Metodologia Científica - Autor: Fábio Appolinário

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METODOLOGIA CIENTÍFICA


METODOLOGIA CIENTÍFICA


Metodologia científica

Apresentação Um conteúdo objetivo, conciso, didático e que atenda às expectativas de quem leva a vida em constante movimento: este parece ser o sonho de todo leitor que enxerga o estudo como fonte inesgotável de conhecimento. Pensando na imensa necessidade em atender o desejo desse exigente leitor é que foi criado este produto voltado aos anseios de quem busca informação e conhecimento com o dinamismo dos dias atuais. Com esses ideais em mente, nasceram os livros eletrônicos da Cengage Learning, com conteúdos de qualidade, dentro de uma roupagem criativa e arrojada. Em cada título é possível encontrar a abordagem de temas de forma abrangente, associada a uma leitura agradável e organizada, visando facilitar o aprendizado e a memorização de cada disciplina. A linguagem dialógica aproxima o estudante dos temas explorados, promovendo a interação com o assunto tratado. Ao longo do conteúdo, o leitor terá acesso a recursos inovadores, como os tópicos “Atenção”, que o alertará sobre a importância do assunto abordado, e o “Para saber mais”, com dicas interessantíssimas de leitura complementar e curiosidades bem bacanas, que aprofundarão a apreensão do assunto, além de recursos ilustrativos, que permitirão a associação de cada ponto a ser estudado. Ao clicar nas palavras-chave em negrito, o leitor será levado ao Glossário, para ter acesso à definição da palavra. Para voltar ao texto, de onde parou, o leitor clica na própria palavra-chave do Glossário, em negrito. Esperamos que você encontre neste livro a materialização de um desejo: o alcance do conhecimento de maneira objetiva, concisa, didática e eficaz. Boa leitura!

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Metodologia científica

Prefácio A constante necessidade de aperfeiçoar os meios de conhecimento fez com que o indivíduo estabelecesse formas de pesquisas que viabilizassem o encontro de respostas mais abrangentes e precisas para as suas dúvidas. O termo metodologia científica compreende as formas e métodos a serem utilizados no campo de uma verificação, seja ela teórica ou prática. Esta obra divide-se em 4 partes. Na primeira, são estudados os conceitos basilares do método científico e os sistemas válidos da produção científica. Nesta passagem, o leitor aprenderá um pouco mais sobre eventos, periódicos, comunidades científicas, fomento por parte de organismos e instituições ao processo de iniciação científica. A segunda parte do trabalho vai apresentar o passo a passo do processo de pesquisa e os instrumentos postos à disposição do pesquisador/cientista para elaboração do seu projeto. Interessante atentar-se para as orientações sobre os diversos mecanismos passíveis de serem utilizados para a escolha daquele que melhor atende aos objetivos do pesquisador. Já na terceira parte da obra, o leitor vai encontrar as modalidades de um trabalho científico e os tipos de discursos existentes no campo da metodologia. A partir das noções lançadas, o leitor terá condições de traçar seus próprios paradigmas acerca do que representa uma pesquisa e sua relevância prática. Por fim, na quarta parte do trabalho, o leitor vai entender a importância das variáveis e dos níveis de amostragem, bem como a utilidade desses parâmetros para o resultado de um trabalho científico. A leitura didática e organizada oferecerá, certamente, uma proveitosa absorção dos conceitos. Desejamos uma excelente leitura!

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Unidade 1 - Introdução

UNIDADE 1 INTRODUÇÃO Capítulo 1 Conhecimento Científico e Senso Comum, 10 Capítulo 2 Método e Método Científico, 11 Capítulo 3 Ciência, 12 Conhecimento Religioso (ou Teológico), 12 Conhecimento Artístico, 12 Conhecimento Filosófico, 13 Capítulo 4 Divisão da Ciência, 14 Capítulo 5 O Sistema de Produção Científica, 15 Periódicos Científicos, 15 Eventos Científicos, 18 Comunidade Científica, 19 Natureza da Pesquisa: Qualitativa versus Quantitativa, 22 Finalidade da Pesquisa: Básica versus Aplicada, 23 Tipo de Pesquisa: Descritiva versus Experimental, 23 Estratégias de Pesquisa, 24 Delineamentos de Pesquisa, 28 Glossário Unidade 1, 31

