Caminho-de-Ferro em Portugal - Railways in Portugal

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CAMINHOS-DE-FERRO EM PORTUGAL RAILWAYS IN PORTUGAL 160 anos depois · 160 years later

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O Caminho-de-Ferro em Portugal

Celebrar os 160 anos do comboio em Portugal é em simultâneo olhar o tempo histórico e nele encontrar as raízes do presente para projetar o futuro.

Foi com enorme satisfação que a IP–Infraestruturas de Portugal se associou ao Exército Português e à CP – Comboios de Portugal na celebração de três datas importantes para a nossa História, evocando, a um tempo, os 160 anos da inauguração do caminho-de-ferro em Portugal, os 100 anos da declaração de guerra da Alemanha a Portugal e os 100 anos da Estação de Porto−São Bento no centro histórico do Porto.

Como um dos mais estruturantes fatores do desenvolvimento socioeconómico do nosso país, o comboio materializou o paradigma da revolução industrial e deu início a uma nova era. Potenciou o desenvolvimento económico, aproximando portugueses do interior aos do litoral, consubstanciando a coesão nacional. Ligou Portugal ao exterior abrindo horizontes que em muito contribuíram para o nosso desenvolvimento como país.

“Ei-los que partem”, a tripla exposição a que este catálogo também se refere, foi uma oportunidade para ficar a conhecer o extraordinário evento que foi o aparecimento do caminho-de-ferro que, juntamente com as estradas, constituem grande parte da rede nacional de comunicações, tornando possível o transporte de pessoas e bens, explorando novos territórios, ligando geografias, comunidades urbanas e rurais, dando a conhecer o mundo, sem esquecer o papel fundamental que desempenhou durante a Grande Guerra, constituindo um apoio essencial aos militares em campanha.

Olhar o tempo passado para nele encontrar as razões e motivações para projetar o futuro é o desiderato que hoje se nos coloca. No tempo presente em que múltiplos e relevantes desafios se nos colocam na mobilidade de bens e pessoas, económica e ambientalmente sustentável, a importância do papel a desempenhar pelo comboio é de inegável relevância e pertinência para que Portugal se possa tornar um país com maior competitividade e com melhor bem-estar social.

As estações ferroviárias, que Malevich considerou serem “vulcões de vida” e “o centro onde tudo converge” – e que estão de tal modo entrosadas nas rotinas do nosso quotidiano que, por vezes, não as observamos devidamente não fazendo mais do que usá-las, explorá‑las, aceitá-las – foram aqui representadas pela emblemática Estação de Porto−São Bento, com a história da sua construção e de alguns dos momentos mais significativos da abertura da Linha Urbana do Porto, com reflexos na história da própria cidade, da sua forma, na procura constante de consolidação do tecido urbano.

Ampliar e melhorar a oferta de serviços de transporte público ferroviário é responder, com criação de valor, a uma cada vez mais numerosa e exigente procura e fazê-lo é contribuir para a fidelização e adesão dos clientes ao transporte ferroviário em detrimento do transporte individual privado, mais oneroso e ambientalmente mais poluidor. O comboio deverá tornar-se estruturante no desenvolvimento do sistema de transportes em Portugal, como catalisador de uma oferta multimodal capaz de vir ao encontro das expetativas dos cidadãos.

A construção da Estação, no Largo da Feira de São Bento, junto à muralha fernandina, deu início ao desenvolvimento de novas dinâmicas na configuração do centro histórico do Porto – edificações e eixos de circulação.

Assim perspetivando o futuro, cumprir-se-á no presente a exigente missão da CP – Comboios de Portugal, tendo como esteio a sua longa e marcante história, que as comemorações dos 160 Anos do Comboio em Portugal corporizaram.

História, também, de muitos dos protagonistas anónimos e de outros mais conhecidos: Marques da Silva, o arquiteto, e Jorge Colaço, autor dos azulejos do vestíbulo, aos quais Agustina Bessa-Luis se refere como sendo “magníficos, dum azul de Delft verdadeiramente luminoso e profundo. (…) Contam toda uma poesia que não é épica, é o viver de todos os dias, é um sermão sem sotaina, é um contrato social sem filosofia.”

Estamos seguros de que a CP – Comboios de Portugal saberá vencer os novos reptos, incorporando novo e renovado material circulante, capaz de responder às necessidades de serviço das atuais e futuras gerações, ampliando a expressão do modo ferroviário no sistema de transportes nacional.

António Laranjo, Presidente da IP–Infraestruturas de Portugal

Carlos Gomes Nogueira, Presidente da CP – Comboios de Portugal

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CAMINHOS-DE-FERRO EM PORTUGAL

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DESTINO: EUROPA

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ORGANIZAÇÃO E FINANCIAMENTO

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REDE DE COMUNICAÇÃO UNIVERSAL

29

PIONEIRISMO E AFIRMAÇÃO

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ENGENHARIA FERROVIÁRIA

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OS COMBOIOS

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COMPETÊNCIA TÉCNICA

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SEGURANÇA E REGULAMENTAÇÃO

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91

PROJETO DA IRMANDADE DE SÃO BENTO DA AVÉ‑MARIA PARA A ESTAÇÃO

93

O ARQUITETO JOSÉ MARQUES DA SILVA

95

ESTAÇÃO DE PORTO−SÃO BENTO: ALGUNS ESTUDOS

97

ESTAÇÃO DE PORTO−SÃO BENTO. PROJETO DEFINITIVO

101

JORGE COLAÇO E O REVESTIMENTO AZULEJAR DO VESTÍBULO

103

“A GARE DE SÃO BENTO CAUSA UMA IMPRESSÃO GRANDIOSA…”

PROFISSIONAIS EM AÇÃO

105

HISTÓRIA DE UM LUGAR AS ESTAÇÕES FERROVIÁRIAS DO PORTO

49

FERROVIÁRIOS ILUSTRES

107

COMBOIO EM PORTO−SÃO BENTO: 120 ANOS DE CENTRALIDADE

53

O CAMINHO-DE-FERRO E A ‘HORA OFICIAL’

111

APROPRIAÇÃO DA ARTE: 100 ANOS DE EDIFÍCIO

59

COMBOIO E SUSTENTABILIDADE AMBIENTAL

112

LUGAR SIMBÓLICO: TRABALHO, CIÊNCIA, GLÓRIA

65

CP – COMBOIOS DE PORTUGAL, HOJE

117

PRÉMIOS E RECONHECIMENTOS

73

IP–INFRAESTRUTURAS DE PORTUGAL, HOJE

81

FUTURO

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ESTAÇÃO DE PORTO−SÃO BENTO

PORTUGAL E A GRANDE GUERRA MUNDIAL · 100 ANOS DA DECLARAÇÃO DE GUERRA DA ALEMANHA A PORTUGAL

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100 ANOS DA ESTAÇÃO DE PORTO−SÃO BENTO

122

OS FERROVIÁRIOS E A GRANDE GUERRA MUNDIAL

87

O SÍTIO DE SÃO BENTO ANTES DA CONSTRUÇÃO DA ESTAÇÃO

133

TESTEMUNHOS DA GRANDE GUERRA MUNDIAL

89

TÚNEL D. CARLOS I · LIGAÇÃO FERROVIÁRIA À ESTAÇÃO DE CAMPANHÃ, LINHAS DO NORTE, MINHO E DOURO

161

MAPA DA REDE FERROVIÁRIA PORTUGUESA

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COMEMORAÇÕES

201

MEDALHA COMEMORATIVA DOS 160 ANOS DO COMBOIO EM PORTUGAL

169

‘COMBOIO HISTÓRICO’ A VAPOR – CP APRESENTAÇÃO PÚBLICA Estação de Porto−São Bento

203

160 ANOS DE COMBOIO EM PORTUGAL - EM MOVIMENTO

171

EXPOSIÇÃO DE ARTES PLÁSTICAS "LUGARES E MÁQUINAS NO TEMPO: 160 ANOS DO COMBOIO EM PORTUGAL" Estação de Porto−São Bento

205

LOTARIA ‘160 ANOS DO COMBOIO EM PORTUGAL’

207

160 ANOS DO COMBOIO EM PORTUGAL A bordo dos Comboios da CP

179

SESSÃO COMEMORATIVA DO CENTENÁRIO DA ESTAÇÃO DE PORTO−SÃO BENTO

208

181

EXPOSIÇÃO 'EI-LOS QUE PARTEM…' Estação de Porto−São Bento

183

UM OBJETO E OS SEUS DISCURSOS: O COMBOIO MINIATURA NA ESTAÇÃO DE PORTO−SÃO BENTO

185

ATUAÇÃO DA BANDA MILITAR DO EXÉRCITO Estação de Porto−São Bento

187

COLÓQUIO SOBRE OS CAMINHOS-DE-FERRO E A GUERRA ISEP - Instituto Superior de Engenharia do Porto

189

EVOCAÇÃO DOS 160 ANOS DO CAMINHO‑DE‑FERRO EM PORTUGAL Museu Nacional Ferroviário

215

LIVROS 'UMA VIAGEM PELAS ESTAÇÕES DE PORTUGAL' Estação de Porto−São Bento

217

‘160 ANOS DO CAMINHO-DE-FERRO EM PORTUGAL’ Assembleia da República

EXPOSIÇÕES ‘EI-LOS QUE PARTEM…’ E ‘LUGARES & MÁQUINAS NO TEMPO’ Fundação Bienal de Artes de Cerveira

REVISTA ‘COURRIER INTERNACIONAL’ Edição Portuguesa

191

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213

CONCURSO DE ARTES PLÁSTICAS ‘160 ANOS DO COMBOIO EM PORTUGAL’ – ENTREGA DE PRÉMIOS Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto

219

PARCERIA COM A ESCOLA ARTÍSTICA E PROFISSIONAL ÁRVORE - PORTO

221

PRÉMIOS APOM Associação Portuguesa de Museologia

223

ENCONTRO DE PRESIDENTES DA CP

EXPOSIÇÃO ‘160 ANOS DO COMBOIO EM PORTUGAL’ Museu dos Transportes e Comunicações, Porto 224 BIBLIOGRAFIA

199

EXPOSIÇÃO ‘O RELÓGIO NA CIRCULAÇÃO DOS COMBOIOS E NA HORA LEGAL’ - ‘160 ANOS DO COMBOIO EM PORTUGAL’ Museu do Relógio - Serpa/Évora

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CÓLOFON

231 AGRADECIMENTOS

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CAMINHOS-DE-FERRO EM PORTUGAL Portuguese Railways

[F1] Lançamento da ‘1ª pedra’ para a construção do caminho de ferro em Portugal [F2] Medalha comemorativa da inauguração, 1856

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[F3] “Ponte do Tejo em Constância (demolida) – A obra mais importante do Cº Fº do Leste, uma das mais importantes da Europa – 494 metros – 16 tramos de 1620 metros – Construída em 1862, por Kennard Cº, de Londres – Desenho de Nogueira da Silva, gravura de Pedrozo.”

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We…

Nós...

… innovated building bridges, in iron. We opened tunnels.

… inovamos na construção de pontes, em ferro. Abrimos túneis.

… extended lines from north to south, from the inner land to the coast, and to reach the rest of Europe.

… estendemos linhas de norte a sul, do interior ao litoral, e para chegar à restante a Europa.

… roofed the railway stations with iron and glass

… com o ferro e o vidro, cobrimos as gares das estações.

… built repair shops, carriage houses for carriages and roundtables for locomotives.

… edificamos oficinas de reparação, cocheiras para carruagens e rotundas para locomotivas.

… set up a telecommunications network.

… montamos uma rede de telecomunicações.

… based the future of the train on the ability to quickly transport people and goods, at great distances, comfortably and safely.

… alicerçamos o futuro do comboio na capacidade de transportar pessoas e mercadorias, rapidamente, em grandes distâncias, com conforto e em segurança.

… created the ticket, guarantee of a similar right to a bank card.

… criamos o bilhete, garantia de um direito idêntico ao do cartão bancário.

… challenged the sedentary man to become 'individual nomad' (i).

… desafiamos o Homem sedentarizado a tornar-se ‘nómada individual’ (i).

… enabled modern tourism.

… possibilitamos o turismo moderno.

… broke borders, promoted international free transit treaties.

… Rasgamos fronteiras, promovemos tratados de livre‑trânsito internacionais.

… stoke on the steam train, invested in diesel engines.

… apostamos no comboio a vapor, investimos nas locomotivas diesel, inovamos na opção da voltagem para a tração elétrica.

… are innovators when chose to adopt electric traction voltage. … drove forward modern management methods and made statistics a routine

… impulsionamos métodos de gestão moderna e rotinamos a Estatística

… are members of international technical and scientific unions.

… integramos uniões técnicas e científicas internacionais.

… contributed to the Official Time regime.

… contribuímos para o regime de Hora Oficial.

… still 'know-how' to organize trains.

… continuamos a ‘saber-fazer’ comboios.

… are environmentally sustainable transport.

… somos um transporte ambientalmente sustentável.

… carry history and life: We are in the Future!

… transportamos história e vida: Estamos no Futuro! (ii)

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[F4] Locomotiva a vapor ‘CP SS 1120’

[F5] Bilhete CP para percurso entre Porto e Paredes, Linha do Douro, anos 50 do séc. XX [F6] Oferta de espaço publicitário em anverso de bilhete CP, anos 50 do séc. XX [F7] Bilhete CP para viagem entre Tavira e Olhão, anos 70 do séc. XX

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[F8] Rotunda para locomotivas a vapor em Lisboa–Santa Apolónia

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[F9] Rainha D. Maria II – col. [F10] António Maria Fontes Pereira de Melo – col. [F11] Rei D. Pedro V – col. [F12] Primeiro logotipo de companhia ferroviária portuguesa

[F13] Estação de Lisboa Santa Apolónia, Gravura de Pedrozo, 1865

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DESTINO: EUROPA ao Porto] a entroncar na linha-férrea de Lisboa à fronteira, de cuja directriz, “uma comissão de que era a figura mais importante Francisco Maria de Sousa Brandão” (3) se encarregava de estudar.

Vinte anos após a circulação do primeiro comboio comercial no Reino Unido, data de 1845 o primeiro documento oficial sobre os caminhos-de-ferro em Portugal, que incumbia a Companhia das Obras Públicas de Portugal de construir uma linha, desde as margens do Tejo até à fronteira espanhola, para “… ligar Portugal à Europa e tornar o porto de Lisboa, …, no centro … do embarque para as viagens atlânticas”. (1)

Em 28 Outubro de 1856, a Cª Central Peninsular dos Caminhos de Ferro de Portugal, primeira empresa ferroviária do país, organizou, em via de bitola europeia de 1,44 m, a viagem inaugural do caminho-de-ferro em Portugal, de 36 km/40 minutos, de Lisboa ao Carregado, presidida por D. Pedro V. Após a falência da companhia, o governo negociou a construção das linhas à fronteira e ao Porto - com a condição de alteração da bitola para 1,67 m - com D. José de Salamanca, fundador da Companhia Real dos Caminhos de Ferro Portugueses, origem da CP.

Como diz Aguilar, “não sendo Portugal das últimas nações na Europa a possuir caminhos-de-ferro, já muitos o tinham quando se iniciou entre nós a sua construção, explicando-se a demora pelas lutas políticas que só se apaziguaram em 1851 com o movimento da Regeneração”. (2)

Considerado o caminho-de-ferro “um dos mais poderosos meios de civilização, e uma valiosa arma para a defesa de um país” (4), num momento internacional de expressivos nacionalismos, o Estado, adoptando normas gerais e dando garantias de juro ao investimento, tomou “definitivamente para si a direcção e a orientação superior do seu estabelecimento e do seu funcionamento” (4), como decisor sobre os traçados e de fixação da bitola, de fiscalizador dos trabalhos de construção, de regulador da actividade ferroviária, com a obrigação de manter a exploração das linhas.

A ferrovia tornou-se central para a sociedade portuguesa. O governo Regenerador que criou, em 1852, a primeira tutela do setor - Ministério das Obras Públicas, Comércio e Indústria, do qual foi Ministro Fontes Pereira de Melo -, hoje Ministério do Planeamento e das Infraestruturas – logo determinou a construção de uma linha para ligar Lisboa com o Porto. Sendo intenção “ligar Portugal com o resto da Europa”, naquele 30 de Agosto de 1852, publicava-se ainda um “decreto com força de lei determinando a construção [de uma linha para ligar Lisboa

[F14] Concessão à Cª Central Peninsular para a construção do caminho de ferro de Lisboa à fronteira, por contrato feito com Hardy Hislop, 1853 [F15] George Stephenson [F16] Francisco Maria de Sousa Brandão – col.

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F18] Capa de brocura do programa ‘Modernização e reconversão dos Caminhos de Ferro (1988-1994)’

[F17] Frontão em azulejo de frontaria de estação dos Caminhos de Ferro do Estado, 1899/1947 [F19] Ação da Companhia Real dos Caminhos de Ferro Portugueses, 1860

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[F20] Ação da Companhia de Caminhos de Ferro Através de África


ORGANIZAÇÃO E FINANCIAMENTO A reforma estatutária de 1931 libertou a CP da tutela estrangeira. O alcance da lei 2008/1945, sobre a coordenação dos transportes, previa a fusão de todas as empresas e uma ‘concessão única’. Em 1947, o capital social da CP “passou a ser expresso em escudos, e a administração a ser exclusivamente portuguesa” (6). Nacionalizada em 1975, a Caminhos de Ferro Portugueses, EP passou, em 2009, a CP–Comboios de Portugal, EPE.

“A história do século XIX poderia ser escrita à volta dos caminhos de ferro, das polémicas que suscitou, dos interesses que agregou, dos ódios que ateou” (5). Desde 1853, o Estado posiciona-se perante o caminho-de-ferro como regulador e fiscalizador e posteriormente como financiador e construtor, para garantir a prestação do serviço ao público. Após a crise de 1890, do “Convénio” com os credores e estatutos de 1894, a administração da Companhia Real “ficou sob a completa tutela estrangeira, sobretudo em matéria financeira” (6), assumindo o Estado responsabilidades na administração, reforçando a sua posição como accionista.

[F21] Obrigação da Companhia Real, 1895.

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[F22] Mapa das linhas férreas na Península Ibérica, 1861

[F23] Primeiros tipos de carruagens, sendo expressiva a de 3ª classe sem vidraças e só com cortinas

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REDES DE COMUNICAÇÃO UNIVERSAL Se os Descobrimentos portugueses - que Wehrner Von Braun colocou ao nível do projecto espacial americano (28) representam a primeira rede global de contactos, aos comboios deve-se a que antecedeu a Internet.

Se por um lado assistimos ao apertar do território e à aproximação das pessoas e dos lugares, não menos relevantes são as suas exigências na marcação do tempo, impondo a criação de um horário que marca a sua passagem à hora exata, com implicações sociais: a hora de apanhar o comboio; e funcionais: a garantia da utilização eficaz e coordenada das linhas, que permite a circulação fluida e segura do comboio.

Num tempo algo distante em que ter asas para voar seria ainda apenas um desejo, o fascínio do comboio chegou a todo o vapor, impondo-se na estruturação do território como na vida das gentes, alterando a noção de espaço e de tempo.

O conceito de rede, hoje tão estruturalmente embrenhado na sociedade humana, foi reforçado pela criação do caminho‑de‑ferro, que se estende pelo território e o liga além fronteiras, numa lógica algo similar ao tão atual sentido de ‘world wide web’. Virtual esta, alicerçada na confiança do caminho no ciberespaço realizado entre dois pontos; física aquela, atravessando paisagens e lugares.

[F24] Carruagem de dois andares, adquirida em 1875 pelo Estado, em comboio estacionado na estação de Nine

[F25] Dos primeiros veículos de tração eletricos em Portugal, Linha de Cascais, 1926

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[F26] Horário de 1876 [F27] Requisição de transporte ferroviário para uma viagem a Sintra, assinada pelo Rei D. Carlos I [F28] Viagem do Rei D. Carlos I a bordo do ‘Salão do Príncipe’; em primeiro plano aparece o ‘Salão Maria Pia’ também componente do ‘comboio real

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[F29] Linha do Vouga: automotora CP, construída pela Alsthom em 1976-77, série 9600 [F30] Ação da Companhia Nacional de Caminhos de Ferro ao sul do Tejo, 1858

[F32] Pessoal à saída das Oficinas do Barreiro. A frontaria era parte da 1ª estação ferroviária portuguesa, 1861 (?) [F31] Estação fronteiriça de Valença, 1886

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[F3] Automotoras de fabrico nacional, nas Oficinas da Companhia Vale do Vouga, 1940-41, em Sernada do Vouga


REDES DE COMUNICAÇÃO UNIVERSAL Rede e Conectividade Desde 1858/61, em bitola ‘Stephenson’ (europeia), viajava-se do Barreiro para sul. Já em bitola ibérica, o comboio chegou a Évora, Beja e Estremoz; da estação do Pinheiro, em Campanhã serviu Braga, Valença, Régua e Barca de Alva em direcção a Salamanca-Espanha; motivações económicas de vária ordem “abriram” a fronteira de Cáceres-Marvão; a ‘estrada de Sintra’ perdera importância com a chegada do comboio à terra elogiada por Lord Byron; do Cacém acedia-se à Figueira da Foz, ponto de partida da Linha da Beira Alta para Vilar Formoso, ainda hoje a principal via de saída para a Europa; Faro; Cascais, que prescindiu do serviço de vapores do Tejo e se tornou na primeira linha electrificada do país; Lisboa−Rossio; estratégias de defesa justificaram a construção da linha da Beira Baixa até à Covilhã; Porto−São Bento e Porto−Alfândega.

Definida com Espanha a fronteira ferroviária, matéria de relevância estratégico-militar, o Conselho Superior de Obras Públicas colocou a estação das linhas do Norte e Leste em Santa Apolónia, dada a proximidade com o rio. Com o comboio em Elvas/Badajoz em 1863, e em Gaia em 1864, a primeira viagem internacional, entre Lisboa e Madrid, data de 1866. A ligação do Porto a Lisboa, por ‘viação acelerada’ esperou, até 1877, pela inovadora solução da ponte Maria Pia, da Casa Eiffel. Em contexto de grandes dificuldades económicas do país, a rede, debatida na Associação dos Engenheiros Civis Portugueses, desenvolveu-se por “ramificação, [apesar da sua] rarefacção nas periferias”, “ocorrendo o grande período da construção entre 1878 e 1890” (7), com o envolvimento directo do Estado, como financiador da construção, na chegada do comboio às regiões a sul do Tejo e ao norte do Douro.

Em via de 0,90 m, ido da Boavista - a primeira estação ferroviária do Porto - atingiu a Póvoa do Varzim, Famalicão e Matosinhos; e em via métrica Mirandela, Guimarães e Viseu, – ponto comum às primeiras propostas para trazer o comboio ao Porto, partilhado com a companhia ‘Vale do Vouga’–, também beneficiaram com a ‘viação acelerada’. Com ligações aos portos de Sines, de Leixões e de Aveiro; construídas as vias estreitas afluentes do Douro (Tâmega, Corgo, Tua e Sabor); unidas a Beira Baixa com a Beira Alta, e a do Sueste com a do Leste, em Portalegre; melhorados por concordâncias e variantes alguns traçados; a ligação Braga-Faro pela Ponte 25 de Abril, que eliminou o principal estrangulamento da rede ferroviária nacional; modernizada a ligação ao porto de Aveiro; as vias-férreas permitem que os comboios continuem, no quadro europeu, a servir a economia e os interesses do país.

