PLANEJAMENTO E ADMINISTRAÇÃO EM EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
PLANEJAMENTO E ADMINISTRAÇÃO EM EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Apresentação
Apresentação Um conteúdo objetivo, conciso, didático e que atenda às expectativas de quem leva a vida em constante movimento: este parece ser o sonho de todo leitor que enxerga o estudo como fonte inesgotável de conhecimento. Pensando na imensa necessidade de atender o desejo desse exigente leitor é que foi criado este produto voltado para os anseios de quem busca informação e conhecimento com o dinamismo dos dias atuais. Com esses ideais em mente, nasceram os livros eletrônicos da Cengage Learning, com conteúdos de qualidade, dentro de uma roupagem criativa e arrojada. Em cada título é possível encontrar a abordagem de temas de forma abrangente, associada a uma leitura agradável e organizada, visando facilitar o aprendizado e a memorização de cada disciplina. A linguagem dialógica aproxima o estudante dos temas explorados, promovendo a interação com o assunto tratado. Ao longo do conteúdo, o leitor terá acesso a recursos inovadores, como os tópicos “Atenção”, que o alertam sobre a importância do assunto abordado, e o “Para saber mais”, que apresenta dicas interessantíssimas de leitura complementar e curiosidades bem bacanas, para aprofundar a apreensão do assunto, além de recursos ilustrativos, que permitem a associação de cada ponto a ser estudado. Ao clicar nas palavras-chave em negrito, o leitor será levado ao Glossário, para ter acesso à definição da palavra. Para voltar ao texto, no ponto em que parou, o leitor deve clicar na própria palavra-chave do Glossário, em negrito. Esperamos que você encontre neste livro a materialização de um desejo: o alcance do conhecimento de maneira objetiva, concisa, didática e eficaz. Boa leitura!
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Prefácio
Prefácio A Educação a Distância (EaD) é uma realidade que se estabeleceu no contexto atual. Qualquer instituição que pretenda oferecer cursos de EaD precisa organizar o trabalho de especialistas diferentes, que geram estratégias de conteúdo e de ensino, de forma estruturada e adequada para o aluno. A interação que se pretende estabelecer entre aprendiz e instrutor, seja qual for a espécie de tecnologia ou forma de apresentação (assíncrona ou em tempo real), precisa ser muito bem planejada. E como isso pode acontecer? Como uma fonte inesgotável, a tecnologia tem lançado mão de invenções e melhoramentos que agregam, sem sombra de dúvidas, o aprimoramento dos produtos e serviços e esse benefício não seria desperdiçado pela área da educação, precisamente, pela EaD. O grande questionamento que se faz é como aproveitar as prerrogativas da tecnologia e atrelá-las no processo de organização do ensino a distância? Visando elucidar essa e outras questões, preparamos um material com um conteúdo novo e didático: PLANEJAMENTO E ADMINISTRAÇÃO EM EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA. Para entender melhor o tema, o leitor encontrará, na Unidade 1, a conceituação de ensino a distância e um breve histórico sobre EaD ao longo do tempo, recursos disponíveis na internet como e-mail, chat, grupos de discussão e um debate didático sobre como organizar, implantar e avaliar programas em EaD. A Unidade 2 vai tratar sobre a infraestrutura tecnológica para EaD, a mídia sob forma de áudio e vídeo, o aprendizado baseado em computador, outras espécies de mídia e as redes sociais. Os tipos de equipe que podem atuar em um trabalho de EaD, a logística da educação a distância, o papel dos professores, tutores, mediadores e pedagogos e a importância da implantação da gestão por processo são alguns dos temas explorados na Unidade 3. Os processos de avaliação é o tema central da Unidade 4, que apresenta um estudo sobre a avaliação na Educação a Distância, o apoio ao aluno, a interação social, centro de apoio ao aluno e bibliotecas. Como dito no início, a Educação a Distância é uma realidade. Por mais contemporânea que ela seja, não pode ficar alheia à necessidade de planejamento e administração. Desejamos bons estudos.
