NOVEMBRO DE 2011
REGIÃO DO CARIRI
NOVEMBRO - 2011
Realização
promoção
apoio
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REGIÃO DO CARIRI
NOVEMBRO DE 2011
EDITORIAL
Missão de redescobertas
O Jornal do Cariri, em parceria com o Instituto de Estudos Pesquisas e Projetos da Uece (Iepro), Banco do Nordeste e Prefeitura Municipal de Juazeiro do Norte, lançou o projeto “Artesania Cariri – A Riqueza do Artesanato”, no último dia 10 de novembro, no Hotel Verdes Vales, em Juazeiro do Norte. A iniciativa busca o resgate das tipologias em torno das práticas artesanais da região. Dos produtos característicos de cada cidade, seus ícones populares de autoria e a importância cultural das manifestações artísticas referenciais nesse setor de atividades. Três cadernos editoriais de oito páginas (tamanho Tablóide) vão trazer, entre os meses de novembro e dezembro deste ano, o resultado de um passeio da equipe de reportagem do Jornal do Cariri por um painel de amostras sobre práticas artesanais que ajudam a compor relevâncias de identidade regional. Para a divulgação dos trabalhos, a idéia do projeto “Artesania Cariri” é utilizar a veiculação de material editorial por intermédio de um dos meios de comunicação mais representativos do povo e do pensamento da região. Isso ocorrerá durantes os meses de novembro
e dezembro deste ano, em forma de matérias jornalísticas editadas quinzenalmente para o Jornal do Cariri, com adaptações posteriores às linguagens de rádio, TV e internet.
res e a ausência de uma política pública permanente de resgate de histórias, saberes e fazeres populares, são fatores a preocupar e ameaçar a sobrevivência dessas manifestações.
RESGATAR E VALORIZAR
MOSTRA FOTOGRÁFICA E
No Cariri, cada cidade ostenta sua identidade cultural de maneira expressivamente peculiar, onde seus artesãos traduzem em madeira, palha, barro, papel e diversas outras matérias-primas, a força da sua tradição e da sua cultura. Promover a difusão dessa diversidade, garimpando histórias e buscando justificativas para o crescimento e expansão de cada tipologia, é o objetivo do projeto “Artesania Cariri - A Riqueza do Artesanato”. Mesmo em regiões fortemente ligadas ao artesanato como a do Cariri, significados relevantes desse universo criativo estão cada vez mais fora do alcance de decodificação simbólica das diversas comunidades. A dinâmica da vida cotidiana moderna, a pouca valorização das peças, a falta de incentivo à formação de novas gerações de artistas popula-
Encerrada a apresentação de textos, imagens, fotografias, entrevistas e edições, será realizada em janeiro de 2012 a mostra fotográfica intitulada “Artesania Cariri, a Riqueza do Artesanato”. A exposição irá percorrer vários pontos da conurbação composta pelos municípios de Crato, Juazeiro do Norte e Barbalha, o famoso Triângulo Crajubar, região de maior adensamento populacional. Entre as localidades preferenciais, estão escolas, museus, centros de religiosidade e memória. O Jornal do Cariri também irá publicar como encarte um livreto com poesias, crônicas e textos variados sobre o artesanato caririense, a serem ilustrados por trabalhos fotográficos produzidos durante as etapas de composição das matérias jornalísticas do projeto.
