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Ano novo, os desafios de sempre

Nos últimos anos, a Indústria de Moldes tem enfrentado grandes desafios, fruto de períodos consecutivos de instabilidade e indefinição dos mercados internacionais e daquele que é o seu principal cliente: a indústria automóvel. Esta conjuntura tem criado uma forte concorrência internacional (por vezes a operar com condições e/ou regras desiguais) e a imposição de exigentes condições de negócio que, hoje em dia, constrangem a situação económica e financeira das empresas.

Apesar do contexto adverso, ao nível das exportações de moldes, 2023 obteve indicadores de crescimento face aos anos transatos o que demonstra, efetivamente, a capacidade de resposta aos desafios a que o sector está sujeito. Acreditamos que 2024 poderá manter esta trajetória e que surjam novas oportunidades para o lançamento de produtos a que os nossos moldes dão forma.

Para tal, teremos de conhecer e acompanhar as tendências de mercado, continuando a promover e gerar confiança junto de clientes, a diversificar e integrar novas cadeias de valor, reforçando o posicionamento e o nível de serviço que oferecemos a uma procura mais exigente, que busca por melhores produtos, fabricados mais rapidamente e a menor custo.

Os eventos dinamizados durante a Semana de Moldes e as diversas intervenções a que tivemos oportunidade de assistir, demonstraram a dinâmica dos mercados e que os atuais desafios são transversais a empresas congéneres de diferentes países, nomeadamente na Europa e América do Norte.

Temas como a sustentabilidade e o nearshoring poderão ser determinantes e elementos diferenciadores na nossa oferta, pelo que há que continuar a inovar, otimizar e rentabilizar a tecnologia e equipamento existentes. Por outro lado, há que continuar a valorizar e a integrar novas competências e saberes, modelo este em que as pessoas serão o elemento-chave.

Em complemento, o lançamento do Roteiro para a Descarbonização da Indústria de Moldes, a desenvolver conjuntamente entre a CEFAMOL e CENTIMFE, ao abrigo do projeto Low Carb, pretende capacitar e apoiar as empresas nesta transição, não só por (mais) uma exigência do mercado, mas, principalmente, por ser um fator que reforça a competitividade internacional das empresas, otimizando recursos e recorrendo a uma produção mais eficiente que reduza custos operacionais.

Estamos conscientes que a cooperação assume um papel fundamental e estruturante neste processo. Para a nossa indústria, é cada vez mais importante ganhar escala, dimensão e poder negocial para ser mais competitiva. E, para que tal aconteça, teremos de trabalhar em conjunto para apresentar soluções distintivas e de valor acrescentado. Como diz o provérbio “se queres ir depressa, vai sozinho. Se queres ir longe, vai em grupo”.

A dinamização de um Plano de Ação Sectorial que responda a estes desafios, tal como aquele que foi proposto e apresentado pela CEFAMOL aos seus Associados no dia 14 de dezembro e que continuará a ser discutido em função das prioridades de intervenção identificadas, será estratégico e estruturante para a indústria, sendo imprescindível continuar a envolver as empresas na sua conceção e dinamização.

O final do ano trouxe um novo conjunto de iniciativas e áreas de intervenção em que a CEFAMOL se assume como parceiro das empresas nas áreas da capacitação, da gestão e governance, na análise, identificação e debate de novos modelos de negócio, na partilha de boas práticas, na geração de novas competências, na criação e implementação de novas medidas e instrumentos financeiros, entre outros.

Este é um trabalho complexo e moroso, mas que se torna urgente desenvolver para que o sector mantenha a sua competitividade e posicionamento no mercado global. Tal só será possível com uma efetiva proatividade das empresas, revelando-se a massiva participação nas iniciativas realizadas no final de 2023 como um excelente sinal que as mesmas estão prontas para assumir os seus compromissos e participar neste movimento.

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Editorial por Manuel Oliveira (Secretário-geral da CEFAMOL)

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