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Unidade 1 – Planejamento, implantação e avaliação de projetos e programas em EaD
UNIDADE 1
PLANEJAMENTO, IMPLANTAÇÃO E AVALIAÇÃO DE PROJETOS E PROGRAMAS EM EAD Capítulo 1 Conceito de Educação a Distância (EaD), 10 Capítulo 2 Breve histórico, 12 Capítulo 3 Como planejar, implantar e avaliar projetos e
programas em EaD, 16
Glossário, 26
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Planejamento e administração em EaD
1. Conceito de Educação a Distância (EaD) Vivemos na atualidade um momento histórico no qual a informação e o conhecimento ocupam lugar de destaque, a todo instante gerando mudanças significativas nos modos de produção, na ciência e na cultura. De maneira diversa das revoluções anteriores, de bases industriais, as mudanças atuais decorrentes das tecnologias aliam-se à reestruturação econômica e à crítica da cultura, que leva à construção de uma nova sociedade. Castells (2000) pontua: [...] a tecnologia da informação é para essa revolução o que as novas fontes de energia foram para as revoluções industriais sucessivas, do motor a vapor à eletricidade, aos combustíveis fósseis e até mesmo à energia nuclear, visto que a geração e distribuição de energia foi o elemento principal na base da sociedade industrial (CASTELLS, 2000, p. 50).
O cenário tecnológico da chamada Sociedade da Informação e do Conhecimento tem, no computador e na internet, as principais ferramentas para a criação de ambientes interativos que possibilitam a troca de informações muito mais rápidas, quase em tempo real, além de permitir conexões entre textos, sons e imagens simultaneamente. De forma literal, o conceito de EaD poderia remeter a qualquer modalidade de transmissão e/ou construção do conhecimento sem a presença simultânea dos agentes envolvidos. Consequentemente, a difusão da escrita teria sido uma das principais (e até hoje mais eficazes) tecnologias aplicáveis à EaD, e não deixa de ser ainda hoje. Para Alves e Nova (2003), com a institucionalização dos sistemas formais de ensino, que exigiam a presença obrigatória dos aprendentes, com tempo pré-definido, nos estabelecimentos credenciados, para a obtenção de certificados de comprovação da aprendizagem, e que tinham na escrita uma de suas principais tecnologias de comunicação do conhecimento, o conceito da EaD derivou para uma forma mais complexa. Ensino a Distância passou a se referir apenas às modalidades de ensino cuja aprendizagem não mais estivesse atrelada à presença física dos alunos, em escolas, passando a atender à necessidade de uma parcela da população que, por motivos diferentes, não podia frequentar esses estabelecimentos. Foram criados, então, sistemas de ensino a distância, utilizando-se veículos de comunicação diversos, a exemplo do correio, do rádio e, mais recentemente, da televisão. Segundo Moore e Kearsley (2013), trata-se de uma área de natureza multidimensional, na qual se define a EaD como o aprendizado planejado que ocorre normalmente em um lugar diferente do ensino, o que requer comunicação por meio de tecnologias e uma organização institucional especial.
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Uma das expressões mais utilizadas para designar esse tipo de educação é “ensino a distância”, que busca descrever o que acontece durante o processo a partir do aluno que interage com um professor a distância. Todavia, é preciso estar muito atento porque essa expressão também é usada com frequência, quando o assunto é relativo a ensino e aprendizagem. Contudo, nesta unidade o foco recai sobre ensino e aprendizagem, portanto o termo adequado é educação e deve ser assim utilizado, pois descreve corretamente uma relação que tem como característica dois lados: o do professor e o do aluno.
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TENÇÃO! Educação a distância é o processo de ensino-aprendizagem, mediado por tecnologias, visto que professores e alunos estão separados espacial e/ou temporalmente.