SABERES E FAZERES
ARTESANIA EM TRÊS EDIÇÕES quatro MICRORREGIÕES VISITADAS
Volume LL -
LIVRETO
SERTÃO DO CARIRI - Abaiara, Aurora,
Barro, Brejo Santo, Jati, Mauriti, Milagres, Penaforte e Porteiras;
CHAPADA DO ARARIPE Araripe, Campos Sales, Potengi, Salitre, Antonia do Norte, Assaré, Tarrafas, Potengi e Várzea Alegre;
SERRA DE CARIRIAÇU - Altaneira, Caririaçu, Farias Brito e Granjeiro
REGIÃO METROPOLITANA DO CARIRI: Juazeiro do Norte, Crato, Barbalha, Santana do Cariri, Nova Olinda, Missão Velha e Jardim
Dia 06 de dezembro de 2011 - O Artesanato das Microrregiões de Caririaçu e Chapada do Araripe
Contatos: Diretor-presidente: Luzenor de Oliveira - Diretor de Conteúdo: Donizete Arruda
Diretora de Jornalismo: Jaqueline Freitas - Editor Caderno Especial: Wilton Bezerra Jr
Editor - chefe e Fotografias: Márcio Dornelles
Projeto Gráfico e diagramação: Flávio Marques e Evando Ferreira Matias
Redação: cidades@jornaldocariri.com.br | policia@jornaldocariri.com.br redacao@jornaldocariri.com.br Departamento Comercial: comercial@jornaldocariri.com.br Geral: jornaldocariri@jornaldocariri.com.br Administração e Redação: Rua Pio X, 448 - Salesianos Cep: 63050-020 - Fone: (88) 3511.2457
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Nordeste brasileiro
Criação espontânea e habilidade para viver Artesanato. A palavra vem do Latim ars, que significava “capacidade de fazer alguma coisa”. Ars passou, mais tarde, a “arte”. Através do Italiano artigiano, temos “artesão”, aquele que exerce atividades mecânicas ou decorativas. Depois, o sentido foi-se modificando e passou a estar relacionado a “aquele que faz manu-
almente, por sua conta, objetos para uso doméstico”. Hoje, artesanato adquiriu uma definição bem mais abrangente e aceita-se como sendo o “resultado de uma habilidade bem treinada e de uma sabedoria própria do metier. Constitui-se em expressão espontânea de criatividade de um povo”. E essa “habilidade espontâ-
Alimentos
nea”, segundo o “Estudo Setorial do Artesanato”, realizado pelo Sebrae Ceará, pode ser aplicada a quase tudo. Contempla produtos como imagens sacras, esculturas, jarros, mobiliário, tapetes, acessórios do vestuário, calçados, brinquedos, instrumentos musicais, utilitários para o lar, trajes típicos, redes, mantas, artigos
Tipologias Tipologias
de cama, mesa e banho, miniaturas, doces de frutas regionais e bebidas de frutas típicas, testemunhos do talento inato de uma gente que usa as mãos para transformar em arte todo o seu potencial criativo. Ao todo, no Nordeste foram mapeadas e reconhecidas 11 tipologias e 57 segmentações, conforme quadro abaixo:
Couro
Reciclados
Cerâmica
Madeira
Rendas e Bordados
Cestaria e
Metal
Tecelagem
Trançado
Pedras
Tecidos
Ceará Produção artesanal em 76,1% dos municípios, ou seja, em 140 dos 184 municípios do Estado; Maior relevância em pólos como o de Fortaleza, Serras de Aratanha e Baturité, Ibiapaba, Canoa Quebrada, Jericoacoara e Cariri.
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O CARIRI FEITO À MÃO
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EMPRE UM DESTAQUE especial quando o assunto é artesanato, a região concentra grande diversidade em tipos de arte. Isso transforma esse “oásis” de grande área verde mais ao Sul do Ceará reconhecido também como celeiro cultural. E, dizem os historiadores, tanta variedade e riqueza teve a providencial ajuda do Padre Cícero, cratense de nascimento e responsável pela fundação de Juazeiro do Norte. Um “patriarca do sertão” que ganhou fama e legitimidade de santo popular em todo país. Reza a história, recontada no site www.planetasustentavel. abril.com.br e na Revista “Bravo” (Especial Ceará-2009) que, quando um romeiro chegava à Região e se apresentava ao padre, este lhe perguntava o que sabia, o que podia ou o que queria fazer. No fim da conversa, recebia o viajante uma missão que, mais tarde, deveria ser estendida aos herdeiros. Assim, cada domicílio passou a abrigar um altar (oratório) e uma oficina. Em Juazeiro do Norte, os ofícios eram levados tão a sério e de maneira profícua, que começaram a surgir ruas específicas para cada tipologia. É justamente toda essa rica pluralidade que pretendemos começar a mostrar no primeiro número da série de três publicações do projeto “Artesania Cariri, A Riqueza do Artesanato”.
5. MADEIRA
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NESTA EDIÇÃO, VAMOS ABORDAR O TRABALHO DOS ARTESÃOS DA MICRORREGIÃO SERTÃO DO CAIRRI, QUE REÚNE OS MUNICÍPIOS DE AURORA, BARRO, MAURITI, ABAIARA, BREJO SANTO, JATI, MILAGRES, PENAFORTE E PORTEIRAS.