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mundo seria menos dinâmico se não existisse a ciência. A busca pelo conhecimento, sempre em ampla evolução no que consiste aos seus meios, permitiu ao ser humano alcançar o atual desenvolvimento, possibilitando, ainda, sua incansável procura. A metodologia de pesquisa científica fornece ao pesquisador o caminho que ele deve percorrer para otimizar e viabilizar esse encontro. O Capítulo 1 deste material apresenta os tópicos introdutórios do conhecimento científico, seus métodos, sua divisão e natureza, proporcionando ao leitor conhecer as razões e a importância da pesquisa científica no nosso cotidiano.

1. Conhecimento Científico e Senso Comum Quando o ser humano deixou de aceitar passivamente o funcionamento das coisas, se interessando e observando cada etapa desse desempenho, ele passou a aderir a um sistema chamado procedimento científico, que visa alcançar sempre o resultado mais preciso e correto possível. Este tipo de conhecimento permite ao homem entender a fundo a existência de diversos fenômenos, observando cada etapa do processo envolvido. Diferentemente do procedimento científico, temos o conhecimento que se perfaz por meio do senso comum e que tem um caráter menos complexo por se valer dos conhecimentos adquiridos ao longo do tempo, mediante experiências individuais passadas de geração a geração, e que não requerem procedimentos problemáticos. Tabela 1 – Conhecimento científico e senso comum.

Conhecimento a partir de procedimentos científicos

Conhecimento a partir do senso comum

Sistemático.

Assistemático.

Metódico: é produzido a partir de uma série de procedimentos específicos e bem definidos.

Ametódico: frequentemente depende do caso.

Objetivo e impessoal: é simples, direto e factual. Tende a ser mais isento, dependendo menos dos nossos juízos e disposições pessoais

Subjetivo: depende de nossos juízos e disposições pessoais.

Apesar da existência desses dois modos de conhecimento, um não é superior ao outro. Em verdade, eles se complementam. Isso porque, o conhecimento científico depende e se origina de indagações oriundas do senso comum, o que pode acabar resultando em alguma descoberta científica importante. Numa simples e modesta definição, pode se entender que o conhecimento científico é o conhecimento produzido pelos cientistas. O cientista nada mais é do que o


Unidade 1 - Introdução

indivíduo que se utiliza de procedimentos científicos para obter conhecimento e encontro de respostas às indagações suscitadas.

2. Método e Método Científico Método é um procedimento ou um conjunto organizado de passos que se deve realizar para atingir determinado objetivo e está presente em todos os âmbitos da experiência humana. O método científico é, portanto, apenas um caso particular dos diversos tipos de métodos e consiste em algumas etapas bem definidas, como: identificação de um fenômeno no universo que peça explicação (observação); produção de uma explicação provisória que desvende esse fenômeno (geração de hipóteses); execução de um procedimento que possa testar essa explicação, a fim de verificar se ela é verdadeira ou falsa (experimentação); análise e conclusão, visando estabelecer se a hipótese pode ser considerada verdadeira também em outros contextos diferentes daquele do experimento original (generalização). Por exemplo: um pesquisador na área de educação observa que seus alunos parecem obter melhor desempenho acadêmico quando têm acesso ao material de estudo antes da aula (observação). Dessa forma, ele supõe que isso ocorra porque, ao ler o material com antecedência, os alunos assistem às aulas mais relaxados e podem fazer perguntas de melhor qualidade (geração de hipóteses). O pesquisador decide, então, testar essa suposição da seguinte forma: distribui seus alunos em dois grupos. O primeiro terá acesso ao material antes da aula, ao passo que o segundo, não. Ao longo de seis meses de aulas, o pesquisador aplica provas de conhecimentos para acompanhar o desenvolvimento da compreensão dos alunos sobre o tema ensinado e observa o comportamento deles em sala de aula, o tipo de pergunta que fazem etc. (experimentação). Ao final de todo o processo, ele compara as notas dos alunos dos dois grupos e verifica que sua suposição estava correta: “alunos que têm acesso ao material instrucional, com antecedência, apresentam desempenho acadêmico superior, pois assistem às aulas mais relaxados e fazem perguntas de melhor qualidade” (generalização).