Há ainda duas expressões muito utilizadas – e-learning e ensino on-line – que nem sempre se referem a ensino e aprendizagem. Em e-learning, o prefixo “e” indica “eletrônico” e geralmente significa educação pela internet. De modo similar, aprendizado assíncrono refere-se usualmente àquelas formas de EaD em que a comunicação acontece por meio de comunicações assíncronas (não ocorrem ao mesmo tempo) por meio da internet. Outra expressão considerada algumas vezes sinônima de EaD é aprendizado distribuído, caracterizando sua disponibilidade em todo lugar e a qualquer hora. O foco no local de aprendizado levou muitas escolas com fins lucrativos a usar a expressão estudo em casa para descrever seus programas (Moore; Kearsley, 2013). Com a difusão das tecnologias de comunicação em rede, esse cenário pode ser considerado em constante dinamização e modificação, visto que as possibilidades de acesso a informações e conhecimentos sistematizados, assim como as interações entre diferentes sujeitos educacionais, ampliaram-se significativamente. Ademais, a chamada revolução digital tem transformado e ressignificado boa parte dos sistemas de organização social, incluindo as formas de ser, estar, sentir e se comunicar do homem urbano no mundo contemporâneo, o que traz profundas consequências para o domínio do conhecimento. Todo esse processo permitiu a ampliação do conceito de EaD, concebendo-a como educação em geral, e não apenas um setor especializado desta, a partir da mediação das tecnologias de comunicação em rede, presentes na sociedade atual. A presença da EaD no cenário educacional revela-se cada vez mais como uma alternativa viável capaz de provocar rupturas nos seus paradigmas mais tradicionais, uma vez que a evolução das TICs e o crescimento vertiginoso da EaD promoveram mudanças importantes no panorama do ensino-aprendizagem.
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Nesse contexto, a EaD torna-se um instrumento fundamental de promoção de oportunidades, pois muitos indivíduos, apropriando-se desse tipo de ensino, podem concluir um curso superior de qualidade e abraçar novas oportunidades profissionais. O desenvolvimento dessa modalidade de ensino serviu para implementar os projetos educacionais mais diversos e para as mais complexas situações. Como exemplo desses cursos profissionalizantes, capacitação para o trabalho ou divulgação científica, campanhas de alfabetização e estudos formais em todos os níveis e campos do sistema educacional (Litwin, 2001). De acordo com Maia e Mattar (2007), a EaD atualmente é praticada nos mais variados setores. Ela é usada na Educação Básica, no Ensino Superior, em universidades abertas, universidades virtuais, treinamentos governamentais, cursos abertos, livres etc. Para Moore e Kearsley, (2013), o aprendizado em educação é, por definição, planejado; o caminho para o aprendizado é projetado por um ou mais especialistas no processo. Ao olhar através da janela da sala de aula, você pode aprender algo, mas aquilo que aprende nessa situação não fará parte do processo educacional (a não ser que este seja projetado dessa forma). Isso também vale para tudo o que se aprende casualmente ao navegar pela web. Na EaD, uma pessoa – o aluno – deliberadamente põe-se a estudar e é auxiliado por outra pessoa – o professor –, que também de forma deliberada desenvolve formas de ajudar o aluno a aprender. A escolha adequada dos recursos tecnológicos, assim como o planejamento para a implantação dos cursos, passaram a ser fundamentais para o sucesso do empreendimento. Veja mais sobre planejamento e implantação no item 3 desta unidade.
2. Breve histórico Apesar de essa modalidade de ensino nos últimos anos ser foco de muitos estudos, e com grande repercussão na mídia, Tori (2010, p. 4) afirma que “a educação a distância (EaD) não é tão nova quanto muitos acreditam. O uso das novas tecnologias para essa modalidade é que trouxe o caráter inovador e atualizado para a EaD”. A EaD traçou uma longa história, tornando-se difícil definir o marco ou o momento de sua fundação. Diferentes situações podem ser consideradas como experiências iniciais em EaD.
