Estudo de caracterização de agregados familiares em Bissau sobre o uso de energias domésticas
Projecto de desenvolvimento de energias domésticas sustentáveis na cidade de Bissau Energy/2017/392-854
AGOSTO 2018
Estudo de caracterização de agregados familiares em Bissau sobre o uso de energias domésticas
Projecto de desenvolvimento de energias domésticas sustentáveis na cidade de Bissau Energy/2017/392-854
AGOSTO 2018
Ficha Técnica Título:
Estudo de caracterização de agregados familiares em Bissau sobre o uso de energias domésticas Autores:
Mendes, Paulina (INEP) Indjai, Bucar (INEP) Costa, Renato (UCCLA) coordenação do projecto:
Almeida, Manuel F. de (UCCLA) Machado, Luís Mendes (UCCLA) Edição:
UCCLA-União das Cidades Capitais de Língua Portuguesa INEP-Instituto Nacional de Estudos e Pesquisa Design Gráfico e paginação:
Costa, Catarina Amaro da (UCCLA) Execução Gráfica:
GRAFI 95 Impressão em papel 100% reciclado Tiragem:
75 exemplares 1ª edição, Novembro de 2018 ISBN:
978-989-54173-2-2
LISTA DE ABREVIATURAS CAF – Chefe de Agregado CEDEAO – Comunidade Económica de Estados da África Ocidental FGF - Focos Grupos Femininos FGM – Focos Grupos Masculinos GALP - Grupo de empresas portuguesas no sector de energia GPL - Gás de Petróleo Liquefeito IBAP – Instituto da Biodiversidade e das Áreas Protegidas INEP – Instituto Nacional de Estudos e Pesquisa PEO – Plano Estratégico e Operacional Terra Ranka SAB – Sector Autónomo de Bissau
Este projecto é financiado pela União Europeia (UE). O presente estudo não reflecte necessariamente os pontos de vista e os pareceres da UE
SPSS – Statistical Package for the Social Sciences UCCLA – União de Cidades Capitais da Língua Portuguesa
Índice
AGRADECIMENTOS
5
SUMÁRIO EXECUTIVO
7
INTRODUÇÃO
11
I. CONTEXTO E JUSTIFICAÇÃO
13
II.OBJECTIVOS 2.1.Objectivo geral 2.2 Objectivos específicos
17 17 17
III. QUADRO TEÓRICO
18
IV. METODOLOGIA
20
V. CARACTERIZAÇÃO SÓCIO-DEMOGRÁFICA E ECONÓMICA DE AGREGADOS FAMILIARES 5.1. Habitação do agregado familiar 5.2. Características sociodemográficas de agregados familiares 5.2.1. Perfil social e cultural de chefes de agregados 5.2.2. Perfil social e cultural de membros de agregados 5.3. Características económicas de agregados familiares 5.3.1. A ocupação do CAF 5.3.2. Ocupação dos membros dos agregados 5.3.3. Despesa mensal do agregado
24 24 25 25 29 31 31 32 33
VI. HÁBITOS DOS AGREGADOS NA COZINHA
35
6.1. A Cozinha: um espaço de governação feminina para os agregados em Bissau 6.2. As refeições: um desafio diário para os agregados 6.2.1. Da varanda à cozinha: um itinerário ainda por percorrer
35 37 38
6.3. Tipos de fogões utilizados 6.3.1. Características e o estado do fogão 6.3.2. Os benefícios associados ao uso do fogão a gás 6.4. Estado de saúde dos agregados
VII. CONSUMO DE ENERGIA PELOS AGREGADOS FAMILIARES
7.1. Fontes de energia utilizadas na preparação de alimentos 7.2. O acesso às fontes de energia 7.3. Quantidade de energia utilizada 7.4. Despesa mensal por tipo de energia 7.4.1. A percepção dos agregados sobre a evolução dos preços da energia 1.5. Benefícios e limitações do uso do carvão e da lenha
VIII. AS EXPERIÊNCIAS DOS AGREGADOS NO USO DO GÁS
9.1. Clientela e produtos comprados 9.1.1. Qualidade do serviço prestado 9.2. O acesso às informações sobre o gás
46 46 48 49 51 51 52 54 54 56
8.1. Acesso ao gás e o tamanho da botija utilizada 8.2. Despesas e transporte do gás
IX. EXPERIÊNCIAS DOS AGREGADOS COM AS EMPRESAS DISTRIBUIDORAS E FONTES DE ACESSO ÀS INFORMAÇÕES
39 40 42 43
61 61 61 62
CONCLUSÕES
64
RECOMENDAÇÕES
65
ÍNDICE REMISSIVO DAS FIGURAS E Gráficos
66
BIBLIOGRAFIA
67
ANEXOS
68 68 79
I. Lista de quadros II . Instrumentos de recolha de informações
AGRADECIMENTOS
A
realização deste estudo contou com a colaboração de vários actores. Assim, queremos deixar nesta página o nosso profundo reconhecimento aos inquiridores, aos técnicos dos Ministérios dos Recursos Naturais e da Energia, da Agricultura, da Direcção-Geral do Ambiente, da Direcção-Geral da Floresta, do Instituto da Biodiversidade e Áreas Protegidas (IBAP), da Direcção-Geral das Alfândegas, aos gestores das empresas (Petromar, Rotterbi e Petrodis) e aos empreendedores dos restaurantes tradicionais e padarias. O nosso bem‑haja é extensivo a todas as pessoas que contribuiram de forma directa ou indirecta para a realização deste estudo. —5—
SUMÁRIO EXECUTIVO
O
presente relatório apresenta os resultados do estudo sobre a caracterização de agregados familiares relativa à utilização das energias domésticas na preparação de alimentos na cidade de Bissau. Este estudo foi encomendado como instrumento essencial para o conhecimento da situação supracitada no âmbito do “Projecto de desenvolvimento de energias domésticas sustentáveis na cidade de Bissau – FUMUKABA” (Energy/2017/392-854), projecto financiado pela União Europeia e pela Fundação GALP, visando estimular a utilização do gás butano, como fonte de energia alternativa ao uso do carvão, com vista à preservação dos eco-sistemas florestais. As informações foram recolhidas através das técnicas de inquérito por questionário, com base numa amostra de 500 agregados familiares, que corresponde a 1% do total de agregados da capital. Complementarmente, foram realizadas entrevistas com técnicos de instituições públicas e privadas, com vocação para áreas ligadas às energias domésticas, nomeadamente, dos Ministérios dos Recursos Naturais e da Energia, da Agricultura, da Direcção-Geral do Ambiente, da Direcção-Geral das Florestas, do Instituto da Biodiversidade e das Áreas Protegidas (IBAP), da Direcção-Geral das Alfândegas, das empresas distribuidoras de energia (Petromar, Rotterbi, Petrodis), de restaurantes tradicionais e de padarias. Foram, igualmente, realizados oito grupos focais de discussão (focus groups), nos bairros mais povoados de Bissau, que incluíram a participação de 76 pessoas, 38 do sexo masculino e 38 do sexo feminino. O número de agregados inquiridos em cada um dos 44 bairros abrangidos pelo estudo é proporcional ao peso demográfico de agregados residentes. Os bairros que não atingiram proporcionalmente 1%, em função do peso demográfico, foram excluídos do estudo. —7—
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A título experimental, identificou-se uma família com um agregado que corresponde à média apurada de elementos num agregado em Bissau (6,5 pessoas). Foi proposta a ela a substituição total do uso de carvão por gás, durante cerca de um mês, com o intuito de se obter um elemento de verificação/ comparação.
—8—
INTRODUÇÃO
A
pressão demográfica tem colocado desafios importantes à Humanidade no que diz respeito à sustentabilidade do uso de energia de fontes não renováveis. Assim, surge a necessidade de estabelecer uma nova ordem sócio-económica global que visa a redução do desequilíbrio observado no mundo, em matéria de capacidade de utilização da ciência e da tecnologia não-renovável para o desenvolvimento sustentável (INEP, 1991). A crescente consciencialização sobre o perigo do uso excessivo de energias de fontes tem levado à procura de fontes alternativas de energia. Com efeito, o aumento da consciência ambiental tem mobilizado cada vez mais a população para acções e comportamentos que visam a protecção e a gestão racional dos recursos naturais disponíveis no planeta (INEP, 1991). Se é verdade que os efeitos das alterações climáticas desempenham papel preponderante nesta consciencialização ambiental, não é menos verdade que a escassez de matérias‑primas utilizadas na produção de energia com os derivados do petróleo, gás natural e os carvões também têm a sua responsabilidade. É neste contexto que, desde os anos 90, a Guiné‑Bissau, no quadro da sua política de conservação da sua biodiversidade, foi incentivando o uso do gás butano, em substituição do recurso à lenha e ao carvão, nomeadamente para a preparação de alimentos, pelo que se torna fundamental o conhecimento dos hábitos da população na utilização de energias domésticas. O presente trabalho está estruturado em 9 capítulos, respectivamente: o primeiro debruça‑se sobre o contexto e justificação, o segundo refere os objectivos do estudo, o terceiro evidencia o quadro teórico, o quarto apresenta a metodologia utilizada na recolha de informações, o quinto faz a caracterização sociodemográfica e económica dos agregados, o sexto analisa os hábitos de agregados fami—9—
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liares na cozinha, o sétimo trata do consumo de energia pelos agregados, o oitavo ocupa‑se da experiência dos agregados familiares no uso do gás. O último capítulo, o nono, realça a experiência dos agregados familiares com as empresas distribuidoras de energias e o acesso dos mesmos às fontes de informações sobre o gás.
— 10 —
I. CONTEXTO E JUSTIFICAÇÃO
D
e acordo com os estudos efectuados, a flora vascular da Guiné‑Bissau compreende 1.524 espécies, das quais, 400 são utilizadas para diversos fins no país, como na alimentação, medicina tradicional, construção, artesanato, cerimónias, combustível (lenha e carvão) e indicadores ambientais (Catarino et al., 2006; Catarino et al. 2016 ). Segundo, Correia (2012) a Guiné‑Bissau apresenta uma superfície de 1.378.750 hectares de floresta natural, 466.110 hectares de floresta de produção, 622.105 hectares de pousios e uso para a pastorícia, sendo de 173.765 hectares a área ocupada por palmeiras e fruticultura. Segundo o IBAP (2014), o país é reconhecido ao nível da África Ocidental e no mundo, pela sua diversidade biológica e habitats, contando, actualmente, com 8 áreas protegidas (5 marinhas, 1 costeira e 2 terrestres), que compreendem cerca de 26,3% do território nacional. O território da Guiné‑Bissau possui uma singularidade ecológica na África Ocidental, tendo em conta, em particular, que a sua cobertura florestal serve de fronteira entre o Sahel e a floresta tropical húmida da África Ocidental e por incluir uma vasta zona de mangais, lugar de reprodução privilegiado para o recurso pelágico do conjunto do Golfo da Guiné (PEO, 2015). Consciente deste privilégio, e da responsabilidade daí decorrente, no que se refere à preservação do equilíbrio ecológico, a Guiné‑Bissau tem procurado, de forma empenhada, encontrar e implementar soluções com vista à conservação da sua rica biodiversidade. Neste âmbito, foram elaboradas políticas com vista a assegurar um desenvolvimento sustentável do seu território, conciliando as acções de satisfação das necessidades das suas populações com o imperativo nacional e internacional de conservar a sua biodiversidade ao serviço da Humanidade. Assim, desde os anos 90, o país tem procurado oferecer à sua população fontes alternativas de energia, nomeadamente para a preparação de alimentos. Esta — 11 —
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política visa reduzir a pressão sobre a floresta devido à crescente exploração de lenha e carvão, no quadro das condições económicas da população guineense, por causa não só do crescimento demográfico, mas também, do aumento da taxa de urbanização no país. De acordo com o INE (2010), a população residente na Guiné‑Bissau em 2009, era de 1.497.859 habitantes, contra 979.203 habitantes em 1991, ou seja, a população residente conheceu um crescimento de 48,0% em dezoito anos. Em 2016, de acordo com a mesma fonte, a população residente seria de 1.547.717 habitantes, ou seja, continuou a crescer, embora a uma menor taxa (um aumento de 6,8% desde 2009) Esta evolução está associada ao aumento da população adulta (15 ‑64 anos de idade) que terá passado de 31,6% em 1991 a 32,4% em 2009 e a 34,3% em 2016. Os dados referidos permitem concluir que, entre 1991 e 2016, a população adulta tem vindo a aumentar a um ritmo superior (taxa média anual de 2,3%) ao aumento da população total, (taxa média anual de 1,8%). Por outro lado, a população urbana continua a aumentar, passando de 39,6% da população total residente, em 2009, a 42,6%, em 20161, estimando-se que em 2018 seja 43,4%. No que se refere à distribuição dos agregados familiares no País, o Sector Autónomo de Bissau (52.903) é a localidade de maior concentração, depois as regiões de Cacheu (23.882) e de Gabú (21.634), sendo Quínara (7.368) e Bolama Bijagós (4.839) as regiões com menor número de agregados (INE, 2010). Na Guiné‑Bissau, cerca de 95% da população residente utiliza a lenha e o carvão vegetal para a cozinha e outras necessidades energéticas, o que, em conjunto, totaliza 95,6% da fonte de energia utilizada, devido, quer à fraca produção de energia eléctrica, quer pela escassa disponibilidade de fornecimento quer pelo preço do gás butano, o qual é relativamente superior ao preço praticado nos mercados da sub‑região (CORREIA, 2012). O SAB é a parte do território onde o gás é mais utilizado, representando (3,8%) dos agregados familiares, seguido das regiões de Bolama Bijagós (1%), Biombo (0,8%), Cacheu (0,6%) e Gabú (0,6%), (INE, 2010). De acordo com os dados do recenseamento de 2009, a nível nacional, a lenha é o combustível mais usado nos INE (2017), Guiné‑Bissau em números 2017, pp 19;
1
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agregados familiares guineenses (62,3%), seguido do carvão (33,3%) e do gás (1,5%). O uso de petróleo (0,4%), apara (0,5%) e outros tipos de energias (0,3%), na confecção de alimentos, é muito insignificante, (INE, 2010). Em relação ao meio de residência dos agregados, verifica‑se que o consumo de carvão é bastante elevado nas zonas urbanas (69,9%) e o da lenha nas zonas rurais (94,4%). Em termos regionais verifica‑se que a lenha é o combustível de cozinha mais utilizado, com uma frequência que varia entre 80% a 95% (INE, 2010). Em contrapartida, no SAB a proporção de agregados familiares que utilizam o carvão ultrapassa os 85%. Também, o seu consumo é relativamente importante em Biombo (13,2%), Bafatá (13,7%), Gabú (16,3%) e Cacheu (14%) (INE, 2010). Regista‑se uma utilização ligeiramente mais elevada de petróleo na região de Oio (0,5%), Bafatá (0,4%) e Gabú (0,4%), enquanto o uso de apara e outros tipos de combustíveis na cozinha é mais acentuado no SAB com 1,4% (INE, 2010). Assim, os estudos feitos e os dados que o INE disponibiliza, indicam que o consumo energético proveniente da biomassa é de 1,7 kg de lenha por pessoa e por dia, gerando um fluxo de mais de 1,2 milhões de metros cúbicos, correspondendo a mais de 80% da produção florestal, cujo potencial lenhoso é estimado em 100 milhões de m³ (Correia, 2012), o que evidencia um elevado grau de pressão sobre os recursos florestais, tendencialmente crescente face ao aumento da taxa de crescimento da população adulta (15‑64 anos), susceptível de formar um lar. É neste quadro que se enquadram as políticas e acções que têm sido empreendidas pelo Estado, nomeadamente, a implementação do Plano estratégico e operacional Terra Ranka 2015‑2020, Plano de investimento para energia sustentável da Guiné‑Bissau – Período 2015‑2030, Plano de acção nacional no sector das energias renováveis da Guiné‑Bissau – Período 2015‑2030, Plano de acção nacional para eficiência energética da Guiné‑Bissau ‑ Período 2015‑2030. No mesmo âmbito, o “Projeto de Desenvolvimento de Energias Domésticas Sustentáveis da Cidade de Bissau-Fumukaba” implementado pela UCCLA, pela Câmara Municipal de Bissau e pela Fundação GALP Energia, procura soluções que permitam ao país preservar a floresta, estimulando os agregados familiares dos bairros de Bissau para a utilização crescente do gás butano, como fonte da energia alternativa ao tradicional uso do carvão. — 13 —
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Como foi referido anteriormente, trata‑se de uma iniciativa apoiada e financiada pela União Europeia e pela Fundação GALP, que se enquadra no programa “Pacto dos Autarcas para a África Subsaariana ‑ fase II”. No contexto do Projecto foi efectuado um estudo de caracterização de agregados familiares da cidade de Bissau, por forma a conhecer os tipos de energias que utilizam na preparação de alimentos e a informação / conhecimentos que têm sobre as fontes de energia alternativas.
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II.OBJECTIVOS 2.1.Objectivo geral
O estudo visa conhecer a situação actual dos agregados familiares em Bissau sobre a utilização de energias domésticas, em particular, na preparação de alimentos e apurar os conhecimentos dos mesmos em relação às energias alternativas mais eficazes.
2.2 Objectivos específicos • Situar o contexto nacional em termos de políticas de desenvolvimento sustentável; • Conhecer o perfil sócio-económico e cultural de agregados familiares; • Investigar os hábitos dos agregados na cozinha e o estado de saúde dos mesmos; • Verificar os tipos de energia utilizados na preparação de alimentos; • Indagar a experiência dos agregados em relação ao uso do gás (GPL); • Apurar a experiência dos agregados familiares relativamente às empresas distribuidoras; • Averiguar os meios de comunicação pelos quais os agregados familiares acedem às informações em relação ao gás.
