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PRIMEIRA LUA
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JosĂŠ Rodrigues de Carvalho
PRIMEIRA LUA
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PROJETO GRÁFICO CA?Ú- Sociedade Cultural
CAPA (designe) Tratart
ILUSTRAÇÃO (isogravura) José Rodrigues de Carvalho
PAPEL 75g
Copyright © 2007 – José Rodrigues de Carvalho Direitos exclusivos desta edição reservados à José Rodrigues de Carvalho Contato- Rua Cmdte Vicente de Paula, 172 68553-200 Serrinha - Redenção/Pará E-mail: zecau10@hotmail.com 6
PRIMEIRA LUA
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Ca?ú- Sociedade Cultural Carvalho, José Rodrigues de Primeira Lua: poesia de José Rodrigues de Carvalho/ Apresentação, Milton Pereira Lima – Redenção, 2007
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DEDICATÓRIA
PARA MULHERES E HOMENS: CRIANÇAS, JOVENS, ADULTOS/AS E IDOSOS/AS E ESPECIALMENTE À PRIMEIRA “ARGOLA” DA CORRENTE QUE É A MINHA VIDA, MARIA RODRIGUES DE CARVALHO, MINHA MÃE.
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Pedra sobre pedra, o homem, onde esteve? Ar no ar, o homem, onde esteve? Tempo no tempo, o homem, onde esteve? Foste também o pedacinho partido Do homem inconcluso, de águia vazia Que pelas ruas de hoje, que pelas pegadas, que pelas folhas do outono morto vai remoendo a alma até o túmulo? A pobre mão, o pé, a pobre vida... Os dias de luz desafiada Em ti, como a chuva Sobre as bandeirilhas da festa, Deram pétala por pétala de seu alimento escuro Na boca vazia? PABLO NERUDA
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MINHA GRATIDÃO À todos/as os/as poetas e poetisas pelos versos ditos com tanta alma onde bebi e a sede aumentou levando-me a este prazeroso devaneio que é poesiar. Aos poetas e poetisas Ca?u, pela coragem de reunirse para sonhar/plantar e convidar todo mundo pra colher poesia. A quem no furacão do materialismo e da concorrência tira do bolso $, acreditando em quem só tem sonhos e mística a oferecer, como os/as apoiadores/as da publicação deste trabalho. •Sintepp Sub-Sede Redenção •Art-Exata Informática •S.E.E.D de Redenção •Tratart •Saneágua Cia de Saneamento de Redenção
Aos Estudantes que desafiam a lei da carência e querem saber, fato que me inspira muito. Aos revisores e organizadores do trabalho Alufá Licutã Oxorongá e Milton Pereira Lima. Aos meus familiares por tanto carinho que têm por mim, e em especial Marina, Luiza e Dina que inspiram, compreendem e aceitam essa intra manifestação.
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PROÊMIO luna et homo*
O resultado do pensar, da arte-contemplação, do ego e do outro, conduz ao reflexo de um auto retrato? Qual a face da Primeira Lua? Este breve comentário não se atreve a desvendá-la. A poesia que compõe esta obra, talvez não seja tijolos, partes de uma construção, mas sim de uma desconstrução de prejulgamentos, preconceitos, enfim, de qualquer forma de alienação do pensamento humano. Talvez a Primeira Lua esteja entre nós, ou melhor, dentro de nós. Será que, quando é meio dia não se sente a lua? A arte é resultado de sua influência, assim como toda ação humana durante o existir. A visão e a fala do poeta aqui descritos em prosa e verso são o que constitui the side of black moon; a parte animalis e inteligível do homo. É notável a justa ira no canto de José quando ele narra: Minha poesia vem do meu interno quilombo/É o sumo da uma erva daninha/[...] É o filtro que côa o caldo[...]/ De corpos e mentes. Como a primeira menstruação, tem se um impacto ao ler Primeira Lua. É como se sangue jorrasse entre entranhas. Como em um primeiro amor, não se esquece facilmente. Há em Primeira Lua um mundo de palavras e significados a ser desvendado. No entanto, pode ser que Primeira Lua, seja composto por rebelião, chuvisco, ,in ‘m’ atureza, figura, fragmentos chegadas e encontros; moldura, dor, prece, out put, margem/megram, rebeldia, enfim – de astros – Lua – homens e cidades. Engendram – tudo e o nada – poesia, fraquezas e fortalezas, - vivência existência, o sol e a lua – contemplação, força de regeneração. É como um: Espelho Meu – O tempo me esconde o horizonte/ E a pressa angustia-me pelo/O 15
amanhã cedo/[...]Onde fagulhos de memórias/Por viver ou vividas/São as únicas evidências do que veio e vivi. Primeira Lua, primeiro orgasmo, sinta o êxtase; coma poesia, respire poesia, vista poesia, viva e morra na poesia; mas antes bom apetite, devore a Primeira Lua.
