Caderno Especial Centenário de Juazeiro do Norte

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CENTENÁRIO DE JUAZEIRO DO NORTE, 22 DE JULHO DE 2011

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Especial Juazeiro do Padre Cícero

100 anos

de sonhos e realizações


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Vila do Joazeiro - A Terra de Cícero

Da simbiose entre um padre e sua gente. O grande milagre do lugar Por Monike Feitosa A história de Juazeiro do Norte começou a ser escrita alguns anos antes do padre Cícero vir ao mundo. Mas, a relação que há entre o município e o sacerdote, patriarca e fundador é tão forte que para falar de um, obrigatoriamente, toma-se como ponto de referência o outro.

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le é chamado de Cícero Romão Batista, o padre Cícero do Joaseiro ou Juazeiro. Padim, santo Popular do Nordeste, homem religioso, político, filho dedicado, irmão atencioso, administrador de conflitos e de pessoas, idéias e ideais. Além de conselheiro do povo e acima de tudo obediente, fiel a Igreja Católica Apostólica Romana, que mesmo tendo perdido as ordens para celebrar, casar e batizar, não abandonou a batina, nem os fiéis e romeiros até o último dia dos seus 90

Mesmo suspenso das ordens, Padre Cícero continuou a evangelizar

anos, quando faleceu em 20 de julho de 1934. Suspenso do sacerdócio por Roma, padre Cícero encontrou nos braços dos juazeirenses e tantos outros nor-

destinos o conforto e carinho que precisava num momento tão difícil da vida. A imagem dele não está no altar da Igreja, mas nos corações e altares das casas.

O nome na placa de uma das principais ruas da cidade, na avenida de ligação entre Juazeiro e o Crato, em praças, lojas, escolas, faculdades, órgãos públicos e privados. Lembrando que muitos ‘Cíceros e Cíceras’ só receberam esse nome em homenagem a ele. Certo que até hoje os cartórios do Cariri registram muitos filhos com o nome do padre. A história de vida então, já transcendeu as fronteiras do Nordeste e até do Brasil há muito tempo. A trajetória polêmica de um padre, eleito primeiro prefeito de Juazeiro do Norte, depois deputado estadual e federal e até vicegovernador, é objeto de pesquisas e discussões não só pela própria Igreja, que estuda uma possibilida���������� de na reabilitação do sacerdote. Estudiosos continuam intrigados em entender, questionar, admirar, relatar e comparar tudo que aconteceu de 1889, ano do primeiro milagre na Vila Joaseiro até o Juazeiro de hoje, Centenário.

Três pés de Juá, mercadores e tropeiros

A origem do nome e das terras na Fazenda Tabuleiro Grande As terras do pequeno povoado Joaseiro – como grafava a escrita da época, abrigavam apenas uma pequenina capela, meia dúzia de casas, poucos moradores e três grandes pés de Juá – que segundo os primeiros habitantes foi o que posteriormente deu nome à vila. Sob a sombra das árvores espinhentas mercadores e tropeiros descansavam do seu itinerário ou aproveitavam a folga da viagem para vender seus produtos até pernoitar. No livro “Padre Cicero: Poder, Fé e Guerra no Sertão”, do jornalista cearense Lira Neto, algumas páginas dedicadas a este capítulo detalham a história da época do “Juazeiro primitivo”.

Juazeiro(...)” Aos poucos o vilarejo foi crescendo influenciado pelo convívio das pessoas que ficavam debaixo dos pés de juá ou mesmo a rezarem na capelinha. Devido a esse crescimento vertiginoso da Vila Joaseiro, muitos proprietários de terras começaram a construir suas casas, aumentando a produtividade de suas roças.

A chegada do recém-ordenado

De acordo com relatos históricos, próximo ao Natal de 1871 o professor Simeão Correia de Macedo convidou o padre Cícero, recém-ordenado e chegado de Fortaleza, para celebrar a primeira missa na Vila Joaseiro. Nessa época, cerca de 20 famílias já residiam em torno da capela de Nossa Senhora das Dores, que Um dos trechos diz exatamente assim: estava sem padre há algum tempo. “As terras pertenciam originalmente à fa“Foi tão empolgante a presença do pazenda Tabuleiro Grande, propriedade do dre Cícero naquele dia, que muitas pesbrigadeiro Leandro Bezerra Monteiro (...) soas lhe pediram que todos os domingos O neto dele, Padre Pedro Ribeiro da Sil- ele celebrasse missa no vilarejo, porque va, sacerdote recém ordenado pelo Semi- havia carência da palavra de Deus. Padre nário de Olinda, lançou em 1827 a pedra Cícero, ainda sem igreja, aceitou o convifundamental da histórica capelinha dedi- te e, a cavalo, percorria a estrada todos os cada a Nossa Senhora das Dores, cuja sábados, pernoitando na casa de amigos imagem de madeira fora mandada trazer e no domingo cedinho celebrava a missa. diretamente de Portugal. A capela fazia O povo foi gostando até que pediu companhia às outras poucas edificações para que ele ficasse em definitivo, coinda fazenda: casa principal, senzala e casa cidindo inclusive, com uma visão que de farinha – o engenho para moer cana ele teve de Jesus Cristo aparecendo na e fabricar rapadura, então base da eco- Capelinha, lhe pedindo para ‘tomar connomia local. Em torno desse núcleo pri- ta do povo’. E o padre Cícero entendeu mitivo, nasceu a acanhada povoação do isso como se fosse uma mensagem para

Juazeiro quando ainda era fazenda Taboleiro Grande em 1827: por Assunção Gonçalves

cuidar daquela simples vila. A mudança definitiva ocorreu meses depois, em 11 de abril de 1872”, conta o escritor e memorialista Geraldo Menezes Barbosa.

Beatasemoralizaçãodecostumes O pesquisador e escritor Daniel Walker relata em um de seus trabalhos que o padre “ganhou a simpatia dos habitantes, passando a exercer grande liderança na comunidade. Paralelamente, agindo com muita austeridade, cuidou de moralizar os costumes da população, acabando pessoalmente com os excessos de bebedeira e a prostituição. Restaurada a harmonia, o povoado experimentou, então, os passos de crescimento, atraindo gente da vizinhança curiosa por conhecer o novo capelão. Para auxiliá-lo no trabalho pastoral, padre Cícero resolveu, a exemplo do

que fizera Padre Ibiapina, famoso missionário nordestino, falecido em 1883, recrutar mulheres solteiras e viúvas para a organização de uma irmandade leiga, formada por beatas, sob sua inteira autoridade”. Lira Neto complementa na sua mais recente obra que as beatas recebiam das mãos do próprio Padre Cícero o manto preto da irmandade e passavam a residir na mesma casa que o sacerdote morava com a mãe e as irmãs, já que o pai falecera em 1862, fato que obrigou Cícero a deixar o Seminário do Padre Rolim, em Cajazeiras, na Paraíba. Só retornando aos estudos três anos depois, com a ajuda financeira do padrinho, o coronel Antônio Luís Alves Pequeno, que bancou o ingresso do afilhado no Seminário da Prainha, em Fortaleza, de 1865 até a ordenação de Cícero Romão Batista, em 1870.


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Maria de Araújo, o padre e a hóstia

Milagre muda história de uma pequena vila para sempre O fato conhecido como “Milagre da Hóstia ou de Juazeiro” ocorrido em 1º de março de 1889, numa sexta-feira de Quaresma, se repetiu durante dois anos, sempre às quartas e sextas-feiras. Daí em diante a Vila do Juazeiro passou a ser considerado chão sagrado pelo povo e objeto de questionamento da Igreja Católica.

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egundo relatos da época, por causa do “Milagre da Hóstia” a primeira romaria aconteceu em 7 de julho do mesmo ano, domingo que marcava a festa cristã do Precioso Sangue. Os moradores da vila que não passavam de 400 se espantaram com aproximadamente três mil pessoas na comunidade. Daí em diante, nem o silêncio de Padre Cícero abafava o tal fenômeno, que já era chamado de “milagre do Juazeiro”, pelos moradores e

visitantes. O termo “amiguinho” como gostava de tratar as pessoas da comunidade se tornou ícone do padre Cícero. O homem de apenas 1,60 cm de altura, branco e olhos azuis fazia história da pequena vila a ponto de influenciar os moradores a construírem juntos o altar da Capela da Padroeira. Em 1884, a vila recebeu a primeira visita do então bispo do Ceará, dom Joaquim José Vieira, que estava em comitiva pelo interior do Estado para conhecer as capelas e os padres.

Igreja reage e suspende ordens do padre

Logo o bispo da Diocese do Ceará tomou conhecimento da fama dos acontecimentos extraordinários e escreveu diversas vezes ao Padre Cícero cobrando explica-

ções. Dom Joaquim queria esclarecer de uma vez por todas que não havia milagre. Por isso, nomeou dois sacer-

A luta pela emancipação política Em 1907, o povoado de Juazeiro já havia alcançado um considerável nível de desenvolvimento, mas continuava pertencente ao município de Crato. Isto começou a incomodar os juazeirenses, surgindo daí o desejo de independência.

Um movimento emancipacionista iniciado por eminentes cidadãos locais, entre os quais José André de Figueiredo, Joaquim Bezerra de Menezes, Francisco Nery da Costa Morato, Cincinato Silva, Manoel Vitorino da Silva e João Bezerra de Menezes recebeu mais tarde a adesão do Padre Cícero, do médico baiano Floro Bartolomeu da Costa, do padre Joaquim de Alencar Peixoto e do professor José Teles Marrocos, culminando com a vitória em 22 de julho de 1911, quando foi assinada a lei nº 1028, que elevou o povoado à categoria de Vila e sede do Município. Um forte aliado do movimento de independência de Juazeiro foi o jornal O Rebate, o pioneiro da imprensa juazeirense, fundado pelo padre Joaquim Marques de Alencar Peixoto, em 18 de julho de 1909. No dia 4 de outubro de 1911, a Vila de Juazeiro foi inaugurada oficialmente, e o padre Cícero empossado como seu primeiro prefeito, ou Intendente, como se chamava naquela época. No dia 23 de julho de 1914, através da Lei nº 1178, a Vila de Joazeiro foi elevada à categoria de cidade. Esta data,

Tela de Francisco Matos: proclamação da independência pelo padre Alencar Peixoto

porém, não é comemorada. Prevalece a data de criação do município. Em 9 de setembro de 1943, numa reunião realizada na Biblioteca Municipal foi adotada

a denominação de Juazeiro do Norte. Os outros nomes sugeridos foram: Juripeba, Cariris, Padre Cícero, Nordestina e Cicerópolis.

Alenca Peixoto, Floro Bartolomeu, Zé Ferreira de Menezes e José Marrocos: lideres

dotes de sua confiança: padres Clycério da Costa Lobo e Francisco Pereira Antero. Ambos interrogaram dezenas de pessoas do povoado, celebraram missa, assistiram as transformações, examinaram a beata e escreveram em seu relatório que o fato se tratava de algo divino. O bispo não gostou desse resultado e nomeou outra Comissão, constituída pelos padres Antônio Alexandrino de Alencar e Manoel Cândido, que afirmaram não haver milagre. Dom Joaquim enviou relatório do Inquérito ao Vaticano, Por sua vez, Roma acatou posição do bispo. Padre Cícero ainda foi à Roma, mas de nada adiantou. Teve as ordens suspensas.

