PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO
PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO
Planejamento Apresentação Estratégico
Apresentação Um conteúdo objetivo, conciso, didático e que atenda às expectativas de quem leva a vida em constante movimento: este parece ser o sonho de todo leitor que enxerga o estudo como fonte inesgotável de conhecimento. Pensando na imensa necessidade de atender o desejo desse exigente leitor é que foi criado este produto voltado para os anseios de quem busca informação e conhecimento com o dinamismo dos dias atuais. Com esses ideais em mente, nasceram os livros eletrônicos da Cengage Learning, com conteúdos de qualidade, dentro de uma roupagem criativa e arrojada. Em cada título é possível encontrar a abordagem de temas de forma abrangente, associada a uma leitura agradável e organizada, visando facilitar o aprendizado e a memorização de cada disciplina. A linguagem dialógica aproxima o estudante dos temas explorados, promovendo a interação com o assunto tratado. Ao longo do conteúdo, o leitor terá acesso a recursos inovadores, como os tópicos “Atenção”, que o alertam sobre a importância do assunto abordado, e o “Para saber mais”, que apresenta dicas interessantíssimas de leitura complementar e curiosidades bem bacanas, para aprofundar a apreensão do assunto, além de recursos ilustrativos, que permitem a associação de cada ponto a ser estudado. Ao clicar nas palavras-chave em negrito, o leitor será levado ao Glossário, para ter acesso à definição da palavra. Para voltar ao texto, no ponto em que parou, o leitor deve clicar na própria palavra-chave do Glossário, em negrito. Esperamos que você encontre neste livro a materialização de um desejo: o alcance do conhecimento de maneira objetiva, concisa, didática e eficaz. Boa leitura!
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Planejamento Prefácio Estratégico
Prefácio Com frequência, nos vemos cercados de métodos organizacionais que nos auxiliam a estruturar nossos objetivos, nossa carreira, nossas finanças, entre outras coisas. O planejamento pode não ser essencial, mas está comprovado que os profissionais que o utilizam como recurso de organização colhem frutos bem vantajosos. É por essa razão que cada vez mais as empresas assumem posturas estratégicas, levando para dentro de suas estruturas uma visão diferenciada de atuação no dia a dia. Contudo, como é que se institui um projeto de planejamento dentro de uma empresa? Quais são os critérios? Quais os resultados a se esperar? Pensando na necessidade de levar ao conhecimento do leitor as respostas a essas indagações é que preparamos um material conciso, com diretrizes e conceitos acerca do planejamento estratégico. No conteúdo da disciplina de Planejamento estratégico, você encontrará em quatro unidades, a abordagem para um dos principais conceitos e teorias sobre o assunto. Na Unidade 1 são estudados de forma didática e abrangente temas como as origens históricas do planejamento estratégico, o planejamento e a aplicação nas organizações, os tipos de planejamento estratégico e a análise do ambiente interno da empresa. Na Unidade 2, o leitor entenderá um pouco mais sobre a avaliação do ambiente externo de uma empresa, assim como as variáveis macroambientais, econômicas, geográficas, socioculturais e internacionais. Aprofundando um pouco mais os conceitos, na Unidade 3 são exploradas questões mais práticas, como a implantação, as técnicas de análise e a seleção de estratégias. Por último, na Unidade 4, são estudados assuntos como gestão empresarial, gestão de recursos humanos, gestão de marketing e gestão financeira, além de tipos de indicadores e fases da implantação do planejamento estratégico. Desejamos a você uma excelente leitura!
