Informativo o lojista 95 edição dezembro

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CNDL: Receita Federal simplifica exportações de micro e pequenas empresas. (Pág. 04) CAPA: VII Caminhada da Paz será realizada em fevereiro. (Pág. 06) TECNOLOGIA: Peoplescope: a maior base de informações de consumo do brasileiro. (Pág. 08) ARTIGO: Pequenos grandes assuntos natalinos: O Panettone. (Pág. 10)


NOME DA SESSÃO DA PAGINA

JUCEB Certificação Digital Estágios Integrados do Brasil SOS Cidadão Assessoria Jurídica Núcleo de Pesquisas do Comércio Consulta ao SPC PREPARA CURSOS

Este informativo é produzido pela CDL de Barreiras (BA). Sua circulação é regional e seu conteúdo pode ser reproduzido, desde que seja citada a fonte.

CÂMARA DE DIRIGENTES LOJISTAS DE BARREIRAS Diretoria Biênio 2016-2017 Presidente Carlos Henrique Souza Costa Filho 1º Vice Presidente Ricardo Barbosa Campos 2º Vice Presidente André Goes Braga 1º Secretário Deyse Araujo Mesquita 2º Secretário Thiago Schieber Saude Quinteiro 1º Tesoureiro Fábio Petronilio Nogueira 2º Tesoureiro Geovani Jung Zorzo Diretora Executiva Irineide Ribeiro Silva Figueiredo Diretora de Eventos Sidicléia Mendes de Souza Diretor de Produtos e Serviços Leandro Roberto Eckert Conselheiros Fiscais Célia Kumagai, Gil Arêas e Alvimar Lôbo Alvim Diretor Distrital FCDL Gill Arêas Machado O LOJISTA - Coordenação Geral Irineide Ribeiro Edição de Arte Fernandes Renova Jornalista Catarina Araújo - DRT 4501 Revisão Ricardo Campos Publicidade cdl@cdlbarreiras. com.br Impressão Gráfica Irmãos Ribeiro Tiragem 800 exemplares/ DÚVIDAS, OPINIÕES E SUGESTÕES: Avenida Antônio Carlos Magalhães, 898 - Centro - Barreiras - BA CEP 47.800-000 --- www.cdlbarreiras.com.br--- DISTRIBUIÇÃO DIRIGIDA | VENDA PROIBIDA

FELIZ 2017! Considerado por muitos como difícil ou talvez desafiador, o ano de 2016 chega ao fim. Durante os últimos meses o comércio, a economia e os trabalhadores ultrapassaram vários obstáculos. Num ano em que a cada noticiário a população ficava mais estarrecida com os acontecimentos no cenário político, foi necessário também aprender a reinventar, a superar as dificuldades que surgiram. Quando a economia não ajuda, o comerciante precisa se valer do talento, da criatividade, da disposição e da coragem. Essas ferramentas foram e são essenciais no dia a dia do comércio, e fazem valer a famosa frase de Charles Darwin “Não é o mais forte que sobrevive, nem o mais inteligente, mas o que melhor se adapta às mudanças”. Foi dessa forma que chegamos a mais um final de ano, renascendo, recriando e adaptando. No próximo ano, a realidade também vai exigir a qualidade de conseguir nos moldar às mudanças, e assim como agora, também o faremos. A Câmara de Dirigentes Lojistas de Barreiras defende essa classe, e trabalha para facilitar a vida do empreendedor, principalmente em períodos como esse, criando campanhas, ações, eventos, oferecendo cursos e palestras, além do apoio para dúvidas e orientações. E sobre isso, 2016 também foi um ano para estreitar laços. A ação CDL Visita esteve presente com membros da diretoria da instituição em dezenas de associados, ouvindo sugestões e críticas. O principal objetivo desse trabalho é estar mais próximo do lojista e contribuir para o seu êxito. Prezado leitor, lojistas e comerciários, agradecemos a sua parceria durante esse ano, e para 2017 desejamos a todos um Ano Novo de saúde, paz, sucesso e prosperidade! Boa leitura e Boas Festas!