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FONTES: Ações para o Desenvolvimento do Artesanato do Nordeste - Banco do Nordeste-BNB
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O Sertão do “OÁSIS” Área - 4.598.852 km² 08 municípios
187.259 habitantes, segundo o Censo de 2005 do IBGE.
Ocorrência registrada de 08 das 11 tipologias nordestinas reconhecidas
Milagres: couro
Aurora: rendas e bordados;
Rico artesanalmente como é o Cariri, se torna fácil perceber que algumas tipologias apareçam com mais força em determinados municípios. Tendo como base o “Estudo Setorial de Artesanato” do Sebrae Ceará, mapeamos e levantamos as tipologias de maior relevância em cada uma das cidades da microrregião Sertão do Cariri, conforme o quadro:
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Barro: couro / madeira/ rendas e bordados
Mauriti: couro / cerâmica / rendas / cestarias e trançados / metal
Penaforte: cestarias e trançados / rendas e bordados
A tipologia de maior abrangência no Sertão do Cariri é a de rendas e bordados, registrada em sete municípios, seguindo-se os artefatos de couro, com quatro ocorrências. As demais (madeira, tecelagem, cerâmica, cestarias e trançados) apresentam dois registros por município. Alimentos e metal têm uma ocorrência cada.
Abaiara: rendas e bordados Brejo Santo: madeira
/ rendas e bordados / tecelagem / alimentos
Jati: couro / rendas e bordados / cerâmica / tecelagem
Onde e o quê tem de melhor Rendas e bordados -
Aurora, Abaiara, Barro, Brejo Santo, Jati e Penaforte.
Como tipologia, a renda e o bordado são usados em produtos de cama, mesa e banho, enxovais, artigos para copa e cozinha, trajes típicos, roupas, decoração e bonecas. No Cariri, há uma predominância do ponto cheio, do crochê e do ponto-de-cruz. Isso se repete nas regiões do
Sertão às quais nos atemos nesta edição, e com mais força nas cidades de Aurora, Abaiara, Barro, Brejo Santo, Jati e Penaforte. As peças mais comuns são toalhas, caminhos de mesa, toalhinhas, lenços, enfeites para toalha de banho, panos de prato, toalhas de lavabo.
11 segmentações:
• Labirinto • Vagonite • Frivolite • Richilieu • Rendende • Ponto-de-cruz • Ponto-cheio • Bilro • Crochê • Irlandesa • Renascença • Filé
Encanto europeu COM influência indígena Segundo o Estudo de Mercado
realizado pelo Sebrae e publicado em 2008, com o título “Bordados e Rendas”, foi apenas entre os séculos XV e XVI que a história começa a apontar indícios de sua origem, com Flandres e Itália reivindicando sua paternidade. Flandres, intitulando-se inventora da renda de bilros. A Itália pedindo a patente da renda de agulhas, da qual nasce a renda renascença. Mesmo antes do século XV, em meados dos séculos XII e XIII, a história explora a possibilidade de a renda ter
aparecido na Espanha e em Portugal, para onde os mouros a teriam levado. Assim, a renda teria chegado ao Brasil junto com os colonizadores. Em Portugal, já existia desde o século XV, embora só fosse acessível a pessoas de alto poder aquisitivo. No Ceará, sofreu a influência indígena e o resultado desse casamento tem encantado pessoas ao longo de quase três séculos. Tanto que, em1748, quando a Europa recebeu as primeiras rendas do Ceará, classificou-as como de excepcional qualidade artística. Há séculos, portanto, foi detectado o "natural
engenho" de nossas rendeiras para o ofício. Vale acrescentar que a renda difere do bordado por ter acabamento dos dois lados e não apresentar um fundo de tecido preparado, como o bordado, que é ornamentado com fios. Através dos tipos de bordados denotam-se traços característicos regionais, aspectos inerentes à cultura e história de cada lugar. Nos tempos de hoje, as rendeiras marcam a resistência por assegurar a continuidade de um saber cultural. Por meio da organização em escolas, associações e cooperativas, a renda e as rendeiras continuam a fazer história.