O legado do maior benfeitor

Por Daniel Walker, professor e pesquisador

“Padre Cícero é o maior benfeitor de Juazeiro e a figura mais importante de sua história. Foi ele quem trouxe para Juazeiro as Ordens dos Salesianos e dos Capuchinhos; doou os terrenos para construção do primeiro campo de futebol e do aeroporto; construiu as capelas do Socorro, de São Vicente, de São Miguel e a Igreja de Nossa Senhora das Dores; incentivou a fundação do primeiro jornal local (O Rebate); fundou a Associação dos Empregados do Comércio e o Apostolado da Oração; realizou a primeira exposição da arte juazeirense no Rio de Janeiro; incentivou e dinamizou o artesanato artístico e utilitário, como fonte de renda; incentivou a instalação do ramo de ourivesaria; estimulou a expansão da agricultura, introduzindo o plantio de novas culturas; contribuiu para instalação de muitas escolas, inclusive a famosa Escola Normal Rural e o Orfanato Jesus Maria José; socorreu a população durante as secas e epidemias, prestando-lhe toda assistência e, finalmente, projetou Juazeiro no cenário político nacional, transformando um pequeno lugarejo na maior e mais importante cidade do interior cearense.”


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Tudo de cultura popular

Cidadela de arte e ofícios se reinventa com as mãos Que desafio para jornalistas, pesquisadores e escribas descrever em algumas linhas um pouco da cultura juazeirense. É de apertar o coração e enxugar as idéias. Não são 100 anos apenas de emancipação política. Arte e cultura popular local também estão em festa para lá de centenária.

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secretário de Cultura Municipal, Fábio Carneirinho, por exemplo, diz que “2011 é o ano de alguns Centenários, como é o caso de lapinhas e reisados que são merecedores de uma comemoração à parte, pela sua importância no nosso cenário histórico e cultural. Existem ainda pessoas que trabalham para alimentar as bandas cabaçais, a literatura de cordel, os cantadores de repente e o artesanato, um dos melhores do mundo” acrescenta. O artista popular, Hamurabi Batista, presidente da Associação dos Artesãos de Juazeiro do Norte, entidade responsável por administrar o Centro de Cultura Popular Mestre Noza, explica que bem antes do Padre Cícero vir celebrar aquela bendita missa de Natal, os moradores do povoado da pequena, pacata e anônima Fazenda Tabuleiro Grande, já costumavam fazer manualmente aquilo que se tinha dificuldade de comprar feito, como artigos em palha e madeira. Filho do então professor, cordelista e artesão Abraão Batista, Hamurabi se sente orgulhoso por acreditar que a iniciativa do pai na década de 80, em fundar um ponto de cultura na cidade, foi o divisor de águas para a valorização e reconhecimento dos artesãos da Terra do padre Cícero. “O espaço físico do Centro Mestre Noza inaugurado em junho de 1983, com apoio da Funarte – Fundação Nacional de Arte e INF - Instituto Nacional do Folclore, serviu para organizar a classe dos artesãos de Juazeiro do Norte. Com apoio do poder municipal da época, meu pai conseguiu reabrir e reformar esse prédio, que já abrigou a Polícia Militar e Cadeia Pública, e transformou um edifício antigo e abandonado num celeiro de arte, referência até hoje”, pontua Hamurabi.

Wilson Bernardo

EXPEDIENTE:

Diretor-presidente: Luzenor de Oliveira - Diretor de Conteúdo: Donizete Arruda Chefe de Redação: Jaqueline Freitas - Editor Caderno Especial: Wilton Bezerra Jr Reportagem e textos: Monike Feitosa - Projeto Gráfico e diagramação: Flávio Marques - Fotografias: Cícero Valério

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Artesanato

Mestre Noza, 180 caracteres de genuíno apelo regional

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O Centro Mestre Noza, como é mais conhecido popularmente fica na Rua São Luíz, Centro de Juazeiro. Hoje, estão cadastrados na entidade, pelo menos, 180 artistas populares dos diversos ramos.

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amurabi faz questão de explicar o porquê da classificação “artista popular”. “O artesão é toda e qualquer pessoa que fabrique objetos manualmente, sem ter que se preocupar em manter um determinado estilo. Já o artista contemporâneo de origem popular (ou artista popular), só fabrica peças que resgatem ou mantenham o caráter regional” compara. Ao entrarmos no reduto da arte juazeirense, constatamos que são inúmeros os objetos artísticos em madeira, barro, zinco (lata), vidro. De tudo que é produzido pela associação, apenas 15% ficam no Cariri, o restante é vendido principalmente para Centro-Oeste, Sul e Sudeste do país. Muitos trabalhos já foram até para fora do Brasil. No Centro de Cultura Popular Mestre Noza, há peças de diversas cores, formatos, tamanhos e preços. As mais procuradas são esculturas sacras e folclóricas ( representações de mateu, banda cabaçal, reisado, etc) e cordéis. O local é aberto de segunda a sábado, mas durante os quatro primeiros meses do ano é preciso muita criatividade e união dos artistas populares, pois são os meses com baixa movimentação. “Já teve dia aqui da gente dividir o lucro e cada associado ficar com dez reais. Assim como já teve dia de todo mundo ficar satisfeito”, lembra Hamurabi. Mas, para quem é apaixonado pela profissão e não pensa de jeito nenhum em se enveredar por outros caminhos como o escultor Paulo Sérgio de Sousa, a dica: “Sou artista popular há doze anos, pai de família e graças a Deus sempre dá pra passar. Claro que tem dia que é preciso fazer algum trabalho por fora para não passar necessidade, mas sempre aparece alguém querendo comprar nossa arte” diz aliviado. O sobrinho não teve como escapar do ramo artístico. Com apenas 23 anos, Hércules Modesto é um dos membros mais jovens da associação. O dom ele diz que veio de Deus, do pai, do tio e dos amigos do Centro Mestre Noza. “Ainda garoto, com uns doze para treze anos eu já vinha pra cá e ficava olhando eles trabalharem. Comecei a fazer uma peça, outra e hoje tenho quase o mesmo tem-

"Claro que a data traz muitas expectativas positivas. Pessoas movidas pelo clima com certeza vão procurar o Centro de Cultura para garantir uma lembrançinha com a cara de Juazeiro. Então, vão vir ao lugar certo porque tudo que está aqui dentro já é especial sem ter o nome do Centenário, mas por ser de Juazeiro". po de profissão que o tio Paulo Sérgio”, brinca. O jovem artista diz mais: “cada um tem um jeito de trabalhar. Aqui, a gente sempre aprende um pouco com cada artista. Mas, a arte fica tão parecida com o dono que só de olhar a gente sabe

(HAMURABI BATISTA)

quem esculpiu ou pintou mesmo se não colocasse o nome”, detalha. Arte sem preço fica no acervo No Centro de Cultura Popular Mestre Noza tem uma sala com inúmeros objetos, mas sem preço. É o acervo cultural

da associação. Ele não pode ser vendido, doado, trocado para nenhuma pessoa física ou jurídica. E para garantir a preservação da memória da arte popular juazeirense, até circuito interno de câmera reforça a segurança. Dentre tantos nomes de peso da arte popular, o acervo guarda peças de Mestre Noza, Celestino, Zé Ferreira, várias da família Cândido. Tem ainda de Manoel Graciano, recém aposentado do trabalho artístico, de quem as peças aptas a comercialização, não resta nenhuma. Dentre tantas imagens rústicas e coloridas, uma das que mais emocionam os visitantes é uma escultura do padre Cícero em madeira pesada e com traços brutos. No verso a assinatura: NOZA, em letras garrafais. Hamurabi Batista, presidente da associação dos artesãos, conta que Mestre Noza, mesmo sem dar crédito ao próprio talento, fez a vontade do Padre Cícero e foi o primeiro artesão a esculpir uma imagem do sacerdote. A do acervo não é a primeira, mas é uma das primeiras experiências de Noza com o “Padim”.


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Homenagem aos Mestres da Cultura

Cariri encantado e reconhecido em música, dança e poesia In memoriam

A riqueza do artesanato local se desenvolveu com incentivos do padre Cícero, seja na palha, na madeira, zinco, couro, barro, vidro e outros materiais. Mas, a cultura popular do Juazeiro passeia com encanto por diversos segmentos da dança, música, xilogravura e literatura de cordel.

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ntão, uma homenagem aos dançarinos de côco como Mestre Dodô, cantadores de viola, de benditos, como Dorinha e Maria do Horto; aos inúmeros grupos de reisado, entre eles, Mestres Raimundo e Antônio, herdeiros do Mestre Pedro, dona Fátima, herdeira do marido Mestre Sebastião e Mestres Valdir e Tarcisio, que já formam uma nova geração; no maneiro pau e bacamarte o Mestre Bigode, um dos mais famosos da cidade; no guerreiro, com a pioneira Mestra Margarida; na lapinha, Mestra Vanda de dona Tatai; bandas cabaçais, penitentes, aos artesãos ou artistas populares da cidade, sejam do Mestre Noza ou do Horto; no ritmo e nas cores das quadrilhas ju-

ninas do Gil, Flor do Sertão, Rojão Nordestino e Xique-xique. Na xilogravura e literatura de cordel, temos Stênio Diniz. E por que nao lembrar do talento contemporâneo de

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atores, músicos, compositores que estão contribuindo para uma nova identidade, uma nova fase do Juazeiro do Norte, da Terra do Padre Cícero? Para o Gerente de Cultura Popular da Secretaria de Cultura de Juazeiro do Norte, André de Andrade, os artistas contemporâneos já são muitos, mas os destaquse são o Mestre professor Benício, que mantém escola de música, o cantor e compositor Luís Fidélis, o próprio Secretário de Cultura, Fábio Carneirinho, sanfoneiro, cantor e compositor do autêntico forró pé-de-serra acompanhado da revelação chamada Maurício Jorge.

"O Nordeste inteiro trabalha, come, dorme, mas quando pensa na cultura popular, na religiosidade e misticismo é na capital da fé, é aqui que o nordestino encontra alento para alma, beleza e encantamento" (ANDRÉ DE ANDRADE)

Aos falecidos e inesquecíveis represantantes da cultura popular de Juazeiro do Norte fica o registro para: João de Cristo Rei, Mestre Noza, Ciça do Barro Cru, Mestre Miguel, dona Tatai, Mestre Pedro, Mestre Manoel Messias, Mestre Zequinha, Sebastião Cosmo, Mestre Cego Oliveira e tantos outros que lutaram pela preservação da cultura local, muitas vezes, no anonimato.

Lira Nordestina: a "impressão" do cordel Se o assunto é literatura de cordel a editora de Juazeiro do Norte especialista no assunto é a Lira Nordestina. Em 1926, José Bernardo da Silva, romeiro de Alagoas, veio para Juazeiro do Norte pedir bênção ao “Padim”. Daí, começou as atividades como folheteiro, chamado o vendedor de cordel na época. De lá pra cá Zé Bernardo criou a Tipografia Silva, que depois se chamou Tipografia São Francisco. Inquieto e empreendedor José Bernardo comprou os direitos de publicação, e de quebra, algumas máquinas tipográficas, de dois dos maiores poetas de cordel do Brasil:

Stênio Diniz, artista juazeirense

Leandro Gomes de Barros e João Martins de Athayde. Na década de 50 a Tipografia São Francisco se tornou a editora de cordel mais importante do Brasil. Mas, apenas dez anos depois veio uma fase de dificuldades para o comércio de folhetos em geral. Na mesma época, José Bernardo faleceu. Só em 1988 o Governo Estadual do Ceará comprou a Tipografia São Francisco e, em seguida, deixou a editora sob os cuidados da Universidade Regional do Cariri (Urca) até hoje. Diretamente, hoje, trabalham quatro pessoas. Indiretamente, dezenas de xilógrafos que desenham em madeira e levam até a Lira para fazer a impressão do material. Entre eles, os famosos Walderedo Gonçalves, José Lourenço, Abraão Batista e Stênio Diniz (neto de José Bernardo). Um dos artistas mais atuantes é Cícero Lourenço, apaixonado por tipografia, cordel e xilogravura. está na oficina desde os sete anos de idade. Além do trabalho na Lira ele faz xilo e, por causa do Centenário, Cícero criou a coleção com 22 telas. Batizou a obra de

“História de Juazeiro – em xilogravura”. O trabalho rico em detalhes teve a grande influência e estímulo, sengundo ele, do xilógrafo Stênio Diniz. Nos painés em preto e branco a coleção retrata pessoas, lugares e situações ao longo dos 100 anos de emancipação política; infelizmente Cícero Lourenço está sem apoio financeiro para comercializar cópias do trabalho. Sobre o que é produzido mensalmente pela Lira Nordestina, seu Cícero se sente orgulhoso. “Antes, a gráfica

só recebia visita quando era cliente querendo comprar, encomendar algo, agora não, quase todo dia tem gente aqui querendo ver nossa arte, querendo pesquisar o cordel, a xilogravura” comemora. Além de imprimir cordel, a Lira fabrica outras peças para atrair mais clientes e diversificar a atividade. Tem cerâmica, canecas de louça, objetos de papelão, madeira, chinelos, agendas, carimbos, camisetas, bolsas, enfim, uma variedade de objetos xilogravados pelos artistas de Juazeiro do Norte.