A publicação O Lojista abre espaço para você, leitor. Dê a sua opinião, crítica e sugestão sobre as nossas matérias. O que te agradou? O que poderíamos melhorar? Qual a sua dúvida? Queremos saber o que você tem a dizer para que o conteúdo do Informativo O Lojista esteja sempre alinhado com o que você quer ler. Existem diversos canais pelos quais podemos manter esse contato:

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CNDL

RECEITA FEDERAL SIMPLIFICA EXPORTAÇÕES

DE MICRO E PEQUENAS EMPRESAS Objetivo do governo é ampliar as exportações de 0,8% para 5% do total

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Receita Federal simplificou as exportações para micro e pequenas empresas. Instrução Normativa publicada nesse mês de dezembro, permite às empresas optantes do Simples Nacional escolherem um operador para cuidar de todo o processo de exportação, como empresas de transporte expresso habilitadas pela Receita Federal. Hoje, a facilidade já é permitida para exportações remetidas pelos Correios, que continuam sendo um dos operadores autorizados pelo fisco. Sem o operador autorizado, as empresas têm que cuidar de toda a burocracia para exportar, como cadastros e solicitações de licenças. “O que queremos é que a empresa mantenha o foco em seu ramo de atuação e não na burocracia. É uma grande desburocratização”, afirmou o coordenador-geral de Administração Aduaneira, Ronaldo Feltrin. Ele disse ainda que as exportações via operador autorizado terão ainda prioridade na inspeção aduaneira e desembaraço mais ágil. De acordo com Feltrin, o objetivo do governo é ampliar as exportações das micro e pequenas empresas, que hoje correspondem a 0,8% do total, para cerca de 5%. Fonte: Revista Pequenas Empresas Grandes Negócios

BC QUER FIM DE EXCLUSIVIDADE

EM CARTÕES ATÉ MARÇO DE 2017

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Banco Central estabeleceu um prazo para acabar com as exclusividades em cartões. Até 24 de março de 2017, todas as bandeiras relevantes de cartão deverão ser capturadas pelas principais máquinas do Brasil. O mercado já caminhava na direção de acabar com as exclusividades, mas agora o BC resolveu utilizar sua posição de regulador do setor para fixar data limite para que isso ocorra. Um caso concreto é o da bandeira Elo que antes tinha suas transações capturadas apenas pelas máquinas da Cielo, mas que hoje já são capturadas também pelos aparelhos da GetNet e Rede, entre outras. A Circular 3.815 também deixa claro que o instituidor do arranjo de pagamentos, em geral a bandeira, deve atuar de forma “neutra” e não utilizar sua posição para “obter vantagem competitiva indevida para si ou para participantes do arranjo ou prejudicar a concorrência”. O BC também deu um prazo para que a liquidação financeira das transações feitas com cartões seja feita em uma câmara unificada. Isso deve acontece até o dia 4 de setembro de 2017. No modelo atual cada arranjo tem sua própria câmara de liquidação de transações. Fonte: Valor Econômico

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CNDL

PORTAS ABERTAS PARA OS INVESTIDORES BRASILEIROS

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s Estados Unidos, a maior economia do mundo, está sempre pronta para receber investimentos estrangeiros legais e profissionais com potencial para desenvolver novos negócios. E essas vantagens atraem cada vez mais a atenção do mundo. Dados recentes mostram que, em 2015, foram emitidos pelas repartições consulares norte-americanas em todo o mundo mais de 60 mil vistos de investidor. Desse total, cerca de 170 foram concedidos no Brasil. Existem algumas opções acessíveis para materializar o sonho de viver, trabalhar e desenvolver um negócio de sucesso na América de forma legal. Entre elas, destaca-se o investimento em franquias. De acordo com o executivo e especialista em expatriação, Leonardo Freitas, entre as franquias mais procuradas por investidores brasileiros nos Estados Unidos estão aquelas relacionadas aos ramos de alimentação e de serviços.