[F34] Medalha comemorativa da inauguração do Caminho de Ferro do Minho

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[F35] Centro do estandarte da ‘Tuna dos Empregados do Caminho de Ferro do Porto à Póvoa e Famalicão’. Seda bordada

[F36] Bilhete de Identidade de associado do Sindicato Nacional dos Ferroviários do Vale do Vouga, 1940 [F37] Mapa da rede ferroviária, 1895

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[F38] itinerário ferroviário Sines – Elvas/Caia (fronteira). Acessibilidades ao Porto de Sines - Estação Técnica de Raquete, 2010.

[F39] Ponte Maria Pia, 1877; Ponte de São João, 1991. [F41] UTE (Unidade Tripla Eléctrica da 1.ª Fase da electrificação, Sorefame, 1957, Sintra

[F40] Automotoras diesel-eléctricas fabricadas pela ‘Allan’. Entraram ao serviço em 21 Agosto de 1954, na Linha do Oeste, contribuindo para renovar o material circulante e melhorar os serviços

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[F42] Mapa dos Caminhos de Ferro Portugueses e dos serviços prestados pela CP, 2016. [F44] Eixo Atlântico, ligação Braga - Faro pela ponte 25 de Abril. Estação de Braga, 2006.

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[F43] Variante de Alcácer (Linha do Sul) - Ponte sobre o rio Sado, 2010.

[F45] Alfa Pendular na Ponte de São João, Porto.

[F46] Comboio Intercidades na ‘Ponte 25 de Abril’, rebocado por locomotiva CP 5617

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[F47] Eixo Atlântico, ligação Braga - Faro pela ponte 25 de Abril. Estação de Faro, 2006.


[F48] Ligação Ferroviária ao Porto de Aveiro - Viadutos e Ponte das Pirâmides, 2009.

[F50] Eixo Ferroviário Norte-Sul (entre as estações de Entrecampos e Coina (Linha do Sul) - Estação e Interface de Coina, 1999; e Ramal da Siderurgia Nacional, 2008.

[F49] Quadruplicação da Linha de Sintra, Estação de Agualva–Cacém; material circulante série CP2300, 2012.

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[F54] Toma de água da locomotiva a vapor de via métrica, tipo Mallet, CP E206, construída em 1923 pela alemã Henschel

[F51] Modernização da infraestrutura ferroviária na Linha do Alentejo (Bombel a Casa Branca), na Linha de Vendas Novas (Vidigal a Évora) e na Linha de Évora (Casa Branca a Évora) - Estação de Évora, 2011.

[F52] Modernização da infraestrutura ferroviária na Linha do Minho, Variante da Trofa. Estação da Trofa, 2010.

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[F53] Alfa Pendular - Segunda Geração. Santa Apolónia, 2017-03-24.


[F55] A caminho da Europa, no Sud-Expresso - Estação de Santa Apolónia [F56] Sud-Expresso - Estação do Setil, Natal de 2005. [F57] Linha de Cascais - Estação de Cascais: campanha de sensibilização CP/REFER [F58] Linha de Cascais - Estação de Cascais. [F59] Estação de Santa Apolónia: animação, 2012 [F60] Linha de Cascais - Estação de Cais do Sodré, Dia dos Namorados, 2013.

[F61] Linha do Douro, Comboio Histórico.

[F63] Ambulância Postal construída na Alemanha pela Wumag, anos 30 do século XX

[F62] Ramal do Porto de Aveiro.

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PIONEIRISMO E AFIRMAÇÃO O comboio impôs-se como meio de transporte pela sua capacidade de carga - passageiros e mercadorias - em grandes distâncias, com rapidez e segurança. A garantia de um serviço de transporte regular credibilizou o sistema ferroviário e organizou ritmos de vida. Sem rede de estradas, tornou-se numa rede de comunicação, garantindo a coesão territorial e nacional. E passou a ser uma experiência social. O comboio criou o turismo moderno destacando-se os ferroviários L. Mendonça e Costa, em 1911, o pai do turismo português, e C. Simões de Albuquerque, em 1964, que sugeriu a criação de um ‘plano de fomento do turismo’ integrando o transporte ferroviário. O comboio continua a transportar ‘grupos organizados’ e outras pessoas que utilizam bilhetes turísticos da CP para descobrir o país. (8)

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[F64] Linha de Sintra - Túnel do Rossio, reabilitação e beneficiação – via embebida, 2008.

[F65] Linha do Norte - Ponte de São João, na época um recorde mundial para pontes deste tipo

[F67] Locomotiva 1808, English Electric, 1968 [F68] Locotrator CP 1165, Sentinel, 1966/67, Santa Apolónia

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[F66] Ponte de São João, via assente diretamente em longarinas de betão

[F69] Técnicos ferroviários envolvidos no processo de modernização da frota da CP, com o comboio ‘Foguete’, construído pela FIAT, em fundo. Barreiro, fevereiro de 1953


ENGENHARIA FERROVIÁRIA A engenharia ferroviária, “é fundamentalmente uma atividade de síntese.” (9) “As primeiras Linhas … tinham sido abertas e exploradas sob o comando de estrangeiros. Mas … com … as Linhas do Minho e Douro, a subalternidade acabou. O projeto, a construção, a administração e a exploração passaram para as mãos dos portugueses duma vez para sempre. As Linhas do Minho e Douro foram a carta de alforria dos caminhos de ferro portugueses.” (10) Oriunda maioritariamente do Instituto Superior Técnico, e com formação adquirida em visitas técnicas, nomeadamente na Bélgica, a geração de engenheiros que nos anos quarenta dá corpo ao processo de modernização da tração da CP, destaca “o facto de termos trabalhado sobre conceitos que só décadas mais tarde o marketing da indústria automóvel apresentaria como últimas novidades.” (11)

[F70] Farol de iluminação de locomotiva a vapor

[F72] João Joaquim de Matos, engenheiro ligado à administração directa e à construção por conta do Estado das nossas vias-férreas, mormente do Minho e Douro – Autor desconhecido (Internet) col.

[F71] Ponte internacional sobre o rio Águeda, em Barca d’Alva, projeto de 1884-06-21, dos engenheiros Augusto Luciano Simões de Carvalho, Alfredo Soares e José Vieira Padilha

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[F73] Comboio Alfa Pendular nº 4009 ‘Manoel de Oliveira’, construído em 1999 em Itália pelo consórcio ‘Siemens, Alsthom, Fiat’ e renovado nas oficinas da EMEF-Entroncamento, em Março 2017

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OS COMBOIOS Os rápidos entre Lisboa e o Porto começaram em 1895. O ‘Flecha de Prata’, em 1940, a vapor; o ‘Foguete’, em 1953, a diesel e com ar condicionado; os rápidos com locomotivas elétricas 2500; os Sete Colinas e Cidade Invicta com carruagens Sorefame; os serviços Alfa e Intercidades, em 1987 e 1988, com material ‘Corail’; e os comboios Alfa Pendular, em 1999, que circulam a 220 km/h, representam 104 anos de evolução da oferta de qualidade da CP.

A máquina a vapor “mudou a vida e a mente de todos os povos”. “O comboio é o mais cinematográfico de todos os meios de transporte.” (12) O comboio democratizou as sociedades ao juntar todas as classes sociais e inventou-as “na sua variante moderna, ao designar e classificar distintos níveis de conforto, comodidade e serviço.” (26) Os primeiros comboios eram formados por locomotivas a vapor rebocando carruagens e vagões, prestando serviços de passageiros, de mercadorias e ou mistos. A categoria dos comboios obedecia à lei de paragens e distâncias percorridas, servindo as estações principais, intermédias e apeadeiros, resultando na oferta de serviços rápidos, diretos ou inter-regionais, regionais e tranvias, estes posteriormente reclassificados para suburbanos e urbanos. O serviço de passageiros oferecia 1.ª, 2.ª e 3.ª classes, tendo esta última sido abolida em 1963, por convénio europeu. A evolução da procura de transporte exigiu o aumento da velocidade e da qualidade da oferta. A modernização colocou a CP como pioneira na Europa, em 1948, ao aplicar a tração diesel ao transporte de passageiros, bem como a “eletrificação escolhida … para as linhas de Sintra e do Norte”, em 1957, é ”considerada como uma das soluções mais avançadas” e as primeiras locomotivas são tidas como “uma novidade”. (13) Hoje os serviços urbanos são efetuados com material elétrico, com dois pisos e um piso, com elevados níveis de conforto e de classe única. Deste, destaca-se o disponibilizado nos Urbanos do Porto.

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[F74] Locomotiva a vapor ‘nº 6 Badajoz’, no Barreiro, frente à primitiva e primeira estação ferroviária do país [F75] Locomotiva a vapor ‘Póvoa de Varzim’, de via métrica (originalmente de 0,90m de bitola), construída em Inglaterra, em 1875, pela Black Hawthorn para a Companha do Porto à Póvoa de Varzim [F76] Comboio de mercadorias no Porto de Lisboa [F77] Filmagens na Estação de Santa Apolónia [F78] Comboio rápido ‘Flecha de Prata’, entre Lisboa a Porto, composto por carruagens de fabrico americano BUDD, rebocado pela locomotiva a vapor ‘CP 356’, anos 40 século XX [F79] Filmagens na Estação de Santa Apolónia

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[F80] Carruagem de 2ª classe, fabrico da suiça Schindler, 1949-50 [F81] Automotora UDD – Unidade dupla diesel, série 450 [F82] Comboio suburbano de dois andares, série 3500, na estação de Lisboa Oriente [F83] Folheto publicitário ao comboio ‘mais veloz de Portugal’, o ‘Foguete’, anos 50 do século XX [F84] Comboio regional composto de carruagens ‘Sorefame’ na Linha do Douro, rebocado por uma locomotiva diesel-eléctrica da ‘série 1400’, a maior série adquirida pela CP, de fabrico inglês, entre 1967/69 [F85] Locomotiva diesel-eléctrica ‘CP 102’, posterior ‘série 1500’, adquirida pela CP em 1948 para dar corpo ao processo de modernização da frota

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[F87] Miguel Correia Pais, o primeiro engenheiro a pensar a travessia ferroviária do Tejo a artir de Lisboa – col.

[F86] Pedro Inácio Lopes

[F88] O pioneirismo da CP no âmbito da informática no país [F89] Automotora diesel Nohab, adquiridas em 1947 pela CP, na Suécia

[F90]As pontes ferroviárias do Porto: ‘S. João’ de Edgar Cardoso, 1991 e ‘Maria Pia’ da Casa Eiffel, 1877

[F91] O processo de restauro, para funcionamento, da locomotiva a vapor ‘CP 0186’, efectuado na oficina da EMEF-Contumil, 2016

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[F92] A avaliação técnica de motor diesel pelo Engº Almeida e Castro e Colegas


COMPETÊNCIA TÉCNICA O desenvolvimento do país, nomeadamente com o e através do caminho-de-ferro, foi garantido pela formação em engenharia (14) obtida na Escola Politécnica em Lisboa (1837), na Academia Politécnica no Porto, na Escola de Pontes e Calçadas de Paris, de referência mundial, paga pelo Estado e, em diversas épocas, pelas companhias que faziam circular os seus quadros, pela ‘Europa ferroviária’, à semelhança dos atuais ERASMUS.

Testemunhado em Portugal na assunção do projeto da Ponte Maria Pia sobre o rio Douro, no Porto, este resultou da tão actual e necessária, vantagem de colaboração entre o mundo empresarial e a Academia (francesa), que lhe validou os inovadores cálculos. Para a substituir, marcaram presença a engenharia portuguesa e o génio de Edgar Cardoso, na brilhante obra da ‘Ponte de São João’.

O pioneirismo do caminho-de-ferro tem a sua maior expressão no novo processo de construção de pontes em ferro, permitido pela Revolução Industrial.

Todavia, foi, e continua a ser, na organização e preparação do processo de produção do transporte ferroviário, nas áreas da via (linha), da sinalização, da catenária, do material circulante (comboios), da gestão do tráfego, das telecomunicações, entre outras, que a especialização era, e é, adquirida. E por isso, elementos deste grupo alargado de especialistas, … têm vindo a garantir o ensino superior nas vertentes de ‘Vias de Comunicação, Estruturas, Energia” nas Universidades Portuguesas. É essa capacidade científica e técnica - alicerçada a partir dos anos trinta do século XX na Engenharia formada no Instituto Superior Técnico, no contributo das Escolas de Aprendizes da CP, da edição do Boletim da CP como ‘Órgão de instrução do pessoal e até das Escolas de Maquinistas e Fogueiros de Campanhã, Entroncamento e Barreiro – que, aplicada na prática diária, tem garantido a manutenção, a reparação, montagem e até o fabrico de locomotivas (vapor), de carruagens, de automotoras e, mais recentemente, já na esfera da EMEF, dos vagões destinados à Bósnia e ao mercado interno.

95 [F022] Ponte Maria Pia - Medalha comemorativa.

[F93] Intervenção técnica, em Oficina da CP, num motor eléctrico (carcassa) de veículo ferroviário

[F94] Técnico oficinal num banco de ensaios de órgãos pneumáticos

Hoje, quando as empresas europeias competem no mercado mundial, o potencial e valor da engenharia portuguesa ferroviária encontra-se na EMEF e na Simef, ACE, unindo know-how tecnológico e experiência do maior prestador de serviços de manutenção ferroviária português.

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[F96] Capa da Gazeta dos Caminhos de Ferro, da autoria de Stuart Carvalhais, 1 de Junho de 1953, nº 1571 [F97] Regulamento de sinais da Companhia de Cºs Fº ‘NORTE’ (Linhas de via estreita, do Porto à Póvoa e Famalicão e Guimarães-Fafe), 1927 a 1947

[F98] Folheto publicitário CP de incentivo às viagens de grupo, anos 50 do século XX [F99] Collecção de Regulamentos e Instrucções dos Caminhos de Ferro do Minho e Douro, 1879 [F100] Instruções de serviço CP sobre ‘Material Circulante, formação e classificação dos comboios e utensílios para carregamentos’ 1927

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SEGURANÇA E REGULAMENTAÇÃO É o cumprimento desses imperativos que garantem a segurança da circulação ferroviária.

O caminho-de-ferro teve de lançar uma organização complexa – vedar as linhas, inventar uma sinalização para viajar em via única, com o apoio do telégrafo, guarnecer as Passagens de Nível (PN), inovar nos sistemas de freios e na construção de veículos - que o tornou numa “realização humana quase perfeita”.

Tida em conta a evolução do funcionamento e da organização da ferrovia – para adaptação às exigências do Mercado Único e para o aumento da eficácia - após a entrada de Portugal na CEE, a Diretiva 91/440/CE deu origem, em 1997, ao aparecimento da REFER, hoje IP–Infraestruturas de Portugal, SA; ao INTF, atual IMT – Instituto da Mobilidade e dos Transportes, IP; bem como à AMT - Autoridade da Mobilidade e dos Transportes que, desde 2014, é a entidade reguladora e fiscalizadora do sector dos transportes.

Data de 1853 “o primeiro diploma sobre direito ferroviário, … que aprovou as instruções para a fiscalização do caminho de ferro de Lisboa à fronteira”. Foi secundado pelos regulamentos provisórios de 1856, imprescindíveis ao início da exploração. “Approvaram-se os Regulammentos provisórios relativos aos chefes de estação, ao pessoal dos trens, aos assentadores, aos vigilantes, aos agulheiros, e aos cuidados que se devia ter com os feridos Diário do Governo n.º 242 de 1856. Ordenou-se … medidas necessárias não só à regularidade do serviço, mas também à segurança e commodidade dos passageiros. (Diário do Governo n.º 251 de 1856). Autorisaram-se as Tabellas que deviam regular o preço do transporte dos passageiros, gados, bagagens e recovagem (Diário do Governo n.º 252 de 1856). Decretou-se o Regulamento de Polícia para os Caminhos de ferro em Portugal (Diário do Governo n.º 256 de 1855). E finalmente approvaram‑se os Regulamentos provisórios para os machinistas e fogueiros, e as Instruções para os guardas da linha e barreiras, a fim de servirem emquanto se não confeccionasse o Regulamento geral de exploração (Diário do Governo n.º 7 de 1857).” (43)

A liberalização trouxe novos operadores ferroviários, em passageiros e em mercadorias. A CP opera em 2210 km de rede ferroviária. Tem definidas as ‘Condições Gerais de Transporte ferroviário de passageiros, bagagens, volumes portáteis, animais de companhia e velocípedes em comboios da CP’ num documento que foi aprovado pelo Instituto da Mobilidade e dos Transportes, IP, ao abrigo do artigo 3.º do Decreto-Lei n.º 58/2008, de 26 de março.

O decreto de 31 de Dezembro de 1864, “sobre a construção, exploração e polícia dos caminhos de ferro”, assinado por João Crisóstomo de Abreu e Sousa, “regulou de forma notável” (15) a atividade ferroviária.

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[F101] CCO - Centro de Comando Operacional de Lisboa. Gestão integrada da circulação ferroviária, 2007 [102] CCO - Centro de Comando Operacional de Lisboa. Gestão integrada da circulação ferroviária - Sala de Comando, 2007

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[F103] Mesa de posto de sinalização eléctrico, Siemens, para comando e controle da circulação, Entroncamento, 1970 – A. Assumpção, col. [F104] Manobra de agulha de via, em posto de comando de circulação, tipo Saxby, em estação

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[F105] Sala de Comando do CCO - Centro de Comando Operacional do Porto. Gestão integrada da circulação ferroviária - Sala de Comando, 2008.

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[F106] CCO - Centro de Comando Operacional do Porto. Gestão integrada da circulação ferroviária, 2008.

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[F107] Competência profissional: pessoal em formação em Centro de Formação CP [F108] Bairro Camões, Entroncamento – equipamento social CP [F109] Armazém de Víveres, Santa Apolónia – equipamento social CP [F110] Chefe de Estação da Companhia Real, século XIX [F111] Painel, em azulejo, alusivo à construção e aos arquitetos do Bairro Camões da CP, no Entrocamento

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PROFISSIONAIS EM AÇÃO O “exército” de ferroviários era governado por regulamentos, cumpridos com disciplina e sujeitos a penalizações da lei, o que constitui uma “transformação do carácter do trabalho”, que muito envolvia a segurança.

O caminho-de-ferro como um sistema agregou outras actividades fundamentais, mormente a da prestação de cuidados médicos regulares, que garantiam a qualidade de vida dos seus trabalhadores e famílias.

Trabalhar no caminho-de-ferro, no seu início, era quase elitista; uma classe superior, no seio do operariado industrial.

As companhias … foram concedendo ou apoiando estruturas sociais: caixas de socorros e pensões, serviços médicos e sanatórios, dormitórios, bairros, armazéns de víveres, cantinas, escolas, também para aprendizes, bibliotecas, colónias de férias, grupos desportivos, infantários, como recursos dinamizadores da qualidade de vida familiar. (16)

Os ferroviários, como classe socioprofissional foi imposta por regulamentos. Maquinistas e fogueiros, guardas da linha, operários oficinais, revisores, manobradores, assistentes de viagem, chefes de estação e inspectores, foram as faces mais visíveis.

Plantou-se eucalipto globulus nas estações, por conselho médico. Estabeleceram-se balneários, servindo o vapor das máquinas para aquecer a água. Construíram-se habitações de madeira, com “horta e abrigo para a criação”. Criou-se uma Caixa de Socorros para auxílio na doença, com o produto das multas ao pessoal e venda de bilhetes de gare. Acompanhavam-se os funerais. (17)

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[F112] Painel ‘As profissões ferroviárias’, projectado pelo Arquiteto Cottinelli Telmo, e executado nas Oficinas da CP em Porto Campanhã, utilizado no carro da CP que desfilou no Cortejo do Trabalho, no Porto, em 1940

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[F113] Miguel Queriol, ferroviário desde 1852 [F114] Cottinelli Telmo (1897-1948), como cineasta, filmando em Campolide o filme ‘Máquinas e Maquinistas’, 1945. [F115] Egas Moniz, o primeiro Nobel português, em 1949, foi médico ferroviário. [F116] Os cuidados médicos prestados aos ferroviários foram, desde o início do sector, uma realidade assumida pelas companhias

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FERROVIÁRIOS ILUSTRES No plano internacional, Louis Armand, primeiro presidente da EURATOM (36), “laureado académico francês … foi ferroviário … ascendeu a director-geral e mais tarde foi escolhido para presidente do Conselho de Administração da Sociedade Nacional dos Caminhos de Ferro Franceses (SNCF)”, em 1966, nas funções de secretário-geral da UIC (União Internacional dos Caminhos de Ferro), de que a CP é membro fundador, tendo estado em Lisboa onde assinou “o ‘Livro de Honra’ dos visitantes notáveis da ponte sobre o Tejo”. (37)

Miguel Queriol – ferroviário entre 1852 e 1890 - “foi … a consubstanciação mais completa da indústria ferro-viária, que elle acompanhou, que dirigiu, que encaminhou, e que fez prosperar, desde … o seu início; e que nunca deixou de amar até os últimos momentos da existência” (18). Da distinção social do “dedicado” amigo do rei D. Carlos (19), falam o título de ‘Cavaleiro da Ordem de Cristo’ e, entre outras, a ‘Ordem de Isabel a Católica’. No campo da medicina destacam-se os médicos Egas Moniz, Nobel português, que serviu a CP durante mais de 40 anos, e foi o primeiro chefe da Delegação Portuguesa à Conferência de Paz, em Paris, em 1918, no final da Grande Guerra; e Corino de Andrade, “o único cientista português com uma doença descoberta [a paramiloidose, que nos tratados de Medicina aparece como ‘doença de Andrade’, e é vulgarmente conhecida por ‘doença dos pézinhos’]”. (20)

Da mesma envergadura profissional e intelectual e com grande contributo para o desenvolvimento do projecto europeu do pós 2.ª Grande Guerra, cita-se Raoul Dautry, engenheiro ferroviário considerado “um dos pais fundadores do então Conselho Europeu para Pesquisa Nuclear (CERN), a actual Organização Europeia para a Pesquisa Nuclear”. (38)

A estação do Terreiro do Paço, desenho do arquitecto ferroviário na CP desde 1923, e cineasta do primeiro filme sonoro português, Cottinelli Telmo - marcou “um franco contraste [com a envolvente] … para acentuar ‘épocas’” (21). A atribuição da travessia fluvial entre Lisboa – Terreiro do Paço e o Barreiro, ca. 1861, aos Caminhos de Ferro a Sul do Tejo e a conciliação dos dois serviços no Barreiro, traduzem a primeira interface intermodal, como garante da “acessibilidade geográfica e da mobilidade das pessoas”. (22) Eduardo Ferrugento Gonçalves, com funções de chefia na “Via e Obras”, foi no IST o segundo engenheiro civil a obter o título de Doutor. (35) Entre tantos outros, no universo do ensino universitário, do teatro, da direcção de museus e da arte, referem-se ainda o Escultor Santa Bárbara, autor da medalha comemorativa dos ‘160 anos da primeira viagem do comboio em Portugal’ e Armando Ginestal Machado, o profissional que sempre divulgou os feitos dos ferroviários, suas virtuosidades e o futuro deste modo de transporte.

