Métodos e Técnicas de Ensino

Page 1

MÉTODOS E TÉCNICAS DE ENSINO


MÉTODOS E TÉCNICAS DE ENSINO


MétodosApresentação e técnicas de ensino

Apresentação Um conteúdo objetivo, conciso, didático e que atenda às expectativas de quem leva a vida em constante movimento: este parece ser o sonho de todo leitor que enxerga o estudo como fonte inesgotável de conhecimento. Pensando na imensa necessidade de atender o desejo desse exigente leitor é que foi criado este produto voltado para os anseios de quem busca informação e conhecimento com o dinamismo dos dias atuais. Com esses ideais em mente, nasceram os livros eletrônicos da Cengage Learning, com conteúdos de qualidade, dentro de uma roupagem criativa e arrojada. Em cada título é possível encontrar a abordagem de temas de forma abrangente, associada a uma leitura agradável e organizada, visando facilitar o aprendizado e a memorização de cada disciplina. A linguagem dialógica aproxima o estudante dos temas explorados, promovendo a interação com o assunto tratado. Ao longo do conteúdo, o leitor terá acesso a recursos inovadores, como os tópicos Atenção, que o alertam sobre a importância do assunto abordado, e o Para saber mais, que apresenta dicas interessantíssimas de leitura complementar e curiosidades bem bacanas, para aprofundar a apreensão do assunto, além de recursos ilustrativos, que permitem a associação de cada ponto a ser estudado. Ao clicar nas palavras-chave em negrito, o leitor será levado ao Glossário, para ter acesso à definição da palavra. Para voltar ao texto, no ponto em que parou, o leitor deve clicar na própria palavra-chave do Glossário, em negrito. Esperamos que você encontre neste livro a materialização de um desejo: o alcance do conhecimento de maneira objetiva, concisa, didática e eficaz. Boa leitura!

5



Métodos e Prefácio técnicas de ensino

Prefácio Certamente, em algum momento da nossa vida, nos deparamos com aquele professor ou professora que nos ensinou determinado conceito de maneira ímpar: seja por meio de um macete, um lembrete qualquer, seja por meio da paixão pela arte de ensinar que aquela aula, aquela explicação nunca mais nos saiu da cabeça! Nem sempre, entretanto, o mestre consegue prender a atenção do aprendiz... Principalmente com a chegada definitiva da tecnologia, essa missão se torna cada vez mais difícil. Nesse contexto, o que pode ser feito para que o ensinamento possa ser transmitido de maneira plena e satisfatória? De quais meios o professor deve se valer para passar adiante o aprendizado da matéria sem que o aluno se disperse ou de modo ele e interesse por cada palavra dita, por cada experiência transmitida? A criatividade e a formação técnica facilitará a escolha da melhor alternativa. Métodos e técnicas de ensino é mais uma disciplina desenvolvida com a finalidade de formar o educador que pretende otimizar o seu dom de repassar conhecimento. Na Unidade 1, o leitor vai entender melhor como funciona a memória no processo de armazenamento de informações e o importante papel da atenção nesse cenário. Vai conhecer, também, algumas práticas adotadas que estimulam o aprendizado. A Unidade 2 explora a importância do trabalho em grupo no processo de aprendizagem e os métodos de ensino utilizados nos conjuntos, como as dinâmicas em grupo. Os pensadores que influenciaram na criação de métodos e técnicas de ensino são revisitados na Unidade 3, que trata, inclusive, dos reflexos das transformações na educação brasileira, a profissão do professor contemporâneo e o docente universitário. Já a Unidade 4 abordará as ferramentas tecnológicas e a sua utilização como técnica de transmissão de conhecimento aos alunos. É preciso se reciclar. Prender a atenção do aluno não é tarefa fácil. Compreendendo essa dificuldade, esperamos transmitir conceitos importantes para o educador possa executar aquilo que ele sabe fazer de melhor: transmitir sabedoria e aprendizagem.

