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Sumário Prefácio

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Introdução

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1. Histórico 1

1.1. Publicidade ou Propaganda?

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1.2. O começo de tudo

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1.3. A virada criativa

2. Assinatura de campanha 25

2.1. O processo criativo

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2.2. O círculo da obviedade

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2.3. Pontes criativas

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2.4. Assinatura e suas combinações

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3. Slogan 45

3.1. Origens

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3.2. Primeira geração

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3.3. Segunda geração

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3.4. Terceira geração

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4. Bordão 67

4.1. Do refrão ao bordão – Primeira geração

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4.2. Segunda geração

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4.3. Terceira geração

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4.4. Definição de bordão publicitário

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5. Comparativo entre os modos de fechar um anúncio

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Bibliografia

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Crédito das imagens

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Prefácio

O Justo Meio Durante anos, o ensino da Publicidade no Brasil foi vítima de uma falsa dicotomia que pode ser resumida na frase “quem sabe faz, quem não sabe ensina”, repetida por dezenas de profissionais consagrados no mercado, mas sem conhecimento formal da área. A partir de meados da década de 1990, a abertura da economia, o avanço da informatização e a globalização passaram a exigir maior sofisticação e profundidade dos serviços oferecidos pelas agências. O foco dos clientes não era mais somente a campanha memorável, mas o resultado dela, sua contribuição para a marca e para o balanço da empresa. Foi nesse momento que profissionais e acadêmicos descobriram a força do diálogo. Uma aproximação difícil, cheia de idas e vindas, à qual Celso Figueiredo, o Keko, tem dedicado boa parte de seus esforços nos últimos anos. Este livro representa mais um avanço na direção desse entendimento. Ao mostrar quanto a prática pode se beneficiar da teoria, e quanto a teoria se aperfeiçoa com a prática, ele aponta os possíveis desafios, e alguns caminhos, para a comunicação mercadológica no século XXI. Keko desmonta, para depois remontar, o árduo caminho que transforma um anúncio em elemento duradouro no imaginário popular. “Campanha”, é bom lembrar, é um termo que, apesar das suas 1001 utilidades, tem sua origem na guerra. Na guerra pela atenção do consumidor contemporâneo, não adianta

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se lançar desvairadamente no campo de batalha. É preciso método, é preciso estratégia, é preciso disciplina. Três elementos que estão presentes neste livro. Ao focar sua análise na assinatura de uma campanha, Celso chama nossa atenção para o fato de que não basta a centelha inicial da criatividade para vencer a batalha. Ele vai para as trincheiras e mostra a evolução do bordão ao longo do tempo em diversas campanhas memoráveis, e a crescente sofisticação do próprio “fazer publicitário” no Brasil. Keko não veio até aqui para beber, muito menos para conversar, mas para demonstrar como se faz o diálogo entre marca e consumidor, entre mercado e academia, e entre todos aqueles que procuram contribuir para a reflexão sobre esse importante segmento da economia e da contemporaneidade que é a comunicação publicitária. Enfim, deixo-o com Keko e suas bonitas camisas (veja a foto na orelha do livro). Até porque, no final das contas, este prefácio “não é assiiim… uma Brastemp”. Marcelo Coutinho Diretor Executivo do Ibope Inteligência e Professor da Fundação Cásper Líbero

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Fonte: Arquivo pessoal.

Nesse derradeiro exemplo, notamos claramente a função do grito de guerra ou da palavra de ordem em uma passeata ou manifestação popular. O título diz “Paz, trabalho, Maio” e, na camiseta da personagem, “A revolução continua”.

Nesses exemplos de cartazes de propaganda política ou de guerra, nota-se a presença do “grito de guerra” já adaptado às necessidades de comunicação de massa. O slogan transformou-se de comunicação um a um ou “um-a-muitos”, como no caso dos clãs, para a comunicação de massa, mediada por cartazes de conteúdo político e ideológico.