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nde nde e eo o quê quê tem tem de de melhor melhor o que tradiçã or a m u É elo am ti, Mil ro de regise v i ve p e n t a a r J b , o o s r r Ba io, alim r núme sé a o o f í c s ve z e s p e l o o maio microrregiõe d n u g e e s ita as sd do, mu Reg ião. Em gia com ípios das du e nas cidade lo o ip t à A unic taqu s um apego om des s oito m ntramo lojinha o c r uis, em e n t e r tros no aparecendo c auriti. , a i Jat nuel L ra comporta , no es. A a e s , M s u M o e q e r a d a u s u A a r e o . l r p im s a ) p r g e a o co n o a p õ m t n il s a o e exe Jati, M uma matéria iadas dimen ugurad é pequ ôsco (f Barro, ar ouro, ém-ina o da cidade, tesão João B ara a c v c oé r e e a r u d h o n c u O hapé a se, g a Centr e o ar oltar p ão cearen erística é o c sempre gost a pleno ade qu conseguido v lhando em S d i c i t ç l e sanato c e e t f a p n a r r a a a é b e it c o t a a r c m is d r t e v o ais s to bé t indo p is de 15 ano trabalho e as to peça m ueiro usa e o aqueiro tam n e s á t v e ui aq es o po ição m ensital. De terial d que o v ar. A roupa d ompradores. d ia a a n n m b o a , c o r s r a e te pr sc reuniu que lh s. ta num s, arreio de com putadas pelo as cela ras e cadeira u l o , e l e l t o u . E l e vo l s e u m e s t r e , a d e , e q u e a m P is o d c o e o o d tec ultu e muit sev , no st ituir 14 anos de i o acon tas, esc patos d nomia ra sub do que e a n a p e h O mesm a, porta revis catas e os sa : c n l i e a t i h u o n espec quand Mesmo reco a faturar o q e fac alper ição ofício r nhas d andálias, as “ é d a . o a e p o l r u t e n s o , a a a n ss um dias 0 di ant ig 3 á o r h r a t , o a a m d u h u l u r Afora a . á traba morre ui, est a em q possui ouro. De aco a/ cru precisa sta consegui por nada. Aq Ceará c , ju i couro o r / m i s , e r e e a t s i d i C i /s ito da al paul so aqu Na ver artesanais fe unidades.net 830182, a a capit Não tro co is n 9 s m 8 o o 3 g .c 1 i a t o: “ de ar ag ina= tp://no export enfátic felicidade.” site ht /index.php?p ecuária e da a rica a h com o n p te a mi explica ção da uranor juacult iva participa mia cearense te material. at es no signific uros da eco duzidas com o o c r e p d ção peças ade de varied
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Couro
Madeira -
Barro e Brejo
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Maur agres e
Santo
is destaaparece com força e ma ira de ma em to na esa O art peças Barro e Brejo Santo. As de es ad cid s na ro ist cado reg biliário rústico enas indústrias de mo qu pe de ser m de po tanto m do trabalho engenhos de cana, alé como à maquinaria de agens sacras e Im de na fabricação res do ha tal e es or ult de esc cozinha e brinprodutos para copa e populares, molduras, quedos populares. vive em Brejo velaria sacra do Cariri, mo da cio ofí l íci difi No tre a tradição, ntual, que se divide en po m ge na rso pe um Santo naria cheia rio. Por isso, da marce ná cio olu rev o e o rn o mode não, vão a e móveis acabados ou eir po , ira de ma de as de tor imundo Cas do que o artesão Ra ça pe is ma e s ça pe o surgind artesanato bby. Além de bonito, o ho um ra ide ns co to) bral (fo ido, tem nome dinho”, como é conhec feito pelo seu “Raimun ia segmentada. etr om cado: ge lia pecomp São peças feitas pedaço ciência daço, num jogo de pa idae simetria que exige cu viu a do”. Ele confessa que vez na técnica pela primeira cainternet, feita por ameri e s, nos ou japoneses idoso gu Or adaptou ao seu estilo. ldade lhoso do grau de dificu ão de que envolve a confecç o cada peça, ele mostra
ista plica que, embora art resultado enquanto ex s, em balhos feitos em igreja reconheci do pelos tra conna ão de altares e até ostensórios, Na decoraç endo viv osos, não se imagina fecção de troféus religi , que ria ete o trabalho de march desse talento. Mesmo eço pr m bo gio e fama, tem um sempre lhe rendeu elo no mercado. m, em ser referência, també E a madeira começa a Dias. ra rei balho de Damião Pe Mauriti a partir do tra ções fei ir ilizou-se por imprim . Nas esculturas, notab veis. mó s uras retratadas e no bem nordestinas às fig as foria leg uma linha que privi Optou por desenvolver ncos ba e s os em mesas, cadeira mas naturais de tronc dá lucro. e qu o çã cidade. Inova sti ru ína nu ge is ma cheios da
Tecelagem-
Brejo Santo e Jati
Esta tipologia tem boa evidência nas cidades de Brejo Santo e Jati, com a produção de redes, mantas, tapetes, almofadas e artigos para copa e cozinha, com fios de algodão cru e linha.