MILTON PEREIRA LIMA Poeta e membro fundador da CA?Ú Sociedade Cultural de Redenção/PA
Inverno de 2007
_______________________ * lua e homem
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SUMÁRIO POR VIR OU DEVIR ? CHUVISCO IN ‘M’ ATUREZA FIGURA FRAGMENTOS CHEGADA E ENCONTRO MOLDURA MARGEM RE – BELA – I – AO O ESTADO DO SER EM SER TORCEDOR QUEM QUISER VIVER... SENSORIAL SÓ HOMENAGEM – I HOMENAGEM – II HOMENAGEM – III DE DENTRO EVASÃO COM/CLU/SÃO O QUE DIZER INFANTO OPINIÃO UMA DICA FRAQUEZAS E FORTALEZAS COMEM’ORAÇÃO SER MULHER ESPELHO MEU A MÃO E O TEMPO A ESPERANÇA DA INVISIBILIDADE CANSAÇO E DOR PRECE OUT PUT 17
MARGEM/MEGRAM MANDADO DE BUSCA E APREENSÃO -----------------------------IMPRESSÃO DE CLASSE NA HORA DE DEUS AMÉM ESTRANHA SENSAÇÃO REBELDIA ID/ENTIDADE ADULTO LAMENTO E AGORA, CRESCEMOS LEANDRO ! ORDEM DOLOR CURVA TEMPORAL/BILHETE A ERMO DIA(AGNÓSTICO)
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POR VIR OU DEVIR ? A fé invalida a cética dúvida A morte invalida a medíocre vida O sonho invalida o atemorizante pesadelo O Sol invalida o atraente sombreado da noite E o tempo ? E o ontem ? E o depois ? Inválidos, porque o passar quis. E o frio invalida o veranesco calor E o opaco invalida a trágica cor O passar por GAIA invalida o entrar no Céu E o estar no Inferno invalida a ressurreição Assim o kharma invalida o dharma Se é que devia...
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CHUVISCO No leito da lama Deito No auge da fama Peco E entre um pingo e outro Zanzo Depois de cada pé Passo De um passamento A outro vendo: Picolé Pão Espetinho Lata Papelão ... e vendo: Sífilis Espermas Gozo Saliva Afago Etc. No âmago da utopia Convalesço.
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IN ‘M’ATUREZA Eis uma ponte entre mim Laço e facão de arremate Sonho de alma em combate Prece corte bioanásia em fim. Rompante da trovoada Luta e penúria a vã Vozes de acalar em sã Braço noite arrematada. Curva de vento a lençol Nuvem rasteira a ventar Cordão náufrago a cantar Restil em flama farol.
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FIGURA Ao atravessar a tristeza Me dei lugar à sombra da saudade E n’uma incomoda fadiga Adormeci e sonhei. Como caldo da escória Ao marejar e morrer Na ingrimetude da alma Escorreguei e caí. Da solidez dos en/cantos Me agarro a fios de medo Fluído como rochas Em ascensão me derreto ao som.
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FRAGMENTOS Onde jaz minha emoção ? Não sinto nada além de lágrimas Ignoro o forte abraço/fim Em frangalhos então os Pedaços da minha emoção Pendurados na cerca de arame farpado Do quintal E meu grito não ultrapassa A fronteira da faringe Risos e medos em mim Desconvivem com sonhos e Sombras da noite, quando A alegria jamais remanescerá Um rosário de emoções Será atirado às chamas Do que no passado pertencia A um telhado de sentimentos Por que tantas tesouras Se não há senso nem Dissenso ou contra senso No nada ?... 23
CHEGADA E ENCONTRO Os antes e os Agoras Dialogam à mesa No café da manhã Frente-a-frente Tomam como lembranças Goladas de futuro e Pretérito E ponderam dizendo: - As nozes, as vozes encontram-se Em porções de dietas regadas a carquejas Os caminhos andados nada são Todo fluxo e êxtase são pegadas Que ao calor e lembranças Dissipam-se “in memorian” Mesmo sempre, agora Deixar é contra e, Ser antes quase redunda Em outrem.