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Unidade 1 – O planejamento estratégico aplicado nas organizações
UNIDADE 01
O PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO APLICADO NAS ORGANIZAÇÕES Capítulo 1 Introdução, 10 Capítulo 2 As origens históricas do planejamento estratégico, 12 Capítulo 3 Conclusões, 25 Capítulo 4 Resumo por tópicos, 25
Glossário, 26
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1. Introdução O planejamento está presente em todos os momentos de nossa vida. Desde que nascemos, fazemos parte de um sistema que envolve a sociedade, família, amigos, empresas e pessoas que influenciam em nossa vida e nas nossas decisões cotidianas. Muito do que decidimos na nossa vida se processa de maneira informal, sem a necessidade de extensas pesquisas, como qual restaurante vamos frequentar, em qual supermercado vamos fazer nossas compras etc. Entretanto, a maioria das pessoas, quando pensa em viajar para outros países, por exemplo, necessita de dados e informações sobre tarifas e datas que estejam de acordo com a sua disponibilidade financeira e de tempo e, para tanto, questionam valores e negociam as formas de pagamento, para ajustar suas necessidades de acordo com seus recursos. Assim, o planejamento pode ser operacionalizado informalmente, sem a necessidade de controles mais rígidos, uma vez que são poucos os riscos e valores envolvidos. No entanto, quando nos deparamos com responsabilidades maiores, que envolvem outras pessoas e empresas, torna-se necessária a aplicação de um planejamento mais formal, baseado em fatos concretos e projeções, que possibilite que as pessoas possam ter a melhor decisão. Essa aplicação envolve uma visão sistêmica, conforme a figura a seguir. Figura 1 – Esquema de planejamento estratégico
MISSÃO / VISÃO
Ambiente Interno Externo
CORE BUSINESS
Mercado Concorrência
FATORES CRÍTICOS DE SUCESSO
VARIÁVEIS AMBIENTAIS Internas Externas
Fonte: Autor.
Cenário setorial Oportunidades Ameaças
Capacitação Potencialidades Fragilidades
Estratégias
Plano de ações
Unidade 1 – O planejamento estratégico aplicado nas organizações
Quando o termo “planejamento estratégico” é utilizado, ele se refere a uma categoria de planejamento que envolve a sobrevivência e a sustentabilidade de uma empresa, com as responsabilidades relacionadas à companhia, a seus negócios, a seus empregados, fornecedores e clientes. Envolve também o aprofundamento das estratégias mercadológicas, financeiras, de recursos humanos, de produção e de todas as outras áreas da empresa. Dessa forma, pretendemos conceituar e discutir a origem do planejamento, destacando sua aplicação nas organizações. A partir desse contexto, serão conceituados os tipos de planejamento e suas respectivas aplicações nas diferentes áreas de uma empresa, a partir da determinação da missão, visão, definição do negócio, estratégias, objetivos, diretrizes políticas, política da qualidade, competências gerenciais e fatores críticos de sucesso, valores, crenças, princípios de gestão e metas do planejamento estratégico. Para tanto, serão necessários o conhecimento e a utilização assertiva dos termos e fundamentos correspondentes. Quando o assunto é planejamento estratégico, várias dúvidas são levantadas. Por exemplo: o que é planejamento estratégico? Como ele se processa? Quais os limites entre os planejamentos operacional, tático e estratégico? Quais as diferenças entre plano estratégico e gestão? Como se processam as estratégias? Este capítulo pretende desenvolver e elucidar essas questões.
Objetivos de aprendizagem Conceituar e discutir, de forma contextualizada com o ambiente atual, a importância e a aplicação do planejamento estratégico como necessidade para que as empresas possam evoluir de forma sustentada. Desenvolver os principais conceitos e aplicações que demonstrem a importância da prática cotidiana do planejamento estratégico nas organizações contemporâneas.
Temas Será explicado como surgiu o planejamento estratégico e como seus conceitos evoluíram até os dias de hoje, de forma a atender as diferentes demandas das organizações. Serão debatidos os principais conceitos para que uma empresa desenvolva seu planejamento estratégico, como a determinação da missão, visão, definição do negócio, estratégias, objetivos, diretrizes políticas, política da qualidade, fatores críticos de sucesso, valores, crenças, princípios de gestão e metas do planejamento estratégico. Por fim, discutiremos como o planejamento estratégico se processa nas organizações a partir da análise de ambiente interno, da identificação das competências essenciais e dos fatores críticos de sucesso.
