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Quais as etapas da produção de um mangá?

Vamos conhecer um pouco dos processos e profissionais envolvidos! Já pensou quais as etapas na produção de uma mangá em uma editora? Algumas são bem óbvias, outras um pouco menos. Na teoria deveria ser algo fácil de identificar só olhando os editoriais, mas como cada um chama os cargos por um nome e há uma quantidade absurda de informações em alguns deles, na prática só causa confusão. Vamos tentar explorar um pouco este mundo utilizando as muitas informações e editoriais disponíveis ao longo do tempo!

Preparação e Produção de Texto

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Uma das etapas principais é a de texto, é uma das que mais dá problema ou causa polêmica. Envolve desde a tradução aos diversos tipos de revisão e adaptação que o texto pode sofrer. O número de pessoas envolvidas vai depender da empresa, a Panini e JBC, por exemplo, tem várias etapas, enquanto as menores têm o mínimo. Numa situação perfeita, seu mangá passaria pelos seguintes passos: Tradução. Obviamente a etapa em que um fluente tradutor de japonês traduz o original para português. No início era um processo feito pelos descendentes japoneses, mas hoje em dia já temos uma variedade de profissionais no meio, alguns até formados na área. Existem programas, técnicas e teorias mil envolvendo esta etapa, a coisa é bem mais complexa do que parece, ainda mais quando estamos lidando com uma língua como o japonês. Aos interessados sugiro ir se formar em tradução (rs) ou procurar livros técnicos sobre o assunto. Revisão da Tradução. Processo em que um tradutor experiente (tradutor-chefe) e de bom domínio do japonês revisa aquilo que foi traduzido em busca de erros de tradução ou pedaços pulados, sempre comparando ao original, além de padronizar para o estilo adotado na editora e nos volumes passados. Revisão de Texto. Etapa em que é revisado a ortografia e gramática, não mais o conteúdo, mas a forma. Geralmente feita por mais de uma pessoa a fim de não deixar passar nada. Este pedaço é geralmente feito após a montagem do livro, mas pode ser feito antes também a depender da empresa e suas preferências.

Adaptação

Não é necessariamente uma etapa e é constantemente feita em todas as etapas anteriores, mas pode também ser feita a parte. Em algumas empresas tal pode ser algo decidido pelo tradutor na hora da tradução, ou pelo revisor na hora da revisão, pode ser uma decisão em conjunto da redação ou ditadas por um responsável. Em todo caso alguém toma decisões e as aplica, coisas como: Manter ou não os honoríficos? Deixar o termo em inglês/japonês ou traduzir? Qual o nome do personagem? Usar os valores em iene ou reais? Usar gírias ou não? São em momentos como este que é decidido, por exemplo, se vai se chamar de Kagome ou Hagome (Inu-Yasha), Kurapika ou Kurapaika (Hunter x Hunter), Light ou Raito (Death Note), Simbá ou Sinbad e Aladim ou Aladdin (Magi).

Preparação ou Manipulação de Imagens

Tenha a editora recebido o material digital ou digitalizado ela mesma, às vezes é necessário tratar e preparar as páginas dos mangás. Um exemplo fácil de lembrar são as páginas coloridas que acabam virando preto e branco nas versões nacionais (algo que ocorreu muito no passado). Além de trocar para escala de cinza, o responsável ajusta o contraste e brilho para que a versão preto e branco não fique escura demais ou clara demais (como às vezes acontece).

Limpeza e Reconstrução

Às vezes chamado de Edição. Quando o responsável, utilizando programas próprios de manipulação de imagem, “apaga” o texto e narrações do original. No caso de texto sobre ilustrações e padrões, o profissional tem que reconstruir, ou seja, refazer utilizando a arte original como guia. Esta etapa no passado não era levada a sério e as editoras utilizavam quadros brancos sobre o conteúdo original para poder inserir o texto brasileiro. A técnica é difícil de observar em condições normais, mas muito óbvias em mangás por causa dos fundos cheios de padrões e ilustrações. Atualmente, todas as 3 maiores editoras ativas não utilizam mais desse recurso preguiçoso. Entretanto, tal ainda é comum no mercado de mangás e quadrinhos, a L&PM, por exemplo, utiliza isso em todos os seus quadrinhos, desde Garfield aos mangás.

Paginação e Diagramação

É o processo de se montar o livro. Utilizando um programa específi co, o paginista monta digitalmente o volume, encaixando as páginas em seus devidos lugares. No caso de livros mesmo, romances e light novels, o indivíduo copia a tradução e monta o design, adiciona as páginas de capítulos, os números de páginas, defi nindo margens e tudo mais que você conseguir lembrar. Nos mangás a coisa é muito, muito diferente. Primeiro o responsável tem que inserir as imagens, as páginas do mangá original limpas. Ao fazê-lo deve ter cuidado com as margens para não cortar balões e pedaços importantes. Qualquer corte e erro de colocação gera depois os famosos diálogos cortados, páginas invertidas, etc. Além da colocação das imagens vem a…

Finalização e Impressão

Após todos esses processos e adaptações o seu livro está montado e chega a hora de passar para a fase da impressão. Impressão do Boneco. Aqui a editora ou a gráfi ca monta um boneco ou faz Provas de Gráfi ca. O boneco é um protótipo daquilo que será impresso e é a última chance de se corrigir e checar erros. É especialmente importante para se identifi car erros que só surgem na impressão. O boneco da gráfi ca é ainda mais seguro, pois assim é possível identifi car possíveis erros que venham a acontecer devido a incompatibilidade de programas e sistemas operacionais. Um caso engraçado da Panini, por exemplo, foi uma fonte que a máquina da gráfi ca não reconhecia os acentos, tendo sido impresso dessa forma. Felizmente se tratava da fonte usada nos freetalks (colunas onde o autor comenta livremente)

Como já comentado, a chance de checar eventuais erros que possam ter passado em todas as áreas, além de identifi car erros causados pela encadernação, como falas que fi caram ilegíveis devido à lombada. Identifi car também qualquer problema de gráfi ca, impressão ou papel. Teste de Capa. O boneco geralmente não inclui a capa, no caso da capa é feito um teste próprio para ela, já que usa material diferente, impressão diferente, etc. É um teste especialmente importante por causa da lombada e quantidade de cores. Feitas as alterações aqui, os arquivos fi nais partem para a gráfi ca e é a hora de ser impresso em massa. e não gerou tantos problemas assim, fora uma meia dúzia de vogais comidas. Um último adendo é que o boneco é mais que uma versão física, como a que pode ser utilizada nas revisões, o boneco é montado e impresso exatamente como seria em gráfi ca, às vezes até com o papel e gramatura que será usado no volume, é o protótipo mesmo do livro e não apenas impressão do conteúdo. Revisão Final do Boneco.

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