeno que movimenta multidões do lugar onde fixam residência, para a busca constante do novo, do nunca visto, do jamais sentido ou experimentado. E os livros e novelas permitem esta crescente vontade nas pessoas que de alguma maneira desenvolvem um aprofundamento cultural incrivelmente vasto e belo. O Poder da Mídia Novas formas de atividades econômicas, inclusive a turística, emergem para se enquadrarem como principais tendências a transformar antigas economias industriais no mundo desenvolvido em sociedade pós-industrial. O Desenvolvimento da tecnologia da informação e comunicações e ainda dos transportes, desencadearam poderosas forças econômicas globais, que fizeram acelerar e facilitar o surgimento de novas formas de emprego. Desta forma, mudanças profundas inevitavelmente provocaram grandes conseqüências nos lugares em que milhões de pessoas moram e trabalham. “As tendências da nova economia e as demandas de novos consumidores, combinadas a uma melhor cobertura por parte da mídia e acesso às informações, solicitam uma abordagem mais responsável ao futuro do Turismo Global e do gerenciamento do destino em sua fase madura de mercado” (Middleton, 2002).
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A Mídia tem uma função a ser exercida: criar e buscar constantemente alavancas e ferramentas destinadas à conquista e aos desejos e vontades da demanda turística correlacionando-os à oferta dos produtos. A Mídia também propicia condições e possibilidades para os negócios através da qualidade do material publicitário como as literaturas e informações que determinarão e influenciarão de alguma maneira, as expectativas iniciais de uma visita a um lugar. As pessoas são, diariamente, alvo das ações de Marketing maciças e sustentadas em diversas formas; como as propagandas em TV e no rádio, na imprensa, pelas novelas e filmes, em pôsteres, bebidas, embalagens, mala direta ou literatura de todos os tipos e ainda pela Internet. (Ignarra, 2001). Suspeitas são geradas pelas pessoas a partir da influência potencial do Marketing em suas vidas e as preocupações éticas são apresentadas sobre os efeitos negativos que ele pode causar à sociedade. Porém, faz-se gerar uma nova visão a respeito, a conscientização se espalha pelo mundo através de estudos e os indivíduos o encaram com um certo amadurecimento e flexibilidade. Portanto, o Marketing promocional é sem dúvida, um dos mais importantes meios de influenciar a demanda turística e aumentar as vendas de produtos turísticos. A contextualização de um determinado lugar (através de livros, novelas ou filmes) ocupa um percentual enorme na investigação da demanda turística. Isso sugere que para o turismo, a mídia pode ter um poder muito maior, quando aliada a um trabalho permanente de informação e de satisfação do consumidor de produtos turísticos. Considerações Finais Mangue Seco ainda não foi atingida agudamente pelo desmedido desenvolvimento turístico. Mas, de certa forma, já está sendo modificada visto que, seu ritmo não é o mesmo, as pessoas já não são as mesmas e o meio que a circunda agora, busca recursos procurando satisfazer as necessidades do turismo. A verdade é que a atividade turística sempre acaba indo de encontro ao modo de vida dos autóctones apresentando fatores como barulho, sujeira, aglomerações de gente, destruição de propriedade, alteração da aparência da comunidade especulação imobiliária, contaminação de águas por barcos e lanchas e outros fatores.