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TENÇÃO: O método científico está embasado em vários outros métodos, como a observação, a geração de hipóteses, a experimentação e a generalização!

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3. Ciência A palavra ciência vem do latim scientia, cujo significado é “conhecer”. Por sua definição, a ciência possui algumas características particulares especiais que a diferenciam de outras formas de conhecimento, como a arte, a religião, a filosofia e o senso comum.

Conhecimento Religioso ou Teológico Desde os primórdios, existe a crença em uma força superior, divina, que rege os destinos do universo. Essa crença, produto da fé e da transcendência, permitiu ao ser humano explicar e organizar uma realidade muitas vezes ameaçadora e perigosa. Por exemplo: quando perdemos um ente querido, a ciência não pode nos consolar, mas as matrizes explicativas religiosas nos trazem conforto e nos ajudam a suportar melhor a perda. A maioria de nós já se sentiu ligada, de alguma forma, a essa força divina que, em cada religião, assume uma manifestação específica. O conhecimento religioso, em seu sentido mais amplo, refere-se a qualquer conhecimento que não possa ser questionado ou testado, adquirindo portanto um caráter dogmático. O dogma é uma afirmação que não pode ser contestada e acaba se constituindo na base da maioria das religiões. Um individuo católico apostólico romano, por exemplo, deve necessariamente acreditar no “dogma da infalibilidade papal”, que afiança ser impossível que o papa se engane sobre qualquer assunto, uma vez que ele seria, supostamente, o legítimo representante de Deus na Terra. Outra característica interessante do conhecimento religioso refere-se ao seu caráter pessoal: a fé de uma pessoa não pode ser totalmente comunicada às outras. Ou seja, a “experiência religiosa” é muito pessoal, e essa “reconexão” (a palavra religião é derivada do termo latino religare – ligar novamente, ou seja, reconectar algo que já foi ligado em eras passadas: Deus e o homem) pode se dar tanto em uma cerimônia religiosa como em outras situações inusitadas.

Conhecimento Artístico O conhecimento artístico é embasado na emoção e na intuição. Em contato com uma obra de arte, seja ela uma pintura, uma escultura, uma música ou uma poesia, por exemplo, muitas vezes não é possível resumir, em palavras, a experiência que se extrai. Isso se deve ao fato de a informação veiculada pela manifestação artística ser preponderantemente de natureza emocional. Ao observar um quadro, ele despertará algum tipo de emoção: admiração, irritação, paz, alegria etc. O conhecimento artístico pode ou não assumir uma lógica similar ao senso comum e à ciência. A arte pode, na realidade, assumir qualquer forma, uma vez que o que vale é a relação particular que se estabelece entre o observador e o fenômeno


Unidade 1 - Introdução

observado. Por exemplo: pode-se olhar para uma equação escrita em um quadro-negro e pensá-la sob a ótica da matemática (ciência) ou da estética (o equilíbrio dos termos, a cor do giz, a sonoridade de seus elementos etc.). O conhecimento artístico possui duas características bem importantes: é uma forma de conhecimento inesgotável, ou seja, a informação estética contida em uma obra de arte é encarada de forma diferente por várias pessoas e também de diversos modos por uma única pessoa, em momentos diferentes. Segundo, a informação estética não pode ser traduzida para outras linguagens sem perda de informação relevante.

Conhecimento Filosófico A palavra filosofia deriva da junção dos termos gregos philos (amor) e sófia (sabedoria). Pitágoras, grande filósofo do século VI a.C., denominava-se “amante da sabedoria”. A “filosofia” é algo intermediário entre a religião e a ciência. Semelhantemente à religião, a filosofia consiste em especulações sobre diversos assuntos, com respeito aos quais ainda não foi possível obter conhecimento científico. Mas, semelhantemente à ciência, a filosofia apela à razão humana, e não a uma autoridade, seja ela relacionada à tradição ou à revelação. Todo conhecimento definido sistemática, ametódica e subjetivamente pertence à ciência; todo dogma a respeito daquilo que jaz além do conhecimento definido cientificamente pertence à religião. Mas entre a religião e a ciência há uma terra descampada que está aberta a ataques de ambos os lados, pois ela não pertence a nenhuma delas: essa terra descampada pertence à filosofia.