3.2

Primeira Geração

Para se entender a primeira geração do slogan, é fundamental conhecermos a passagem da comunicação baseada em relações comunicativas – entre pessoas – para uma comunicação baseada em vínculos comunicativos – mediada pelos meios de comunicação e todas as especificidades deles, incluídas as limitações e necessidades de seus meios de produção e multiplicação. Quando passamos de

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um processo de comunicação “olhos nos olhos” para um processo de comunicação mediado, há uma grande alteração tanto no processo quanto na mensagem e também na relação que emissor e receptor têm com determinado veículo de comunicação. A ausência física do emissor na transmissão da mensagem gera uma série de limitações e subjetividades que precisam ser superadas por técnicas de comunicação para que a relação comunicacional seja eficiente. Em outras palavras, foi necessário desenvolver, desde o primeiro momento da comunicação de massa, novas maneiras de produzir efeitos de comunicação que substituíssem aqueles próprios da comunicação interpessoal. A fotografia da pessoa, sua fala, é apenas a mais óbvia maneira de emular a presença do enunciador. Na realidade, foi necessário, por parte dos comunicadores, desenvolver grande domínio das técnicas de comunicação, pois, com a falta do feedback imediato, próprio da comunicação interpessoal – na qual os enunciadores ajustam constantemente sua mensagem para que a compreensão seja mais eficiente –, o comunicador publicitário teve de prever as reações e as relações subseqüentes aos inputs da comunicação. Além disso, também foi obrigado a adaptar sua comunicação às limitações dos veículos, como qualidade de impressão, restrição de cores, imagem estática, linguagem estética própria deste ou daquele veículo, linha editorial, local em que o cartaz seria fixado e a conseqüente influência que esse local teria sobre a apreensão da mensagem, a maneira como o cartaz seria percebido pelo público, a distância de leitura e as possibilidades de apreensão que leitores mais ou menos cultos, letrados ou não, teriam daquela mensagem. Abre-se um grande leque de possibilidades, nem todas controláveis, que devem ser compreendidas e contornadas por esses novos profissionais da comunicação. A passagem da relação comunicativa para o vínculo comunicativo marca a primeira geração do slogan, do grito de guerra dos clãs à mensagem mediada por meios de comunicação de massa ou pela reprodutibilidade em série. Em linhas gerais, podemos afirmar que o emissor precisou de maior domínio técnico dos meios de comunicação. Estes passaram a funcionar como extensões do emissor (ou do homem, para citar McLuhan, 1971). Esse domínio ocorreu em dois diferentes níveis. O primeiro nível de domínio é o técnico: o nascente publicitário teve de aprender as características objetivas dos meios de comunicação com os quais estava lidando. Os pôsteres talvez tenham sido os primeiros, mas logo

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vieram os panfletos, o jornal, o rádio, as revistas e os demais suportes para a comunicação publicitária. Em cada um desses suportes as limitações técnicas e características específicas do meio tiveram importantes interações com a própria construção da mensagem, bem como com a expectativa de sua apreensão. O segundo nível sobre o qual publicitários tiveram de se debruçar foi o da retórica. Pode-se afirmar que muito do que foi escrito sobre retórica desde os fundadores da ciência, os gregos, até seus inúmeros desenvolvedores, escritores romanos, padres medievais, pensadores renascentistas, criadores iluministas e barrocos e até alguns artistas modernistas, foi produzido tendo em mente a retórica basea­ da na relação comunicativa, ou seja, na relação direta do falante com seu auditório. Contudo, do nascimento da propaganda nazista para cá, a alteração fundamental de relação para vínculo comunicativo gerou mudanças e adaptações substanciais nas maneiras de convencer da retórica clássica. O profissional de publicidade que criou os slogans das lutas ideológicas, nessa primeira geração, tentou, de alguma maneira, reproduzir em seu pôster o clima, a ambiência de um discurso político, de um grito do povo. As cores, as técnicas gráficas, a diagramação, o formato desse título, curto, sonoro, eufônico, com o “jeitão” de uma pessoa falando, foi o princípio da informalidade – que existe até hoje na publicidade –, segundo a qual tentamos fazer uma comunicação o mais próximo possível do consumidor. No primeiro momento, contudo, essa informalidade era uma tentativa de deixar aflorar o enunciador na página do jornal ou na folha do cartaz. Slogan era então o título do anúncio. E esse título era carregado de fórmulas retóricas visando à repetição. Reboul talvez tenha sido o teórico que melhor estudou o slogan da primeira fase. Predominantemente político, o slogan tem como funções, segundo Reboul (1975, p. 11), fazer aderir, prender a atenção e resumir determinado pensamento. Slogans dessa época podem ser divididos em grupos de “frases de efeito”, cujas formas Iasbeck (2002, p. 59-60) nos apresenta de maneira sucinta e que aqui reproduzimos: Refrão: forma que se repete regularmente num poema ou numa canção; Adágio: sentenças morais sobre a arte da paciência e a esperança; Parêmia: breve alegoria verbal, frase de efeito;