"Além dessas, há outras áreas com grande potencial para desenvolvimento de negócios, tais como os serviços de saúde —enfermeiros e cuidadores para idosos; limpeza em geral; produtos e serviços para animais domésticos e as áreas de beleza e de cuidados com o corpo", enumera. Ainda segundo o executivo, outros lugares no mundo também estão de portas abertas para os investidores brasileiros, entretanto, reforça que os Estados Unidos continuam em destaque nesta missão. “A Europa costuma oferecer opções e mercado consumidor atraentes para os investidores brasileiros e alguns países da América Latina também podem ser boas alternativas. Todavia, pela experiência da agência, nenhum lugar do mundo conta, neste momento, com melhores condições de negócios em franquias para estrangeiros do que os Estados Unidos. A América ainda tem o maior mercado consumidor global”, finaliza. Fonte: Varejo S.a.

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CAPA

VII Caminhada da Paz , sera realizada em fevereiro Em onze anos de atuação a Comissão da Paz realizará mais uma edição da caminhada da Paz. Entre os objetivos da mobilização, o principal deles é o funcionamento do presídio regional do oeste.

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m 2017, a Comissão Voluntária pela Segurança e Paz em Barreiras – CVSP realizará a VII caminhada da Paz. Em mais uma edição, a caminhada reunirá a sociedade civil, instituições e autoridades eclesiásticas para que através de uma mobilização conjunta, demonstre ao governo a necessidade do município de investimentos na área de segurança pública. A caminhada será realizada no próximo dia 10 de fevereiro de 2017. Criada em 2005, depois de um episódio de violência que marcou a cidade de Barreiras, a CVSP já reivindicou muitas melhorias para o município, que envolvem tanto a segurança quanto o crescimento e bem estar da população. Várias melhorias já foram conquistadas, entre elas estão o contorno viário, ampliação do número de voos no aeroporto de Barreiras, construção do presídio regional e uma unidade do Corpo de Bombeiros. Porém, ainda há muito o que fazer pelo município. Os índices de violência e homicídios continuam altos. Por isso, além do pedido de paz que será feito pela comunidade, serão reivindicados principalmente o funcionamento do presídio regional, concluído há mais de um ano, a construção de uma casa de semiliberdade para menores infratores e o incentivo de políticas públicas para adolescentes e jovens. Segundo o presidente da CVSPB, Gill Arêas, durante os 11 anos de atuação da comissão, Barreiras já conseguiu muitas melhorias, entretanto existem muitas prioridades que não foram supridas. “É a caminhada da paz que dá sustentação

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CAPA

a comissão na luta por uma série de demandas que a cidade possui, essa é uma das formas de mostrar ao governo do estado quais são as nossas necessidades”, afirmou Gill, acrescentando que “quando a polícia precisa agir, é porque todas as outras alternativas não funcionaram, a sociedade precisa se unir, tanto lojistas, comerciários, e toda a população, conclamamos a comunidade que participe”, finalizou. Para o presidente da Câmara dos Dirigentes Lojistas de Barreiras, Carlos Henrique, a segurança pública é interesse de todos, e a CDL de Barreiras apoia desde o início essa iniciativa da Comissão da Paz. “A mobilização popular é uma das melhores maneiras que a sociedade tem para resolver problemas. É necessário chamar a atenção das autoridades em relação a crescente violência, ao aumento da criminalidade, e reivindicar soluções para essa situação”, disse Carlos. A Comissão da Paz é composta por mais de 40 instituições públicas e privadas que se unem na luta pela segurança pública de Barreiras. A VII Caminhada da Paz terá saída em frente à Câmara de Vereadores de Barreiras, concentração às 16h, e chegada na Praça Castro Alves.