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Metodologia científica

Pode-se dizer que um dos mais fortes componentes presentes na filosofia é a razão. Naturalmente isso também ocorre na ciência, mas a diferença básica entre elas reside no método para a produção do conhecimento: a filosofia baseia-se fundamentalmente na razão, tanto como a ciência, mas, ao buscar comprovações empíricas acerca dos fatos, a ciência produz conhecimentos necessariamente verificáveis. Tabela 2 – Tipos de conhecimentos e suas bases.

Tipo de conhecimento

Base

Conhecimento religioso

Dogma

Conhecimento artístico

Emoção e intuição

Conhecimento filosófico

Razão e sabedoria

4. Divisão da Ciência A ciência encontra-se dividida em ciências formais, ciências naturais e ciências sociais. As ciências formais lidam unicamente com abstrações, ideias e estruturas conceituais, não necessariamente ligadas aos fatos, como a matemática e a lógica. As ciências naturais, como a biologia, a física e a química, estudam os fenômenos naturais (a vida, o ambiente etc.). Por fim, as ciências sociais, como a psicologia, a sociologia e a economia, dedicam-se à investigação dos fenômenos humanos e sociais. Quadro 1 – Divisão das ciências.

Divisão da Ciência Ciências formais

Lidam unicamente com abstrações, ideias e estruturas conceituais.

Ciências naturais

Estudam os fenômenos concernentes à biologia, física e química (vida, ambiente etc.).

Ciências sociais

Ciências sociais, como a psicologia, a sociologia e a economia dedicam-se à investigação dos fenômenos humanos e sociais.


Unidade 1 - Introdução

5. O Sistema de Produção Científica Algo muito importante a se saber é onde o conhecimento científico é veiculado. A resposta é: nos periódicos científicos, principalmente.

Periódicos Científicos Um periódico científico (ou journal, em inglês) é um tipo especial de revista que possui certas características diferenciais em relação às revistas comuns. A primeira característica refere-se ao fato de que um periódico científico possui um comitê científico-editorial, dos quais alguns membros avaliam a qualidade dos artigos submetidos à publicação. Para quem deseja publicar um artigo em um periódico, o primeiro passo a ser adotado é enviá-lo para o editor do periódico que, primeiramente, eliminará do artigo quaisquer informações que permitam a identificação de sua autoria. Depois disso, o editor enviará o artigo para dois ou três pareceristas ad hoc (membros do comitê científico-editorial). O parecerista ad hoc é um cientista, provavelmente ligado a alguma instituição de ensino superior dentro ou fora do país, cuja área de pesquisa é a mesma abordada no artigo ou muito próxima dela. Esses pareceristas têm um prazo – normalmente 30 ou 40 dias – para analisar o artigo e criticá-lo. O artigo pode ser aceito ou recusado e devolvido, com os comentários críticos dos pareceristas, no caso de rejeição. Se recusado, o artigo poderá ser retificado e submetido novamente à avaliação. Esse processo pode, então, repetir-se inúmeras vezes, até que o artigo seja aceito para publicação. Esse sistema de envio-análise-retorno denomina-se peer review ou simplesmente “revisão pelos pares”, e é realizado, normalmente, na modalidade de double blind review – ou seja, “revisão duplamente cega” (você não conhece a identidade dos pareceristas nem eles a sua). Evidentemente, esse procedimento é feito para tornar o sistema mais justo e imune a personalismos indesejáveis. É muito comum encontrarmos a expressão: “Esta revista não se responsabiliza pelas opiniões aqui emitidas, que são de responsabilidade unicamente de seus autores”, que normalmente aparece em revistas. Isso, no entanto, não ocorre em um periódico científico: ele, de fato, responsabiliza-se pela veracidade dos artigos publicados, uma vez que o comitê científico-editorial avaliou aquele conteúdo informacional.

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A segunda grande diferença entre uma revista comum e um periódico científico reside no procedimento de indexação. Os artigos publicados em um periódico científico são indexados, ou seja, passam a fazer parte de índices científicos setoriais que servem para que outros pesquisadores possam encontrá-lo quando estiverem procurando informações sobre o tema desenvolvido em sua pesquisa. A maioria desses índices é consultada, atualmente, por meio da internet e alguns deles são públicos e gratuitos, embora outros tenham seu acesso restrito às instituições que pagam pelo serviço. Fluxograma 1 – Passo a passo para a publicação de um artigo científico em periódico científico.