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Além do mais, o próprio turista que pela sua educação, cultura, hábitos e costumes, provoca graves danos aos atrativos: agressão da fauna, transitando indiscriminadamente com motos e bicicletas, através do motocross, ralis com jipe e diferentes veículos, jogando pontas de cigarros acesas causando incêndios florestais e outros tantos tipos de degradação ambiental. Todavia, o turismo não gera somente prejuízos. Ele move-se na esfera do econômico, condicionante essencial para sua evolução. Por isso alguns aspectos inerentes ao setor podem contribuir para o crescimento, São eles: a especificidades da mão-de-obra; elevação do emprego; crescimento ocupacional; disponibilidade de recursos; melhores resultados no planejamento turístico resultando em obras ou equipamentos
turísticos
mais
bem
preparados
e
adequados
à
demanda
(alojamentos ou hospedagem, estabelecimentos de alimentação, balcão de informações e comunicação). Quando a obra “Tieta do Agreste” foi lançada, a união da bela e forte estória com o lugar atingiram fatores estimulantes, influenciadores e decisivos nas pessoas, o realismo, que é característica principal de Jorge Amado, impregnou nos leitores a necessidade de aproximar-se da cultura, dos hábitos, das artes, a música e a dança. Entretanto, Mangue Seco não estava preparada para o “estouro turístico”, esquecida e desconhecida por muitos, renasceu depois de muitos anos, responsabilizando-se pelo mais novo e complexo vetor econômico: o turismo. A pacata condição de vida existente dificultou ainda mais a aquiescência. Mangue Seco tem muito ainda que aprender com o turismo, a utilização de um planejamento estratégico, a fim de que minimizem os impactos negativos causados à região, investimentos na infraestrutura básica e turística já citados, a capacitação dos trabalhadores da região também serão de extrema importância, (treinamento com garçons, recepcionistas, guias) através da interação da comunidade da vila com a prefeitura de Jandaíra e órgãos ligados ao turismo (EMBRATUR, PRODETUR, BAHIATURSA, ABAV) permitindo maiores oportunidades para os residentes e beneficiamento do lugar com empreendimentos melhores e viáveis à vila e a região. É o que vem realizando a SCT (Secretaria de Cultura e Turismo), lançando um projeto de estratégia de desenvolvimento turístico, autorizado pelo Governo, visando ações de infra-estrutura na Costa dos Coqueiros (desde o início da linha verde, começando por Lauro de Freitas até o final, terminando na Praia de Mangue Seco, divisa com Sergipe) como saneamentos, estradas e aeroportos. Desta forma,
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a atividade se desenvolverá de maneira planejada proporcionando crescimento em todos os aspectos. Nessa conjuntura, a vila de Mangue Seco, firmando-se como grande potencial turístico do estado da Bahia, poderá utilizar seu patrimônio natural e cultural valendo-se principalmente do marketing criado posteriormente sem qualquer intenção, pela obra “Tieta do Agreste” de Jorge Amado, e se reerguerá completamente após o longo período de estagnação sócio-econômica-financeira.
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REFERÊNCIAS AMADO, Jorge. Tieta do Agreste, Pastora de Cabras ou A Volta da Filha Pródiga. Melodramático folhetim em cinco sensacionais e empolgantes episódios: Emoção e Suspense! Romance; Ilustrações de Calasans Neto. 23ª Ed. Rio de Janeiro, RECORD/1986. ANSARAH, Marília Gomes dos Reis. Turismo, segmentação de Mercado. São Paulo: FUTURA, 2000. BAHIA. Secretaria da Cultura e Turismo. Superintendência de Desenvolvimento do Turismo. Roteiros Ecoturísticos da Bahia, Costa dos Coqueiros. – Salvador: A Secretaria, 2000. BARRETO, Margarita. Manual de Iniciação ao Estudo do Turismo. Campinas: Editora PAPIRUS, 1995/2005. BENI, Mário Carlos. Análise Estrutural do Turismo. São Paulo: Editora SENAC, 2002. CASTELLI, G. Turismo: Análise e Organização. Porto Alegre: SALVIA, 1981/1990. COBRA, Marcos. Marketing de Turismo. São Paulo: Editora COBRA e MARKETING, 1992. CORIOLANO, Luzia Neide M. T. O Turismo de Inclusão e o Desenvolvimento Local. Fortaleza: FURNELE, 2003. DENCKER, Ada de Freitas Maneti. Métodos e Técnicas de Pesquisa em Turismo.São Paulo: FUTURA, 1998. FRAGA, Myriam. Jorge Amado.São Paulo: MODERNA, 2003. (Coleção Mestres da IGNARRA, Luiz Renato. Fundamentos do Turismo. São Paulo: PIONEIRA, 2001. KOTLER,
P.
Administração
de
Marketing:
Análise,
Planejamento,
Implementação e Controle. São Paulo: ATLAS, 1998. KRIPPENDORF, Jost. Sociologia do Turismo - Para uma Nova Compreensão do Lazer e das Viagens. São Paulo: ALEPH, 2001. LAKATOS, Eva Maria; MARCONE, Marina de A. Metodologia do trabalho Científico. 3º Ed. São Paulo: ATLAS, 1991. (Literatura). MELGAR, Ernesto. Fundamentos de Planejamento em Marketing Turístico. São Paulo: Editora CONTEXTO, 2001.