— 15 —
III. QUADRO TEÓRICO
O
quadro teórico utilizado para enquadrar a temática em estudo é o desenvolvimento sustentável. Ele é definido como sendo um desenvolvimento que procura satisfazer as necessidades da geração actual, sem comprometer a capacidade das gerações futuras de satisfazerem as suas próprias necessidades2. Com base neste conceito que abrange várias áreas, procura‑se essencialmente um ponto de equilíbrio entre o crescimento económico, a equidade social e a protecção do ambiente. Assim, a promoção da exploração controlada de recursos florestais, a criação de áreas protegidas e o uso da energia renovável são algumas das acções que concorrem para assegurar o desenvolvimento sustentável. Tendo em conta a importância da conservação da biodiversidade para o desenvolvimento sustentável, a Guiné‑Bissau optou por basear o seu plano estratégico e operacional ‑ Terra Ranka num modelo com impactos ambientais controlados. A biodiversidade aparece no plano como uma das cinco bases de competitividade identificadas para apoiar os quatro motores de crescimento da economia da Guiné‑Bissau, a saber: agricultura, turismo, pesca e minas. O eixo da biodiversidade visa preservar e melhorar de forma sustentável os recursos naturais. Define as regras que regulam as actividades humanas de modo a limitar as pressões antropogénicas sobre o meio ambiente e aumentar a resiliência do território face aos riscos climáticos. Essas regras, que contribuirão para o objectivo geral de desenvolvimento sustentável da Guiné‑Bissau, podem ser divididas em quatro acções principais: 1. Estabelecimento de um quadro normativo e institucional de referência que 2 Brundtland (1987) Our Common Future, in https://pt.wikipedia.org/wiki/Relat%C3%B3rio_Brundtland
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confere à Guiné‑Bissau o estatuto de país africano na vanguarda no plano de desenvolvimento sustentável; 2. Conhecimento dos eco-sistemas e a biodiversidade para melhor preservar as áreas protegidas, que passarão de 13% para 26% do território e para desenvolver os eco-sistemas explorados pelo homem, de modo a definir as regras óptimas que garantam o respeito dos equilíbrios biológicos; 3. Regulamentar a extracção de recursos naturais para permitir a sua renovação ao longo do tempo e garantir a equidade inter‑geracional na utilização desses recursos e 4. Implementação de um Plano Climático, aumentando a resiliência do território nacional às mudanças climáticas. Para a realização dos objectivos do estudo, procedeu‑se igualmente a uma análise da problemática da evolução demográfica e o seu impacto na utilização de recursos naturais. Neste âmbito, os comportamentos dos agregados familiares foram objecto de análise. Por agregado familiar entende‑se “um grupo de pessoas, aparentadas ou não, que vivem em conjunto sob o mesmo tecto e mantêm em comum todo ou parte dos seus recursos para assegurar as suas necessidades essenciais, nomeadamente alojamento e alimentação. Estas pessoas denominadas membros do agregado familiar, tomam geralmente as suas refeições em comum e reconhecem a autoridade de uma só e mesma pessoa, o chefe do agregado familiar” (INE, 2010).
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IV. METODOLOGIA
O
estudo de caracterização de agregados familiares sobre o uso de energias domésticas na preparação de alimentos, que decorreu durante dois meses, foi efectuado em 8 sectores que integram 44 bairros3 (conf. figura 1) que compõem o Sector Autónomo de Bissau (SAB). 4
Figura 1:
O mapa de cidade de Bissau 5 3
Bairro de Cuntum Madina, Bairro de Ajuda 1ª fase, Bairro de Ajuda 2ª fase, Bairro de Amedalai, Bairro de Antula Bono, Bairro de Bandim 1, Bairro de Bandim 2, Bairro de Belém, Bairro de Brá, Bairro de Calequir, Bairro de Chão de Papel, Bairro de Cuntum, Bairro de Cupelão de Cima, Bairro de Cupelão de Baixo, Bairro de Djogoro, Bairro de Empantcha, Bairro de Felefe, Bairro de Afia, Bairro de Lala Queima, Bairro de Luanda, Bairro de Massa Cobra, Bairro de Medina, Bairro de Melhoramento, Bairro de Mindara, Bairro de Missira, Bairro de Pefine, Bairro de Penha, Bairro de Plack 1, Bairro de Plack 2, Bairro de Pessaque, Bairro de Quelele, Bairro de Reino Gã‑beafada, Bairro de Rossio, Bairro de Santa Luzia, Bairro de São Paulo, Bairro de São Vicente Paulo, Bairro de Sintra Nema, Bairro de Tchada, Bairro de Varela, Bairro de Setembro, Bairro Internacional, Bairro Militar, Bairro de Pluba de Baixo, Bairro de Pluba de Cima.
Todas as figuras e gráficos são produzidos com base nas informações recolhidas pela equipa de investigação.
4
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Estudo de caracterização de agregados familiares em Bissau sobre o uso de energias domésticas
Numa primeira fase, fez‑se a revisão da literatura sobre a sustentabilidade ambiental e temáticas afins (documentos, estudos, convenções e legislação nacional sobre a utilização de energia e a preservação do meio ambiente) a fim de, com base nos estudos efectuados e informação disponível, melhor compreender a sua problemática. Com base nos resultados desta revisão da literatura, foram adoptados os métodos qualitativo e quantitativo de investigação, de forma a proporcionar uma análise mais aprofundada sobre o uso das energias domésticas pelos agregados familiares. No método qualitativo, priveligiaram‑se as entrevistas e os grupos focais de discussão como técnicas de recolha de informações. Assim, foram efectuadas entrevistas com as instituições estatais (técnicos do Ministério de Energia, da Agricultura, da Direcção-Geral do Ambiente, da Direcção-Geral da Floresta, do Instituto da Biodiversidade e Áreas Protegidas (IBAP) e da Direcção-Geral das Alfândegas). Igualmente, foram efectuadas entrevistas com as empresas distribuidoras de energia (Petromar, Rotterbi, Petrodis) e aos restaurantes tradicionais e padarias (conf. fig. em baixo).
Figura 2:
Sessões de entrevista com os técnicos das Direcções-Gerais do ambiente e das florestas
Por outro lado, foram realizados 8 grupos focais de discussão, em cada um dos bairros mais povoados de cada sector que compõem o SAB, sendo 4 de mulheres e 4 de homens: • Optou-se pela separação do género de forma a evitar a inibição que as mulheres sentem quando partilham o mesmo espaço de discussão com homens (conf. fig. na página seguinte). — 19 —
Projecto de desenvolvimento de energias domésticas sustentáveis na cidade de Bissau Energy/2017/392-854
Figura 3:
Sessões de grupos focais nos bairros de Bissau
Quanto ao método quantitativo, após a formação dos 10 inquiridores seleccionados, foi efectuado um inquérito por questionário, junto dos agregados familiares, sendo a amostra determinada com base nos dados do Recenseamento Geral da População e Habitação de 2009. Para garantir a representatividade da amostra, foram inquiridos 500 agregados, que correspondem aproximadamente a 1% do total (52.903) de agregados residentes na capital. Ainda, no sentido de assegurar a representatividade da amostra, a recolha de informação decorreu em 8 sectores5 que integram os 44 bairros, sendo o número de agregados inquiridos em cada bairro proporcional ao total dos agregados familiares do SAB. As figuras, a seguir, mostram a sessão de formação de inquiridores e o teste do questionário nos agregados familiares.
Figura 4: a)
b)
Os sectores aqui referem‑se aos sectores que integram ao Sector Autónomo de Bissau (SAB), diferentes dos sectores que compõem as regiões administrativas do país.
5
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Sessões de formação dos inquiridores (a) e teste do questionário (b)
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Para a confirmação dos dados recolhidos durante a realização dos questionários e dos grupos focais de discussão sobre as unidades de base de compra e venda de carvão na cidade de Bissau (“monto”, saquinho de 100 FCFA), a equipa de investigadores percorreu oito mercados dos bairros mais povoados do Sector Autónomo de Bissau e comprou, aleatoriamente, cinco saquinhos de 100 FCFA em cada mercado. Para poder estabelecer a comparação, foram compradas a mesma quantidade de saquinhos de carvão na cidade de Mansôa. Em seguida, cada unidade foi pesada cuidadosamente com uma balança electrónica de precisão, para melhor conhecer o peso de cada unidade e as suas variações (conf. fig. em baixo). Ainda com o objectivo de encontrar informações mais aprofundadas sobre o uso de energias domésticas, a equipa de investigação seguiu um agregado familiar constituído por 5 membros, que utilizou exclusivamente o gás na preparação de alimentos, durante o período de um mês.
Figura 5:
“Montos” e saquinhos de carvão vendidos nos mercados de Bissau
Para o tratamento de dados qualitativos recolhidos, fez‑se a transcrição de entrevistas e depois a análise do conteúdo das mesmas, enquanto para os dados quantitativos foi utilizado o software informático SPSS.
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V. CARACTERIZAÇÃO SÓCIO-DEMOGRÁFICA E ECONÓMICA DE AGREGADOS FAMILIARES
E
ste capítulo evidencia os oito sectores e os 44 bairros da capital, onde residem os 500 agregados familiares inquiridos, o perfil social e cultural, a ocupação e a despesa mensal dos mesmos.
5.1. Habitação do agregado familiar
O gráfico 1, em baixo, mostra que foram inquiridos quinhentos agregados familiares na cidade de Bissau, dos quais (20%) reside no sector 7, sector 6 (18%), sector 4 (16%) e sector 5 (12%). Os sectores com menor proporção de agregados familiares são: sectores 1, 2, 8 , os quais albergam 7% cada.
Gráfico 1.
Sectores de residência de agregados
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Estudo de caracterização de agregados familiares em Bissau sobre o uso de energias domésticas
5.2. Características sócio-demográficas de agregados familiares 5.2.1. Perfil social e cultural dos chefes dos agregados
No que se refere ao perfil dos Chefes de Agregados Familiares (CAF), o Gráfico 2, em baixo, mostra que na capital, os chefes dos agregados Balantas são os mais representativos (21%), seguidos dos Papeis (17%), Fulas (13%), Mandigas (11,0%), Manjaco e Mancanha (10%). Os CAF com menor expressão numérica são Crioulo (7%) e Beafada (5%). O elevado número dos agregados das etnias Balanta e Fula, pode ser explicado, talvez, por serem os grupos étnicos maioritários do país (RGPH, 2009), enquanto a elevada representação da etnia Papel, resulte da cidade de Bissau “tchom de pepel”6 pertencer a este grupo étnico.
Outro 6%
Balanta 21%
Papel 17%
Baefada 5%
Manjaco 10% Mandiga 11%
Crioulo 7% Mancanha 10%
Fula 13%
Gráfico 2:
Grupos étnicos inquiridos
Contudo, os Mandigas foram os mais numerosos nos 76 participantes dos grupos focais de discussões realizados em oito bairros de Bissau. Os Fulas e Papeis continuam a ter uma presença significativa, como foi registado nos dados recolhidos pelo inquérito, contrariamente aos Balantas que não tiveram uma presença tão marcante, talvez por este grupo ter menor número de residentes nos bairros onde ocorreram os grupos focais.
6
Significa terra dos Papeis.
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Projecto de desenvolvimento de energias domésticas sustentáveis na cidade de Bissau Energy/2017/392-854
Quanto à nacionalidade dos chefes de agregados, a maior parte (cerca de 93,8%) é guineense, conforme mostra o gráfico 3. Outra da CEDEAO 0,2%
Senegalesa 0,2%
Conacri-Guineense 4,6%
Outra Africana 0,8% Outra 0,4%
Bissau-Guineense 93,8%
Gráfico 3.
Nacionalidade de agregados
Dos agregados familiares de nacionalidade estrangeira, estão identificados, respectivamente, Conacri-guineenses (4,6%), Senegaleses (0,2%) e 0,8% de outros países africanos. Quanto à religião professada pelos agregados familiares inquiridos, os cristãos são os mais representados (53%), dos quais, 44% católicos e 9% evangélicos. Seguem‑se os muçulmanos com 33% e os animistas com 13%. Importa realçar que, na Guiné‑Bissau, a exclusividade religiosa é rara, devido ao sincretismo religioso existente, porquanto a maior parte dos agregados que professa a religião católica é simultaneamente animista e, também, alguns muçulmanos, em determinadas circunstancias, adoptam práticas animistas e vice‑versa. Mulçumana 33% Animista 13% Outra 1% Cristã Envagelista 9%
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Cristã Católica 44%
Gráfico 4:
Religião do chefe de agregado
Estudo de caracterização de agregados familiares em Bissau sobre o uso de energias domésticas
Relativamente à distribuição dos chefes de agregados familiares por grupo etário, apurou‑se que 25,6% estão entre os 35‑44 anos, 15,6% entre os 45‑49, 13,0% são menores de 35 anos, 12,4%, estão entre os 60‑64 anos, 11,8% entre os 55‑59 anos, 11,0% com mais de 65 e, por fim, 10,8% entre os 50‑54 anos (conf. gráfico 5).
Gráfico 5:
Percentagem de agregados inquiridos segundo a faixa etária
Quanto ao género dos chefes de agregados familiares, a sua larga maioria é do sexo masculino, representando o dobro de agregados com CAF feminino (conf. quadro 1 em anexo). Estes dados espelham a cosmovisão da maior parte dos grupos étnicos do país, que veneram o homem enquanto chefe de família. Assim, mesmo estando consagrado na constituição da república que o homem e a mulher gozam das mesmas prerrogativas, na maior parte das comunidades guineenses, o homem continua a ter mais privilégios que a mulher. No universo dos 500 agregados que constituem a amostra, os casados constituem a maioria (70%) contra 14% de viúvos e 10% de solteiros (conf. gráfico 6). Os divorciados e os separados têm os mesmos efectivos (3%). O número de agregados viúvos é muito elevado, o que pode ser explicado pelas condições precárias que a população enfrenta na Guiné‑Bissau, em que os serviços de saúde não conseguem dar resposta aos vários casos de doenças existentes no país e que acabam por culminar em mortes. Essa realidade reflecte‑se na alta taxa de mortalidade, principalmente a mortalidade materna. Os divorciados e separados representam 6%, o que mostra alguma mudança de valores das diversas comunidades étnicas, — 25 —
Projecto de desenvolvimento de energias domésticas sustentáveis na cidade de Bissau Energy/2017/392-854
na Guiné‑Bissau, em relação à preservação do casamento enquanto pilar da instituição familiar.
Gráfico 6.
Estado civil do CAF
No passado, os vários consensos sociais que suportavam essa instituição, desenvolvidos ao nível local, estão a desmoronar‑se devido aos factores, tais como, a escolarização feminina, a emigração, a urbanização e a globalização, tendo vindo a tornar‑se desadequados face à realidade cultural da capital. Assim, uma mulher escolarizada tem, cada vez mais, a probabilidade de ter uma independência económica e de não se sujeitar aos valores sócio-culturais da sua comunidade que, muitas vezes, representam formas de violência baseadas no género. Igualmente, a emigração e a urbanização proporcionam a deslocação de pessoas para fora das suas comunidades naturais, muitas vezes com destino à cidade em procura de melhores condições de vida, o que tem permitido a convivência no mesmo espaço geográfico de pessoas de diferentes comunidades (casamentos mistos). Com efeito, os consensos sociais, desenvolvidos ao nível local para preservar o casamento, tornaram‑se desadequados à realidade cultural da capital. Por último, a globalização tem jogado um papel importante na mudança das mentalidades, porque devido ao efeito de imitação, mesmo nas tabancas mais distantes da Guiné‑Bissau, as pessoas não são imunes às novas tendências sobre o que acontece no mundo, estando, cada vez mais empenhadas na sua realização profissional do que em adoptar atitudes que visem preservar o casamento. — 26 —
Estudo de caracterização de agregados familiares em Bissau sobre o uso de energias domésticas
O gráfico 7 mostra que a maior parte dos CAF (36, 8%) concluiu o ensino secundário, 17,4% tem o nível superior, 16,8% o nível de instrução primário e 13,0% tem formação técnica, enquanto 11% declarou não possuir nenhuma habilitação literária. ND
0,4%
Outro
1,8% 17,4%
Superior Formação técnica
13,0% 36,8%
Secundário 16,8%
Primário
Gráfico7:
Percentagem de CAF inquiridos segundo o nível de escolaridade
Alfabetizado(a)
2,4% 11,4%
Nenhum 0,0%
5,0%
10,0%
15,0%
20,0%
25,0%
30,0%
35,0%
40,0%
Esses dados espelham que na Guiné‑Bissau, as mulheres têm, geralmente, um nível de escolaridade inferior ao dos homens, circunstância que ocorre porque algumas comunidades étnicas privilegiam que os rapazes estudem, enquanto as meninas se ocupam das actividades domésticas dos seus agregados. Os dados recolhidos nos grupos focais mostram que, tal como foi registado nos resultados dos inquéritos, a grande maioria dos CAF possui formação aos níveis primário, secundário e técnico.