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Como estudo de caso, será analisada a situação de uma pequena empresa, demonstrando a necessidade do planejamento estratégico para as empresas de qualquer porte.
2. As origens históricas do planejamento estratégico As origens do planejamento estratégico estão relacionadas às grandes guerras, aos grandes estrategistas e ao modelo militar. De forma direta, estrategistas como Alexandre, Napoleão, Júlio César e Mao Tsé-Tung, por exemplo, conduziam e movimentavam seus exércitos como peças de xadrez num tabuleiro, de forma a equilibrar as forças conflitantes dentro de um ambiente no qual as informações eram demasiadamente escassas e limitadas. Trabalhavam, por vezes, com forte intuição e necessitavam de volumosos recursos, que envolviam o tamanho de seus exércitos, armamentos e alimentos. Já outros estrategistas, como Sun Tzu, De Jomini, Von Clausewitz e Maquiavel, buscavam estudar e analisar as movimentações bélicas, procurando entender as concepções e o dinamismo das ações. Um dos pontos preponderantes foi a presença e a distribuição do poder, indicando uma hierarquização para definir quem eram os comandantes e quem eram os comandados. Esse modelo militar é sustentado até hoje por rígidas normas e convenções que delimitam direitos, responsabilidades e punições para os envolvidos. Desse cenário histórico surgiram, então, os conceitos elementares e preliminares de estratégia, como planejamento estratégico, e formas de obter os melhores resultados em combate. Ressaltando uma frase de Maquiavel (1469-1527), “os fins justificam os meios”, ou seja, o que importa são os resultados a serem conquistados, independentemente de como as ações e os recursos serão aplicados. Ainda entre os estrategistas, destaca-se Sun Tzu, autor de A arte da guerra (século IV a.C.), obra composta por treze capítulos relacionados a um combate realizado de forma racional, que até hoje é considerada atual e insuperável. Nesse tratado, o autor descreve as qualidades necessárias para um general, comandante de guerra – o segredo, a dissimulação e a surpresa.
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Bombardeio de Tourane pela frota francesa, em 1858 (atual cidade de Da Nang, no Vietnã).
O conteúdo da obra, mesmo tratando de questões voltadas para o esforço bélico, foram adaptados para a atualidade, contextualizando as empresas e suas ações dentro de seu ambiente de negócios e frente aos concorrentes. Tais comentários podem ser atualizados e devidamente contextualizados nas Forças Armadas – Exército, Marinha e Aeronáutica –, pela estrutura de poder e pelas características de comando, responsabilidades e atividades. Das diversas interpretações, temos a estratégia como sendo parte integrante do planejamento da tática, de forma a dar uma direção e manobra às operações militares. Conforme Luzio (2010, p. 34) a “estratégia corretamente escolhida e implementada com excelência é o meio de se desenvolver e consolidar esta atratividade singular no mercado, permitindo à empresa alcançar sua Visão de Futuro com crescimento sustentável”.
O planejamento e suas aplicações nas organizações Atualizando os conceitos para o ambiente empresarial nos dias de hoje, percebemos mudanças bastante significativas. Uma delas se refere à concentração e à distribuição do poder. Se antigamente havia duas facções bem definidas em conflito, atualmente temos empresas em maior quantidade e que competem pelo mesmo consumidor, adotando práticas consideradas éticas pelo mercado. Outro ponto fundamental é a questão dos recursos utilizados. Se na época das grandes guerras eram necessários grandes volumes de recursos, como soldados, sua respectiva alimentação e armamentos para ganhar a guerra, hoje as empresas entendem que para ganhar o consumidor precisam utilizar menos recursos para se tornarem mais competitivas. Tais recursos são considerados escassos e a empresa deve geri-los a fim de obter os melhores resultados econômicos e financeiros.