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[F117] Leme de navio da CP, usado na travessia do Tejo entre Lisboa e o Barreiro [F118] Navio Évora, a primeira unidade fluvial do país movimentada por um motor diesel, adquirida à alemã Krupp, 1931, para o serviço Lisboa-Barreiro que serviu durante 40 anos [F119] Estação Fluvial dos Caminhos de ferro Sul e Sueste, 1910 [F120] Caminhos de Ferro do Estado, Estação Fluvial dos Caminhos de ferro Sul e Sueste, obra de Cottinelli Telmo, inaugurada em 1932 [F121] Boletim da CP, criado pela empresa para apoio à formação do pessoal

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[F122] Director da SNCF-Société Nationale des Chemins de Fer Français a bordo da locomotiva DE 102, acompanhado do Diretor Geral da CP, Espregueira Mendes, 1949

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[F123] Relógio de gare ‘Paul Garnier’, Estação de Caldas da Rainha. Linha do Oeste

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O CAMINHO-DE-FERRO E A ‘HORA OFICIAL’ Mas os problemas subsistiam. Os viajantes eram obrigados a esperar horas pela correspondência entre um comboio e outro.

Dada a forma e a rotação da Terra, cada meridiano possuía a sua hora própria. E se, por exemplo, nos EUA as diferenças de horas significavam que quando era meio-dia em Nova Iorque o sol acabava de nascer em São Francisco, isto não gerava problemas, pois a lentidão dos meios de transportes - coches ou diligências - não afectava o viajante quando chegava ao seu destino e a hora do seu relógio não coincidia com a hora do lugar.

Era também premente resolver o problema da segurança dos comboios. Desde 1847, a maior parte das companhias ferroviárias inglesas já tinha adoptado a hora de Londres, que só seria obrigatória em 1880.

A diferença entre a hora local de partida e a de chegada confundiam-se com as irregularidades da marcha dos pêndulos e relógios. Vivia-se, sem grandes inconvenientes, sob o regime da hora local.

A Inglaterra foi o país que, em 1848, legalizou a hora média de seu principal observatório, em Greenwich. Em 1852, o astrónomo inglês George Airy (1801-1892) instalou dois relógios, sincronizados com o do Observatório de Greenwich por fios subterrâneos, nas estações de Lewisham e de London Bridge. Por outro lado, um outro relógio, sincronizado também com Greenwich, foi ligado à companhia de telégrafos, em Londres. Deste modo, os sinais horários distribuídos às estações de comboios e aos postos de telégrafos atingiam todo o território inglês. Surgiu, assim, o Railway Time, tempo do caminho‑de‑ferro, utilizado em todo o país desde aquele ano.

Estas desvantagens só se tornaram sensíveis e começaram a prejudicar as actividades normais do homem com o advento do caminho-de-ferro, por volta de 1825. Com o comboio, surgiu um grave inconveniente: em cada estação em que o comboio parava os relógios das gares marcavam uma hora diferente. Era necessário pelo menos fazer com que os relógios marcassem a mesma hora na mesma rede ferroviária. Esta unificação tornou-se possível com a descoberta do telégrafo e dos relógios eléctricos, surgindo a hora da estação que substitui a hora local para todas as actividades da vida mundana. Todos passaram a usar a hora da estação da cidade.

Ao meio-dia, em 18 de Novembro de 1883, a rede ferroviária norte americana adoptou um sistema de tempo legal baseado em fusos horários de uma hora. (40)

A falta de uniformização entre os sistemas de horas nos vários países da Europa continental e a necessidade das interligações ferroviárias – em que cada companhia tinha um sistema horário diferente -, fizeram com que cada país utilizasse uma hora única para todo o seu território. As horas nacionais surgiram, assim, por imposição do caminho-de-ferro.

Em 1891, a França institucionalizou a hora média do Observatório de Paris como sua hora nacional.

Dado que cada país tinha a sua hora, havia uma grande dificuldade em articular as circulações ferroviárias. Na Alemanha onde havia cinco horas diferentes, adotou-se apenas a hora de Berlim para a ferrovia.

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[F124] Cartaz publicitário de Excurções em Comboio, com serviços combinados, 1893

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[F125] Jovens em viagem com bilhete Interrail [F126] Bilhete para comboio internacional [F127] Comboio internacional Sud-Express e Lusitânia - Linha da Beira Alta

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[F128] Acerto da hora

[F129] Telefone de mesa usado nas estações, Ericsson AC110’, de fabrico sueco [F130] Telefone de parede – Ericsson, usados em Passagens de Nível

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O CAMINHO-DE-FERRO E A ‘HORA OFICIAL’ Portugal: ‘hora legal’ e o ‘Posto do relógio padrão da ‘Hora Universal’ “Depois do Congresso de Washington, de 1884, sobre a ‘hora oficial’ [em que se adoptou o sistema de fusos horários, realizou‑se, em Paris], em Outubro de 1912, a ‘Conferência internacional da hora’ versando a mudança de meridiano”. (41) Em 1897, “na conferência europêa para os horários dos comboios internacionais … reunida na Noruega, foi apresentada pela administração dos caminhos de ferro do Estado belga, uma proposta para a adopção d’um novo quadrante, de 0 a 24 horas em todos os horários de caminho de ferro” para se “crear um vasto campo de experiência … que permitta conhecer as vantagens ou os inconvenientes da pratica do systema proposto”. (47) Para regular as 24 horas do dia foi adoptado, pela maioria das nações, o meridiano de Greenwich, desde 1912 estabelecido em Portugal. Todavia, quando se inaugurou em Lisboa o ‘Posto do relógio padrão da ‘Hora legal’, no Cais do Sodré, já “a distribuição da ‘hora legal’ na vasta área de Lisboa,… [era] em parte realisada pelos mostradores dos relógios das estações centraes, e secundárias da rêde ferro-viária, e – admitamo-lo – pelos das estações telegrafo-postais.” (42)

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[F131] Linha de Évora - Estação de Évora.

[F132] Comboio suburbano na Estação de Vila Franca de Xira, Linha do Norte

[F133] Sempre gostei de andar de comboio: Ana Borges [F134] Nova geração de Clientes: a primeira viagem da Leonor Marques, 2015

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COMBOIO E SUSTENTABILIDADE AMBIENTAL A CP está classificada internacionalmente como uma das melhores empresas no setor dos transportes, para responsabilidade social e desempenho sustentável. O ‘ECOViagem CP’ foi o primeiro simulador ambiental do setor dos transportes em Portugal, que dá a conhecer a superior eficiência energética dos comboios. Estes são, cada vez mais, a alternativa de transporte mais competitiva.

De carácter essencialmente nacional, o caminho-de-ferro ao enfrentar em Portugal diversas vicissitudes - crise financeira permanente; a implantação da República, com todas as perturbações inerentes às mudanças de regime; a Grande Guerra; a crise do após-guerra; a concorrência de outros transportes e a crise mundial de 1930; a Guerra Civil de Espanha; a 2.ª Grande Guerra, e a posterior concentração da concessão na CP, em 1947 -, participa ainda hoje, com lugar de destaque, na estruturação da rede de transportes, no desenvolvimento da mobilidade e acessibilidades e na sustentabilidade ambiental do planeta, contribuindo ainda para a concretização dos objectivos europeus de criar um espaço único europeu de transportes, e reduzir em 60% as emissões de gases com efeito de estufa (GEE) por recurso a energias limpas e renováveis. (22)

Os modos de transporte rodoviários e aéreos levantam problemas de saturação de tráfego e de poluição que têm consequências graves para a qualidade de vida das pessoas, economia e para a sustentabilidade ambiental do planeta. Por isso, quer nas mercadorias, hoje privatizadas, que procuram ser “uma referência no mercado … ibérico” (24), quer nos passageiros, o comboio está em franca evolução o que fará dele o transporte do futuro.

“Tornar a CP numa organização ainda mais amiga do ambiente seguindo os critérios de desenvolvimento sustentável [foi] o principal objetivo do ‘Sistema de Gestão Ambiental‘ (SGA), que a empresa … iniciou [em maio de 2006], na sequência da implantação do ‘Sistema de Gestão da Qualidade’, que abriu caminho à certificação da CP pela NORMA ISO 14001:2004. (23)

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[F135] [F136] Comboio, promotor de mobilidade dos jovens e de sustentabilidade ambiental

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[F137] BelĂŠm, Linha de Cascais, a primeira linha a ser eletrificada em Portugal, 1926

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[F138] Variante de Alcácer

[F139] Comboio europeu ‘Train to Copenhagen’: ‘Vá de Comboio, o Ambiente agradece’

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[F140] Alfa Pendular 4009, nova geração, Quinta do Picado, Linha do Norte

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CP − COMBOIOS DE PORTUGAL, HOJE A CP é uma entidade pública empresarial detida a 100% pelo Estado. Os seus objetivos estratégicos conciliam a satisfação das necessidades dos Clientes com a promoção da sustentabilidade económica, financeira, social e ambiental. É a maior transportadora terrestre de passageiros a operar em Portugal. Presta serviços adequados às necessidades dos Clientes, com cerca de 1400 comboios comerciais por dia, nas categorias Alfa Pendular, Intercidades, Internacional, Regionais e Urbanos. Oferece um serviço de Call Center, uma rede de vendas personalizada, automática e on-line. Para Clientes com necessidades especiais, disponibiliza assistência no embarque e em viagem, de acordo com as condições das infraestruturas. Acrescentando de forma evolutiva valor aos seus serviços, tem concretizado parcerias para reforçar o seu posicionamento em mercado concorrencial. Como elemento da cadeia de transportes permite, nos interfaces, transferências para outros modos, em particular nas áreas da grande Lisboa e do grande Porto, e no eixo Braga−Faro possibilita ligações ao interior.

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[F141] Publicidade em locomotiva elétrica 4700. Lisboa Santa Apolónia

[F142] Publicidade em locomotiva elétrica 4700. Contumil

[F143] Publicidade em locomotiva elétrica 4700. Contumil

[F144] Publicidade em locomotiva elétrica 4700. Contumil

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[F145] Oficinas da EMEF. Contumil

[F146] A capacidade de transporte da ferrovia: mercadorias e passageiros. Porto CampanhĂŁ

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[F147] Interior de carruagem Schindler, componente do comboio ‘Miradouro’: a melhor plateia para apreciar a paisagem [F148] Viajar de comboio respeita o ambiente

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[F149] Linha do Minho - Estação de Porto–Campanhã. Alfa Pendular - Segunda Geração.

[F150] Linha do Norte - Estação de Espinho [F151] O potencial dos comboios para provocar emoções… Linha do Minho - Estação de Porto–Campanhã

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[F152] A motora 2388 na Estação do Rossio Linha de Sintra

[F153] IC-Intercidades para Évora e Alfa Pendular: Linha do Norte - Estação de Lisboa–Oriente

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[F154] Comodidade e capacidade – Gare do Oriente, Lisboa


[F155] Garantia de conforto e mobilidade para clientes com dificuldades de locomoção

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[F156] Ligação Ferroviária ao Porto de Aveiro, 2009.

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IP–INFRAESTRUTURAS DE PORTUGAL, HOJE A IP–Infraestruturas de Portugal tem como missão a conceção, construção, requalificação, modernização e exploração das redes ferroviária e rodoviária, incluindo o comando e o controlo da circulação ferroviária, garantindo a prestação de um serviço sustentável, seguro e eficiente. 2562 km de via-férrea 1633,7 km de via eletrificada 928 Estações Ferroviárias 10 000 000 Ton/ano de mercadorias

Projetar Portugal – Ferrovia 2020 O Plano de Investimentos Ferroviários 2016-2020 define compromissos internacionais, nomeadamente o Corredor Atlântico, o fomento do transporte de mercadorias e a circulação entre os portos nacionais e as principais fronteiras. A modernização e o desenvolvimento da rede ferroviária nacional é uma prioridade chave da IP–Infraestruturas de Portugal, com vista à melhoria da mobilidade, das condições de exploração e redução dos tempos de percurso.

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[F157] Pormenor da catenรกria [F158] Linha do Sul - Zona neutra seccionada

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Corredor Internacional Norte

Corredor Internacional Sul

14 comboios de 500 m >

36 comboios de 400 m >

20 comboios de 750 m

O projeto visa melhorar a ligação ferroviária do norte e centro de Portugal com a Europa, de modo a viabilizar um transporte ferroviário de mercadorias eficiente, permitindo a articulação entre os Portos do norte/centro e a fronteira de Vilar Formoso. Esta intervenção trará um acréscimo de capacidade diária de mais do dobro da atual.

[F159] Variante de Alcácer - Ponte do Sado, Catenária.

51 comboios de 750 m

O projeto visa assegurar a ligação ferroviária entre o sul de Portugal e a restante Europa, permitindo a articulação entre os Portos do sul e a fronteira do Caia. Esta intervenção trará um acréscimo de capacidade diária de duas vezes e meia da atual.

[F160] Linha do Minho - Variante da Trofa, Túnel da Trofa.

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[F161] CCO - Centro de Comando Operacional de Lisboa. Gestão integrada da circulação ferroviária.


[F163] Linha de Sintra - Estação de Rio de Mouro

[F162] Linha de Cintura - Estação de Entrecampos

[F164] Linha do Norte - Estação de Lisboa-Oriente, cobertura.

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Projetar Portugal Ferrovia 2020 Corredor Norte/Sul Linha do Norte Linha do Minho Corredores Complementares Linha do oeste Linha do Douro Linha do Algarve

[F165] Variante de Alcácer - Ponte do Sado, construção.

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Le Havre Metz

Paris

REDE TRANSEUROPEIA

Bilbao

Valença

Nine Leixões Espinho

Braga Porto

Aveiro Pampilhosa Guarda Figueira da Foz Coimbra B Covilhã

Madrid

Entroncamento Setil

Abrantes

Pinhal Novo Vendas Novas Setúbal Évora

Lisboa

Sines

Elvas

Rede Principal

Badajoz

Rede Global

Ermidas-Sado

Funcheira

Lagos

Tunes

Vila Real Sto António

Faro

78


Ermesinde Porto de Leixões Porto Espinho

Régua

Porto de Aveiro

FERROVIA 2020

Aveiro

Sernada Vilar Formoso

Mangualde Guarda

Pampilhosa

Sta Comba Dão

Figueira da Foz

Coimbra B Covilhã

Alfarelos

Pombal

Leiria Castelo Branco

Tomar Lamarosa Entroncamento Caldas da Rainha

Abrantes

Santarém Setil

Torre das Vargens Portalegre

Sintra

Corredor Internacional Norte

Setúbal

ir

Pinhal Novo

Po ce

LISBOA

Alcântara-Mar

ão

Braço de Prata

Cascais

Águas de Moura Pinheiro

Corredor Internacional Sul

Évora Casa Branca

Alcácer do Sal

Corredor Norte/Sul Linha do Norte e Linha do Minho

Elvas

Vendas Novas

Grândola Porto de Sines

Ermidas-sado

Beja

Corredores Complementares Funcheira

Ourique

Linha do Douro Linha do Oeste

Neves-corvo

Linha do Algarve Lagos

[F38]

Tunes

79

Vila Real Sto António Faro


[F166] Alfa Pendular, nova geração – imagem prospectiva [F167] Variante de Alcácer - Ponte do Sado

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FUTURO Nos próximos tempos, o caminho-de-ferro assistirá a um aumento da rapidez e do conforto oferecido aos passageiros tornando cada viagem numa experiência ainda mais agradável. A modernização e o desenvolvimento da infraestrutura ferroviária e dos comboios são os objetivos estratégicos do sector e visam reforçar a mobilidade, as condições de exploração e a qualidade de serviço prestado. A aposta nas novas tecnologias permitirá novas soluções de bilhética, melhor e mais rigorosa informação aos passageiros, assim como novas formas de usar o tempo durante a viagem. Tudo isto, em conjunto com a baixa pegada ecológica do transporte ferroviário, irá reforçar o papel de principal meio de transporte de grandes massas.

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100 YEARS OF THE PORTO−SÃO BENTO STATION October 5 · 1916~2016 Over the 160 years of Railways in Portugal, stations, and more specifically their buildings, have played a role of mediator between the train and the urban space, real host sites, departures and arrivals. Top stations, passing stations, large, medium or small size have had, all, a leading role in people's lives, in their routines, and the formation of our collective imagination. Porto São Bento, monumental station in the city centre, celebrates this year its first centenary. With design by the architect José Marques da Silva Porto and with intervention of the artist Jorge Colaço decorated tiles of the great Hall, was opened on 5 October 1916 and classified by the general direction of Cultural heritage, as Property in the public interest, on 31 December 1997, becoming one of the most visited buildings of Invicta. So, now is the time to celebrate Porto−São Bento and time to celebrate the future of Railway Stations.

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ESTAÇÃO DE PORTO−SÃO BENTO Porto−São Bento Railway Station

[F168] Estação de Porto−São Bento, fachadas oeste e sul.

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[F169] Estação de Porto−São Bento, vestíbulo com painéis de azulejos de Jorge Colaço.

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100 ANOS DA ESTAÇÃO DE PORTO−SÃO BENTO A Linha Urbana do Porto, ligação ferroviária de São Bento à Estação de Campanhã, data de 7 de novembro de 1896, graças à transposição de três grandes barreiras: o atravessamento em túnel da Quinta da China, do Monte do Seminário e da Praça da Batalha.

Ao longo dos 160 anos do caminho-de-ferro em Portugal, as estações, e mais concretamente os edifícios de passageiros, têm desempenhado um papel de espaços mediadores entre o comboio e a urbe, como entrepostos comerciais e sobretudo como verdadeiros locais de acolhimento, de partidas e chegadas de passageiros.

Após completar a sua formação em arquitetura na Academia de Belas Artes do Porto, Marques da Silva parte para Paris onde frequenta a École Nationale de Beaux-Arts e obtém o título de Arquiteto Diplomado pelo Governo Francês. Em 1899, é-lhe adjudicado o projeto da estação, exemplar paradigmático da arquitetura beaux-arts em Portugal, com planta em “U”, de topo em relação às linhas‑férreas, e onde a materialidade do granito se constitui como uma massa monumental funcionando os vãos como perfurações num edifício compacto.

Com projeto do arquiteto José Marques da Silva (Porto, 1869‑1947) e com a intervenção do pintor Jorge Colaço (1868‑1942) na decoração do grande vestíbulo, a Estação de Porto−São Bento foi inaugurada no dia 5 de outubro de 1916 tornando-se num ex‑líbris e num dos mais visitados edifícios da Invicta. Localizada no Largo da Feira de São Bento, junto à muralha fernandina, a construção da estação vem obrigar à demolição do Convento de São Bento de Avé-Maria e dar início ao desenvolvimento de novas dinâmicas na configuração do Centro Histórico.

Da autoria de Jorge Colaço, os mais de 22 mil azulejos do átrio, pintados entre 1905 e 1908 e executados na Real Fábrica de Louça de Sacavém, ao gosto nacionalista e historicista característico do início do século XX, representam uma cronologia dos meios de transporte, vários mitos e quadros da História de Portugal, cenas de trabalho campestre e costumes etnográficos, bem como uma alegoria ao caminho-de-ferro.

Com a decisão de construção da estação central no sítio de São Bento, implicando a demolição do que restava do convento, um grupo de cidadãos da Irmandade laica de São Bento tenta salvar a igreja e edifícios anexos, virados à Rua do Loureiro.

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[F170] Excerto da Carta Topográfica da Cidade do Porto de Teles Ferreira, 1892

[F172] Convento de São Bento de Avé-Maria visto da rua das Flores, 1892

[F171] Excerto da Carta Topográfica da Cidade do Porto, 1979

[F173] Estação de Porto−São Bento vista da rua das Flores, 2016

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O SÍTIO DE SÃO BENTO ANTES DA CONSTRUÇÃO DA ESTAÇÃO A forma da Cidade é feita de constantes alterações, demolições e reconstruções, sobreposições, os palimpsestos urbanos, apagando e reescrevendo cada sítio, numa procura constante de consolidação do tecido urbano, mantendo-se, ou não, algumas das pré-existências. É possível conhecer a evolução morfológica de uma cidade através dos vestígios arqueológicos, construídos, de testemunhos orais, de documentação escrita ou cartográfica preservada. Localizada no Largo da Feira de São Bento, junto à muralha fernandina, a construção da estação vem obrigar à demolição do Convento de São Bento de Avé-Maria e dar início ao desenvolvimento de novas dinâmicas na configuração do Centro Histórico – edificações e eixos de circulação. Fundado em 1518 por D. Manuel I, para acolher freiras beneditinas, o Convento de São Bento de Avé-Maria ficou concluído no reinado de D. João III. Em 1783, um grandioso incêndio destrói alguns dos edifícios, incluindo a Igreja. Em 1834 é promulgado o decreto da extinção das ordens religiosas em Portugal e, em 1894, data da morte da última abadessa, e devido a alterações sucessivas, já pouco restava do conjunto inicial. [F174] Photographia da fachada da igreja, sachristia e casa das escholas de S. Bento, in exposição do Prior da Irmandade de São Bento da Avé-Maria do Porto do Ministro das Obras Públicas, Bernardino Machado Guimarães, abril de 1893

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[F175] Obras de construção do túnel [F176] Túnel D. Carlos I. Boca do lado da Estação de São Bento [F177] Túnel D. Carlos I. Boca do lado da Estação de São Bento

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TÚNEL D. CARLOS I LIGAÇÃO FERROVIÁRIA À ESTAÇÃO DE CAMPANHÃ, LINHAS DO NORTE, MINHO E DOURO A 8 de julho de 1887, o engenheiro Hippolyte de Baère é encarregado de estudar a ligação da Estação do Pinheiro (Campanhã) até às proximidades da Praça D. Pedro, atual Praça da Liberdade. A Ponte Maria Pia, para ligação à rede ferroviária a sul do Rio Douro, já se encontrava em funcionamento desde 4 de novembro de 1877. A Linha Urbana do Porto, ligação ferroviária do sítio de São Bento à Estação de Campanhã, estação comum às linhas do Norte, Minho e Douro, data de 7 de novembro de 1896 e só foi possível graças à transposição de três grandes barreiras: o atravessamento em túnel da Quinta da China, do Monte do Seminário e da Praça da Batalha, numa extensão total de 2,7 quilómetros. Em 1900 é lançada pelo Rei D. Carlos a primeira pedra para a construção do edifício de passageiros e, em 1904, conclui-se a cobertura metálica da zona das linhas e plataformas com pilares em ferro fundido. Em setembro de 1968 é inaugurada a eletrificação do túnel, permitindo a eliminação da tração a vapor e a diesel entre Porto‑São Bento e Porto−Campanhã.

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[F178] Planta do Projeto da Estação de São Bento, in Exposição do Prior da Irmandade de São Bento da Avé-Maria do Porto ao Ministro das Obras Públicas, Bernardino Machado Guimarães, abril de 1893. [F179] Igreja do Convento de São Bento da Avé-Maria em demolição. [F180] Inauguração da Estação Provisória de São Bento, em 1896. A Igreja do antigo Convento encontra-se à esquerda. [F181] Coexistência: Na mesma plataforma, junto a uma carruagem, ao cais coberto para mercadorias e à parede meio demolida do Convento de São Bento de Avé-Maria, movimentam-se freiras da Irmandade e passageiros prontos para o embarque no comboio.

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PROJETO DA IRMANDADE DE SÃO BENTO DA AVÉ‑MARIA PARA A ESTAÇÃO Com a decisão de construção da estação central no sítio de São Bento, implicando a demolição do que restava do convento, um grupo de cidadãos da Irmandade laica de São Bento tenta salvar a igreja e edifícios anexos, virados à Rua do Loureiro. Em 1893 apresentam ao Ministro das Obras Públicas de então, Bernardino Machado de Guimarães, o denominado “Projeto da Irmandade”, integrando as instalações da estação ferroviária e os edifícios anexos à Igreja que ainda se mantinham.