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MOLDURA Meio “pé de serra” Reproduz aplausos Coral dos braços Ecoa
A navegar na jangada A deriva no liberal
Apeando d’uma vida Aprisionada aos dogmas Da noite
Esse homopólis Transita do humo ao céu Em fibras óticas Ou ondas magnéticas
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MARGEM
Na estrada da indigência Pare para tomar milk shake E ouça a sinfonia da loucura Desça da vespa da morte póstuma E acerte o relógio no kiosque burg Tome o cálice doce no balcão funesto Nó de prematuridade na precoce dor E no tom dos cheiros, nos paladares da fome, um cocktail colide No lucro da humanidade uma, e em teles-telas instaladas na órbita da exclusão, termina uma viagem à vida
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RE – BELA – I - ÃO Minha poesia vem do meu interno quilômbo É o sumo de uma erva [daninha Sobrevivente do herbicida racial Não é um lamento de quem o “alvo” Só arrancou dor É o Raío X da entranha/estranha do senhoril [ refeito Construída e erguida Onde eternizamos a noite e a [ sombra É o filtro que côa o caldo Corpudo de corpos e mentes Atrevidas não menos que um tufão [ tropical Meu quilombo vem da poesia hereditária Vomitada e rotulada Sem data ou código de barra 27
De baixo Sob as sinas e dês/tinos É o munturo [ fertilizado Grave Torta/viva/tida E morna Que não é antes nem depois Senão hoje, é [ agora Um afagar sempre novo em [ poesiar
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O ESTADO DO SER EM SER Que ansiedade Olha a noite Veja o dia É um número Canta o jingle É desafio É ousadia Ninguém quer Todos vejam Saiam à rua Ignorem É pedinte tem proposta Tem a tua ? Quem defere Ou indefere Muda o rumo D’uma vida D’uma gente Ta no texto Ta sem prumo Pensando cidadão Corta o tempo Sem a sina Leva o sonho Cava a cova Põe semente Pó cortina Chega antes Perde o dia Pois a esperança não 29
Tem no direito O direito Com peito Com coração Evita direto olhar Os olhos da precisão Estada de agonia Sem véspera Ontem, nem hoje Apenas fôlego Apenas dia
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TORCEDOR Na copa de milhões de torcedores Eu era um esquecido No vestiário da fome Quando o mundo inteiro olhava e vibrava Com o gol Eu fugia do último degrau da Indigência Mesmo assim, fiz da cobertura Televisiva meu cobertor No relento das noites sem intervalos Galguei a cada flash, os infortúnios Da miséria E sem sussurro Gritei, gritei, gritei... Aos ouvidos calados da multidão E aos olhos surdos, no silêncio Do mundo Quero páginas, Quero sonhos e troféus Vejo o título e olho a taça Mas entre os abraços e a copa Há um homem, ... uma sombra.... Um incômodo insistir 31
QUEM QUISER VIVER... Para viver se agarre Aos céus Aos réus Que por ter... Se cole pra viver Se jogue na esteira Da morte E da sorte Pendure-se no Açougue E no trem No penhasco Da vida Se atire ao Acaso E componha As estatísticas A xícara sem cor e asa E ilustre o poente... Pra viver Se transforme em Fogo, água, ar e gente. 32
SENSORIAL Vim-e-vi Sangrado E Ávido De viver qual chão a ermo da pátria apartada da nação órfão e algoz gen inato
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SĂ“
Na oralidade fez-se o enfado Do olhar captou-se o desgosto Em horas a fio a oralidade Submergiu Mentiu falhou condenou em fim: exauriu-se
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HOMENAGEM - I
Janelas que se abrem Janelas que contemplam Esboço que se mostra Desejos fantasias despertadas E se a casa é mobiliada O fogo é alimentado Que cozinha a farinha Que pede o sonhar a mesa Então a gula se compraz Os olhos saboreia o prato A boca saboreia o prato Não há perigos A espada está guardada. Cícero Ferreira/2002
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HOMENAGEM – II Em círculos Arrumais ridículos Plantados calcados Calados abafados
Bocas sedentas Do ler, falar fel Do céu nuvens, anel Da chuva Olhos mudos saudades... Milton Pereira Lima/2002