O oeste da Bahia tem uma tradição de ter uma realidade esquecida, então a sociedade precisa se unir, reivindicar e manifestar inclusive em ocasiões com grande contingente de pessoas para chamar atenção das autoridades competentes. Não conheço nenhuma outra realidade de cidade, em que instituições se reúnam em prol de problemas, que dizem respeito a paz, reivindicando segurança pública e também outros elementos, que colaborem com a infraestrutura e o bem estar do povo. Paz sem dúvida é ausência de assaltos, assassinatos, roubos, mas paz também é ter obras que ofereçam uma vida mais tranquila para o povo de Barreiras e região. Dom Josafá Menezes – Bispo da Diocese de Barreiras

Em seu famoso sermão Jesus declarou: “Bem aventurado os pacificadores porque serão chamados filhos de Deus” (Mateus 5:9). Pacificador é aquele que promove a paz. Isso nos mostra que a paz é um resultado final de um esforço. Como precisamos de pessoas que não apenas tenham bons desejos, boas intenções, mas que trabalhem pela construção da paz, que deem exemplo, que chamem as autoridades às suas responsabilidades, que se mobilizem... Falar isso em nossos dias pode parecer utópico, mas acredito que se muitas pessoas sonharem e trabalharem por uma cidade mais justa, mais solidária e pacífica, todos colheremos o tão sonhado fruto. Se nos omitirmos não poderemos ser chamados filhos de Deus. Apóstolo Vitor Carneiro – Presidente da Associação de Pastores Evangélicos do Oeste Baiano

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TECNOLOGIA

PEOPLESCOPE: A MAIOR BASE DE INFORMAÇÕES DE CONSUMO DO BRASILEIRO SPC Brasil e Ibope DTM desenvolvem plataforma que auxilia o mapeamento de clientes e estratégias de marketing

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omerciantes, gestores e empreendedores já encararam dúvidas muito comuns: qual é a característica predominante do meu consumidor? Como identifico novos clientes? Quais regiões possuem clientes em potencial? Então, foi pensando em solucionar esses desafios que surgiu a plataforma Peoplescope. A ferramenta permite analisar hábitos dos consumidores, a partir de dados do SPC Brasil e pesquisas realizadas pelo Censo, Target Group Index e Pesquisa Nacional por Amostras de Domicílio - PNAD. Com base em informações atitudinais, demográficas, financeiras, políticas e de comportamentos e hábitos, a plataforma classifica a população em 13 grupos e 42 segmentos. O objetivo é fornecer dados importantes para que a empresa conheça a fundo o cliente, crie estratégias assertivas para prospecção e aprimore ações de marketing. Segundo o diretor do Ibope DTM, Bernardo Canedo, a plataforma nasceu da necessidade das empresas entenderem melhor as características de seus consumidores. “Os lojistas podem descobrir quais segmentos populacionais são mais aderentes ao seu negócio e, com isso, utilizar

a ferramenta para identificar onde seus potenciais consumidores estão, além de realizar a abordagem por meio de e-mail ou SMS ou desenvolvendo suas próprias peças na ferramenta”. Ainda segundo ele, no momento em que o usuário identifica os segmentos mais aderentes ao seu negócio, pode marcar no mapa onde estão os demais consumidores potenciais e utilizar o mailing do SPC Brasil, por exemplo, para enriquecer ou aumentar a base de prospecção. Com a ferramenta, é possível fazer, a qualquer momento, análises georreferenciadas e personalizadas, de acordo com o produto, serviço e necessidade de segmentação. “O Peoplescope conta ainda com dados comportamentais. Além disso, é a única segmentação populacional no Brasil com uma plataforma geonativa, que gerencia a comunicação com os clientes”, completa Canedo. Duas versões do Peoplescope chegam ao mercado: Target Point, um módulo avançado que permite cruzar informações do PeopleScope com a base geolocalizada própria; e a Free Access, versão que possibilita verificar os três segmentos populacionais mais predominantes em um raio de 500 metros de um endereço. Com informações Varejo S.A.