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Antigamente, as arenas onde ocorriam as batalhas eram, de certa forma, limitadas geograficamente. Atualmente, a batalha é travada não apenas com a concorrência do país, mas também com o mercado internacional. Finalmente, a empresa tem acesso a mais dados do que antigamente, sendo de responsabilidade desta a identificação de suas necessidades de informações, de técnicas de captação, de interpretação, de análise e aplicação de estratégias que visem o crescimento da empresa e o desenvolvimento da sociedade em geral.
A globalização mudou a forma e a velocidade de se fazerem negócios.
Entendendo a empresa e sua necessidade de planejar as suas ações Uma empresa pode ser conceituada de várias formas. Ela é uma entidade que tem função econômica e social, com impactos ambientais e políticos. A função econômica leva em consideração o uso de fatores produtivos (como o trabalho, a terra e o capital) e sua transformação para gerar riqueza e impostos. A função social leva em consideração a integração humana, além de materiais e técnicos que possibilitam empregos que sustentam as famílias. Por outro lado, a geração de impostos pela própria existência da empresa e da satisfação de seus propósitos empresariais sustenta um sistema que favorece a sociedade, na aplicação em educação, alimentação, saúde e infraestrutura.
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De acordo com as atividades econômicas desenvolvidas, as empresas podem ser classificadas como pertencentes ao setor primário (cujos recursos são obtidos da natureza, como produtos agropecuários), setor secundário (a matéria-prima é transformada em bens) e setor terciário (prestação de serviços). Independentemente da classificação econômica, todas as empresas trazem consequências e impactos ambientais, uma vez que exploram os recursos da natureza e da sociedade. Uma empresa jornalística, ao usar papel para impressão, obtém sua matéria-prima (celulose) da natureza. Assim, ao comercializar as informações, gera uma série de atividades que acabam por causar impactos ambientais. Por outro lado, a indústria que comercializa o papel pode diminuir tais impactos realizando o plantio sustentado e incentivando a reciclagem de papel junto à comunidade onde está inserida. Dessa forma, as empresas assumem direitos e deveres junto à sociedade, seus funcionários, stakeholders, clientes e todos aqueles que, direta ou indiretamente, relacionam-se à sua atividade-fim, como hospitais, escolas, asilos e creches, por exemplo. Dentro dessa perspectiva a empresa tem responsabilidades socioeconômicas e ambientais, fazendo parte de um sistema produtivo integrado com outras empresas e pessoas. Daí reside a importância do planejamento estratégico e da gestão de empresas, no sentido de utilizar da melhor forma possível seus recursos, processos e resultados, atendendo às suas funções perante a sociedade.
Tipos de planejamento estratégico A abertura de uma empresa implica que ela existe em decorrência de uma necessidade a ser atingida, ou seja, existe um grupo de clientes interessados no que a empresa pretende oferecer. Para a prática de uma boa gestão, uma empresa deve ter uma estrutura departamentalizada e hierarquizada que permita a identificação e a categorização de funções, processos e responsabilidades. A departamentalização tem sua origem nas Escolas Clássicas de Administração, sobretudo a gerencial, defendida por Henri Fayol. A departamentalização consiste na construção de uma estrutura organizacional dividida por objetivos e processos, de forma a enquadrar, concentrar e otimizar recursos e esforços, a fim de obter a melhor eficácia e eficiência, além de aprimorar as relações de trabalho em cada unidade da empresa. Essa divisão e esse agrupamento facilitam a execução e o controle de tarefas, proporcionando homogeneidade, produtividade e sinergias necessárias para a obtenção de melhores rendimentos do trabalho. O departamento de Recursos Humanos tem papel fundamental nas empresas porque seu objetivo é manter a qualidade e a cultura organizacional. Dessa forma, tem como metas a identificação, a seleção, a manutenção e mesmo o desligamento
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de seus talentos humanos. Para garantir seus resultados departamentais, deve ter colaboradores internos com formação acadêmica e experiência profissional convergentes aos objetivos estratégicos da organização. Com isso, contribui significativamente para que as outras áreas da empresa – como marketing, produção e finanças, por exemplo –, desempenhem, também, as suas atividades. Figura 2 – Mapa de relacionamentos
Mapa de Relacionamentos Organização
Mercado de trabalho
Recursos humanos
Diferencial competitivo?