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MOTTA, Keila Cristina Nicolau. Marketing Turístico: Promovendo uma Atividade Sazonal, São Paulo: Editora CONTEXTO. OLIVEIRA, Antonio Pereira. Turismo e Desenvolvimento (Planejamento e Organização), São Paulo: ATLAS, 2000. ROSE, Alexandre Turatti de. Turismo (Planejamento e Marketing). São Paulo: MANOLE, 2002. SWARBROOKE, John. Turismo Sustentável (Turismo Cultural, Ecoturismo, Ética) São Paulo: ALEPH, 2000. ------------------, Informações sobre Jorge Amado. Disponível em: <http://www.fundacaojorgeamado.com.br>, <fcjamado@veloxmail.com.br>, <http://www.wikipedia/jorgeamado.com.br>, <http://www.releituras.com/jorgeamadobioasp> Acesso em 20 de junho de 2006 e 11 de agosto de 2006. ------------------, Informações sobre as obras de Jorge Amado. Disponível em: http://www.fundacaojorgeamado.com.br/ http://www.teledramaturgia.com.br Acesso em 20 de junho de 2006. ------------------, Informações referentes ao Histórico de Mangue Seco. Disponível em: http://www.bahia.gov.br/ http://www.programafidelidadebahia.gov/ http://www.ba_com_br Acesso em 22 de agosto de 2006 e 02 de setembro de 2006. ------------------, Informações referentes à Atividade Turística de Mangue Seco. Disponível em: http://www.bahiatursa.ba.gov.br/guia/costadoscoqueiros/mangue.htm Acesso em 28 de agosto de 2006. ------------------, Informações sobre a Infra-Estrutura de Mangue Seco. Disponível em: http://www.tvturismo.terra.com.br/mangue_seco.htm / http://wwwcorreiodabahia.com.br Acesso em 17 e 29 de agosto de 2006. ------------------, Informações sobre Dados Estatísticos de Mangue Seco. Disponível em: http://www.cra.ba.gov.br/apa/apa_mangueseco/templat Acesso em 03 de julho de 2006. -------------------, Informações referentes aos investimentos na Costa dos Coqueiros. Disponível em: http://www.bahiainvest.com.br 05 de setembro de 2006.
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ANEXO TABELA 01- Principais Grupos de Necessidades e Empresas de Turismo PRINCIPAIS GRUPOS DE NECESSIDADES * Deslocamento * Alojamento * Alimentação * Lazer e Entretenimento * Saúde, Convalescença e restabelecimento * Informação e Organização de Viagens
EMPRESAS DE TURISMO Transporte para curtas, médias e longas distâncias, oferecendo transportes Rodoviários, Ferroviários, Aéreos, Marítimos, Fluviais, Lacustres, etc. Hotéis, Motéis, Camping, Imobiliárias para Locação de férias, etc. Restaurantes, Lanchonetes, Hotéis, Motéis, Supermercados, etc. Hotéis, Boates, Bares, Cinemas, Teatros, Cassinos e outras instalações de Lazer. Policlínicas, Balneários, Sanatórios, Termas, Estações de águas, Spas, etc. Agências de viagens e Operadoras de Turismo, Transportadoras, Hotéis, Organizações Corporativas, etc.
Fonte: BENI, Mário Carlos. Análise Estrutural do Turismo. São Paulo: SENAC, 2002.
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TABELA 02: Tipologia do Turismo na visão dos autores: Alexandre Rose, Antonio Pereira Oliveira, Margarita Barreto, e Marília Gomes dos Reis Ansarah: TIPOS DE TURISMO Rose, Alexandre Turismo de Lazer Turismo de Eventos Turismo de Águas Termais Turismo Desportivo Turismo Religioso Turismo de Juventude Turismo Social Turismo Cultural Turismo Ecológico Turismo de Compras Turismo de Aventura Turismo Gastronômico Turismo de Incentivo Turismo de Terceira Idade Turismo Rural Turismo de Intercâmbio Turismo de Cruzeiros Marítimos Turismo de Negócios Turismo Técnico Turismo GLS Ansarah, Marília Gomes dos Reis Turismo Infantil Turismo Juvenil Turismo de Meia Idade Turismo de Terceira Idade Turismo Familiar Turismo Social Turismo de Maioria Turismo de Minoria Turismo Aéreo Turismo Rodoviário Turismo Ferroviário Turismo Marítimo Turismo Fluvial/ Lacustre Turismo Curta Duração Turismo Média Duração Turismo Longa Duração Turismo Local Turismo Regional Turismo Nacional Turismo Continental Turismo Intercontinental Turismo Individual