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Jargão: sentença corrompida pelo uso excessivo ou idioleto profissional; Clichê: frases vulgarizadas, consagradas pelo uso cativo e regular; Divisa: sentença que se incorpora à marca, simbolizando uma idéia ou sentimento; Lema: sentença que contém preceito a ser seguido; Palavra de ordem: sentença autoritária que manda fazer alguma coisa; Norma: síntese de um princípio, de um preceito, de uma regra, de uma lei; Provérbio: sentença de caráter prático e popular, expressa de forma sucinta e geralmente rica em imagens; Máxima: os princípios básicos e indiscutíveis de alguma ciência ou arte, sentença ou doutrina moral. Um axioma.

Hoje, ainda poderemos encontrar slogans que se encaixam nas definições expostas, mas, o ponto que queremos ressaltar é que, em todos os casos citados (com exceção talvez do refrão e da parêmia, de que trataremos mais à frente), os slogans baseados em figuras de efeito retórico são ordens ou ensinamentos do enunciador para o enunciatário. Entendemos que essa primeira fase dos slogans prima por uma abordagem paternalista e imperativa. A idéia que subjaz a essa forma de construção lingüística é a ordem. Determinado líder político (e mais tarde marcas ou produtos) ordena e os cidadãos (mais tarde consumidores) obedecem, aceitam, repetem. Não cabe contestação, tampouco relacionamento, convívio ou interação. A postura é de cima para baixo: o emissor manda, o receptor repete e obedece. Os títulos com essa abordagem imperativa são gritados, prevalecendo neles a função conativa, centrada no “tu”. São títulos em que o emissor ordena ou ensina ao receptor como deve agir, são mais freqüentes em propaganda de varejo, em que se utiliza mensagens focadas em vendas: compre, corra, aproveite, experimente, prove, comprove, veja, use, seja e assim por diante. É importante ter em mente que esse modo de fazer publicidade é mais comum e menos sofisticado em termos de técnica publicitária. Seus efeitos são limitados, uma vez que se baseiam em fórmulas já bastante utilizadas, gastas até, e que sua argumentação está necessariamente centrada em determinada oferta ou nas características físicas do produto, ou seja, seus atributos. Podemos considerar que o slogan das

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décadas de 1930, 1940 e 1950, tradução do grito de guerra dos líderes políticos, passou a ser utilizado, com algumas adaptações, para vender produtos; manteve-se a postura assertiva e superior da marca para com seus usuários. Essa postura agressiva, hard sell, está presente até hoje na publicidade comercial de varejo, mas não apenas nela. Esse tipo de relação da comunicação com o consumidor está presente quando o enunciador assume uma postura paternalista que ensina, às vezes carinhosamente, às vezes nem tanto, ao indivíduo como ele deve se comportar em público, que tipo de roupa, estilo, linguajar e, claro, produtos e serviços deve usar para ser aceito socialmente. Repare que, atualmente, essa abordagem refere-se ao título dos anúncios, às chamadas dos comerciais e aos spots, e não mais ao slogan, pois este assumiu um papel bastante diferente no espectro da comunicação. O slogan não mais habita o topo da página nem é mais escrito em letras garrafais. Ele mudou de lugar, de função e de diagramação. Eis a segunda geração do slogan.