7



Unidade 1 – Metodologias de ensino: possibilidades educacionais

UNIDADE 1 METODOLOGIAS DE ENSINO: POSSIBILIDADES EDUCACIONAIS Capítulo 1 Métodos, técnicas e estratégias de ensino: do educador ao educando, 10 Capítulo 2

A memória e o processo de armazenamento, 11

Capítulo 3

Ensino e aprendizagem: processos educacionais, 15

Capítulo 4

Metodologia no ensino superior, 18

Capítulo 5

Estratégias e técnicas: práticas estimuladoras, 20

Capítulo 6

Tendências e abordagens pedagógicas, 24

Glossário, 30

9


10

Métodos e técnicas de ensino

1. Métodos, técnicas e estratégias de ensino: do educador ao educando Durante muitos anos, nossos antepassados fizeram uso de artefatos para facilitar atividades cotidianas. Pedras e galhos eram materiais para construção de objetos de sobrevivência, como martelos e pontas de lança. Em determinado momento, também se fez necessário contar animais, plantas e, em busca de novos recursos para facilitar esse processo, novamente utilizaram elementos que estavam à disposição, como pedras, gravetos e desenhos no chão. Esse procedimento, apesar de fazer parte da vida de nossos ancestrais e, portanto, ser uma exemplificação de milhões de anos atrás, continua sendo muito presente no que diz respeito à evolução. O celular pode ser um exemplo para a análise desse processo: há dez anos pensava-se nesse equipamento especialmente para comunicação verbal pela linha telefônica. Atualmente, entretanto, ele é utilizado como último recurso para fazer ligações, pois são realizadas desde as mais complexas ações matemáticas e comunicativas até as tecnológicas. A educação também faz parte dessas experiências históricas evolutivas. Há dez ou vinte anos

Dias atuais

Podemos analisar tal evolução ao retomarmos nossos ancestrais, que, durante o cultivo da terra e a criação de animais, tinham a preocupação de transmitir os conhecimentos aos mais jovens com o objetivo de prepará-los para a sobrevivência da


Unidade 1 – Metodologias de ensino: possibilidades educacionais

comunidade. Desse modo, a imitação, a participação e a exposição oral foram ferramentas utilizadas para que houvesse a transmissão de conhecimento, e eles faziam uso desses recursos como aprendizado diário do grupo. A memorização, por meio da transmissão oral e da imitação das ações dos mais velhos, era a única ferramenta de aprendizagem que os mais jovens tinham para adquirir as informações recebidas. A tarefa, entretanto, não era fácil para todos. Dessa forma, aquele que conseguisse memorizar com mais facilidade as tarefas transmitidas era escolhido para repassar conhecimento aos demais. Para tanto, utilizava-se da dramatização, personalização e narração. Tais elementos foram colocados nesse processo de ensino-aprendizagem para estimular a memória dos jovens, de forma que estes, consequentemente, repassassem o cultivo da terra e dos animais por gerações. O cuidado em propagar o conhecimento e a criação de novos estímulos para realizar o processo de transmissão é uma preocupação até os dias atuais, que instiga e questiona educadores de todas as áreas sobre as práticas educativas. O processo de ensino-aprendizagem modificou-se com o tempo, ora pela evolução da humanidade, ora pela própria necessidade dessa evolução. O conhecimento que anteriormente era transmitido por meio de dramatização hoje se faz com uso da tecnologia e de práticas fundamentadas em estudos do comportamento e compreensão humana. Enfim, compreender o ser humano antecede qualquer ação pedagógica.

2. A memória e o processo de armazenamento Todo profissional da educação reconhece a importância da memória no decorrer da vida acadêmica de seus alunos. Conforme Helene e Xavier (2003), “memória compreende um conjunto de habilidades mediadas por diferentes módulos do sistema nervoso, que funcionam de forma independente, porém cooperativa” (p. 13). Para aprender novos conceitos, o indivíduo mobiliza suas vivências anteriores por meio da memória ao buscar conexões entre os saberes, ampliando-os. Esse processo é ativado a todo o momento nas diferentes situações e de maneira concomitante. Estudos e pesquisas oferecem informações e subdivisões a respeito da memória.

