A nova sede da
Casa da América Latina e da
UCCLA União das Cidades Capitais de Língua Portuguesa
Oh as casas as casas as casas Oh as casas as casas as casas as casas nascem vivem e morrem Enquanto vivas distinguem-se umas das outras distinguem-se designadamente pelo cheiro variam até de sala pra sala As casas que eu fazia em pequeno onde estarei eu hoje em pequeno? Onde estarei aliás eu dos versos daqui a pouco? Terei eu casa onde reter tudo isto ou serei sempre somente esta instabilidade? As casas essas parecem estáveis mas são tão frágeis as pobres casas Oh as casas as casas as casas mudas testemunhas da vida elas morrem não só ao ser demolidas Elas morrem com a morte das pessoas As casas de fora olham-nos pelas janelas Não sabem nada de casas os construtores os senhorios os procuradores Os ricos vivem nos seus palácios mas a casa dos pobres é todo o mundo os pobres sim têm o conhecimento das casas os pobres esses conhecem tudo Eu amei as casas os recantos das casas Visitei casas apalpei casas Só as casas explicam que exista uma palavra como intimidade Sem casas não haveria ruas as ruas onde passamos pelos outros mas passamos principalmente por nós Na casa nasci e hei-de morrer na casa sofri convivi amei na casa atravessei as estações Respirei – ó vida simples problema de respiração Oh as casas as casas as casas Ruy Belo
A UCCLA - União das Cidades Capitais de Língua Portuguesa é uma associação intermunicipal de natureza internacional, criada a 28 de junho de 1985. Assinaram o ato de fundação, as cidades de Bissau, Lisboa, Luanda, Macau, Maputo, Praia, Rio de Janeiro e São Tomé/Água Grande. Em setembro de 1998 a UCCLA muda as suas instalações da Avenida 24 de Julho para a Rua de São Bento. Criada em 1998 com a missão de aproximar Portugal da América Latina através do estímulo ao conhecimento e da cooperação com os países latino-americanos, a Casa da América Latina é uma associação sem fins lucrativos e de direito privado, constituída pelo município de Lisboa, pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros de Portugal, pelas embaixadas dos países latino-americanos e por um conjunto de empresas.
CASA DAS GALEOTAS Durante séculos, uma larga faixa de praia fluvial na frente ribeirinha, determinou a vida desta zona da Junqueira, caracterizada pela utilização portuária. Cais, de maiores ou menores dimensões, armazéns de variadas mercadorias, telheiros, casas de malta, casas de aprestos, todas as estruturas que acompanhavam a atividade fluvial, aqui se encontravam presentes. Desde o séc. XVIII, esta zona foi marcada pela atividade dos iates reais, escaleres, bergantins e galeotas, que estavam armazenados, desde o Terramoto, num edifício próprio, referido na planta de Filipe Folque. Os tripulantes destes barcos, recrutados no Algarve, ficaram conhecidos pelo nome da província de onde eram originários, residiam nas cercanias e deixaram a sua memória na toponímia da zona, na travessa dos Algarves e na travessa das Galeotas. Rocha Martins retrata-os como “garridos e pomposos”, nos seus uniformes de jaqueta escarlate e calça branca ou azul, conforme a estação do ano. Após a República, a saída dos reais barcos para o Depósito da Azinheira, localizado no Seixal, assim como o aterro da Praia da Junqueira, alteraram profundamente esta zona. O movimento portuário cessou por completo, perdendo-se a azáfama diária dos que iam e vinham, carregavam e descarregavam mercadoria dos e para os numerosos armazéns que aqui foram erguidos, como os de Paulo Jorge, produtor do Vinho de Carcavelos, que aqui também deixou a sua memória na toponímia.
A nova sede da
Casa da América Latina e da
UCCLA União das Cidades Capitais de Língua Portuguesa Inauguração em setembro 2016
Casa das Galeotas | Av. da Índia, 110 - Lisboa
Agradecimentos Aos herdeiros de Ruy Belo pela cedência do poema Oh as casas as casas as casas À Luísa Ferreira pela paciência de nos ter acompanhado ao longo de quase dois anos, nas visitas à obra de reconstrução da Casa das Galeotas; À JP – Inspiring Knowledge pelo apoio financeiro a esta brochura.
Ficha técnica Fotografias: Luísa Ferreira Conceção: Manuela Júdice e Margarida Lages (CAL) Apoio à montagem: Patrícia Simões (CAL) Design gráfico: Catarina Amaro da Costa (CML/SG/DMC) Pesquisa histórica: Anabela Valente (CML/DMC/GEO) Impressão: Imprensa Municipal © CAL e CML © “Todos os Poemas”, de Ruy Belo - Herdeiros de Ruy Belo e Assírio & Alvim / Grupo Porto Editora. © Fotografias Luísa Ferreira © Fotografias de Appleton&Domingos, Arquitectos / Câmara Municipal de Lisboa (pág.7) Foto do levantamento da zona de implantação da zona da Casa das Galeotas | CML (pág.7) Setembro 2016 Apoio