5.2.2. Perfil social e cultural dos membros de agregados
Os dados recolhidos revelam que os agregados familiares inquiridos são compostos em média por 6,5 elementos, sendo 53% do sexo feminino e 47% do sexo masculino (conf. quadro 2 em anexo). No que se refere à idade dos membros dos agregados inquiridos, a maioria (31,9%), corresponde aos da faixa etária de 15‑24 anos, seguidos dos grupos, respectivamente, de 25‑49 anos com 29,2% e de 5‑14 anos com 27,8%, correspondendendo as faixas menos significativas aos menores de 5 anos (7,6%) e maiores de 50 (3,4%). — 27 —
Projecto de desenvolvimento de energias domésticas sustentáveis na cidade de Bissau Energy/2017/392-854
Estes dados espelham os indicadores demográficos do país, como a taxa de mortalidade infantil que apesar de alguns esforços empreendidos no país, continua elevada. O que talvez explique o número reduzido de crianças menores de 5 anos (7,6%) é a baixa esperança média de vida a nascença (conf. gráfico 8). 35,0% 31,9% 29,2%
27,8%
30,0%
25,0%
20,0%
15,0%
10,0% 7,6% 5,0% 3,4% 0,0%
< 5 anos
de 5 - 14 anos
de 15 - 24 anos
de 25 - 49 anos
50+ anos
Gráfico 8:
Grupos Etários de Membros de CAF
Em relação ao nível de escolaridade dos membros de agregados, o gráfico 9, mostra que a maior parte possui um nível secundário (38,8%), seguido dos que têm o nível primário (32,2%) e dos que não possuem nenhum nível (7,2%). 40,0%
38,8%
35,0%
32,2%
30,0% 25,0% 20,0% 15,0% 10,0% 7,2% 5,0%
3,9%
0,0%
— 28 —
Nenhum Alfabetizado (a) Primário
5,5%
5,2%
1,7%
4,8%
0,7% Secundário
Formação técnica
Superior
Outro
NA
ND
Gráfico 9:
Nível de escolaridade de Membros de CAF
Estudo de caracterização de agregados familiares em Bissau sobre o uso de energias domésticas
No que se refere à relação de parentesco de membros do agregado com o CAF, de acordo com os dados do gráfico 10, os filhos constituem a maioria (23,4%), seguidos das filhas (20,7%), dos cônjuges (11,5%) e de outros parentes (10,3%). Os netos, netas, pais e mães são categorias com menos efectivos. A análise destes dados permite‑nos concluir que as estruturas familiares em Bissau são extensas, porque no mesmo agregado vivem pessoas de várias proveniências, como o caso dos não parentes, que representam 1% no total dos membros do agregado. Outro não parente Outro parente Netas
1,1 % 10,3% 5,3 %
Neto Mãe
5,8 % 0,6%
Pai 0,2% Sobrinha
10,4%
Sobrinho
10,9%
Filha
Gráfico 10
Relação de parentesco com o CAF
20,7%
Filho Conjugue 0,0%
23,4% 11,5% 5,0%
10,0%
15,0%
20,0%
25,0%
5.3. Características económicas de agregados familiares 5.3.1. A ocupação dos CAF
Dos chefes dos agregados familiares inquiridos, a maioria é trabalhador por conta própria (48,4%), seguidos dos que trabalham na função pública (38,2%), o que perfaz o total de 88,6% dos CAF. Os que não trabalham constituem um efectivo também marcante, representando 5,2% dos chefes de agregado, enquanto os desempregados são cerca de 3%. Estes valores mostram que o Estado é o maior empregador, enquanto a parte significativa que não encontra enquadramento na função pública desenvolve actividades no sector informal. Os trabalhadores por conta de outrem representam 11,4%, o que mostra o pouco dinamismo do sector privado guineense no SAB. — 29 —
Projecto de desenvolvimento de energias domésticas sustentáveis na cidade de Bissau Energy/2017/392-854
Não trabalha Desempregado (a)
5,2% 2,8% 48,4%
Trabalhador (a) por conta própria 11,4%
Trabalhador (a) por conta do outrem
32,2%
Funcionário (a)Público 0,0%
10,0%
20,0%
30,0%
40,0%
50,0%
60,0%
Gráfico11:
Ocupação do chefe de agregado
5.3.2. Ocupação dos membros de agregados
Quanto à ocupação dos membros dos agregados inquiridos, os estudantes são maioritários (60,4%), seguidos pelos trabalhadores por conta própria, com (10,5%) os funcionários públicos, com 4,7%, enquanto os desempregados têm uma expressão não negligenciável (10%), o que levanta alguma preocupação por poder gerar tensões sociais, aspecto que a solidariedade presente nas dinâmicas comunitárias na Guiné‑Bissau consegue mitigar. ND
4,9%
NA
5,5%
Não trabalha
2,4% 10,0%
Desempregado (a) Trabalhador (a) por conta do outrem
1,6% 10,5%
Trabalhador (a) por conta própria Funcionário (a)Público
4,7% 60,4%
Estudante 0,0%
— 30 —
10,0%
20,0%
30,0%
40,0%
50,0%
60,0%
70,0%
Gráfico12:
Estatuto dos membros de agregados em relação ao trabalho
Estudo de caracterização de agregados familiares em Bissau sobre o uso de energias domésticas
5.3.3. Despesa mensal do agregado
A despesa média mensal dos agregados familiares inquiridos em Bissau é 110.150 FCFA. Todavia, quando se estabelece a correlação entre as variáveis, nível de instrução do CAF e o valor médio da despesa mensal dos agregados, verifica‑se que a despesa média mensal mais baixa é a dos agregados cujo CAF têm o nível alfabetizado (75.520 FCFA). Os agregados cujo CAF não tem nenhum nível apresentam os gastos mensais ligeiramente superiores (104.491 FCFA) aos agregados cujo CAF têm o nível secundário (103.577 FCFA). Os agregados cujo CAF tem o nível de instrução primário, os seus gastos mensais (107.256 FCFA) são inferiores aos dos agregados cujo CAF possui formação técnica (114.742 FCFA) e estes agregados, por sua vez, tem gastos inferiores aos agregados cujo CAF tem o nível de formação superior 132.592 FCFA (conf. quadro 3 em anexo). Os dados consignados no quadro mostram a especificidade da Guiné‑Bissau, uma vez que o normal seria quanto mais alto for o nível de escolaridade do CAF mais elevada seria a despesa mensal, porque presume‑se que o rendimento seja também mais alto. Mas, no país constata‑se a situação contrária, os CAF que não possuem nível têm uma despesa superior à dos que têm o nível de alfabetizado e os que possuem o nível primário apresentam uma despesa superior aos que têm o nível secundário. Contudo, a despesa média mensal dos CAF com o nível superior é mais alta que a dos restantes CAF. Portanto, os fundamentos que melhor poderão explicar a disparidade registada nas despesas de agregados segundo os níveis de instrução dos CAF são dois: • os CAF que não têm nenhum nível de instrução, diferentemente dos que tem nível de instrução alto e trabalham na função pública com salário relativamente baixo, podem desenvolver actividades no sector informal, acabando, muita das vezes, por acumular um rendimento superior, por essas actividades, em alguns casos, serem mais lucrativas. • a solidariedade, sendo uma prática corrente na Guiné‑Bissau, proporciona o equilíbrio nos agregados familiares, porque os que têm pouco rendimento recebem, por vezes, ajuda daqueles que auferem mais.
— 31 —
Projecto de desenvolvimento de energias domésticas sustentáveis na cidade de Bissau Energy/2017/392-854
A correlação entre as variáveis ocupação do CAF e a despesa mensal do respectivo agregado mostra que a totalidade dos agregados familiares, cuja despesa mensal é inferior ou igual a 100.000 FCFA, representam 69,2%, e 30,4% dos agregados têm uma despesa que varia entre 101.000 FCFA a 500.000 FCFA (conf.quadro 4 em anexo ). O mesmo quadro evidencia que em todos os agregados cujos CAF são desempregados, as suas despesas mensais são inferiores ou iguais a 100.000 FCFA, enquanto os agregados cujos CAF são funcionários públicos são os mais representativos no conjunto dos que efectuam a despesa mensal entre os 101.000 FCFA a 500.000 FCFA (41%), sendo os que trabalham por conta própria os únicos que apresentam despesa mensal superior aos 500.000 FCFA. Por outro lado, quando se estabelece a correlação entre as variáveis despesa mensal do agregado e grupo étnico, constata‑se que, em todos os grupos étnicos, os agregados cuja despesa mensal se situa abaixo ou é igual aos 100.000 FCFA são a maioria, com excepção dos crioulos que apresentam maior número de agregados que efectua a despesa mensal entre 101.000 FCFA a 500.000 FCFA (55.6%) (conf. quadro 5 em anexo). Conclui‑se, neste capítulo, que mais de 90% dos agregados do SAB são de nacionalidade Bissau-Guineense, dos quais 53% são cristãos, que a sua maior parte reside no sector 7, sendo Balanta (21%), Papel (17%) e Fula (13%) os grupos étnicos mais representativos. Apurou‑se, que o grupo etário de 35‑44 anos é o mais significativo (26%), que os casados são 70% e os CAF com o nível secundário constituem a maioria (36,8%). Constatou‑se, por um lado, que os agregados familiares são compostos, em média, por 6,5. Nestes agregados, 38,8% dos seus membros possui formação de nível secundário. Por outro, o grupo etário de 15‑24 anos é maioritário (32%) e a larga maioria (60,2%) é estudante. A despesa média mensal dos agregados é 100.150 FCFA, nos quais, a maior parte dos CAF são de sexo masculino e trabalhadores por conta própria (48,4%), enquanto os seus membros, femininos são maioritários (52,6%), assim como, na relação de parentesco com os CAF, os filhos constituem a maioria.
— 32 —
VI. HÁBITOS DOS AGREGADOS NA COZINHA
N
este capítulo foram destacados os hábitos dos agregados na cozinha, isto é, quem se ocupa das tarefas de fazer as compras no mercado e preparar as refeições, quem decide dos tipos de fogões utilizados, suas características e avalia o estado de conservação dos mesmos. Por último, foi considerado o estado de saúde dos agregados.
6.1. A Cozinha: um espaço de governação feminina para os agregados em Bissau
A actividade da cozinha é assumida, praticamente na sua totalidade, pelas mulheres, como mostram os dados do gráfico 13, em particular pelas filhas 39,4%, esposas 34,2% e sobrinhas 10,4%, o que perfaz o total de 84%, enquanto, no que se refere aos homens, o marido é mencionado 1,8%, filhos 0,6% e sobrinhos 0,4%, o que ronda 2,8 % do agregado. Estes valores mostram que as actividades, seja de fazer compras no mercado, seja de cozinhar são atribuídas às mulheres, revelando assim, uma profunda divisão sexual nestas actividades na capital, o que acontece também noutras regiões do país, sendo, ainda, mais evidente no meio rural, aspecto que decorre da tradição de, na Guiné‑Bissau, a maior parte dos meninos não ser ensinada a cozinhar, passando o seu tempo em jogos, particularmente, a jogar a bola, enquanto as meninas efectuam todos os trabalhos domésticos. Esta realidade reflecte‑se no desempenho escolar das meninas que, por essa razão, não têm o tempo suficiente para se dedicarem aos estudos e que influenciará as suas vidas futuras. Assim, os dados colhidos confirmam que as práticas sociais e culturais de género reduzem a probabilidade de uma mulher completar os níveis de ensino e de aceder a um emprego qualificado e melhor remunerado. — 33 —
Projecto de desenvolvimento de energias domésticas sustentáveis na cidade de Bissau Energy/2017/392-854
O mesmo gráfico evidencia que são as mulheres que se ocupam das compras dos produtos de primeira necessidade para a confecção de alimentos dos seus agregados familiares. Essa atividade é feita principalmente pelas esposas (47,4%), seguidas das filhas (28%) e sobrinhas (10%). Os maridos, filhos e sobrinhos que realizam essas atividades são apenas 3,4%. A proporção de maridos que fazem compras (2,2%) é ligeiramente superior à dos que cozinha (1,8%), o que significa que eles estão mais predispostos para ir às compras do que cozinhar, contrariamente às filhas, cuja percentagem das que cozinham é superior às que vão às compras. As esposas são mais representativas no que se refere à realização das compras, circunstância que pode resultar do facto de rendimentos mais exíguos requererem melhor experiência por parte de quem faz as compras, razão pela qual a esposa está melhor preparada para exercer essa tarefa do que a própria filha. Já no que se refere às actividades de cozinha, as filhas são mais representativas (39,4%), porque devem ser preparadas para, no futuro, serem boas esposas, o que inclui serem boas cozinheiras. Na Guiné‑Bissau, existe a percepção generalizada de que as filhas, quando atingem a maturidade, devem ajudar as mães no exercício das actividades domésticas e sob a orientação das mesmas.
50,0% 47,4%
45,0% 40,0%
Quem cozinha em casa Quem costuma ir ao mercado fazer as compras
39,4%
35,0%
34,2%
30,0% 28,0%
25,0% 20,0% 15,0%
10,4%
10,0% 5,0% 0,0%
— 34 —
1,8%
2,2%
Marido
0,4%
0,6% 0,8% Esposa
Filha (s)
Filhos (s)
10,0% 8,4%
10,0%
Sobrinhoa (s)
3,2% 2,8%
Sobrinho (s) Empregado (s)
Outro
Gráfico 13
Quem faz às compras no mercado e prepara as refeições no agregado
Estudo de caracterização de agregados familiares em Bissau sobre o uso de energias domésticas
6.2. As refeições: um desafio diário para os agregados
Quando se pergunta aos agregados se preparam em casa todas as refeições (pequeno almoço, almoço, lanche e jantar) uma larga maioria sublinha que não (70,8 %), contra 29,2 % que admite preparar todas as refeições diárias (conf. gráfico 14).
Sim 29%
Não
Gráfico 14:
71%
Geralmente prepara todas as refeições em casa?
Dos que indicam que não preparam todas as refeições, as refeições mais confeccionadas são, respectivamente o pequeno almoço (60,7%) e o almoço (37,9%) (conf. gráfico 15), constatando‑se que o lanche (1%) é uma refeição pouco comum na realidade cultural guineense e seja, talvez uma refeição das famílias abastadas. Quando se estabelece a correlação entre as váriaveis grupo étnico e a preparação de todas as refeições diárias, verificamos que, em todos os grupos étnicos, os que não preparam todas as refeições são maioritários, exceto os Crioulos em que 58,3% afirma preparar todas as refeições. Os grupos étnicos Balantas (83%) e Lanche 1%
Almoço 38%
Gráfico 15:
Pequeno Almoço 61%
Tipos de refeições preparadas nos agregados familiares
— 35 —
Projecto de desenvolvimento de energias domésticas sustentáveis na cidade de Bissau Energy/2017/392-854
Mancanhas (77,1%) são os que menos preparam em casa todas as refeições diárias (conf. quadro 6 em anexo). (De acordo com o gráfico 16), a razão mais invocada (cerca de 83%) para explicar a não preparação em casa de todas as refeições é a falta de dinheiro, a que se seguem, respectivamente, a falta de tempo (11,6%) e os hábitos culturais (4%). Os dados colhidos mostram a situação de precariedade que as famílias enfrentam na cidade de Bissau, cuja explicação se admite residir no baixo salário que os funcionários públicos auferem, associada a uma percentagem elevada de chefes dos agregados, que exerce actividades no sector informal e no baixo desenvolvimento do sector privado. 90,0% 80,0%
82,8%
70,0% 60,0% 50,0% 40,0% 30,0% 20,0%
11,6%
10,0% 0,0%
Falta de dinheiro
Falta de tempo
Gráfico 16; 4,2%
1,4%
Hábito cultural
Outra
As razões que explicam a ausência de algumas refeições nos agregados
6.2.1. Da varanda à cozinha: um itinerário ainda por percorrer
O nível de pobreza torna‑se ainda mais evidente quando uma proporção elevada de agregados indica preparar as suas refeições na varanda, o que, associado ao número de agregados que as prepara ao ar livre, perfaz um total de 74% e apenas 26% de agregados assume prepará‑las na cozinha, ou seja, poderá concluir‑se que cerca de (74%) da população do SAB não dispõe de cozinha. (conf. gráfico 17). Na cozinha 26%
Ao ar livre 14%
Na varanda 60%
Gráfico 17:
Espaço de preparação de refeições nos agregados familiares
— 36 —
Estudo de caracterização de agregados familiares em Bissau sobre o uso de energias domésticas
Quando se pergunta aos agregados se alguma vez já tiveram algum acidente na preparação de alimentos, uma larga maioria sublinha que não (73,0%), contra 25,2% que afirma que sim e 1,8% não respondeu à questão (conf. quadro 7 em anexo). Dos que admitiram terem tidos acidentes, em particular queimaduras, feitas com água ou óleo quentes, são em maior número (41,7%), os que passaram por essa experiência uma vez, seguidos dos que mencionam duas vezes (32,3%) a que se seguem (18,9%) os agregados que mencionam ter tido acidentes 4 vezes, enquanto (7,1%) tiveram acidentes três vezes (conf. gráfico 18). 4 Vezes
18,9%
3 Vezes
7,1%
2 Vezes
32,3%
Gráfico 18:
Acidentes registados nos agregados durante a preparação de refeições
41,7%
1 Vez 0,0%
5,0%
10,0%
15,0%
20,0%
25,0%
30,0%
35,0%
40,0%
45,0%
6.3. Tipos de fogões utilizados
Na preparação de refeições, os agregados em Bissau utilizam, principalmente, o fogareiro, havendo outros que utilizam, o fogão tradicional de três pedras, conforme mostra a figura em baixo, e o fogão a gás.
Figura 6:
Modelos de fogareiros e o fogão tradicional de três pedras
— 37 —
Projecto de desenvolvimento de energias domésticas sustentáveis na cidade de Bissau Energy/2017/392-854
Quanto ao número de queimadores que o fogão possui, segundo o gráfico 19, a maior parte (61%) possui fogão com um queimador e 24% afirma possuir um fogão com dois queimadores. 70,0% 61,0%
60,0% 50,0% 40,0% 30,0%
24,0%
20,0% 10,0% 0,0%
4,2% Nenhum
5,6%
2,8% Um
Dois
Três
2,2%
Quatro
Cinco
0,2% Seis
Gráfico 19:
O números de queimadores do fogão
6.3.1. Carateristicas e o estado do fogão
O estado dos fogões utilizados pelos agregados familiares, quer tradicionais, quer modernos, encontram‑se, na sua maior parte (51%) em bom estado, 39% num estado razoável e 9% em mau estado (conf. gráfico 20). NA 1%
Má 9%
Média 39% Boa 51%
Gráfico 20:
Estado de conservação de fogões de agregados
De acordo com 73% dos agregados, o fogão não é utilizado apenas para preparar alimentos, mas, também, para outros fins, como mostra o gráfico 21. As informações recolhidas nos grupos focais reforçam esta constatação: FGF5 (Focos — 38 —
Estudo de caracterização de agregados familiares em Bissau sobre o uso de energias domésticas
Grupo Feminino nº. 5). “A botija é mais barata e mais prática, também com o fogão podes preparar o bolo no forno. Para as moranças grandes o fogão a gás não é adequado para preparar as suas refeições. A distribuição dos kits, as pessoas que participam nos focos grupos devem beneficiar. FGF8 (Focos Grupo Feminino nº.8). Um fogão a gás com forno permite preparar as refeições no forno e dá maior facili‑ dade na cozinha”. 80% 70%
73%
60% 50% 40% 30% 19%
20%
Gráfico 21:
Utilização do fogão para outros fins
10% 0%
8% Sim
Não
Não sabe
1% NA
Quanto à questão relativa a quem é atribuído o papel de comprar o fogão do agregado, a maior parte dos inquiridos menciona ser a esposa (42,2%), enquanto 39,2% afirmam ser o marido e 10%, a sobrinha. Assim, os dados recolhidos permitem concluir, em primeiro lugar, que a escolha do fogão é uma tarefa do fórum feminino, considerando que a percentagem total dos que destacam a esposa, sobrinha e filha perfaz 55%, contra 45% dos que indicaram marido e sobrinho. Em segundo lugar, os mesmos dados, evidenciam a tipologia de família comum na Guiné‑Bissau, ou seja, famílias extensas, em que os pais, filhos, sobrinhos, netos, avós, etc. partilham o mesmo espaço (conf. gráfico 22). Se fossem famílias nucleares, faria todo o sentido serem mais representativos os agregados que indicariam ser a filha quem decide sobre a compra do fogão do que os que afirmariam ser a sobrinha. Em muitas comunidades étnicas do país as sobrinhas são consideradas como filhas, porque, nos sistemas de parentesco das mesmas, não existe a categoria de sobrinho nem de tio, mas sim de pai e filho. Por exemplo, na comunidade Papel, como o sistema de parentesco é de base matriar— 39 —
Projecto de desenvolvimento de energias domésticas sustentáveis na cidade de Bissau Energy/2017/392-854
cal, os sobrinhos têm mais legitimidade que os próprios filhos, por isso são-lhes dadas as oportunidades de decidir sobre vários assuntos dos lares dos seus tios. 70,0%
68,8%
60,0% 50,0% 40,0% 30,0% 20,0% 10,2%
10,0% 0,0%
Saco
Monto
10,4%
9,7%
Maradura
0,7%
0,2%
Kw
Litros
Botija de gás
Gráfico 22:
Quem decide sobre a compra do fogão no agregado?