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HOMENAGEM – III* Os estilhaços Da vidraça do Planalto A revolta do manifestante E o registro fotográfico O inquérito Que vale pra ele E não pros fuzis Da “Curva do S” A sentença A pena que não tem Pena e nem conhece O estimulo que o levou Ao crime mas, Reconhece o público Patrimônio E a infração No entanto, não vê Nem sente Tão pouco cobra O patrimônio público Nas particulares economias ________________ * - Aos manifestantes que externaram suas revoltas contra a ordem burguesa encastelada no Planalto da República, quebrando na pancadaria algumas vitrines vivas ou não do palácio em 2003
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DE DENTRO Queria sussurrar em megafones sem alárido E ao pátrio poder revelar o triunfo dos que se calaram e dos que foram calados Quão do ego apeado estreitar o presente e Terminar no passado E tocar com o eco da Alvorada a muda fonia, úmida e surda agonia calada. 38
EVASÃO No seu olhar de querer Imprime-se o pavor Que no mastigado mordido Degustado e expelido Trafega o pedregoso caminho de sonhos. Em sua fala a cantar Plota-se o silêncio Que os saberes tingidos De normas, descrenças e dor São jarros despedaçados Alcovas luzidas sem cor. O que posso te oferecer ? Minha audácia/rebeldia Ou preguiça e tirania ? Meus orvalhos resumidos Ou meu tempo a encolher ? Aguarde o próximo partir E cultive na agonia Uma semente de esperança Com o olhar no horizonte E na alma os que não te viram.
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CON/CLU/SÃO Estou cego Só vejo a televisão Estou surdo Só ouço a publicidade Quero alguém Que não seja ninguém Estou em fuga/oculto Só disponível na rede Estou por cima Só abaixo de tudo Quero alguém Que não revele outrem Estou a alguns minutos Só chego quando quiser Estou perto do além Só volto quando chegar Quero alguém Que não se ponha refém.
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O QUE DIZER Como não tenho pressa, fico comigo a dizer: - Fosse a vida a foice, e a morte o nascer. O que diriam os incrédulos descrentes porque não vêem ? Eles me apoiariam na dúvida ornamentada flagrada acreditando, ou esperariam por fim o cortejo com a verdade ? Forçar, apressar o fim queixaria-se a alma que tanto esperou o dia e em nada resultou a pressa. Haveria esperança em esperar ?
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INFANTO OPINIÃO Quem não é lixo É lixeiro ? Aquilo ali fora não É gente É lixo É lixeiro ? (Marina, seu primeiro poema quando tinha três aninhos,2003)
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UMA DICA
Nem de medo Nem de rancor Costuramos a ousadia Que a cada contra tempo Reclama da rebeldia Uma ação a fazer De angustia tecemos o amanhecer Que nas auroras Negadas por projéteis Ou indigências Contempla ao Sol a sentença Em páginas descoloridas A força é a pedra Erguida , moldada A papelão, que numa montagem De luxo atrai os holofotes Composto ingrediente Que pauta o noticiário Cardápio caro na mesa Do mandador Conforto de um corpo quieto Numa marquize sem flor.
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FRAQUEZAS E FORTALEZAS
A queda ao inferno É a condição posta para Ruminar meu calvário Nicotina e alcatrão São extratos/nativos/naturais Que aproximam A existência do existir
A ascensão do inferno Pauta o pensar a ruptura Do que é carne ou encanto AmarRado ao outro Que em sã Sensação não Queixa nem Fenece em Daimos 44
COMEM’ORAÇÃO Cortei os punhos da rede E fugi Fechei a porta que no meu imaginário Existia Era o extinto Fugidio da Extinção Só a via pública me Adotaria E um templo financeiro/eterno Financiou a indigência: calorias Com um pé na escuridão Os olhos marejam E o sal da lágrima É doce Depois de correr e tecer O destino Penduro a rede nos galhos da exaustão Da aurora.
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SER MULHER Mulher de luta Luta na vida Vida no mundo Mulher Revolução Mulher coração Mulher mudança Mudada na alma Alma de esperança/dor Filtro da vida Sopro de Amor Mulher competência Ciência/alquimia Criação e criatura Todas as auroras A própria ternura Mulher convergência Cosmo e visão Luz das galáxias/Via Pra ti a eternidade Não apenas um Dia.