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[F182] Arquiteto José Marques da Silva, S.D. 183 [F016SB] Estudo para alçado de edifício de passageiros desenvolvido em Paris entre 1895 e 1896

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O ARQUITETO JOSÉ MARQUES DA SILVA José Marques da Silva (Porto, 1869-1947) Após completar a sua formação académica em Arquitetura na Academia de Belas Artes do Porto, entre 1882 e 1889, parte para Paris onde frequenta a École Nationale de Beaux-Arts, onde é aluno de Victor Laloux (1850-1937), arquiteto da Gare de Tours (1896-1898) e da Gare d’Orsay (1900), em Paris, obra maior da arquitetura beaux-arts. Em dezembro de 1896, Marques da Silva obtém o título de Arquiteto Diplomado pelo Governo Francês, com a apresentação de um estudo para um alçado de edifício de passageiros. “Nas suas múltiplas frentes de atuação, como arquiteto, arquiteto municipal e diretor da Escola de Belas Artes do Porto (1913-1939), onde foi mestre de várias gerações de arquitetos, Marques da Silva deixou um legado duradouro na cultura arquitetónica portuense, na cultura de projeto dos arquitetos, nas práticas de ensino, numa certa forma de fazer e pensar a arquitetura que se foi consolidando no Porto ao longo do século XX.” Na cidade do Porto são da sua autoria outras obras de grande relevância como o Teatro São João (1910-1920), a conclusão do Palácio do Conde de Vizela (1920-1923), os liceus Alexandre Herculano (1914-1930) e Rodrigues de Freitas (1919-1930), casas de habitação unifamiliares, além de ter desenvolvido, alterado e executado o projeto inicial de Charles Siclis (1889-1944) da Casa e Jardins de Serralves (1925 e 1944).

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ESTAÇÃO DE PORTO− −SÃO BENTO: ALGUNS ESTUDOS “Regressado ao Porto, com um novo estatuto, Marques da Silva expôs o seu projeto académico em Maio de 1897, nos Paços do Concelho, obtendo um bom acolhimento público à sua proposta formal. Esta publicidade permitiu-lhe dirigir-se aos responsáveis pelas Obras Públicas sugerindo que o encarregassem do projeto para a gare que se teria de construir em São Bento. Para verificar a visibilidade da encomenda, foi pedido a Marques da Silva que apresentasse um projeto detalhado. Isso permitiu-lhe reformular os desenhos académicos e adaptá-los às circunstâncias construtivas e às particularidades específicas de São Bento. Após algumas hesitações políticas, em setembro de 1899 foi-lhe finalmente adjudicado o projeto, sendo remunerado pelo trabalho a fazer e também pelas propostas que já tinha apresentado. Desde os desenhos iniciais era explícita a adoção de uma forma em “U”, com entrada central através da frente mais extensa e orientada para a Praça Almeida Garrett, de topo relativamente à orientação das linhas dos comboios.”

[F187] Estação de São Bento com a instalação do Serviço Central de Correios e Telégrafos. Estudo de alçado e corte, 1901.

Dos vários estudos desenvolvidos para o edifício de passageiros destacamos três versões dos desenhos para o alçado poente, virado à Praça Almeida Garrett, uma das quais consistia na disposição dos serviços de Correios e Telégrafos – ala sul, que não chegou a ser construída – anexo aos serviços de passageiros e bagagens, e em dúvidas sobre as metodologias de conceção e execução da estrutura metálica.

[F184] Projeto para a Estação Central de São Bento, 1897 [F185] Estação de São Bento: Estudo para a fachada principal, 1900-1904. [F186] Estação de São Bento com a instalação do Serviço Central de Correios e Telégrafos. Estudo de alçado e corte, 1901

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[F188] Estação de São Bento, alçado principal.

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ESTAÇÃO DE PORTO− −SÃO BENTO: PROJETO DEFINITIVO Da origem académica à expressão final da obra construída, a Estação de São Bento é um exemplo paradigmático da arquitetura beaux-arts. A composição da planta, ditada por uma lógica funcional objetiva, rege-se por um sistema de eixos ortogonais sobre o qual assentam volumes com uma unidade construtiva específica. À conjunção dessa massa volumétrica articulada o desenho confere um caráter coerente baseado num princípio decorativo específico. Neste caso, a materialidade do granito constitui-se como uma massa monumental onde as janelas e portarias, mais do que transparências, funcionam como perfurações num edifício compacto. Terá sido esse, eventualmente, o caráter mais original da estação que, como monumento formador da identidade urbana, introduziu nas práticas construtivas da cidade um gosto inédito.”

“Em 1903 começaram as obras de construção do edifício, seguindo um novo projeto que Marques da Silva entregou em Março desse ano. Ainda que tenha sido sujeito a alterações e ajustes posteriores, foi esse projeto que caracterizou os princípios fundamentais da Estação de São Bento tal como a conhecemos hoje, nomeadamente a opção de construir um grande vestíbulo independente da cobertura metálica das plataformas de embarque.

[F189] Estação de São Bento, planta.

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[F190] Estação de Porto−São Bento. Bilhete Postal [F191] Ilustração Portuguesa, 23 de outubro de 1916 – II série, n.º 557 [F192] Gazeta dos Caminhos de Ferro, n.º 412, de 16 de março de 1905 [F193] Estação de Porto−São Bento

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[F194] [F195] Estação de Porto−São Bento, 2016

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ALÇADO ESTE EI e E2 Evolução dos transportes terrestres: Árabes E3 Evolução dos transportes terrestres: Bárbaros E4 Evolução dos transportes terrestres: Visigodos E5 e E6 Evolução dos transportes terrestres: Romanos E7 Procissão da Srª dos Remédios - Lamego E8 Castanheiro E9 A vindima E10 A ceifa E11 Carvalho E12 Feira de S. Torcato - Guimarães E13 A promessa E14 A fonte E15 e E16 Trasfega no rio Douro E17 e E18 Azenhas do rio Leça E19 Vendedoras de castanhas E20 Morgadas

ALÇADO NORTE NI Evolução dos transportes terrestres: Período da Fundação da Nacionalidade (séc. XII) à Restauração (séc. XVII). N2 Torneio de Arcos de Valdevez. N3 Apresentação de Egas Moniz ao Rei de Castela.

N1

Alçado Norte

Alçado Este Alçado Oeste

ALÇADO OESTE OI Evolução dos transportes terrestres: séc. XIX O2 Evolução dos transportes terrestres: séc. XVIII e XIX O3 Evolução dos transportes terrestres: séc. XVIII 04 Comércio 05 Artes 06 Poesia 07 Inverno

Alçado Sul

08 09 10 11 12 13 14 a 23

ALÇADO SUL SI Evolução dos transportes terrestres: Regionais portugueses do séc. XIX à introdução da locomotiva a vapor S2 Entrada de D. João I e D. Filipa de Lencastre na cidade do Porto para realização dos esponsais S3 Tomada de Ceuta

Outono Verão Primavera Música Agricultura Indústria Motivos ferroviários [F196]

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JORGE COLAÇO E O REVESTIMENTO AZULEJAR DO VESTÍBULO Da autoria do pintor Jorge Colaço (1868-1942), os painéis de azulejos foram pintados entre 1905 e 1908 e executados na Real Fábrica de Louça de Sacavém, ao gosto nacionalista e historicista característico do início do século XX. Totalizando mais de 22 mil, cobrem completamente as paredes do vestíbulo, integrados na arquitetura pelo emolduramento de granito que reveste os vãos, organizando-se segundo uma hierarquia vertical, ora em policromia ora em composições monocromáticas de azul e branco. Representam uma cronologia dos meios de transporte utilizados pelo Homem, vários mitos e quadros da História de Portugal, cenas de trabalho campestre e costumes etnográficos, bem como uma alegoria ao caminhode-ferro. Nos anos 70 são detetadas e referenciadas as primeiras patologias e, anos mais tarde, devido ao risco de queda iminente de muitos dos azulejos, comprometendo a integridade do conjunto, o trabalho de conservação e restauro é entregue, por concurso limitado por prévia qualificação, à empresa Nova Conservação, Lda., contando com o apoio e fiscalização da IP (ex‑REFER) e da DRCN - Direção Regional de Cultura do Norte.

[F197] Jorge Colaço (Tânger, 26 de fevereiro de 1868 − Caxias, 23 de agosto de 1942)

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“A GARE DE SÃO BENTO CAUSA UMA IMPRESSÃO GRANDIOSA…” “A Gare de São Bento causa uma impressão grandiosa como nenhuma outra em Portugal. (…). Os azulejos são magníficos, assinados por Jorge Colaço, dum azul de Delft verdadeiramente luminoso e profundo. É ainda o tema do Rio Douro, o barco que espera ser carregado de pipas, o barco ainda na margem, estando de pé a barqueira com a mão em pala sobre os olhos e já sentadas as passageiras, as feirantes, com arrecadas de ouro e o companheiro de todos os climas, o guarda-chuva de algodão preto. Os azulejos contam toda uma poesia que não é épica, é o viver de todos os dias, é um sermão sem sotaina, é um contrato social sem filosofia. (…) O comboio, chegado a São Bento, parecia deixar os pulmões na linha; um fumo branco como espuma inundava o cais; das portinholas saía de roldão uma gente apressada e que, de repente, rompia os laços de viajante e mergulhava na cidade com as suas malas e embrulhos, pronta a começar o dia urbano, a apanhar táxi, a reconhecer a família que lhe estende os braços."

[F198] Estação de Porto–São Bento­, painel representativo da tomada de Ceuta, Jorge Colaço.

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[F199] Mapa da cidade do Porto, inserto no Guia de Portugal, Volume IV, Tomo I, 3.ª Ed., Fundação Calouste Gulbenkian, 1994

[F200] 2. Estação da Porto- Boavista, a primeira estação ferroviária a ser construída no Porto, 1875

[F201] 3. Estação de Alfândega.

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[F202] 4. Estação de Porto–São Bento


HISTÓRIA DE UM LUGAR

(iii)

As estações ferroviárias do Porto As ex-estações da CP de Porto−Trindade, de Porto−Boavista (a primeira estação ferroviária da cidade) e de Porto−Alfândega, conjuntamente com Porto−Campanhã e Porto−São Bento, constituem um património centenário de memórias e vivências ferroviárias que continuam a contribuir para o desenvolvimento da cidade do Porto e da região a Norte do rio Douro.

A reivindicação conhece voz em 1887, com a aprovação em sessão da Câmara Municipal do projeto de uma ‘estação central’, no espaço do antigo e extinto convento. Com efeito, a afirmação do Liberalismo, em inícios do século XIX e a consequente extinção das ordens religiosas em Portugal, levou a que os bens destas fossem confiscados, por decreto de 1834, e passassem para a posse do Estado após a morte da última religiosa, o que aqui aconteceu em 1892.

Cidade de longa tradição comercial, o Porto está profundamente ligado aos transportes e seu desenvolvimento, particularmente visível no século XIX, conhecendo um vasto processo de regeneração urbana, que lhe impõe novos contornos, estratégias e acessibilidades rodoviárias e ferroviárias.

A norte do Douro, com envolvimento directo do Estado, “em 1872 iniciou-se a construção da Linha do Minho e um ano depois a Linha do Douro. Elas inauguraram uma época de frenética actividade ferroviária, que em 40 anos lançou a parte substancial das ferrovias actuais”. (10)

De facto, desde a circulação do primeiro comboio em Portugal, em 1856, que a burguesia local sonhara com a chegada do caminho-de-ferro. “Desde 1879 … os portuenses desejavam uma ferrovia mais no centro da cidade”. (25)

[F203] 5. Estação de Trindade.

[F204] 1. Estação de Campanhã.

[F205] 6. Estação de Contumil.

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[F207] Carruagens Schindler (1949-50) e automotoras Sorefame CP da série 450 (1965)

[F206] Fase de construção da boca do tunel D. Carlos I, ou das Fontaínhas, ldo da Rua d Madeira, usda para a inauguração da circulação ferroviária, 1896 [F208] Hipolite de Baère, engenheiro autor da interessante solução técnica de multiplicação do túnel D. Carlos I, ou das Fontaínhas, por três bocas de saída, à entrada da estação

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COMBOIO EM PORTO− −SÃO BENTO: 120 ANOS DE CENTRALIDADE (iii)

“Eu adoro os comboios, e eles sempre me adoraram.” Nesse mesmo ano, foi autorizada, a construção da linha entre Campanhã e as proximidades da praça de D. Pedro.

Como construções emblemáticas saídas da Revolução Industrial, as gares ferroviárias, “são monumentos ao urbanismo e à arquitectura funcional do século XIX … as estações de caminho de ferro são a encarnação da modernidade, e por isso duram tanto tempo e cumprem tão bem as tarefas para que as desenharam.”

Após a abertura da boca do túnel do lado da Rua da Madeira, acontecida em 1892, Justino Teixeira, director do Minho e Douro (MD), pediu autorização ao Governo para a exploração provisória da linha, com os serviços da estação instalados num barracão em madeira.

“Waterloo foi para mim o que as grandes igrejas rurais e as catedrais barrocas foram para tantos poetas e artistas: inspiraramme. E porque não? Não foram as grandes estações victorianas de vidro e metal as catedrais da sua época?”

À “chegada do 1º comboio… [descerrou-se] uma lápide de bronze evocativa dos promotores do progresso nacional, que ainda hoje se encontra sob a boca principal do túnel”.

“Há muito que penso escrever sobre comboios. … Se há algo peculiar na minha versão da história contemporânea da Europa em ‘Pós-Guerra’ é, creio … o sentido das regiões, as distâncias, as diferenças e os contrastes dentro do quadro limitado de um pequeno sub-continente … a minha Europa mede-se em comboios”. (26)

A locomotiva que rebocou o comboio inaugural, fabricada pela firma inglesa Beyer Peacock, fora adquirida pela Minho e Douro, naquele ano, para o serviço de comboios tranvias. (27)

A dinâmica comercial do Porto dita a construção, aprovada em 1880 (Carta de Lei de 1880-06-23), da estação da Alfândega onde se concentravam já as mais importantes dimensões das funções de transporte relacionadas com o mercado externo, cruzando o Atlântico -, garantida que estava, a partir de 1888, a ligação da estação de Campanhã ao centro nevrálgico do comércio e, a partir deste, a circulação de mercadorias de e para o mundo.

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[F209] “A locomotiva «Miragaia» – n.º 14 – e a tripulação, que reboucou o primeiro comboio na cerimónia da inauguração da linha urbana do Porto (Ramal de S. Bento)” [F210] A. C. Justino Teixeira, engenheiro diretor dos Caminhos de Ferro do Minho e Douro, iniciou a exploração da ‘Linha urbana’, entre Campanhã e a Estação Central do Porto, futura S. Bento, 1896

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[F211] Chegada do primeiro comboio à Estação de Porto–São Bento, lado da rua do Loureiro

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APROPRIAÇÃO DA ARTE: 100 ANOS DE EDIFÍCIO (iii)

Jaime Isidoro registou em aguarela o meio século do edifício; em Dezembro de 1971, a criação da Companhia Real e os 75 anos da chegada do comboio à então ‘Estação Central do Porto’, assinalaram-se com uma placa de bronze, da autoria do escultor Gustavo Bastos, em homenagem a Baière, Marques da Silva e Colaço, os “obreiros da estação”. (39)

Havia já 20 anos que o centro do Porto era servido pelo comboio quando o edifício da Estação de São Bento, testa das linhas do Caminho-de-Ferro do Minho e Douro foi inaugurado, em pleno período republicano, a 5 de Outubro de 1916. A abertura dos túneis da China, do Seminário e das Fontainhas (ou D. Carlos I) foram alguns dos grandes obstáculos vencidos no terreno, destacando-se neste último a mestria do engenheiro belga, Hippolyte de Baère.

O forte impacto científico e sociocultural do “maior feito dos portugueses no século XX: a I Travessia Aérea do Atlântico Sul [entre Lisboa e o Rio de Janeiro], por Sacadura Cabral e Gago Coutinho, em 1922 … cinco anos antes” da aventura do americano Lindeberg, “com aparelhos por eles inventados (o sextante Gago Coutinho e o corrector de rumos), [mostrando] a possibilidade de navegar pelo ar com a mesma precisão com que se navegava no mar” (28) teve eco no activo e interventivo meio ferroviário.

O edifício impõe-se pela monumentalidade exterior que lhe dá forma como pela inspiração artística que acolhe o visitante no seu interior. O átrio é expoente máximo da azulejaria tradicional portuguesa, inspirado na história e tradições portuguesas, com alusão à história do desenvolvimento dos transportes e, particularmente, o simbolismo da circulação do primeiro comboio a norte do Douro, com o povo a saudar a chegada do primeiro comboio a Braga.

A sensibilidade técnica e artística manifesta-se no “Bronze aos Aviadores” na parede da chamada de “sala de visitas” do Porto, obra do desenhador/escultor Carlos Leituga e fundição do mestre António Bento Duarte, ambos das Oficinas de Campanhã, dos Caminhos de Ferro do Estado, Direcção do Minho e Douro.

No seu interior, as bilheteiras, obra de fina carpintaria, enquanto equipamento da estação, configuravam a delimitação do acesso ao cais de embarque pelos passageiros. Na sequência do processo de eletrificação da linha entre Porto−Campanhã e Porto−São Bento, em 1969, esta estação passou a prestar apenas serviços regionais e suburbanos. Em São Bento, no centro histórico do Porto classificado pela UNESCO como Património da Humanidade, se inspiraram pintores como Joaquim Lopes, Margarida Tamegão, Júlio Resende, entre tantos outros.

[F212] Destacável, publicado no ‘Boletim da CP’ no ano do cinquentenário, 1966

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[F213] Parte da ‘Entrevista’ e mensagem aos ferroviários publicada, em 2004, no ‘Boletim da CP’

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[F214] Vestíbulo e bilheteiras, em madeira, da Estação Central, posterior Porto S. Bento, à época da inauguração, 1916 [F215] Placa de fabrico de veículo ferroviário (carruagem?), após o arrendamento dos Caminhos de Ferro do Estado à CP

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[F216] Estação de Porto–São Bento. Multidão aguardando a chegada do General Humberto Delgado, 14 de maio de 1958 [F217] Estação de Porto–São Bento

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LUGAR SIMBÓLICO: TRABALHO, CIÊNCIA, GLÓRIA

(iii)

Jorge Palma, músico, compositor e cantor diz que ‘o comboio é inspirador’ e que ‘é muito mais fácil … meter-me num Alfa ou num Intercidades do que meter-me num automóvel e ir a conduzir’.

Ao ritmo da velocidade da locomotiva a vapor circularam pessoas e ideias, desenvolveu-se a ciência e inspiraram-se artistas; o comboio fascinou, entre outros, Victor Hugo, Hans Christian Andersen, Eça de Queirós, Pessoa.

(28a)

A Estação de São Bento tem uma história escrita pelo tempo. Muitos e variados percursos individuais ali se cruzam, encontros e desencontros que vem testemunhando.

Corino de Andrade, médico ferroviário, que descobriu a ‘doença dos pézinhos’ contava que, “Em Berlim nasceu a ideia de vir trabalhar para o Porto. “Desci em S. Bento… e, como o professor Tiago de Almeida tinha morrido, acabei por entregar a carta de Voght [cientista e professor alemão, que o recomendava] ao director Professor Almeida Garrett [da Escola Médica do Porto] … e fui outra vez para S. Bento para o comboio”. (20)

Palco dos sucessos e insucessos de uma cidade inconformada, acolheu vitórias e aplacou as angústias na chegada e na partida. Corria o ano de 1906, mais de 20 000 pessoas receberam dois deputados republicanos na sua viagem ao Porto sendo violentamente expulsas depois pela polícia. E a 1 de dezembro desse mesmo ano também o republicano Afonso Costa, deslocando-se ao Porto para um comício, fez a sua chegada triunfal à Estação de São Bento, mobilizando uma multidão vigiada policialmente. Aqui se deu a recepção apoteótica da equipa do Futebol Clube do Porto pela sua consagração com o primeiro título de Campeão Nacional no Campeonato da I Liga na época de 1934/1935. Foi ali recebido, por impressionante multidão, ávida de esperança e de liberdade, o General “Sem Medo” Humberto Delgado, a 14 de maio de 1958. Aqui se aclamou Simone de Oliveira em 1969, ano em que representou Portugal no Festival da Canção com “Desfolhada”, de José Carlos Ary dos Santos e Nuno Nazareth Fernandes.

[F218] Caricatura da Estação de Porto–São Bento publicada, em 1966 por ocasião do cinquentenário, no ‘Boletim da CP’

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[F219] Estação de Porto–São Bento: Gare metálica.

[F220] [F221] [F222] [F223] Estação de Porto–São Bento: reabilitação do revestimento azulejar do átrio.

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PRÉMIOS E RECONHECIMENTOS Prémio SOS Azulejo 2013 – Galardoada com o “Prémio Intervenção de Conservação e Restauro”.

A Estação de São Bento está classificada como Imóvel de Interesse Público «Estação de São Bento, incluindo a gare metálica, os painéis de azulejos e a boca de entrada no túnel», pelo Decreto n.º 67/97, DR n.º 301, 1.ª série B, de 31 de dezembro.

Prémio Brunel 2014, na categoria “Estações”, atribuído pelo Grupo Watford ao projeto de reabilitação do revestimento azulejar do átrio, tendo o júri evidenciado na sua apreciação o facto de este investimento notabilizar e engrandecer o quotidiano dos utilizadores do modo ferroviário.

Também inserida no Imóvel Classificado de Interesse Público «Zona Histórica do Porto», pelo Dec. n.º 67/97, DR n.º 301, 1.ª série B, de 31 de dezembro. A Estação de São Bento está abrangida pela Zona de Proteção da «Muralha de D. Fernando e respetivo Miradouro», classificada de Monumento Nacional pelo Dec. n.º 11454, 19/02/1926.

Está inserida no Monumento Nacional «Centro Histórico do Porto», pela Lei n.º 107/01, de 08/09 (n.º 7, art. 15º) e Aviso n.º 15173/10, DR n.º 147, 2.ª série, de 30 de julho; inscrito na lista «Património Mundial» da UNESCO a 05/12/96 (cf. «Relatório da 20ª Sessão do Comité», México), área Património Mundial, listada pela UNESCO em 1996, MN19 da Planta de Condicionantes do mesmo documento RPDMP.

A revista Travel+Leisure elege a Estação de São Bento, em agosto de 2011, como uma das catorze mais belas de todo o mundo. A Estação de São Bento é considerada, de acordo com a publicação Flavorwire, em abril de 2012, uma das dez estações ferroviárias mais bonitas do mundo.

[F224] SOS Azulejo - Placa Disssuasora aposta em estações com património aulejar.

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[F225] Estação de Porto-São Bento, alçado sul. Evolução dos transportes terrestres portugueses até ao século XIX, à data da chegada do comboio a Braga em 1875

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WORLD WAR ONE Centenary of Germany’s Declaration of War on Portugal As the situation in Europe worsens, and Britain requests that German ships in Portuguese ports be seized, Germany declares war on Portugal on 9th of March 1916. After preparatory training in Tancos, the soldiers of the Portuguese Expeditionary Force (CEP), uprooted from their homes and separated from their families, head to Lisbon where they board the steam boat which will take them to France and the horrors they will have to endure in the trenches of Flanders. Their blood shed on the battlefields, many gave their lives and those who returned would never fully recover. The service provided by the Railway Sappers Battalion (BSCF), praised by the British High Command, was recognized by the Portuguese State with the award of the rank of Commander of the Order of the Tower and Sword.