6.3.2. Os benefícios associados ao uso do fogão à gás
Em relação às maiores vantagens que decorrem da utilização do fogão a gás, os dados consignados no gráfico 23 mostram que os agregados familiares elegem, de forma quase consensual (88%), a rapidez, depois o carácter higiénico (10%) e 2% afirma não haver prejuízo para a saúde na utilização do gás. A mesma percepção foi realçada nos grupos focais efectuados, como mostra o seguinte testemunho: FGF5. “O fogão a gás é útil para cozinhar, é mais rápido, pode ser usado em qualquer momento, mesmo à noite”. Não prejudica a saúde 2%
Higiene 10%
Rapidez Rapidez 88% 88%
Gráfico 23:
Os benefícios da utilização do fogão à gás
— 40 —
Estudo de caracterização de agregados familiares em Bissau sobre o uso de energias domésticas
6.4. Estado de saúde dos agregados
Em relação à questão colocada aos agregados, se a confecção de alimentos provoca doenças, um efectivo significativo destaca que não (58,2%), enquanto 38,4% menciona que sim e 3,4% não respondeu (conf. quadro 8 em anexo). Dos agregados que admitem que a preparação de alimentos provoca doenças, foram destacadas: a temperatura, a tosse e as doenças da vista, devido ao fumo, na medida em que uma parte significativa dos agregados em Bissau usa o carvão e lenha como fontes principais de energia. Com efeito, o fumo é mais intenso quando se utiliza a lenha do que quando se utiliza o carvão. Contudo, quando se acende o fogareiro precisa‑se de usar lenha fina para atear o carvão que também liberta fumo. Sabe‑se que, se o uso do gás fosse generalizado, poderiam ser evitada, ou muito diminuída, a ocorrência das doenças mencionadas, mas o uso do gás ainda está fora das possibilidades da maioria dos agregados, face aos seus rendimentos e, nestes termos, representa um luxo na Guiné‑Bissau. As informações recolhidas em 8 grupos focais de discussão corroboram esses dados, porque os participantes narraram que o carvão é mais utilizado na confecção de alimentos na capital, sendo maior o recurso à lenha na zona rural, enquanto o recurso ao gás, além de restrito é utilizado, principalmente, para aquecer o jantar e para preparar o pequeno almoço, como mostram os seguintes testemunhos de FGF2 (Focos Grupo Feminino nº2). “Utilizam o carvão, algumas famílias têm gás mas é para aquecer comida e água sobretudo neste período de jejum”. FGM6 (Focos Grupo Masculino nº6) “O carvão é mais usado, a lenha é menos usada, o gás é usado muito pouco por falta de condições, mesmo aqueles com condições, usam pouco, o gás é mais usado na época da chuva por o carvão estar sempre mo‑ lhado”. FGF8 (Focos Grupo Feminino nº8) “Usa‑se mais o carvão, poucas pessoas usam o gás, aqui é caro, mesmo que queiramos não podemos comprar”. FGF4 (Focos Grupo Feminino nº4) “O gás é caro, redutor é caro, por isso têm que ser associado com uso de carvão, uma botija pequena de 6kg custa 7.500 FCFA e uma botija de 13kg, custa 13.550 FCFA, além do transporte para casa.”
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Projecto de desenvolvimento de energias domésticas sustentáveis na cidade de Bissau Energy/2017/392-854
A figura em baixo mostra os modelos de botijas comercializadas nos postos de revenda em Bissau.
Figura 7.
Estabelecimento de venda de gás num dos bairros de Bissau
Quanto aos casos de doenças registadas nos agregados, o gráfico 24 mostra que 55% dos agregados familiares mencionam não ter tido doenças nos últimos 12 meses. Contudo, 95% dos agregados realçam que o fumo é nocivo à saúde (conf.quadro 9 em anexo), sendo a tosse e as doenças respiratórias destacadas por quase 91% e as doenças da vista por 6,4% (conf. quadro 10 em anexo). Não sabe/ Não responde
Sim 39% Não 55%
Gráfico 24:
Durante o último ano alguém no seu agregado esteve doente?
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Os dados deste capítulo possibilitam concluir que as tarefas de fazer as compras e de preparar as refeições são, essencialmente, do fórum feminino. Com efeito, 47,4% dos agregados destacaram que as esposas é que fazem as compras e 28 % mencionaram ser as filhas. Os agregados que indicaram que as filhas é que cozinham são 39,4%, esposas 34,2% e sobrinhas 10,4%. Os mesmos dados possibilitam, ainda, concluir que 29,2% dos agregados da capital não consegue ter todas as refeições diárias, sendo a falta de dinheiro a razão invocada por quase 83% e que 60% dos agregados familiares prepara as refeições na varanda, tendo 25,2% indicado ter tido, pelo menos, uma vez, um acidente. Poderá, igualmente, concluir‑se que os agregados que utilizam o fogão com um queimador são maioritários (61%), que a maior parte se encontra em bom estado (51%), e é a esposa quem decide sobre a compra do fogão no agregado (42,2%), sendo a rapidez, o maior benefício associado à utilização do fogão à gás. Finalmente, retira‑se dos dados que uma percentagem significativa de agregados confirma que a preparação de alimentos não provoca doença (58,2%) e 55% sublinha não ter tido casos de doenças, enquanto 95% sublinha que o fumo provoca tosse e doenças de vista, o que evidencia diferenças significativas sobre um mesmo assunto.
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VII. CONSUMO DE ENERGIA PELOS AGREGADOS FAMILIARES
O
presente capítulo debruça‑se sobre as fontes de energia utilizadas pelos agregados na preparação de alimentos. Com efeito, destaca‑se, não só, a forma como as mesmas são adquiridas, a quantidade gasta mensalmente por agregado e os respectivos custos financeiros, como, ainda, a percepção dos agregados sobre a evolução dos preços das fontes de energia, os benefícios e limitações associados ao uso do carvão e da lenha.
7.1. Fontes de energias utilizadas na preparação de alimentos
Os agregados familiares da capital utilizam diferentes fontes de energia. Assim, um agregado pode usar 3 tipos em diferentes ocasiões. À questão sobre o tipo de energia utilizada, respondida apenas por 32,2% dos agregados, os que utilizam o carvão são maioritários (13%), os que recorrem ao gás são 11,4% e à lenha 7,4% (conf. Gráfico 25). Importa realçar que a apara é utilizada por uma parte ínfima dos agregados e a lenha por agregados que residem nos bairros periféricos da capital. A lenha é, igualmente, utilizada na preparação de refeições em cerimónias de toca choro, baptizado e casamento, por requererem panelas grandes. Outros sectores importantes de consumo significativo da lenha e carvão são as padarias, restaurantes tradicionais e quarteis. Uma larga maioria (67,8%), não respondeu esta questão, por ser muito sensível, na medida em que, a fonte de energia utilizada na preparação de alimentos é um indicador de status na sociedade guineense, o que poderá, talvez, explicar esta alta percentagem de omissão de respostas. Todavia, a correlação entre diferentes váriáveis permite‑nos efetuar uma análise mais elaborada e proporcionar‑nos informações mais aprofundadas. — 44 —
Estudo de caracterização de agregados familiares em Bissau sobre o uso de energias domésticas
Assim, quando se estabelece a correlação entre as variáveis ocupação do CAF e fontes de energia utilizadas na preparação de alimentos, verifica‑se que 44% dos funcionários públicos utilizam o gás, 32,9% utilizam o carvão e 24,4% a lenha. Em relação aos trabalhadores por conta de outrem 11,1% utilizam a lenha, 5,1% utilizam o carvão e 4% gás. Os trabalhadores por conta própria, 44% utilizam o gás, 35,4% utilizam o carvão e 26,7% a lenha. Os desempregados, 12,7% utilizam o carvão, 4,4% a lenha e 4% gás. Os CAF que não trabalham, 50% utilizam apara, 33,3% utilizam a lenha, 13,9% carvão e 4% gás (conf. quadro 11). Igualmente, a correlação entre as variáveis bairro onde reside o CAF e a fonte de energia utilizada na preparação de alimentos, evidencia que os bairros de Cuntum Madina (19%) e de Plack 2 (12,7%) são onde se utiliza mais o carvão. Nos Bairros da Ajuda 1ª Fase (31,9%) e 2ª Fase (26,1%) são localidades onde se usa mais o gás. Bandim 1 (28,9%), Bandim 2 (28,9%) e Cuntum Madina (26,7%) são bairros onde se utiliza mais a lenha, enquanto 50% dos agregados residentes em Cuntum Madina e Háfia utiliza apara na preparação de alimentos (conf. quadro 12). Estes dados confirmam que a utilização do gás na preparação de alimentos é associada ao status elevado e aos agregados com altos rendimentos. Assim, o gás é utilizado pela maior parte de funcionários públicos e trabalhadores por conta própria e por agregados que residem nos bairros da Ajuda 1ª e 2ª fase.
Carvão 13,0%
Lenha 7,4% Apara 0,3% Gás 11,4%
Omisso 67,8%
Gráfico 25:
Proporção de agregados por fonte de energia utilizada
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7.2. O acesso às fontes de energia
As fontes de energia utilizadas pelos agregados familiares são na sua maioria compradas (96,2%) e, apenas, 3,6% indica que são colhidas (conf. quadro 13 em anexo). Os agregados que vivem nos bairros periféricos apanham a lenha na floresta ou nos pomares próximos das suas habitações (conf. quadro 14 em anexo). Contudo, com o aumento demográfico e a urbanização crescente, a floresta e os pomares estão a ser transformados em zonas de residências, o que se reflecte na crescente escassez dessa fonte de energia. O carvão consumido em Bissau é, na sua maior parte, produzido no interior do país, sendo vendido por intermediários que o vão buscar para depois revender. O carvão de boa qualidade é vendido no interior a 2.500 FCFA numa embalagem cujo o volume corresponde a um saco (em volume) de 50 kg de arroz, mas depois é revendido aos agregados em Bissau, em média a 5.000 FCFA. Importa realçar que existem vários tamanhos de sacos de carvão, para além do saco de 50 kg, existe também o saco de 50 kg com emenda e que é vendido a 7.500 FCFA, sendo que o preço de balote varia conforme o seu tamanho, podendo ser vendido entre 15.000 e 20.000 FCFA. As figuras em baixo mostram a venda do carvão à beira da estrada no interior e uma intermediária a revender em Bissau.
Figura 8:
Circuitos de comercialização do carvão do interior para Bissau
O carvão de cinza é o mais barato, podendo ser comprado entre 2.500 a 3.000 FCFA em Bissau, este tipo de carvão é produzido a partir de árvores com madeiras de baixa densidade, nomeadamente, cajueiro (Anacardium occidentale), mangueira — 46 —
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(Mangifera indica), farroba (Parkia biglobosa) e pau insenso (Daniellia oliveri). Apesar deste tipo de carvão ser mais barato, os agregados preferem o mais caro por considerarem ter maior rendimento, ou seja, menor gasto, como está consubstanciado no seguinte testemunho recolhido nos grupos focais: Os tipos de carvão preferíveis são: o pó‑de‑macite (Terminalia macroptera), pó‑de‑carvão (Prosopis africana), mancone (Erythrophleum suaveolens). Mas o pó‑de‑carvão é o melhor, é mais forte e dura mais que o carvão que é utilizado actualmente, que é do pó‑de‑forroba (Parkia biglobosa) que é somente a cinza (os chamados carbon‑de‑cinza, em crioulo). Actual‑ mente cortam e queimam qualquer árvore para fazer carvão. O pó‑de‑carvão é o mais caro, um saco grande costuma custar entre 15.000 e 20.000 FCFA.
7.3. Quantidade de energia utilizada
Em relação à quantidade da fonte de energia gasta mensalmente por agregado familiar em Bissau, 67,8% indica utilizar saco de carvão e 10,2% afirma comprar montus de carvão diariamente, conforme indica o gráfico 26, o que significa que 79% dos agregados familiares em Bissau utilizam o carvão na preparação de alimentos. A percentagem de agregados familiares que utiliza gás (11,4%) é ligeiramente superior à dos que utiliza lenha (7,4%). Os testemunhos recolhidos com os grupos focais mostra que o carvão é utilizado em grandes quantidades: FGM1 (Focos Grupo Masculino nº.1) pode‑se gastar entre 800 FCFA a 1.000 FCFA diariamente na compra do carvão para cozinhar a comida, aquecer e para fazer “warga” (chá). Eu enquanto curandeiro gasto cerca de seis sacos de carvão por mês na preparação das mezinhas e cada saco custa 2.500 FCFA. Eu, também, na minha casa utilizo dois sacos de carvão por mês. Eu no meu agregado utilizo três sacos por mês. FGF4 (Focos Grupo Feminino nº.4) os gastos em carvão dependem do tamanho do agregado, se for um agregado grande pode gastar mais. Cada participante destacou o que gasta numa refeição: 300 FCFA, 500 FCFA, 400 FCFA, 400 FCFA, 600 FCFA, 400 FCFA, 300 FCFA, 400 FCFA, 400 FCFA, 300 FCFA, para preparar uma refeição e a forma de economizar o carvão é cozinhar uma refeição diária (um tiro). O tipo de carvão mais preferido é o mancone e o pó‑de‑sangue. Poderá pois concluir‑se que, de acordo com estas informações, as 10 participantes gastam em média 400 FCFA na compra de carvão por refeição, sendo o gasto mínimo 300 FCFA e o máximo 600 FCFA. — 47 —
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Outra conclusão, lógica e concordante com a percepção geral, é a de que os gastos variam de um agregado para outro, dependendo da dimensão do mesmo como mostram os testemunhos recolhidos nos grupos focais. 70,0%
67,8%
60,0% 50,0% 40,0% 30,0% 20,0% 10,2%
10,0% 0,0%
Saco
Monto
9,7% Maradura
Gráfico 26:
11,4%
Botija de gás
0,7% Kw
0,2% Litros
A equipa de investigação, para poder dispor de informações mais aprofundadas sobre os gastos em carvão, deslocou‑se, pela segunda vez, ao terreno, tendo comprado “montos” de carvão de 100 FCFA em 8 bairros de Bissau, onde foram efectuados os grupos focais e na cidade de Mansoa, localizada a 60 km de Bissau, tendo concluído, uma vez pesados, que, por um lado, os “montos” de carvão variam de peso no mesmo bairro e, por outro, que os “montos” comprados em Mansôa têm maior peso que os comprados em Bissau. Em Bissau, os “montos” de carvão com maior peso encontram‑se no Bairro de Bandim, (conf.quadro 15 em anexo), sendo que os “montos” são marcados a olho e, apesar de não serem pesados, cada bideira sabe quantos podem resultar de um saco de carvão. Ainda, e no sentido de apurar informações mais fidedignas sobre o consumo de energias domésticas na cidade de Bissau, a equipa de investigação seguiu um agregado familiar composto por cinco membros: dois adultos e três crianças menores de 15 anos, tendo constatado que o gasto diário de 300 FCFA na compra de carvão lhe permitia preparar o pequeno‑almoço, o almoço e aquecer o jantar, ou seja, gastava mensalmente 9.000 FCFA em carvão. No dia 22/7/2018, esse agregado substituiu o carvão pelo gás na preparação de todas as suas refeições, tendo, para tanto, comprado uma botija de 6kg por 7.500 FCFA, a qual acabou no dia 18/8/2018, ou seja, a — 48 —
Quantidade de energia consumida mensalmente por tipo de combustível
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botija do gás teve a duração de 28 dias, o que demonstrou que essa família, para as mesmas utilizações, gastava mais dinheiro em carvão do que em gás.
7.4. Despesa mensal por tipo de energia
Quando se estabelece a correlação entre a quantidade de energia utilizada mensalmente e os gastos por tipo de energia, verifica‑se que, em média, os agregados gastam 14.721 FCFA em carvão, o que corresponde a quase 3 ou 6 sacos de carvão, dependendo da qualidade e cujo preço varia entre 2.500 FCFA (se for de cajueiro) e 5.000 FCFA (se for pau de carvão ou mancone). Para os agregados que compram “montos” (carvão), gastam em média 10.325 FCFA mensais, o que corresponde a 103 “montos”, uma vez que cada “monto” custa 100 FCFA. No caso dos agregados que utilizan lenha gastam em média 13.402 FCFA por mês, que corresponde a 27 maraduras, custando cada uma 500 FCFA, enquanto os agregados que utilizam a apara gastam, mensalmente, 10.000 FCFA, o que corresponde a dois sacos. Finalmente, os agregados gastam 14.213 FCFA em gás, o que equivale aproximadamente ao preço de uma botija de 13 kg e em gasóleo 14.000 FCFA, o que corresponde a 22 litros.