Elaboração de artigo segundo processo científico

Envio do artigo ao editor do periódico para análise

Encaminhamento a pareceristas do comitê científico-editorial para verificação do conteúdo.

Devolução ao editor

Recusa

Aprovação

Devolução ao autor para retificação

Publicação

Processo de indexação Ao escrever um artigo científico, ele deverá conter uma série de tópicos obrigatórios, como seções de método, resultados, discussão, referências etc. Dois desses elementos obrigatórios são o resumo do artigo e as palavras-chave a ele associadas. O primeiro, como o próprio nome indica, é uma síntese, normalmente com até 200 palavras, que apresenta todas as informações relevantes acerca do artigo, incluindo suas conclusões. O outro elemento obrigatório são as palavras-chave, tipicamente cinco ou seis, que o autor deverá escolher como as mais representativas para descrever o assunto de que trata o artigo. Assim, os índices de busca científica funcionam de forma muito parecida com a dos de busca populares (como Google ou Yahoo!): basta que a pessoa interessada informe as palavras-chave de sua busca e solicite ao índice que pesquise artigos que as contenham – não ao longo de todo o texto do artigo, mas que coincidam com as palavras-chave que o autor do artigo estipulou. O resultado dessa pesquisa não será uma relação de artigos em sua íntegra, mas dos resumos desses artigos.


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Os pesquisadores interessados no assunto lerão apenas o resumo do artigo e, daí, julgarão se vale ou não a pena obter o texto na íntegra para analisá-lo mais detidamente. Convém destacar que o idioma da ciência é o inglês, e não o português. Por esse motivo, todo artigo publicado em um periódico científico brasileiro tem um resumo em português e um abstract (o resumo vertido para a língua inglesa), além das palavras-chave e as keywords (as palavras-chave, em língua inglesa), embora o artigo propriamente dito possa estar redigido em português, inglês ou ou até mesmo em espanhol, francês e outras línguas. Nos periódicos totalmente redigidos em inglês, não haverá versão para o português do abstract e das keywords. Outro detalhe importante é que nem sempre será possível encontrar o conteúdo de artigos na íntegra, mas apenas os resumos. Nesse caso, será possível conhecer apenas o nome do periódico, o volume, e as páginas em que o artigo se encontra para, posteriormente, procurar alguma biblioteca que possua o periódico para então poder lê-lo. Há periódicos científicos apenas na versão impressa, em versões digital e impressa, e outros ainda que só existem virtualmente. Uma última observação acerca dos periódicos científicos merece destaque. Trata-se do fato de eles serem, em geral, altamente especializados. Assim, cada ciência tem seus próprios periódicos – e, mais do que isso, normalmente, cada tópico específico de determinada ciência tem periódicos especializados. Tabela 3 – Exemplos de periódicos especializados.

Ciência

Disciplina ou subárea

Periódico

Biologia

Biologia celular

European Journal of Cell Biology

Psicologia

Reabilitação cognitiva

Journal of Cognitive Rehabilitation

Física

Óptica

Journal of Pure and Applied Optics

Sociologia

Culturas comparadas

International Journal of Comparative Sociology

Economia

Agronegócios

Agricultural and Resource Economic Review

Ciências contábeis

Auditoria contábil

Journal of Forensic Accounting


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Existem, também, periódicos mais gerais, com escopo de publicação mais amplo (exemplos: Brazilian Journal of Biology, American Journal of Sociology, Revista Brasileira de Administração etc.), até o ponto de abarcar diversas ciências, como é o caso das prestigiosas Science e Nature. Embora os livros possam ser meios legítimos de veiculação do conhecimento científico, o meio oficial para essa divulgação é o periódico científico, em versão impressa ou digital. Existe um sistema de validação dos próprios periódicos. No Brasil, por exemplo, uma entidade ligada ao governo federal que fiscaliza e avalia os periódicos é a Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – http://www.capes.gov.br). Além disso, os periódicos também são reconhecidos e validados pela própria comunidade científica à qual estão ligados – por exemplo, na área de psicologia, o periódico Psicologia: Teoria e Pesquisa, ligado à Universidade de Brasília (UnB). Na área de administração, tem-se a Revista de Administração de Empresas – RAE-FGV, editada pela Fundação Getúlio Vargas de São Paulo, e assim por diante.

