comunicação, fotografia e multimédia
UNTITLED Tiago freitas Caio Chamma
CONTRASTES: BIPOLARIDADE AMBÍGUA “A zona das antas e o novo projecto urbano que contém o estádio do Dragão são exemplos expressivos de um fenómeno de polarização que deixa de um lado as velhas ilhas, os bairros sociais, as carcaças das indústrias, e de outro, os sinais, as habitações e as funções dos que vivem bem.”1 I. Vivemos numa sociedade da velocidade e consumo, que se materializa no espaço através de supermercados, centros comerciais, auto-estradas, estações intermodais, etc, aquilo que Marc Augé denomina como não-lugares.2 II. Campanhã, trata-se de um exemplo concreto onde se observa esses não-lugares. Trata-se de um território com uma identidade composta por sequências de contrastes. Por um lado temos uma estação intermodal, infraestrutras macroviárias, bem como novos quipamentos de grande escala. Por outro, um tecido urbano consolidado, mas em metamorfose, maioritariamente habitacional, com algum comércio de pequena escala. Como se dá a interação do ser humano com este espaço quotidianamente?
1. DOMINGUES, Álvaro, in “Campanhã - depois do back office”, Scopio Magazine. 2. AUGÈ, Marc, “Não Lugares. Introdução a uma antropologia da sobremodernidade. 90ª Editora, Lisboa 2007.
CONTRASTES #1: A CONSTRUÇÃO DO HOMEM Um estático presente. A série traz recortes do olhar de um transeunte. Olhares que entraram e sairam de zonas mais e menos acolhedoras, por assim dizer, pela região central e arredores próximos do espaço Campanhã. Procuramos evidenciar, em meio ao tecido urbano, o diálogo entre os temas: Estratificação em Camadas, Sobreposição e Unidades. O espaço é composto por sequências de realidades. Este olhar sobre o Campanhã, denuncia a existencias “menos observadas”. Observa-se caminhos, paisagens... Habitação, infraestruturas... Há contato com alguma natureza. Há uma presença construtiva do homem em todo o espaço. Como se relacionam estes elementos físicos? Casas sobre ou sob um viaduto, numa colina, com comércio, serviços, entretenimento, indústria, infraestruturas, vegetação, vias pedonais, autovias... Onde está ENQUADRADO o espaço habitado? Entre um caminho e outro. Entre o céu e a terra. Céu, o sonho. A morada, o descanso. Cidade onde estamos “versus” cidade para onde vamos. Leitura do espaço não se dá somente através do percurso, mas também pela sobreposição. Logo na primeira imagem da série, a habitação é envolta e enquadrada pelas vias. Um viaduto moderno e uma estrada rústica. Para onde nos levariam? Cercam ou conduzem? O quê, a quem e a quê sitio? Pode-se pensar a cidade como construção coletiva. Mas são individuos constroem a cidade. Uma Campanhã Pintada em preto e branco De Dormitório e de passagem.
CONTRASTES #2: O HOMEM NA CONSTRUÇÃO Observar ou andar? Quando paramos, podemos observar. Quando andamos, “devemos ir rápido”. O entorno desaparece e chega a tornar-se indesejável. Podemos, criar o nosso próprio não-lugar, onde quer que estejamos. Uma observação contemporânea: A posição do cidadão relativamente à cidade torna-se, cada vez mais esquizofrénica. Concebemos a cidade como um lugar para nos encontrarmos e reconhecermos como comunidade, um lugar acolhedor, lugar de troca humana, seguramente efectivo e activo. Simultaneamente, cada vez mais reduzimos e aceleramos o nosso contacto com ela. Esta nossa cotidiana interação “funcional”, “prática” e comercial Interfere na nossa leitura cidade. Nesta série, praticamos uma leitura a partir de contrastes. Julgamos que a Estação Campanhã seria o sítio adequado para fazer este ensaio. Duas faces da estação Campanhã; Se instala como instrumento da mobilidade urbana. Chega a concectar escalas bastante distintas. Contudo, por definição, como construção física, propõe a permanência (de algo além da mobilidade). Vos apresentamos aqui, faces deste espaço de transição. Quanta individualidade, singularidade ou subjetividade pode haver num espaço como este? O movimento no espaço estático o evidencia. Estático ou dinâmico? Singularidade ou multiplicidade? Público e privado? Subjetivo ou objetivo? Da câmera à estação - O que há para trás da estação. As fotos desta segunda série são composições em, essencialmente, três camadas: Um elemento de transição e dois cenários. Nas fotografias a seguir, primeiramente, a Estação, está entre os dois cenários. Em seguida, enquadra e é o anteparo translúcido entre eles. Esta sequência apresenta o ser humano e a cidade. Partida? Chegada? O ser, em movimento e o objeto à espera. Talvez, só mais um não-lugar... Podíamos, protagonizar a presença humana e coadjuvar a presença da cidade. Mas, e se o movimento estiver na cidade? Na construção? No suporte? O ser humano que estaria estático? Apresentemos, com a fotografia, não os papéis, mas transição entre eles.