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INFORMATIVO
Ano VI - Nº 22 Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio das Velhas Fevereiro / 2020
Enchentes e inundações devastam BH e mais cidades da bacia do Rio das Velhas pág. 7
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Recuperação hidroambiental a todo vapor
Entre o final de 2019 e início de 2020, o CBH Rio das Velhas concluiu e deu início a importantes projetos hidroambientais com o objetivo de manter a quantidade e a qualidade das águas do Velhas. Baseadas no que o Plano Diretor de Recursos Hídricos definiu como prioridade para a bacia, as iniciativas – financiadas com os recursos da Cobrança pelo Uso da Água – buscam a recuperação e conservação de nascentes, cursos d’água e todo o ecossistema que alimenta e mantém vivos os nossos rios.
Difusão de sistemas agroecológicos foi o objetivo do projeto na UTE Ribeirão Jequitibá
Agroecologia no Médio Rio das Velhas
Na UTE (Unidade Territorial Estratégica) Ribeirão Jequitibá, o projeto hidroambiental buscou a difusão de sistemas agroecológicos em propriedades rurais nos municípios de Sete Lagoas e Prudente de Morais. Através de importantes parcerias, como com a Embrapa e Epamig, a iniciativa integrou o que há de mais avançado e funcional em pesquisas agrícolas para execução em hortas por pequenos produtores da região.
O projeto promoveu o cadastro e a capacitação de produtores rurais, a construção de 15 bacias de captação de água pluviais, a construção de estufa para produção de mudas e hortaliças não convencionais, a instalação de uma unidade demonstrativa de irrigação, visitas técnicas/ pedagógicas nas áreas da fazenda agroecológica da Embrapa de Sete Lagoas e na Epamig de Prudente de Morais, o plantio de mudas em áreas de proteção da sub-bacia do Córrego do Marinheiro, a adequação de áreas na Epamig e a manutenção da Trilha Ecológica, do Banco de Hortaliças e Banco de Adubos.
Marley Beatriz de Assiz, coordenadora do Subcomitê Ribeirão Jequitibá, considera que o projeto atingiu todas as metas estipuladas e gerou resultados além do esperado. “Para mim, o mais importante foi a construção de um grupo que envolve produtores, estudantes e pesquisadores. Além da interação em redes sociais, foi consolidado aqui um grupo muito unido e que já está aplicando as práticas, se organizando e difundindo tudo que foi aprendido”, conta Marley.
Assista ao vídeo sobre o Projeto Difusão de Sistemas Agroecológicos. Acesse o link: bit.ly/ProjAgroecologicoJequitiba ou escaneie o QR code ao lado.
Chuva e medo
Inundações são tragédias anunciadas de cidades que não respeitam as dinâmicas dos rios
Morar em Belo Horizonte, hoje, é circular com medo de que a rua se alague com as chuvas. A incapacidade do município de conviver em segurança com os temporais é um problema sério que tem causado preocupação e perdas para a população.
Janeiro de 2020 foi o mês mais chuvoso na capital nos últimos 110 anos. Até o dia 28, a capital mineira acumulou 932,3 milímetros de chuva na cidade. O recorde anterior era de janeiro do ano de 1985, quando o acumulado do mês foi de 850,3 milímetros.
Duas horas e vinte minutos de precipitação no dia 19 de janeiro foram suficientes para instalar o caos: transbordamento do Ribeirão Arrudas, alagamentos das avenidas Francisco Sá, Amazonas e Vilarinho, dezenas de pessoas ilhadas, inundação de estações do metrô e a destruição completa de uma feira popular no Bairro Amazonas, em Contagem. Já no dia 28 de janeiro, entre 19 horas até cerca de meia-noite choveu 175 mm. A enxurrada chegou a encobrir avenidas e empilhar carros, deixando a região Centro-Sul destruída. O estado contabiliza 56 mortos em 6 dias por causa das chuvas.
Para o presidente do CBH Rio das Velhas, Marcus Vinícius Polignano, as chuvas de verão evidenciam a fragilidade da gestão das águas urbanas. “Não temos feito uma cidade adaptada às águas e às mudanças climáticas. O último período chuvoso vem comprovando que as obras de engenharia não têm sido suficientes para resolver o problema das inundações, sendo medidas paliativas que tiram o foco da discussão das verdadeiras causas do problema”, diz. O que todo belo-horizontino já aprendeu é que a água que não consegue escorrer para baixo da terra vira inundação. “Falta um visão sistêmica de como tratar as águas urbanas. Precisamos fazer uma engenharia de cidade que permita a permeabilidade da água. Percebe-se que a expansão da urbanização, e com ela de áreas impermeabilizadas, reduz a permeabilida de dos territórios, acarretando um desequilíbrio do ciclo hidrológico urbano e sem um projeto estruturador que avance na política pública da gestão das águas. Não é uma solução pontual que resolverá um problema sistêmico. As águas têm o seu caminho e sempre vão buscar o seu destino. Enchentes fazem parte do ciclo dos rios, e temos que respeitar as manchas de inundação”, acrescenta Polignano.
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