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PORTUGAL E A GRANDE GUERRA MUNDIAL 100 Anos da Declaração de Guerra da Alemanha a Portugal

[F226] Desfile da Vitória, Paris

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OS FERROVIÁRIOS E A GRANDE GUERRA MUNDIAL Não havia senão lamúria, e lagrimas em todo o povo. Juntarão-se duas razões, de grande potencia, primeira a mórte de Manuel da Cunha Dias. Segunda tantos militares conhecidos, caminhavão para os campos de Batalha. Quando o comboio deu partida, tantos lencinhos bramcos assomavão deichando profunda saudade; hólhos frêscos vertiam lagrimas quentes deslizarão pela face de todos os que acistirão a esta separação tão dolorosa”. (31)

Portugal viu-se envolvido no teatro europeu da Grande Guerra desde Março de 1916. Todavia, já na Gazeta dos Caminho‑de‑Ferro, de 16 de Dezembro de 1914, Raúl Esteves tratava das condições de mobilização dos ferroviários para o conflito. “As tropas de Caminhos-de-Ferro em Portugal iniciaram a sua existência no ano de 1894, com a criação da Companhia de Caminhos de Ferro, integrada no Regimento de Engenharia. Foram constituídas com a missão de, em tempo de guerra, executar os trabalhos necessários para pôr em estado de serviço uma linha férrea, que tivesse sido destruída, construir pequenos ramais de ligação ou de desvio e destruir as linhas que tivessem de ser abandonadas ao inimigo” e, também, da “exploração provisória de algum troço de linha férrea que, … não estivesse entregue ao pessoal ordinário de exploração”.

“Constituído com um contingente inicial de 1.248 praças e 40 oficiais, e entregue à direcção de Raúl Esteves, foi autonomizado do Corpo Expedicionário Português e colocado sob a dependência directa do Alto Comando Britânico”. (29) Como a origem dos técnicos e dirigentes dos primórdios do transporte ferroviário se encontra nas escolas militares, a organização dos serviços e a lógica de funcionamento hierárquico do pessoal – bem patente nos uniformes que identificavam categorias e funções, e cujo primeiro Regulamento de Fardamentos para caminho-de-ferro no país datará de 1872 – imitava ao pormenor a estrutura militar, decalcando dali a rígida disciplina sempre imprescindível à prestação do serviço. (32)

“Com a entrada de Portugal na I Grande Guerra … ficou assente que seria constituído um Batalhão de Sapadores de Caminho‑de‑Ferro para França“. (29) Aquele Batalhão “criado a partir das brigadas ferroviárias portuguesas, organizadas em Abril de 1912” passou a englobar todo o pessoal ferroviário “adstrito ao serviço militar”, como refere o Decreto n.º 2:0566 de 14 de Agosto de 1916, “excluídos os indivíduos pertencentes às tropas de caminhos-de-ferro”. (30)

É esse profissionalismo do ferroviário na frente de batalha que os documentos pessoais de Ernesto Pereira da Silva traduzem, para garantir operacional a linha entre La Gorgue e Bethune. (33)

Sobre a mobilização das tropas, Camilo Gomes de Sá, do Couto de Cambeses, registava, em “31 de Julho de 1917, … Em seguida veio um combóio de trópa que segui para França. Parou a ribeirinha; e veio outro de nine que parou a Bouço; á espéra do dezembarque das trópas que vinham de Braga com destino a prestar aucilio á França, na grande guérra, quando os Alemães penssavam em dominar a Europa. Só visto neste momento de dôr e comução, assistindo a uma tragédia; que Cambezes nunca tinha assistido.

Uma das características do trabalho do ferroviário é a mobilidade. Por isso, muito consentâneo com o espírito hodierno da globalização, o seu carácter aventureiro e decidido converteu-o em cidadão do mundo, conhecedor de gentes, cidades, costumes e tradições inacessíveis aos demais em finais do século XIX. Pelas exigência de actualização profissional permanente era centro de tertúlias e reuniões, dado os seus conhecimentos permitirem novos temas de conversação e vivências desconhecidas para o trabalhador sedentário.

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Em consequência da participação portuguesa no conflito e das sanções impostas à Alemanha, entre benefícios de diferente cariz, Portugal veio a receber diverso equipamento ferroviário, como carruagens, vagões e locomotivas – em nome das reparações de guerra alemãs – entre as quais tem relevo a locomotiva a vapor que, actualmente, tracciona o comboio turístico-histórico no Douro, entre a Régua e o Tua.

No regresso a Portugal, ao Batalhão de Sapadores de Caminhos de Ferro (BSCF), cujo lema era “Sempre Fixe”, foi “concedido o grau de Comendador da Ordem da Torre e Espada, por, num aturado serviço de campanha de quase dois anos, ter dado continuadamente provas brilhantes de inexcedível dedicação pelo cumprimento dos seus deveres, estando sempre pronto para os mais árduos e arriscados serviços, que desempenhou com perfeita competência técnica e particular distinção, tendo merecido honrosas referencias dos comandos aliados, sob cujas ordens serviu, e mantido um alto valor moral e um espírito de corpo fora do vulgar”. (29) “Os caminhos-de-ferro tiveram um papel essencial durante a I Guerra Mundial, constituindo um precioso apoio ao esforço de guerra, transportando tropas, distribuindo matérias primas e produtos alimentares, levando munições aos militares em campanha. Esforço de guerra e caminhos-de-ferro possibilitaram um aumento considerável da mobilidade dos exércitos e tornaram-se vitais para as economias de guerra, tanto de neutros como de beligerantes”. (34) Internamente, as debilidades económicas do país agravadas, em tempo de guerra, pelo aumento dos preços do carvão e dos equipamentos importados, traduziram-se em grandes dificuldades ao normal funcionamento das empresas ferroviárias e na perda de poder aquisitivo dos trabalhadores, com consequências políticas e sociais que debilitavam o já conturbado ambiente político da época. O enquadramento militar, a liderança de Raúl Esteves, e o espírito de corpo do BSCF, serviram ainda o Estado para combater e atalhar algumas das consequências das greves ferroviárias, nomeadamente em 1919, com a utilização do “vagão-fantasma” para evitar a sabotagem dos comboios pelos ferroviários.

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[F227] Alfinete de lapela – Sempre Fixe.

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[F228] Ernesto Pereira da Silva, ferroviário do Minho e Douro, e soldado do Batalhão de Sapadores de Caminhos de Ferro, integrante do CEP que actuou na Flandres [F229] Bilhete da ida à Opera de Ernesto Pereira da Silva [F230] Caderno de apontamentos de Ernesto Pereira da Silva

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[F231] Medalha ao MĂŠrito com que eram agraciados os ferroviĂĄrios do Estado

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BRIGADA N.º 1 Caminhos de Ferro do Estado Direcção do Sul e Sueste

BRIGADA N.º 2 Caminhos de Ferro do Estado Direcção do Minho e Douro e Vale do Corgo

BRIGADA N.º 3 Companhia dos Caminhos de Ferro Portugueses

BRIGADA N.º 4 Companhia dos Caminhos de Ferro Portugueses da Beira Alta

BRIGADA N.º 5 Companhia Nacional de Caminhos de Ferro

BRIGADA N.º 6 Companhia de Caminhos de Ferro do Vale do Vouga

BRIGADA N.º 7 Companhia de Caminhos de Ferro do Porto à Póvoa e Famalicão

BRIGADA N.º 8 Companhia de Caminhos de Ferro de Guimarães

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[F232] Aviso de autorização para aplicação de sobretaxas sobre os bilhetes, para fazer face ao aumento do custo do carvão e outros materiais necessários à exploração ferroviária durante o períoo da Grande Guerra [F233] Título de obrigações da CP, 1967 [F234] Companhia Nacional de Caminhos de Ferro (Linhas do Tua e do Dão) - Regulamento de Uniformes [F235] Comboio Fantasma, carregado com ferroviários grevistas para evitar sabotagens, 1919

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[F236] Batalhão de Sapadores do Caminho de Ferro - Terceiro almoço de confraternização

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[F237] Placa de fabrico de carruagem (?) com origem nas Oficinas Gerais do Barreiro. [F238] Sigla da Companhia dos Caminhos de Ferro da Beira Alta, que construiu e explorou a Linha da Figueira da Foz a Vilar Formoso – parte de um cartão de identidade [F239] Automotora de via estreita, construída nas Oficnas da CP em Lisboa, anos 40 do século XX

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[F240] Locomotiva a vapor CP 0186 – adquirida por Portugal por conta das indemnizações de guerra alemãs aos Aliados, em consequência da participação portguesa na Grande Guerra - a rebocar o comboio turístico entre a Régua e o Tua, Linha do Douro

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[F241] Primeira página do fac-simile da Declaração de Guerra [F242] Ordem do Exercito Nº 4 de 25 de março de 1916

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TESTEMUNHOS DA GRANDE GUERRA MUNDIAL Com o agudizar da situação na Europa e na sequência do pedido da Inglaterra para o aprisionamento de navios alemães que se encontravam nos portos portugueses, a Alemanha declara guerra a Portugal, a 9 de março de 1916. Depois do treino realizado em Tancos, que os preparava para esta nova guerra, ei‑los que partem em comboio, soldados do CEP arrancados à sua terra, doridos da despedida das suas famílias, rumo a Lisboa para enfrentarem depois a viagem de vapor que os levaria às terras da França onde, nas trincheiras da Flandres, passariam as grandes provações desta guerra. Derramado o seu sangue nos campos de batalha muitos lá ficaram e aqueles que regressaram jamais veriam as suas feridas sararem completamente.

Declaração de Guerra “O Governo Imperial vê-se forçado a tirar as necessárias consequências do procedimento do Govêrno Português. Considera-se, de agora em diante, como achando-se em estado de guerra com o Govêrno Português. Ao levar o que precede, segundo me foi determinado, ao conhecimento de V. Exª, tenho a honra de exprimir a V. Exª a minha distinta consideração. Rosen.” (47)

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[F243] Tancos - Preparação da Divisão de Instrução. [F244] Tancos - Preparação da Divisão de Instrução.

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[F245] Tancos – Acampamento Cidade Paulona.

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TESTEMUNHOS DA GRANDE GUERRA MUNDIAL Sobre a Viagem de Comboio/a vapor “Adeus, adeus, terra de Portugal! Farrapos de panorama, relâmpagos de beleza, entreluzindo pela janela do comboio.” (48) “Quando nós daí saímos e que o combóio partiu parecia que se acabava o mundo com lágrimas e gritos. Mal que êle desapareceu vós esquecesteis tudo. Pois olhai que estamos aqui a continuar o que noutras eras fizeram nossos avós.” (49)

[F246] Diário do Soldado n.º 413, Laurindo Soares, da 1.ª Companhia do Batalhão de Sapadores dos Caminhos de ferro.

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[F247] [F247a] Últimas despedidas. Antes da partida, muitos soldados aproveitavam para comprar alguma fruta às vendedeiras.

[F248] Militares numa estação de caminho-de-ferro [F249] Zona de Embarque [F250] Militares a embarcarem

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[F251] Ăšltimas despedidas. Antes da partida, muitos soldados aproveitavam para comprar alguma fruta Ă s vendedeiras.

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[F252] Treino na carreira de tiro [F253] Exercícios militares no campo [F254] Treino de sabre à baioneta. [F255] Exercícios com máscaras [F256] Visita à Unidade de Saúde [F257] Hospital Militar [F258] Hospital Militar [F259] Cerimónia religiosa junto a um Hospital da Base [F260] Distribuição de material.

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TESTEMUNHOS DA GRANDE GUERRA MUNDIAL A Retaguarda alardeando, por vezes, serviços que desconhecidos fizeram e de cuja boca saíam narrações de façanhas heroicas praticadas no tormentoso campo de batalha da retaguarda.” (51)

“É também por esta vasta zona que estacionam os batalhões em descanço ou os que se preparam para a vida da trincheira. E lá no fim sobre o Mar, por Calais, Boulogne, Paris-Plage é a região paradisíaca do quartel general da base, dos depósitos da base, dos hospitais da base e doutras sólidas e felizes bases.” (50)

“As madrinhas de guerra serão pela vida fóra, de nós todos que fomos à guerra, a nossa mais doce recordação.” (52)

“Que bicho vinha a ser o cachapim? Comparando e pesados os prós e os contras, chegava-se à conclusão que cachapim (quer se tratasse de oficiais, sargentos ou simples soldados) vinha a ser o felizardo ocupando uma situação menos perigosa do que a nossa, instalado com conforto, fingindo ter muito que fazer

[F261] Banda de Música do CEP

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[F262] A caminho das Trincheiras.

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TESTEMUNHOS DA GRANDE GUERRA MUNDIAL A Caminho das Trincheiras “Ao caminhar da retaguarda cá para as linhas, atravessam-se todos os círculos da agonia até parar nestas planícies da morte. São as aldeias desmanteladas – casas mortas com órbitas vazias e espigões de madeiros fraturados em ruas cemiteriais; pouco depois as zonas, onde a artilharia ligeira se esconde e troveja; agora os campos, eriçados de arame farpado, panos de paredes carcomidas, e granadas rebentando; enfim a terra cava-se, mergulhamos no chão: estamos nas trincheiras.” (53)

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[F263] Militar junto à cratera de Mouquissart

[F264] Estrada com edifício destruído à esquerda e à direita

[F265] Zona de Combates

[F266] Militares a percorrerem zona destruída

[F267] Vista sobre a Trincheira

[F268] Vista sobre a Trincheira

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[F269] Zona de Combates

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[F270] Militares nas Trincheiras

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TESTEMUNHOS DA GRANDE GUERRA MUNDIAL A Vida nas Trincheiras “Digo que o soldado veste a trincheira – porque a trincheira não é mais que a armadura da nossa guerra.” (54) “Depois veio o gás. Tocam matracas, buzinas, chocalhos, o diabo. Cada um enfia no focinho a máscara que traz ao peito e o arraial toma aspecto de baile de máscaras ao som de batuque formidável que é igual em todos os povos que tomam parte desta guerra: brancos ou amarelos, negros ou vermelhos.” (55)

“E como vai nalguns dias me é forçoso deitar vestido e para me lavar, à laia de lavatório, só tenho um velho capacete inglês, ergo-me cedinho e resolvo dar um salto a Greenbarn para tomar um banho.” (57)

“4) – Organizar convenientemente, as distribuições de água e rações, não esquecendo que a ração a distribuir é igual para oficiais e praças (…).” (56)

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[F271] Militares nas Trincheiras

[F274] Fazer a barba na Trincheira

[F272] Militares a fazerem a higiene

[F273] Refeição nas Trincheiras

[F275] Militares nas Trincheiras

[F276] Militares transportam uma maca junto a um abrigo

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[F277] Fazer a barba nas trincheiras

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[F278] Sector portuguĂŞs - Zona devastada de Merville - ruĂ­nas da igreja. Postal

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TESTEMUNHOS DA GRANDE GUERRA MUNDIAL Destruição e Desolação “Quando a tarde chega, nestes céus baixos e brumosos, apagando as formas para só deixar a nú a desolação imensa das coisas, aquele Cristo do Calvário intacto, erguido no madeiro altissimo, dominando toda a scena, ganha uma nova humanidade e assume não sei que proporções de revelação trágica.” (58)

“… - Os oficiais não gostam de ambulâncias, naturalmente lá na linha são soldados que lhes caem – e aqui é muito diferente – são homens!” (60)

“São poucos os peitos portugueses que ora pelejam, resistem e combatem, mas é grande a alma que os anima e forte o ideal que os impulsiona!” (59)

“Ocupam ali as trincheiras eternas. As suas feridas sangram ainda e eles continuam a bater-se, batem-se ali pra sempre, além da morte, pela sua Pátria.” (61)

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[F279] Cristo das Trincheiras [F280] Homenagem aos militares portugueses mortos em combate

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[F281] Hospital de Campanha [F282] Intervenção Cirúrgica

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[F283] Soldats portugais faits prisonniers en fĂŠvrier 1918

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TESTEMUNHOS DA GRANDE GUERRA MUNDIAL Campos de Prisioneiros “À saída do refeitório, cada um vai à bomba lavar o seu prato, em água fria já se sabe, porque não a há quente…nem dela temos necessidade, pois os alimentos são confeccionados sem gorduras. E tudo lava, minha gente, desde o alferes ao coronel, passando pelo tenente.” (62)

[F284] Soldats portugais faits prisonniers en février 1918

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[F285] [F286] Regresso a Portugal

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TESTEMUNHOS DA GRANDE GUERRA MUNDIAL Regresso “… um dos dois campos de concentração, que ainda se encontram repletos de pessoal a repatriar. Aguardam embarque (…). Amanhã só seguem 200 homens aproximadamente. Descrever o que isto cá é, torna-se impossível.” (63)

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[F287] Desfile da Vitรณria, Paris

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TESTEMUNHOS DA GRANDE GUERRA MUNDIAL O Desfile da Vitória No contexto da Conferência de Paz em 1919: “De novas direi que as auras não vão de todo más para nós, na Conferência.” (64)

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[F288] BonĂŠ da Companhia Real [F289] Mapa 1956

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MAPA DA REDE FERROVIÁRIA PORTUGUESA Map of the Portuguese Railways

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CELEBRATIONS Along with the literature, the impulse that the speed of the train gave to the rhythm of the societies universalized the trip and to allow the access to all realities As an leitmotiv of economic development, it has influenced policies, cultures and aesthetic trends. The 160 Years of the Portuguese railways were marked in multiple dimensions, meanings and forms of expression.

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COMEMORAÇÕES

[F290] Sessão solene de comemoração dos 160 Anos do Caminho-de-ferro em Portugal, Assembleia da República, Outubro de 2016

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A par com a literatura, o impulso que

Justificadamente, os 160 Anos do

a velocidade do comboio imprimiu ao

Caminho-de-ferro em Portugal

ritmo das sociedades, desde o século

assinalaram-se em múltiplas dimensões,

XIX, dinamizou a paisagem humana

significados e formas de expressão.

ao universalizar a viagem e permitir o acesso de todos a realidades antes só

Em sessão na Assembleia da República,

imaginadas.

e uma exposição sobre a história e o futuro do sector, encontrou-se com os

Como motor de desenvolvimento

decisores políticos; continuou a inspirar

económico influenciou políticas, culturas

artistas plásticos, reunidos no antigo cais

e tendências estéticas.

de mercadorias de São Bento; validou projectos para o sector ferroviário, em cerimónia com a presença da Tutela; em

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exposição sobre a ‘hora oficial’, afirmou

comboios; fundamentou concursos de

o seu contributo para a evolução

promoção da arte com a universidade;

do funcionamento da sociedade;

justificou parcerias com o ensino

mostrou o valor dos ferroviários ao

profissionalizante; mereceu a edição de

evocar Ginestal Machado; impôs-se na

livros a uma edição temática do Courrier

evocação da Grande Guerra, agregando

Internacional; valeu a cunhagem de uma

a instituição militar, empresas do

medalha; legitimou o recebimento de

sector ferroviário e a academia na

prémios por restauro de locomotiva a

organização de uma exposição e de um

vapor e pelas parcerias; e a efeméride

colóquio; deu mote a uma extracção

‘passeou-se’ nas linhas-férreas, em

especial da lotaria nacional; teve

painel colocado em veículos da frota

programa especial no Museu Nacional

comercial da CP.

Ferroviário; confraternizou e conviveu com os Clientes em múltiplas acções culturais promovidas a bordo dos

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[F291] A azáfama dentro do pavilhão da locomotiva é sempre motivo de interesse [F292] As emoções e a surpresa da entrada da locomotiva a vapor CP 0186 em S. Bento [F293] Não há inibições … Porto S. Bento

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‘COMBOIO HISTÓRICO’ A VAPOR - CP APRESENTAÇÃO PÚBLICA Estação de Porto–São Bento Após restauro e construção de nova caldeira, alterada para combustível diesel, com vista a melhorar a eficiência energética, ambiental e logística - menos fumo, sem cinza e sem riscos de incêndio – a locomotiva a vapor ‘CP 0186’, rebocando as carruagens históricas, foi ali recebida, com enorme entusiasmo pelo público e clientes da CP, no dia 30 de maio. Numa acção de forte interacção com a comunidade, incluindo os turistas que demandam o Porto, até 2 de Junho, quando regressou para a actividade turística da CP no Douro entre a Régua e a estação do Tua, o ‘comboio histórico’ foi visitado por 1600 crianças em grupos escolares; numa das carruagens decorreram palestras sobre o arquitecto Marques da Silva, a Estação Porto–São Bento e os comboios.

[F294] O gosto de viajar no comboio histórico - Porto S. Bento

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[F295] [F296] Capa do Catálogo da exposição de Artes Plásticas

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EXPOSIÇÃO DE ARTES PLÁSTICAS "LUGARES E MÁQUINAS NO TEMPO: 160 ANOS DO COMBOIO EM PORTUGAL" Estação de Porto–São Bento Entre 3 e 23 de Outubro o antigo cais de mercadorias da Estação de Porto–São Bento - lado da Rua da Madeira acolheu a exposição dedicada ao caminho-de-ferro, particularmente os comboios. Entre os trabalhos dos trinta 30 artistas representados, pela primeira vez na zona norte país, pontuavam desenhos de Sousa Lopes que, ao serviço do Exército português, retratou a vida dos soldados do Corpo Expedicionário Português (CEP) envolvidos na Grande Guerra 1914-18. A mostra, organizada por Eduarda Loureiro da CP, com curadoria de Jorge Velhote e fotografia de Miguel Coelho, e o respectivo Catálogo enquadrado pelos textos abaixo, contaram com apoios da IP–Infraestruturas de Portugal, da Fundação Bienal de Arte de Cerveira, do Exército Português - Comissão para a Evocação dos 100 Anos da Grande Guerra, do Museu Militar de Lisboa, do Museu Militar do Porto, do Felisberto de Oliveira, Ld.ª, e patrocínios das empresas Esporão e Berci. De 28 de outubro a 3 de dezembro esteve disponível ao público na Fundação Bienal de Arte de Cerveira, em Vila Nova de Cerveira.

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[F297] A visita do Presidente do CA da CP, do Director da Direcção de História e Cultura Militar e do Director do Museu Militar do Porto, entre outros responsáveis [F298]

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Por isso, as nossas ofertas de serviços, que pretendemos que sejam sempre, mais e melhor integrados, terão que espelhar a nossa missão de serviço ao Cliente: no atendimento, tornando a compra mais prática, fácil e célere; e, nos comboios, com tempos de viagem mais reduzidos e maior conforto.

A primeira viagem de comboio em Portugal aconteceu entre Lisboa e o Carregado, no dia 28 de Outubro de 1856. Hoje, com orgulho no passado forte e sólido, celebramos o caminho-de-ferro e os seus 160 anos.

A modernidade do século XXI, no caminho-de-ferro, faz-se também com a infraestrutura, com a adequação das estações, com a criação de mais parques de estacionamento, com a promoção da intermodalidade. Faz-se da comunidade, com a comunidade, para a comunidade.

Queremos evocar essa primeira viagem, início de uma nova e desafiante era. O seu significado contém os espaços, os tempos, as identidades… enfim todos os territórios que ajudámos a transformar. Queremos reconhecer a todos, Clientes e Colaboradores que, durante esta longa viagem, tornaram possível todas as mudanças que conseguimos implementar, designadamente no campo da mobilidade de pessoas e de bens.