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Maia e Mattar (2007) apontam que, na concepção de alguns autores, as cartas de Platão e as Epístolas de São Paulo estariam entre as primeiras experiências de EaD. A invenção da imprensa, no entanto, é mais frequentemente tratada como o desenvolvimento tecnológico que possibilitou o surgimento da EaD. Os pesquisadores citados afirmam que: Há registros de cursos de taquigrafia a distância, oferecidos por meio de anúncios de jornais, desde a década de 1720. Entretanto, a EaD surge efetivamente em meados do século XIX, em função do desenvolvimento de meios de transportes e comunicação (como trens e correio), especialmente com o ensino por correspondência (Maia e Mattar; 2007, p. 21)
Geralmente, os autores relacionam o surgimento da EaD ao emprego de tecnologias de impressão, especialmente os jornais, que seria um dos primeiros instrumentos de EaD (Maia e Mattar, 2007). É possível uma organização sucinta da evolução do ensino a distância, conforme a tabela a seguir: Tecnologia
Época
Evolução Relacionada com o EaD
Imprensa
Século XV Teve grande relevância na difusão do ensino a distância. Pode ser considerada a tecnologia mais importante para tal antes do aparecimento de modernas tecnologias. Sua importância se deu principalmente pelo maior poder de reprodução dos textos em relação às cartas, sendo então o primeiro modo de ensino a distância em massa.
Rádio
Anos 1920 Por meio do rádio foi possível que as informações (em áudio) fossem levadas a localidades remotas, podendo, assim, transmitir a parte sonora de uma sala de aula.
Televisão
Anos 1940 Possibilitou a transmissão de sons e imagens, o que permitia o acréscimo visual de informações para o ensino a distância. Dessa forma, era possível transmitir remotamente os componentes audiovisuais de uma sala de aula.
Computador + Anos 1990 Permitiu o envio de texto, imagens e sons para telecomunicações qualquer parte do planeta. Além disso, possibilita que as informações fiquem disponíveis por tempo indeterminado, de modo que uma pessoa pode ter acesso à informação no momento que desejar. Ou seja, é possível um acesso não linear, assíncrono (e-mail) ou síncrono (chats), e interativo das informações. Dessa forma, o computador, juntamente com os avanços tecnológicos das telecomunicações, ampliou as possibilidades da EaD. Fonte: Chaves (1999, p. 5).
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Atualmente um número surpreendente de cursos a distância ocorre por meio da internet, porém é necessário lembrar que há outras formas de EaD em uso, entre elas o ensino por correspondência e por programas de TV e rádio. No Brasil, estas últimas tecnologias podem ser consideradas as primeiras iniciativas formais de EaD. Quadro 1 – Alguns destaques da EaD no Brasil no século XX.
Década de 1920
Criação da Rádio Sociedade do Rio de Janeiro, por Roquette Pinto (Maia E Mattar, 2007; Carlini e Tárcia, 2010)
1939
Instituto Monitor (Maia e Mattar, 2007; Carlini e Tárcia, 2010)
1941
Instituto Universal Brasileiro (Maia e Mattar, 2007; Carlini e Tárcia, 2010)
1947
Universidade do Ar – fundada por Senac e Sesc e emissoras associadas (Maia e Mattar, 2007)
1970
Projeto Minerva (Maia e Mattar, 2007)
1977
Telecurso da Fundação Roberto Marinho (Maia e Mattar, 2007)
A internet A respeito da trajetória da EaD, vale mencionar que diversos pesquisadores, como Maia e Mattar (2007); Moore e Kearsley (2008), por exemplo, dividem-na em fases ou gerações. Tais divisões tendem a considerar predominantemente o tipo de tecnologia empregada. Para Maia e Matar (2007, p. 22), atualmente se vive a “terceira geração: EaD on-line”; na divisão elaborada por Moore e Kearsley (2008, p. 44-45), o momento atual reflete a quinta geração: “Aulas virtuais baseadas no computador e na internet”. Apesar de as origens da internet remontarem aos tempos da Guerra Fria, o termo internet foi usado pela primeira vez somente em 1983. Durante a década de 1980, a rede era utilizada basicamente pelo meio acadêmico, que mais tarde sofreria uma verdadeira revolução com a introdução da World Wide Web (www) (ZAKON, 1999). De acordo com Silva (2000), o uso da internet tem se intensificado como uma nova alternativa para o ensino a distância. Quanto aos recursos que a internet disponibiliza e que podem ser utilizados para esse fim, pode-se citar: • E-mail, que é a correspondência digital enviada pela rede. Configura um modo de comunicação assíncrona de grande eficiência e baixo custo. • Chat, conhecido também como bate-papo. Comunicação simultânea entre diversas pessoas pela web, que estimula a troca de informações. Trata-se, portanto, de um modo de comunicação síncrona, igualmente de custo reduzido.