7.4.1. A percepção dos agregados sobre a evolução dos preços da energia
Os agregados que mencionaram que o preço da energia tem variado ao longo dos últimos anos são mais significativos (94,4%) (conf. quadro 16 em anexo) do que os que referem que o preço se manteve. Esta percepção é concordante com os dados de quase 86% de agregados, que apontam que os preços subiram conforme indica o gráfico 27. Refira‑se, a este propósito, que a subida de preços não é limitada ao sector de energias, mas também ocorre em outros sectores.
NA 6%
Gráfico 27:
É mais caro 86%
É mais barato 8%
Percepção dos agregados sobre a variação de preços da energia
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Projecto de desenvolvimento de energias domésticas sustentáveis na cidade de Bissau Energy/2017/392-854
Todos os agregados inquiridos possuem um fogão, mas o fogareiro é o tipo de fogão mais utilizado em Bissau, sendo que o fogão tradicional7, ainda é largamente utilizado na capital na preparação de alimentos, enquanto o fogão a gás é pouco utilizado pelos agregados. Contudo, em termos gerais, o carvão é mais utilizado em Bissau e nas capitais das regiões e a lenha no meio rural como mostram as informações recolhidos nos grupos focais.
1.5. Benefícios e limitações do uso do carvão e da lenha
Em relação à utilização do carvão e da lenha, a maior parte dos agregados (71%) indica que prefere utilizar essas fontes de energia por serem mais baratas, ou mais disponíveis (22,6%). Esses argumentos robustecem as informações recolhidas durante os grupos focais, que realçam que uso do gás não é acessível aos agregados com baixo rendimento, por exigir uma disponibilidade financeira avultada, ao passo que o carvão e a lenha podem ser comprados em pequenas quantidades (“montos” e maradura), conforme a sua disponibilidade diária. 80,0%
71,0%
70,0% 60% 50% 40% 30%
22,6%
20% 3,4%
10% 0,0%
3,0% Mais barato
Mais seguro
Mais disponível
Mais rápido
A lenha é apanhada em alguns bairros periféricos sem qualquer custo financeiro, o que faz com que os agregados sem recursos a utilizem na preparação de alimentos, como está consignado no seguinte testemunho: FGF5. O gás é mais rá‑ pido, mas é mais caro, o mais barato é a lenha, se não tem carvão, procura lenha
7
é constituído por três pedras e leva a lenha como fonte de energia.
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Gráfico 28:
Benefícios associados ao uso de carvão e lenha
Estudo de caracterização de agregados familiares em Bissau sobre o uso de energias domésticas
que é mais disponível, embora cada vez mais, as casas estejam a tomar conta do mato. Embora um grupo considerável de agregados tenha mencionado preferir uti‑ lizar o carvão e a lenha por ser mais barato e disponível, 66,2% refere não gostar de os utilizar, quer pelo fumo que libertam (22%), como pela sujidade causada, ou mesmo, ainda (11,4%), devido aos estilhaços (conf. gráfico 29). As informações recolhidas nos grupos focais mostram a mesma percepção ‑ FGF4. A lenha é mais rápida na cozinha, mas é difícil de utilizar devido à fumaça que faz mal à vista, a lenha é mais rápida em relação ao carvão, mas o gás é mais rápido e mais fácil para a cozinha.FGF5. A lenha provoca doenças de tosse e de vista, devido ao fumo que liberta. 70%
66,2%
60& 50% 40% 30%
22%
20%
11,4%
10%
Gráfico 29:
Limitações associados ao uso do carvão e da lenha
0,0%
0,4% Fumaça
Sujidade
Estilhaço
Outro
Conclui‑se neste capítulo que o carvão é a fonte de energia utilizada pela maioria dos agregados que respondeu a essa questão (13%), o gás por 11,4% e 67,8% de agregados não se pronunciou. Os agregados familiares, na sua maioria (96%), compram as fontes de energia que necessitam, sendo os gastos médios mensais, para as diferentes fontes de energia, respectivamente, em carvão 14.721 FCFA (3 sacos), em lenha 13.402 FCFA (27 maraduras) e em gás 14.213 FCFA (botija de 13 kg). A maior parte dos agregados (86%) considera que a energia em geral e a usada para a confecção de alimentos, é actualmente, mais cara do que num passado recente. 71% desses agregados julga ser o preço mais baixo o benefício que está associado ao uso do carvão e da lenha, não obstante 61% referir, como uma limitação, o fumo que essas fontes de energia libertam. — 51 —
VIII. AS EXPERIÊNCIAS DOS AGREGADOS NO USO DO GÁS
E
ste capítulo debruça‑se sobre a experiência dos agregados no uso do gás, principalmente, o acesso a essa fonte de energia, o tamanho da botija utilizada, as despesas e transporte do gás para o domicílio.
8.1. Acesso ao gás e o tamanho da botija utilizada
Os agregados que usam o gás na preparação de refeições adquirem‑no, na Guiné Bissau, seja nas estações de combustíveis (60,5%), nos intermediários, nos estabelecimentos comerciais (32,5%) e, ainda, no Senegal (4,4%) (conf. gráfico 32). Importa salientar que, actualmente, a venda do gás não é limitada à empresa Petromar, existindo distribuidores da primeira linha que usam as instalações de combustível da Petromar para exercerem as suas actividades, os quais são abastecidos pela Petromar e, por sua vez, abastecem os distribuidores da segunda linha, que vendem o gás em diferentes bairros de Bissau. Segundo as informações recolhidas nas entrevistas e nos grupos focais existe um serviço de pós‑venda do gás que é efectuado por um distribuidor da segunda linha, que opera da seguinte forma: o cliente telefona para o distribuidor e este fornece‑lhe o gás no domicílio contra o pagamento de 300 FCFA. Este serviço precisa de ser generalizado como mostram as informações recolhidas nos grupos focais: FGM6. Falta de empresas de venda no bairro, falta de concorrência das em‑ presas de comercialização do gás. Deve haver concorrência para que possam baixar o preço. Devem diminuir o preço do gás. — 52 —
Estudo de caracterização de agregados familiares em Bissau sobre o uso de energias domésticas
O preço do gás levanta alguma preocupação no país pelo facto de ser mais barato nos países vizinhos como o Senegal, o Burkina Faso e a Gâmbia. Segundo as informações recolhidas junto da Direcção-Geral das Alfândegas, a importação do gás está sujeita apenas à taxa da CEDEAO, sendo isenta de impostos de desalfandegamento. Outro
2,6%
Senegal
4,4%
Estabelecimento dos intermediários /Comerciantes
Gráfico 30:
Sítios onde o gás é adquirido
32,5%
Estação de combustível
60,5%
0,0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
Em relação ao tamanho da botija, 56% dos agregados familiares menciona utilizar a botija de 13 Kg, 34% de 6 Kg e 11% de 3 kg (conf. gráfico 31). As primeiras botijas conhecidas na Guiné‑Bissau foram de 13 kg, por isso, as pessoas conservaram esse hábito, o qual é difícil de mudar. Seria de esperar que a botija de 6 kg fosse a mais vendida com a sua introdução no mercado, devido ao fraco rendimento dos agregados, mas não foi o caso. Botija de 3Kg 11%
Botija de 13Kg 56% Botija de 6Kg 33%
Gráfico 31:
Tamanho da botija utilizada pelos agregados
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8.2. Despesas e transporte do gás
Em relação ao preço da botija que cada agregado compra, as respostas variam de 4.000 FCFA a 18.800 FCFA. Os que indicam que a botija custa 7.500 FCFA são mais representativos (17,5%), seguido dos que indicam 13.500 FCFA (13,2%) e os que destacam 13.000 FCFA (12,3%) e 14.000 (12,3%), valores que corroboram os dados do gráfico anterior que confirma que a maior parte de agregados utiliza a botija de 13 kg. Apesar de haver agregados que não conseguiram determinar o preço exacto da botija de 13 kg, uma proporção elevada indica, como preço da botija, um valor entre os 13.000 e os 14.500 FCFA. (conf. quadro 17 em anexo). Em Bissau uma parte significativa dos agregados familiares indica ser o marido quem financia a compra do gás (71%) enquanto 13% referem ser a esposa, segundo o gráfico 32, aspecto que ilustra a realidade cultural guineense, na qual ao homem é atribuído o papel de chefe de família, sendo, também, responsável pelas despesas no domicílio. Realça‑se que, apesar de se registarem algumas mudanças progressivas em relação a esta percepção, se verificam ainda casos de mulheres que, embora aufiram um salário mensal, consideram que os maridos é que se devem ocupar das despesas no agregado.
Filha 4%
Outro 12%
Esposa 13%
Marido 71%
Gráfico 32:
Quem financia a compra do gás no agregado
Quanto à actividade de transportar o gás para o domicilio, segundo os dados consignados no gráfico 33, ela é, praticamente realizada pelos membros do agregado (91,2%), porquanto as empresas distribuidoras que efetuam esse serviço representam apenas 1,8%, o que mostra que o serviço de pós‑venda, de transporte do gás — 54 —
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para o domicílio, ainda se encontra em fase embrionária, como mostra o seguinte testemunho: FGM1. O gás encontra‑se somente na Petromar, as pessoas que utilizam o gás vão buscá‑lo à Petromar. Mas o gás não tem economia, requer condição, o car‑ vão e a lenha são mais económicos. Eu tenho uma botija de 3 kg, mas utilizo‑a para aquecer a água, estrelar ovos, sobretudo neste mês de jejum (Ramadão). Quero com‑ prar gás mas tenho medo por causa das crianças em casa. FGF4. Não existe nenhum sítio de venda de gás neste bairro, algumas pessoas costumam ir para outros bairros. Devem baixar o preço para que todos possam ter acesso ao gás; o fogão a gás tam‑ bém é muito caro. Precisamos de um posto de venda no bairro. Outro
Gráfico 33:
Transporte de botijas para o domicílio
5,3%
Intermediários/Comerciantes
1,8%
Empresas distribuidoras
1,8%
Qualquer membro do agregado 0%
91,2% 10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
90%
100%
Dos agregados que indicam não usar o gás na preparação de alimentos, referem como principal causa não terem fogão (61,7%) e quase 30% indica ser cara essa fonte de energia e 2,1% menciona ter receio de acidentes, segundo os dados consignados no gráfico 34, concordantes com os testemunhos recolhidos nos grupos focais: FGF1. Quero comprar o gás mas tenho medo por causa das crianças em casa. FGM1. O uso do gás, as mulheres não se cuidam, o gás requer muito cuidado para abrir e fechar, qualquer descuido pode‑se queimar uma tabanca inteira, também o carvão é mais barato, a falta de condição, o gás é muito perigoso, a questão de segurança, por isso o gás é muito perigoso é como uma bomba, precisa mais segu‑ rança e é preciso criar condição. FGF2. Falta de condição, custo de gás, medo do gás, os jovens solteiros usam mais o gás porque não têm mulher e nem criança que passa causar algum acidente. — 55 —
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Os dados respeitantes a este ponto, de acordo com os testemunhos acima recolhidos, apontam, relativamente ao uso do gás, um conjunto de condicionantes, particularmente, a botija poder explodir, o gás ser perigoso, sobretudo para os agregados que têm crianças e a falta de condição económica. Contudo, no FGF5 foi realçado o seguinte: o gás se não for usado correctamente pode provocar incên‑ dio e causar danos, mas o gás é mais fácil para cozinhar, é só saber regular, é mais ideal que o carvão, podes acender o fogão e fazer outras coisas, enquanto o carvão tens que estar presente, para abanar o fogareiro. Ter um fogão pronto para cozinhar exige a um agregado familiar guineense médio, uma disponibilidade financeira colossal, associada não apenas à compra do fogão, mas também aos custos concernentes à compra do redutor e botija. Assim, segundo as informações recolhidas, é mais fácil comprar um fogareiro do que comprar um fogão a gás: FGF4. O gás é caro, o salário é pequeno. O preço do gás é elevado, se o gás não fosse caro, os 7.500 FCFA gastos na compra do carvão pode‑ ria ser usado na compra do gás, actualmente não há muito perigo no uso de gás, porque não se usa muito a vela em casa, há falta de informação sobre o uso de gás. Outro 6% Receio de acidente 2%
É caro 4% Não tenho fogão 62%
Gráfico 34:
As razões da não utilização do gás
Quando se estabelece a correlação entre as váriáveis grupo étnico e a razão da não‑utilização do gás por não terem fogão, verifica‑se que são, respectivamente, os Papeis (73%), Biafadas (68%), Balantas (67%) e Fulas (60%) os mais numerosos, enquanto o grupo dos Crioulos destaca ser elevado o preço do gás, e os Mandin— 56 —
Estudo de caracterização de agregados familiares em Bissau sobre o uso de energias domésticas
gas porque têm receio de acidentes (conf. quadro 18 em anexo). Por outro lado, os animistas são maioritários entre os que destacam como razão de não usar o gás, não ter fogão (70%) e cristãos católicos nos que indicam que o gás é caro (33,3%) (conf. quadro 19 em anexo). Quanto ao custo da botija, quando se lhes coloca a questão, quase 60% respondeu que não sabem e 35% mencionou que sim (conf. quadro 20 em anexo), provavelmente porque um agregado que não dispõe de meios para adquirir o fogão, ou que considera o gás ser caro, muita vezes não se preocupa em saber o seu preço. Por outro lado, os agregados que admitem que conhecem o preço do gás, a maior parte sublinha custar 13.000 (18,6%), seguidos dos que dizem custar 13.500 (16,9%) e 14.000 (11,3%), 13.550 (8,5%) e 7.500 (7,9%). Os dados descritos confirmam que a maior parte dos agregados familiares que não usa o gás conhece o preço da botija de 13kg, sendo a mais utilizada em Bissau (conf. quadro 21 em anexo). Quanto ao montante pecuniário que os agregados familiares que não usam o gás, estariam disponíveis a pagar por uma botija, a maior parte (23,1%), indica 5.000 FCFA, a que se seguem os valores de 10.000 FCFA (16,5%) e 4.000 FCFA (8,8%) (conf. quadro 22 em anexo). A análise desses dados permite‑nos concluir que o preço de 5.000 FCFA, destacado pela maioria, corresponde ao preço, em Bissau, de um saco de carvão obtido a partir de pau carvão ou mancone, que corresponde ao que os agregados compram todos os meses, cuja quantidade gasta depende do tamanho do agregado. Essa percepção unanime dos agregados inquiridos sobre o gás está espelhada nos testemunhos recolhidos nos grupos focais: FGF2. Gás é mais rápido, mas carvão e a lenha são mais baratos, pode‑se gas‑ tar 500 FCFA de lenha. Uma família de 30 pessoas gasta 600 FCFA para a cozinha normal do seu agregado, um saco de carvão faz apenas 3 dias. Para um agregado 6 pessoas usa um saco de carvão por mês. FGM6. Apara é mais barata, mas não é muito utilizada, gás é mais rápido, mas há falta de condições, por isso, as pessoas preferem o carvão, também o gás é muito arriscado, é preciso ter muito cuidado. Em relação à questão sobre que outra utilização pode ser dada ao gás, uma larga percentagem 48,8% menciona que não sabe e 13,8% realça que pode ser utilizado na confecção de bolos. — 57 —
Projecto de desenvolvimento de energias domésticas sustentáveis na cidade de Bissau Energy/2017/392-854
As principais conclusões deste capítulo são que a maior parte dos agregados adquire o gás nas estações de combustível (60,5%), sendo a botija de 13kg a mais utilizada (56%). Os preços de botijas referidos pelos agregados variam entre 4.000 e 18.800 FCFA e 71% dos inquiridos indica ser o marido quem financia a compra dos gás. Relativamente ao transporte, 91% sublinha que o gás comprado é transportado por membros do agregado. Quase 62% refere que a não utilização do gás resulta de não possuírem fogão e 30% por considerarem cara essa fonte de energia. Para os agregados que não usam o gás, a maioria, (23,1%) estaria disponível a pagar 5.000 FCFA (preço correspondente a um saco de carvão) e quase 14% realça que o gás pode ser utilizado na confecção de bolos.
— 58 —
IX. EXPERIÊNCIAS DOS AGREGADOS COM AS EMPRESAS DISTRIBUIDORAS E FONTES DE ACESSO ÀS INFORMAÇÕES 9.1. Clientela e produtos comprados
Os agregados clientes de empresas distribuidoras são menos significativos (17,2%) do que aqueles que o não são (conf. quadro 23 em anexo ), constatação que revela a coerência de dados recolhidos, tendo em conta que uma parte considerável dos agregados não usa o gás, pelo que não seria de esperar que esse conjunto de agregados fosse cliente significativo das empresas distribuidoras. Dos agregados que afirmam ser clientes das empresas distribuidoras, uma proporção considerável destaca ser da Petromar (14,6%) (conf. 24 quadro em anexo), a qual é, neste momento, a única empresa autorizada, legalmente, a efectuar a venda do gás na Guiné‑Bissau, segundo as informações recolhidas nas entrevistas com os técnicos do Ministério de Energia Recursos Naturais e Indústria. A Petromar disponibiliza botijas para distribuidores da primeira linha e estes, por sua vez, para distribuidores da segunda linha. Quando se coloca a questão aos agregados que indicam ser clientes de empresas distribuidoras, sobre que produtos habitualmente compram, a maior parte destaca o gás (91,9%).