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estarias Trançados e C
rECICLAGEM -
Mauriti e Jati
palha de as pelo emprego da Tipologias dominad a confecção bu e do cipó para carnaúba, do bam éus, bolsas, objetos, como chap dos mais diversos s de vestuátapetes, acessório cestas, mobiliário, para copa e as, painéis e artigos rio, sacolas divers cozinha.
riti
Mau ade das l a a única cidnde o arteia. t e M aurit i é eg iões o relevânc
municípios em focarem numa tipologia específica pode mudar e se enriquecer a partir do investimento em cursos, treinamentos e capacitações. É o que acontece em Aurora. O município de 25 mil habitantes já recebeu, por exemplo, curso de artesanato em cerâmica – ‘Louceiras do barro cru’, promovido pela Secretaria de Cultura de Aurora em parceria com o Centro de Artesanato do Ceará (CEART).
Penaforte
Poderiam ser nove as tipologias, se levarmos em conta uma que vem tomando força a medida em que cresce a consciência ambiental no Cariri cearense. A reciclagem. E fomos encontrar em Penaforte uma família dedicada a esse novíssimo artesanato. A criativa pintura da casa, feita com um espanador molhado em tinta e que dá um visual diferenciado em relação às outras construções de Penaforte, não deixa dúvida de que ali mora uma família diferente. O pai, Luís Mauro de Sousa, pedreiro e estudante, é um artista reciclador nato que contagiou toda a família com uma nova visão do que pode ser aproveitado artisticamente. Assim, da mulher, Maria Lúcia, professora que faz guirlandas de Natal com garrafas pet às filhas gêmeas, Mayara e Maysa, que se dedicam a criar árvores natalinas do mesmo material, tudo é motivo para reinventar utilidades e fazer arte. De todos os cantos da casa modesta, vão aparecendo caixas de restos de madeira, enfeites de parede em jornal reciclado, vasos de papel marchê e até um abajour de casca de árvore.
Alimentos
M is orr m micr metal te amos, ta s a u r d s rato em ente , ser sana ge difer ferraria atas l , n Abra : latoaria ria. Com ricam a b o l a e f , ut com os rinas aec tesã lhari as, os ar s, lampa s a usad s, canec s, forma e a la i o rja bac , caçar m fo tros o C s i . n ou fu etc olo, m de s instrué b l a e d os, are rna, bigo udiment e ferreir as r tos d onad men onfecci ores c são s, armad afoice es, cho c od rg de re tribos, a as s eç e p , lhos aduras, para o h s c io e las, f , ut ilitár a copa e s r a a r p sac rt igos a , r la ha. cozin
A TRADIÇÃO de alguns
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(doces e bebidas)
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Brejo Santo
Doces e bebidas aparecem como tipologia forte apenas em Brejo Santo, com a produção de doces de frutas regionais típicas.
Cerâmica
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Mauriti
e Jati Esta tipologia marca as cid ades de Mau A mulher ind riti e Jati. ígena já fazia panelas e pra dos massapês to s de barro próximos. Ain da hoje, a ce usada para os râ mica é mais variados artefatos case jarras, quarti nhas (moring iros como as), gamelas, mealheiros, al pratos, guidares, vaso s, panelas e si res, miniatura milas diversas, lu minárias, aran e utilitários p delas ara o lar. Alé m do barro, ta são usados co mbém mo matéria p rima o gesso argila, princi ea palmente na confecção de brinquedos, figuras sacras representaçã , o de animais, do dia a dia e pessoas, flag do trabalho ru ra ntes ral.
