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YELTSIN JACQUES E A FOME DE VITÓRIA!

Multicampeão e recordista nos Jogos de Tóquio 2020, atleta paralímpico sul-matogrossense intensifica os treinos de olho nos Jogos Paralímpicos de Paris 2024

Esta é uma narrativa de como o esporte é capaz de transformar vidas e garantir autonomia e bem-estar. A história em questão tem como personagem o paratleta Yeltsin Jacques, que saiu do coração do Brasil – Mato Grosso do Sul – e escreveu o seu nome na história do esporte nacional. Yeltsin foi um dos 55 competidores cegos da delegação brasileira que seguiu para os Jogos Paralímpicos de Tóquio em 2021 e, na terra do sol nascente, conquistou a centésima medalha de ouro do Brasil em Paralimpíadas e o recorde mundial ao vencer os 1.500 metros (m) da classe T11 (de pessoas cegas) com o memorável tempo de 3min57s60.

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Para Yeltsin, essa conquista representa a realização de um sonho. “É fruto de muito trabalho, são 14 anos de trabalho diário, faça chuva, faça sol, passando todas as dificuldades que nós passamos na iniciação esportiva e mesmo assim a gente se motivava, acordava cedo, falava vamos treinar, vamos trabalhar, vamos vencer, vamos superar a cada dia, e a gente vai conseguir chegar. E a gente conseguiu realizar esse sonho, eu fiz a parte de correr, mas por trás de mim tem muita gente eficiente”, afirma.

Ele foi o primeiro a abrir a contagem de medalhas de ouro conquistadas para o Brasil no Japão. Antes mesmo de pisar na pista de corrida em Tóquio, Yeltsin Jacques já era promessa de medalha. Isso porque já havia marcado presença no lugar mais alto do pódio nos Jogos Parapan-Americanos de Lima 2019, com vitórias nas classes T12 e T13, em que conquistou ouro nos 1.500 m; nos Jogos Parapan-Americanos de Toronto 2015, com o ouro nos 1.500 m e nos 5.000 m; e em Paris, no Mundial de 2013, quando ficou com a medalha de prata nos 1.500 m e bronze nos 800 m.

Como toda boa história, esta também é de superação, afinal, Yeltsin foi diagnosticado na infância com amaurose congênita de Leber (LCA), uma doença degenerativa hereditária da retina, caracterizada por grave perda de visão, e desde então foi incentivado pela mãe a conhecer e praticar diversas modalidades esportivas. “A minha mãe viu no esporte a oportunidade de me transformar, de me dar autonomia, de transformar a minha vida, e ela sempre me proporcionou oportunidades de experimentar vários tipos de esportes, e eu fui gostando, me apaixonando, o esporte me fez ser esse ser humano que eu sou hoje”, afirma.

Houve também uma reviravolta importante nesta história, já que por pouco Yeltsin não se dedicou a outra modalidade, no caso, o judô. E quem relembra essa mudança é o próprio atleta. “Eu, por acaso, ajudando um amigo me deparei com o atletismo, a corrida de rua, e ao mesmo tempo eu praticava judô. Fui conhecendo a corrida e gostando cada vez mais, me apaixonando cada vez mais por ela. Era um esporte que eu conseguia treinar mais, eu sempre fui muito dedicado, e eu conseguia treinar sozinho, então foi uma obra do destino mesmo, o destino colocou a corrida ali nos meus 16 anos para que eu chegasse a conquistar a 100ª medalha olímpica do atletismo brasileiro”, conta.