3.3

Segunda Geração

O desenvolvimento das técnicas de comunicação persuasiva mediadas pelos meios de comunicação de massa deu-se, geralmente, por tentativa e erro. Na primeira metade do século XX, prioritariamente por intuição dos publicitários; da década de 1950 em diante, com o crescimento do mercado de massa e auxílio de pesquisas de mercado. Claude Hopkins e David Ogilvy são alguns dos publicitários que foram fundamentais para o desenvolvimento do fazer publicitário. Eles adotaram a pesquisa de mercado como grande ferramenta para medir a eficiência da publicidade e tentar estabelecer padrões e procedimentos para esse novo mercado. Muito do que esses homens disseram, claro, foi superado. Mas as principais lições de como vender sem a presença do vendedor são, até hoje, aplicadas com sucesso no meio publicitário. Houve muitos estudos que buscaram as melhores maneiras de se comunicar por meio de jornais, revistas, rádios e TVs. Aos poucos, surgiram maneiras interessantes e eficazes de utilizar esses meios para transmitir mensagens, no início informativas, depois, com o aumento da concorrência e a comoditização dos produtos, a comunicação sofisticou-se

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em direção ao que hoje chamamos branding, a construção de marcas. Assim, foram criadas personalidades com as quais os consumidores se identificaram, estilos e jeitos de ser que fizeram dessas marcas únicas. Nesse processo, passou a ser cada vez mais importante criar mecanismos distintivos, que fizessem que uma marca fosse, aos olhos do consumidor, completamente diferente da sua concorrente. Os slogans, foram fundamentais nesse processo. “Servimos bem para servir sempre”, lema de tantas padarias, não pode ser considerado um slogan, já que não é nem um pouco distintivo da padaria anunciante. O slogan tem, portanto, a obrigação de ser um elemento definidor da personalidade da marca. Quanto mais exclusivo, ou seja, mais aplicável apenas a uma marca, melhor. Uma padaria perto de nossa casa utiliza o slogan “arte e talento”. Ora, “arte e talento” é um slogan coringa, isto é, ele serve para praticamente qualquer coisa, de padarias a serralherias, de bancos a pizzarias. Slogans assim – e há vários – são não-slogans, são frases que estão lá, ao lado da logomarca da empresa apenas para poluir a comunicação, já que nada agregam de distintivo, de próprio, à marca. A principal característica dessa segunda geração do slogan é exatamente a sua função. Agora o slogan não é mais o grito de guerra do clã, tampouco o título de uma mensagem comercial. O slogan é parte da assinatura, o slogan é parte da marca. É a versão textual da personalidade da marca, que tem seu equivalente visual no logotipo. Dessa forma, ao concluir o anúncio, é importante deixar claro ao consumidor quem é o anunciante. Seu nome, sua cara, sua visão de mundo. Logotipo/logomarca e slogan cumprem essa função. Visual e textualmente devem dizer, ainda que sedutoramente, que empresa é aquela, a que veio, como enxerga o mundo, e deixar subentendido que se determinado consumidor tem uma visão de mundo semelhante, ele é o consumidor “certo” para aquela empresa. Assim, slogan e assinatura também fazem parte do processo de segmentação que ocorre na escolha da marca de produto ou serviço a ser adquirido. Dessa maneira, o que se espera de um criativo ao criar um slogan é muito mais do que uma frase simpática, eufônica, que corresponda à proposta de vendas. O novo papel do slogan é apresentar a personalidade da empresa de modo simpático e sedutor; já a responsabilidade de apresentar o produto e oferecê-lo não é mais do slogan, e sim dos outros elementos do anúncio.