11


12

Métodos e técnicas de ensino

Xavier (2003) afirma que várias distinções dicotômicas entre os tipos de memória foram realizadas. Por exemplo, memória de curto e de longo prazo, memória recente e remota, memória implícita e explícita, episódica e semântica, entre outras. Igualmente, alguns pesquisadores divergem sobre o período de armazenamento e a capacidade de memorizar determinadas informações, no entanto mantêm a opinião a respeito das distinções existentes. Para compreender melhor esse processo de armazenamento, a memória de longo prazo é praticamente ilimitada, pois armazena todo o conhecimento e recupera-o quando necessário. Por sua vez, a memória de curto prazo é armazenada por um período de tempo limitado, podendo ser descartada ou não, como a leitura de uma receita de bolo, a verificação de um número de um telefone etc. (Xavier, 2003).

A memória recente está relacionada à dimensão temporal, na qual se analisa a capacidade de retomada dos acontecimentos recentes, como os fatos ocorridos no dia de hoje, ontem, agora há pouco, e assim por diante. Já a memória remota refere-se às dimensões mais distantes, como o ano passado, o primeiro ano escolar, entre outras. Memória episódica é aquela relacionada às situações vivenciadas e é capaz de retomar datas, descrever lugares e pessoas, entre outros. No que diz respeito às memórias expostas por Xavier (2003), a memória semântica é aquela adquirida nas primeiras décadas de vida, sendo particularmente resistente


Unidade 1 – Metodologias de ensino: possibilidades educacionais

à desorganização. Essa memória é utilizada quando o sujeito realiza determinada ação e tem, como base, o conhecimento prévio.

P

ARA SABER MAIS! Existem filmes interessantes que dão ênfase à memória ou à perda dela. Listamos algumas opções para entretenimento e reflexão: Amnésia (Memento, EUA, 2000); Brilho eterno de uma mente sem lembranças (Eternal Sunshine of the Spotless Mind, EUA, 2004); Rashômon (Japão, 1950); Procurando Nemo (Finding Nemo, EUA, 2003); Cidade dos Sonhos (Mulholland Drive, EUA, 2001); O Vingador do Futuro (Total Recall, EUA, 1990); A identidade Bourne (Bourne Identity, EUA, 2002); Efeito Borboleta (Butterfly Effect, EUA, 2004); Quando fala o coração (Spellbound, EUA, 1945); e Cidade das Sombras (Dark City, Austrália/EUA, 1998). Bom divertimento!

A memória de procedimento envolve todas as habilidades motoras, sensitivas e intelectuais e é adquirida mediante a repetição. Nesse caso, o indivíduo é capaz de realizar uma atividade complexa e manter o pensamento em outra situação. A memória declarativa, por sua vez, armazena informações recebidas por meio dos sentidos e de processos internos do cérebro, como os fatos vivenciados (memória episódica) e as informações adquiridas pela transmissão do saber de forma escrita, visual e sonora (memória semântica). Por fim, memória declarativa é que está em nível consciente e torna-se mais fácil de ser adquirida quando associada a imagens, sons, diálogos, leituras e outros.

A atenção e os fatores da aprendizagem A atenção é um mecanismo que põe em andamento uma série de processos e operações que tornam o sujeito receptivo às demandas do ambiente e levam-no a desempenhar mais eficazmente uma atividade ou tarefa. De acordo com Sevilla (1997) apud Wagner (2003, p. 10), a atenção apresenta quatro características: a amplitude, a intensidade, a oscilação e o controle. A amplitude, como o próprio nome sugere, refere-se à capacidade de atenção que o ser humano pode dar às informações, até ao receber vários estímulos ao mesmo tempo. Quanto à intensidade, refere-se à condição de não mantermos a mesma atenção diante do mesmo assunto, em todos os momentos.