Yeltsin ressalta ainda que o seu aprendizado com a prática de judô, aliado ao atletismo, resultou no que ele acredita ser o seu diferencial nas pistas. “Aprendi a ter disciplina, perseverança e respeito, ferramentas que o judô ensina muito, além da ética no trabalho, então, toda a minha base fundamental, a minha preparação mental e psicológica é muito forte”, ressalta. E com isso o atleta obteve o equilíbrio perfeito para se destacar nas pistas. “Eu já realizei tudo no esporte que um atleta poderia conquistar, baixei recorde mundial, conquistei a 100ª medalha de ouro, ganhei 1.500 m, ganhei 5.000 m, ganhei Parapan, sou medalhista em mundial, fui líder no ranking mundial na maratona, ganhei praticamente todas as provas, desde provas de rua até provas de média expressão a nível nacional, fui campeão nacional incontáveis vezes e acho que desde 2009 estou invicto. Fui me aventurar na maratona e sou o melhor deficiente visual até hoje nela”, resume.

Treinos

Para ser multicampeão e recordista nas provas de atletismo, a rotina de treinos de Yeltsin é puxada e se manteve mesmo durante o período mais intenso da pandemia de Covid-19. “Eu sou o único que treinei e me preparei em Mato Grosso do Sul, e eu acredito que a gente fez um trabalho diferenciado. A gente conseguiu, com os cuidados necessários, abrir as pistas e se manter treinando, o fato de [Campo Grande] ser uma cidade menor, mais tranquila, em que todo mundo conhece todo mundo, ajudou e eu tive muito apoio durante a pandemia, então, a gente estava muito bem treinado, muito forte”, destaca.

A decisão foi um diferencial, já que o atleta fundista conseguiu impor o ritmo e a intensidade necessária para liderar as provas das quais participou em Tóquio. “A sensação que eu tinha era de que eu estava no Parque Ayrton Senna fazendo o meu treino, fazendo o que eu fazia todos os dias, que era o treinamento duro. E eu ia entregar o que eu fazia na pista. A gente sabia que os outros atletas estavam bem, então a gente fez o que eu fazia, que era ser bom o suficiente para ganhar”.

Yeltsin conta ainda que teve um apoio importante da esposa e atleta amadora Janayna Yankha para não perder o foco e o ritmo durante o período de distanciamento social. “Eu e a minha esposa usamos inúmeras competições virtuais, desafios virtuais para poder competir mesmo que fosse virtualmente, mas eu estava competindo. Tudo que era desafio não valia nada, então isso foi fundamental para a gente chegar bem. Eu não parei, tive força e disciplina”, conta.

Aliás, Janayna Yankha teve uma participação especial na jornada do atleta. Foi com o apoio dela que Yeltsin encontrou uma forma de manter o ritmo. “Eu tenho uma pessoa espetacular que hoje faz parte da nossa equipe, que é a minha esposa. E a gente conseguiu uma forma de ela me guiar de bicicleta, e Campo Grande é a única cidade no Brasil em que a gente consegue usar a bicicleta na pista de atletismo. Na verdade, na Europa, eles usam para fazer pace, o ritmo, para os atletas convencionais, e a gente usa como guia, então ela prende a cordinha no cotovelo e a gente faz a corrida. Isso faz com que eu não me torne totalmente dependente dos guias”, conta. O apoio foi importante para auxiliar o atleta na transição das classes T12 e T13 (para atletas de baixa visão) para a T11 (para atletas cegos). “Essa transição foi bastante difícil. Na minha classe antiga, eu poderia ou não usar um guia, era opcional, hoje já se tornou obrigatório, até mesmo pela perda acentuada de visão que eu tive. Hoje, sou totalmente dependente dos guias para tudo, então atualmente eu estou com uma equipe maravilhosa, os meninos são fantásticos, fazem tudo ali, somos unidos e eles sofrem muito para correr comigo, e isso é uma limitação que a gente tem como equipe, porque é a dificuldade do treinamento do dia a dia, e o meu treinamento é muito intenso, então para eles é muito desgastante”.

Atualmente, Yeltsin conta ainda com o apoio de outros nomes importantes, que fizeram história nas pistas. “São alguns dos melhores atletas do Brasil, o Guilherme já foi campeão sul-americano juvenil; o Ismael foi atleta olímpico, esteve nas Olimpíadas do Rio em 2016, mas, mesmo assim, eles têm muita dificuldade para correr comigo, então essa transição está sendo bem difícil, porque eu me torno totalmente dependente deles para treinar”.