Eventos Científicos Os congressos científicos são grandes eventos nos quais os pesquisadores e estudantes de determinada área da ciência se encontram periodicamente para apresentarem seus trabalhos mais recentes e entrarem em contato com os trabalhos dos demais colegas.


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O congresso científico abarca determinados tipos de participação. O interessado poderá ser meramente um “congressista”, ou seja, participante observador das diversas atividades ali desenvolvidas, ou comparecer na qualidade de expositor de determinado trabalho. Nesse caso, há diversas formas pelas quais se pode informar à comunidade científica o que tem sido produzido nos últimos tempos. Por exemplo: na categoria “painel”, monta-se um cartaz (normalmente nas medidas de 1 m por 1,5 m) com todos os detalhes da pesquisa, que ficará exposto, durante certo tempo, em uma área especialmente reservada para essa finalidade. O trabalho também pode ser apresentado em uma sessão de comunicação oral ou, tratando-se de um cientista renomado, pode ocorrer o convite para ele ministrar, aos congressistas, uma conferência sobre determinado tema. De qualquer forma, seja qual for a modalidade de participação, a presença em eventos científicos é muito importante, tanto para o estudante como para o pesquisador, pois é exatamente nessas oportunidades que se tem contato com os pares e interlocutores intelectuais, colegas que criticarão e debaterão as ideias expostas – processo sem o qual a ciência não avança.

Comunidade Científica A ciência é, sobretudo, uma construção social e, sendo assim, a produção do conhecimento científico se dá por meio de intensa colaboração entre os diversos pesquisadores de cada área específica. Dessa forma, a primeira coisa a se saber é quem serão os interlocutores do projeto que se visa apresentar. Ou seja, qual é a comunidade científica que apreciará o trabalho. Assim, havendo interesse por uma linha de pesquisa qualquer, o primeiro passo é determinar os principais periódicos que veiculam o assunto, as principais referências clássicas (autores consagrados de outras épocas) e contemporâneas (os pesquisadores de destaque atuais), os principais centros de pesquisa (normalmente departamentos e laboratórios dentro de universidades) etc. O próximo passo é absorver a maior quantidade possível de informações acerca do tema desejado (por meio dos índices de busca e acesso aos periódicos científicos e livros recomendados por pesquisadores mais experientes). Finalmente, deve-se entrar em contato com a comunidade visada e iniciar o processo de colaboração da comunidade para com o pesquisador. Isso acaba ocorrendo, normalmente, quando o estudante ingressa em um programa de pós-graduação stricto sensu, oferecido por instituição de ensino superior reconhecida pelo Ministério da Educação (MEC). Pós-Graduação A rigor, em nosso país há dois tipos de pós-graduação (atividades educacionais que ocorrem após o estudante obter sua colação de grau em algum curso regular de graduação): a lato sensu e a stricto sensu. O primeiro tipo refere-se aos cursos

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de especialização, de cunho essencialmente profissionalizante – ou seja, voltados às necessidades específicas do mercado de trabalho –, que possuem carga horária de, no mínimo, 360 horas/aula. São cursos bastante específicos e ministrados em um formato parecido com o da graduação. A pós-graduação stricto sensu refere-se aos programas de mestrado e doutorado, oferecidos nas mais diversas áreas de conhecimento, por várias instituições de ensino. O objetivo de quem se inscreve em um programa desse tipo (normalmente, primeiro o mestrado e depois o doutorado) é ingressar na carreira acadêmica, ou seja, tornar-se em professor universitário e/ou pesquisador-cientista. Tabela 4 – Tipos de pós-graduação.

Tipos de pós-graduação

Lato Sensu

Curso de especialização, de cunho essencialmente profissionalizante, voltado às necessidades específicas do mercado de trabalho. Possui carga horária de, no mínimo, 360 horas/aula. São cursos bastante específicos e ministrados em formato parecido com o da graduação.

Stricto Sensu

Curso voltado a programas de mestrado e doutorado, oferecidos nas mais diversas áreas de conhecimento, por várias instituições de ensino. O objetivo é ingressar na carreira acadêmica, a fim de se tornar um professor universitário e/ou pesquisador-cientista.