13


14

Métodos e técnicas de ensino

A oscilação ocorre quando se altera o grau de atenção contínuo para poder processar as informações recebidas. O controle atencional está relacionado ao vigor de se manter atento. O indivíduo mantém ou não a atenção de acordo com os fatores internos e externos a que está submetido em determinado tempo, e possui a versatilidade de alterar sua atenção de maneira abrupta. Os estímulos podem diminuir de acordo com a sensação de calor ou frio excessivo, como ao assistir a uma palestra em um dia quente, sem refrigeração adequada. O mesmo acontece quando o ambiente externo é agradável, porém há algum desconforto, como enxaqueca, fadiga, sono etc.

Sevilla (1997) apud Wagner (2003, p. 11) apresenta os tipos de atenção. São elas:

• seletiva, dividida e sustentada; • externa ou interna; • visual, seletiva e auditiva; • global ou seletiva; • concentrada ou dispersa; • aberta ou encoberta; • voluntária ou involuntária; e • consciente ou inconsciente.


Unidade 1 – Metodologias de ensino: possibilidades educacionais

Esses tipos de atenção estão intimamente relacionados à capacidade de se manter atento a determinadas situações, seja a atençnao estimulada por fatores internos ou externos. A atenção involuntária se manifesta a partir do estímulo e admite situações do presente, enquanto a voluntária pode estar associada a memórias anteriores, como o cheiro de livro novo, que imediatamente poderá despertar as lembranças da infância e de seu primeiro contato com uma publicação nova. Além disso, o tempo de permanência da atenção de cada indivíduo tende a ser aprimorado.

A

TENÇÃO! Uma criança de 12 anos de idade consegue manter a atenção em determinada situação, mesmo havendo outros estímulos, enquanto crianças de 5 anos apresentam dificuldades em ignorar estímulos diferentes.

Inúmeras pesquisas são realizadas em diferentes pacientes com o intuito de notar a reação do córtex temporal e frontal, responsáveis pelas estruturas cerebrais que envolvem a atenção, como se pode observar na ilustração a seguir.

3. Ensino e aprendizagem: processos educacionais O processo de ensino-aprendizagem, portanto, torna-se muito mais complexo do que duas palavras. Embora contextualizado na primeira parte deste e-book em relação ao seu processo evolutivo, o ensino-aprendizagem designa duas ações individuais que devem ser salientadas. Por exemplo, o ato de ensinar consiste não apenas na ação de o professor passar ensinamento ao aluno, mas na relação que é estabelecida entre aluno, assunto e professor. Santos (2001) apresenta características desse tripé, relativas a cada um desses elementos, que podem compromenter o processo de ensino. A motivação, os conhecimentos prévios, a relação com o professor e a atitude perante o conteúdo da disciplina são fatores que podem vir a afetar a aprendizagem do aluno. A necessidade de estruturar o assunto, os tipos de aprendizagem e a ordem de apresentação destes são abordados como relevantes de acordo com a temática a ser tratada. A respeito do posicionamento do docente, Santos (2001) argumenta que a criação de situações estimuladoras, a comunicação no ato de instruir, informações sobre o próprio trabalho como docente, o relacionamento entre alunos e professor e a postura perante o conteúdo a ser disciplinado são aspectos também influenciadores como prática pedagógica. Apesar de utilizar-se da estrutura com o objetivo de posicionar o educador em relação à sala e sua ação como professor, o ensino não deve ser tratado de maneira técnica, como uma construção do aprendizado, pois esse processo se fundamenta