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Editorial

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CEM ANOS DE UM SONHO

Juazeiro do Norte completa 100 anos. Os homens acostumaram-se a usar as marcações do tempo como símbolos poderosos. E um século é um desses exemplos. Nada mais natural do que usar desse pretexto para celebrar as glórias do passado, as conquistas do presente e os desafios do futuro. No caso de Juazeiro, não faltam motivos para isso. Nascida de um povoado miserável, sob a égide de um sacerdote desconhecido, a cidade conquistou sua independência após intensa luta política e social, posteriormente confirmada por violentos combates armados. Por meio da ação pastoral e política de Padre Cícero Romão Batista e todos quantos se uniram a ele, o projeto de uma nova comunidade no Cariri materializou-se ao longo de cem anos. O desenvolvimento comercial, religioso, turístico e no setor de serviços foi a marca dessas

dez décadas. O Cariri jamais seria o mesmo após o nascimento e a consolidação de Juazeiro. As celebrações do centenário tem, evidentemente, as necessárias (e mais do que justas) celebrações ao Padre Cícero, mentor, idealizador e pai do município. Debates entre historiadores, sociológos, teólogos e todos quantos se interessam pelo sacerdote e por suas conexões com Juazeiro ocorrem de maneira intensa. Longe se vai o tempo em que havia preconceito contra Cícero e sua obra. Hoje, trata-se de entender e de decifar, passados tantos anos, seu legado e sua influência na vida e na História de Juazeiro do Norte e de seus habitantes. O JC une-se a todos os juazeirenses nesse momento tão especial, que se constitui num marco histórico e num símbolo de consolidação do projeto de uma nova cidade. As festividades que marcam os cem anos expressam o reconhecimento dos méritos de Juazeiro, mas é fundamental que permitam a todos visualizar o futuro e tentar estabelecer metas para os próximos cem anos. Uma cidade constrói-se a partir de sonhos. Foram eles que tornaram Juazeiro possível há cem anos. Mas, quais serão os novos sonhos? Aqueles que alimentarão o futuro, moverão as pessoas, firmarão as vontades e

darão margem aos projetos vindouros? A terra do Padre Cícero deve começar a vislumbrar essas questões, especialmente no marco de seu centenário. Nada melhor e nada mais apropriado. Passados cem anos, há problemas que persistem, contradições que continuam a se revelar e projetos que carecem de implementação. A contemplação desses desafios deve ser um projeto de toda a comunidade juazeirense e há de ser encampada por sua elite política, econômica e cultural. Cem anos de sucessos e de vitórias, eis o legado da criação da maior cidade do Cariri. É fundamental que, para assim permanecer, Juazeiro assuma seus desafios como um projeto coletivo, de realização permanente, voltado para todos e não para um grupo específico de pessoas. Foi essa perspectiva generosa que fez de Juazeiro o que ela é. *O Editorial, veiculado na nossa última edição, é republicado hoje neste caderno especial do JC com tiragem de 20.000 exemplares).


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O FUTEBOL NO JUAZEIRO DOS 100 ANOS

“Nas celebrações dos 100 Treze, América, Volante, detentores anos de independência da terra de um maior status, a pequenas do Padre Cícero, nada nos cusequipes que existiram em grande ta rememorar que a marcante número, sobreviveram Icasa e Guahistória de progresso rani, como forças maiores. Hoje, as da nossa cidade foi duas estão inseridas no calenacompanhada pelo dário do futebol nacional desenvolvimento nas segunda e quarta dido seu futebol. De visão, respectivamente. O um espaço muraVerdão, por exemplo, endo pelo empresácantou platéias no Camrio Odílio Figueipeonato Brasileiro do redo, onde atualano passado. Já o Leão mente se situa a Wilton Bezerra - Comentarista de Radio e TV do Mercado, brilhou no Igreja dos Franciscanos, passando pelo último certame cearense ao ponto de estádio da Liga Desportiva Juazeirense ( figurar, hoje, como vice-campeão estaLDJ ), no São Miguel, e chegando ao Es- dual. tádio Municipal Mauro Sampaio, “O RoAdmirável, portanto, a forma como meirão”, no Pirajá, o esporte mais popu- os dirigentes apostaram no sucesso lar do mundo ultrapassou importantes de uma atividade amparada em bases barreiras no Cariri. Até firmar a cidade de profissionais tão precárias ao longo do Juazeiro do Norte hegemônica em sua tempo. Os vínculos contratuais eram prática na região. representados apenas por uma ficha de Não foi tarefa fácil. No passado, exi- inscrição na Liga local. Ainda assim, o fugiu idealismo e obstinação de despor- tebol juazeirense, movido pelo espírito tistas dirigentes como Emicles Barreto, empreendedor insuperável de sua genAntonio Fernandes Coimbra, Dr. Mozart te, foi adiante, com bravura, criatividade, Cardoso de Alencar, Dr. Luiz Bezerra de competências e, claro, presunções. Souza, Antonio de Araújo “Patú”, PePara se ter idéia da incipiência das dro Leônidas, Praxedes Ferreira, José coisas do setor ainda na primeira metaCazé, Ednaldo Dantas Ribeiro, Feijó de de do século passado, basta nos remeSá, Doro Germano, Silva Lima e muitos termos a fatos interessantíssimos. Como outros, igualmente importantes, até os a contratação, em meados dos anos 40, dias de hoje como Zacarias Silva, Kleber de um técnico paraguaio chamado A. Lavor e José Moura. Costa. Incumbência, talvez sui generis Dos antigos grandes times como no futebol brasileiro: treinar simultane-

amente, três forças locais: Treze, às terças-feiras; Guarani, às quartas e América, às quintas. Desfecho: rápida dissolução dos respectivos elencos face os elevados custos e nenhum retorno financeiro. Algo típico do amadorismo que movia o espírito competitivo dos primeiros dirigentes locais. A crônica esportiva, por sua vez, através das emissoras Iracema e Progresso, teve papel preponderante. As vozes da rivalidade vociferavam que a superioridade juazeirense só existia pela força promocional do rádio. Um superlativo elogio, sem sombra de dúvidas, mas nada injusto em sua essência. Com o advento

FOTO AÉREA DO ROMEIRÃO quando foi inaugurado em 1 de maio de 1970

CENTENÁRIO: ETERNO RETORNO?

Cristiano Ferreira Silva

Muitos acontecimentos, fatos e discursos nos fazem interrogar sobre as motivações, as razões e conseqüências da história na qual vivemos e fazemos parte. Perguntamo-nos: “Por que isto está acontecendo?”, “Por que estas pessoas agem desta forma?”, “Por que regredimos ao em vez de progredirmos?”, “Será o nosso fim?”. São inquietações profundas para as quais se aparenta não ter respostas. No entanto, um filósofo chamado Nietzsche, com sua filosofia, pode clarificar um pouco tais questionamentos. Para Nietzsche, a vida é regida pelo que ele chama de vontade de potência. O que isto significa? Ora, tudo o que existe luta pela sua existência, pela sua sobrevivência. O que impulsiona esta luta é justamente a força. Mas a força é autônoma em si mesma, ou melhor, ela se torna por si mesma, ela não está para outra coisa a não ser para si mesma. Assim, o que impulsiona a vida são as lutas de forças. O que existe são as disputas de potências de forças, a luta para se tornar o mais forte. Algo semelhante acontece quando se diz sobre “a lei da selva”, “a lei dos animais” ou “a lei da sobrevivência e do mais forte”: aquele que é mais forte sobressai-se sobre o mais fraco, garantido assim sua existência. Portanto, a vida se resume a disputar por mais força, por mais espaço na existência, por mais potência.

do “Romeirão”, regime profissional se impõe para Icasa e Guarani, que se projetaram das competições locais e ingressaram no campeonato estadual. Esse novo desafio acabou por consagrar definitivamente a trajetória futebolística da “Meca do Cariri”. Hoje, Icasa e Guarani fazem parte das divisões B e D do “Brasileirão” promovido pela CBF. Se olharmos para o passado heróico, foi uma vitória e tanto. Salvo os sobressaltos naturais do futebol, alviverdes e rubro-negros defendem posições possíveis, com a dignidade dos bem sucedidos. Se muitos acreditam que tudo aconteceu por milagre, aproveitemos para agradecê-lo”.

Saudação à nossa Juazeiro A Deus peço conversão Ao espírito santo iluminação Para escrever estas quadras de saudação Ao nosso padrinho padre Cícero Romão A sua intercessão, junto a Maria santíssima A padroeira das comunidades da cidade do sertão. Juazeiro cem anos completou Não causou admiração, o que chamou a atenção É a sua evolução, com tanta rapidez que causou admiração De fazenda vila transformou-se esta a Deus a sua benção Padre Pedro Ribeiro aqui nasceu e se criou No recife ordenou-se, voltando ao Ceará resolveu aqui ficar.

CENTRO DE JUAZEIRO na década de 60 No entanto, esta luta de forças nada mais são do que a luta de forças, a ocorre sempre em ciclos: como a vida vontade de potência. Por isso, constase resume à luta de forças, então tudo tamos que os personagens são exatase repete. Para o filósofo, as lutas de mente os mesmos, mudando somente forças são múltiplas, no entanto, são as figuras. É o eterno retorno! Assim, finitas, limitadas. O que isso quer dizer? como um ciclo, a história parece repeQuer dizer que sempre haverá luta por- tir-se: o total envolvimento das partes que sempre haverá uma força que irá em defesa de seus interesses (ideais?!), sobressair-se sobre outra. Assim, tan- sempre com envolvimento e movito uma força tem um fim, um cessar, mentação muito bem arquitetada das como também sempre existirá a luta, já peças no tabuleiro, ao molde do jogo que é inerente a vontade de potência. de xadrez. Para este aspecto Nietzsche denomina Desta forma, nunca caiu tão bem a de eterno retorno. filosofia de Nietzsche à realidade que Assim, voltando para a realidade na se origina da etimologia da palavra Juqual nos encontramos, pode-se dedu- azeiro: do tupí, fruto de espinhos! SAUzir que todo tipo de disputas existentes DAÇÃO À NOSSA JUAZEIRO

Primeiro capelão deste lugar desconhecido num recanto do Ceará A família resolveu uma capela edificar para o padre celebrar Consagrou a nossa senhora das Dores padroeira do lugar Com a virgem eterna do padre, a terranão mais vai voltar Vieram outros padres também capelão, fizeram algo pela evolução O quinto foi o querido padreCícero Romão. Padre Cícero convidado para a missa do galo celebrar Viu a pequena comunidade descalça sem pão e sem lar Compadeceu dos mesmos e resolveu vim morar Foi uma dádiva que Deus mandou para cá Começou o desenvolvimento com orientação, e todos a ele iam procurar Padre Cícero nunca se negou a todos ajudar, ensinava a trabalhar e rezar. No centenário de Juazeiro temos que louvar A cidade cresceu tanto e tem algo a desejar O nosso aeroporto falta reformar, tem que melhorar A casa de embarque quem chega vai lamentar E o estacionamento nem vamos falar tudo decadente deixa pra lá E os passageiros que vão embarcar escutam a voz o avião vai atrasar. Padre Cícero dizia Juazeiro vai ser a capital do sertão Era homem de muita fé e visão e a sua profecia não foi em vão Consagrado santo em nosso coração Lá na cidade eterna a documentação pra sua reabilitação Em seguida a sua beatificação é o que esperamos com amor no coração Agradecemos ao patriarca do sertão patriarca do sertão padre Cícero Romão.