O mestrado pode ser visto como uma etapa intermediária em direção ao objetivo maior: o doutorado. Trata-se de um curso no qual o estudante deve cursar algumas disciplinas (umas obrigatórias e outras optativas) e, ao final, sob a orientação de um professor doutor (o orientador), produzir um tipo especial de monografia denominado dissertação, que é um trabalho acadêmico parecido com a monografia de conclusão de curso (ou trabalho de conclusão de curso, o TCC) exigida ao final de alguns cursos de graduação. Além de elaborar a dissertação, o aluno deve se submeter às arguições de uma banca: a banca de defesa. Nessa ocasião, o pretendente ao grau de mestre (chamado de mestrando) apresentará seu trabalho e, em seguida, responderá oralmente aos questionamentos da banca examinadora, que deve ter lido o trabalho com antecedência. O doutorado não difere muito do mestrado em seu formato. Há, também, a figura do orientador, certas disciplinas a serem cursadas e a produção de uma monografia: a tese. Pode-se dizer que a principal diferença entre uma dissertação e uma tese consiste na profundidade e complexidade do tratamento dado ao tema pelo estudante. Assim, geralmente considera-se a tese um trabalho mais complexo e profundo que uma dissertação. Ao final do doutorado (tipicamente, demora-


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se dois ou três anos no mestrado e de três a cinco anos no doutorado), também ocorre a arguição por ocasião da defesa da tese – após a qual o doutorando passa à condição de doutor. Bolsas e Agências de Fomento à Pesquisa A formação de mestres e doutores tem relevância estratégica para qualquer país do mundo. Assim, é muito comum que os governos incentivem e até financiem integralmente as despesas dos alunos que desejam cursar esses programas. Dessa forma, os programas de mestrado e doutorado, com qualidade reconhecida pela Capes, normalmente oferecem bolsas de estudo para os estudantes, por meio de alguma agência financiadora. No Brasil, por exemplo, no âmbito do governo federal, dois organismos oferecem as referidas bolsas: a própria Capes e o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). No âmbito dos governos estaduais, também encontramos agências financiadoras, como a Fapesp, no estado de São Paulo, e a Faperj, no estado do Rio de Janeiro. Iniciação Científica O planejamento de uma carreira acadêmico-científica deve ocorrer desde cedo na vida universitária. Embora a maioria dos estudantes desconheça a existência de todo esse sistema, em muitas áreas do conhecimento já existe uma tradição muito grande em relação ao tema “educação continuada”. Trata-se, além disso, de uma questão de empregabilidade: o curso universitário não se constitui mais em um diferencial competitivo, já que quase todos o têm. As empresas e instituições, de forma geral, desejam contratar pessoas diferenciadas – ou seja, aquelas capazes de resolver e antecipar a ocorrência de problemas, as aptas a agregar conhecimento às atividades operacionais e estratégicas e, sobretudo, aquelas capazes de se reinventar a cada momento. Isso requer pessoas que o tempo todo estão dispostas a aprender coisas novas e a reciclar seus conhecimentos – e, para isso, nunca podem parar de estudar. A segunda razão é que existem programas científicos voltados especificamente para os alunos de cursos de graduação: são os chamados programas de iniciação científica. Esses programas, em geral financiados pelas próprias instituições de ensino, são voltados para a produção de uma monografia (versão simplificada de uma dissertação) e, neles, o aluno recebe uma bolsa de estudos integral ou parcial, normalmente por um ano. Ao longo desse período, o aluno terá o acompanhamento de um professor-orientador que o auxiliará a desenvolver seu trabalho. Esse tipo de programa, oferecido por muitas instituições de ensino – inclusive privadas –, é muito importante, pois se trata do primeiro contato do aluno com a atividade de produção de conhecimento científico.

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O mundo seria menos dinâmico se hoje não existisse a ciência. A busca pelo conhecimento, sempre em ampla evolução no que consiste aos seus meios, permitiu ao ser humano alcançar o atual desenvolvimento e possibilita, ainda, a sua incansável procura. Este e-book fornece ao pesquisador o caminho que ele deve percorrer para otimizar e viabilizar esse encontro.

ISBN 13: 978-85-221-2242-4 ISBN 10: 85-221-2242-3


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