9.1.1. Qualidade do serviço prestado
Dos clientes de empresas distribuidoras, uma larga maioria (82,6%) está satisfeita com o serviço prestado, contra 17,4% que não está satisfeita (conf. quadro 25 em anexo). Assim, a percentagem de 69%, dos que afirmam estar medianamente satisfeitos supera as outras avaliações, conforme o gráfico 35. De qualquer forma, a percentagem de agregados, com baixa satisfação, é bastante alta (29%), o que — 59 —
Projecto de desenvolvimento de energias domésticas sustentáveis na cidade de Bissau Energy/2017/392-854
requer reflexão, ajustamentos e melhoria, por parte das empresas distribuidoras, para poder melhor satisfazer os seus clientes. Em Bissau verifica‑se a ocorrência de casos de funcionários dessas empresas que prestam mau serviço ao público, devido à falta de preparação para o exercício da função, sendo que muitos trabalham como amadores, não tendo formação adequada na área, o que se manifesta, por exemplo, na linguagem utilizada, na lentidão, etc, quando interagem com clientes. Alto 2%
Baixo 29%
Médio 69%
Gráfico 35:
Qualidade do serviço prestado pelas empresas distribuidoras
9.2. O acesso às informações sobre o gás
Quanto aos meios de comunicação, pelo qual os agregados recebem informações sobre o gás, de acordo com o gráfico 36, a rádio é destacada pela maioria (40,6%), o que lhe confere o estatuto de meio de comunicação por excelência, utilizado pelas famílias na Guiné‑Bissau para aceder a informações. Na verdade, a rádio é já um meio de comunicação acessível (40,6%), diferentemente da televisão (18,8%) que é limitada a um número restrito de agregados familiares, realidade que ganha maior relevo porquanto os jornais raramente são lidos na Guiné‑Bissau, devido a que a maior parte da população terá pouco hábito de leitura. Os dados recolhidos nos grupos focais mostram a mesma percepção: FGF8. Acedemos a informações através da rádio ou através de vizinhos, é preciso ter cui‑ dado, porque o gás pode fazer danos. FGM7. Existe um programa de Agentes de Bombeiros que davam na rádio, sobre os cuidados com os incêndios e também recebemos as informações através de vi‑ zinhos. Houve um caso de um vizinho que confundiu o bidão de gasolina com água e foi colocar na panela para cozinhar e acabou por provocar incêndio. O gás é mais perigoso no local fechado, também por causa das crianças. — 60 —
Estudo de caracterização de agregados familiares em Bissau sobre o uso de energias domésticas
5,0%
Vizinhos e/ou familiares
33,8%
3,0% 1,8%
Internet Televisão
18,8%
29,2% 59,2%
Rádio
40,6% 3,6% 5,0%
Jornais
Gráfico 36:
Meio de comunicação pelo qual os agregados acedem e desejavam obter informações
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
Qual é o meio de comunicação pelo qual gostaria de receber essas informações? Qual é o meio de comunicação pelo qual recebe informações sobre o gás ?
Quando se pergunta aos agregados qual o meio de comunicação pelo qual gostariam de receber as informações, a rádio continua a ser o meio preferido (59,2%), enquanto 29,2% indica a televisão (conf. gráfico 36). Se fizermos uma correlação entre os que recebem informações pela rádio e os que desejam continuar a recebê‑las por este meio, verifica‑se uma subida, traduzida em 18,6 pontos percentuais. O mesmo acontece com a televisão, sendo a diferença de 10,4 pontos percentuais, o que traduz a maior preferência da população pela rádio face à televisão. Todavia, foi realçada a necessidade de efectuar a sensibilização porta ‑a‑porta, como consta nos grupos focais efectuados: FGF4. Fazer a publicidade na rádio ou na televisão, sensibilização no terreno nos bairros, porque nem todas as pessoas têm acesso à rádio ou à televisão. GF8. Seria bom que fosse efectuada a sensibilização e explicação sobre o uso do gás nos bairros, porque nem todos têm tempo de ouvir a rádio. Pelo exposto conclui‑se, neste capítulo, que dos agregados utilizadores de gás (17,2%) são clientes das empresas distribuidoras, sendo a sua maior parte (14,6%) cliente da Petromar. Dos produtos disponíveis nos distribuidores, o gás é o mais comprado (91,9 %), estando a maioria dos agregados (83%) satisfeitos com o serviço prestado pelas mesmas, enquanto 69% o classifica com um grau de satisfação médio. A rádio é o meio de comunicação pelo qual os agregados acedem (40,6%) e desejam continuar a aceder a informações (59,2%), sendo referida a necessidade de realizar sensibilização porta‑a‑porta.
— 61 —
Projecto de desenvolvimento de energias domésticas sustentáveis na cidade de Bissau Energy/2017/392-854
CONCLUSÕES
A
s técnicas do inquérito por questionário, entrevistas e grupos focais de discussão utilizadas na recolha de informações juntos de 500 agregados familiares, que constituem a amostra, permitiram‑nos obter informação relevante sobre o objectivo do estudo. Contudo, face à diversidade e complexidade das respostas, por vezes contraditórias ou omissas, a leitura atenta de todo o texto é indispensável para uma mais completa compreensão e alcance dos resultados que se apresentam, em seguida, de forma resumida: Os resultados do estudo mostram que, a maior parte dos agregados familiares reside no sector 7 de Bissau (20%). Os grupos étnicos mais representativos são os Balantas com 21%, seguidos da etnia Papel (17%) e Fula (13%). Cerca de 94% dos agregados familiares são nacionais guineenses, dos quais, 53% identifica‑se como sendo cristão (gráfico 4). Os estrangeiros mais representativos são Conacri‑guineenses (4,6%). Do total da amostra, por individuos, a categoria da faixa etária de 25-49 anos é a segunda mais expressiva (29,2%), logo após a faixa etária dos 15‑24 anos (31,9%). A ainda elevada taxa de mortalidade no país pode explicar que a faixa etária menor de 5 anos seja o quarto grupo etário. Os agregados são constituídos, em média, por 6,5 pessoas, sendo os filhos, os elementos mais representativos nos agregados. Uma larga maioria dos seus membros é estudante (60,4%). No que diz respeito aos dados relativos aos CAF, a categoria da faixa etária de 35-44 anos é maioritária, ou — 62 —
seja, constitui (25,6%), seguida de longe pela faixa etária 45-49 (15,6%). O casamento continua ainda a ser o pilar da institutição familiar com uma percentagem de 70% dos CAF referindo serem casados. Em relação ao grau de escolaridade, verifica‑se que os CAF com o nível secundário (7º a 9º ano) constituem a maioria (36,8%), mais do dobro dos níveis Primário (16,8%) e Superior (17,4%). Os CAF que referem não ter qualquer educação ultrapassam os 11% . Os CAF do sexo masculino são mais representativos, enquanto os membros dos agregados do sexo feminino são os mais numerosos (52,6%). Verifica‑se que a maior parte dos CAF é trabalhador por conta própria (48,4%) e 32,2% dos inquiridos referem ser funcionários públicos, sendo a percentagem de trabalhadores por conta de outrem de 11,4%. A despesa média mensal dos agregados é 110.015 FCFA, sendo a despesa dos CAF, com o nível de escolaridade superior, a mais elevada (132.592 FCFA). As tarefas de fazer as compras e preparar refeições são relegadas às mulheres, uma vez que 47,4% dos agregados realça que as esposas é que fazem as compras e 28% menciona serem as filhas que exercem essa mesma tarefa. Os agregados que afirmam que as filhas é que cozinham representam 39,4%, as esposas 34,2% e sobrinhas 10,4%. Em relação às refeições, 29,2% dos agregados da capital declara que não consegue tê‑las todas, sendo a falta de dinheiro invocada por cerca de 83%. A varanda é o local onde uma parte significativa
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dos agregados prepara as refeições (60%), com a ocorrência de 25,2% de acidentes, pelo menos uma vez, durante a confecção de alimentos. Dos 11,40% dos agregados da capital que usam actualmente gás, os que utilizam um fogão com um só queimador são maioritários (61%) e parte significativa dos mesmos encontra‑se em bom estado de conservação (51%). Por outro lado, os 5,6%, 2,2% e 0,2% dos inquiridos que possuem fogões com, respectivamente, 4, 5 e 6 queimadores, dispõem quase todos de forno, possibilitando‑lhes a confecção de outros alimentos, o que aumenta a utilização do mesmo equipamento e a quantidade do gás gasto mensalmente. Esta situação poderá induzir numa avaliação incorrecta do consumo familiar de energia em desfavor do gás. A esposa é quem decide sobre a compra do fogão no agregado (42,2%) e a rapidez é o maior benefício associado ao uso de fogão a gás. Uma proporção significativa desses intervenientes (58,2%) confirma que a preparação de alimentos não provoca doenças e 55% sublinha não ter tido casos de doenças no seu agregado familiar. Contudo, 95% sublinha que o fumo provoca tosse e doenças da vista. O carvão é a fonte de energia utilizada pela maior parte dos agregados na preparação de alimentos (13%), sendo o gás a fonte de energia a que recorre 11,4% dos agregados familiares. Contudo, 67,8% dos inquiridos não respondeu a esta questão. A correlação entre as variáveis bairro onde reside o CAF e a fonte de energia utilizada na preparação de alimentos, evidencia que os bairros de Cuntum Madina (19%) e de Plack 2 (12,7%) são onde se utiliza mais o
carvão. Nos Bairros da Ajuda 1ª Fase (31,9%) e 2ª Fase (26,1%) são localidades onde se usa mais o gás. Bandim 1 (28,9%), Bandim 2 (28,9%) e Cuntum Madina (26,7%) são bairros onde se utiliza mais a lenha, enquanto 50% dos agregados residentes em Cuntum Madina e Háfia utiliza apara na preparação de alimentos. Estes dados confirmam que a utilização do gás na preparação de alimentos é associada ao status elevado e aos agregados com maiores rendimentos. Assim, o gás é utilizado pela maior parte de funcionários públicos e trabalhadores por conta própria e por agregados que residem nos bairros da Ajuda 1ª e 2ª fase. A maioria dos agregados (96%) compra as fontes de energia, sendo os gastos médios mensais, por agregado, em carvão, estimados em 14.721 FCFA, o que corresponde aproximadamente a 3 sacos de carvão. O custo de uma botija de 13 kg de gás (14.213 FCFA), equivale aproximadamente ao custo dos 3 sacos de carvão e ao custo em lenha (13.402 FCFA), correspondente a 27 maraduras8. Contudo, a maioria dos agregados (86%), considera que todas as fontes de energias são, actualmente, mais caras do que num passado recente. Os benefícios associados ao uso do carvão e da lenha, referidos pelos inquiridos (71%), são o seu custo mais barato, enquanto as suas limitações se prendem com o fumo que libertam (61%). Neste contexto, como foi referido no “Sumário Executivo”, foi identificada uma família de 5 membros, (dois adultos e três crianças), que utilizava apenas carvão para cozinhar, a qual, durante um mês e para igual utilização,
É um conjunto de lenha atado para a venda.
8
— 63 —
Projecto de desenvolvimento de energias domésticas sustentáveis na cidade de Bissau Energy/2017/392-854
só utilizou gás. Foi constatado que o gasto com gás se revelou inferior ao gasto com carvão, circunstância que pode indiciar que os gastos familiares na confecção de alimentos, com recurso ao carvão, poderão ser superiores aos que resultam da exclusiva utilização do gás. Assim, a conclusão que este caso individual indicia, carece e merece ser objecto de confirmação sustentada, o que torna indispensável alargar o universo de amostragem, que inclua um número adequado de famílias com diferentes dimensões, assegurando a sua monitorização. A maior parte dos agregados que utiliza o gás, compra ‑o nas estações de combustível (60,5%) e nos estabelecimentos dos intermediários/comerciantes (32,5%). A botija de 13 kg é a mais utilizada (56%), enquanto que a de 6 Kg é utilizada por 33% sendo que, deste grupo de agregados, 71% declara ter sido o marido quem financia a compra do gás. No que se refere ao transporte do gás, 91% destaca que o mesmo é feito por membros do agregado. Em relação ao consumo de gás 62% não o utiliza por não ter fogão e 30% considera cara essa fonte de energia. Para o conjunto de agregados familiares que não usa gás, 23,1% estaria disponível a pagar 5000 FCFA por uma botija de 13Kg, o que corresponderia ao preço de um saco de carvão. É de realçar, contudo, que estes agregados gastam mais do que 1 saco de carvão por mês. Os agregados clientes das empresas distribuidoras são 17,2%, sendo a maior parte cliente da Petromar (14,6%) e o gás o produto que os agregados mais compram nas empresas distribuidoras (91,9 %). 83% estão satisfeitos com o serviço prestado e 69% classifica o grau de satisfação como médio. A rádio é o meio de comunicação através do qual 40,6% de agregados familiares recebem as informações — 64 —
sobre o uso de gás, mas 59,2% gostaria que a divulgação do uso de gás pela rádio fosse intensificada, embora tenha realçado a necessidade de efectuar também a sensibilização porta‑a‑porta como melhor forma de atingir os agregados familiares. A análise de dados recolhidos permite concluir que, em Bissau, existe uma utilização excessiva de carvão e lenha na preparação de alimentos, o que contribui de forma substancial para a degradação dos eco‑sistemas florestais do país, pelo que se torna necessário a adopção
Estudo de caracterização de agregados familiares em Bissau sobre o uso de energias domésticas
de medidas assertivas para reverter esta situação.
RECOMENDAÇÕES Em função dos resultados do estudo, recomenda-se o seguinte:
Robustecer as políticas de conservação da natureza Subvencionar o gás para reduzir o preço no mercapara o desenvolvimento sustentável da Guiné-Bissau; Adoptar políticas energéticas sub-regionais da distribuição e comercialização do gás; Reforçar as estruturas da Direcção-Geral das Florestas, em termos de orientações na atribuição de licenças de corte de árvores e produção do carvão; Seguir e orientar os produtores do carvão e lenha no respeito pelas normas consignadas nos regulamentos ambientais; Formar e sensibilizar actores que trabalham na fileira do carvão e lenha em boas práticas de conservação das florestas; Criar actividades alternativas geradoras de rendimento para os produtores do carvão e lenha por forma a diminuir a pressão sobre as florestas;
do e permitir a sua larga utilização pelos agregados, tendo em vista abranger os de condição económica mais baixa; Subsidiar o preço do fogão a gás e a importação de botijas de forma a permitir a utilização de gás associada à redução do seu custo para um preço concorrencial aos praticados nos países vizinhos e ao saco de carvão de qualidade em Bissau. Criar programas de informação e sensibilização para os agregados sobre as boas práticas de utilização do gás, acentuando de facto que, mesmo aos preços actuais, em condições de utilização semelhantes, o uso de gás pode representar uma poupança; Efectuar a sensibilização através das rádios, televisão, porta-a-porta e nas escolas sobre as boas práticas do uso do gás. — 65 —
Projecto de desenvolvimento de energias domésticas sustentáveis na cidade de Bissau Energy/2017/392-854
Lista das figuras Figura 1: O mapa da cidade de Bissau
20
Figura 2: Sessões de entrevista com os técnicos
das Direções-gerais do ambiente e das florestas
21
Figura 3: Sessões de grupos focais nos bairros de Bissau
22
Figura 4: Sessões de formação dos inquiridores
e teste do questionário 22
Figura 5: “Montos” e saquinhos de carvão vendidos
nos mercados de Bissau 23
Figura 6: Modelos de fogareiros e o fogão tradicional
de três pedras 39
Figura 7. Estabelecimento de venda de gás num
dos bairros de Bissau 44
Figura 8: Circuitos de comercialização
do carvão do interior a Bissau 48
Lista dos gráficos 24
Gráfico 2:Grupos étnicos inquiridos
25
Gráfico 3. Nacionalidade dos agregados
26
Gráfico 4: Religião do chefe de agregado
26
Gráfico 5: Percentagem de agregados inquiridos
segundo a faixa etária 27
Gráfico 6. Estado civil do CAF 28 Gráfico7: Percentagem de CAF inquiridos segundo o nível
de escolaridade 29 30
Gráfico 9: Nível de escolaridade dos Membros de CAF 32 Gráfico 10 Relação de parentesco com o CAF
31
Gráfico11: Ocupação do chefe de agregado 32 Gráfico12: Estatuto dos membros de agregados em
relação ao trabalho 32
Gráfico 13 Quem faz as compras no mercado
e prepara as refeições no agregado
— 66 —
Gráfico 14: Geralmente prepara todas as refeições em casa? 37 Gráfico 15: Tipos de refeições preparados nos agregados
familiares 37
Gráfico 16;As razões que explicam a ausência
de algumas refeições nos agregados
38
Gráfico 17: Espaço de preparação de refeições
nos agregados familiares 38 Gráfico 18: Acidentes registados nos agregados
durante a preparação de refeições
39
Gráfico 19: O número de queimadores do fogão
40
Gráfico 20: Estado de conservação dos fogões dos agregados 40 Gráfico 21: Utilização do fogão para outros fins
41
Gráfico 22: Quem decide sobre a compra do fogão no agregado? 42 Gráfico 23: Os benefícios da utilização do fogão a gás
42
Gráfico 24: Durante o último ano alguém
Gráfico 1. Sectores de residência dos agregados
Gráfico 8: Grupos Etários dos Membros de CAF
| Índice remissivo
36
no seu agregado esteve doente? 44
Gráfico 25: Proporção de agregados por fonte de energia utilizada 47 Gráfico 26: Quantidade de energia consumida mensalmente por tipo de combustível
50
Gráfico 27: Percepção dos agregados sobre a variação
de preços da energia 51 Gráfico 28: Benefícios associados ao uso do carvão e da lenha 52 Gráfico 29: Limitações associados ao uso do carvão e da lenha 53 Gráfico 30: Sítios onde o gás é adquirido
55
Gráfico 31:Tamanho da botija utilizada pelos agregados
55
Gráfico 32: Quem financia a compra do gás no agregado
56
Gráfico 33: Transporte de botijas para o domicílio
57 58
Gráfico 34: As razões da não utilização do gás Gráfico 35: Qualidade do serviço prestado pelas
empresas distribuidoras 62 Gráfico 36: Meio de comunicação pelo qual os agregados acedem e desejavam obter informações 63
Bibliografia |
Estudo de caracterização de agregados familiares em Bissau sobre o uso de energias domésticas
BIBLIOGRAFIA
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INEP (1991), Ciência, Tecnologia e Desenvolvimento Endógeno em Africa: tendências, problemas e perspectivas / Boletim de Informação Científica e Técnica (BICT) / Centro de Estudos de Tecnologia Apropriada. Ano 4: 1991. MINISTÉRIO DA ECONOMIA E FINANÇAS (2015), Plano Estratégico e Operacional Terra Ranka 2015‑2020, Bissau, Guine‑Bissau http://www.galpenergia.com ‑ acedido em 8 de Abril de 2028. https://www.significados.com.br/sustentabilidade/ ‑ Acedido em 8 de abri de 2018
— 67 —
Projecto de desenvolvimento de energias domésticas sustentáveis na cidade de Bissau Energy/2017/392-854
| Anexos
ANEXOS I. Lista de quadros Quadro 1. Sexo dos chefes dos agregados Válido
Masculino Feminino Total
Frequência
Percentagem
Percentagem válida
Percentagem acumulativa
337 163 500
67,4 32,6 100,0
67,4 32,6 100,0
67,4 100,0
Frequência
Percentagem
Percentagem válida
1551 1723 3274
47,4 52,6 100,0
47,4 52,6 100,0
Quadro 2. Sexo dos membros dos agregados Válido
Masculino Feminino Total
Percentagem acumulativa 47,4 100,0
Quadro 3: Despesa média mensal dos agregados inquiridos segundo o nível de instrução
P09‑ Nível de Escolaridade
P12.Qual é a despesa mensal do agregado?