João Antonio Bonfim


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Passado, presente e futuro - Depoimentos

Século de grandes desafios e triunfos ampara o "Juá" para outros 100 anos D

ez décadas se passaram desde ta, se uniram ao padre Alencar Peixoto, a elevação do povoado à vila in- Floro Bartolomeu da Costa, José Mardependente do Crato. Três anos rocos, José André de Figueiredo, major depois, o distrito passou a município e, Joaquim Bezerra de Menezes, coronel em 1946, o nome adotado para a Terra Francisco Néri da Costa Morato, Cincinado Padre Cícero foi Juazeiro do Norte, fazendo a diferença entre a cidade do Cariri cearense da então já emancipada Juazeiro, no estado da Bahia. A jovem cidade do Cariri, que completa seu primeiro Centenário em 22 de julho, está cheia de vida, de expectativas para um ano comemorativo, mas também já mostra preocupação com o século pela frente. O escritor Raimundo Araújo diz que a comemoração do primeiro Centenário é uma grande conquista. “Fruto, sem dúvida alguma, de um sonho acalentado por um pugilo de idealistas que, sob a orientação do padre Cícero Romão Batis- PROFESSORA Amália Xavier

to Silva, Manoel Vitorino e coronel João Bezerra de Menezes, entre outros, para abraçarem uma nobre causa, ou seja, o movimento pró-autonomia de Joazeiro”. Araújo relembra ainda parte do texto publicado pela professora Amália Xavier, em seu livro “O Padre Cícero que eu Conheci”. Chama atenção o fato de que esse parágrafo foi fornecido à professora Amália pelo advogado José Ferreira de Menezes, em 1943.

RAIMUNDO ARAÚJO, pesquisador

“Ei-los: “É chegado o momento de pugnarmos com alta energia e vigor, pela nossa elevação social, elevando Joazeiro à categoria de Município, aumentando, assim, a importância de toda zona do Cariri que bem merece os vossos serviços para chegar ao grau de prosperidade que é digna”. “Tenhamos confiança no futuro e podemos aguardar os louros de uma esplendente vitória”. No rodapé do documento a seguinte informação: Joazeiro, 16 de “agosto de 1907”.

Quatro vôos diários - 247 mil passageiros

Centenário leva marca de luta pela ampliação do Aeroporto Regional Mesmo diante de um cenário que passa impressões progressistas, nem tudo é apenas desenvolvimento. Nos últimos cinco anos, importante se faz relembrar a luta pela ampliação do Aeroporto Orlando Bezerra de Menezes ou Aeroporto Regional do Cariri (ARC). A capacidade é para apenas 100 mil passageiros anualmente, mas entre essa previsão e a realidade, a distância é bem maior. Em 2009, o movimento operacional superou 247 mil passageiros, o que deu ao ARC a visibilidade de ser o aeroporto que mais cresceu em todo Brasil. Em 2010, houve uma pequena queda para 244 mil passageiros. Mesmo assim é como se toda população de Juazeiro do Norte tivesse viajado de avião, pelo menos, uma vez durante o ano. E no Centenário, os primeiros

cinco meses do ano registraram uma movimentação maior: 113 mil pessoas, entre embarques e desembarques. Diante dos números, que mostram a necessidade do ARC se manter funcionando, Poder municipal e a classe empresarial, além de outros setores, encabeçam a luta por melhorias, principalmente quanto ao funcionamento 24 horas, a instalação de novas operadoras as ampliações do saguão e estacionamento. O vice-prefeito, José Roberto Celestino, relata um pouco dessa novela que se tornou a reforma e ampliação do Aeroporto Regional do Cariri. “Foram centenas de audiências e reuniões, elaboração e entregas de relatórios técnicos para órgãos estaduais e federais nos últimos anos. Por trabalho meu, Gol e Azul Linhas Aéreas vieram operar no nosso aeródromo. Há outras, fruto desse trabalho, que também pediram recentemente para operar aqui, mas não puderam pela falta de infraestrutura. Temos de dotar o aeroporto do mínimo, melhorar a pista para esta receber aeronaves Boeing 767-300 de 280 passageiros e instalar os Módulos Operacionais Provisórios, o que daria VICE-PREFEITO de Juazeiro, Roberto Celestino uma sobrevida ao nosso Ter-

PRÉDIO DO TERMINAL de passageiros ficou pequeno para a região minal de Passageiros por mais alguns anos”. A Prefeitura Municipal realiza uma obra de duplicação na Avenida Virgílio Távora, trecho de 800 metros, no seu estágio final até a praça de estacionamento de veículos do ARC, que comportará até 200 automóveis. Segundo a Infraero, como o ARC atende além da região do Cariri, o

Centro Sul do Ceará, Alto Sertão da Paraíba, Noroeste de Pernambuco e Sudoeste do Piauí, o público que embarca e desembarca diariamente nos voos é bem diversificado. Vai desde o turismo de eventos, religioso e de negócios até o ecológico. Sem deixar de considerar a movimentação significativa ligada às instituições de ensino superior.


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Dr. Mauro Sampaio

Prefeito da estátua do "Padim" relembra o desafio do beato

C

erto dia o então prefeito Mauro Sampaio, recebeu em sua residência o conhecido beato da Cruz, que lhe pediu para que construísse um cruzeiro na colina do horto. Imediatamente, Dr. Mauro, como é conhecido, sugeriu que ao invés de edificar um cruzeiro, seria melhor uma estátua do Padre Cícero, tendo em vista o grande número de cruzeiros, já naquela época, espalhados por todo o Brasil. Conforme Dr. Mauro, o beato sorriu e, em seguida, disse: “Os outros prefeitos me prometeram um cruzeiro e não fizeram. Quanto mais a estátua do meu Padim Ciço”.

Ex-prefeito

Carlos Cruz compara aspectos de Juazeiro a São Paulo Já o ex-deputado estadual e ex-prefeito de Juazeiro do Norte Carlos Cruz, compara o município a maior cidade do Brasil, em alguns aspectos. “Todas essas pessoas, sejam de Juazeiro ou não, deram a sua contribuição para o crescimento da cidade. Por isso, Juazeiro e São Paulo se parecem. Ou seja, acolhe gente de todos os lugares, gente que vem morar aqui colaborando com o seu desenvolvimento. E no dia em que o padre Cícero for canonizado, Juazeiro vai crescer muitas e muitas vezes mais do que isso”, observa Carlos Cruz. O político relembra quando assumiu pela primeira vez o cargo de prefeito. “Foi uma emoção muito forte que eu tive, ao me sentar naquela cadeira, onde o padre Cícero também se sentou, assim como o meu pai José Geraldo da Cruz sentou lá, por cinco mandatos. Eu me emocionei. Primeiro porque sou filho desta cidade e segundo porque é muito importante a gente ser político e governar a cidade onde a gente nasceu. Agora, um cidadão para governar bem uma cidade não é preciso ele ter nascido nela. Basta apenas ter vocação, amor e se dedicar naquilo que pretende fazer pelo seu povo”.

Pacientemente, Dr. Mauro diz que respondeu: “Não estou prometendo nem uma coisa, nem outra, mas se eu tiver de fazer, será a estátua do Padre Cícero”. No dia seguinte, recebeu a visita de um cidadão chamado Chico Bento, que lhe perguntou se era verdade que ele pretendia construir uma estátua do padre Cícero no horto. O prefeito confirmou. Chico Bento lhe apresentou então Armando Lacerda, escultor do futuro monumento em 1969. “Ficamos muito felizes de ter construído o que hoje é conhecido internacionalmente”, diz emocionado o ex-prefeito.

A estátua do Padre Cícero é um dos grandes marcos históricos, tanto para a carreira do político como para o Centenário do município. “Lá do alto, observa-se uma vista esplendorosa desta cidade detentora de um invejável crescimento assumindo a liderança em diversos setores, possuindo um comércio em franca expansão, faculdades, entre tantas outras instituições que contribuem decisivamente para o seu desenvolvimento. Por isso, devemos festejar as obras de todas as administrações, que contribuíram para o seu desenvolvimento” celebra Dr. Mauro.

PREFEITO MANOEL SANTANA ao lado do ex-prefeito Mauro Sampaio em visita ao monumento

"O Rebate"

Imprensa Centenária deu impulso à história de emancipação política Em 18 de julho de 2009, foi celebrado o centenário de “O Rebate”, primeiro jornal impresso publicado em Juazeiro do Norte. No ano de 1909, quando os Padres Joaquim Marques de Alencar Peixoto e Cícero Romão Batista, junto com Floro Bartolomeu e José Marrocos lideravam o movimento pela independência da Vila Joaseiro do Crato, esse veículo foi fundamental para difusão e, porque não dizer, persuasão das lideranças políticas e dos 18 mil habitantes que viviam no então povoado, sendo obrigados a pagar altos impostos ao Crato e sem receber nenhum benefício por isso. O jornal também era usado para responder ataques do povo cratense. O atual prefeito, Manoel Santana, sancionou a lei dando ao dia histórico de 18 de julho a comemoração do Dia da Imprensa do Juazeiro. “O Rebate” contagiou o povo em 1909, época em que os historiadores relatam que Juazeiro já era maior que o Crato, em número de habitantes. O jornal de Alencar Peixoto logo envolveu o povo na luta pela emancipação política, ocorrida em 07 de setembro de 1910, quando a população do Juazeiro deu o Grito de In-

Dom Panico, Roma em 2001

Igreja Católica

Diocese do Crato completa 10 anos de luta pela reabilitação do Padre Cícero

PROFESSOR RENATO CASIMIRO com o primeiro exemplar de O Rebate

dependência. Nesse dia, contam os historiadores, que Padre Cícero promoveu uma reunião em sua casa com diversos líderes, entre eles: Floro Bartolomeu, Padre Alencar Peixoto, José André, Paulo Maia e Cicinato Silva. De lá, todos foram para a praça principal, perto da igreja de Nossa Senhora das Dores, onde já havia muita gente esperando. Paulo Maia levou uma bandeira com a frase “Viva a Nossa Independência”, o Padre Alencar Peixoto discursou e encerrou a sua fala “Viva a Independência do Juazeiro”. Foi um dia de festa, fogos e comemoração! Mas, só um ano

depois, 22 de julho de 1911, a Assembléia Legislativa do Ceará decretou ‘Juazeiro cidade independente do Crato’. O governador da época, Nogueira Acioly, nomeou em 4 de outubro de 1911 Padre Cícero como prefeito.

De acordo com o diretor do Departamento Histórico Diocesano, padre Roserlândio de Sousa, em 2011 faz 10 anos que a Diocese do Crato trabalha a reabilitação do Padre Cícero perante a Igreja Católica. A coleta de informações documentais, como correspondências da época entre 1862 a 1867, depoimentos compostos por inquéritos, atestados e experiências das comunhões que eram dadas a beata Maria de Araújo começou em 2001. “Foram cinco anos de trabalho intenso para reunir as peças necessárias que pudessem justificar o pedido de reabilitação”, explica Padre Roserlandio. Ainda conforme o Departamento Histórico estão sendo enviados mais dois livros a serem anexados como peças importantes no processo. A Diocese do Crato não tem informações sobre a conclusão do trâmite e aguarda o resultado com expectativa positiva, já que os documentos foram entregues na Santa Sé a pedido do então, cardeal Joseph Ratzinger, hoje Papa Bento XVI.