15


16

Métodos e técnicas de ensino

a partir de experiências pessoais, fundamentadas no cotidiano e na individualidade dos sujeitos, e essas são influenciadoras no ato de educar. Os autores Cunha, Brito e Cicillini (2006) concluem sobre a profissão do professor que se bastava no “[...] conhecimento objetivo, no conhecimento das disciplinas, em muito semelhantes às outras profissões, hoje, apenas dominar esse saber é insuficiente, uma vez que o contexto das aprendizagens não é o mesmo” (p. 5). É possível perceber que o ensino, portanto, não é uma ação que parte do professor em relação ao sujeito, mas é contextualizado por meio de diversas ações que envolvem a sala de aula – professor, aluno e assunto. Portanto, o processo de aprendizagem surge de uma ação direta com o sujeito principal: o aluno. Santos (2001) apresenta fatos relevantes para conhecimento do docente, como a aprendizagem de maneira significativa ao aluno, relacionada diretamente a experiências cotidianas, de sua própria vivência. De acordo com Cosenza e Guerra (2011), podemos simplesmente decorar uma nova informação, mas o registro se tornará mais forte se procurarmos criar ativamente vínculos e relações daquele conteúdo com o que já está armazenado em nosso arquivo de conhecimentos (p. 62).


Unidade 1 – Metodologias de ensino: possibilidades educacionais

Dessa maneira, a aprendizagem está associada às interpretações das percepções de cada indivíduo e sua capacidade de resgatar o conhecimento adquirido por meio da memória. É importante ressaltar que aprender não é somente memorizar as informações recebidas, mas também saber relacioná-las ao conhecimento prévio e refletir, ampliando o conhecimento. Quando a aprendizagem se torna significativa ao sujeito, suas chances aumentam em relação à retomada desse conhecimento nas diversas situações durante sua vida. Conforme Maiato e Carvalho (2011), quando o conteúdo discutido na sala de aula é relacionado com as experiências do indivíduo, as redes neuronais formadas são ainda mais fortes (p. 4). Com base em Saint-Onge (1999), o processo de aprendizagem é conceituado segundo quatro definições: é uma atividade – forma em que se processa as informações, porém apenas por sua sagacidade é possível definir a qualidade do aprendizado; é um processo de construção – o processo de aprendizado se dá por meio da construção da estrutura cognitiva, portanto é a partir da elaboração dessa estrutura que ocorre a aprendizagem; é cumulativo – por ser definida como uma construção, a aprendizagem busca antigas estruturas para se agrupar e, assim, acumular aprendizado; persegue um objetivo – quando temos objetivos a serem traçados e metas a serem cumpridas, nos empenhamos mais para aprender. Há de se considerar também que o conteúdo escolar a ser aprendido tem de ser potencialmente e psicologicamente significativo. O significado lógico depende somente da natureza do conteúdo. Já o significado psicológico é a experiência que cada indivíduo vivencia e as relações que foram estabelecidas durante essa experiência. Cada aprendiz faz uma filtragem dos conteúdos que têm significado ou não para si próprio, por isso a importância de o aluno querer aprender. O conhecimento prévio do aluno deve ser uma estratégia para que o processo se reflita com essa característica significativa. Por meio dessa intervenção, o educador age como ferramenta que possibilita problematizar situações não apenas em sala de aula, mas na vida dos alunos. Ao deparar com um problema, o aluno deverá refletir e buscar soluções, exercitando o conhecimento em seu próprio cotidiano. Desse modo, essa contextualização tão subjetiva acaba por tornar pessoal o processo de aprendizado, com a ressalva de que toda essa ação ocorrerá ou terá a possibilidade de ocorrer se todos os integrantes da turma respeitarem os colegas e os professores, mantendo-se o bom relacionamento entre todos. Com base nessa contextualização teórica sobre o processo de ensino-aprendizagem, ao levantar questões sobre o comportamento humano, a metodologia, a técnica e a estratégia fazem-se cruciais como procedimentos para atingir com sucesso essa ação educacional. Antes mesmo de apresentá-las como possibilidades em sala de aula, faz-se necessário trazer concepções esclarecedoras, dando significado a esses termos que fazem parte do dia a dia escolar.

17


18

Métodos e técnicas de ensino

O método define-se como um caminho a ser percorrido em busca de objetivos claros, previamente estabelecidos, tendo em vista a busca por sentidos no âmbito educacional. A técnica determina como esse caminho será traçado, com base em procedimentos a serem tomados. A estratégia, por sua vez, toma-se com base na escolha de técnica(s) para acionar o método. Embora os autores utilizem nomenclaturas variadas, os significados e os direcionamentos desses três elementos referem-se à mesma ação descrita anteriormente.