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• Grupos de discussão estimulam a troca de informações por meio de mensagens entre vários membros de uma comunidade virtual que têm interesses afins. • World Wide Web (www) pode ser definido como um grande sistema de informações que permite a recuperação de informação hipermídia, oferece a possibilidade de acesso universal de um grande número de pessoas a um grande universo de documentos (Hughes, 1993). Além de documentos, podem ser disponibilizados sistemas mais interativos que permitem ao usuário um retorno praticamente imediato de suas ações. Dessa forma, pode-se, por exemplo, realizar testes on line, em que o usuário, ao finalizar a tarefa, tem acesso ao resultado e às questões que acertou e errou, sendo disponibilizadas também as respostas corretas. • FTP e download dizem respeito à disponibilização de arquivos de áudio, textos, imagens ou vídeos, além de sistemas que podem ajudar em vários aspectos o ensino pretendido. • Videoconferências podem ser feitas com câmeras acopladas ao computador, com envio de imagens e sons via Web. Esse recurso ainda se configura como relativamente lento, mas é uma ferramenta possível. Todos esses recursos têm a grande vantagem de não dependerem de posição física para que possam ser utilizados – basta haver um computador e um modem ligados a uma linha telefônica. Dessa forma, em um chat podem estar conversando várias pessoas de países diferentes. Um arquivo disponibilizado por alguém em um site do Rio Grande do Sul, Brasil, poderá ser baixado por download por outra pessoa na Amazônia, no momento em que for necessário. Nesse aspecto, o uso de tecnologias da web pode minimizar os custos de tempo e transporte (SILVA, 2000).
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Valente e Mattar (2007, p. 20) afirmam: “Recentemente, a EaD passou a utilizar, com maior intensidade, tecnologias de telecomunicação e transmissão de dados, som e imagens que convergem cada vez mais para o computador”. Fica evidente a importância do uso da rede mundial de computadores na educação, expandindo papéis e atuações de alunos e de professores.
3. Como planejar, implantar e avaliar projetos e programas em EaD Toda instituição que oferece EaD precisa organizar o trabalho de especialistas diferentes, que geram estratégias de conteúdo e de ensino e os dispõem em cursos. O conteúdo precisa ser estruturado de uma forma adequada ao aprendizado a distância e preparado para a distribuição por meio de uma ou mais tecnologias. A interação de alunos e instrutores, seja de modo assíncrono ou em tempo real, precisa ser planejada.
Planejamento O desenvolvimento de um ambiente para suporte ao processo de ensino-aprendizagem apoiado pelas novas tecnologias de informação e de comunicação pressupõe um cuidadoso planejamento (FRANCIOSI et al., 2001). A esse respeito, Arnold (2002) salienta a necessidade de um enfoque sistêmico na produção de cursos, envolvendo uma equipe multidisciplinar com habilidades e conhecimentos especializados. Esse enfoque sistêmico refere-se a um tratamento interligado de processos vinculados à concepção, produção e implementação de programas a distância e inclui desde a escolha do modelo conceitual de ensino-aprendizagem até procedimentos gerenciais que garantam a realização do projeto. (...) existe uma grande interdependência entre os componentes de um curso de EaD e o fazer dos membros da equipe de especialistas que o concebem e produzem, a qual deve ser levada em consideração na etapa de planejamento (...) (Arnold, 2002, p. 10).