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Romeiros do "Meu Padim"

Nações de fieis a construir uma cidade pelo "chamado" santo Nada parece ser mais importante para o romeiro do que se sentir “chamado” pelo Padre Cícero a essa terra abençoada. Uma maioria de agricultores passa o ano todo a trabalhar em comunidades rurais, cidades pacatas no interior do Nordeste (Alagoas e Pernambuco,

"O

principalmente) para fazer a santa viagem. Desde o milagre da hóstia, relatos históricos mostram que há tempos não se contentam apenas na visita. A peregrinação vai além de pedir a bênção ao sacerdote do lugar. Redunda em moradia para sempre

s romeiros são embalados com cantigas, ladainhas e até as crianças rezam pedindo pra vir em romaria à Juazeiro. Elas não pedem brinquedos ou outras coisas, pedem para estar na romaria”, conta Deusimária Dantas, bibliotecária que pesquisou sobre a fé e devoção do romeiro. Segundo ela, vários fiéis relatam que são chamados em sonho ou recebem um sinal do “convite”. Através de um vizinho ou motorista de ônibus que avisa sobre tal vaga para viagem. Isso, para o romeiro, é um sinal de que o “Padim” está chamando.

De caminhão pau-de-arara arriscando a própria vida, de ônibus ou até de avião, para os que têm um pouco mais de condições financeiras, o importante é vir. Deusimária diz que os romeiros têm suas vindas certas, cada um no seu ciclo e, às vezes, pode até vir fora de época. Mas, em ocasiões especiais, como a “romaria do Centenário”, por exemplo. “Romeiro anda em bando, de cabeças cobertas com chapéus e baixas, rezando o terço ou cantando ladainhas. Eles pedem graças, agradecem e rezam pelos outros que não foram chamados”.

Romaria e turismo religioso. Duas coisas bem distintas Frei Barbosa, administrador do Santuário de São Francisco é enfático ao dizer que em Juazeiro existem as romarias e o turismo religioso. Dois processos bem diferentes. “O romeiro, aquele ser mais humilde, de poucas posses, vem pagar suas promessas alcançadas ano a ano, renova sua fé, visita os mesmos lugares de sempre e se hospe-

da no mesmo rancho, pousada ou casa de família. O turista religioso não. Vem fazer turismo mesmo, conhecer a cidade, ainda que siga o “Roteiro da Fé”, pois os pontos turísticos da cidade estão ligados ao fator religioso. É comum, por exemplo, o turista não professar fé nenhuma, mas querer conhecer Juazeiro do Padre Cícero”, explica.

122 anos de romarias e acolhidas sem estrutura Para o Secretário de Desenvolvimento, Turismo e Romaria, José Carlos dos Santos, o processo de peregrinação é mais antigo que a festa do Centenário de emancipação política de Juazeiro do Norte. “As romarias existem há 122 anos e, até hoje, ainda falta infraestrutura, para melhor acolhida aos irmãos romeiros” ressalta. A criação de políticas públicas para romarias existe, mas pode melhorar. Acolher a nação romeira de forma mais digna e solidária é pretensão do poder municipal. “Por muito tempo, os juazeirenses gostaram da romaria, por deixarem dinheiro na cidade. Mas, receber milhares de pessoas durante o ano implica em centro da cidade lotado, trânsito lento. Isso faz

parte do fenômeno. Nos últimos anos, é que a população da cidade passou a demonstrar mais reconhecimento ao romeiro como parte do processo de crescimento de Juazeiro” ressalta.

Anualmente, 2,5 milhões pessoas passam pela Terra do Padre Cícero. É como se toda população de Fortaleza visitasse Juazeiro no período A visitação anual dos romeiros é permanente, mas a concentração dos devotos se dá, principalmente, no ciclo de setembro a fevereiro, quando acontecem as três maiores romarias do ano: Padroeira, Finados e Candeias.

ROMARIA DAS CANDEIAS abre o ciclo dos eventos religiosos em Juazeiro


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Promessas pagas, sacrifícios diversos

Quantas vezes os juazeirenses já se depararam com romeiros descalços, vestidos em túnica preta (homenagem a Padre Cícero), marrom (homenagem a São Francisco de Assis ou Frei

Damião), azul (Nossa Senhora das Dores) e por aí vai? Subir a Rua do Horto sem chinelo é o de menos. Alguns carregam cruzes de madeira nas costas até chegar na estátua ou sobem

de joelhos até o último degrau da Colina. Outra forma de pagar promessa é acender vela, celebrar missa em intenção de alguém ou trazer um ex-voto e entregar pessoalmente no Museu Vivo do Horto ou na Casa-Museu do Padre Cícero, no bairro do Socorro. Ex-votos, tradição milenar Os ex-votos são uma tradição greco-romana difundida em 2000 a. C. que se mantém viva até hoje. Os motivos para a entrega do “presente votivo” variam desde proteção contra catástrofes naturais, cura de doenças, recuperação em virtude de sofrimentos amorosos, acidentes, dificuldades financeiras, compra da casa própria, carro, passar no vestibular, concurso dentre tantos outros. A maioria dos votos feitos ao Padre Cícero recebe a forma de partes do corpo afetadas por doenças (perna, cabeça, mão, pé, coração, seio, etc.) Em geral, são de madeira, barro ou cera. Entre outras inúmeras curiosidades no pagamento das graças alcançadas, Frei Barbosa relata: “Uma vez perguntei por que eles dão três voltas ao redor da imagem de São Francisco que

fica no pátio do Santuário. O romeiro respondeu: padre quando a gente chega pede a bênção do santo e agradece pela viagem,

já entregando o retorno. As três voltas porque uma é para o Pai, outra para o Filho e outra para o Espírito Santo”.


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Centro de Apoio aos Romeiros, obra esperada há 20 anos O Centro de Apoio aos Romeiros é uma obra inconclusa e antiga. Data de mais de 20 anos, segundo a Secretaria de Desenvolvimento, Turismo e Romaria, mas que somente foi assumida pelo Governo do Estado do Ceará em 2009. Está orçada em aproximadamente R$ 10 milhões. O governador Cid no último dia 12 de março inaugurou a primeira parte de um centro de comercialização que corresponde a mais de mil boxes e será administrado pela Ceasa. A companhia garantiu colocar o espaço em funcionamento durante o mês do Centenário. Quanto à outra parte, corresponde a um centro multifuncional que terá anfiteatro para shows e celebrações, um centro administrativo com órgãos do governo, de instituições não governamentais e da Prefeitura. “O projeto faz parte do processo de humanização das nossas romarias e um acolhimento digno para todas as pessoas que visitam essa terra. Estamos em fase de discussão sobre que

órgãos irão para o centro multifuncional. Eu defendo a sede da Secretaria de Desenvolvimento, Turismo e Romaria, pois tem grande significado ficar naquele espaço” explica José Carlos dos Santos.

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CALENDÁRIO DAS ROMARIAS Romaria dos Santos Reis - 06 de janeiro Romaria de São Sebastião - 20 de janeiro Romaria das Candeias - 02 de fevereiro Romaria do Padre Cícero (nascimento) - 24 de março Romaria da Semana Santa - (abril) Romaria da Coroação de Nossa Senhora – 30 de maio Romaria da Festa da Coroação de Jesus Cristo – junho Romaria do Padre Cícero (falecimento) - 20 de julho Romaria da Nossa Senhora das Dores - 15 de setembro Romaria de São Francisco - 04 de outubro Romaria de Finados - 02 de novembro Romaria de Natal - 25 de dezembro


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"Santuário"

Mais que pontos turísticos, um inesquecivel Roteiro da Fé Nova Jerusalém, Terra da Mãe das Dores, Juazeiro do Padre Cícero, Capital do Sertão, Capital do Triângulo Crajubar, Meca do Cariri e do Nordeste. Dentre tantos epítetos relacionados ao município de Juazeiro, talvez nenhum seja tão forte quanto “Terra do Padre Cícero”. Para adornar essa fama, a cidade oferece a seus visitantes um amplo e bem difundido conjunto de ícones arquitetônicos. Cartões postais que nunca abandonam a memória romeira. São santuários, museus, casarões, basílicas, grandes monumentos, igrejas e capelas.

O

secretário de Desenvolvimento, Turismo e Romaria, José Carlos dos Santos, explica que Juazeiro vive uma experiência diferente com as romarias e o turismo religioso, se comparada a outros centros de peregrinação. “Aqui, os romeiros vêm atrás de um padre que

ainda não está canonizado, que de fato ainda não é reconhecido pela Igreja Católica Mas, é o grande responsável por atrair toda essa gente ano a ano”, compara. Sobre os locais mais freqüentados pelos romeiros, o secretário explica que Juazeiro não consiste apenas de um ponto de referência das romarias, mas de um verdadeiro roteiro de fé. “Nos outros centros de peregrinação, as pessoas têm um ponto de convergência, como o Santuário de Aparecida, em São Paulo. Enquanto, aqui, os devotos estão em vários espaços ao mesmo tempo. A missa das 19 horas é um exemplo disso. A celebração acontece em três igrejas diferentes, como Salesianos, Franciscanos e Basílica, se formos as três, todas estarão lotadas”. Tudo que existe na cidade com o nome do padre Cícero ou que tenha sido local de passagem do “Padim” é importante. Então, façamos uma breve viagem histórica ao Roteiro da Fé do romeiro.

Basílica Menor de Nossa Senhora das Dores (Matriz) Em 1827, era apenas uma capelinha erguida pelo Padre Cícero, em devoção a Nossa Senhora das Dores. Com o aumento do número de romeiros devotos da Mãe das Dores, a capela foi ampliada e, em 1917, tornou-se Paróquia. No ano de 2004, foi consagrada Santuário Diocesano. Em 2008, recebeu o título de Basílica Me-

nor, pelo Papa Bento XVI. Em frente à Matriz, está o Pátio do Povo (também chamado de Praça dos Romeiros ou Praça das Orações) e um Centro de Apoio aos Romeiros (em construção). É naquelas imediações que vai ser construída ainda este ano, a Praça do Centenário, comemorativa a data e representando o marco zero.

-Santuário de São Francisco (Franciscanos)

Construído em 1950. O local é capaz de abrigar até 30 mil pessoas. Os frades se estabeleceram em Juazeiro atendendo ao chamado da fé e ergueram ali um grande templo, considerado o maior santuário religioso do Norte e Nordeste brasileiro. A igreja está centrada em um grande pátio cercado por uma bela passarela suspensa chamada “passeio das almas”.


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-Capela de Nossa Senhora do Perpétuo Sogorro (Igreja do Socorro) A Capela do Socorro está com 102 anos. Ali, foi sepultado o corpo de Padre Cícero Romão Batista. Na frente da capela, está a Torre Monumental com o relógio, marco em homenagem aos 70 anos da morte do Padre Cícero.

-Memorial Padre Cícero A Fundação guarda centenas de objetos que foram de uso pessoal do sacerdote, além de fotografias da época e uma biblioteca reunindo dezenas de livros sobre o padre e Juazeiro do Norte, além de edições do primeiro jornal da cidade “O Rebate”. O memorial está localizado na Praça do Cinqüentenário, em frente à Capela do Socorro.

-Casa-Museu Padre Cícero No casarão, há réplicas em tamanho natural do sacerdote e pessoas que conviviam com ele. Nos quartos, existem imagens do padre em momentos de descanso, oração e conversas com o médico e político Floro Bartolomeu e as beatas. O museu está localizado na Colina do Horto.

-Paróquia de Nossa Senhora de Lourdes (Igreja de São Miguel) Instituída em 1958, a Paróquia de Nossa Senhora de Lourdes é a primeira paróquia de Juazeiro, após a de Nossa Senhora das Dores. A igreja pertence à ordem Diocesana e tem um altar externo, edificado em alvenaria para a realização de missas ao ar livre. Ao lado da igreja, este altar revestido de azulejos é palco de importantes celebrações anuais como a coroação de Nossa Senhora, no mês de maio.

