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SUSTENTABLIDADE UM DESÍGNIO PARA A INDÚSTRIA DE MOLDES
Os últimos anos têm sido desafiantes para a indústria de moldes nacional. As alterações do contexto internacional, das condições de negócio, dos custos de produção, a necessidade de atrair talento ou as dificuldades sentidas ao nível do financiamento e capitalização das empresas, constituem fatores primordiais a ultrapassar para garantir o investimento, o desenvolvimento e o crescimento sustentável do sector.
Decorrente das crescentes preocupações com questões ambientais e alterações climáticas, com a transição digital e energética ou com a limitação de recursos, as empresas necessitam adotar, de forma proativa, práticas sustentáveis para garantir o seu sucesso, a médio e longo prazo.
Operando o sector num mercado global, altamente competitivo e com condições de negócio em constante evolução, o tema da sustentabilidade apresenta, tanto desafios, como oportunidades para as empresas. Por um lado, a procura dos consumidores por novos produtos, ecológicos e “amigos do ambiente”, por outro o interesse em processos de fabrico otimizados e eficientes, que utilizam menos recursos e impulsionam a inovação e a diferenciação no mercado.
Estas exigências implicam investimentos em I&D, bem como a adoção e integração de novas tecnologias e competências ou a adaptação das organizações a novos requisitos e regulamentações, resultando em mudanças estruturais nas empresas. A cooperação interempresarial irá assumir, nesta vertente, um papel essencial para atingir ganhos de escala, dimensão e massa crítica que permitam reforçar a intervenção e posicionamento no mercado internacional.
De igual modo, será necessária uma gestão ativa e dinâmica e a promoção de uma cultura de inovação, a qual se irá refletir na capacitação de gestores e colaboradores, não só para uma mudança de mentalidades, mas também para a aquisição de novos saberes multidisciplinares.
Será imprescindível definir uma estratégia clara, que estabeleça objetivos, políticas e KPI’s, que sejam regularmente analisados, antecipando eventuais correções a implementar. Haverá necessidade de desenvolver sistemas de gestão e governação robustos que garantam índices de produtividade e competitividade nas empresas ou a criação e gestão de novos modelos de negócio.
O grande desafio será encontrar um equilíbrio entre as exigências de mercado e a sustentabilidade económica das empresas.
Com este propósito, e para enfrentar os preços e condições de pagamento impostos, há que gerar capacidade de tesouraria e promover condições de acesso a instrumentos que permitam a capitalização e formas alternativas de financiamento que possibilitem continuar a promover os investimentos necessários à atualização tecnológica e organizacional das empresas. Não poderemos subestimar que o acesso a financiamento bancário, aos apoios comunitários ou até a atração de novos investidores ou clientes estará diretamente relacionado com os planos de sustentabilidade, descarbonização e desenvolvimento a ser apresentados pelas empresas.
De destacar que as empresas que adotam práticas sustentáveis são encaradas como responsáveis e com uma visão de futuro, atraindo mais facilmente talento, pela promoção de uma cultura de inovação e desenvolvimento interno. Estas organizações demonstram um maior interesse e empenho no bem-estar dos seus colaboradores e este compromisso aumenta, naturalmente, o seu envolvimento, lealdade e compromisso, reduzindo taxas de rotatividade e os custos de recrutamento associados.
A sustentabilidade na indústria de moldes não é apenas uma palavra da moda ou uma obrigação moral, mas sim um imperativo estratégico. Será fundamental para a competitividade, para a integração em novas cadeias de valor, para atrair novos clientes e negócios, para melhorar a eficiência operacional e mitigar os riscos associados à escassez de recursos. No sentido de superar estes desafios, as empresas devem adotar uma abordagem holística, integrando os conceitos relacionados com a sustentabilidade, na sua estratégia, operações e processos de tomada de decisão.
As entidades representativas do sector, a academia e as entidades oficiais e governamentais também desempenham um papel vital na criação de um ambiente propício a este processo, à promoção de iniciativas conjuntas, criação de instrumentos e políticas de apoio ou incentivos e regulamentos mais ajustados à dinâmica empresarial.
A sustentabilidade apresenta desafios e oportunidades para a indústria de moldes. Ao abordarem as condições comerciais, a governança e gestão e os aspetos sociais através de práticas sustentáveis, as empresas podem preparar o caminho para um futuro mais competitivo, verde e responsável. Abraçar a sustentabilidade como um desígnio nas suas diversas vertentes não é apenas uma tarefa imprescindível para as empresas de moldes, mas sim uma viagem transformadora em direção a uma indústria mais competitiva, forte e global.
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Texto: Manuel Oliveira | Secretário-geral CEFAMOL