DEZEMBRO DE 2011
REGIÃO DO CARIRI
D ezembro
- 2011
Microrregiões Caririaçu e Chapada do
Realização
promoção
apoio
Araripe
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EDITORIAL
Da serra aos sertões, sob
O
o signo da diversidade
segundo volume do projeto Artesania Cariri traz um mapeamento da produção artesanal de mais duas microrregiões do Sul Cearense: Caririaçu e Chapada do Araripe. Com seus 12 municípios: “Altaneira, Antonina do Norte, Araripe, Assaré, Campos Sales, Caririaçu, Farias Brito, Granjeiro, Potengi, Salitre, Tarrafas e Várzea Alegre”, uma área de 6.085.513 quilômetros e 158.387 habitantes, essas duas
microrregiões repetem uma característica que o Cariri ostenta: a diversidade da produção artesanal. Nessa faixa de terra, onde a base da economia é a pecuária e o cultivo do algodão, feijão, milho e cana de açúcar, há perfis econômicos interessantes como o do município de Farias Brito, conhecido pela produção de cal, e o de Assaré, onde o Turismo e suas atividades associadas ba-
A Chapada do Araripe é um planalto localizado na divisa dos estados do Ceará, Piauí e Pernambuco. Abriga uma floresta nacional (1946), uma área de proteção ambiental (1997), um geoparque (2006) e cinco municípios (Araripe, Assaré, Campos Sales, Potengi, Salitre). Tem 95.047 habitantes e uma área de 4.784,685 quilômetros quadrados. Para essa reportagem, incluimos ainda os municípios vizinhos de Tarrafas, Antonina do Norte e Várzea Alegre, perCAMPOS SALES tecentes à à mesorregião Centro-Sul Cearense.
ANTONINA DO NORTE
TARRAFAS VÁRZEA ALEGRE
ASSARÉ
POTENGI
SALITRE
seiam boa parte das fontes de ocupação e renda da população. Com relação à produção artesanal, a tipologia mais presente, segundo o estudo “Setorial do Artesanato” do Sebrae Ceará, é a renda e bordados, identificada em praticamente todas as cidades e que dão acabamento a peças de vestuário, cama, mesa e banho, utilizando-se os fios do próprio tecido ou fazendo-se apliques.
ARARIPE
ALTANEIRA
FARIAS BRITO
GRANJEIRO CARIRIAÇU
A microrregião de Caririaçu tem população estimada pelo IBGE (2005),em 63.340 habitantes e possui uma área total de 1.300,828 km². Está dividida em quatro municípios: Altaneira, Caririaçu, Farias Brito e Granjeiro.
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Rendas e Bordados
Um vareio de técnica por todos os cantos
Os bordados e rendas das regiões de Caririaçu e Chapada do Araripe são conhecidos pelas várias técnicas utilizadas. As mais comuns são o “ponto cheio”, “vagonite”, “boa-noite”, “labirinto”, “redendê” e “ponto-de-cruz”.
Segmentações
em euro-
ado tem orig ite”- O bordde ado “Boa Nopa sfiado (o mais us rtir do tecido r
e a área a se péia e é feito a ntos, esticando-s po ns gu al em a) rade". Utilié cambrai um bastidor ou "g de lio xí au m co s para construir trabalhada i-se unindo os fio va ha lin e ha ul licado. As peças zando ag é minucioso e de ho al ab tr O o. toalhas de mesa o bordad produzidas são te en m te en qü lso, blusas e mais fre eja, lenços de bo nd ba de s no pa e banho, passadeiras.
he-
e tipo de renda, também con “Labirinto” - Essca, As sobretudo, pela perfeição.
cido por "crivo", se desta "perfitornadas por "matame" ou peças produzidas são con er o bamento perfeito. Para faz lo", proporcionando um aca ente desenho no tecido (geralm Labirinto a rendeira risca o e tece ecendo ao riscado, desfia o linho) e em seguida, obed tesouina, uma agulha fina, uma com o auxílio de uma lâm ra e um bastidor.
“Redendê” -
É um outro tipo de Cariri é elaborado no lar bordado muito popu Nele, a bordaura. teso com agulha, linha e rados, losânquad em deira corta o tecido io de um auxíl o com e, gulos ou triângulos brancas s linha com s bastidor, vai unindo-o endê” “red O s. barra ou coloridas, formando o de ecçã conf na , ente é aplicado, principalm . mesa de nhos toalhas de prato e cami
uz” - Os tecidos “Ponto de Crrda do são o linho ou o
usados nesse tipo de bo ples: usando-se agualgodão. O processo é sim vai-se construindo os lha e linhas coloridas e pontos em formato de desenhos sempre com tos florais, paisagens, cruz. Bordam-se ornamen ião, figuras geométriespécies da fauna da reg asndo em harmoniocas e monogramas, result mesa e banho. sos conjuntos de cama,
V
“
agonite”- É um tipo de ponto para bordado que se caracteriza pela perfeição dos desenhos, construídos a partir do preenchimento, com ponto cheio, dos espaços desfiados do tecido.
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várzea Alegre
linha e agulha para criar nove filhos O ponto cruz é uma das especialida-
des de dona Maria Ferreira Silva Socorro (foto), que mora numa casa simples, mas limpíssima, na rua Batista de Freitas, bem na entradinha do município de um dos municípios cearenses que tem o orgulho de nunca ter mudado de nome: Várzea Alegre. Mais que isso: foi bordando e tecendo que ela conseguiu sobreviver e tirar da agulha e linha o sustento dos nove filhos depois que foi abandonada pelo marido, quando o menorzinho tinha só três meses. Nessa época, ela conta que nada sabia além de cuidar da casa, dos filhos e capinar na roça. Foi uma frase do filho mais velho, com medo de, sem o pai, morrer de fome, que deu a essa mulher baixinha e risonha a inspiração e força para ir aprendendo tudo o que aparecesse e que pudesse gerar algum tipo de renda. “Pe-
dia para me ensinarem qualquer trabalho manual e tentava, tentava até começar a fazer”, conta. E tinha que fazer “muito”. “Eu trabalhava de manhã até meia noite ou uma da madrugada. Fazia tudo. Da varanda de rede e até doce de leite para vender. Mas, graças a Deus, deu certo”. O “dar certo” para dona Maria Ferreira são os filhos, alguns ainda estudando, mas todos encaminhados na vida. “Quando eu conto a minha história, tem gente que até chora. Mas sou feliz. Trabalho no que gosto e o que faço me deu uma vida nova”.
Farias Brito
Técnica e requinte
para novas gerações É um bordado difícil, o vagonite. Mas, a habilidade nessa segmentação foi o que deu fama à dona Maria de Fátima Barbosa Martins (foto), do município de Farias Brito, que um dia já foi “Quixará”. Trocou de nome para homenagear o filósofo Raimundo de Farias Brito. Vamos encontrá-la sentada à porta de casa, balançando o neto que dormia na rede. O contato com agulhas e linha começou aos 12 anos, ensinada por uma amiguinha da mesma idade. Mas o que começou como brincadeira de criança, virou ofício, rapidinho, pela necessidade de sobrevivência.
E, aos poucos, a vocação recém-descoberta foi assimilando outras tipologias como o trabalho com palha de bananeira e carnaúba e o bordado em ponto cheio e reto. Apesar da desenvoltura com que transita entre tantas técnicas, ela confessa que foi o “vagonite” em que mais se especializou. E para provar a excelência alcançada no trabalho, vai lá dentro, correndo, buscar uma peça para mostrar, com indisfarçável orgulho, o diferencial do seu trabalho. “Está vendo? O bordado não passa, não vaza para o avesso do tecido. E isso é muito difícil”. A técnica aprimorada transformou-a em instrutora em vários distritos onde vem ajudando a lapidar uma novíssima geração de artesãs a quem ensina, não só o ofício, mas o amor pela cultura e manifestações populares. Uma iniciativa da Prefeitura que tem mesmo se notabilizado por iniciativas como a realização de cursos para inspirar novas vocações, como o de “Escultura em Argila” promovido pelo Centro Cultural e destinado aos artesãos da cidade.
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r o h l e m e d m e t ê u q nde e o
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Assaré, Caririaçu e Potengi
Malhar o metal dá ritmo à economia
Divididas em ramos como As peças em metal tem registros em Assaré, Caririaçu e Potengi.baldes, canecas, bacias, co-
lataria, ferraria, serralheria, cutelaria e resultando em produtos como chocalhos pos, raladores, candeeiros, caçarolas, lamparinas, foices, dobradiças, armadores de rede, tipologia essa heiras”, para o gado, estribos, ferraduras, esquadrias, portões, espingardas “passarin dá o ritmo da vida econômica.
