Nossa Roça nº 9: O Sistema Agroflorestal do Vicente e da Lucmar

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nossa Roça dezembro 2005 - nº 9

O Sistema Agroflorestal do Vicente e da Lucimar

Experiências da agricultura familiar da Zona da Mata de Minas Gerais

Nós chamamos de sistema agroflorestal quando deixamos árvores na lavoura e não capinamos o mato, só roçamos.

Vicente Donizete, Lucimar e suas filhas Josinalva e

O Vicente Donizete, a Lucimar e seus filhos Josué, Josinalva e Josineide moram na comunidade de São Joaquim, no município de Araponga. As experiências com práticas agroecológicas, principalmente com Sistemas Agroflorestais (SAF’s), começaram há mais de 12 anos. A propriedade do Vicente e da Lucimar fica localizada bem no alto de uma grota. Antes de iniciar as experiências, eles tinham grandes problemas com a erosão do solo e com a baixa produtividade da área, daí resolveram implantar um SAF.

O manejo de uma propriedade diversificada A propriedade de 6 ha é bastante diversificada. Tem dois tipos de sistemas: agroflorestais e criação animal. Em dois hectares e meio eles têm o café plantado com as árvores que mais gostam, dentre elas a castanha mineira, a candeinha, a cabriúna e a cinco-folhas que vieram da regeneração do local e ainda o paumulato, o bico-de-pato, a aroeira e a tajuba. A produção para 1500 pés de café é em média de 15 sacas. No meio do café ainda tem cana, milho, banana e feijão plantados de forma alternada rua sim, rua não. Ainda têm plantas medicinais, como a carqueja .

Ao fundo sistema silvopastoril com gado e abelha

Eles têm também quatro cabeças de gado. Para a criação animal implantaram um sistema de pastagens com árvores. Na pastagem preferem as árvores que têm folhas bem pequenas. Na área de pastagem com árvore, tem também uma criação de abelhas que ajuda na renda da família além de contribuir na polinização do café.


“Amanhece na roça de modo diferente. A luz chega no leite, morno esguicho das tetas e o dia é um pasto azul que o gado reconquista”

Carlos Drummond de Andrade Árvores no SAF do Vicente

Josué durante o Programa de Formação de Agricultores

Quando ele começou as experiências, não tinha água no terreno, que só veio com a recuperação da área. Hoje a água é suficiente para ele e para o vizinho. Como a propriedade está localizada bem no alto de uma grota, com encostas bem inclinadas, ele construiu um coletor de água de chuva. Assim a água é depositada e utilizada para a produção de caldas para aplicação na lavoura. A erosão que era muito acentuada diminuiu desde o começo da experiência com a cobertura do solo e com a construção de algumas estradas feitas em curva de nível para não deixar correr a terra. Depois da melhoria do solo ele passou a jogar sementes na área, descobrindo que o método acaba sendo melhor do que plantar mudas. A semente a terra aceita se quiser. Além disto, existem várias espécies de árvores próximas da propriedade onde pode pegar essas sementes, ao invés de buscar mudas fora.

Os animais são preservados no SAF

telefax (31) 3892 2000 e-mail: cta@ctazm.org.br http://www.ctazm.org.br centro de tecnologias alternativas da zona da mata Apoio: FUNBIO - SAF/MDA - PDA /MMA - CNPq EED - FUNDAÇÃO FORD ASSOCIAÇÃO REGIONAL DOS TRABALHADORES RURAIS DA ZONA DA MATA - MG

Rua Benvindo dos Anjos Macedo, nº79 Araponga - MG - cep 36594- 000 tel: 31 3894 1152 cta-araponga@tdnet.com.br

Boletim produzido pela equipe do projeto de extensão: Sistemas Agroflorestais na Zona da Mata de Minas Gerais: sistematizar experiências para apreender lições. Parte II: Difusão participativa de aprendizados. Programa Teia (MEC/SESU), Departamento de Solos, Universidade Federal de Viçosa Coordenação Geral: Irene Cardoso Equipe técnica: Helton Nonato, Maria Alice Mendonça, Gisele Piccirilli, Davi Gjorup Tiragem 1000 cópias


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