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Al Ries e Jack Trout (1996) propõem que o caminho da publicidade passa necessariamente pela construção de uma imagem de marca para cada empresa, produto e serviço, que a mente das pessoas é simples e que por isso elas fazem associações diretas entre marcas e conceitos e que, se as marcas não construírem conceitos fortes de si mesmas, acabarão sendo confundidas com outras ou substituídas por aquelas cujos preços são mais baixos. A idéia do posicionamento, a maneira pela qual a marca é percebida pelo consumidor, está na essência da função dessa segunda geração do slogan. Podese dizer que, para o consumidor, ao tomar conhecimento de uma nova marca, logomarca e slogan são os elementos pelos quais é mais fácil apreender a personalidade dessa marca. Naturalmente, toda comunicação, bem como as relações que estabelecemos com ela, a imagem anterior de marcas da mesma categoria provenientes da mesma região ou mesmo as imagens que outras pessoas têm dessa marca irão influenciar a nossa percepção. Contudo, é lícito propor que, de todo o espectro da comunicação de uma marca, logotipo e slogan são os elementos que transmitem maior intensidade e concentração da personalidade da marca. Por essa razão, slogans são tão duradouros. É necessário ter em mente que não se muda uma personalidade de um dia para o outro. Com relação a uma pessoa, uma vez que se tenha uma imagem formada dela, é muito difícil mudála. Por esse motivo, a construção de um slogan é um processo lento, delicado e complexo; uma vez escolhido, convém que permaneça junto da marca por vários anos. Assim como o logotipo, o slogan pode sofrer alterações, atualizações ou mesmo mudanças radicais. Contudo, é necessário ter em mente que, quanto mais se modifica – ou se tenta mudar – a imagem de uma marca, mais difícil será fixá-la na mente do consumidor. Mais do que isso, marcas necessitam de credibilidade. É como aquele político que tem um comportamento durante a campanha, é sorridente, simpático e bondoso, beija as criancinhas, conquista o coração e o voto do eleitor, mas, uma vez eleito, passa a exibir uma personalidade totalmente diferente e, em conseqüência desse ato, fica totalmente desacreditado. O mesmo ocorre com as marcas: se querem ser aceitas e respeitadas, precisam manter sua imagem, bem como sua forma de atuar no mercado, para que os consumidores

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tenham sempre uma imagem positiva delas. Os slogans contribuem para afirmar a razão de ser de uma marca, sua personalidade, e para, a cada peça de comunicação, reafirmá-la. Assim, um slogan tende a ser o mais duradouro elemento de comunicação. Há quem diga que se deve mudar slogans de tantos em tantos anos, afirmação com a qual não concordamos. Como elemento determinante da personalidade da empresa, entendemos que slogans, se bem construídos, devem durar muitos anos e, se houver necessidade de mudança, que seja apenas por razões competitivas, quando for necessário dar uma diferente personalidade à marca. É importante não confundir slogan com assinatura de campanha. Entendemos que a assinatura de campanha tem a durabilidade da campanha, ou seja, uma vez que determinada proposição básica não faça mais sentido, não surta efeitos, ou que, por motivos de concorrência ou de mudança nos hábitos dos consumidores, seja necessário alterar a proposição, é perfeitamente aceitável mudar a assinatura. A assinatura, presta-se sim, a movimentações competitivas e a mudanças no entendimento do consumidor. Já os slogans são parte da personalidade da marca, e não se muda a personalidade de uma hora para outra, conforme mudanças de mercado, sob risco de o consumidor passar a perceber aquela marca como sem personalidade, sem solidez, sem seriedade, como tantas pessoas que conhecemos e que mudam de opinião conforme a situação e acabam sendo malvistas por conta disso. A descrição histórica feita até aqui apresentou um panorama da evolução do slogan no quadro das ferramentas publicitárias. Na prática, porém, podemos observar empresas que ainda utilizam slogans ao modo antigo. Veja, por exemplo, o slogan da Nossa Caixa, “Vem pra Caixa você também. Vem!”, que explicita o DNA de grito de guerra do slogan. “Estão tirando o verde de nossas matas”, da Fundação SOS Mata Atlântica, também contém essa idéia de grito, de apelo, comum em slogans do passado. Entre os slogans ao estilo “antigo”, podemos citar aqueles que possuem rima ou outros recursos e, por esse motivo, acredita-se, conseguem ser mais lembrados, por exemplo: “Se é Bayer, é bom”, “Pense forte, pense Ford”, “Se a marca é Cica, bons produtos indica” e, mais recentemente, “Dúvida por quê? Sabão é Ypê!” e “Se o bar é bom, o chope é Brahma”. Alguns destes têm a intenção de tornarem-se bordões, ou seja, de passarem a