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M auriti- Um mundo de criatividade Dos nove municípios que integram as microrregiões de Barro e Brejo Santo, o município de Mauriti é o que apresenta a maior diversidade de tipologias com cinco registros, seguido por Brejo Santo, com quatro ocorrências. Com um nome originário do tupi, que denominava uma palmeira (humburity, árvore que dá sumo, classificada como Maurititia Vinífera), a cidade de Mauriti é famosa por sua extensa área geográfica e muitos distritos como Anauá, Buritizinho, Coité, Nova Santa Cruz, Olho dágua, Palestina, São Félix, São Miguel, Umburanas. A maior parte concentrando artesanato de qualidade. E a madeira começa a ser referência, também, em Mauriti a partir do trabalho de Damião Pereira Dias. É verdade que é difícil reconhecer no artesão que fez sucesso na Expocrato, na Expoece, na Feirart da Ceart e na Casa Cor Ceará 2011, o pequeno agricultor que aos 15 anos capinava lavoura e brocava na zona rural de
Aurora - Terra de
famosos e premiados A tradição de alguns municípios em focarem tipologia específica tende a mudar e se enriquecer a partir do investimento em cursos, treinamentos e capacitações. É o que acontece em Aurora.
O município de 25 mil habitantes já recebeu, por exemplo, curso de artesanato em cerâmica – ‘Louceiras do barro cru’, promovido pela Secretaria de Cultura de Aurora, em parceria com o Centro de Artesanato do Ceará (CEART). A capacitação veio ajudar a resgatar o artesanato em barro que é uma tradição regional. Ajudou a revelar artistas como Francisco Oliveira, o Franzé D´Aurora (foto). Influenciado pela avó, uma conhecida artesã popular nesta tipologia, ele começou moldando em barro e não demorou a ir descobrindo a madeira e outras técnicas. O talento iniciado no artesanato ganhou outras expressões e levou Franzé para fora do Cariri. A primeira exposição foi em 1969, integrando coletiva que marcou a pro-
gramação de aniversário do Ideal Clube de Fortaleza. Em 1972, participou do Salão dos Novos, obtendo o primeiro lugar, feito que repetiu no concurso de artesanato do Banco do Estado do Ceará (BEC), em 1976, para representar o Ceará na inauguração das agências de São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília. A partir daí, tornou-se pioneiro na técnica ferro-cimento e, na década de 80, realizou importantes trabalhos como o painel de cimento armado em Aurora e uma turnê pela Região Sudeste, apresentada no Ginásio do Ibirapuera, em São Paulo. Aurora, também berço do celebrado artista plástico Aldemir Martins, tem iniciativas interessantes como o compromisso dos artesãos locais em prol da sobrevivência do ofício junto às novas gerações.
Mauriti. Filho de marceneiro especializado em fazer engenho puxado a boi, ele nem pensava em trabalhar com madeira quando foi convidado a aprender a profissão. Recebeu, então, do seu mentor, Raimundo Élcio, uma escultura e o desafio de fazer algo igual. Não só copiou a peça, como descobriu, ali, a sua vocação. Mas, demorou a encará-la com seriedade. Antes, chegou a montar três bandas de forró. Desistindo da música, voltou-se, definitivamente para o artesanato, preocupando-se, no entanto, em inovar. Nas esculturas, notabilizou-se por imprimir feições bem nordestinas às figuras retratadas e nos móveis, optou por desenvolver uma linha que privilegia as formas naturais de troncos em mesas, cadeiras e bancos cheios da mais genuína rusticidade. Inovação que dá lucro. Um retorno financeiro maior e imediato que vem assegurando uma vida melhor para ele e para a nova geração de artesãos que ele ajuda a formar.
Milagres - folclore e preservação
No município de Milagres, uma outra manifestação de apoio aos artesãos fica na rua Presidente Vargas, um ponto de convergência do artesanato da cidade. Num casarão bem instalado, decorado com peças históricas e mantido pela iniciativa privada, a Casa de Cultura Guiomar Gomes tem o apoio do Governo do Estado e da Prefeitura, para manter viva a arte popular. Peças em crochê, em cabaças e reciclados,
representando o folclore da Região e o cotidiano simples e encantador dessa parte do Cariri, dão vida e testemunham o respeito pela arte manual da cidade. Uma arte que tem um guardião atento na figura de André Azevedo que, além de artesão,a é um conhecedor e um disseminador da Cultura local. O espaço serve, também, para a realização de cursos e oficinas e um endereço do rico artesanato de Milagres.