-Complexo da ''Colina do Horto'' Há sete quilômetros de distância do centro de Juazeiro do Norte, o Complexo “Colina do Horto” compreende a estátua do Padre Cícero, com 27 metros de altura; o Museu Vivo do Padre Cícero, antigo Casarão do Horto, onde estão representações em resina de poliéster (em tamanho natural) com algumas cenas da vida do sacerdote, e a Igreja do Senhor Bom Jesus do Horto, um sonho antigo do padre Cícero. Está em construção desde 1999 pelos padres Salesianos.

-Santuário Sagrado Coração de Jesus (Salesianos) Construído pelos padres Salesianos. Lá, estão sepultados religiosos como os padres Francisco e Nestor. A igreja foi construída a pedido do Padre Cícero.


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Economia

Rua São Pedro, vitrine do comércio, onde tem de tudo e todos escapam A Rua São Pedro é considerada maior centro comercial de Juazeiro do Norte. Desça a via, que logo às sete da manhã que você vai encontrar os primeiros “bom dia” nos pontos comerciais”. É funcionário a varrer calçada, limpar vitrine, organizar estoque, descarregar mercadoria. Porque depois das oito horas da manhã tudo fica bem mais complicado.

dadas e que, segundo os comerciantes, resolvem problemas do corpo e da alma. Com tantas peculiaridades uma gigantesca massa de consumidores girando em torno da informalidade, o comércio de Juazeiro continua com principal setor de geração de emprego e renda.

S

ão quilômetros, quarteirões e quarteirões de lojas coladas uma nas outras, com direito a dois mercados públicos grandes (Senhora Santana e Central, ambos em reforma). Ao longo dos últimos anos, muitas mudanças ocorreram no centro comercial que também recebe compradores de vários estados nordestinos, independente do fluxo de romeiros no segundo semestre do ano. Dias de sexta e sábado é duplamente mais difícil conseguir estacionar, entrar numa loja, procurar o que se deseja com calma, pegar fila no caixa. Se for véspera de Natal e Dia das Mães pior ainda. Mas,

RUA SÃO PEDRO: um dos maiores centros comerciais do Nordeste brasileiro o bom é a pechincha, as promoções, a negociação. As estreitas calçadas são disputadas entre vendedores ambulantes com bugigangas, camisas de times, CDs e DVDs piratas, doces, biscoitinhos, controle remoto, lanches, salada de frutas, tapioca, água de côco. Duas vezes por ano as barracas de material escolar tomam conta,

principalmente, da adjacente Rua Santa Luzia. Nas vielas dos mercados públicos bijuterias, brinquedos, enxovais para bebês, consertos de relógios, aviamentos, açougues e as famosas raízes que curam tudo que é doença. Quase tão milagrosas quanto as pomadas “Padre Cícero”, vendidas em latinhas metálicas arredon-

Mesmo em tempos de campanha contra a informalidade, em 2010 foram mais de cinco mil contratações, contra 6.500 da indústria e mais de 7.500 da construção. os meses que mais ofertam vagas antecedem datas comemorativas, como: dia das mães, namorados, das crianças, natal e grandes romarias (padroeira e finados).

Entrevista, Micaelson Lacerda, professor de Economia da Universidade Regional do Cariri - URCA

Informalidade, um traço inescapável A vocação para o comércio é forte, está na veia do juazeirense. Mas, a informalidade também. Se gera renda de um lado, traz prejuízos de outro. Em entrevista exclusiva ao Jornal do Cariri, o professor do Departamento de Economia da URCA, Micaelson Lacerda, fala sobre o assunto. JORNAL DO CARIRI - Por que a informalidade no comércio de Juazeiro é tão grande e difícil de ser controlada? MICAELSON LACERDA: De forma geral, uma das características das economias atrasadas é o crescimento desigual, combinado e dependente das economias desenvolvidas, criando uma economia dual, na qual convivem segmentos modernos e atrasados ao mesmo tempo, tanto entre setores quanto dentro dos setores. O segmento moderno, apesar de proporcionar geração de emprego, exige cada vez menor contingente de trabalhadores e níveis elevados de qualificação, em função do desenvolvimento tecnológi-

co e das modernas formas de organização gerencial. Enfim, do avanço do capitalismo sobre o espaço, o que implica cada vez menos empregos formais. Nesse processo, grande contingente de trabalhadores não consegue emprego e acaba por alimentar o setor informal. JC - Isso dificulta o crescimento econômico do município? ML: Muitos estudos apontam na direção de que a economia informal dificulta o crescimento econômico. Isso porque os pequenos negócios têm acesso restrito ao crédito formal, estão impossibilitados de recorrer ao sistema legal para cumprimento de contratos e proteção da propriedade, etc. O que faz com que a produtividade no setor informal seja muito menor que no setor formal. Os choques que afetam a economia, como as crises econômicas, por exemplo, também são mais acentuadas em regiões com expressiva economia informal. Isso porque a capacidade dessas empresas de contrair empréstimos e neutralizar a queda em suas receitas são

praticamente nulas. Neste sentido, as empresas do setor informal operam em escala de produção desfavorável, são improdutivas e possuem elevada probabilidade de fracassar, elementos que têm impacto negativo sobre o crescimento econômico. JC - Um ano festivo impulsiona a economia. De que forma? ML: O Centenário de Juazeiro do Norte é uma data para ser celebrada com grande entusiasmo. Juazeiro tem sido historicamente o município que imprime dinâmica econômica à região sul do Ceará e outras regiões fora do estado. É uma característica do município para qual a figura do padre Cícero contribuiu de forma decisiva. Um ano comemorativo como esse atrairá significativo número de pessoas que aumentará a demanda em vários setores impulsionando tanto a economia formal quanto a economia informal do município. No entanto, a infraestrutura da cidade ainda é bastante precária em relação ao atendimento do grande afluxo de visitantes. Falta planejamento

urbano, tônica comum aos municípios médios brasileiros, pois sem planejamento urbano o crescimento da cidade pode ser comprometido a longo prazo. JC - Qual sua sugestão para aquelas pessoas quem está sem ocupar postos de trabalho? ML - O empreendedorismo é uma característica marcante da população de Juazeiro do Norte. Aonde quer que exista uma oportunidade, seja na economia formal, seja na economia informal, as pessoas irão descobrir e aproveitá-la. De forma geral, o crescimento do comércio e da indústria, continua gerando empregos. Nos primeiros quatro meses de 2011 foram admitidas 3.687 pessoas nos 20 setores mais importantes da economia de Juazeiro, com destaque para indústria, comércio e construção civil.


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Exportação

Pólo calçadista, pisada firme de um Juazeiro industrial

Ele é a força da indústria no Cariri, principalmente em Juazeiro do Norte. Segundo o Sindindústria - Sindicato das Indústrias de Calçados e Vestuários de Juazeiro do Norte e Região, hoje o pólo calçadista está com 250 empresas formais, sendo responsável por mais de 16 mil empregos diretos. O maior do Ceará e o terceiro do Brasil.

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uando o assunto é vender calçado para Estados Unidos, Europa e países do Mercosul o Cariri está bem representando. Só Juazeiro do Norte produz por ano aproximadamente 11 milhões de pares de calçados, sem falar nas bolsas e acessórios similares. Mais de 12% do produzido é exportado. Juazeiro, Crato e Barbalha respondem por mais de 50% da produção estadual. As sandálias de borracha e injetados em

PVC são marcas do setor, com destaque para as micro e pequenas empresas. A expectativa no Centenário é produzir ainda mais e abrir novos postos de trabalho. Há dois anos não se promovia a Feira de Tecnologia e Calçados do Ceará (Fetecc). Mas, no final de agosto deste ano, já teremos o evento Centenário. O Sindindústria calcula que devem ser movimentados, aproximadamente, R$ 9 milhões e alcançada uma visitação em torno de cinco mil pessoas. A promoção quer despertar grandes lojistas e atrair interesse das redes de lojas do eixo Sudeste e Sul do Brasil, graças a evolução na qualidade dos produtos, preços competitivos e agilidade na entrega. Ao longo de 11 edições do evento, fabricantes de Juazeiro do Norte e região agregaram mais valor ao seu produto com equipamentos de ponta, matéria-prima, novas técnicas e tecnologias. A

Fetecc trouxe uma nova visão ao empresariado local, o que contribuiu significativamente com o fortalecimento do Cariri como referência em produção e exportação de calçados. A informalidade é outra dor de cabeça para o setor, mas “as parcerias entre o setor público e privado, a abertura do Banco do Nordeste para financiamento de máquinas e crédito tem sido significativo para ajudar na formalização de fábricas que antes funcionavam no fundo de quintal. O Sindindústria tem hoje 92 empresas filiadas, mas a meta é fechar 2011 com, pelo menos, mais 60. Visitantes veem muitos tipos produtos juazeirenses em feiras nacionais e gostam, notadamente os diferenciados e feitos em couro. Tanto as sandálias quanto os acessórios são manufaturados, quer dizer menos industriais e mais manuais, artesanais mesmo.


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"Boom" imobiliário

Construção civil em arrancada coroa centenário com empregos

Você já fez novena para todos os santos, promessa para o padre Cícero e ainda não conseguiu emprego? Pois está na hora de procurar no lugar certo e aproveitar a segunda metade de 2011. Diversos setores que movimentam a terceira economia mais forte do Ceará estão à procura de gente para ocupar vaga no comércio, na indústria e, principalmente na construção civil. Isso mesmo. É lá no canteiro de obras que falta, hoje, o maior número de trabalhadores.

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data comemorativa da emancipação política veio a coroar o que também se celebra hoje, como um “boom” imobiliário vivido por Juazeiro do Norte desde o ano de 2005. Mas, a cada temporada, o setor que busca mais Anuncio 12,75x19,75 fechado.ai 1 21/07/2011 15:00:51 trabalhadores se depara com uma realidade contrária: a ausência de profissio-

nais qualificados. Em 2009, a construção civil gerou 7.500 empregos diretos e indiretos. Já em 2010, esse número ultrapassou a casa dos oito mil. Este ano, com o Centenário, a marca pode ser ainda maior. É visível que, horizontalmente, Juazeiro do Norte quase não tenha mais para onde crescer. A conurbação, processo que aproxima dia após dia as vizinhas Crato e Barbalha, é positivo porque promove crescimento e valorização do território Crajubar. As construtoras investem milhões e buscam a verticalização dos imóveis. Como no bairro Lagoa Seca, considerado de classe alta. Ali, Juazeiro começou a se redesenhar nesse novo panorama e se tornou também referência no setor de construções até fora do Cariri. Se antes Juazeiro era atraia apenas pela religiosidade e seus grandes ajun-

tamentos de públicos, hoje o município é procurado por grupos empresariais por motivos que vão desde a busca pela mão de obra local, até a instalação de grandes empreendimentos. Recentemente, uma empresa de São Paulo levou dezenas de trabalhadores

do Cariri para obras no Sudeste. Agora, há escassez na oferta da mão de obra de trabalhadores como engenheiro civil, carpinteiro, pedreiro, ferreiro. E a tendência é piorar. Tem vaga, mas falta trabalhador e os salários são melhores que os oferecidos pelo comércio local.

Mão de obra feminina

Pedreiras chegam aos canteiros do Cariri

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A Construtora Raimundo Coelho, com 25 anos de experiência no mercado local, é a pioneira no Cariri a qualificar mão de obra feminina e oferecer oportunidade de trabalho na construção civil. Em meio a mil trabalhadores, 16 já se destacam. São as mulheres pedreiras que ajudam a construir o maior conjunto habitacional do interior do Ceará. “Levantar 1.280 unidades habitacionais em 18 meses foi um grande desafio para a CRC. É uma obra para 6 mil moradores, como se fosse uma pequena

cidade. São 540 dias de trabalho, praticamente duas casas por dia”, fala orgulhoso o engenheiro civil da obra, Felipe Coelho, também diretor Técnico da CRC. A construtora pretende capacitar 70 mulheres em parceria com SESI e SENAI, além de levar para o canteiro de obras, após o trabalho, a escolinha básica para que precisa concluir o ensino fundamental. O novo projeto, ainda para este ano, é capacitar 20 serventes em pedreiros, num prazo de até três meses de curso. “Queremos mostrar ao mercado que somos capazes de atuar e desempenhar tarefas difíceis e pesadas, como alvenaria. Precisamos quebrar esse paradigma machista que existe em alguns ambientes de trabalho”, desabafa Magdala Emanuele, de 26 anos. Já Fabiana Januário, da mesma turma, com 29 anos, reconhece que antes era só dona de casa, mas agora tem profissão. “Apesar de ser uma área ainda dominada por homens, as mulheres estão gostando do trabalho e agora sabem que podem melhorar de vida”, fala.