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ESPELHO MEU O tempo me esconde o horizonte E a pressa angustia-me pelo O amanhã cedo O viver velho de cada Amanhecer tardio É a esperança de um horizonte de concretude Tênue e gasto Onde fagulhas de memórias Por viver ou vividas São as únicas evidências do que veio e vivi.
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A MÃO E O TEMPO Era ainda cedo, ontem Quando comparei, medi Uma mão ágil, luz Que me fazia Na banheira Arco Íris Ainda era ontem, tempo Que uma lei, sinal Fugidia do medo, sina Uma rosa, duas mãos Se recolhe em fio, cor e textura Furtiva na hora, sentida O metal quilate, tempo fluido.
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A ESPERANÇA DA INVISIBILIDADE Um canto pra nada Reza a moça pedindo esperança Que da regional janela da vida em espiral Vislumbra o latejar da mata-rua em cor E faz anotações Toma nota no coração/córtex/terrae E ouve sua idade infanto em rede Desconectada do sacro ciclo de vida Mas anseia superar a precoce auto Identidade Virtual Adquerida (IVA) Essa pan esperança nova, trajada de Sã imprudência oportuna do pós-gresso Se dirige torta de tortura no ser a sentir-se/vitae Cansada dos afetos externos, deita No manto óbvio do insensível.
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CANSAÇO E DOR Caia a chuva encharcada De suor e gás H2Ó E a espera do homem Pela sorte, latejava No ventre da história Caótica erguida a pedra Fome e sal E da neblina cortada pela Chuva ventada ao leu Colhia a esperança que Ele/ela retratou numa Fuga pra dentro da [Terra.
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PRECE
SEM PAPA SEM CHテグ COM FOME TEM TANTO, E ENTテグ ?
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OUT PUT
Como ser de múltiplas cabeças Órgãos quase todos vítimas da acefalia Bicho embrenhado no realismo Surto linear da cadeia bio involutiva Mancha o brancor do infinito Com sua totalidade hibrida/nua
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MARGEM/MEGRAM
Somos cacos de existências Vernizados, a tintilar no vazio do tempo Vil/neos Arrastar de sonhos para Encaixotá-los a ermo em Sal de vizinhanças Dor/maior Cor (des)nutrida, de olfato inócuo Abalar/banal/leve e solto Do sorrir permissivo Pro ócio do existir Quem/não[...] a doer,doer. Que da face conflito Objeto pleno/efêmero é volta Símbolo torto do totem pagão Pé da luz que reivindica a penumbra E no inválido efeito Se conclui [...]
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MANDADO DE BUSCA E APREENSÃO
Estive lá Ao encontro dos meus Membros de andar Ao sair deparei-me a sós Com outras procuras Movimentadas a clamar Quem vagueia Sem se ver e achar Em idas e voltas A cabeça jánãoresponde Ao estímulo da ausência E a peça extraída Pode está lá Num canto da casa ou Da memória Depende com que membro se olha E com qual olhar se anda.
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Teve medo e auto compaixão, Por isso não tirou a última pétala da flor de mal-mequer que carregava enquanto caminhava Retirava pétala por pétala assim dizendo: bem-me-quer; mal-me-quer; bem-me-quer; mal-me-quer; (...) prevendo o futuro, nessa clássica brincadeira. Em momento algum esquecera o dia anterior Em que foi ao shoping pagar a penúltima Duplicata do seu ataúde Quando sorriu para vendedora sem receio de fraquejar Deixando escapar apenas uma meia [palavra sonolenta Interpretada como adeus.
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IMPRESSÃO DE CLASSE
a giz e verbo entre uma sirene e outra o equívoco /futuro se tece e tinge de esperança sobre uma página e um lapso edifica-se o lupem ancho sinal que assombra quem ouve com olhos de laser e fascina quem de olfato ver a chuva que não se reproduz em gesto, Cor Sombra e Luz
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NA HORA DE DEUS AMÉM
No punho erguido Uma bandeira de sangue E ao céu plurido Uma nação de arranque No quarador da História Uma vida adiante estendida Os sonhos murchos quão feridas Repousam em jejum na memória Herói de genoma Clone da luta/a’guerrida? Sem uma curva na face Proclama a eternidade de um povo torpe Perene, curto e vulnerável A lavar na fonte do tempo, as manchas do desespero Para que serve uma eternidade A quem padece no dia-a-dia Envolto no agonizar Que ver no espelho meu Nem mais belo 57
Nem mais nada... Apenas o que se avizinha Com forma e conteĂşdo do que vivera e verĂĄ De sua vivencia esquia Trajada de rebeldia A bandeira merecida E a vida...?