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ser repetidos pelos consumidores. Entretanto, não basta ter rima para se tornar um bordão. O bordão tem uma série de características específicas que iremos abordar com mais detalhes adiante e, como slogans, ainda são antiquados, já que não se concentram em utilizar a ferramenta para construção da personalidade da marca. Slogans que se tornaram clássicos como construtores e formadores da imagem das marcas têm sempre características definidoras dos diferenciais da empresa, sejam esses diferenciais físicos ou outros atributos da empresa. Nesse caso estão os dois slogans usados pelo Banco Itaú. É possível perceber que um é conseqüência lógica do outro: primeiro, “Banco eletrônico”, depois, “Pronto para o futuro”, que por vários anos contribuíram para a construção da imagem de um banco informatizado, ágil e moderno. A revista Veja, da Editora Abril, tem como slogan “Os olhos do Brasil”, por meio do qual apresenta a revista e seu diferencial: enxergar a realidade brasileira. O diferencial trabalhado, contudo, não precisa ser um atributo da empresa, ele pode ser uma percepção subjetiva, uma idéia ligada à imagem da marca que se quer implantar na cabeça do consumidor. É claro que, para que essa idéia vingue, o diferencial subjetivo deve ter alguma relação com a percepção atual do consumidor sobre a marca. Tomemos como exemplo o slogan que por muitos anos contribuiu para a construção da marca Volkswagen, “Você conhece. Você confia”, que, baseado em uma impressão de confiabilidade que o produto já possuía, conseguiu fixar a marca como sinônimo de carros fortes, resistentes e confiáveis. “A cerveja que desce redondo”, da Skol, igualmente apresenta, de maneira bem-humorada e simpática, uma característica física que sugere conseqüências subjetivas ao consumidor. De um lado, a facilidade que é beber uma cerveja pilsen, leve, ao gosto brasileiro; de outro, as demais associações com o universo “redondo” facilitam uma percepção subjetiva de um universo rico e divertido. Um slogan como “Apaixonados por carro como todo brasileiro”, da Ipiranga, apresenta claramente a perspectiva de mostrar a empresa por meio de seus valores e sutilmente dizer que, se o consumidor também é apaixonado por carros, esse é o posto de combustível dele. A idéia da paixão, hoje tão freqüente na comunicação das empresas, talvez seja o caminho mais fácil para o passo seguinte: a terceira geração do slogan.

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3.4

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Terceira Geração

Na primeira geração, o slogan era o grito de guerra, a palavra de ordem, o título; na segunda, passou a representar a visão de mundo da empresa, a sua personalidade; a terceira geração do slogan está diretamente ligada ao que se convencionou chamar branding. Hoje, o tema é muito abordado por profissionais de publicidade, designers, consultores de marcas e de marketing e é visto como a tábua da salvação para muitas empresas que se envolveram excessivamente em estratégias promocionais e, como conseqüência, acabaram por ter seus produtos desvalorizados ou comoditizados aos olhos dos consumidores. A idéia que subjaz ao processo de branding é uma nova tentativa de tornar a empresa única aos olhos do consumidor, não apenas pela construção da personalidade da marca, mas pela integração da marca na vida, no dia-a-dia do consumidor. Agora não basta dizer quem aquela empresa é. É preciso demonstrar seu ponto de vista em relação à vida e ao mundo dos negócios. O novo estágio do desenvolvimento do marketing das marcas exige que a marca pertença à vida de seus consumidores. Essa nova tendência tornou-se o foco de uma infinidade de empresas, que nem sempre experimentam o sucesso. Como tantos outros aspectos no mundo da publicidade, o conceito de branding tem sido absorvido de modo superficial e, como conseqüência, muitas empresas têm se empenhado em fazer campanhas com forte apelo emocional. É preciso separar as coisas. O aspecto emocional é, sem dúvida, um dos grandes canais para se abordar o consumidor. O modelo experimental hedonista, ou o consumidor dionisíaco, segundo a terminologia proposta por Carrascoza (2004), é sem dúvida um caminho de acesso à mente dos consumidores, especialmente eficaz quando eles não estão diretamente interessados no produto ou serviço divulgado. Então, o uso da emoção, do humor, do horror, do estranhamento e de outras tantas técnicas utilizadas para quebrar a percepção seletiva é uma ótima alternativa para conquistar a atenção e direcionar o pensamento do consumidor para a marca a ser anunciada.1 A emoção é um grande portal pelo qual se pode acessar a mente do consumidor, porém não é, necessariamente, a maneira adequada para se fazer branding. 1

Sobre esse assunto, ver o capítulo Estratégias de Mensagem do livro Redação publicitária: Sedução pela palavra.

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