Desertificação + capa

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Desertificação – Março 2012

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Processo de desertificação pode se tornar irreversível Estudos efetuados mostram que cerca de 36% do nosso país está em risco de desertificação, encontrando-se já 28% destes terrenos afetados significativamente por este fenómeno.

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Desertificação é o processo de degradação da terra arável, da vegetação e da fauna. Este fenômeno caracteriza-se principalmente pela ausência, escassez e má distribuição das precipitações pluviométricas. Igualmente se pensa que a seca é a principal característica de tal fenômeno. Todavia, há que realçar que seca e desertificação são fenômenos diferentes. O primeiro tem sua gênese em causas naturais, já o segundo, numa conjunção de causas naturais e antropogénicas. A desertificação não se explica só por fatores físicos. Os problemas socioeconómicos, que afastam as pessoas do interior para as cidades do litoral, deixam as terras ao abandono e indefesas perante os incêndios que devoram centenas de hectares e provocam forte erosão nos solos.

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egundo a Convenção das Nações Unidas de Combate à Desertificação, a desertificação tratase da degradação da terra nas regiões sobretudo áridas, semiáridas e subúmidas secas como consequência de vários fatores, resultantes das variações climáticas e das atividades humanas. São consideradas áreas suscetíveis aquelas com índice de aridez entre 0,05 e 0,65. O risco de desertificação atinge 33% da superfície terrestre, envolvendo uma população de 2,6 biliões de pessoas. O vocábulo desertificação tem sido por diversas vezes utilizado para caraterizar a perda da capacidade produtiva dos ecossistemas devido a atividade humana, às condições ambientais e as atividades económicas desenvolvidas. O processo de desertificação é pouco percetível a curto prazo, ou seja, as mutações do espaço demoram determinado tempo a serem notáveis. Este processo origina também a erosão genética da fauna e flora existente nestas aéreas, levando à extinção de espécies e proliferação de outras. Em determinados lugares, o solo começa a ficar cada vez mais estéril pois, sem vegetação, as chuvas vão sendo poucas, o solo vai ficando árido e sem vida, e a sobrevivência fica muito difícil. Deste modo, os moradores/agricultores acabam por abandonar essas terras procurando, assim, outros lugares para viver, acentuando a perda da produtividade biológica e econômica das terras agrícolas e das áreas de matas nativas derivadas das variabilidades climáticas e das suas atividades.

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Estudos efetuados mostram que cerca de 36% do nosso país está em risco de desertificação, encontrando-se já 28% destes terrenos afetados significativamente por este fenómeno. Temos com exemplo o concelho de Mértola, localizado no extremo sul da região do Baixo Alentejo, onde 47% da sua superfície se encontra num grau elevado de degradação

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observável, sem qualquer análise laboratorial, pois são visíveis as suas enormes áreas rochosas, pouca vegetação e precipitação diminuta.

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ação humana intensifica os processos de

desertificação. As atividades agropecuárias insustentáveis são responsáveis por processos como a salinização de solos. Igualmente a irrigação e o sobrepastoreio conduzem ao esgotamento do solo pela utilização intensiva e insustentável dos recursos hídricos através de procedimentos intensivos e não adaptados às condições ambientais. A inadequação dos sistemas produtivos, ou seja, formas inadequadas de manejo da terra vêm provocar a degradação dos solos, da vegetação e da biodiversidade. O crescimento da população e da densidade populacional contribuem também para a sobrexploração dos recursos naturais, isto é, para o empobrecimento das regiões onde ainda se pratica uma agricultura a base de fertilizantes e sob a pressão de maquinaria pesada, levando à compactação do solo, e a que se tenha de produzir em menos tempo recursos agrícolas em quantidades suficientes para satisfazer as necessidades da população.

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Também os incêndios florestais, muitas vezes causa da desflorestação, e que são uns dos responsáveis pela extinção de milhares de seres vivos, particularmente nas épocas em que se verificam temperaturas mais altas, estão associados ao fenómeno de desertificação. Estes vão contribuir para a intensificação do processo de erosão dos solos.