Barreto, Margarita Turismo Emissivo Turismo Receptivo Turismo Nacional (interno e externo) Turismo Estrangeiro ou de Exportação Turismo Internacional Turismo de Massa Turismo de Minorias Turismo de Classes Turismo Livre ou Dirigido Turismo Excursionista Turismo de Fim de Semana Turismo de Férias Turismo de Tempo Indeterminado Turismo Regular Turismo Hoteleiro Turismo Extra-Hoteleiro Turismo de Descanso Turismo de Cura Turismo Desportivo Turismo Gastronômico Turismo Religioso Turismo Profissional ou de Eventos Turismo de Aventura Turismo de Interesse Específico (Seletivo, Alternativo e de Guetos) Turismo Cultural Turismo de Litoral Turismo Rural Turismo de Montanha Turismo Urbano Turismo Auto-Financiado Turismo Social Turismo Gratuito Turismo Infanto-Juvenil Turismo Adulto Turismo de Terceira Idade Turismo Familiar Oliveira, Antonio Pereira Turismo de Lazer Turismo de Eventos Turismo de Águas Termais Turismo Desportivo Turismo Religioso Turismo de Juventude
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Turismo de Casais Turismo de Famílias Turismo de Grupos Turismo de Grupos Especiais (Single, GLS, Terceira Idade, Naturalistas, Portadores de Deficiências, etc). Turismo Emissivo Turismo Receptivo Turismo de Praia Turismo de Montanha Turismo de Campo Turismo de Neve
Turismo Social Turismo Cultural Turismo Ecológico Turismo de Compras Turismo de Aventura Turismo Gastronômico Turismo de Terceira Idade Turismo Rural Turismo de Intercâmbio Turismo de Cruzeiros Marítimos Turismo de Negócios Turismo Técnico Turismo Gay (GLS) Turismo de Saúde Turismo Étnico e Nostálgico Turismo Individual Turismo em Grupo Turismo Organizado Turismo Receptivo e Emissivo
FONTES: BARRETO, Margaritta. Manual de Iniciação ao Estudo do Turismo. São Paulo: Papirus, 1995. ANSARAH, Marília Gomes dos Reis. Turismo, Segmentação de Mercado. São Paulo: Futura, 2000. OLIVEIRA, Antonio Pereira. Turismo e Desenvolvimento (Planejamento e Organização). São Paulo: Atlas, 2000. ROSE, Alexandre Turatti de. Turismo (Planejamento e Marketing). São Paulo: Manole, 2002.
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TABELA 03: Classificação de Elementos Responsáveis pela Escolha do Tipo de Turismo a ser Praticado: Classificação Características Demográficas Características Sócio-Econômicas e Culturais Localização Geográfica Características Psicológicas Comportamento do Consumidor Tipo de Serviço Setor de Atividade do Comprador
Elementos a serem Analisados Idade, Sexo, Estado Civil, Nacionalidade, Ocupação Profissional, Tamanho da Família, etc. Classe Social e Econômica, Classe Cultural, Estilo de Vida e Educação. País, Região, Centro ou Periferia da Cidade Personalidade, Crenças, Atitudes, Estilo de Vida Motivos de Compra, Influência de Compra, Razões de Compra, etc. Benefícios ao Consumidor, Lealdade de Marca, etc. Tipo de Atividade, Localização Geográfica, Disponibilidade Financeira do Usuário.
FONTE: Cobra e Zwarg APUD Ansarah, 2000.
Lista de Siglas ABAV – Associação Brasileira dos Agentes de Viagem BAHIATURSA – Empresa de Turismo da Bahia S/A EMBRATUR – Instituto Brasileiro de Turismo IBAMA – Instituto Brasileiro de Assistência ao Meio-Ambiente PRODETUR – Programa de Desenvolvimento do Turismo SEAGRI – Secretaria da Agricultura do Estado da Bahia
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Fundação Casa de Jorge Amado – Salvador – BA
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Acervo da Fundação Casa de Jorge Amado – Salvador – BA
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Mapa Animado da Costa dos Coqueiros
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Artesanato de Mangue Seco â&#x20AC;&#x201C; mulheres produzindo com a fibra de tucuru
Dunas de Mangue Seco
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Pescadores de Mangue Seco
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INFORMAÇÕES ÚTEIS AOS VISITANTES
Onde Comer Restaurante Fantasias do Agreste Restaurante Frutos do Mar Restaurante Grão de Areia Restaurante Mangue Seco Restaurante O Forte Restaurante Suruby
Onde Dormir Pousada Asa Branca (60 leitos) Pousada Algas Marinhas (40 leitos) Pousada Aconchego da Telma (25 leitos) Pousada Grão de Areia (38 leitos) Pousada Mangue Seco (59 leitos)
As Praias Praia da Costa Azul Praia dos Coqueiros Praia de Mangue Seco Praia do Saco
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CALENDÁRIO DE EVENTOS
JANEIRO – Festa do Bom Jesus dos Navegantes FEVEREIRO – Festa de Nossa Senhora de Abadia MARÇO – Festa de São José MAIO – Festa do Santo Cruzeiro JUNHO – Festa de Santo Antonio Micatieta (Carnaval fora de Época que relembra a personagem Amadiana, Tieta). Agosto – Festa de Nossa Senhora D’ Ajuda Setembro – Comemorações do Dia da Independência Festa de Nossa Senhora das Dores