5 minute read
MOLDE N.º 143
from MOLDE N.º 143
by CEFAMOL
A DIVERSIFICAÇÃO DE MERCADOS
A Indústria Portuguesa de Moldes é um dos sectores mais dinâmicos e internacionalizados da economia nacional, com uma sólida reputação construída ao longo de décadas. Contudo, à medida que o cenário global se torna cada vez mais competitivo e incerto, torna-se imperativo que as empresas adotem estratégias robustas que garantam o seu crescimento e sustentabilidade. A diversificação de mercados, tanto na vertente geográfica quanto sectorial, surge, atualmente, como um elemento crucial para alcançar estes objetivos, mas para o efeito, é vital desenvolver uma estratégia consistente que permita identificar novos nichos, clientes que estejam a desenvolver produtos inovadores e que complementem a oferta “mais tradicional” em que o sector já atua.
Embora a Europa continue (e continuará) a ser um mercado crucial para as exportações nacionais, as suas previsões de crescimento são moderadas, o que coloca uma pressão adicional sobre as empresas que dependem fortemente desta região, o que, no caso do nosso sector representa cerca de 80% do destino dos moldes produzidos. Ao nível sectorial, a situação não é diferente, representando a indústria automóvel, aproximadamente 75% da nossa produção. No entanto, a questão que se coloca é: e há alternativas?
Não é uma resposta simples, até porque dificilmente conseguiremos, no imediato, ou até no curto prazo, inverter o atual paradigma, especialmente na indústria automóvel, onde a sua própria evolução originará, certamente, novas oportunidades para as nossas empresas. No entanto, não podemos deixar de, paulatinamente, estudar, analisar e contactar com mercados que se encontram em expansão e com áreas industriais emergentes.
Se pretendemos fazer este caminho temos de ser proativos e ir conhecer o que está a acontecer, contactar com os agentes de mudança, os novos players, e definir como posicionar as nossas empresas nestas novas cadeias de valor. Não podemos esperar que a mudança seja feita apenas com os clientes tradicionais, com quem lidamos e que nos vão trazendo novos produtos (e desafios). Sem dúvida que os devemos manter e preservar pois eles serão sempre a base de suporte do nosso crescimento, mas tal não nos deve impedir de fazer o nosso próprio caminho na procura de novas oportunidades.
Reduzir a dependência dos mercados e clientes tradicionais torna-se, portanto, uma prioridade estratégica. Há que conhecer e acompanhar o que está a acontecer nas regiões com maior potencial de crescimento, como é o caso da Ásia, da América do Norte (que contempla dois dos três maiores importadores de moldes a nível mundial) ou até mesmo do Norte de África, e perceber como tal poderá influenciar a nossa atividade (presente e futura) ou mesmo como as empresas se poderão posicionar para captar novas oportunidades de negócio. Mercados em expansão têm demonstrado um crescimento robusto e uma procura crescente por produtos manufaturados que requerem moldes de maior precisão e fiabilidade, podendo, em certa medida, compensar algum declínio de outros mais maduros
Para além da diversificação geográfica, a indústria de moldes deve também procurar diferenciar as suas bases de clientes. Tradicionalmente, a indústria automóvel tem sido o maior consumidor de moldes produzidos em Portugal. No entanto, a dependência excessiva deste sector apresenta riscos significativos, especialmente numa época em que atravessa transformações profundas derivadas da transição para veículos elétricos ou das incertezas económicas globais.
A diversificação sectorial permite às empresas de moldes expandir a sua oferta para indústrias emergentes e em crescimento, como as de dispositivos médicos, embalagem, eletrónica, e até mesmo a indústria aeroespacial. Uma área particularmente promissora é o sector de defesa e segurança, que tem vindo a ganhar relevância no contexto internacional. O desenvolvimento de novos produtos e tecnologias nesta área, como equipamentos de proteção, componentes de aeronaves e veículos militares ou dispositivos de segurança, exigem moldes de precisão e alta qualidade, podendo criar uma oportunidade relevante para o sector.
É crucial que as empresas sejam dinâmicas na prospeção de novos clientes e na identificação de nichos de mercado em ascensão. Será essencial um investimento em ações de prospeção internacional. Visitar e participar em feiras ou missões internacionais dedicadas, desenvolver parcerias estratégicas e explorar redes de negócios globais são algumas das atividades que podem abrir portas a novos nichos de mercado.
Ao identificar novas tendências em desenvolvimento, especialmente em sectores emergentes, as empresas podem antecipar necessidades dos clientes e oferecer soluções que complementem e expandam a sua oferta. Este enfoque na prospeção permite às empresas estar na vanguarda da inovação e estabelecer parcerias estratégicas que sustentem a sua competitividade a longo prazo. Em paralelo, a diversificação estimula a inovação, uma vez que a exposição a diferentes mercados e sectores incentiva o I&D e a introdução de novas tecnologias, processos ou materiais. A capacidade de adaptação e a flexibilidade permitem que as empresas se diferenciem pela inovação, pela capacidade de resposta e pela customização de produtos, fatores críticos no cenário competitivo global.
Ao diversificarem mercados, as empresas não só protegem o seu negócio de choques externos, como também se posicionam como agentes de mudança, capazes de oferecer soluções inovadoras e personalizadas a uma ampla gama de clientes. Tal será, sem dúvida, um pilar fundamental para a sustentabilidade e diferenciação do nosso sector.
Ao expandir geograficamente e explorando novas áreas industriais, as empresas fortalecem a sua resiliência, estimulam a geração de novas soluções e posicionam-se para um crescimento sustentável. Num mundo cada vez mais incerto e competitivo, esta diversificação não é apenas uma opção, mas uma necessidade estratégica para assegurar o futuro da indústria de moldes em Portugal.