Discutindo perspectivas de planejamento em EaD, Franciosi et al. (2001), por exemplo, suge-
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rem que a modelagem de cursos é constituída pelo design educativo e pelo design computacional do ambiente de aprendizagem e, para execução desse trabalho, é necessária a constituição de uma equipe interdisciplinar em diversos domínios especialistas. A estrutura do modelo pode então ser dividida nas etapas de definição do contexto do ambiente, das estratégias pedagógicas, das táticas pedagógicas, da estrutura de recursos do ambiente e da implementação do design educativo. Para Arnold (2002), o planejamento presume uma estrutura de apoio específica que pode apresentar conformações diversas, em decorrência do contexto em que foi criada ou se desenvolve. Independentemente da configuração da estrutura, ela será responsável pela determinação de uma linha de ação, entendida como o planejamento do curso. Dessa forma, o planejamento é constituído por: • definição da natureza, nível e alcance do curso; • estruturação da equipe de EaD, responsável pelo curso; • elaboração do projeto didático-pedagógico do curso; • produção do curso; • implementação do curso. O processo de planejamento também é apontado por Santos (2002) como fator fundamental para o desenvolvimento de um curso em EaD, ao salientar que o projeto de implantação deverá considerar etapas essenciais, como diagnóstico, design (forma), abordagem pedagógica, mídias, distribuição, pré-implantação, implantação e pós-curso (avaliações/alterações). Modelos para o desenvolvimento de um sistema de EaD, em geral, são estruturados a partir de algumas condições, como prospecção das necessidades dos alunos, prospecção de fontes de conteúdo, formulação de um projeto instrucional, formas de entrega do conteúdo, formas de interação e de criação de ambientes de aprendizagem (Moore e Kearley, 1996). De modo semelhante, Lee e Owens (2000) também observam que o planejamento de cursos em EaD demanda a elaboração de um projeto, o desenvolvimento, a implementação e a avaliação. Antes de abordar as etapas do planejamento, é necessário esclarecer que, de acordo com Moore e Kearsley (2013), em termos de estrutura organizacional, a EaD existe em diferentes níveis elencados, a seguir: • Instituições com finalidade única Em algumas instituições, a EaD é a única atividade. Todo o corpo docente e os colaboradores da instituição se dedicam exclusivamente à EaD; as
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funções que exercem são diferentes daquelas exercidas em faculdades, universidades, sistemas escolares ou departamentos de treinamento tradicional. Esse modelo organizacional não tem encontrado muita aceitação nos Estados Unidos, no setor público, embora tenham sempre existido muitas instituições pequenas (e algumas grandes) que visam ao lucro. Os maiores exemplos dessas instituições encontram-se em outros países e são designados “universidades abertas”. Para ilustrar esse tipo de instituição, pode-se citar a Athabasca University, principal universidade de EaD com finalidade única, situada no Canadá. • Instituições com finalidade dupla Uma instituição com finalidade dupla é aquela que agrega EaD ao seu campus previamente estabelecido e ao ensino baseado em classes. Entre 2002 e 2007, as inscrições no ensino superior on-line cresceram 146% (enquanto as inscrições totais cresceram apenas 8%). Boa parte desse crescimento foi representada pelas instituições com programas de EaD, tradicionalmente ministrados pela tecnologia de cursos por correspondência que assumem a tecnologia on-line. Nessas instituições com finalidade dupla, o projeto especial e as atividades de ensino são fornecidos em uma unidade especial, ao longo dos departamentos dedicados ao ensino convencional. Essa unidade possui normalmente uma equipe administrativa, produtores de conteúdo e especialistas técnicos, cuja única responsabilidade é a EaD. Ela raramente tem seu próprio corpo docente; a maioria dessas unidades se vale do corpo docente da instituição a que pertencem para proporcionar conhecimento especializado. Geralmente, o corpo docente tradicional no campus se encarrega do ensino, muitas vezes com auxílio de professores em período parcial. Todos são gerenciados pela unidade de educação a distância. Exemplos: U. S. Army War College e Pennsylvania State University World Campus, ambos nos Estados Unidos. Além do que já é estabelecido em cursos residenciais, ministrados principalmente no campus de Carlisle, Pensilvânia, o War College fornece uma série de cursos de EaD e é