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ECOMONIA

O IMPACTO DA QUEDA DE JUROS NA ECONOMIA

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inflação medida pelo IPCA terminou 2015 acima de 10%, mas cedeu em 2016 para próximo de 8%. Junto com o ritmo de avanço dos preços, caíram também as expectativas para a inflação futura, abrindo espaço para que o Banco Central reduza a taxa básica de juros, a Selic. A notícia é boa: o arrefecimento da inflação facilita a recuperação do poder de compra das famílias e a queda dos juros é estímulo para a economia. Mas nada disso acontece da noite para o dia. Para entendermos o porquê, vale a pena olhar para o passado. A última alta de juros foi em julho de 2015, quando a Selic foi de 13,75% para 14,25%. Ou seja, passamos quase um ano e meio com a taxa estável acima dos 14% a.a.. E o que aconteceu com os juros ao tomador final? Só cresceram. Vamos ao exemplo mais emblemático: as taxas no cartão de crédito para consumidor eram, em média, de 394% ao ano em julho de 2015. Em agosto de 2016, já passavam para 475%. O movimento de alta foi visto também em outros tipos de empréstimo para pessoa física e jurídica. Ou seja, mesmo com a Selic estável, as taxas de juros ao tomador final

subiram neste período. Por que isso aconteceu? Entre os fatores que mais se destacam está o risco de inadimplência. Com medo de não receber o dinheiro de volta, os bancos e financeiras ajustam os juros para compensar o risco ao qual estão expostos. Voltando ao presente, o risco de inadimplência segue alto. Mesmo com economia se estabilizando, consumidores e empresas ainda se deparam com uma conjuntura desfavorável. Sendo assim, algum tempo será necessário até que o impacto da queda na taxa de juros Selic seja sentido nas taxas de juros ao tomador final. Quanto tempo? O necessário para que observemos uma retomada do consumo, do emprego e da renda e principalmente melhora na capacidade de pagamento de consumidores e empresas. A queda na Selic é um primeiro passo para a recuperação econômica, pois ainda há a necessidade de que outras condições se apresentem para que seu efeito sobre a economia seja pleno. A boa notícia é que, depois de um longo ciclo recessivo, podemos estar às portas de ciclo virtuoso. Por Marcela Kawauti Economista-chefe do SPC Brasil

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ARTIGO

Fabio Claudio Tropea

Semiólogo, escritor, palestrante e analista das linguagens da comunicação, graduado em Sociologia e Jornalismo em Urbino (Itália). Doutor em Comunicação na Universidade Autônoma de Barcelona, Espanha.

PEQUENOS GRANDES

ASSUNTOS NATALINOS: O PANETTONE

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unca vou esquecer aquela vez - Barcelona, 1992que uma amiga peruana, durante uma festa natalina, me perguntou se na Itália também se comia panettone. Quando eu, surpreendido, falei que claro que sim, ela não duvidou nem um segundo em comentar: “mas não será tão bom como no Peru, fomos nós que inventamos?”. Desde que moro nesse novo mundo, estou muito mais acostumado a olhar os curiosos percursos empreendidos por algumas tradições europeias, mas então eu era um cidadão europeu 100%, e a afirmação da amiga quase ofendeu o meu pequeno orgulho patriótico. Vou explicar a anedota e o porquê da minha surpresa. O panettone nasceu na Itália, na cidade de Milão, ele é um doce da época barroca, de antes da revolução industrial. Existem muitas histórias sobre a origem desse bolo, inclusive lendas. A mais bonita? A de Ludovico il Moro, um aristocrata que no século XVII experimentou esse doce e ficou tão impressionado que quis conhecer Tone, o cozinheiro que o teria preparado. Desde então, o doce teria sido batizado como “Pão do Tone”. Fora da lenda, por muitos séculos, os padeiros estavam de proibidos vender aos pobres o pão dos ricos. Em 1698, o governador da cidade de Milão, católico e pessoa piedosa, decretou que essa proibição devia ser suspensa durantes as festas natalinas. Dessa forma, esse pão sofisticado ficou famoso em toda a cidade e começou a ser difundido popularmente em todas as regiões da Itália - e de aí no mundo inteiro – com nome afrancesado de “pan de ton”, ou seja, o pão de luxo, já que era preparado com trigo de primeira qualidade, manteiga, mel e uvas passas. 10 |

