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Um futuro desafiante

A recente realização da “Semana de Moldes” permitiu ao sector refletir e debater alguns dos principais desafios que a Indústria de Moldes atualmente enfrenta e em torno dos quais deverá centrar a sua intervenção, alinhando estratégias e posicionamento que permitam assumir uma diferenciação perante a concorrência internacional e definindo um caminho de sucesso para o futuro. Acreditamos que esta intervenção centrar-se-á em três áreas-chave: “Mercado”, “Sustentabilidade” e “Pessoas e Competências”.

“Mercado” será o primeiro elemento a ter em conta, aquele que mais incertezas cria e que maiores desafios tem gerado, nos últimos anos, às empresas. Para conseguir antecipar constrangimentos e aproveitar oportunidades que o mesmo encerra, será fundamental acompanhar as suas tendências, evolução e desempenho. É neste contexto que se destaca a importância do marketing, do reforço da presença e da visibilidade internacional do nosso sector, explorando sinergias e complementaridades entre empresas. A comunicação, o contacto direto com potenciais clientes, não esquecendo o aproveitamento dos meios digitais para este efeito, assumem papel preponderante, valorizando a imagem e competências da nossa Indústria e onde a cooperação, uma vez mais, será determinante para o sucesso.

Esta intervenção será, no entanto, mais difícil se a Europa não assumir uma efetiva política de reindustrialização, que encurte cadeias de fornecimento, permitindo a geração de novas áreas de negócio e consequente criação de novos produtos, serviços e respetivas cadeias de valor. Aqui o papel dos Governos nacionais e da União Europeia será determinante, pelo que o sector terá que, a nível global, conquistar capacidade de influência que demonstre os ganhos económicos e sociais do “made in Europe”.

Abrangendo as vertentes económica, social e ambiental, a “Sustentabilidade” é, hoje em dia, um conceito que assume uma relevância estratégica no sector. Tal deve-se, não apenas à exigência dos consumidores finais dos produtos a que damos forma, mas pela consciencialização já existente no seio da indústria da relevância deste fator para a otimização e valorização de recursos e a promoção da eficiência produtiva e energética.

A vertente económica é atualmente uma prioridade para as empresas considerando, por um lado, a quebra do mercado e dos preços de venda e, por outro, o aumento dos custos de produção. Para ultrapassar esta situação, há que definir e colocar rapidamente em ação instrumentos que apoiem o financiamento e capitalização empresarial. Esta intervenção influenciará decisivamente a vertente social, uma vez que a conquista de encomendas, a retoma do investimento e a criação de valor sustentarão a geração de emprego qualificado, o reforço do conhecimento e a atração de talento, construindo, desta forma, um impacto positivo no sector e na sociedade.

Na vertente ambiental, a descarbonização, a reutilização e desmaterialização dos produtos e os conceitos ligados à economia circular, privilegiarão a eficiência na conceção e fabrico, a otimização de recursos, a eliminação de desperdícios, permitindo a inclusão de novos materiais, mais “amigos” do ambiente, o reforço na digitalização de operações e introdução de tecnologias limpas. Não temos dúvidas que este processo poderá ter um efeito impulsionador no sector para conseguir maior competitividade e novas oportunidades de mercado.

O terceiro elemento desta equação serão as “Pessoas e Competências”, sem as quais as premissas anteriores, assim como a inovação, o I&D, o conhecimento ou a diferenciação não serão possíveis alcançar. Há que adaptar as organizações ao papel estratégico que as Pessoas terão neste contexto e onde serão decisivas para a sua evolução. Lideranças fortes e abertas serão necessárias para atrair, criar e desenvolver talento nas empresas, pois será este que fará a diferença no futuro que começa hoje.

Estamos confiantes que o novo ano nos trará uma evolução positiva face à realidade vivida nos últimos tempos. Contudo, há que ser suficientemente realista para perceber que temos um longo caminho a percorrer, tendo por base a atual incerteza e sofisticação dos negócios no mercado global.

O futuro é, sem dúvida, desafiante, mas não deixa de ser aliciante.

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Texto: Manuel Oliveira | Secretário-geral da CEFAMOL

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