voltado para os militares. • Professores individuais Com a adoção universal de tecnologias de comunicação on-line, muitas instituições encorajam seu corpo docente a ministrar parte de sua aula on-line. Tendo em vista que a frequência é cada vez maior, algumas dessas instituições também pedem ao seu corpo docente que ministre um ou mais cursos de EaD, sem componente de sala de aula. Por não haver uma unidade especializada, como em uma instituição com finalidade dupla, a criação, o ensino e a administração desses programas ficam a cargo dos professores e administradores no campus. A diferença da instituição com finalidade dupla pode ser visualizada se pensarmos em como uma unidade direcionada seria capaz de organizar, sistematicamente, um
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modus operandi com a biblioteca do campus para apoiar os alunos a distância, em comparação com o que um professor individual ou mesmo um departamento poderia oferecer. Da mesma forma, pense em obter fundos para o desenvolvimento do programa de suporte, ou para adquirir equipamentos e equipe especializada para gravar programas de áudio e vídeo, ou até mesmo as habilidades para uma produção on-line de boa qualidade, ou – um pouco mais difícil – conseguir diversos professores para trabalhar juntos como uma equipe do curso. Os professores individuais, que atuam no âmbito da estrutura de recursos e que foram designados para oferecer formas de ensino e aprendizado no campus, na educação tradicional – e eles são bons nessa função –, raramente conseguem promover uma EaD de alta qualidade ou mantê-la durante muito tempo. • Universidades e consórcios virtuais O termo virtual é usado de forma muito vaga e, às vezes, é aplicado nos três tipos de organização já mencionados. No entanto, é mais adequado descrever o consórcio, como múltiplas organizações reunidas para estender o alcance de cada uma. É possível reconhecer três padrões diferentes, sendo que o mais comum é a organização que disponibiliza uma face pública, na forma de portal on-line, no qual os membros do consórcio listam suas ofertas de curso. São exemplos dessas universidades e consórcios virtuais a California Virtual Campus e The American Distance Education Consortium (Adec). • Cursos e programas Quando os cursos de EaD são ministrados por uma instituição de finalidade dupla ou por um professor on-line de sala de aula individual, o curso normalmente é uma adaptação do curso de sala de aula ministrado na instituição-mãe. Em um curso convencional de pós-graduação em uma universidade norte-americana, que normalmente requer 150 horas de aula, o curso de EaD terá a mesma duração. Em outras instituições, especialmente nas que ministram cursos de treinamento para desenvolvimento comercial ou profissional, o curso pode ser mais curto ou chegar a 450 horas nas instituições de EaD com finalidade única internacional. Nesses cursos, são utilizados vários tipos de tecnologias, mas não em todos os países. Em outras palavras, um curso de EaD não é necessariamente um curso on-line, embora possa sê-lo. O que faz um curso ser considerado de EaD não é o uso da tecnologia. O que é comum a todo curso é o conjunto de alunos e de um professor, a adoção de conteúdo organizado em torno de uma gama de objetivos de aprendizado, de algumas experiências de aprendizado elaboradas e de alguma forma de avaliação. Importante enfatizar que um curso é mais do que o conteúdo. Um site informativo, como é o caso de uma enciclopédia, não é, em si, um curso.
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Programa é outro termo com significados diferentes em contextos distintos. Algumas vezes, refere-se a uma apresentação de rádio ou televisão, que costumava ser uma parte importante dos cursos de EaD. Frequentemente, uma instituição de ensino irá se referir a seu “programa” para descrever o conteúdo total de seus cursos. Comumente, o significado se torna claro a partir do contexto, porém é preciso ficar atento para não aceitar esses termos como pressupostos quando encontrados na leitura. Como alternativa, deve-se buscar informações adequadas para entender o que determinado autor quer dizer quando usa o termo programa. De modo geral, o planejamento e a gestão de um programa a distância devem ser vistos preliminarmente sob a ótica de processos organizacionais, destacando-se especial atenção à coordenação de atividades interdependentes, executadas por equipes multidisciplinares e desenvolvidas por meio das seguintes etapas: • diagnóstico e análises preliminares; • projeto; • produção; • implementação; • avaliação.