Novos Desafios

Após vencer a prova dos 1.500 m da classe T11 (para atletas cegos), Yeltsin concedeu uma entrevista para o podcast Rumo ao Pódio, que acompanha e analisa tudo o que acontece no mundo olímpico, e deixou claro que tem fome de vitória. “Aqui é Brasil, e vamos que vamos, vem mais recorde por aí”, disse o atleta.

Para a Viver Cassems, ele explica que depois da prova precisou “recalcular a rota” e definir os próximos passos no atletismo. “Fui conversar comigo mesmo e pensei ‘e agora, o que eu vou fazer?’. Então eu decidi focar, trabalhar e, por que não, em vez de duas, trazer três medalhas em Paris? Esta é a minha nova meta, três medalhas, duas de ouro e pelo menos uma medalha em uma prova paralela, talvez de prata ou de bronze”, promete.

Ele menciona ainda a longa jornada que terá para cumprir nos próximos anos. “Hoje, o meu foco é o Campeonato Mundial em Paris, os Jogos Parapan-Americanos de Santiago, o Campeonato Mun- dial no Japão em 2024 e os Jogos Paralímpicos de Verão de 2024, em Paris. O ano passado foi um ano tranquilo, já 2023 vai ser intenso e eu não vou ter descanso, não vou ter praticamente nenhum dia de folga”, destaca Yeltsin.

Ele ressalta também os seus planos fora das pistas, já que está terminando a sua formação em Educação Física, o que deixa evidente mais uma intervenção do destino na jornada do atleta. “Estou cursando Educação Física, antes cursei sete semestres de Direito, mas tranquei. Tive que ir para São Paulo treinar. Aí acabou surgindo essa oportunidade no Comitê Paralímpico de cursar Educação Física e eu abracei, porque sou apaixonado por esportes, sempre fui apaixonado por esportes, eu amo corrida, eu já passava algumas dicas para atletas e corredores, então eles começaram a ter um bom desempenho e eu pensei ‘preciso ter uma formação’, mas são projetos futuros, para 2028. E eu ainda quero terminar a minha faculdade de Direito, faltam três semestres”, diz.

Yeltsin reconhece a importância e a força que o esporte tem para mudar trajetórias, sendo assim, um de seus planos é um dia poder desenvolver um trabalho social em que ele possa incentivar a prática esportiva entre crianças e adolescentes e oferecer treinamento. “A gente vê muito a juventude perdida, por falta de conhecimento, apoio, suporte, e como hoje eu me tornei referência eu quero continuar trabalhando cada vez mais para mostrar para a juventude as oportunidades que o esporte dá. Hoje em dia, eu ando na rua e as pessoas me reconhecem como atleta, sabem do meu trabalho, então eu quero cada vez mais seguir como referência. Principalmente para as crianças que às vezes não têm perspectivas de futuro, então quero cada vez mais servir como referência de que é possível mudar a sua trajetória por meio do esporte”.

Sobre ser destaque na seção Orgulho Cassems desta edição, Yeltsin diz: “O meu pai é funcionário público e a Cassems me abraçou também para que eu pudesse manter essa minha carreira esportiva, me manter como atleta. Hoje, temos total apoio e, por eu ser um dos melhores atletas, a gente faz o impossível para levar o nome de Mato Grosso do Sul para fora”, finaliza.

Conselho De Administra O

Presidente Ricardo Ayache

1º Vice-Presidente Ademir Cerri

2º Vice Presidente Alexandre Júnior Costa

Membros Titulares Roberto Magno Botareli Cesar, Mario Sergio Flores do Couto, Thiago Monaco Marques, Robelsi Pereira, Alexandre Barbosa da Silva

Membros Suplentes José Remijo, Perecin, Diego Fernando de Arruda Soares, Alessandro Jacometo, Ceres Gonçalves, Pereira Zambon, Jacilene Ferreira da Silva