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Assim, o panettone virou famoso como o pão doce que todo o mundo compra no Natal. Inicialmente, era um produto artesanal vendido só no norte da Itália, mas logo, no século passado, começaram a aparecer no mercado muitas empresas que faziam versões industriais do produto, bem cheios de corantes e conservantes, mas alguns glamorosos e com uma imagem de marca desenvolvida e atraente. Duas grandes marcas, acirradas rivais, pior que Flamengo e Fluminense: Motta e Alemagna. As duas marcas disputavam a imagem de Milão e da Catedral, o celebre “Duomo”. Logo, nos anos 60, a imagem da Itália e da “dolce vita” se difundiu no mundo inteiro, e com ela também emigrou o panettone, símbolo de delícia italiana familiar, uma imagem perfeita para o Natal. E o Peru? Passada a raiva do orgulho ferido, no dia seguinte pesquisei e descobri que realmente, esse país é o segundo consumidor de panetones no mundo, superado só pelos italianos! Como? Histórias típicas de emigração italiana do século XX. Uma família do sul da Bota, com sobrenome bem italiano – D`Onofrioque fabricou os primeiros sorvetes em Buenos Aires, e logo, empurrados por um amigo, se estabelece em Lima e começa a produzir chocolates e finalmente lança o panettone. Um sucesso impressionante e uma quantidade outro tanto impressionante de imitadores. Essa história, como é fácil imaginar, se repete nos Estados Unidos, na Austrália, no Canadá, em todos os países com imigrantes italianos (alguém conhece um país sem imigrantes italianos?). E evidentemente também no Brasil. Na italianíssima São Paulo, que tem um jornal (Corriere della Sera) com


ARTIGO quase quatrocentas mil unidades por dia de tiragem, nas primeiras décadas do século XX começaram a aparecer padarias e confeitarias que produziam artesanalmente esse doce. E logo, nos anos 60, algumas famílias com mais tino comercial se lançaram na aventura do panettone industrial. O Brasil, graças à presença de tantos imigrantes italianos e de ser o maior país católico do mundo, adaptou com grande agrado essa tradição do panettone natalino. Visconti, Bauducco, são nomes de famílias de origem italiana e hoje marcas de panettone muito conhecidas, como marcas de tradição local. A história de Bauducco é paradigmática. Tem início em 1948, quando o representante comercial Carlo Bauducco chega ao Brasil vindo da cidade italiana de Turim. Ele vinha para cobrar uma dívida de máquinas de torrefação de café, importadas por um amigo, também italiano. Mas em vez de voltar à terra natal, o italiano encantouse pela capital paulista e decidiu ficar. O bom faro para negócios o ajudou a perceber que em São Paulo, onde havia muitos italianos e descendentes, tinha um bom futuro para esse produto. Dois anos depois de sua chegada ao país ele já estava produzindo panettone artesanalmente. Os panettones foram, durante muito tempo, o principal produto desse futuro colosso da indústria alimentícia brasileira, e eram vendidos na doceria homónima, inaugurada no bairro paulistano do Brás, a princípios dos 60.

Hoje, o mercado de panettones no Brasil é muito consolidado, e aqui, como no mundo inteiro, também se deu um desenvolvimento fantástico de produtos: foram criados panettones com chocolate, doce de leite, iogurte, cremes e mouses de toda classe e gosto, mas nunca substituíram as velhas uvas passas e frutas caramelizadas. Só uma coisa a indústria do setor não logrou alcançar: sair das festas natalinas e fazer com que se venda panettone o ano inteiro: certas tradições são realmente difíceis de mudar. Buon Natale e felice Anno nuovo, meus queridos leitores. DEZEMBRO 2016 |

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