Primeira etapa do planejamento A primeira etapa, composta por diagnósticos e análises preliminares, tem como objetivos principais delinear o perfil do público-alvo, suas necessidades de capacitação e expectativas e identificar o contexto socioempresarial, geográfico e tecnológico desse público (Lee; Owens, 2000; Moore; kearsley, 1996; Hanna et al., 2000; Santos, 2002; Arnold, 2002). A esse respeito, Rodrigues (1998) salienta a necessidade de levantar alguns aspectos, como, a dispersão geográfica, o tipo de tecnologia à qual os alunos têm acesso, a faixa etária dos alunos, o grau de escolaridade/conhecimento do tema, a situação motivacional, os contextos envolvidos e as informações culturais. As informações resultantes dessa atividade serão de grande valia para subsidiar as etapas seguintes do planejamento, pois certamente nortearão o projeto pedagógico, assim como a produção e a implementação do programa.
Segunda etapa do planejamento A segunda etapa consiste na formulação do projeto, a qual se faz a partir dos objetivos educacionais, quando se projetam a estrutura curricular, os conteúdos e os programas do curso, a especificação de materiais, os recursos educacionais, os sistemas de apoio ao desempenho do aluno e as avaliações (Arnold, 2002).
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De modo semelhante, Franciosi et al. (2001) propõem a construção de um projeto de um curso em EaD a partir de duas etapas, sendo a primeira o design educativo, que consiste na modelagem da arquitetura pedagógica do ambiente, por meio do plano de ensino das disciplinas e de pressupostos pedagógicos; e a segunda o design computacional, que consiste na organização das atividades e dos recursos necessários à implementação do conteúdo que ofereça um ambiente propício à autonomia e à reflexão crítica do aluno. Do ponto de vista educacional, é fundamental a escolha da estratégia pedagógica e a construção de instrumentos de avaliação iniciais, tais como formulários, testes e testes com correção automática; do ponto de vista administrativo é essencial a montagem de uma equipe multidisciplinar para cada processo, estratégias de remuneração dos professores e tutores e dos direitos autorais sobre o material produzido. As bases pedagógicas de implantação da EaD – O PDI e o PP O Plano de Desenvolvimento Institucional (PDI) é o elemento primordial para a implantação da educação, seja na modalidade presencial ou a distância, pois é o PDI que define os princípios da instituição, no que se refere às ações de educação. Na elaboração de um Projeto Pedagógico (PP), que faz parte do PDI, é necessário considerar os seguintes aspectos, que devem compor a estrutura operacional do sistema de EaD: • identificação das necessidades específicas do curso; • definição dos objetivos a alcançar; • seleção e organização dos conteúdos; • elaboração dos materiais didáticos; • definição dos sistemas de comunicação; • definição da infraestrutura de suporte; • orientação e tutoria; • organização das condições de aprendizagem tanto por parte do professor quanto do estudante; • gestão pedagógica, tecnológica e administrativa; • avaliação da aprendizagem; • custos.
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Unidade 4 Unidade – Sistemas 4 –de Tratamento avaliação da de aprendizagem, imagem para material composição didático e gestão em EaD de sistemas...
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PLANEJAMENTO E ADMINISTRAÇÃO EM EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
O objetivo principal desta obra é discutir planejamento, implantação e avaliação de projetos e programas em EaD, enfatizando a infraestrutura necessária, como deve ser feita a composição de equipes e logística em EaD. O autor ainda traz a discussão sobre composição e gestão de sistemas de atendimento ao estudante em EaD, composição de sistema de avaliação da aprendizagem, além da necessidade de polos de apoio presencial para o aluno.