— 68 —
Nenhum Alfabetizado (a) Primário Secundário Formação técnica Superior Outro ND Total
104 491 75 250 107 256 103 577 114 742 132 592 95 556 113 500 110 015
Estudo de caracterização de agregados familiares em Bissau sobre o uso de energias domésticas
Anexos |
Quadro 4: Correlação entre as variáveis ocupação do CAF e a despesa mensal P10. Ocupação Funcionário (a)Público
N
Inferior ou igual à 100.000
N
%
N
%
N
Não trabalha
%
N
Total
%
N
%
95
59
40
70,2
177
73,1
14
100
20
76,9
346
69,2
66
41
17
29,8
63
26
0
0
6
23,1
152
30,4
0
0
0
0
2
0,8
0
0
0
0
2
0,4
161
100
57
100
242
100
14
100
26
100
500
100
P12.Qual é [101.000 à a despesa 500.000] mensal do agregado? Superior a 500,000 Total
%
Trabalhador Trabalhador Desempregado (a) por conta (a) por conta (a) de outrem propria
Quadro 5. Correlação entre as variáveis despesa mensal e o grupo étnico do CAF P03. Grupo étnico
P12.Quanto é a despensa mensal Inferior Superior [101.000 à ou igual à a 500.000 500.000] 100.000
Balanta
Total
Beafada
Crioulo
Fula
Mancanha Mandinga Manjaco
Papel
Outro
Total
N
%
N
%
N
%
N
%
N
%
N
%
N
%
N
%
N
%
N
%
82
77
15
58
16
44
50
76
31
64,6
42
76,4
33
69
60
71
17
57
346
69
24
23
11
42
20
56
16
24
17
35,4
12
21,8
15
31
25
29
12
40
152
30
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
1
1,8
0
0
0
0
1
3,3
2
0,4
106 100 26 100 36 100 66 100 48 100 55 100 480 100 85 100 30 100 500 100 — 69 —
Projecto de desenvolvimento de energias domésticas sustentáveis na cidade de Bissau Energy/2017/392-854
| Anexos
Quadro 6. Correlação entre as variáveis Grupo étnico e se geralmente prepara todas as refeições em casa P15. Geralmene prepara todas as refeições em casa?
P03. Grupo étnico Balanta
Beafada
Crioulo
N
%
N
N
Sim
18
17
5
Não
88
83
Total 106 100
%
N
N
22,9
16
29,1
14 29,2 26 30,6 11 36,7 146 29,2
21 80,8 15 41,7 42 63,6
37
77,1
39
70,9
34 70,8 59 69,4 19 63,3 364 70,8
26
48
100
55
100
48
85
100
30
%
100 500 100
Quadro 7. Alguma vez teve acidente durante a preparação das refeições Frequência
Percentagem
Percentagem válida
Percentagem acumulativa
Sim
126
25,2
25,2
25,2
Não
365
73
73
98,2
9
1,8
1,8
100
500
100
100
Válido
Não responde Total
Quadro 8. A confecção de alimentos provoca problemas de saúde? Frequência
Percentagem
Percentagem válida
Percentagem acumulativa
Sim
192
38,4
38,4
38,4
Não
291
58,2
58,2
96,6
Não responde
17
3,4
3,4
100,0
Total
500
100,0
100,0
Válido
— 70 —
%
11
100
%
N
19,5 21 58,3 24 36,4
100
%
Total
%
66
N
Outro
N
100
%
Papel
%
36
N
Mancanha Mandinga Manjaco N
100
%
Fula
Estudo de caracterização de agregados familiares em Bissau sobre o uso de energias domésticas
Anexos |
Quadro 9. Tem ideia se o fumo provoca doença? Frequência
Percentagem
Percentagem válida
Percentagem acumulativa
Sim
475
95,0
95,0
95,0
Não
22
4,4
4,4
99,4
Não sabe/ Não responde
3
0,6
0,6
100,0
500
100,0
100,0
Frequência
Percentagem
Percentagem válida
Percentagem acumulativa
Respiratório/Tosse
454
90,8
90,8
90,8
Vista
32
6,4
6,4
97,2
Outra
14
2,8
2,8
100,0
Total
500
100,0
100,0
Válido
Total
Quadro 10. Se sim, que tipo de doença?
Válido
Quadro 11. Correlação entre as variáveis ocupação do CAF e as fontes de energia utilizadas na preparação de alimentos Carvão % N
Fontes de Energia Lenha Apara Gás % N % N % N
%
Funcionário (a) Público
26
32,9
11
24,4
0
0,0
44,0
70
38,4
Trabalhador (a) por conta de outrém
4
5,1
5
11,1
0
0,0
4,0
10
8,0
Trabalhador (a) própria
28
35,4
12
26,7
1
50,0
33
44,0
74
41,6
Desempregado (a)
10
12,7
2
4,4
0
0,0
1
4,0
13
4,8
Não trabalha
11
13,9
15
33,3
1
50,0
1
4,0
28
7,2
Total
79
100,0
45
100,0
2
100,0
69
100,0
195
100,0
Ocupação do CAF
N
33 1
Total
— 71 —
Projecto de desenvolvimento de energias domésticas sustentáveis na cidade de Bissau Energy/2017/392-854
| Anexos
Quadro 12. Correlação entre as variáveis ocupação do CAF e as fontes de energia utilizada na preparação de alimentos Bairro de Residência Bairro Cuntum Madina Bairro de Ajuda 1.ª fase Bairro de Ajuda 2.ª fase Bairro de ANTULABONO Bairro de BANDIM 1 Bairro de BANDIM 2 Bairro de BELÉM Bairro de BRA Bairro de CALEQUIR Bairro de CUNTUN Bairro de CUPRLÃO DE BAIXO Bairro de DJOGORO Bairro de FELEFE Bairro de HAFIA Bairro de LUANDA Bairro de MASSA COBRA Bairro de MEDINA Bairro de MINDARA Bairro de MISSIRA Bairro de PLACK 2 Bairro de PSSAQUE Bairro de QUELELE Bairro de SANTALUZIA Bairro de SÃO PAULO Bairro de TCHADA Bairro de VARELA Bairro de SETEMBRO Bairro de MILITAR Bairro de PLUBA DE BAIXO Bairro de PLUBA DE CIMA TOTAL — 72 —
Lenha
Fontes de Energia Apara N %
Carvão N %
Gás
Total
N
%
N
%
N
%
15 2 1 3 2 0 2 5 1 6 0 1 1 5 0 0 1 1 1 10 0 6 3 3 0 1 1 7 0 1
19,0 2,5 1,3 3,8 2,5 0,0 2,5 6,3 1,3 7,6 0,0 1,3 1,3 6,3 0,0 0,0 1,3 1,3 1,3 12,7 0,0 7,6 3,8 3,8 0,0 1,3 1,3 8,9 0,0 1,3
12 0 0 1 13 13 0 0 0 3 0 0 0 0 0 0 1 0 1 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0
26,7 0,0 0,0 2,2 28,9 28,9 0,0 0,0 0,0 6,7 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 2,2 0,0 2,2 0,0 2,2 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0
1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
50,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 50,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0
0 22 18 5 2 2 0 0 2 1 3 0 0 0 1 1 0 0 0 0 0 2 1 0 2 0 3 3 1 0
0,0 31,9 26,1 7,2 2,9 2,9 0,0 0,0 2,9 1,4 4,3 0,0 0,0 0,0 1,4 1,4 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 2,9 1,4 0,0 2,9 0,0 4,3 4,3 1,4 0,0
28 24 19 9 17 15 2 5 3 10 3 1 1 6 1 1 2 1 2 10 1 8 4 3 2 1 4 10 1 1
14,4 12,0 9,7 4,6 8,7 7,7 1,0 2,6 1,5 5,1 1,5 0,5 0,5 3,1 0,5 0,5 1,0 0,5 1,5 5,1 0,05 4,1 2,1 1,5 1,0 0,5 2,1 5,1 0,5 0,5
79
100
45
100
2
100
69
100
195
100
Estudo de caracterização de agregados familiares em Bissau sobre o uso de energias domésticas
Anexos |
Quadro 13. Como costuma adquirir as fontes de energia? Válido
Comprada Colectada Total
Frequência
Percentagem
Percentagem válida
586 22 606
96,4 3,6 100,0
96,2 3,6 100,0
Percentagem acumulativa 96,2 99,8
Quadro 14. Onde as costuma adquirir /recolher? Frequência
Percentagem
32 505 20 49 606
5,3 83,3 3,3 8,1 100,0
Na floresta Nos intermediários/ comerciantes Empresas distribuidoras Outros Total
Percentagem válida 5,1 83,3 3,3 8,1 100,0
Percentagem acumulativa 5,3 88,6 91,9 100,0
Quadro 15.Variações de pesos (kg) de saquinhos de 100 FCFA de carvão nos bairros de Bissau e Mansoa Bairros Reino Gã‑Beafada Cupelon de Cima e Baixo Bandim 1 Antula Bono Missira Cuntum Madina Bairro Militar Plak 2 Mansoa
Saquinho 1
Saquinho 2
Saquinho 3
Saquinho 4
Saquinho 5
0,55 kg 0,43 kg 0,53 kg 0,52 kg 0,47 kg 0,66 kg 0,55 kg 0,58 kg 1,32 kg
0,49 kg 0,57 kg 0,64 kg 0,54 kg 0,5 kg 0,72 kg 0,54 kg 0,52 kg 1,49 kg
0,56 kg 0,67 kg 0,74 kg 0,6 kg 0,48 kg 0,6 kg 0,57 kg 0,52 kg 1,12 kg
0,43 kg 0,6 kg 0,73 kg 0,63 kg 0,41 kg 0,62 kg 0,52 kg 0,52 kg 0,94 kg
0,43 kg 0,67 kg 0,77 kg 0,61 kg 0,55 kg 0,64 kg 0,57 kg 0,55 kg 1,35 kg
Peso total 2,46 kg 2,94 kg 3,41 kg 2,9 kg 2,41 kg 3,24 kg 2,75 kg 2,69 kg 6,22 kg
Quadro 16. O preço das energias utilizadas tem variado ao longo últimos anos?
Válido
Sim Não Total
Frequência
Percentagem
472 28 500
94,4 5,6 100,0
Percentagem válida 94,4 5,6 100,0
Percentagem acumulativa 94,4 100,0 — 73 —
Projecto de desenvolvimento de energias domésticas sustentáveis na cidade de Bissau Energy/2017/392-854
| Anexos
Quadro 17. Quanto é que custa a botija que habitualmente compra? Frequência
Percentagem
Percentagem válida
Percentagem acumulativa
4000
11
2,2
9,6
9,6
7500
20
4,0
17,5
27,2
8000
6
1,2
5,3
32,5
9000
1
0,2
0,9
33,3
10000
1
0,2
0,9
34,2
12000
3
0,6
2,6
36,8
12500
2
0,4
1,8
38,6
13000
14
2,8
12,3
50,9
13100
1
0,2
0,9
51,8
13200
4
0,8
3,5
55,3
13500
15
3,0
13,2
68,4
13550
9
1,8
7,9
76,3
13600
1
0,2
0,9
77,2
13800
2
0,4
1,8
78,9
14000
14
2,8
12,3
91,2
14500
4
0,8
3,5
94,7
14550
1
0,2
0,9
95,6
14750
1
0,2
0,9
96,5
15000
2
0,4
1,8
98,2
15700
1
0,2
0,9
99,1
18800
1
0,2
0,9
100,0
Total
114
22,8
100,0
Sistema
386
77,2
500
100,0
Válido
Omisso Total — 74 —
Estudo de caracterização de agregados familiares em Bissau sobre o uso de energias domésticas
Anexos |
Quadro 18. Correlação entre variáveis porquê não usa gás e o grupo étnico
P26 Porquê é que não usa gás?
P03. Grupo étnico
Não tenho fogão É caro Receio de acidente Outro Total
Balanta
Beafada
Crioulo
Fula
Mancanha Mandinga Manjaco
Papel
Outro
Total
N
%
N
%
N
%
N
%
N
%
N
%
N
%
N
%
N
%
N
%
58
67
17
68
6
33
32
60
17
53,1
24
53,3
20
59
51
73
13
59
238
62
21
24
8
32
11
61
17
32
12
37,5
11
24,4
11
32
17
24
7
32
115
30
2
2,3
0
0
0
0
1
1,9
1
3,1
2
4,4
1
2,9
1
1,4
0
0
8
2,1
6
6,9
0
0
1
5,6
3
5,7
2
6,3
8
17,8
2
5,9
1
1,4
2
9,1
25
6,5
87
100
25
100
18
100
53
100
32
100
45
100
34
100
70
100
22
100 386 100
Quadro 19. Correlação entre as variáveis porquê não usa gás e a religião P26. Porquê é que não usa gás?
Animista
Muçulmana
P05 ‑ Religião Cristã Cristã Católica Evangelista N % N %
N
%
N
%
Outra
Total
N
%
N
%
Não tenho fogão
42
70,0
82
61,2
89
59,3
25
62,5
0
0,0
238
61,7
É caro
12
20,0
40
29,9
50
33,3
11
27,5
2
100,0
115
29,8
Receio de acidente
1
1,7
2
1,5
4
2,7
1
2,5
0
0,0
8
2,1
Outro
5
8,3
10
7,5
7
4,7
3
7,5
0
0,0
25
6,5
Total
60
40
100,0
2
100,0 134 100,0 150 100,0
100,0 386 100,0
Quadro 20: Sabe quanto custa uma botija de gás? Frequência
Percentagem
Percentagem válida
Percentagem acumulativa
Sim
177
35,4
35,4
35,4
Não Não sabe/Não responde Total
296
59,2
59,2
94,6
27
5,4
5,4
100,0
500
100,0
100,0
Válido
— 75 —
Projecto de desenvolvimento de energias domésticas sustentáveis na cidade de Bissau Energy/2017/392-854
| Anexos
Quadro 21. Se sim, quanto? Frequência
Percentagem
Percentagem válida
Percentagem acumulativa
1000 3000 3500 4000 4500 5000 6000 7500 9000 10000 11000 12000 12500 13000 13100 13200 13300 13500 13550 13600 13750 13800 14000 14500 14550 14750 15000 15700 16750 17000 18000 25000
1 3 2 6 1 1 1 14 1 2 1 6 3 33 1 3 2 30 15 1 1 3 20 4 1 1 4 1 1 1 10 3
0,2 0,6 0,4 1,2 0,2 0,2 0,2 2,8 0,2 0,4 0,2 1,2 0,6 6,6 0,2 0,6 0,4 6,0 3,0 0,2 0,2 0,6 4,0 0,8 0,2 0,2 0,8 0,2 0,2 0,2 2,0 0,6
0,6 1,7 1,1 3,4 0,6 0,6 0,6 7,9 0,6 1,1 0,6 3,4 1,7 18,6 0,6 1,7 1,1 16,9 8,5 0,6 0,6 1,7 11,3 2,3 0,6 0,6 2,3 0,6 0,6 0,6 5,6 1,7
0,6 2,3 3,4 6,8 7,3 7,9 8,5 16,4 16,9 18,1 18,6 22,0 23,7 42,4 42,9 44,6 45,8 62,7 71,2 71,8 72,3 74,0 85,3 87,6 88,1 88,7 91,0 91,5 92,1 92,7 98,3 100,0
Total Sistema
177 323 500
35,4 64,6 100,0
100,0
Válido
Omisso
— 76 —
Total
Estudo de caracterização de agregados familiares em Bissau sobre o uso de energias domésticas
Anexos |
Quadro 22: Quanto poderia pagar por uma botija de gás? Frequência
Válido
Omisso Total
Percentagem
Percentagem acumulativa
Percentagem válida
1350 2000 2500 3000 3500 4000 4500 5000 5500 6000 6500 7000 7500 8000 8500 9000 10000 12000 12500 13000 14000 15000 16000 18000 18100 20000 27000 30000 40000 70000 75000
1 26 8 31 2 40 3 105 4 28 1 30 25 13 1 7 75 7 2 8 8 8 4 3 1 3 1 1 2 5 2
0,2 5,2 1,6 6,2 0,4 8,0 0,6 21,0 0,8 5,6 0,2 6,0 5,0 2,6 0,2 1,4 15,0 1,4 0,4 1,6 1,6 1,6 0,8 0,6 0,2 0,6 0,2 0,2 0,4 1,0 0,4
0,2 5,7 1,8 6,8 0,4 8,8 0,7 23,1 0,9 6,2 0,2 6,6 5,5 2,9 0,2 1,5 16,5 1,5 0,4 1,8 1,8 1,8 0,9 0,7 0,2 0,7 0,2 0,2 0,4 1,1 0,4
Total
455
91,0
100,0
Sistema
45
9,0
500
100,0
0,2 5,9 7,7 14,5 14,9 23,7 24,4 47,5 48,4 54,5 54,7 61,3 66,8 69,7 69,9 71,4 87,9 89,5 89,9 91,6 93,4 95,2 96,0 96,7 96,9 97,6 97,8 98,0 98,5 99,6 100,0
— 77 —
Projecto de desenvolvimento de energias domésticas sustentáveis na cidade de Bissau Energy/2017/392-854
| Anexos
Quadro 23: É cliente de alguma empresa distribuidora?
Frequência
Válido
Percentagem
Percentagem acumulativa
Percentagem válida
Sim Não
86
17,2
17,2
17,2
414
82,8
82,8
100,0
Total
500
100,0
100,0
Quadro 24: Se responder sim, qual?