Potengi, a cidade que não dorme A artesania em metal divide com o di-
nheiro da pensão dos aposentados a base da economia da cidade de Potengi. Desmembrada do município de Araripe, a cidade chamou-se, durante muito tempo, de “Xique-Xique”. É conhecida no Cariri como "a cidade que não dorme", por causa da grande quantidade de ferreiros. Ao todo, são mais de 40 oficinas espalhadas, principalmente pela rua principal. e fica fácil identificá-las pela morros de refugo pretos na
frente de cada uma. Como o trabalho em metalurgia produz muito calor e a arquitetura característica das oficinas, com portas estreitas e janelas pequenas -quando as tem-, não favorecem ventilação, elas acabam se transformando em verdadeiros fornos, onde a temperatura em muito excede os 35ºC médios do restante da cidade. Isso explica porque, para amenizar o calor, os ferreiros começam a trabalhar sempre depois da meia-noite.
Pólo ferreiro
Calor que sustenta e conforma a vida Há nove anos dividido entre a bigorna e o forno,
Luis Carlos Pereira (foto) é filho e irmão de ferreiro. Do ofício, que já lhe queimou muito as mãos e endureceu pele e espírito, ele confessa que não gosta. Mas faltam opções e, sobretudo, remuneração que que se equipare na região. Tudo acaba empurrando-o para cada vez mais perto do calor infernal que garante vida com algum conforto para a mulher e o filho Antonio Carlos, de três anos. Para ele, Luis Carlos não quer nem pensar a mesma sina. É quando a maioria das pessoas acabou de deitar ou está ainda no chamado primeiro sono, que o ferreiro deixa a casa pequena e sai para trabalhar. E é cedo da madrugada ainda, quando ele começa a aquecer e martelar o ferro para dar forma a foices, facões e roçadeiras. As batidas fazem um barulho forte e característico que só não mantem toda
Potengi acordada porque a cidade parece ter-se acostumado à dura rotina do segmento mais forte da sua economia. O barulho das batidas só parece diminuir quando começa a se misturar com o do resto da cidade que acorda. Com um dia a dia diferenciado, ele ficam na lida até as 11 horas, meio-dia, quando a temperatura externa alta torna impraticável o trabalho nas oficinas. Nessa hora, as batidas param para só recomeçar lá pelas quatro, cinco horas da tarde. Por volta das seis, sete param novamente para retomarem na madrugada. Potengi tem o maior pólo ferreiro do Cariri cearense. Sua produção é vendida no comércio local, e exportada para outros municípios do Ceará, Piauí, Maranhão.
Caririaçu
Araripe e Farias B a fama z a f a ic m â r Ce rito
gia mais comum nas A segunda tipoloAra ripe e Caririaçu é
regiões da Chapada do ica, está presente a cerâmica. Utilitária e lúd e e Farias Brito, rip principalmente em Ara as, jarras, poinh art com a fabricação de qu ias, jarros, bac , ros filt tes, gamelas, pratos, e-cana, é-d e-p s-d çõe mealheiros, capita barro. de os nec bo de bules e balaios, além
Do vaquejada ao barro
ueiro Jo-
o vaq ncias da tipologia na região é Uma das referê u, que usa o iriaç Car a, morador do sítio Onça, em
aquim Gomes de Lim barro para fazer peças que retratam a sua paixão pelo gado, bus o dur o cando resgatar o cotidian do sertanejo nordestino. Além de agricultor e artesão, Joaquim é uma representação viva da história do vaqueiro cari jun – riaçuense. Foi ele o criador erra Bez tamente com Raimundo Lima – da primeira vaquejada do município, realizada em 1976, ano do centenário da cidade.