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Galeria prefeitos 2o Prefeito: José Geraldo da Cruz (1930-33-37-46-55-1959)

1o Prefeito: Pe. Cícero Romão Batista 1911 -1927

Obra

Obra

Grupo Padre Cícero e Associação Comercial

Orfanato Jesus, Maria José e Escola Izabel da Luz

3o Prefeito: José Monteiro de Macedo (1947-1948-1951-1955)

4o Prefeito: Antônio Conserva Feitosa (1947-1951-1963)

6o Prefeito: Edward Teixeira Ferrer (1966-1967)

Obra

Eletrificação de Juazeiro e serviço de telefonia

7o Prefeito: José Mauro Castelo Branco Sampaio (1967-1970-1996-2000)

5 Prefeito: José Humberto Bezerra (1963-1966) o

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Sede da Prefeitura e todas as escolas da zona rural de Juazeiro

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Estádio Romeirão e Monumento do padre Cícero


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centenária de Juazeiro 9o Prefeito: Orlando Bezerra de Menezes (1971-1973)

8 Prefeito: José Teófilo Macedo (1970-1971) o

10o Prefeito: Mozart Cardoso de Alencar (1973-1975)

Obra

Hotel Municipal, primeira estação rodoviária e ginásio municipal Antônio Xavier de Oliveira

12o Prefeito: Ailton Gomes de Alencar (1977-1982)

11o Prefeito: Francisco Erivano Cruz Interventor – (1975-1977)

14o Prefeito: Carlos Alberto da Cruz (1989-1992/2000-2004)

13o Prefeito: Manoel Salviano Sobrinho (1983-1988/1993-1996) Obra

Obra

Memorial Padre Cícero e Ginásio Poliesportivo

Urbanização da via férrea (hoje, Avenida Carlos Cruz) e novo terminal rodoviário intermunicipal

15o Prefeito: Raimundo Antônio de Macedo - (2005-2008) Obra

Urbanização da via férrea (hoje, Avenida Carlos Cruz) e novo terminal rodoviário intermunicipal


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Testemunho vivo

Afilhadas centenárias, exemplo de como viver bem com os outros Em meio a quase 250 mil habitantes, há uma particularidade no município de Juazeiro do Norte, quando o assunto é expectativa de vida. Apesar do gráfico do IBGE (Censo 2010) mostrar a ponta da pirâmide com 0,0% da população com idade acima de cem anos, isso não significa que ninguém atingiu essa marca. Atestar esse percentual é que são “elas”. E eles. De fato: 13 homens e 26 mulheres, todos vivos há mais de um século. E morando aqui no município.

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ocalizar essas pessoas não é tão simples quanto parece. Idosos dessa faixa etária saem pouco de casa, levam uma vida bem mais tranqüi-

la do que a maioria dos longevos de sua faixa e são mais dependentes de filhos e netos para suas atividades diárias. Certo? Não, não é exatamente assim. Dona Cecília Cândido da Conceição, por exemplo, tem algumas limitações, mas boa memória é só uma entre tantas demonstrações de vitalidade cotidiana. Filha de romeiros, nasceu em Alagoas, no dia 2 de fevereiro de 1911, poucos meses antes da emancipação política da cidade. A comemoração deste ano foi entre filhos, netos e bisnetos. A senhora centenária se mudou para Juazeiro do Norte quando criança. Os pais, agricultores, eram devotos do padre Cícero e consultaram o sacerdote antes da mudança. Dona Cecília tem

DONA CECÍLIA CÂNDIDO DA CONCEIÇÃO de 100 anos


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muitas lembranças e conta cada história com uma riqueza de detalhes que impressiona. Uma vez ou outra é que um filho ou neto dá uma pequena ajuda. Na época da mudança para Juazeiro, o “Padim” doou terreno para a família dela construir casa e morar na cidade. Após a instalação, a pequena Cecília foi batizada pelo “Padim” aos cinco anos de idade e ficou morando na casa dele até completar 15 anos. Dessa época, ela guarda lembranças do que fazia na casa do padre. “Recebia os romeiros, ajudava beata Moçinha, Maria de Araújo nas atividades da casa, cuidava dos passarinhos. É interessante que lá tinha sempre muita gente hospedada, a casa era cheia”, relembra sorridente. Um dos ensinamentos que ela repetiu várias vezes durante a entrevista é que “meu Padim sempre aconselhava a gente a viver bem com as outras pessoas”. Em 1934, ano da morte do padre, dona Cecília tinha 28 anos, estava casada. Ela relata que nunca tinha visto tanta gente em Juazeiro como neste triste dia. “Era tanta gente chorando nesse Juazeiro de meu Padim que não cabia nas ruas. Em frente a casa que ele morava, a mesma que morei quando criança, tinha uma multidão que queria entrar para se despedir dele. Como não cabia todo mundo, os devotos que estavam dentro ergueram o caixão em uma das janelas para que todo o povo da rua visse meu Padim pela última vez”, lembra . Outra centenária que mora em Juazeiro e também foi batizada pelo padre Cícero é dona Maria Cândida de 103 anos. Ela nasceu na zona rural de Assaré em 6 de maio de 1908 e só foi batizada pelo “Padim” aos três anos de idade, quando os pais vieram pedir ao sacerdote que fosse padrinho da menina que ele ajudou a salvar da morte. Dona Cândida conta a história que ouvia muitas vezes da própria mãe. “Quando ela estava grávida de mim, foi ordenhar uma vaca lá na roça que eu nasci e acabou sendo atacada pelo bicho. A

MARIA CÂNDIDA ,103 anos: lucidez e grande memória afetiva relacionada ao Padre Cícero

vaca chutou a barriga dela várias vezes e bateu na cabeça de minha mãe. Meu irmão mais velho chegou e conseguiu tirar minha mãe dali. Com medo de me perder, ela foi até padre Cícero pedir para que ele rezasse por mim. Meses depois minha mãe me teve sem nenhum problema, mas as marcas roxas ficaram na barriga e mãe sentia muita dor de cabeça. Ela procurou meu Padim de novo, disse que eu tinha nascido saudável e fez outro pedido: para que ele a curasse daquelas dores. Mãe contava que meu Padim colocou a mão três vezes na cabeça dela e que pediu apenas para que ela rezasse todo dia um Pai Nosso e uma Ave Maria na intenção dele” conta. “Quando eu completei três anos de idade, meus pais me levaram para ser batizada pelo meu Padim Ciço. Ele aceitou me batizar, mas mãe me disse que ele pediu para acrescentar Maria em meu nome (como era de costume, Cícero gostava de acrescentar Maria e José aos nomes dos afilhados). Dona Cândida relembra emocionada que o padre a batizou, mas foi sincero com os pais dela e disse que não poderia lhe dar “os santos óleos” porque estava sem as ordens da Igreja. “Meu Padim pediu a meus pais que procurassem outro padre para me dar os santos óleos, mas para meus pais, devotos do meu Padim, isso não seria necessário, pois eu já estava batizada e abençoada DONA CECÍLIA e um santuario com o “Padim” na sala de casa por um homem santo”.

Hospital


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Meio Ambiente

Sustentabilidade para o progresso de Juazeiro é o foco dos atuais gestores P

romover o desenvolvimento de uma região, fortalecendo sua potencialidade econômica, gerando emprego e renda para população e, de quebra, cuidando do meio ambiente. Parece um sonho, utopia, mas não é. Isso chama-se sustentabilidade. Em busca dessa condição, os atuais gestores da cidade centenária focam os próximos desafios. A riqueza natural é limitada, enquanto o consumo da população, por alimentos, roupa, calçado, entre outros bens duráveis só aumenta, o que provoca a indústria a produzir em larga escala para abastecer, suprir a demanda. Tanto a população quanto o que se produz para abastecê-la, aumenta bem mais rápido do que revitalização de áreas degradadas, rios poluídos, lençol freático poluído, desigualdade social, renda, moradia, acesso a educação, saúde e bens culturais. Ou seja, problemas gerados pela “não-sustentabilidade” entre tantos outros fatores. “Esse é o único governo municipal PANORÂMICA do bairro Lagoa Seca, região mais valorizada no setor imobiliário que apresentou preocupação com a sustentabilidade. Fizemos parceria com nos, o centro da cidade”, adianta o vai trabalhar isolada, mas em par- zeiro do Norte se dispôs a abrigar Banco do Brasil e conseguimos trezen- prefeito Manuel Santana. ceria com as outras para pensar o aterro sanitário da Região Metos mil reais em recursos para instaFoi criada a Secretaria do De- um desenvolvimento sustentável tropolitana do Cariri. O próximo lação do “Engenho do Lixo”, o que vai senvolvimento Urbano e Econômi- e respeitar o meio ambiente. Por passo contra a poluição é instalar estimular e conscientizar a população, co para pensar, de fato, o desen- isso, primeiro traçamos o plano de muitos coletores na cidade e adepor exemplo, da coleta seletiva. Vamos volvimento de Juazeiro em vez de saneamento, que diminui a polui- quar as pessoas à coleta para selecomeçar o projeto atendendo, pelo me- crescimento. “Essa secretaria não ção e trata a água já utilizada. Jua- tiva” explica.

Bares e restaurantes

Serviços em ascensão, pujança comercial e necessidade de mão de obra

A

Associação Brasileira de Bares e Restaurantes – Abrasel Cariri é testemunha da ascensão do setor e comemora junto com a sociedade o ano do Centenário como mais uma possibilidade de crescimento e fortalecimento. Feitosa Júnior, presidente da Abrasel Cariri, calcula que, há três anos, Juazeiro do Norte vem crescendo a passos largos no segmento alimentício, com o surgimento de novos estabelecimentos comerciais e ampliações dos que já existem. “Percebe-se uma grande mudança no perfil do consumidor que freqüenta o setor de alimentação fora de casa, devido ao crescimento da região, ao perfil das pessoas que estão se instalando aqui e dos turistas também. Mas, muitos empresários do ramo precisam se conscientizar e aprimorar a prestação do serviço. Por isso,

JUAZEIRO É GUIA principal da gastronomia do Cariri estamos fechando os últimos contratos para lançarmos ainda neste ano um guia da região com o melhor da gastronomia e hotelaria de Juazeiro e do Cariri. Assim, divulgaremos o que há de melhor entre os nossos clientes e turistas”. Os consumidores do Cariri estão

mesmo bem servidos. Só em Juazeiro há restaurantes regionais, japoneses e italianos, entre outros. Mas, a mão de obra qualificada é o maior desafio para Feitosa Júnior. “Buscamos profissionais incessantemente. Já conseguimos fechar parcerias com empresas fornecedoras, cursos de aperfeiçoamento,

projetos gastronômicos em andamento, participações em festivais nacionais, incluindo a nossa região, projetos do Ministério do Turismo, programa de gestão de software “restaurante inteligente”, parceria com escola de gastronomia e até programa de reciclagem de óleo”. O presidente da Abrasel acredita que será necessária mais dedicação ao segmento por parte do poder público. “É preciso haver uma diferenciação nas alíquotas dos impostos, como acontece em outras regiões. Juazeiro precisa de um aeroporto maior, ruas pavimentadas, coleta de lixo seletiva, transporte pública até meia noite. E se houver mais engajamento dos empresários do setor, o turismo local pode se tornar mais fortalecido, quem sabe até uma referência no Ceará”.