Comunidade de pesquisa Mercado de capitais
Diferencial competitivo?
Marketing
Promoção Reclamação
Equipes
Desenv. de produtos Capital
Operações de campo
Mercado
Administração e finanças Necessidade de material
Programação de produção
Fabricação Lembram-se da Champion?
Envio de produtos Reclamação de qualidade
Diferencial competitivo?
Fonte: Adaptado de Rummler e Brache (1994, p. 48).
Por meio da departamentalização é possível visualizar a cadeia de eventos externos e como os processos são realizados. Com essa visualização, é possível a empresa identificar a cadeia de serviços, envolvendo o conceito de fornecedor-cliente. Essa relação implica identificação e análise de quais pessoas e departamentos participam de um processo dinâmico de relacionamentos internos e externos, onde um colaborador (ou departamento) oferece um serviço a outro. Por exemplo, um cliente pode se dirigir ao atendimento de uma rede de fast-food e solicitar um combo. Ao pagar pelo lanche no caixa, a solicitação é dirigida automaticamente à área de produção de alimentos, enquanto a informação de pagamento possibilita ao financeiro ter em tempo real a entrada de receitas e o departamento
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de compras, o nível de estoques. A análise do mapa de relacionamentos permite que a empresa identifique e mensure os processos e as respectivas necessidades de mão de obra e outros recursos. A hierarquização consiste na distribuição de responsabilidades e de poder a partir de uma ordenação de cargos e funções por meio de uma ordem de importância. Em uma organização, é representada por um organograma geralmente verticalizado onde é possível identificar cargos e os respectivos profissionais que os integram. Essa hierarquização envolve os diferentes agrupamentos por atividades – departamentos – e, posteriormente, como estes se organizam dentro de um organograma maior.
Planejamento de um organograma.
A hierarquização permite identificar as necessidades de responsabilidades e como serão processadas as responsabilidades da gestão do negócio e de planejamento estratégico, tático e operacional. Entende-se por planejamento um processo sistêmico, contínuo e dinâmico que envolve um conjunto de ações integradas e orientadas para um cenário futuro, sustentando o processo de tomada de decisão. Essas ações devem ser identificadas e executadas de forma a garantir a qualidade e os resultados, dentro de custos e prazos definidos. A metodologia gerencial refere-se a como a empresa realiza o agrupamento dessas ações, no sentido de obter o melhor rendimento – eficácia e eficiência – em seus resultados.
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Figura 3 – Níveis de planejamento
Estratégico
Tático Operacional
Pela sua própria natureza, o planejamento empresarial não pode se basear na informalidade, como quando se toma decisões pessoais cotidianas de alimentação e entretenimento. Parte da premissa de que deve se basear em dados, fatos e informações que permitam que os recursos e esforços sejam coordenados de forma a atender às necessidades da sociedade e da empresa. Considera-se como planejamento estratégico a metodologia gerencial que permite direcionar o caminho que a empresa deverá seguir para atingir um futuro desejado, interagindo com o ambiente de negócios no qual está inserida. Essa metodologia envolve a definição de um posicionamento estratégico e a construção de cenários que permitam a identificação e seleção de alternativas de caminhos que conduzam aos melhores resultados. Conforme Luzio (2010, p. 107), não se deve confundir a melhoria contínua operacional com o planejamento estratégico. O primeiro termo se refere às melhorias necessárias que a empresa identifica no decorrer de suas atividades. O segundo, de forma mais ampla, contempla intervenções importantes, consideradas como rupturas a partir da aplicação de estratégias que transformam as organizações, seu referencial competitivo ou mesmo seu posicionamento estratégico. O plano estratégico é o documento formal que contém os dados, as informações e as atividades necessárias para que os envolvidos entendam as razões das ações, como e quando será realizada cada fase, ou seja, o plano de ação em si. Com esse documento, é possível estabelecer o início, o desenvolvimento e o final do processo de implementação do planejamento estratégico, apresentando o resultado esperado de cada fase. Em síntese, o planejamento estratégico identifica os caminhos que a empresa deve seguir, bem como as ações e os recursos. Dentro de seu planejamento estratégico, a Unilever, por exemplo, publicou em 2004 o seu primeiro Relatório Socioambiental, apresentando as contribuições da empresa, além de suas ações e práticas sociais. Esse é um processo parcial da empresa, que visa criar a transparência necessária aos seus stakeholders, dentro do conceito de governança corporativa.