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r o h l e m e d m e t ê u nde e o q
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Araripe e Caririaçu
dos a ç n a r t e s a i Cestar a ç o r a d e t n e em Catiram g eservapr s ica óg ol nt le çu. A s pa ém das referência
bolo-
ra al siva na sim Em Araripe, pa rticipação expres pa m te os ad nç inada pelo tra
m e das, as cestarias ão, a tipologia é do artesanal. Na regi objetos, tais ão uç os rs od ve pr di a s su gia da o dos mai çã ec nf co na a lh pa serve para fazer e m - prego da cestas. A taquara e s lsa bo s, éu ap para foguetes, como ch gaiolas e tábuas , as lh ca e carnaúba e fabicas apanhar olho de cipó da planbricar pífaros. Já o e que o talo, se ta, mais resistent , usados sobre utiliza em caçuás cangalhas. os jumentos, nas bém tem toOs trançados tam ida significância mado reconhec
riria terra natal do nfamoso comercia s, o folclórico Santos Rodrigue m ui aq Jo , se en undo de Oliveite cear ta e escritor Raim ris ju do e a” ng aos índios que “Seu Lu em homenagem a ad tiz dro e Araripe. O ba i fo es ra Borg serras de São Pe as tre en i, rir Ca do a matéria-prima habitavam o Vale rmar em renda um fo ns tra a o id nd re mãos habilidosas município tem ap virando arte nas tá es e qu e ão gi a na agricultura, abundante na re e antes trabalhav qu e nt Ge o. pi icí un lsas e objetos de de artesãos do m em peças como bo o ilh m do a lh pa a muitas famílias. agora transforma em o sustento de nt ra ga e qu o, çã decora
H abilidade e sustento com a palha do milho
Fazer arte e viajar na palha do milho. Foi assim com dona Maria Martins de Lima (foto). Ela e o marido, Josimar Martins (foto), que viviam em um sítio e trabalhavam na roça, tem agora uma história de sucesso para contar graças ao trançado com palha de milho. Começaram procurando imitar o que viam aqui e ali, até em programas de televisão. Depois, ganharam capacitação da Prefeitura e foram desenvolvendo habilidades. Hoje, a produção não para de crescer estimulada por uma criatividade que faz seu Josimar exibir novas coisas a cada momento. Assim, a cartela de produtos, que já inclui cestinhas, bandejas, caixas, jogos americanos, bolsas, tapetes e jogos para escritório, se diversifica. Resultado, o artesanato que garantiu folga financeira e a oportunidade de sonhar com dias melhores, já financiou aventuras inesquecíveis como uma viagem a São Paulo e vindas quase que mensais a Fortaleza. “Coisas que eu nunca pensei em viver, antes”, conta dona Maria. Eles fundaram até uma associação, a Arte Nossa, que reúne sete artesãs, para atender à procura pelos produtos. “Estou tentando, agora, vender para fora, para essas grandes empresas”, revela seu Josimar que acaba contando, baixinho, um sonho: “Vender para a TokStok”.
Granjeiro
Artesãos resgatam
o Sisal nas encostas da serra
Granjeiro, município criado em 1957 e inicialmente conhecido como Junco e São Pedro do Cariri, tem resgatado o sisal como alternativa de renda e trabalho para a comunidade. Na localidade de Serrinha, por exemplo, vamos encontrar dona Maria Nazaré Santos (foto), de 69 anos. Há 15 ele passa dias e dias, traçando os fios macios e claros da palha. Também conhecido como agave, uma espécie de fibra têxtil, o trabalho com o sisal vem permitindo o surgimento de artesãos entre filhos de agricultores e espalhando plantações desse tipo de planta, antes quase em extinção, pelas encostas da serra. A comunidade chegou a criar a Associação dos Produtores de Sisal, mas Dona Maria explica que das 28 pessoas, poucas continuam tra-
balhando com a fibra. “E é porque as encomendas são muitas. Tudo o que a gente faz, vai para a Ceart, vende logo, e eles pedem mais. Hoje, somos só oito trabalhando e fica difícil atender”, explica. Nas mãos ágeis dos artesãos locais, a fibra vira pequenas e delicadas caixinhas redondas, mas pode se transformar, também, em bolsas, jogos americanos, tapetes e redes.
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Farias Brito, Caririaçu e Várzea Alegre
Redes em teares primitivos
A tecelagem aparece com forte ocorrência nos municípios de Farias Brito, Caririaçu e Várzea Alegre, tendo a rede de dormir como principal produto. Antes, feita pelos indígenas usando a fibra do tucum, a rede foi incorporada aos hábitos dos colonos portugueses que passaram confeccioná-la tecida em
algodão. Ainda hoje é produto "made in Ceará", exportado pelo mundo inteiro. O turista leva, identificando-a como legítima representante do artesanato do Estado. No Sul do Ceará, ainda existem artesãs que as fazem manualmente, com teares primitivos, em que pese a concorrência das tecidas industrialmente.
Arte e superação Sítio Mocotó Arte e superação no no S ítio M ocotó E V
A
m árzea legre, no Sítio Mocotó, a 12 quilômetros da sede, a rede virou ponto de partida de uma história de superação, empreendedorismo e sucesso. Que uniu três irmãs: Rosinha, Ceilda e Cileide (na foto, agachadas), portadoras de atrofia nos membros superiores e inferiores, órfãs de mãe e excluídas por serem “diferentes”. Na tecelagem, encontraram uma forma não só de sobreviver, mas de gerar renda e trabalho para toda a comunidade. Especializadas em produzir, quase que totalmente de forma artesanal, coloridas redes de dormir, tipo sol a sol, elas criaram a Associação Comunitária do Sítio Mocotó. Hoje, a entidade diversificou a produção e, além da montagem das peças com varandas em crochê, produz vários artigos bordados à máquina.