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Nova tecnologia

Jornal do Cariri, primeiro jornal do Ceará a usar chapas sem químicos O

Grupo Cearasat de Comunicação está presente nos 100 anos de Juazeiro do Norte com a edição semanal do Jornal do Cariri. Com tiragem de 6.000 exemplares e circulação, as terças, o JC foi adquirido em 2007 pelo Grupo Cearasat e ainda, em 2011, será transformado em diário com formato tabloide berliner. O Jornal do Cariri tem priorizado a cobertura dos fatos da Região Sul do Ceará, com ênfase no noticiário local e com assuntos que contribuem para o desenvolvimento da região. O ano do centenário de Juazeiro do Norte é marcante, também, para o Jornal do Cariri que recebeu, em 2011, o primeiro equipamento entre os jornais do Ceará de produção de chapas para impressão sem uso de produtos químicos. O equipamento - CTP (Computer-to-plate), importado do Canadá, é o que há de mais moderno entre os jornais

brasileiros. ‘’O Jornal do Cariri se torna, assim, o primeiro jornal impresso do Estado do Ceará sem uso de produtos químicos na confecção de chapas. É um fato marcante na história da imprensa cearense. Sem o uso de químicos, estamos contribuindo para preservação do meio ambiente e, ao mesmo tempo, dando mais agilidade ao processo de industrialização do jornal, reduzindo custos e o tempo de impressão’’, disse o jornalista Luzenor de Oliveira, Diretor-presidente do Grupo Cearasat’’, integrado ainda por 18 emissoras de rádio na Região Metropolitana de Fortaleza e em todo interior do Estado e o portal de notícias Ceara Agora. Ao longo dos últimos três anos como veículo integrante do Grupo Cearasat de Comunicação, o Jornal do Cariri tem contribuído com debates sobre ques-

Primeira CTP no Ceará com produção de chapas para jornais sem agressão ao meio ambiente tões de interesse econômico e social da Região do Estado. Debates como as pesquisas sobre a existência de gás e petróleo na Chapada do Araripe; canalização de gás natural para a Região Metropolitana do Cariri e a defesa da construção de um novo terminal do Aeroporto Regional Orlando Bezerra. A presença nos debates sobre as

questões de interesse da região levou o Jornal do Cariri a Recber homenagem da Prefeitura de Juazeiro nas comemorações dos 100 anos de emancipação política do Município. ‘’A homenagem é um estímulo para termos o JC sempre envolvido nos assuntos de interesse do Cariri’’, expôs o jornalista Luzenor de Oliveira.

Rotativa Goss Urbanite. Impressão de 25.000 exemplares/hora, com 32 páginas coloridas, no tamanho tablóide Berliner


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O DEPUTADO FEDERAL MANOEL SALVIANO PRESENTEIA O CENTENÁRIO.

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Para sempre, amém

Bendita seja a imagem da terra do "meu Padim"

Por Cícero Valério


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100 anos em 10

Ensino superior muda realidade regional com mais de 70 cursos Há cerca dez anos, o juazeirense que sonhasse ingressar em curso universitário tinha como opção a Universidade Regional do Cariri (Urca) e sua maioria de cursos sediados no Crato, o Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia (antigo CEFET\ Escola Técnica Federal) e o CENTEC. Restavam como alternativas, deixar a cidade para tentar a vida acadêmica em Fortaleza ou estados vizinhos. O cenário de hoje está bem diferente. Educadores acreditam que, pelo menos, na formação universitária, o que Juazeiro não cresceu durante um século, evoluiu em uma década.

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rande parte dos profissionais que ainda hoje atua no Cariri, com ensino superior, se formou fora do município. Outra considerável parcela simplesmente migrou de vez e seguiu carreira Brasil afora, notadamente nas praças das universidades Federal e Estadual do Ceará (UFC e UECE) e Unifor, em Fortaleza; da Paraíba (UFPB e UEPB), de Pernambuco (UFPE) e da Bahia (UFBA). O diretor da FATEC – Faculdade de Tecnologia Centec, professor Raimundo Barreto, conta que a instituição foi criada para ajudar a desenvolver o potencial tecnológico no interior do Ceará. Em Juazeiro, a instituição funciona des-

CHEGADA DA FACULDADE DE MEDICINA em Juazeiro teve como principal incentivador o médico e ex-prefeito Mauro sampaio

de 1999 formando. Hoje, são quase 200 alunos formados por ano, como tecnólogo de nível superior ou técnico de nível médio. “Ao longo desses últimos dez anos, se voltou o olhar para o interior, principalmente para Juazeiro do Norte. Aqui, a educação no ensino superior promoveu um processo de qualificação nas áreas de saúde, indústria, serviços e agrícola”, explica.

São mais de 70 cursos, entre presenciais e a distância, oferecidos por 12 instituições de ensino superior, entre públicas e privadas. Formam em análise de sistemas, agronomia, música, tecnologia, saneamento ambiental, odontologia, fisioterapia, medicina, física, educação física, matemática, jornalismo, administração, serviço social, direito, engenharia de materiais, civil

e ambiental, artes, teatro, design de produto, tecnologia em alimentos, psicologia, enfermagem e contabilidade e tantoutros. Agora, de vez, os papéis se inverteram. Em vez de exportar juazeirenses, a cidade importa gente de todo o país interessada em fazer uma faculdade ou mesmo pós-graduação (especialização ou mestrado).

UFC chega para qualificar O campus da Universidade Federal do Ceará (UFC) em Juazeiro do Norte tem apenas cinco anos. Mas, já oferece 11 cursos de graduação e um mestrado acadêmico em Desenvolvimento Regional Sustentável, o primeiro de Juazeiro do Norte e da UFC no interior. Mais dois estão para iniciar em 2012: Agronomia e Matemática.

“Acho que é muito cedo para atribuirmos à UFC Cariri uma contribuição efetiva e mensurável para o crescimento que Juazeiro hoje experimenta, embora já tenha cerca de 1.600 alunos e um corpo docente com quase 200 professores, 85% pós-graduados com mestrado ou doutorado. Não há dúvida de que a ainda contribuiremos muito para o crescimen-

CAMPUS CARIRI da Universidade Federal do Ceará-UFC em Juazeiro

to da região, pela formação de recursos humanos proporcionada com melhor qualificação profissional, pelos trabalhos de pesquisa, com geração de tecnologia e ampliação do conhecimento e pelas ações de extensão com o entorno não universitário, melhorando a qualidade de vida da população” prevê o diretor do campus Ricardo Ness.

RICARDO NESS - Diretor da UFC Cariri


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Sustentabilidade

Desafio é sintonizar agenda universitária com a região

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universidade a serviço da sociedade, da região onde está inserida. Esse é um dos deveres das instituições que fomentam o ensino, a pesquisa e a extensão universitária. “É realmente uma tarefa difícil, mas já vem ocorrendo. O grande desafio é reconstruir a agenda da universidade tendo como pauta as demandas locais. Por isso, nossa preocupação é também formar profissionais que atendam essas necessidades da região” diz o professor Eduardo Vivian, do curso de Administração da UFC Cariri. Ele coordena a primeira experiência de Juazeiro do Norte com a economia solidária no bairro Timbaúbas, em Juazeiro. “A Associação de moradores, que já existia, procurou a universidade na busca de apoio. A partir do início do processo de acompanhamento, surgiu a ideia do banco comunitário, que se encaixava perfeitamente dentro dos propósitos de trabalho desta associação” conta. O banco comunitário trouxe a moeda social batizada de Timba (um Timba vale um Real), que já está circulando, com o propósito de promover o desenvolvimento local e gerar trabalho e renda. A coordenadora do Mestrado em Desenvolvimento Regional Sustentá-

VOCÊ sabia?

Na formação de professores para o ensino do campo, Juazeiro do Norte foi pioneira no Brasil. Em 1934, ano da morte de Padre Cícero, foi fundada a Escola Normal Rural de Juazeiro do Norte, primeira do país nesse modelo. A instituição funcionou de 1934 a 1946, ano em que foi instituída a Lei Orgânica do Ensino Normal, ocorrendo mudanças na estrutura curricular na referida escola.

vel da UFC Cariri, Suely Chacon, é uma das responsáveis pela conquista desse curso de pós-graduação para o interior, com estudos focados, principalmente, na região semiárida. “O compromisso das instituições de ensino em fomentar uma visão mais crítica na sociedade, possibilita novas percepções em relação à valorização do território do ponto de vista social, cultural, ambiental e político. E ainda influencia na formatação de políticas públicas realmente em sintonia com os princípios da sustentabilidade” enfatiza. No ano do Centenário há muito trabalho para as universidades e faculdades de Juazeiro. Dentro da programa-

ção festiva, a UFC Cariri, por exemplo, propôs à Comissão do Centenário um seminário para discutir o Juazeiro e a sua sustentabilidade para os próximos 100 anos. “Pensar e sonhar Juazeiro para daqui a cem anos é um grande desafio. Juazeiro é o ambiente catalisador do desenvolvimento da região do Cariri, recentemente instituída Região Metropolitana e há vários problemas a serem encarados com muita seriedade, bom senso e responsabilidade. Só para mencionar um, dos mais urgentes a ser abordado, cito a gestão ambiental quanto ao destino dos dejetos sólidos (lixo)” diz Ricardo Ness, diretor do campus da UFC Cariri.

Em 10 anos, as faculdades particulares se multiplicaram. Hoje, atuam na cidade a Faculdade de Medicina de Juazeiro do Norte (FMJ), Faculdade de Ciências Aplicadas Dr. Leão Sampaio (FALS), Faculdade de Juazeiro do Norte (FJN), Faculdade Paraíso (FAP), Faculdade Internacional de Teologia Aplicada (FITA) e extensões da Universidade Vale do Acaraú (UVA), Faculdades Integradas de Patos (FIP) e um pólo da Universidade Anhanguera e outro da Estácio de Sá, com cursos a distância.

Faculdade Leão Sampaio aposta no Juazeiro competitivo Empreendedores de fora que acreditaram em Juazeiro se sentem satisfeitos com os resultados do investimento. Jaime Romero, diretor-presidente da Faculdade de Ciências Aplicadas Dr. Leão Sampaio (FALS), considerada a maior faculdade particular do Cariri e uma das maiores do Ceará, diz que a instituição deu certo por vários motivos. Isto porque a “Terra do Padre Cícero” tem potencial para se desenvolver de forma competitiva no mercado. “Juazeiro tem potencial para ser pólo por três fatores: primeiro é a questão geográfica é até estratégica, em segundo a visão do povo daqui direcionada ao trabalho e em terceiro a preocupação com a preservação ambiental, seguindo os preceitos do Padre Cícero” lembra. Junto com o Centenário a FALS completa dez anos e comemora os números: 13 cursos de graduação, 15 de pós-graduação, 7000 alunos matriculados, mais de 200 funcionários.

“Agora, queremos manter o crescimento sem perder a qualidade” ressalta o diretor. No ano do Centenário há muito trabalho para as universidades e faculdades de Juazeiro do Norte. Dentro da programação festiva, a UFC Cariri, por exemplo, propôs à Comissão do Centenário um seminário para discutir o Juazeiro e a sua sustentabilidade para os próximos 100 anos. “Pensar e sonhar Juazeiro para daqui a cem anos é um grande desafio. Juazeiro é o ambiente

catalisador do desenvolvimento da região do Cariri, recentemente instituída Região Metropolitana e há vários problemas a serem encarados com muita seriedade, bom senso e responsabilidade. Só para mencionar um, dos mais urgentes a ser abordado, cito a gestão ambiental quanto ao destino dos dejetos sólidos (lixo)” diz Ricardo Ness, diretor do campus da UFC Cariri.

ENTRADA da Faculdade Leão Sampaio em Juazeiro


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CENTENÁRIO DE JUAZEIRO DO NORTE, 22 DE JULHO DE 2011


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