A CP quer que o seu sucesso se faça através dos seus Clientes e Colaboradores, pelas histórias que trouxerem e que daqui levarem.

A modernidade, encetada no século XIX, fonte de riquezas várias, desde a económica até à sócio-cultural, não se fixou no momento, mas perpassou-o: trouxe-o até nós.

Uma dessas histórias é a que este grupo de Artistas construiu, embarcando connosco na viagem de celebração dos 160 anos do comboio em Portugal.

Hoje, urge que reinventemos o caminho-de-ferro, voltando a cativar os atuais e os potenciais públicos. Hoje, queremos encantá-los.

Manuel Tomás Cortez Rodrigues Queiró Presidente da CP - Comboios de Portugal

Num Mundo onde o local se aproxima do regional, conquista o nacional e busca o internacional - onde todos estamos, podemos e queremos estar -, a CP continua a crescer, sustentadamente, no número de Clientes, bem como em proveitos, afirmando-se como o maior transportador nacional de passageiros. Somos e queremos ser sustentáveis, eficientes, eficazes e adaptativos. Queremos que os nossos Clientes tenham excelentes viagens, boas experiências, emoções positivas. Queremos que transportem consigo boas memórias, até aos seus locais de partida ou aos seus novos lugares de chegada.

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[F299] [F300]

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Tanto a Bienal Internacional de Arte de Cerveira, como a CP, constituem-se como pilares fundamentais no meio em que se inserem, tendo contribuído de um modo único e arrojado para a descentralização da produção cultural e abertura de novos horizontes em Portugal.

Assumindo a continuidade do modelo implementado desde a 1.ª edição da Bienal Internacional de Arte de Vila Nova de Cerveira, que em 1978 teve a ousadia de despertar consciências adormecidas para o sucesso das novas tendências artísticas, a Fundação Bienal de Arte de Cerveira (FBAC), enquanto veículo da modernização e de desenvolvimento artístico-cultural, quer continuar a aprofundar cada colaboração e cada parceria, desde que represente uma mais-valia para a comunhão das artes a outras áreas.

É desta ligação que surge a parceria entre estas duas entidades, com a Fundação Bienal de Arte de Cerveira a acolher a exposição “LUGARES & MÁQUINAS NO TEMPO: 160 ANOS DO COMBOIO EM PORTUGAL”, na qual diferentes artistas apresentarão a sua perspetiva sobre os comboios de Portugal, convidando jovens e menos jovens para desfrutar de um espaço alusivo à história ferroviária pela arte.

Não restam dúvidas de que a Bienal Internacional de Arte é um dos acontecimentos mais marcantes das artes plásticas no nosso País, com história e identidade partilhadas pela provocação da intervenção artística e na potenciação da troca de experiências culturais únicas. Tem sido um caminho de empenho, dedicação e trabalho árduo, mas com conquistas que aumentam e projetam, nacional e internacionalmente, o seu reconhecimento no mundo das artes.

João Fernando Brito Nogueira Presidente do Conselho Diretivo da FBAC, FP

Este é um percurso de sucesso com futuro e que muito se identifica com a estratégia delineada e concretizada pela CP – Comboios de Portugal. São 160 anos a encurtar as distâncias em Portugal e, refletindo o presente e o futuro, sem esquecer o passado, a CP tem conseguido adaptar-se a novos conceitos e dinâmicas exigidas pelas populações, através da criação de oportunidades e da oferta de experiências alargadas. Se a Bienal de Cerveira é um ícone na projeção das artes, a CP – Comboios de Portugal — apresenta-se como um elo condutor entre as pessoas e o conhecimento espalhado por diversas localidades do país. Vila Nova de Cerveira foi e é ponto de paragem obrigatória por inúmeras razões, entre as quais pelo seu conceito de ‘Vila das Artes’.

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[F301] Eurico Cruz Santos, Paulo J. Mendes, Damião Vieira, Armando Aguiar, Henrique Oliveira, Braúlio Figo, Maria João Gabriel, Emília Borges, Odete Pinheiro, Isabel Mota, Maria Leal, Ana Maria, António Moniz Palme, Marcos Muge, Jorge Velhote

[F232]

[F233]

[F304] Criatividade sobre a ‘imagem dos comboios CP’ criada pelo Escultor José Santa Bárbara

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Neste assumir de memórias e contextos formais rigorosamente disciplinados que algumas peças nos dão a ver, está também a grandeza de muitos trabalhadores anónimos que as tintas e cores não retratam como fantasmas, mas como tribo ilustre com quem edificamos afectos e trocamos confidências e a excelência de rasgar o mundo para nos levar ao destino ou à solidão sem inquietação, na tranquilidade relaxada de uma emoção ou conversa.

UMA VOCAÇÃO LÍRICA OU UM ENCONTRO DE INOCÊNCIAS Todo o cais é uma saudade de pedra, Álvaro de Campos É impossível evitar alguns lugares comuns, dir-se-á, quando olhamos ou escutamos comboios, algo de nós, o mais secreto e mesmo íntimo, o mais pueril e que nos fascina, vai ali e longe com eles. E mesmo quando parados no seu destino em percurso, ou solitários em repouso desenhando a noite sem ruído, há um olhar que neles não se esgota, antes parece que nos transforma em agrimensores ou deambuladores de lugares que ignoramos – será que no aprazível do nosso sossego os comboios são o nosso desejo mais secreto, íntimo e inadiável –, um arrepio espiritual sem mapa nem fronteiras?

Há também nesta exposição, em rigor, páginas graves e cinzentas e duras e sem retorno de um tempo agreste e punitivo de pessoas, famílias e bens a que o comboio sem inocência ou medida estará para sempre associado – a guerra, ou mais junto ao nosso olhar, o abandono de destinos que deixam na paisagem buracos para nenhum lugar –, são geografias inspiradas em palavras sem perspectiva, vislumbres de um libreto lido sem luz, uma tentativa de reencontrar esse lugar sem a poética de um pastor.

Esta mostra, na sua pluralidade estilística e material, no diverso das suas memórias, registos e afectos, colhe-nos os sentidos com novas e insuspeitas palavras. Faz regressar desde o mais fundo do tempo nevoeiros, neblinas, fumos e vapores de que só ouvimos contar histórias em velhos jornais, filmes ou fotografias, ou, mais remotamente, algum familiar mais dado a rememorar as suas aventuras embarca-nos no desassossego da sua imaginação, por vezes delirante por vezes poética, e tantas vezes irónica e maravilhosa, que nos faz encalhar, agudamente, o olhar em edifícios, personagens, em gigantesca, bela e ruidosa maquinaria de que fomos cúmplices improváveis ou, mais prosaicamente, e quase obscenos, seus secretos deslumbrados e enigmáticos amantes diários, vendo à janela dos dias o mundo transformar-se num universo onde sabemos poder um dia chegar à velocidade de um tempo interminável e que instrumenta de códigos e transformações, à dimensão da nossa subjectividade, um encontro ou reencontro com nós próprios, e sem pretexto determinado, mas no mais simples desejo de cada um saber de si entre os carris da eternidade.

Aos amantes dos comboios, na verdade, nada lhes escapa nem é alheio, nem se contentam com as cores mais suaves ou reais. Sem anátemas e com o bisturi do anatomista fulguram no aleatório e generosamente oferecem sem moralizar o vivido, o edificado, uma linguagem autóctone e quase egocêntrica, mas que estabelece laços e traceja caminhos verdadeiros e nativos com a cultura e a história de um povo. Pressupõem o futuro sem limites, acendem lâmpadas na paisagem, no literário visceral dos viajantes, no quotidiano imediato de passageiros de qualquer língua ou na ignorância esclarecida do devaneio. É nesse impulso disponível, tão próximo dos vestígios do inefável que frequentemente nos habita como um dialecto com tantas variações e inspirações que, repetidamente, celebramos o esplendor eficaz de um silencioso aceno ou de uma palavra breve que não deixamos escapar para não perturbar o momento em que os vemos passar.

Cada autor mostra-se um viajante insaciável, o que somente o comboio nos devolve porque próximos da terra e da dimensão permanente dos apeadeiros instantâneos dos nossos passos – cada artista desvela-se um passageiro sentado na sua distinta inocência usufruindo de si e restaurando todos os caminhos e abismos numa velocidade que contamina a nossa dúvida ou surpresa, como se próximos de Deus descobríssemos a origem do Belo e do Bem.

Com os comboios, com que música se lavram os campos? Jorge Velhote Curadoria da Exposição.

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[F305] Ministro do Planeamento e das Infraestruturas, Pedro Marques. [F306] Presidente do Conselho de Administração da IP, António Laranjo. [F307] Ministro do Planeamento e das Infraestruturas, Pedro Marques, Presidente da Câmara Municipal do Porto, Rui Moreira, e Presidente do Conselho de Administração da IP, António Laranjo. Visita guiada à exposição 'Ei-los que Partem...' por Paula Azevedo, IP Património. [F308] Descerramento da placa comemorativa dos 100 anos da Estação de Porto–São Bento. [F309] Placa comemorativa dos 100 anos da Estação de Porto–São Bento.

Comemoração do Centenário 5 de outubro de 2016

PLANEAMENTO E INFRAESTRUTURAS

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SESSÃO COMEMORATIVA DO CENTENÁRIO DA ESTAÇÃO DE PORTO–SÃO BENTO A Estação de Porto–São Bento tem todos os meses cerca de um milhão de passageiros, que a utiliza como ponto de partida e chegada nas suas deslocações, seja em trabalho, seja em viagens de lazer ou não fosse a cidade do Porto um dos principais destinos turísticos do país.

A 5 de outubro comemorou-se os 100 anos da Estação de Porto-São Bento, numa cerimónia presidida pelo Ministro do Planeamento e das Infraestruturas, Pedro Marques. Em representação da IP–Infraestruturas de Portugal estiveram presentes o Presidente, o Vice-presidente e os vogais do Conselho de Administração Executivo. A sessão contou ainda com a presença do Secretário de Estado das Infraestruturas, Guilherme W. d'Oliveira Martins, do Presidente da Câmara do Porto e do Presidente da CP.

Na cerimónia falou-se da intervenção a decorrer na Estação, norteada por dois conceitos chave: Urbanidade (Espaço que produz Cidade) e Requalificação (Modernização que torna o Espaço Apropriado). Tem-se em vista não só a preservação do valioso património histórico, como a remodelação profunda de todo o espaço, dotando-o com melhores condições de conforto, segurança e de acessibilidades.

A cerimónia iniciou-se com o descerramento da placa comemorativa dos 100 anos da Estação de Porto–São Bento, com uma visita guiada à exposição “EI-LOS QUE PARTEM…”, promovida em parceria com a CP e com o Exército, seguida de uma atuação do Coro Orfeão de Arouca, encerrando com as intervenções dos presidentes da IP e da Câmara Municipal do Porto, e do Ministro do Planeamento e das Infraestruturas.

Pretende-se que a Porto–São Bento, mais que apenas um sítio de passagem no acesso ao transporte ferroviário, seja um espaço onde apetece estar, no qual portuenses e turistas encontrem um vasto conjunto de serviços e espaços de cultura e convívio. Esta intervenção vai contribuir para a sustentabilidade da cidade, com mais emprego e mais atividade económica, e com mais diversificação de oferta.

Além de se ter evidenciado a importância das efemérides (160 Anos do Caminho-de-Ferro e, em especial, o Centenário da Estação de Porto–São Bento), salientou-se a relevância das Estações em geral como principais interfaces de transportes. Pela sua monumentalidade, tradição histórica e localização, as Estações são hoje espaços muito procurados por investidores. A modernização tecnológica e a evolução do próprio negócio do caminho-de-ferro libertou muitas áreas antes adstritas à atividade ferroviária. É assim possível compatibilizar interesses, rentabilizando o património existente e garantindo a sua preservação, mantendo-o ao serviço dos utentes do caminho‑de-ferro, mas também da população em geral, com captura de novos clientes para os espaços.

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[F310] Exposição “Ei-los que Partem...”, Estação de Porto–São Bento. Visita guiada por Alexandra Anjos [F311] [F312] Exposição “Ei-los que Partem...”, Estação de Porto–São Bento

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EXPOSIÇÃO “EI-LOS QUE PARTEM…” Estação de Porto–São Bento Os conteúdos foram estruturados pela Direcção de História e Cultura Militar e Museu Militar do Porto [José Berger e Alexandra Anjos]; pela CP-Comboios de Portugal [Secretaria‑Geral e Comissão das Comemorações dos 160 Anos do comboio em Portugal - Rosa Gomes]; pela IP–Infraestruturas de Portugal [Comunicação, Imagem e Stakeholders]; e pela IP Património [Património Histórico e Cultural - Paula Azevedo]. Teve composição gráfica da IP–Infraestruturas de Portugal [Comunicação, Imagem e Stakeholders - João Bravo]. Utilizando iconografia do Museu Nacional Ferroviário, teve o apoio da Fundação Bienal de Arte de Cerveira, da Fundação Marques da Silva e da Câmara Municipal do Porto.

A exposição - promovida e coordenada pelo Exército Português - Comissão para a Evocação dos 100 Anos da Grande Guerra e Museu Militar do Porto, CP-Comboios de Portugal e a IP– Infraestruturas de Portugal – evocou três datas históricas: os 100 Anos do Edifício da Estação, os 100 Anos da Declaração de Guerra da Alemanha a Portugal e os 160 Anos do Comboio em Portugal.

Patente no átrio da Estação de Porto–São Bento, entre 4 e 21 de outubro, foi visitada pelo Ministro do Planeamento e das Infraestruturas, Pedro Marques no âmbito da cerimónia de 5 de Outubro a que presidiu.

[F313] [F314] [f315] Exposição “Ei-los que Partem...”, Estação de Porto–São Bento, pormenores

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[F316] ‘A pequenina caça níqueis’, modelo MD2250, do Grupo Desportivo Ferroviário de Campanhã [F317] Um Objeto e os seus Discursos, debate na Estação de Porto-São Bento [F318] Quarteto de Trombones e Percussão da Banda do Exército

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UM OBJETO E OS SEUS DISCURSOS: O COMBOIO MINIATURA NA ESTAÇÃO DE PORTO–SÃO BENTO No dia 7 de Outubro, em organização da Câmara Municipal do Porto e com a colaboração da IP e do Grupo Desportivo Ferroviários de Campanhã, no átrio da Estação de Porto São Bento, decorreu a sessão “Um objeto e os seus discursos: onde o objeto em destaque foi a miniatura de um comboio a vapor, réplica do modelo MD2250. Nesta sessão Manuel Tão, geógrafo especialista em transportes, José Carlos, ferroviário e Presidente do Grupo Desportivo Ferroviários de Campanhã foram os protagonistas do debate, moderado pela IP–Infraestruturas de Portugal. A miniatura é propriedade do Grupo Desportivo Ferroviários de Campanhã e foi construída nas oficinas gerais da CP para estar patente na Exposição do Mundo Português em 1940. Com o término da exposição foi colocada ao serviço da formação profissional de maquinistas na escola da CP-MD, para, em meados da década de 40, até ser colocada em exposição permanente na Estação de Porto–São Bento. Antecedeu esta sessão uma actuação do Quarteto de Trombones e Percussão da Banda do Exército – Destacamento do Porto, que apresentou as obras: · 007 James Bond (arr: Beat Ryser) · Gonna Fly Now (arr: Sobolewski) · Wave (António Carlos Jobim) · Gospel Time (Jefrey Agre)

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[F319] [F320] Estação de Porto–São Bento, atuação da Banda Militar do Exército – Porto

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ATUAÇÃO DA BANDA MILITAR DO EXÉRCITO Estação de Porto–São Bento Em setembro de 2008 foi convidada a representar o Exército Português no “Encuentro Internacional de Bandas Militares Segovia Military Tattoo 2008”, na cidade espanhola de Segóvia.

A Banda Militar do Exército – Porto, a propósito do encerramento da exposição ‘Ei-los que partem...’, no dia 21 de Outubro, abrilhantou com um concerto no átrio o ambiente da Estação de Porto–São Bento.

Em parceria com a Banda Sinfónica Portuguesa colaborou em novembro de 2007, 2008, 2010 e Julho de 2012 na realização dos II, III, IV e X Cursos Nacionais de Direção de Banda com os prestigiados maestros Jan Cober (Holanda), Douglas Bostock (Inglaterra), Eugene Corporon (EUA) e José Rafael Pascual Vilaplana (Espanha), respetivamente.

A Banda do Exército – Destacamento do Porto é criada como consequência das várias transformações e reestruturações levadas a cabo, na organização do Exército Português, desde o início do séc. XIX até aos dias de hoje. Assim, é legítima herdeira das tradições históricas das antigas bandas militares sediadas na cidade do Porto, nomeadamente a Banda Militar do Regimento de Infantaria N.º 6, Banda Militar do Regimento de Infantaria N.º 18, Banda da Região Militar do Norte, Banda Militar do Porto e demais designações estabelecidas por via das várias reorganizações, ao longo dos tempos, da música militar no Exército.

Em agosto de 2009 foi convidada a participar no festival anual internacional ClarinetFest 2009, acompanhando reputados clarinetistas solistas internacionais, numa organização da Associação Internacional de Clarinete, na Casa da Música na cidade do Porto.

Dentro da estrutura militar, tem por missão assegurar, no respetivo âmbito de atuação, as normas de protocolo relativas às cerimónias e atos militares e participar em atividades culturais e recreativas da responsabilidade do Exército.

Passaram por esta banda os mais ilustres maestros de bandas militares, sendo de destacar, os já desaparecidos: Capitão Domingos Caldeira, primeiro maestro de que se tem conhecimento, Capitão João Carlos de Sousa Morais, talentoso maestro e compositor, cujas obras se têm mantido através dos tempos nos mais variados programas de concerto, e o Capitão Carlos Soares de Oliveira, maestro ainda hoje muito recordado e tido como referência no contexto de grandes maestros militares.

O elevado nível artístico, tornaram-na conhecida e estimada não só na região onde está sediada, mas também em outros locais do país onde se tem apresentado. Efetivamente, para além da intensa colaboração e brilhantismo que confere às inúmeras cerimónias e desfiles militares, a sua ação tem sido considerada relevante como elemento de divulgação da cultura musical no seio das populações nortenhas.

Atualmente, e desde Outubro de 2012, é chefiada pelo Capitão Chefe de Banda de Música Alexandre Lopes Coelho.

Para além das atividades estritamente militares, foi ainda designada para representar o Exército nos festivais de bandas militares, tendo efetuado “Tattoos” nas cidades do Porto, Coimbra, Évora, Braga e Maia.

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[F321] Painel presidido pela responsável do Instituto Superior de Engenharia do Porto – ISEP [F322] O Engº Valente de Oliveira moderou o painel dos oradores representantes da IP e da CP [F323] O Presidente da CP oferece ao Ministro da Defesa a medalha comemorativa dos ‘160 Anos’ [F324] Visita guiada ao Museu do ISEP. Instituto Superior de Engenharia do Porto

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COLÓQUIO SOBRE OS CAMINHOS-DE-FERRO E A GUERRA ISEP - Instituto Superior de Engenharia do Porto O colóquio contou com a presença do Ministro da Defesa Nacional, José Azeredo Lopes, a quem o Conselho de Administração da CP ofereceu a medalha comemorativa dos 160 Anos do Comboio em Portugal, e um representante da IP–Infraestruturas de Portugal.

Organizado pelo Exército Português, com a colaboração do Instituto Superior de Engenharia do Porto (ISEP), da IP–Infraestruturas de Portugal, da CP–Comboios de Portugal e da Fundação Marques da Silva realizou-se, em 14 de outubro no ISEP, o colóquio "Os Caminhos-de-Ferro e a Guerra". Reuniu um conjunto alargado de especialistas e investigadores, incluindo os representantes institucionais da CP e da IP, em matérias de ferrovia relacionadas com a Grande Guerra, a Estação de Porto–São Bento e os 160 Anos do Comboio em Portugal, o arquiteto Tasso de Sousa e o historiador Joel Cleto, respetivamente.

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[F325] Ana Sousa, da CP, abriu a sessão evocando a importância do sector ferroviário [F326] O encerramento da sessão pelo Secretário de Estado de Estado das Infraestruturas [F327] Apresentação da exposição evocativa dos 160 Anos do caminho de ferro no país, por Rosa Gomes da CP [F328] Visita à exposição ‘160 Anos do Caminho-de-Ferro em Portugal’

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“160 ANOS DO CAMINHO DE FERRO EM PORTUGAL” Assembleia da República Entre a iconografia representativa da infraestrutura e da exploração, em parte cedida pelo Museu Nacional Ferroviário, evidenciou-se o comboio através do modelo da locomotiva a vapor da série ‘MD 2251-56’, propriedade do Grupo Desportivo dos Ferroviários de Campanhã e, com o apoio da EMEF, do protótipo, interactivo, com a nova imagem do comboio Alfa Pendular.

Em organização conjunta da Assembleia da República, da CPComboios de Portugal, e da IP-Infraestruturas de Portugal, as comemorações dos 160 Anos do Comboio em Portugal tiveram o seu auge, no dia 25 de outubro, na Assembleia da República. Na Sala do Senado, num Colóquio aberto e presidido pela VicePresidente da Assembleia da República - Deputada Teresa Caeiro, a história da ferrovia no país foi revisitada por Ana Sousa, da CP, e o futuro do sector foi objecto das intervenções dos Presidentes dos Conselhos de Administração da CP, Manuel Queiró, e da IP-Infraestruturas de Portugal, António Laranjo.

Patente até dia 25 de novembro, a exposição assinalou a importância do modo ferroviário para o desenvolvimento e coesão territorial, social e económica do país.

O Secretário de Estado das Infraestruturas, Guilherme W. d’Oliveira Martins encerrou a sessão, a que se seguiu, no Átrio Principal da Assembleia da República, a inauguração oficial da exposição ‘160 Anos do Caminho de Ferro em Portugal’. Esta foi promovida pela CP e pela IP; com coordenação geral da CP - Comissão Organizadora das Comemorações dos 160 Anos do comboio em Portugal e da IP – Comunicação, Imagem e Stakeholders; curadoria de Rosa Gomes da CP, em reconhecimento à Professora Doutora Magda Avelar Pinheiro; planeamento da CP -Secretaria Geral, Direção Geral de Produção e NegócioUrbanos do Porto, Gabinete de Comunicação e Imagem e da IP – Comunicação, Imagem e Stakeholders ; composição gráfica da IP- Comunicação, Imagem e Stakeholders , João Bravo; fotografia de CP-Arquivo Histórico, Infrastruturas de Portugal, SA, Fundação Marques da Silva, MNAC-Foto DGPC/ADF, Dario Silva, Hugo Leandro, João Bravo, João Ferreira, José Firmino; conteúdos da CP-Secretaria Geral, IP- Comunicação, Imagem e Stakeholders, IP Património e Grupo Desportivo dos Ferroviários de Campanhã (GDFC); e montagem de EXIB, GDFC e EMEF, SA.