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Planejamento estratégico: metodologia gerencial que permite direcionar o caminho que a empresa deverá seguir para atingir um futuro desejado.
O planejamento tático, por sua vez, envolve uma metodologia gerencial capaz de otimizar determinada área da empresa. Como visto, a empresa deve ter uma departamentalização, onde cada área contribui para a consecução dos resultados da organização. Dessa forma, cada área deve ter um planejamento específico que conduza à obtenção de resultados que, integrados com outros, levem a empresa para o futuro desejado. Em síntese, determina como será a gestão de recursos e áreas da empresa. Uma instituição financeira (um banco, por exemplo) é constituída por departamentos ou áreas relacionadas ao atendimento ao cliente, tesouraria, câmbio, controladoria, entre outras, com propósitos diferentes, mas que, em conjunto, satisfazem às necessidades de sua carteira de clientes – pessoas físicas e jurídicas – e suas necessidades como empresa. A eficácia está relacionada aos níveis estratégicos e, principalmente, táticos. É uma medida de rendimento que correlaciona os resultados obtidos dentro dos objetivos globais da empresa. Como exemplo, podemos citar o caso de um gerente de um departamento que está constantemente preocupado em encontrar novas formas de reduzir custos, aperfeiçoar processos e obter maior rentabilidade dos produtos da empresa. É, essencialmente, medir o que deve ser realizado. O planejamento operacional envolve o desenvolvimento de atividades formais que possibilitam que as metodologias gerenciais sejam alcançadas. Cada departamento envolve uma série de processos a serem desenvolvidos, como a incorporação de
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peças e acessórios que farão parte de um automóvel ou o atendimento e abertura de conta-corrente em um banco. Em resumo, envolve a consecução de atividades relacionadas aos processos básicos de uma empresa. A eficiência está relacionada ao nível operacional e avalia o rendimento individual dos elementos que compõem o sistema e a respectiva otimização de recursos. Um empregado da área de produção pode chegar e sair nos horários e desempenhar bem suas funções. É fazer corretamente o que deve ser feito. Por fim, a efetividade, que está diretamente relacionada aos três níveis de planejamento e aos resultados obtidos dentro dos prazos estipulados. O planejamento estratégico está intimamente vinculado a recursos e prazos que devem ser cumpridos, em razão de compromissos assumidos com terceiros. É a combinação de planejamento e execução de tarefas dentro do tempo esperado. A organização não deve ser vista somente como uma entidade sem vida. Ela tem uma estrutura que deve, como um organismo vivo, ser dividida por órgãos que desempenham determinadas funções individuais que atuam em conjunto, de forma sinérgica para a sustentabilidade de um ser humano. Esse organismo necessita de insumos que o sustentem e promovam seus movimentos e ações.
O planejamento estratégico está intimamente vinculado a recursos e prazos que devem ser cumpridos.