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Terra torna-se improdutiva e não se tem como plantar nenhum outro tipo de plantação. Um dos grandes problemas que contribui para o desenvolvimento do processo de desertificação do solo, é a poluição, mais especificamente a poluição das águas e a poluição dos solos. Estes dois tipos de poluição vão contribuir para a desfertilização do solo, bem como para a saturação destes. A deposição e infiltração no solo ou no subsolo de substâncias ou produtos poluentes vão proporcionar a contaminação do solo com metano e dióxido de carbono e estes, por sua vez, vão acelerar a perda das funções e qualidades da terra. Vão contribuir também, para a alteração da tipografia e para a perda da fauna e da flora. Relativamente à poluição das águas, as mesmas estão a sofrer alterações na sua qualidade à superfície e em correntes, que depois vão formar lamas de esgotos (rios de cor barrenta), por exemplo. Em Portugal, na província alentejana, para combater a falta de pluviosidade, foi construída a barragem do Alqueva, de modo a criar o maior lago artificial da Europa. Já no Algarve, devido aos campos de golfe e outras infraestruturas turísticas, como os hotéis que geralmente possuem grandes piscinas, o governo português implementou algumas políticas de modo a restringir o uso da água para poderem ser devidamente utilizadas nas atividades agrícolas, visto que a água se torna cada vez mais um bem raro e que se não for direcionada para o que é necessário, levará não só à desertificação das terras, como também ao despovoamento destas. Nas últimas décadas, vem ocorrendo um significativo aumento do processo de desertificação no mundo.. Para além destas consequências, há ainda a diminuição da disponibilidade eletiva de recursos hídricos devido ao assoreamento de rios e reservatórios como também o aumento dos períodos de secas por incapacidade de retenção de água dos solos.

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Não obstante, de existir um plano nacional de combate a desertificação, elaborado após a assinatura da convenção de combate à desertificação e à Seca das Nações Unidas, há uma dificuldade em desenvolver ações de combate e mitigação da desertificação física do território, pois "em alguns locais escasseiam já os destinatários para as iniciativas." Um exemplo concreto é o concelho de Mação, no centro do País, cuja sede está ironicamente

situada a escassos 10 quilómetros de uma autoestrada.

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As principais áreas atingidas são: oeste da América do Sul, oriente Médio, sul da África, noroeste da China, sudoeste dos Estados Unidos, Austrália e sul da Ásia. Em África, 200 milhões de pessoas são atingidas pelo processo de desertificação. A degradação varia entre 20% a 50% dos territórios dos vários

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países subsarianos. Na Ásia e na América Latina, são 357 milhões de hectares afetados. Em cada ano que passa, perdese cerca de 2,7 bilhões de toneladas de solo. Nestas regiões, mais concretamente, nas mais pobres do planeta, o processo de desertificação constitui um entrave ao seu desenvolvimento económico e social, pois estas são áreas suscetíveis a um custo de recuperação da área degradada. Também problemas sociais como a migração das populações para os centros urbanos, a pobreza, o desemprego e a violência, geram um desequilíbrio entre as diversas regiões mundiais

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regiões e o descalabro das economias locais. A desertificação é um processo que apesar de não surgir com uma catástrofe, vai aumentando ao longo do tempo. Sendo assim é fundamental tomar

m suma, a desertificação é um processo de degradação que

tem vindo a afetar o nosso planeta. Este é um problema ambiental resultante de vários fatores como as variações climáticas e as atividades humanas que põe em risco não só a biodiversidade, mas a vida da população que reside nestas áreas. Portugal é um dos países europeus com maior risco de desertificação. É necessário investir na reflorestação e manutenção do solo protegido com vegetação durante todo o ano, adequar as culturas ao tipo de solos e ainda, investir na formação da população no que toca às boas práticas agrícolas. É necessário também apostar na redução da utilização de fertilizantes químicos, como também maquinaria pesada na agricultura e reduzir a emissão de gases poluentes, pois são estes que indiretamente são os impulsionadores deste processo, uma vez que são os responsáveis pela variabilidade dos climas mundiais e da redução da precipitação. A desertificação acaba por destruir várias regiões a vários níveis, como é o caso de Portugal continental, onde a fraca produtividade dos campos faz com que a população tenha de se deslocar para outras áreas de residência provocando o despovoamento destas

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Uma das principais consequências é a infertilidade do solo para 1 plantação e a contaminação da água.


consciência, pois este é um problema ambiental prejudicial a longo prazo. Foi estabelecido pelas Nações Unidas em 2006, ano internacional dos desertos e da desertificação, dia 17 de Junho, o dia mundial do combate à desertificação, como uma forma de consciencializar a população para este problema ambiental resultante das atividades humanas

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“Estima-se que, nos próximos 20 anos, mais de metade do território do País corra o risco de ficar deserto e seco. Cerca de um terço do território já se encontra afetado pela desertificação, alerta a Liga para a Proteção da Natureza (LPN).”

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