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[F329] [F330] Fundação Bienal de Artes de Cerveira

[F331] Fundação Bienal de Artes de Cerveira [F332] Fundação Bienal de Artes de Cerveira [F333] Banda do Exército - Destacamento do Porto

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EXPOSIÇÕES ‘EI-LOS QUE PARTEM…’ E ‘LUGARES & MÁQUINAS NO TEMPO’ Fundação Bienal de Arte de Cerveira Coelho, apresentou o seguinte reportório: Flashing Winds (Jan Van der Roost) Comic Overture (Ferrer Ferran) Orient Express (Philip Sparke) And Multitude With One Voice Spoke (James Hosay) 1.ª Fantasia Popular Portuguesa (Joaquim Luís Gomes) Take The A-Train (Billy Strayhorn/arr. Nohiro Iwai) Danzas Cubanas (Robert Sheldon)

No dia 28 de outubro, data em que passavam 160 anos em Portugal, as exposições foram inauguradas na Fundação Bienal de Arte de Cerveira (FBAC), em Vila Nova de Cerveira. Estiveram presentes o Presidente do Conselho Diretivo da FBAC e Presidente da Câmara Municipal de Vila Nova de Cerveira, João Fernando Brito Nogueira; o professor Cabral Pinto – coordenador artístico da FBAC; Nuno Correia, vice‑presidente do Conselho Diretivo da FBAC; Eduarda Loureiro em representação da CP–Comboios de Portugal; o Diretor do Museu Militar do Porto, Coronel Andrade; o Curador da exposição de Artes Plásticas, Jorge Velhote; Alexandra Anjos do Museu Militar do Porto e Rosa Gomes da CP, responsáveis pelos respectivos conteúdos da exposição ‘Ei‑los que Partem…’.

A exposição de Artes Plásticas teve o apoio da IP–Infraestruturas de Portugal, da Fundação Bienal Arte de Cerveira, da Comissão para a Evocação dos 100 Anos da Grande Guerra, do Exército Português, do Museu Militar de Lisboa, Museu Militar do Porto, da Felisberto de Oliveira, Ld.ª, e patrocínios das empresas Esporão e Berci.

A cerimónia foi abrilhantada com a atuação da Banda do Exército – Destacamento do Porto. O concerto, de inspiração ferroviária, sob a direção do Capitão Chefe da Banda, Alexandre Lopes

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[F334] Inauguração da exposição ‘160 Anos do comboio em Portugal’, centrada na figura de Ginestal Machado [F335] A inaguração da exposição iniciou-se na Galeria, onde foi exposta parte significativa do património artístico de Ginestal Machado [F336] Inauguração da exposição

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EXPOSIÇÃO ‘160 ANOS DO COMBOIO EM PORTUGAL’ Museu dos Transportes e Comunicações – Porto A “Mímica larga” de Ginestal Machado

Centrada na figura do ferroviário e pioneiro na museologia ferroviária em Portugal, Armando Ginestal Machado, a exposição apresentou, organizado por Eduarda Loureiro e Suzana Faro, parte do importante património artístico que reuniu ao longo da vida, cedido pelo filho, o Arquiteto António Ginestal Machado.

Ferroviário, na CP, durante 51 anos, - o pai também fora, durante 29 anos, delegado-fiscal do governo na CP - a ele se deve a valorização e salvaguarda do património histórico e cultural dos caminhos-de-ferro no país, criando em 1979, a Secção Museológica de Valença e, com outros ferroviários, a de Santarém para receber naquele ano a Conferência da IATM (International Association of Transport and Communications Museums), as primeiras duas das dez Secções Museológicas existentes no país à sua morte, que deram corpo ao Museu Nacional Ferroviário: Bragança, Chaves, Arco de Baúlhe, Braga, Lousado, Macinhata do Vouga, Estremoz e Lagos.

Promovida pela CP [Comissão Organizadora das Comemorações dos 160 Anos do comboio em Portugal; Secretaria Geral; Direção Geral de Produção e Negócio – Urbanos do Porto; Gabinete de Comunicação Institucional], pelo Museu dos Transportes e Comunicações – Alfândega do Porto e pelo Arquiteto António Ginestal Machado, teve curadoria de Rosa Gomes, o comissariado científico de Suzana Faro, composição gráfica de Carlos Romão e fotografia da CP [Arquivo Histórico], Artur Courela, Carlos Romão, Cláudio Amendoeira, Dario Silva, Hugo Leandro, João Bravo e Rui Romão.

Sempre disponível para defender o caminho-de-ferro, Ginestal Machado afirmou-se, assim, como pioneiro da museologia ferroviária em Portugal, focada na reutilização de edifícios carismáticos da ferrovia, como as cocheiras de locomotivas e carruagens, obsoletas para a exploração comercial, colocando‑as ao serviço da cultura e da preservação da memória do caminho‑de-ferro e em prol da valorização das regiões e economias locais.

A abertura, a 3 de Novembro, contou com a presença do Diretor Executivo da Associação para o Museu dos Transportes e Comunicações, do Conselho de Administração da CP – Comboios de Portugal, de elementos da Comissão Organizadora das Comemorações dos 160 Anos do comboio em Portugal e do Arquiteto Ginestal Machado.

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[F337] “Bronze aos Aviadores”, obra do desenhador/escultor Carlos Leituga e fundição do mestre António Bento Duarte, ferroviários. Estação de Porto–São Bento

[F338] Estação de Porto–São Bento [F339] Armando Ginestal Machado [F340] Estação de Porto–São Bento, Ginestal Machado com Duarte Pio de Bragança e o Principe Eduardo de Inglaterra

[F341] Ginestal Machado, 1966.

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EXPOSIÇÃO ‘160 ANOS DO COMBOIO EM PORTUGAL’ Museu dos Transportes e Comunicações – Porto Armando Ginestal Machado - ferroviário e amigo de artistas ode à liberdade; a obra de Isolino Vaz ‘testemunhava que não estávamos sozinhos e partilhava connosco o confuso sentimento épico da esperança.’ (45); se Albino José Moreira mostra a singeleza dos comboios da linha da Póvoa e pontes ferroviárias, estas também foram retratadas por Manuela Coutinho, Vital Malheiro, Maria d’Abreu, João Martins da Costa e Jaime Ferreira ‘Pintor que foi candidato à Presidência da República’ (46); o pintor-decorador Hermano Baptista testemunhava a capacidade edificadora dos portugueses nos túneis e na locomotiva a vapor; Cabral Campos e José Rodrigues fixaram a componente humana que garantia parte da segurança do sistema ferroviário nas figuras da Guarda de Passagem de Nível e do Manobrador de Agulhas; Gustavo Bastos, representado com o estudo para o ‘bronze aos promotores do progresso’, elogia os ilustres projectistas e artista, o arquitecto José Marques da Silva, o engenheiro do túnel Hippolyte de Baère e o mestre Jorge Colaço autor dos mais de vinte e dois mil azulejos que decoram o vestíbulo de uma das mais belas estações ferroviárias do mundo, a de Porto–São Bento.

Profissional dedicadíssimo ao caminho-de-ferro, a coleção de arte de Armando Ginestal Machado exposta no Museu dos Transportes e Comunicações, traduz parte do seu empenho cívico e a viva relação mantida com intelectuais e artistas que o comboio inspirou. As obras exibidas na Galeria do Museu dos Transportes e Comunicações do Porto corporizaram a antecâmara artística da exposição sobre os 160 Anos do Comboio em Portugal, sobre o cenário das cinco estações de caminho-de-ferro do Porto e enfoque na figura de Ginestal Machado. O arquiteto Marques da Silva representou-se num ‘esquisso de parede do átrio da estação de Porto S. Bento’; Jorge Colaço num desenho-estudo do painel de azulejos ‘a entrada de D. João I no Porto nas vésperas do casamento com D. Filipa de Lencastre’; Júlio Pomar, cujos ‘primeiros anos da sua carreira estão ligados à resistência contra o regime do Estado Novo e à afirmação do movimento neorrealista em Portugal, marcando a especificidade deste no contexto europeu’ (44), com um desenho a carvão com o perfil de Ginestal Machado; Jaime Isidoro evocou as velhas carruagens e a estação de Campanhã, esta usada em postal de Boas Festas; M. Teixeira Lopes e Maria Toscano Rico, que também expusera em Paris, fixaram belos trechos da estação de S. Bento; Beatriz Campos, autora de alguns dos painéis de azulejos da estação de Ovar, encantou-se com as locomotivas de via estreita; Júlio Reis Pereira, irmão de José Régio, fez do comboio uma

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EXPOSIÇÃO ‘160 ANOS DO COMBOIO EM PORTUGAL’ Museu dos Transportes e Comunicações – Porto Armando Ginestal Machado - o republicano que gostava de comboios * Natural de Santarém, o eng.º Armando Ginestal Machado descendia de uma ilustre família com fortes tradições republicanas. O pai, António Ginestal Machado, fora ministro da Instrução Pública e primeiro-ministro, na vigência do regime republicano.

Julgo que não deve haver jornalista da minha geração que não tenho ido, uma vez que fosse, falar com o eng.º Armando Ginestal Machado, à estação ferroviária de São Bento, no Porto, onde ele trabalhava e vivia. O “engenheiro Ginestal“, como carinhosamente o tratavam, era, para nós, jornalistas, uma espécie de oráculo, se assim se pode dizer, que frequentemente consultávamos sempre que havia um acidente ferroviário, para tentarmos compreender as causas do sinistro; mas, também, quando, aleatoriamente, escrevíamos acerca de comboios ou de estações ferroviárias. A sua opinião era imprescindível.

Ao recordá-lo, nesta pequena nota, que nem biográfica é, mas um simples apontamento evocativo, não posso deixar de relevar a sua figura, para mim inesquecível, do profissional probo, dedicado e sabedor mas, também e, sobretudo, o cidadão na elevação do seu pensamento e na firmeza das suas convicções. Sempre que calhava de ir consultar o Mestre seguiam-se, imediatamente, após a obtenção dos esclarecimentos pedidos, animadas conversas, de inestimável proveito para mim e que estiveram na origem do estreitamento de laços de grande amizade e profunda simpatia alicerçadas na admiração que sempre nutri pelo engenheiro Ginestal em quem eu vi, em todas as circunstâncias, um estrénuo defensor das liberdades; um símbolo de integridade moral; e um profeta daquilo que de mais humano existe no próprio ser humano.

Lembro-me, por exemplo, de uma explosão que ocorreu, em certa ocasião, numa locomotiva que andava em manobras, com vagões de mercadorias, na gare de Campanhã. Depois de ter estado no local do acontecimento fui, claro, falar com o engenheiro Ginestal e fiquei a saber que o “ tender ”, que ficava junto à locomotiva, não era um vagão mas um simples depósito de carvão; e passei a saber muito mais sobre “levitação magnética”; trens, trilhos, carris e monocarris; que um êmbolo não é a mesma coisa que uma cambota e que há uma certa diferença entre uma “viela“ e uma “biela“.

O eng.º Armando Ginestal Machado foi um cidadão que, além de um grande profissional no sector ferroviário que abraçou, tinha uma enorme capacidade de convivência e esta sua dimensão humana transcendia, de alguma maneira, a sua faceta profissional.

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O aprumo e a probidade profissional do engº Ginestal atingiram uma tal projeção que extravasou o pequeno domínio doméstico para se expandir no estrangeiro. E foi com base nesse prestígio que, durante a segunda grande guerra, as Forças Aliadas o convidaram a organizar os transportes ferroviários a nível da Europa. Nos idos de setenta do século passado criou as primeiras secções museológicas dos Caminhos de Ferro em Portugal, primeiro em Valença, depois em Santarém e, posteriormente, no Entroncamento onde salvou da destruição a central eléctrica e juntou as primeiras coleções ligadas às oficinas a vapor. O engº Ginestal Machado mereceu – e a palavra é aqui aplicada com toda a legitimidade – que a organização fundada para assegurar a gestão do Museu Nacional Ferroviário passasse a ser denominada Fundação do Museu Nacional Ferroviário Armando Ginestal Machado. Um preito de homenagem mas também um ato de justiça a uma personalidade que muito prestigiou a atividade ferroviária em Portugal. * Germano Silva, jornalista e historiador do Porto. [F342] Ginestal Machado

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[F343] Convite [F344] Peças expostas [F345] Guarda de Passagem de Nível, equipada com bandeira, lanterna, corneta e petardo, antes de 1935 [F346] Peças expostas

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EXPOSIÇÃO ‘O RELÓGIO NA CIRCULAÇÃO DOS COMBOIOS E NA HORA LEGAL’ - ‘160 ANOS DO COMBOIO EM PORTUGAL’ Museu do Relógio - Serpa/ Évora A parceria entre a CP – Comboios de Portugal e o Museu do Relógio, em Serpa, evocou os 160 Anos de história da ferrovia em Portugal. Relógios que marcaram presença na sede da CP, nas estações ferroviárias nacionais, nos bolsos dos maquinistas e chefes de estação, enquadrados por ilustrações, pins, medalhas e elementos da história da ferrovia em Portugal integraram a exposição. Esteve patente em Serpa, entre 18 de novembro e 31 de dezembro de 2016 e, no Pólo de Évora, entre 18 de janeiro e 28 de fevereiro de 2017. Na inauguração a CP esteve representada pela Administradora Maria João Calado Lopes e por José Manuel Sancho Pontes Correia, curador da exposição.

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[F347] Medalha

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MEDALHA COMEMORATIVA DOS 160 ANOS DO COMBOIO EM PORTUGAL A CP promoveu a cunhagem de 160 exemplares de uma medalha, criada pelo escultor Santa Bárbara. Registando os 160 Anos do Comboio em Portugal, simboliza o início do transporte ferroviário no país e a modernização do primeiro comboio do serviço Alfa Pendular.

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[F348] Locomotiva Série 5600. [F349] Ensaios prévios à entrada em serviço das locomotivas elétricas ‘CP 4700’

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160 ANOS DE COMBOIO EM PORTUGAL - EM MOVIMENTO A locomotiva elétrica 5601, em junho, e uma carruagem do material automotor que serve a Linha de Cascais, foram viniladas com o ‘logotipo CP’ criado para as comemorações dos 160 Anos do Comboio em Portugal.

[F350] Projecto de vinilagem dos comboios da Linha de Cascais, Série CP 3100 [F351] Locomotiva ‘Madrid’, uma das primeiras locomotivas portuguesas,1854

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[F352] Intermodalidade [F353] Fiabilidade, comodidade, rapidez. Motoras da sĂŠrie CP 2300

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LOTARIA ‘160 ANOS DO COMBOIO EM PORTUGAL’ A Santa Casa da Misericórdia de Lisboa associou-se à CP nas comemorações dos 160 Anos do Comboio em Portugal, tema da 44.ª extração da Lotaria Clássica - edição especial, inserida no programa Hora da Sorte da RTP2 do dia 31 de outubro. Com esse propósito, a RTP realizou previamente uma reportagem entre Lisboa–Oriente · Coimbra B · Lisboa–Oriente, a bordo dos Comboios Alfa Pendular n.ºs 182 e 124.

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[F354] Academia do Orfeão de Ovar

[F355] Conservatório de Música Calouste Gulbenkian de Braga

[F356] Conservatório do Vale do Sousa

[F357] Conservatório de Guimarães.

[F358] Ricardo Pereira, ator português [F359] Os ‘160 Anos’ nos comboios Urbanos de Lisboa [F360] Encostos de cabeças

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160 ANOS DO COMBOIO EM PORTUGAL A bordo dos Comboios da CP No Porto foram parceiros a Academia do Orfeão de Ovar (alunos, Eva Sofia Paz Campos, Marta Filipa Pinho Valente, Lucas Miguel Oliveira, Pedro Rodrigues, Sara Rodrigues, Ema Valente Henriques, Beatriz Sofia Paiva Amaral, Inês Ribeiro Batista, Magda Amorim, Matilde Amorim, Beatriz Silva Oliveira e professores Sandra Pereira Godinho Valente Henriques, Elisabete Santos Soares e Manuel Augusto Coelho Gonçalves Ferreira); o Conservatório de Música do Vale do Sousa - Marco de Canaveses (alunos, Carina A. Pinto Baptista, Diogo Manuel Soares da Silva, David Moreira da Costa, Emanuel Fernando Alves de Magalhães, Fábio Gil Moreira M. Nunes Ribeiro, Ricardo André Oliveira Leal e professores Carlos Filipe Pinto da Silva, Luis Manuel Azevedo Pereira, Rui Miguel Barbosa Reis); a Academia de Música Valentim Moreira de Sá – Guimarães (alunas, Alice Manuela Gomes Abreu e Margarida da Costa Pinto Lopes); o Conservatório de Música Calouste Gulbenkian de Braga (alunos, Bárbara Pereira Resende, Bruna Paula Ribeiro, Afonso João V. C. Veloso Soares, Ana Isabel Gomes Oliveira) e a Academia de Música de Espinho.

Para celebrar a efeméride com os clientes a CP realizou a bordo dos comboios Urbanos de Lisboa e Porto flash mobs nas áreas da música, dança e teatro. Na região de Lisboa colaboraram o Mercado da Vila - Câmara Municipal de Cascais; a We Set; a Oeiras Dance Academy; a TEC; a KOKER Cascais; Escola de Dança Eva Vieira; a “MAIN” 24 junho; a Junta Freguesia Parque das Nações; a Alunos de Apolo; a DANCE SPOT com o apoio da IP; a companhia Hakuna Matata; a A. C. Moinho da Juventude; o Clube de Fotógrafos do Barreiro; a Escola Profissional Bento de Jesus Caraça; a Kangaroo Health Clubs Zumba Fitness; a Dance Coolture; e o Grupo Coral BVoice, o Conservatório de Música de Sintra, a Guitardrums, e a Academia João Cardiga. (iv)

Desde junho que, nos comboios Alfa Pendular e Intercidades, foram utlizados encostos de cabeça alusivos aos ‘160 Anos’. Entre 21 e dia 27 de Outubro, a bordo dos comboios, foi realizado o anúncio: “Comemora-se este ano os 160 anos do comboio em Portugal. Visite o site CP e festeje connosco”. [F361] Os ‘160 Anos’ nos comboios Urbanos de Lisboa Linha de Cascais

Nos Alfa-Pendular, no dia 28 de Outubro, precedendo a oferta de alusivos cupcakes, os Operadores de Revisão e Venda transmitiram aos Clientes a mensagem especial: “Comemorase hoje em Portugal 160 anos de existência do Comboio. Para assinalar este aniversário teremos todo o gosto em oferecer-lhe um doce cupcake, que será distribuído ao lugar. A CP deseja-lhe uma boa viagem, na nossa companhia!”.

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EVOCAÇÃO DOS 160 ANOS DO CAMINHO-DE-FERRO EM PORTUGAL Museu Nacional Ferroviário No ano do primeiro aniversário do Museu Nacional Ferroviário (MNF), a 18 de maio, celebramos os 160 anos de Caminhos‑de‑ferro em Portugal. De 28 a 30 de outubro recebemos cerca de 4000 visitantes. Foi um privilégio festejar onde essa História se mantém viva, onde é possível contemplar e sentir os primeiros comboios, os primeiros instrumentos de via, conhecer o primeiro maquinista ou admirar o bilhete original da primeira viagem entre Lisboa e o Carregado. Com horário alargado e entrada gratuita, oferecemos uma programação especial, desenvolvida com vários parceiros locais, regionais e nacionais, concebida a pensar em todos os públicos. Associámos diferentes expressões artísticas e culturais, criámos momentos lúdicos e descontraídos para adultos, crianças e famílias. Celebrámos a História, a evolução da ciência, da técnica, da engenharia e também os Homens e Mulheres que vêm contribuindo indelevelmente para o desenvolvimento económico, social e cultural que o comboio trouxe às populações, às regiões e a Portugal.

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Foi apresentada uma nova área expositiva dedicada às oficinas ferroviárias, valência desconhecida do grande público, com a riquíssima coleção de máquinas-ferramentas oriunda da antiga unidade oficinal da Figueira da Foz. Para assinalar a mudança de tecnologias, de processos e de técnicas, a que se aduziu uma maqueta com realidade aumentada que explica como é agora feita a manutenção de locomotivas em Portugal. Equipamento desenhado em exclusivo para o MNF pela Siemens Portugal, mostra o trabalho de manutenção ferroviária feito pela SIMEF‑Serviços Integrados de Manutenção e Engenharia Ferroviária, ACE.

A cerimónia de abertura contou com a presença do Secretário de Estado das Infraestruturas, Guilherme W. de Oliveira Martins e do Presidente do Conselho de Administração da Fundação Museu Nacional Ferroviário. Estiveram representantes dos órgãos sociais da FMNF–Fundação Museu Nacional Ferroviário, das empresas CP–Comboios de Portugal EPE; IP–Infraestruturas de Portugal, SA; EMEF–Empresa de Manutenção de Equipamento Ferroviário SA; Siemens Portugal; Medway–Transportes e Logística, Câmara Municipal do Entroncamento, do Exército Português, das Associações de Entusiastas dos Caminhos-de-Ferro, e várias entidades de carácter empresarial, cultural e social, de âmbitos local, regional e nacional, entre outros.

Um concerto acústico de Pedro Dyonysyo, o lançamento de um jogo de tabuleiro sobre viagens de comboio, uma sessão de cinema infantil na Carruagem-auditório, passeios no minicomboio de modelismo tripulado e a experiência de conduzir um quadriciclo de alavancas nas linhas do museu, completaram o programa.

A celebração teve início com um momento de sapateado com Michel e os bailarinos da Tap Dance Center Lisbon ao som do Chattanooga Choo Choo Train, de Glenn Miller. Foi inaugurada uma exposição de modelismo ferroviário – LOCOMODELS_EXP, organizada pelo Grupo de Modelistas Ferroviários de Alverca. Cerca de 300 veículos de passageiros e mercadorias, em várias escalas, propriedade de colecionadores vindos de Portugal, Espanha e França, circularam num ambiente único. O programa integrou ainda várias oficinas para as famílias e um concurso nacional de dioramas.

A FMNF contou com a colaboração da CP–Comboios de Portugal, EPE, da IP–Infraestruturas de Portugal, SA, da EMEF–Empresa de Manutenção de Equipamento Ferroviário, SA, da Câmara Municipal do Entroncamento, do Regimento de Manutenção Militar, Contemp-Companhia dos Temperos, da Escola Gustave Eiffel do Entroncamento, do Hotel Gameiro, dos Vinhos Lima Mayer, do Atelier Gráficos à Lapa, da AMS Publicidade e também dos voluntários do MNF.

A artista plástica Joana Arez concebeu e desenvolveu para a ocasião a exposição site specific “Nas entre-linhas”. A inauguração contou com uma sessão de Leitura de Textos sobre Curiosidades e Factos alusivos ao dia 28 de outubro de 1856 e à primeira viagem de Comboio em Portugal por vários atores, numa ideia e pesquisa da Flor do Tejo.

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[F362] [F363] [F364] Fundação Museu Nacional Ferroviário – FMNF

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[F365] [F366] Fundação Museu Nacional Ferroviário – FMNF

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[F367] Trabalhador da Companhia Real dos Caminhos de Ferro Portugueses – engenheiro / maquinista (?)

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REVISTA ‘COURRIER INTERNACIONAL’ Edição Portuguesa A Courrier Internacional, n.º 248, de Outubro, editada pelo Grupo Impresa, sob a direção do Jornalista Rui Cardoso, abordou a temática ferroviária em ‘Comboio, regresso ao futuro’.