4. Metodologia no ensino superior Machado (1994) apud Berbel (1995, p. 9) reflete sobre a expectativa dos docentes sobre o posicionamento dos estudantes universitários como: Interessados, estudiosos, dedicados, assíduos que demonstrem ter iniciativa [...] que participem ativamente das aulas teóricas e práticas e procurem complementação em bibliografia recomendada [...] que sejam responsáveis, muito inteligentes, educados, e, além dessas qualidades, assimilem bem o que é ensinado. Essas características, no entanto, são tão esperadas pelos docentes como por estudantes ingressantes, pois é com base na experiência universitária que esses elementos são atribuídos à vida cotidiana do universitário, prolongando-se para seu futuro.


Unidade 1 – Metodologias de ensino: possibilidades educacionais

Cunha e Carrilho (2005) descrevem a fase de inserção do estudante na universidade como uma “transição da adolescência para a vida adulta”, o que exige desafios psicossociais que devem contar com o apoio universitário na adaptação do aluno. Esses desafios estão ligados às dificuldades e às exigências das atividades acadêmicas, interpessoais e sociais, à identidade e ao desenvolvimento vocacional dos alunos, conforme ensinam Pires, Almeida e Ferreira (2000) apud Cunha e Carrilho (2005, p. 216). As autoras ainda salientam que o processo de superação desses desafios, se tiver resultado negativo, pode influenciar no rendimento acadêmico e até mesmo ocasionar a evasão do aluno. Em busca de melhores condições de adaptação e do desenvolvimento dos alunos universitários no curso superior, procuram-se possibilidades de caminhos a serem percorridos com esse intuito. A metodologia de ensino seria uma delas. Berbel (1995) levanta pontos-chave na elaboração de metodologias com argumentos significativos sobre esse processo também educacional. O primeiro momento, descrito pela autora, sugere que o professor faça uso da metodologia de ensino com base no reconhecimento de suas características: O melhor de conhecer é vivenciar o processo, para poder refletir sobre sua utilidade, a relação teoria-prática nela presente e encontrar suas próprias razões para decidir pela importância e possibilidade ou não de utilização com seus alunos. (p. 9.) Ao buscar a utilidade e o possível resultado para esse processo metodológico, o docente acaba por encontrar inspiração para seguir adiante. Em um segundo momento, Berbel (1995) relata que, com base no reconhecimento da maneira de ensinar, os docentes devem ter claramente as consequências de sua escolha, pois é a partir dessa decisão que será traçado o relacionamento entre docente e alunos e vice-versa, ao fazer trocas de experiências, vivências e conhecimentos que farão parte de inúmeras situações improváveis e não controladas, que podem ter influência na vida de outros indivíduos. O uso da metodologia deve ser flexível, de forma que haja a possibilidade de uma assimilação pelos participantes e que os objetivos sejam preestabelecidos. O esforço de mudanças nos métodos de trabalho do docente como postura para o melhor desempenho, dos alunos é apresentado como quarto ponto-chave descrito por Berbel (1995). Além disso, de acordo com a autora, essa alteração é estabelecida como empenho do professor em relação a uma ampliação da compreensão dos fundamentos teórico-metodológicos do ensino, que contam com explicações filosóficas, políticas, psicológicas, históricas etc. (p. 11). O professor de Ensino Superior é responsável não somente pela continuação da formação social do aluno, mas da sociedade da qual ele não apenas fará parte, mas