Componentes básicos de um plano estratégico Para iniciar o plano estratégico de uma empresa, é necessário definir qual a necessidade que a empresa pretende atender no mercado e onde deseja estar no futuro. Para tanto, o primeiro passo é a definição de missão de empresa. A definição estratégica da missão de empresa está relacionada a qual necessidade pretende atender no mercado e indica onde pretende concentrar seus recursos e esforços. Delimita a que público a empresa pretende atingir, indicando a sua razão de ser, derivando seus produtos, serviços, posturas e práticas estratégicas. A empresa deve ter a preocupação de tornar sua missão conhecida e assimilada pelo seu público interno e mercado, para que haja uma integração entre ambos.
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Formalmente, a missão deve estar declarada no estatuto social e, da mesma forma, a classificação econômica (a que setor pertence) e a tributária (base de impostos a serem pagos). Outro ponto fundamental é a definição da visão da empresa, em que são identificados os limites que a empresa consegue enxergar a médio prazo e que propicia o delineamento do planejamento estratégico. Representa o ambiente futuro onde a empresa pretende estar posicionada com sucesso. A partir da definição de missão e visão é possível traçar os objetivos e metas que tornarão mais consistentes os passos a serem seguidos no planejamento estratégico. Os objetivos estão relacionados aos desafios que a empresa pretende superar no futuro. Geralmente tem um sentido mais amplo, estilístico e não restrito para que a empresa consiga ter um norteamento de caminho, mas não necessariamente um destino específico. Um exemplo de objetivo é a empresa almejar ser a referência no varejo de classe média na cidade de São Paulo. Já as metas são as etapas que devem ser realizadas para que a empresa supere desafios. Compreendem, geralmente, períodos de um ano fiscal e, a cada meta superada, mais próxima a empresa estará do seu objetivo. Imagine-se que a empresa do exemplo anterior estabeleça, como meta, o aumento de 5% nas vendas no próximo ano, redução de 3% dos custos operacionais e abertura de uma nova unidade na zona leste. As diretrizes estratégicas se referem aos conjuntos estruturados de objetivos, propósitos, políticas e estratégias que orientam o comportamento tático de empresas. Essas diretrizes são delineadas a partir de valores, que podem ser éticos e morais, por exemplo. Todas essas considerações redundam num dos conceitos mais importantes do planejamento: a elaboração de uma boa estratégia que vise atender tanto às demandas do mercado como às da própria empresa. Para que os resultados se consolidem a partir da missão e visão, a empresa deve desenvolver estratégias assertivas. São ações devidamente formalizadas e articuladas de forma a atingir as metas e objetivos e superando os desafios propostos. Não existe a possibilidade de uma definição fechada, hermética, devido ao seu teor complexo e, por vezes, subjetivo, pois diz respeito a como a empresa realiza a gestão de seus recursos, faz uso dos instrumentos, administra os seus pontos fracos e fortes e aproveita as suas oportunidades e enfrenta as ameaças. Em síntese, formaliza o que foi acordado no planejamento estratégico da organização. Ao determinar os objetivos e metas, a empresa deve informar qual modelo de gestão do desempenho organizacional será utilizado – os controles, instrumentos organizacionais, processos, métodos e indicadores que permitirão a avaliação sistêmica dos resultados a serem obtidos. Esse modelo de gestão será analisado no capítulo 5.
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PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO
Nesta obra, o autor traz o conceito e origem do planejamento, além de sua aplicação às organizações. O leitor terá uma visão mais organizada da diferença e dos diferentes tipos de planejamento e de planos, além de aprofundar seu conhecimento em gestão estratégica e suas características, conceitos e principais tendências. A obra conta ainda com o plano estratégico e seus componentes, tais como: missão, visão, negócio, estratégias, objetivos, diretrizes políticas, política da qualidade, fatores críticos de sucesso, valores, crenças, princípios de gestão e metas do planejamento estratégico. O leitor irá ainda aprofundar seu conhecimento na metodologia necessária para a elaboração do plano estratégico, com relação a ameaças, oportunidades, forças e fraquezas das organizações, por meio de formulação de estratégias e do desdobramento do plano pela organização.