[F368]

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[F369] A entrega do ‘Bastão Piloto’, prévia ao sinal de partida, como garantia máxima de segurança na Ponte Maria - Gazeta 1948 [F370] Talão de ‘Despacho’ de bagagens por comboio [F371] Cartão de concessão anual de livre trânsito em 1ª classe nos comboios da Sociedade Estoril (Linha de Cascais) a pessoal superior da Companhia da Beira Alta [F372] Iconografia relativa aos trabalhos de ‘Via’ – gueija, fita métrica, perfil de carril

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LIVROS "UMA VIAGEM PELAS ESTAÇÕES DE PORTUGAL" Estação de Porto–São Bento A 7 de outubro, na Estação de Porto–São Bento, o Presidente do Conselho de Administração da CP participou na cerimónia de lançamento de um conjunto de livros pelo Jornal de Notícias sobre as mais belas e emblemáticas estações de comboios de Portugal. A coleção teve a coordenação editorial de Carlos Cipriano, jornalista especializado em matérias ferroviárias.

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[F373] Luísa Torres e Miguel Teodoro, vencedores do 1.º e 2.º lugares, contaram com a presença do Director da FBAUP

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CONCURSO DE ARTES PLÁSTICAS ‘160 ANOS DO COMBOIO EM PORTUGAL’ ENTREGA DE PRÉMIOS Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto Parceria entre a CP–Comboios de Portugal, a Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto (FBAUP) e a Fundação de Serralves, o concurso teve como júri Luis Pinto Nunes, Diretor do Museu da FBAUP; Ricardo Nicolau, adjunto da Diretora do Museu de Serralves e curador sénior do museu; e, em representação da CP, Nuno Correia, Vice-presidente do Conselho Diretivo da Fundação Bienal de Arte de Cerveira. Na presença do Director da FBAUP, Professor Doutor José Paiva, em nome do Conselho de Administração da CP, no dia 5 de janeiro de 2017, Fernando Moreira, Diretor Executivo dos Serviços Urbanos do Porto, entregou os prémios, consubstanciados em viagens InterRail, aos alunos Luísa Torres e Miguel Teodoro da FBAUP, vencedores do 1.º e 2.º lugares.

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[F374] As Assistentes de Viagem iniciaram funções no comboio internacional Lisboa-Expresso TER, com o Diretor Geral da CP, Espregueira Mendes, 1968

[F375] A equipa de ‘Assistentes de Viagem’ da viagem inaugural do Alfa Pendular: Laura Bandeira, Marília Carvalho e Isabel Banhudo, 1999 [F377] Condutor de comboio - Companhia Real dos Caminhos de Ferro Portugueses

[F376] Agulheiro - Companhia Real dos Caminhos de Ferro Portugueses

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PARCERIA COM A ESCOLA ARTÍSTICA E PROFISSIONAL ÁRVORE - PORTO Assinalando os 160 Anos do Comboio em Portugal, entre abril e junho, foi estabelecido um protocolo entre a CP e a Escola Artística e Profissional Árvore, no Porto, no âmbito do estágio do Curso Técnico de Design de Moda. Consistiu no estudo histórico, técnico e museográfico dos fardamentos utilizados pelos trabalhadores ferroviários, acompanhado pelo proprietário João P. Teixeira, de modo a conceber e produzir protótipos de fardamento contemporâneos inspirados no dress-code tradicional da CP.

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PRÉMIOS APOM Associação Portuguesa de Museologia A CP–Comboios de Portugal, em 9 de junho de 2017, no Museu Nacional Soares dos Reis - Porto da Associação Portuguesa de Museologia (APOM) recebeu o Prémio de "Intervenção em Conservação e Restauro 2017" pela reabilitação da locomotiva histórica a vapor "CP 0186", que integra o Comboio Histórico a vapor no Douro. Mais-valia para a indústria turística em região classificada pela UNESCO, a distinção fundamenta-se na importância para a economia nacional, no elevado grau de exigência técnica e de especialização dos recursos humanos, por revisitar técnicas, meios e processos antigos, por permitir ainda a qualificação/ formação que garante, para futuro, saberes e competências, passíveis de rentabilizar interna e internacionalmente. O trabalho, que incluiu o projeto inovador de transformar o combustível de carvão para diesel, foi executado nas Oficinas da EMEF em Contumil – Porto. A CP recebeu ainda uma Menção Honrosa na categoria "Parceria" pelo programa das "Comemorações dos 160 Anos do Comboio em Portugal".

[F378] Diploma relativo ao prémio atribuído pela APOM à CP, pela recuperação da locomotiva [F379] [F380] Restauro da locomotiva a vapor ‘CP 0186’ na oficina da EMEF-Contumil, 2016 [F381] O interesse pelos comboios

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Tomé de Barros Queirós Primeiro Presidente da CP após a República, 1910‑12‑14 · 1926‑05‑05

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ENCONTRO DE PRESIDENTES DA CP Na intenção de envolver todos, que durante a sua vida profissional se têm cruzado com o caminho-de-ferro, e acolher o seu prestigiado contributo para o comemorar, a Empresa promoveu um encontro com os anteriores presidentes. Num gesto de verdadeira simpatia e deferência pela CP, compareceram José Ricardo Marques da Costa, António Brito da Silva, Ernesto Martins de Brito, António Ramalho, Francisco Cardoso dos Reis e José Benoliel, tendo sido acolhidos pelo Conselho de Administração, pela Secretária-Geral e pela Comissão Organizadora das Comemorações dos 160 Anos do comboio em Portugal.

[F062] Tomé de Barros Queirós, Primeiro Presidente da CP após a República [F383] Emblema CP, anos 30 do século XX [F384] [F385] Reunião

223


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(60) in Morais, João Pina de, 1919. Ao Parapeito.

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(53) in Cortesão, Jaime, 1919. Memórias da

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(54) in Morais, João Pina de, 1919. Ao Parapeito.

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Ribeiro. In Silva, Francisco Ribeiro da (ccord. e estudo introd.), 1997. Coronel Helder Ribeiro: correspondência recebida (1902-1931) e notas autobiográficas. Porto: Universidade Portucalense/Liga dos Amigos do Museu Militar do Porto, p. 272. (64) Carta de Augusto Casimiro a Hélder

Ribeiro. In Silva, Francisco Ribeiro da (ccord. e estudo introd.), 1997. Coronel Helder Ribeiro: correspondência recebida (1902-1931) e notas autobiográficas. Porto: Universidade Portucalense/Liga dos Amigos do Museu Militar do Porto, p. 265.

(58) in Cortesão, Jaime, 1919. Memórias da

Grande Guerra. Porto: Edição Renascença. p. 88.

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Barzun, Jacques, Da Alvorada à Decadência - De 1500 à actualidade, 500 anos de vida cultura do Ocidente, Gradiva, Novembro de 2003.

(ii)

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(iii)

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(iv) Oeiras Dance Academy: https://www.youtube.com/watch?v=DFc9rBrJ06Y

Escola de Dança Eva Vieira: http://www.evavieiradealmeida.com/galeria Fundação Século: https://www.youtube.com/watch?v=lOIQ0AolqSU Spell Choir: ttps://drive.google.com/file/d/0ByS9bEIb_WSUZ0tUR0tUTE5HWkU/view KOKER Cascais: https://www.youtube.com/watch?v=jOKDaNi71rk DANCE SPOT: https://www.youtube.com/watch?v=vCtowg8vrio Clube de Fotógrafos do Barreiro: https://www.youtube.com/watch?v=QbycmY2WeLA Arteviva: https://www.facebook.com/ArteVivaCTB/videos/789995287768725/ B-Voice: https://www.facebook.com/bvoiceportugal/ EPBJC - Escola Profissional Bento de Jesus Caraça: https://www.facebook.com/EPBJC/ videos/1040383299331147/ Dance Coolture: https://www.youtube.com/watch?v=dXiWRUpqBEA

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CÓLOFON CAMINHO-DE-FERRO EM PORTUGAL RAILWAYS IN PORTUGAL 160 anos depois · 160 years later

EDIÇÃO

CP – Comboios de Portugal IP – Infraestruturas de Portugal COORDENAÇÃO

CRÉDITOS FOTOGRÁFICOS/FIGURAS

CP – Comboios de Portugal [Secretaria-Geral, Rosa Gomes]

F1

CP [Arquivo]

IP – Infraestruturas de Portugal

F2

CP [Arquivo]

F3

CP [Arquivo]

F4

CP [Arquivo]

TEXTOS

F5

Miguel Ângelo Leão

CP – Comboios de Portugal

F6

Miguel Ângelo Leão

[Secretaria-Geral]

F7

Miguel Ângelo Leão

IP – Infraestruturas de Portugal

F8

CP [Arquivo]

[Direção de Comunicação, Imagem e Stakeholders]

F9

CP [Arquivo]

MMP – Museu Militar do Porto

F10

CP [Arquivo]

F11

CP [Arquivo]

F12

CP [Arquivo]

F13

CP [Arquivo]

F14

CP [Arquivo]

F15

CP [Arquivo]

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CP [Arquivo]

IP – Infraestruturas de Portugal

F17

CP [Arquivo]

[Direção de Comunicação, Imagem e Stakeholders · João Salgueiro Bravo]

F18

CP [Arquivo]

F19

CP [Arquivo]

IMPRESSÃO

F20

CP [Arquivo]

Graficamares, Ld.ª

F21

CP [Arquivo]

F22

CP [Arquivo]

F23

CP [Arquivo]

F24

CP [Arquivo]

F25

CP [Arquivo]

F26

CP [Arquivo]

F27

CP [Arquivo]

F28

CP [Arquivo]

F29

CP [Arquivo]

F30

CP [Arquivo]

F31

CP [Arquivo]

[Direção de Comunicação, Imagem e Stakeholders]

IP Património [Património Histórico e Cultural]

FMNF – Fundação Museu Nacional Ferroviário CONCEPÇÃO GRÁFICA · PAGINAÇÃO

ISBN

978-989-95182-7-8 · 978-989-97035-1-3 DEPÓSITO LEGAL

435493/17 Edição 2017

228


F32

CP [Arquivo]

F62

Dario Silva [Acervo IP]

F93

CP [Arquivo]

F123

F33

CP [Arquivo]

F63

CP [Arquivo]

F94

CP [Arquivo]

F124 CP [Arquivo]

F34

CP [Arquivo]

F64

João Alves Catarino [Acervo IP]

F95

CP [Arquivo]

F125 CP [Arquivo]

F35

CP [Arquivo]

F65

Dario Silva [Acervo IP]

F96

CP [Arquivo]

F126 CP [Arquivo]

F36

CP [Arquivo]

F66

Dario Silva [Acervo IP]

F97

CP [Arquivo]

F127

F37

CP [Arquivo]

F67

CP [Arquivo]

F98

CP [Arquivo]

F38

Acervo IP

F68

CP [Arquivo]

F99

CP [Arquivo]

F128 CP [Arquivo] in Boletim CP via “La vie du Rail”

F39

Dario Silva [Acervo IP]

F69

CP [Arquivo]

F100 CP [Arquivo]

F129 CP [Arquivo]

F40

CP [Arquivo]

F70

CP [Arquivo]

F101

F130 CP [Arquivo]

F41

CP [Arquivo]

F71

CP [Arquivo]

F102 João Alves Catarino [Acervo IP]

F131

Dario Silva [Acervo IP] CP [Arquivo]

Pedro Cunha [Acervo IP]

João Salgueiro Bravo [Acervo IP]

Cláudio Amendoeira

F42

CP [Arquivo]

F72

CP [Arquivo]

F103 CP [Arquivo]

F132

F43

[Acervo IP]

F73

CP [Arquivo]

F104 CP [Arquivo]

F133 Judith Diogo Borges

F44

Dario Silva [Acervo IP]

F74

CP [Arquivo]

F105 Dario Silva [Acervo IP]

F134 Rosa Gomes

F45

Carlos Romão

F75

CP [Arquivo]

F106 Dario Silva [Acervo IP]

F135 CP [Arquivo]

F46

Hugo Leandro

F76

CP [Arquivo]

F107 CP [Arquivo]

F136 CP [Arquivo]

F47

CP [Arquivo]

F77

[Acervo IP]

F108 Daniel Filipe Folgado Duarte

F137

F48

Dario Silva [Acervo IP]

F78

CP [Arquivo]

F109 CP [Arquivo]

F138 Dario Silva [Acervo IP]

F49

Dario Silva [Acervo IP]

F79

[Acervo IP]

F110

CP [Arquivo]

F139 João Alves Catarino [Acervo IP]

F50

Dario Silva [Acervo IP]

F80

CP [Arquivo]

F111

Daniel Folgado Duarte

F140 Cláudio Amendoeira

Dario Silva [Acervo IP]

F81

CP [Arquivo]

F112

Armindo Luís

F141

F82

Artur Courela

F113

CP [Arquivo]

F142 Rosa Gomes

F83

CP [Arquivo]

F114

CP [Arquivo]

F143 Rosa Gomes

F84

CP [Arquivo]

F115

CP [Arquivo]

F144 Rosa Gomes

F85

CP [Arquivo]

F116

CP [Arquivo]

F145 Rosa Gomes

F86

CP [Arquivo]

F117

CP [Arquivo]

F146 Rosa Gomes

F87

CP [Arquivo]

F118

CP [Arquivo]

F147

F88

CP [Arquivo]

F119

Alberto Sousa. Museu do Chiado – MNAC, Lisboa

F148 RG/CP [Arquivo]

F51

CP [Arquivo]

Rosa Gomes

F52

Dario Silva [Acervo IP]

F53

Susana da Costa Abrantes

F54

CP [Arquivo]/W. J. K. Davies

F55

CP [Arquivo]

F56

João Salgueiro Bravo [Acervo IP]

F57

Comissão para a Pessoa com Deficiência do Conselho de Cascais

F58

CP [Arquivo]

F89

CP [Arquivo]

F59

João Salgueiro Bravo [Acervo IP]

F90

Carlos Romão

F120 CP [Arquivo]

F150 Dario Silva [Acervo IP]

F60

Pedro Portela

F91

Luís Marques

F121

CP [Arquivo]

F151

F61

Cláudio Amendoeira

F92

Família do Eng.º Almeida e Castro

F122

CP [Arquivo]

F152 Artur Courela

229

RG/CP [Arquivo]

F149 Rosa Gomes CP [Arquivo]


F153 Dario Silva [Acervo IP]

F205 CP [Arquivo]

F256 Arquivo Histórico Militar

F154 Dario Silva [Acervo IP]

F206 CP [Arquivo]

F257 Arnaldo Garcês - Arquivo Histórico Militar

F155 CP [Arquivo]

F207 Rosa Gomes

258

F156 Dario Silva [Acervo IP]

F208 CP [Arquivo]

F259 Museu Militar do Porto

F157 Alexandre Azevedo [Acervo IP]

F209 CP [Arquivo]

F260 Arnaldo Garcês - Arquivo Histórico Militar

F158 Alexandre Azevedo [Acervo IP]

F210 Autor desconhecido (Internet)

F261 Arnaldo Garcês - Arquivo Histórico Militar

F159 Dario Silva [Acervo IP]

F211

CP [Arquivo]

F262 Arnaldo Garcês - Arquivo Histórico Militar

F160 Dario Silva [Acervo IP]

F212

CP [Arquivo]

F263 Arnaldo Garcês - Arquivo Histórico Militar

F161

F213

CP [Arquivo]

F264 Arnaldo Garcês - Arquivo Histórico Militar

F162 [Acervo IP]

F214

CP [Arquivo]

F265 Arnaldo Garcês - Arquivo Histórico Militar

F163 [Acervo IP]

F215

CP [Arquivo]

F266 Arnaldo Garcês - Arquivo Histórico Militar

F164 [Acervo IP]

F216 Autor desconhecido (Internet)

F267 Arnaldo Garcês - Arquivo Histórico Militar

F165 Dario Silva [Acervo IP]

F217

CP [Arquivo]

F268 Arnaldo Garcês - Arquivo Histórico Militar

F166 CP [Arquivo]

F218 CP [Arquivo]

F269 Arnaldo Garcês - Arquivo Histórico Militar

F167 Dario Silva [Acervo IP

F219 João Paulo Frade [Acervo IP]

F270 Arnaldo Garcês - Arquivo Histórico Militar

F168 Jorge Coelho Ferreira [Acervo IP]

F220 Dario Silva [Acervo IP]

F271

F169 Jorge Coelho Ferreira [Acervo IP]

F221

F272 Arnaldo Garcês - Arquivo Histórico Militar

F170 Arquivo Histórico Municipal do Porto – AHMP

F222 Dario Silva [Acervo IP]

F273 Arquivo Histórico Militar

F171

Arquivo Histórico Municipal do Porto – AHMP

F223 Dario Silva [Acervo IP]

F274 Arnaldo Garcês - Arquivo Histórico Militar

F172

Arquivo Histórico Municipal do Porto – AHMP

F224 João Salgueiro Bravo [Acervo IP]

F275 Arnaldo Garcês - Arquivo Histórico Militar

F173

Armando Oliveira

F225 Jorge Coelho Ferreira

F276 Arquivo Histórico Militar

F174

Família de Alberto M. Ribeiro de Meireles/FIMS

F226 Arnaldo Garcês - Arquivo Histórico Militar

F277 Arnaldo Garcês - Arquivo Histórico Militar

F175

Autor desconhecido

F227 CP [Arquivo]

F278 Arnaldo Garcês - Museu Militar do Porto

F176 João Salgueiro Bravo [Acervo IP]

F228 Miguel Ângelo Leão

F279 Arnaldo Garcês - Arquivo Histórico Militar

F177

F229 Miguel Ângelo Leão

F280 Arnaldo Garcês - Arquivo Histórico Militar

F178 Fundação Instituto Marques da Silva FIMS

F230 Miguel Ângelo Leão

F281 Arnaldo Garcês - Arquivo Histórico Militar

F179

F231

F282 Museu Militar do Porto

F180

F232 CP [Arquivo]

F283 Gentilmente cedida por Vestiges

F233 CP [Arquivo]

284

F182 Fundação Instituto Marques da Silva FIMS

F234 CP [Arquivo]

F285 Arnaldo Garcês - Arquivo Histórico Militar

F183 Fundação Instituto Marques da Silva FIMS

F235 CP [Arquivo]

F286 Arnaldo Garcês - Arquivo Histórico Militar

F184 Fundação Instituto Marques da Silva FIMS

F236 Miguel Ângelo Leão

F287 Arnaldo Garcês - Arquivo Histórico Militar

F185 Fundação Instituto Marques da Silva FIMS

F237 CP [Arquivo]

F288 Propriedade e foto de João P. Teixeira

F186 Fundação Instituto Marques da Silva FIMS

F238 CP [Arquivo]

F2289 CP [Arquivo]

F187 Fundação Instituto Marques da Silva FIMS

F239 CP [Arquivo]

F290 João Paulo Frade [Acervo IP]

F188 Fundação Instituto Marques da Silva FIMS

F240 CP [Arquivo]

F291 Rosa Gomes

F189 Fundação Instituto Marques da Silva FIMS

F241

F292 Rosa Gomes

F190

F242 Museu Militar do Porto

F293 Rosa Gomes

F191

F243 Arnaldo Garcês - Arquivo Histórico Militar

F294 Cláudio Amendoeira

F192

F244 Arnaldo Garcês - Arquivo Histórico Militar

F295 CP [Arquivo]/Miguel Coelho

F193

F245 Arnaldo Garcês - Arquivo Histórico Militar

F296 CP [Arquivo]

F194 João Paulo Frade [Acervo IP]

F246 Museu Militar do Porto

F297 Rosa Gomes

F195 Jorge Coelho Ferreira

F 247 Arquivo Histórico Militar

F298 Rosa Gomes

F196 Gráfico

F 247a Arquivo Histórico Militar

F299 Rosa Gomes

F197

F248 Arquivo Histórico Militar

F300 Luís Marques

F198 Jorge Coelho Ferreira

F249 Arquivo Histórico Militar

F301 Luís Marques

F199 Fundação Calouste Gulbenkian

F250 Arquivo Histórico Militar

F302 Rosa Gomes

F200 Rocchini Photo, CP [Arquivo]

F251

F303 Luis Marques

F201 Rui Romão

F252 Arquivo Histórico Militar

F304 José Santa Bárbara

F202 Carlos Romão

F253 Arquivo Histórico Militar

F305 João Paulo Frade [Acervo IP]

F203 CP [Arquivo]

F254 Arquivo Histórico Militar

F306 João Paulo Frade [Acervo IP]

F204 E. Biel, CP [Arquivo]

F255 Arquivo Histórico Militar

F307 João Paulo Frade [Acervo IP]

Jorge Firmino [Acervo IP]

F181

João Salgueiro Bravo [Acervo IP]

Octávio Bobonne

Dario Silva [Acervo IP]

CP [Arquivo]

Arquivo Histórico Militar

Arquivo Histórico Militar

230

Arnaldo Garcês - Arquivo Histórico Militar

Arnaldo Garcês - Arquivo Histórico Militar

Gentilmente cedida por Vestiges


F308 João Paulo Frade [Acervo IP]

F359 CP [Arquivo]

F309 João Salgueiro Bravo [Acervo IP]

F360 Rosa Gomes

F310 Rosa Gomes

F361 CP [Arquivo]

F311 Rosa Gomes

F362 Fundação Museu Nacional Ferroviário – FMNF

F312 Rosa Gomes.

F363 Fundação Museu Nacional Ferroviário – FMNF

F313 João Salgueiro Bravo [Acervo IP]

F364 Fundação Museu Nacional Ferroviário – FMNF

F314 João Salgueiro Bravo [Acervo IP]

F365 Fundação Museu Nacional Ferroviário – FMNF

F315 João Salgueiro Bravo [Acervo IP]

F366 Fundação Museu Nacional Ferroviário – FMNF

F316 Rosa Gomes

F367 CP [Arquivo]

F317 Rosa Gomes

F368 Grupo Impresa

F318 Rosa Gomes

F369 CP [Arquivo]

F319 Rosa Gomes

F370 CP [Arquivo]

F320 Banda do Exército – Porto

F371

F321

F372 CP [Arquivo]

Instituto Superior de Engenharia do Porto

CP [Arquivo]

F322 Rosa Gomes

F373 CP [Arquivo]

F323 Rosa Gomes

F374 CP [Arquivo]

F324 Instituto Superior de Engenharia do Porto

F375 CP [Arquivo]

F325 João Paulo Frade [Acervo IP]

F376 CP [Arquivo]

F326 João Paulo Frade [Acervo IP]

F377 CP [Arquivo]

F327 João Paulo Frade [Acervo IP]

F378 Rosa Gomes

F328 João Paulo Frade [Acervo IP]

F379 Carlos Romão

F329 CP [Arquivo]

F380 Carlos Romão

F330 Fundação Bienal de Artes de Cerveira

F381 Rosa Gomes

F331

F382 CP [Arquivo]

Luís Marques

F332 Fundação Bienal de Artes de Cerveira

F383 CP [Arquivo]

F333 Banda do Exército - Destacamento do Porto

F384 CP [Arquivo]

F334 Luís Marques

F385 CP [Arquivo]

F335 Luís Marques F336 Luís Marques F337 CP [Arquivo] F338 Rui Romão F339 CP [Arquivo] F340 CP [Arquivo] F341 CP [Arquivo] F342 CP [Arquivo] F343 CP [Arquivo]

AGRADECIMENTOS

F344 CP [Arquivo] F345 CP [Arquivo] F346 CP [Arquivo]

João Manuel Oliveira Gomes

F347 Rosa Gomes F348 CP [Arquivo] F349 F350 CP [Arquivo] F351 CP [Arquivo] F352 CP [Arquivo] F353 CP [Arquivo] F354 CP [Arquivo] F354 CP [Arquivo] F355 CP [Arquivo] F356 CP [Arquivo] F357 CP [Arquivo] F358 CP [Arquivo]

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