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Desenvolver produtos próprios

Um dos principais focos para a diferenciação da Indústria Portuguesa de Moldes no mercado internacional tem passado pelo alargamento da sua cadeia de valor e pela capacidade de fornecer soluções integradas aos clientes, que poderão ir desde a fase do design de produto ou da engenharia e conceção até à produção de peças e componentes.

Este é um caminho que tem sido trilhado ao longo dos últimos tempos, muitas vezes impulsionado por exigência dos próprios clientes, mas também pela identificação de oportunidades de negócio de maior valor acrescentado para as empresas nacionais. Tal reflete-se no reforço de competências das organizações, na criação de equipas multidisciplinares que analisam o projeto de diferentes prismas, num maior envolvimento com centros de saber e conhecimento e na geração de massa crítica que permita abordar novos mercados ou áreas de negócio.

Com base nestes pressupostos, Portugal, no nosso sector, assumiu um posicionamento de excelência nesta área, catapultando as empresas para um novo patamar de diferenciação face à concorrência. A capacidade de industrialização de produtos e o design for manufacturing acrescentaram valor à nossa oferta, mas, mais do que isso, trouxeram experiência e abriram caminho para outras valências, onde se salienta a aptidão das empresas desenvolverem as suas próprias linhas de produtos.

Apontando a nichos de mercado ou produtos personalizados, em áreas que, tentativamente, não colidam com os interesses dos seus clientes, este tem sido um trajeto que tem vindo a ganhar forma.

Mas este é um caminho que não é linear ou isento de dificuldades. Infelizmente, e como se não bastasse, não é suficiente possuir as competências para criar, desenvolver ou produzir novos produtos. Começamos aí uma nova etapa que passa por levar o produto ao mercado, com a eventual necessidade de escalar a produção, alcançar certificações, de definir modelos de distribuição ou campanhas de marketing, apenas para referir alguns elementos preponderantes neste processo.

É também passar de uma lógica B2B (business to business) para B2C (business to consumer), definir novos modelos de negócio, onde, uma vez mais, a cooperação pode ser a solução para estes “novos” desafios. Encontrar entidades com diferentes áreas de especialização, com quem se desenvolvam verdadeiras parcerias, pode ser a solução para empresas de pequena ou média dimensão, sem uma experiência consolidada nestas vertentes.

Por outro lado, há que olhar para o mercado, para onde estão localizadas as verdadeiras oportunidades para rentabilizar os fortes investimentos que são feitos na conceção e produção. Neste contexto, creio que não será fácil se olharmos apenas para o espaço nacional. Há que internacionalizar, procurar novos clientes, rodearnos de quem nos possa fazer lá chegar, promovendo e vendendo os nossos produtos. No fundo, um caminho semelhante ao que fizemos com os moldes um pouco por todo o mundo, porém com novos canais de marketing e distribuição. Por último, há que estruturar a capacidade de financiamento para estes novos desenvolvimentos, nomeadamente, à medida que o empreendimento vá ganhando escala.

Este é todo um novo mundo para o qual importa estudar e definir uma estratégia que permita garantir a sustentabilidade, não apenas deste negócio, mas da organização como um todo. Vejamos os bons exemplos e aprendamos com eles, não só com os sucessos, mas também com a falta dele.

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Texto: Manuel Oliveira (Secretário-geral da CEFAMOL)

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