Válido
Frequência
Percentagem
Percentagem válida
Percentagem acumulativa
COMERCIANTES ESTAÇÃO COMERCIAIS FEIRA INTERMEDIÁRIO E COMERCIANTE INTERMEDIÁRIO‑COMERCIANTE NA FERRA DE BANDIM PETRO GÁS PETRODIS PETROMAR
414
82,8
82,8
82,8
1
0,2
0,2
83,0
1
0,2
0,2
83,2
1
0,2
0,2
83,4
1
0,2
0,2
83,6
1
0,2
0,2
83,8
1
0,2
0,2
84,0
1
0,2
0,2
84,2
6
1,2
1,2
85,4
73
14,6
14,6
100,0
Total
500
100,0
100,0
Quadro 25: Está satisfeito com o serviço prestado?
Sim Não
71 15
14,2 3,0
Percentagem válida 82,6 17,4
Total
86
17,2
100,0
414
82,8
500
100,0
Válido Omisso Total — 78 —
Frequência
Sistema
Percentagem
Percentagem acumulativa 82,6 100,0
Anexos |
Estudo de caracterização de agregados familiares em Bissau sobre o uso de energias domésticas
II . Instrumentos de recolha de informações 1.Guião de Entrevista de Instituições Estatais 1. Caracterização da instituição (Tipo de instituição, função do entrevistado, há quanto tempo exerce essa função, idade, nível de instrução)? 2. Que políticas o Estado tem adoptado no domínio das energias renováveis? 3. Existem políticas sub‑regionais, no âmbito da UEMOA e da CEDEAO nesse domínio? 4. Como classifica essas políticas e como a Guiné‑Bissau se revê nas mesmas? 5. O que pensa que poderá ser feito para melhorar a adesão dos agregados familiares em relação ao uso do gás na preparação de alimentos? 6. A que tipo de impostos e taxas o gás está sujeito na Guiné‑Bissau? 7. Que empresas têm licença para a comercialização e a distribuição do gás no país? 8. Qual é fonte de energia utilizada pelos agregados na capital na preparação de alimentos? 9. Qual é volume de carvão e lenha utilizado pelos agregados na capital? 10. Como são contabilizados o carvão e a lenha que entram na capital? 11. O que o Estado está a fazer no domínio da florestação para evitar a degradação dos eco-sistemas florestais? 12. Na sua opinião o que poderia ser feito para melhorar a fileira de carvão e lenha? 13. Como pensa que poderão ser enquadrados os actores que trabalham na fileira do carvão e da lenha por forma a diminuir a pressão sobre a floresta?
2. Guião de entrevistas de empresas distribuidoras/comerciantes 1. Tipo de empresa distribuidora/perfil do comerciante? 2. Quantas estações de distribuição a sua empresa possui ou estabelecimentos de venda? 2. Quantos funcionários trabalham na empresa/ estabelecimento? 3. Da onde é importado o gás, que tipo e se a empresa vende acessórios para o fogão a gás? 4. Que tipo de cliente recebe habitualmente? 5. Qual é o volume dos negócios/quantas botijas são vendidas por mês? 6. Que tamanho de botija é mais vendido? 7. Como é organizado o serviço de venda e pós-venda? 8. Existem outras empresas distribuidoras no sector e quais?
— 79 —
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| Anexos
9. Qual é o perfil dessas empresas? 10. Regista‑se a concorrência nesse sector? 11. Como qualifica o grau da concorrência existente? 12. O que está a fazer para melhorar e expandir o seu negócio? 13. Que meio de informação utiliza para fazer chegar aos clientes informações sobre o gás? 14. Que estratégia utiliza para incentivar a utilização do gás? 15. Quais são as dificuldades registadas pela empresa na importação e comercialização do gás? 16. O preço praticado pela sua empresa é diferente do que é praticado a nível da sub‑região? 17. O que a sua empresa está a fazer para melhorar a distribuição do gás na cidade de Bissau? 18. O que gostaria que o Estado estado fizesse para melhorar a distribuição do gás na cidade de Bissau? 19. Na sua percepção de que forma a utilização do gás pode contribuir para a diminuição do uso do carvão e da lenha?
3. Guião de grupos focais de discussões 1. Identificação (código) dos elementos que compõem o grupo focal (Idade, género, nacionalidade, etnia, ocupação, habilitações literárias)? 2. Que fonte de energia utilizam na preparação de alimentos? 3. Qual é a fonte de energia mais rápida na preparação de alimentos e qual é a mais barata? 4. A utilização do carvão e a da lenha provoca doenças? 5. Em caso do uso de carvão ou de lenha, quanto costumam gastar na compra do carvão que seja suficiente para preparar uma refeição do vosso agregado familiar e que tipo de carvão (espécie de árvore) é melhor ou preferível e, porquê? 6. Quais são as informações que têm sobre o uso do gás (Onde o adquirir como o transportar/custos)? 7. Qual é a fonte de informação pela qual obtêm informações sobre o gás? 8. Qual é fonte de informação pela qual gostariam de receber essas informações? 9. Porquê é que não usam gás (mito, falta de meios financeiros)? 10. Há alguma empresa ou comerciante que vende gás no vosso bairro? Estão satisfeitos com o serviço prestado? Que aspectos gostariam que fossem melhorados? 11. Consideram que o fogão a gás é útil para as vossas tarefas? 12. Na vossa percepção que tipo de fogão consideram mais adequado à vossa realidade? — 80 —
Estudo de caracterização de agregados familiares em Bissau sobre o uso de energias domésticas
Anexos |
4 . Questionário Questionário n.º| | | | Nome do(a) Inquiridor (a) , Código: | Nome do(a) Supervisor (a) , Código: | PARTE I – Habitação do agregado Familiar 1. Sector 1.Sector 1 ( ) – 2.Sector 2 ( ) – 3.Sector 3( ) – 4. sector 4 ( 7. sector 7 ( ) – 8.Sector 8( ) 2. Nome do Bairro :
|. |.
) – 5. sector 5(___) – 6.Sector 6 (
PARTE II – Características sócio-demográficas do chefe do agregado 3. Grupo étnico 1. Balanta ( ) – 2. Beafada ( ) – 3. Crioulo ( ) – 4.Fula ( ) – 5. Mancanha ( 7. Manjaco ( ) 8. Papel ( ) ‑9. Outro ( ) Especifique
)
) ‑ 6. Mandiga (
)
4. Nacionalidade 1. Bissau‑Guineense ( ) – 2. Conacri-Guineense ( ) – 3. Senegalesa – ( ) – 4. Mauritaniana( ) 5. Gambiana ( ) – 6. Outra da CEDEAO ( ) – 7. Outra Africana ( ) – 8. Portuguesa ( ) – 9.Outra ( ) Especifique 5 ‑ Religião 1. Animista ( ) – 2. Muçulmana ( ) – 3. Cristã Católica ( ) 4. Cristã Evangélica ( ) – 5. Outra Especifique 6 ‑ Sexo 1. Masculino ( 7 – Idade
|
) – 2. Feminino ( |
)
|
8 ‑ Estado Civil 1. Solteiro (a) ( ) – 2. Casado (a) (
) – 3. Viúvo (a) (
) – 4. Separado (a) (
) 5. Divorciado (a) (
). — 81 —
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9‑ Nível de Escolaridade 1. Nenhum ( ) – 2.Alfabetizado ( ) – 3. Ensino primário ( ) 4. Ensino secundário ( ) – 5. Formação técnica ( ) – 6. Superior (
) ‑7. Outro
10. Ocupação 1. Funcionário público ( ) – 2. Trabalhador por conta de outrem – 3.Trabalhador por conta própria ( 4.Desempregado ( ) – 5. Não trabalha ( )
| Anexos
. )
11. Perfil do agregado familiar N.º
11 a) Sexo (1. M; 2. F)
11 b) Idade
11c) Relação com o CAF
11d) Nível de escolaridade
11e) Estatuto em relação ao trabalho
11J) Qual é o 11F)Tem seu rendimento Rendimento? mensal? (1. Sim; 2. Não) (FCFA)
11.5 Relação com o CAF 1. CAF; 2. Conjugue ; 3.Filho; 4. Filha ; 5.Sobrinho; 6.Sobrinha; 7. Pãe; 8.Mãe; 9.Outro parentes; 10. Outro não parente. Especifique 11.6 Nível de escolaridade 1. Nenhum; 2.Alfabetizado; 3. Ensino primário; 4. Ensino secundário; 5. Formação técnica; 6. Superior; 7. Outro (especificar) — 82 —
Anexos |
Estudo de caracterização de agregados familiares em Bissau sobre o uso de energias domésticas
11.7 Estatuto em relação ao trabalho 1.Estudante; 2. Funcionário público; 3. Trabalhador por conta própria; Trabalhador por conta de outrem; 4. Desempregado; 5. Não trabalha 12.Qual é a despesa mensal do agregado?
(Estimativa do montante total que o vosso agregado gasta em média por mês)
Parte III‑ Hábitos na cozinha 13. Quem cozinha em casa 1. Marido ( ) – 2. Esposa – 3. Filha(s) ( ) – 4.Filho(s) – 5. Sobrinha(s) ( ) – 6.Sobrinho(s) 7. Empregado(a) ( ) – 8.Outro( ) Especifique 14. Quem costuma ir ao mercado fazer as compras? 1. Marido ( ) – 2. Esposa – 3. Filha(s) ( ) – 4.Filho(s) – 5. Sobrinha(s) ( ) – 6.Sobrinho(s) 7. Empregado (a) (V) – 8. Outro( ) Especifique 15. Geralmente prepara todas as refeições em casa? 1. Sim ( ) – 2. Não ( ) – 3. Não sabe/Não responde (Quem responder sim ir para Q.16)
15a) Se responder não, quais é que prepara ? a. Pequeno almoço ( ) – b. Almoço ( ) – c. Lanche (
) – d. Jantar (
)
15 b) Porque razão não prepara todas as refeições 1.Falta de dinheiro ( ) ‑2. Falta de tempo ( ) ‑3. Hábitos culturais ( ) – 4. Outra ( ) Especifique 16. Onde são preparadas as refeições 1. Ao ar livre ( ) – 2. Na varanda – 3. Numa cozinha (
) — 83 —
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17. Quanto tempo demora a preparar as refeições?
H
| Anexos
mn
18. Alguma vez teve acidente durante a preparação das refeições 1. Sim ( )‑ 2. Não ( ) – 3. Não responde ( ) (Se responder Não ou Não responde ir para Q. 19)
18 a) Se responder sim quantas vezes 1. Uma vez ( ) ‑2. Duas vezes ( ) ‑3. Três vezes ( 18 b) De que acidente se tratou
) – 4. Quatro e mais (
)
19. A confecção de alimentos provoca problemas de saúde? 1.Sim ( ) – 2. Não ( ) – 3. Não responde/Não sabe ( ) (Se responder Não ou Não responde / Não sabe ir para Q. 20)
19.a) Se responder sim quais?
Parte IV – Experiência do agregado no uso do gás 20. Usa o gás no seu agregado? 1.Sim ( ) – 2. Não ( ) (Se responder Não ir para questão 26 )
21. Onde o adquire habitualmente? 1. Estações de combustíveis ( ) – 2. Estabelecimentos dos intermediários/comerciantes ( 3.Senegal ( ) 4. Outros ( ) Especifique: 22. Geralmente que tamanho de botija utiliza? 1. 3 kg ( ) – 2. 6 Kg ( ) – 3. 13 kg ( ) 23. Quanto é que custa a botija que habitualmente compra?
24. Quem financia a compra do gás? 1. Marido ( ) – 2. Esposa ( ) – 3. Filha ( ) – 4.Filho ( )‑ 5. Sobrinha (V) – 6. Sobrinho – 7. Outro ( ) Especifique: — 84 —
)
Estudo de caracterização de agregados familiares em Bissau sobre o uso de energias domésticas
Anexos |
25. Quem costuma transportar as botijas compradas? 1. Qualquer membro do agregado ( ) – 2. Empresas distribuidoras ( ) – 3. Intermediários/comerciantes ( ) – 4. Outro ( ) Especifique 26. Porquê é que não usa gás? 1. Não tenho o fogão ( ) – 2. É caro ( ) – 3. Receio de acidente ( ) – 4.outro ( ) Especifique 27. Sabe quanto custa uma botija de gás? 1. Sim – 2. Não – 3. Não sabe /Não responde (Se responder Não sabe/Não responde ir para Q. 28)
27a) Se sim quanto
28. Quanto poderia pagar por uma botija de gás?
FCFA
29. Qual é outra utilização que se pode dar ao gás? Parte V – Experiência com as empresas distribuidoras do gás 30. É cliente de alguma empresa distribuidora 1. Sim ( ) – 2. – Não ( ) (Ser responder Não ir para Q 32)
30a) Se responder sim, qual
30b) Que produtos costuma comprar 1. Gás ( ) – 2. Redutor ( ) – 3. Fogão ( ) – 4. Tubo ( ) 5. Outro ( ) Especifique 31. Está satisfeito com o serviço prestado? 1. Sim ( ) – 2. – Não ( ) — 85 —
Fontes de energia Carvão
Lenha
Apara
Gás
Electricidade
Petróleo/Querosene
Outro
— 86 —
40.Como transporta essa fonte de Energia? 1.Carrinho de mão; | Bicicleta; | 2.Carro; | 3.Motorizada; 4. A pé
39. A que distância vai buscar essa fonte de energia? (em metros/km)
38.Quantas vezes? 1.Diário | 2.Semanal | 3. Quinzenal | 4. Mensal
37.Quem na família exerce essa tarefa? 1.Marido | 2.Esposa| 3.Filha | 4.Filho| 5.Sobrinho| 6.Sobrinha 7.Empregada | 8.Outra
36.Quanto tempo gasta para o adquirir? (minutos/horas)
35.Quanto é que mensalmente gasta em dinheiro por cada tipo de energia utilizada? (Em FCFA)
34.Quanto é que mensalmente consome por cada tipo de energia utilizada? 1.saco | 2“monto” | 3.maradura| 4.Botija de gás | 5.kw | 6.litros
31.b) Se não, porquê?
33.Onde as costuma adquirir /recolher? 1.Na floresta| 2. Nos Intermediários | /comerciantes 3.Empresas distribuidoras | 4.Outro
32.Como costuma adquirir as fontes de energia? 1‑ Comprada | 2.Colectada
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31. a) Se sim, como qualifica o seu grau de satisfação? 1. Baixo ( ) – 2. Médio ( ) – 3. Alto
Parte VI – Consumo de energia pelo agregado/Tipo de energia utilizada
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Anexos |
41. O que gosta na utilização do carvão e da lenha 1.Mais Barato ( ) – 2. Mais seguro ( ) – 3. Mais disponível ( 42. O que não gosta na utilização do carvão e da lenha 1. Fumaça ( ) – 2. Sujidade ( ) – 3. Estilhaço ( )‑ 4. Outro (
) ) Especifique
43. O preço das energias utilizadas tem variado ao longo dos últimos anos? 1. Sim ( ) – 2. Não ‑ ( ) 3. Não sabe ( ) 43a) Se sim, como classifica essa variação? 1.É mais barato ( ) 2. É mais caro ( ) Parte VII ‑Utilização do Fogão 44. Possui algum fogão? 1. Sim ( ) – 2.Não ( ) (Se Não ir para Q. 50) 45. Que tipo de fogão possui 1. Tradicional ( ) – 2. Fogão melhorado ( ) – 3. Eléctrico ( ) – 4. Gás GPL (V) 5. Petróleo/Querosene (___) – 7. Outro Especifique 46. Que idade tem o fogão
47. Em que condição se encontra? 1. Boa ( ) – 2. Média ( ) – 3. Má ( 48. Quantos queimadores possui
)
49. O fogão é utilizado para outros fins: 1. Sim ( ) 2. Não ( ) 3. Não sabe ( ) 50. Quem decide sobre a compra do fogão 1. Marido ( ) – 2. Esposa ( ) – 3. Filho ( ) – 4. Filha ( ) – 4. Sobrinho ( ) – 5. Sobrinha ( ) 5. Outro ( ) Especifique — 87 —
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| Anexos
51. O que considera de mais positivo na utilização de um fogão a gás? 1. Rapidez ( ) 2. Higiene ( ) 3. Não prejudica a saúde ( ) – 4. Outra Especifique PARTE VIII – Estado de saúde do agregado familiar 52. Durante o último ano alguém no seu agregado esteve doente? 1. Sim ( ) – 2.Não ( ) – 3. Não responde/Não sabe ( ) (Se responder Não ou Não Sabe/ Não responde ir para Q.54)
53b) Que tipo de doença?
53 a) Se sim quem?
1. Respiratória/Tosse 2. Vista 3. Queimadura 4. Outra (Especificar)
53c) O que lhe parece ter provocado essa doença? 1.Uso da lenha 2. Uso do Carvão 3.uso do gás 4.uso de apara 5.Uso de petróleo/querosene 6.Uso da electricidade 7. Não sabe
53d) Quantas vezes 1.Uma 2.Duas 3. Três 4. Quatro 5.Não sabe
Marido Esposa Filho Filha Sobrinho Sobrinha Outro ___________
54.Tem ideia se o fumo provoca doença 1.Sim ( ) – 2. Não ( ) – 3. Não sabe/Não responde (
)
54 a) Se sim que tipo de doença 1. Respiratória/Tosse ( ) – 2. Vista ( ) – 3. Outra ( ) Especifique
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Anexos |
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PARTE IX – Fontes de Informação 55. Qual é o meio de comunicação pelo qual recebe informações sobre o gás? 1. Jornais ( ) 2. Rádio ( ) 3. Televisão ( ) 4. Internet ( ) – 5. Vizinhos e/ou familiares ( 56. Qual é o meio de comunicação pelo qual gostaria de receber essas informações? 1. Jornais ( ) 2. Rádio ( ) 3. Televisão ( ) 4. Internet ( ) 5. vizinhos e/ou familiares (
) )
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Projecto: Energy/2017/392-854
Projecto: Energy/2017/392-854
Este estudo foi financiado pela União Europeia Parceiros:
UNIÃO EUROPEIA
CÂMARA MUNICIPAL DE BISSAU