Campos Sales
Associativismo incentiva produção e comércio
Geopark Araripe inspira criações
Os artesãos de Campos Sales também integraram o projeto para a criação de um artesanato inspirado no Geopark Araripe. Com produção associada a projeto do Ministério do Turismo, objetiva a melhoria da qualidade e a diversificação da oferta de produtos que reflitam a cultura e as tradições locais, ampliando as experiências do turista com o destino visitado. Participaram da vivência os grupos: Associação Campos Sales (fibras), Lira Nordestina (xilogravura), Associação das Mulheres Rurais do Sítio Macaúba (coco babaçu), Associação dos Artesãos do Crato (couro e madeira), Associação Mãe das Dores (fibras), Mocotó (têxtil), Associação Comunitária de Artesãos (bordado), Mestre Noza (madeira), Associação dos Lapidários Artesãos Minerais e Ourives da Região do Cariri (joias).
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Salitre, Altaneira e Antonia do Norte
FUxico, palha, bordado e renda para Juazeiro A
o artesanal de bordados, com aplicaçã Grande parte da produção é ção as. rend e mo os dad mes O co. fuxi to rçar o em tecido e trabalho com s ações voltadas para o artesana vendida em Juazeiro, ajudando a refo tracen con em Antonina do Norte, município são re Salit de o no municípi l da cidade que mais recebe acontece sana arte que esto áantes habitado pelos índios Judas na Associação Comunit Região. na tas turis e s ante visit hecida pelo nome ria dos Artesãos e Artistas da bém em Altaneira. O mu- cás e con tam vê se que o É ubo, que tem a Comunidade. Com pop chamado de Santa Te- de Moncam te men inal orig io, nicíp ução artesanal lação estimada em 14.582 esse nome do padre David sua prod hou gan que e reza o habitantes, o municípi ida como também direcionada para Moreira justamente por ser conhec foca a sua produção nos produ- esta tipologia. a “cidade alta”, tem uma expressiva trançados em palha, bor-
Assaré
Mestres da cultura em PLENA atividade A
ssaré, terra do compositor, repentista e poeta popular Antônio Gonçalves da Silva, o Patativa do Assaré, deve ao autor de “Triste Partida” boa parte da sua fama. Mas a cidade é cheia de tradições culturais preservadas através do reconhecimento às figuras que referenciam os saberes e fazeres populares. São agraciadas com o título de “mestres da cultura” e se destacaram em atividades que vão da música, tradições religiosas, dança e vaquejada ao artesanato em madeira, barro e gastronomia. Dona Zilda Sampaio Mota e Seu Mundinho Mota (foto) formam um casal destes mestres. Ele, pequena estatura e jeito humilde, destaca-se pelo trabalho em madeira, confeccionando oratórios cheios de detalhes. Ela, olhos azuis e muito falante, ficou conhecida pela pintura que vai além da decoração de louças. As suas rosas coloridas também estão nos quadros em óleo que enfeitam a casa onde moram, na rua Padre Emílio Cabral, perto do Centro de Assaré. Casados há 57 anos, se conheceram na cidade e contam que o trabalho artesanal sempre sustentou a família de dois filhos. No início, Seu Mundinho também ajudava pintando, lata de querosene. Depois, cada um se aplicou em seu próprio ofício. Autodidatas, descobriram e aprimoraram suas próprias técnicas preservando um saber artesanal cada vez mais difícil de encontrar. Seu Mundinho, por exemplo, não usa quase nenhuma ferramenta para burilar as saliências e reentrâncias de seus oratórios de uma rusticidade encantadora, quase primitiva.
Tarrafas
Sertanejos
em madeira E
m Tarrafas, cidade originada da Fazenda Aroeiras, ganhou esse nome, segundo os historiadores, depois que um tropeiro perdeu a sua tarrafa na região. O município tem no trabalho em madeira desenvolvido por Raimundo Alves Berlarmino, o “Raimundo do Seu Augustinho” , uma das suas referências artesanais.
Volume LLL Na terceira e última edição do Artesania Cariri - A Riqueza do Artesanato, vamos apresentar aspectos da produção na Região Metropolitana do Cariri.