19


20

Métodos e técnicas de ensino

será sujeito passivo, participando de decisões sociais, uma vez que a sociedade se renova a cada nova geração e são esses alunos, atuais e futuros cidadãos, que vão continuar a fazer dessa sociedade um ambiente de relações. Assim, é analisado o papel do ser humano na sociedade que se mantém como estrutura e da abertura para a formação de relações que fazem parte da própria formação da sociedade, com base nesse conceito de ação social do indivíduo que recria a sociedade a todo momento, atuando de maneira própria, criando por si e não reproduzindo um papel já estabelecido mediante a educação. Berbel (1995) apresenta em seu último argumento um tema relevante na sociedade atual: a desvalorização político-econômica da educação. As condições precárias a que são submetidos os docentes não abalam sua vontade de ensinar. No entanto, tal quadro social acaba por gerar no professor o impulso para lutar contra o descaso de órgãos governamentais, levando a uma batalha política e pedagógica com o intuito de difundir o reconhecimento social e profissional do docente. Esses pontos a que Berbel (1995) se refere são quesitos a serem levantados durante a elaboração do processo da metodologia, não necessariamente seguidos, mas refletidos como estratégias de melhor desempenho do docente e do aluno.

5. Estratégias e técnicas: práticas estimuladoras Ao citar as estratégias e técnicas na educação, uma variante de termos utilizados para descrever o processo da aprendizagem acaba por confundir, em diversos


Unidade 1 – Metodologias de ensino: possibilidades educacionais

momentos, o próprio professor, pois, a despeito dessa variação, o que deve ser relevante é como esse processo se justifica. De acordo com Fernandes (2002), “as estratégias são as opções, os meios disponíveis. As técnicas, as maneiras específicas para a execução da estratégia escolhida” (p. 13). Esse conceito não é único a respeito dessas duas ações pedagógicas, mas é o utilizado no momento para compreender a realidade dos fatos educacionais. Portanto, com base nesse significado, o autor apresenta simulações baseadas nas técnicas e estratégias educacionais, descrevendo características e ações para os dois processos. A dinâmica de grupo, por exemplo, é uma estratégia que pode ser seguida pelo professor. É denominada uma técnica “sensibilizadora e vivencial”, que articula o contato direto com a realidade dos indivíduos, possibilitando reflexão e conhecimento sobre o próprio sujeito e os demais. Para tanto, Fernandes (2002) dispõe de um roteiro descritivo sobre como essa prática educacional deve ser apresentada, mantida e direcionada pelo educador. Inicia-se com a apresentação da dinâmica, ao explicar quais serão os métodos abordados, assim como os temas, acompanhando as fases do desenvolvimento do grupo, ao buscar a participação dos integrantes por meio de depoimentos e finalizando com uma reflexão a respeito do exercício. O jogo também é uma estratégia, conhecido como uma prática estimuladora, espontânea e divertida que produz sensações de expectativa, liberdade e prazer aos sujeitos que participam, desde crianças até adultos. Esse tipo de estratégia, apesar de se apresentar em contexto infantil, aborda técnicas interessantes para o controle dos participantes e pode ser contextualizada em um ambiente universitário, apresentando proximidade em relação aos resultados adquiridos. Por exemplo, ao decidir tomar essa estratégia como ponto de partida para o desenvolvimento educacional, o docente apresenta o jogo e, em seguida, as regras que são cruciais para a condução da atividade e do próprio comportamento dos indivíduos. Os jogos podem ser muito variados em relação às suas características, como objetivos, meios, recurso; entretanto, sugerem um único objetivo que cabe a praticamente todos eles – relativamente ao direcionamento dado, a vitória de um dos participantes. No entanto, o jogo não necessariamente precisa se apresentar como competitivo. A partir da superação dos desafios impostos pelas regras do jogo, sem a penalização ou o constrangimento dos participantes, este pode se revelar integrador, sugerindo a participação de todos. Nesse processo, o encerramento pode vir por meio dos resultados obtidos durante o jogo, dos depoimentos dos participantes, da avaliação do comportamento dos sujeitos e de uma reflexão sobre todos os pontos argumentados.

21


MÉTODOS E TÉCNICAS DE ENSINO

Este livro contempla os recursos multissensoriais no ato de aprender, na dinâmica de grupo, em métodos e técnicas de ensino. O conteúdo enfatiza os métodos de ensino, os objetivos da educação moderna e a relação entre a tecnologia e o ensino.


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.