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ESTRANHA SENSAÇÃO Com Coral Na Alma De Sala Em Ontem Do Hoje Na trilha da orla Fina, amarela, morna Órfão Da voz e encanto a fio no óbvio viver
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rebELdia sob terra, água, fogo e ar mentes e miocardias da têmpora armadas de orgulho e medos irrompem na fragilidade vitae onde frutos do self e a ignorância tríplice, tola e mal qualificada larga tinta como uma lata
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ID/ENTIDADE O poeta é a lama É a lava Quão vale em êxtase É a catarse Como constelação Cativa signos sonhos e sofre Mas se arrasta na transatlântica Maré de dores Na alma É quase conflito O ponto-g-da nostalgia e da Insanidade que desequilibrada mórbida e concreta Se torna lúcida E conduz o poeta Pelo esgoto da [angustia
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ADULTO LAMENTO
Uns esperam por muitos Muitos esperam por uns Todos esperam por ninguém Ninguém espera, espera por mim!
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E AGORA, CRESCEMOS LEANDRO !
Um queria a liberdade O outro sonhava com o dia em que ejaculasse sêmen consistente. Ambos já há muito falavam da vida adulta Ah, como falavam! Suas maiores dúvidas e inseguranças pairavam entre como ganhar a vida e o amor. A primeira vez na cama com uma mulher também os encantava e desafiava. Mas queriam. Quase como obsessão tinham sonhos eróticos. A caminho da escola compartilhavam as fantasias - O que aprender pra ser feliz ? De dentro vinham as transformações que não passavam de pensamentos e o tempo passou...!
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ORDEM Aos Q Esperam E Se desesperam Um Olhar e meio Um Sorriso partido Um Abraço solto Um Adeus colérico E um.. Um Retorno Em Metal Fim
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DOLOR Minha dor está sepultada num covil qualquer Detenho o lacre da porta E não me importa As luzes do labirinto a titilar Quero lapidar a cortante voz do seu eco Em agonia, em êxtase Libertá-la
Só careço da sorte errante e do temor da fé Pois minha dor é pagã e órfão É latente como a luz de um bocejar Quero da lápide fria onde jaz minha dor Colher euforia, em forma e Cotejá-la
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CURVA TEMPORAL/BILHETE A ERMO Fiz um poema Para a solidão da multidão e o fixei no portal do tempo. Já faz tanto tempo Que as eras floresceram No universo e frutificaram O desprezo do infinito Se traduziu em ano luz avesso e turvo Pintei com ele a penumbra O painel da vida Emoldurado em mágoas E aguardo o fim, O Big-Much do universo para expô-lo às transcendentes almas extemporâneas. 66
DIA(AGNÓSTICO) No cordão umbilical Que liga a terra ao universo Tem uma ferida Um germe pluricelular Deu na biópsia Que tal ferida possui Sete bilhões de bactérias No leito morto Da lesão Estão instaladas redes: a mundivia e a patolovia. Qualquer antídoto, qualquer óbster É guardado entre páginas De fé e agonia O ideal lugar é incógnita Nasdaq E quem acredita é mercado/mercadoria/reciclável NO pregão Dow Jones
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É notável a justa ira no canto de José quando ele narra: Minha poesia vem do meu interno quilombo/É o sumo da uma erva daninha/[...] É o filtro que côa o caldo[...]/ De corpos e mentes . Como a primeira menstruação, tem se um impacto ao ler Primeira Lua. É como se sangue jorrasse entre entranhas. Como em um primeiro amor, não se esquece facilmente. Há em Primeira Lua um mundo de palavras e significados a ser desvendado. No entanto, pode ser que Primeira Lua, seja composto por rebelião , chuvisco , , in ‘m’ atureza , figura, fragmentos chegadas e encontros; moldura, dor, prece, out put, margem/megram, rebeldia, enfim – de astros – Lua – homens e cidades.
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