CONSELHO FISCAL

Membros Titulares Geraldo Celestino de Carvalho, Priscila Lemos Wormsbecher, Wilson Xavier Paiva, Cláudio Mario Salvador Menezes de Souza, Wilds Ovando Pereira, Aline Melo de Oliveira - representante do Governo

Membros Suplentes Andre Luiz Garcia Santiago, Valdir Aparecido Reynaldo, Marcelo Tabone Neves - representante do Governo

Gest O Executiva

Presidente Ricardo Ayache

Diretoria de Assistência à Saúde Maria Auxiliadora Budib

Diretoria de Assistência Odontológica Denise Garcia Sakae

Diretoria de Finanças Maria Antônia Rodrigues

Diretoria de Clientes Jucli T. Stefanello Peruzo

Diretoria Jurídica Cleber Tejada de Almeida

Diretoria de Projetos e Processos Organizacionais Celciliana Barros de Moura

Ger Ncias Regionais

Aquidauana Ana Maria Mendes Machado Campo Grande Sonilza de Souza Lima

Corumbá Rosana Lídia da Silva Pereira Coxim Luciano Ferreira Dourados Vera

Lúcia de Lima Jardim Odete Aquino Vareiro Naviraí João Inácio de Farias

Nova Andradina Ivone Ramos Pereira Paranaíba Sanderson Dutra Garcia

Ponta Porã Selma Dias Gonçalves Três Lagoas Aelton Manoel A. Oliveira

GERÊNCIAS HOSPITALARES

Aquidauana Júlio Antonio Rossi Campo Grande Alessandro Depieri Coxim Paulo Souza Corumbá Israel Dias Dourados Jean Henrique Davi Rodrigues Naviraí Volindomar Paimel de Queiroz Nova Andradina Eliezer Branquinho

Paranaíba Soraya Rita E. de Lima Ponta Porã João Carlos Biff

Três Lagoas Meyre Alves

ASSESSORIAS

Presidência Adriana Georges Sleiman

Comunicação Ariane Martins

Interior Sonilza S. de Lima

Contabilidade AT Contábil Assessoria em Contabilidade

Auditoria Independente Ascoplan

TI Oxxy / Strategy

OUVIDORIA

Cecília D. Jeronymo Serra

CONSELHO EDITORIAL

Presidente e Representante do Conselho de Administração Ricardo Ayache

Representante da Saúde Maria Auxiliadora Budib

Representante de Comunicação e Coordenação-Geral da Revista Viver

Cassems Ariane Martins

GERÊNCIA

Superintendente Administrativa Financeira Sandra Ortega

Gerente Jurídico Patrick Hernands

Gestora de Desenvolvimento Humano Organizacional Vanêssa Trivellato

Gestora de Departamento Pessoal Juliana Inácio

Gerente de Tecnologia e Informação Raphael Domingos Barbosa

Gerente Administrativo de Assistência à Saúde Wellington Martins

Gerente Técnica de Assistência à Saúde Elea Godoy

Gerente de Riscos e Controle Internos Samuel Dias

Gerente Contábil Sirleide Gama de Mello

Ouvidoria Cecília D. Jerônymo Serra

Compliance Officer Matheus Brunharo

Encarregado de Proteção de Dados (DPO) Guilherme Victorino

Projeto Gráfico Diniz Ação em Marketing

Diagramação e Produção Diniz Ação em Marketing

Comercial Cibelly Nunes E-mail cibelly@dinizacao.com.br

Telefone Comercial (67) 3042-0127 / 9 9917-6766

Fotos Assessoria Cassems, Messias Ferreira

Jornalistas Gustavo de Deus (MTB/MS 898), Ariane Martins (MTB/MS 513), Mikaele Teodoro (DRT 2114-MS), Sarah Santos e Tathiane Panziera (DRT 377- MS) Colaborou Paulo Corsi

Revisão Amanda Denise de Lima

E-mail comunicacao@cassems.com.br

Telefone da Redação (67) 3309-5365

Tiragem 70.000 exemplares

Os anúncios independem da Rede Credenciada

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