4 minute read

O potencial da inteligência artificial na indústria de moldes

Tal como em muitos outros sectores industriais e tecnológicos, a indústria de moldes está a testemunhar uma nova revolução, silenciosa, mas poderosa, impulsionada pela inteligência artificial (IA). Desde o design, conceção e engenharia, até a produção e gestão de clientes, a IA está, de uma forma incremental, a começar a deixar a sua marca no desenvolvimento e implementação de novos processos e tecnologias que podem, sem dúvida, estimular a atividade e desempenho do nosso sector.

Começa a perceber-se o potencial transformador da IA e como as empresas a poderão adotar enquanto ferramenta essencial para impulsionar a eficiência e a inovação nas organizações e influenciar áreas tão distintas como a gestão, por via da informação e tratamento de dados, a conceção e projeto de moldes, a produção ou até a interação com os clientes. Em paralelo, será um elemento crucial para a otimização e rentabilização de tecnologias e equipamentos existentes, transformando processos em operações ágeis, inteligentes e adaptativas.

Sem dúvida que um dos benefícios mais significativos da IA no sector será ao nível da otimização dos processos de fabricação. Através da análise de dados em tempo real e da “aprendizagem” das máquinas (machine learning), a IA pode identificar e definir padrões complexos de produção, permitindo a deteção precoce de falhas ou erros, a previsão de necessidades de manutenção de equipamentos ou a otimização dos fluxos de trabalho. Esta capacidade poderá levar a uma redução significativa nos custos operacionais e a um aumento da eficiência geral da produção, tornando as empresas mais competitivas em termos de preços e prazos de entrega.

A IA poderá também desempenhar um papel crucial na vertente do projeto de moldes. Através de algoritmos integrados nos softwares utilizados será possível analisar grandes conjuntos de dados provenientes de experiências passadas e identificar padrões que acelerem processos de conceção, mas também de simulação, permitindo prever com precisão o comportamento do molde em diferentes condições de produção, economizando tempo e recursos, permitindo que as empresas respondam mais rápida e assertivamente às necessidades do mercado.

Outro aspeto crucial será a rentabilização de equipamentos. À medida que este conceito continua a evoluir, as suas aplicações na indústria de moldes também se expandem. A Internet das Coisas (IoT) e a robótica colaborativa estão a integrar-se cada vez mais aos sistemas de IA, permitindo uma automatização ainda maior dos processos de fabrico, abrindo novas fronteiras para a rentabilização de investimentos e aceleração do time to market, reduzindo paragens e desperdícios que originam custos associados à produção.

A inteligência artificial está, progressivamente, a revolucionar o fabrico de moldes, otimizando processos e recursos, minimizando tempos de produção e maximizando a eficiência operacional. Isso não apenas aumenta a produtividade, mas também reduz o desperdício de materiais e energia, contribuindo para uma produção mais limpa e sustentável, quer ambiental, quer financeiramente.

Estarão, no entanto, as empresas de moldes preparadas para enfrentar este desafio? Teremos internamente capacidade e competências para analisar, tratar e agir sobre os dados disponibilizados? Terão as empresas, per si, capacidade de gerar dados suficientes para alimentar sistemas de IA sólidos e credíveis que possamos analisar como referenciais para futuros projetos? Não será esta mais uma área onde ganhos de escala e dimensão das empresas serão imprescindíveis para fazer funcionar devidamente?

Estes são alguns dos tópicos que vale a pena analisar e discutir no seio da indústria, sendo essencial que se conheça e aprofunde no sector o debate e o conhecimento sobre o tema, de forma a permitir aproveitar e democratizar todo o potencial que tal poderá trazer às empresas.

A inteligência artificial está, sem dúvida, a desempenhar um papel fundamental na transformação da indústria, impulsionando a inovação, a eficiência e a diferenciação. Quem acompanhe e integre estes conceitos reforçará o seu posicionamento, enquanto aqueles que hesitam, ou possam estar desatentos, podem ficar rapidamente para trás.

Algo temos como certo, as empresas que abraçam esta revolução tecnológica estarão melhor posicionadas no futuro para liderar o caminho da competitividade internacional e a indústria de moldes não faltará certamente a esta chamada.

-----

Editorial por Manuel Oliveira (Secretário-geral da CEFAMOL)

This article is from: