nossa Roça Outubro 2004 - nº 06
Uma experiência bem sucedida de Crédito Solidário Experiências da agricultura familiar na Zona da Mata de Minas Gerais
No terreiro de casa, uma experiência que deu certo! Pedro e Vera moram na comunidade de Taquaraçu em Paula Cândido. Quando se casaram foram morar na cidade, mas depois de seis anos voltaram para roça e compraram a terra onde moram até hoje. Pedro e Vera têm dois filhos, Tiago e Tomás, e duas filhas, Jaqueline e Janaina. Jaqueline casou-se e mora em São Paulo. Janaína estuda em Viçosa e está cursando Pedagogia. Os meninos moram na propriedade e trabalham com a família. No início a propriedade só tinha pasto ruim. Então a família passou a cultivar milho, feijão e arroz. Chegaram a cultivar tomate e inhame, mas tiveram dificuldades em comercializar. Vera pensa que a comercialização não é fácil, mas falta organização para vender. Vera sempre gostou muito de criar galinhas e até hoje as galinhas caipiras são criadas para o consumo da família.
Vera e seu filho Tiago.
Um dia um atravessador falou para Vera sobre a raça New Hampshire que tinha bom comércio para o uso em cerimônias religiosas. Vera se interessou, mas não tinha o dinheiro necessário para construir um galinheiro. Foi então que Vera conheceu o Fundo de Crédito Solidário, da Associação Regional, e fez o projeto para construir o galinheiro e aumentar a criação para vender para o Rio de Janeiro. E ela conseguiu! O crédito foi de R$1.000,00 e Vera dividiu o pagamento da dívida em 4 parcelas para serem pagas de 4 em 4 meses. Ela escolheu a forma de pagamento. Como as galinhas são vendidas a cada quatro meses, ela vendia um lote, pagava o empréstimo e ainda sobrava pra comprar novos pintinhos. Assim, o pagamento do empréstimo foi tranqüilo e Vera utilizou só a renda das galinhas para pagar. Hoje o que vem é lucro. E Vera conseguiu criar as galinhas que tanto queria e aumentar a renda da família. Além disso, ela passou a ter maior autonomia!
Criando galinhas . . . Com o recurso inicial, Vera construiu o galinheiro e começou com 100 pintinhos de New Hampshire que ela compra na Universidade Federal de Viçosa. As galinhas são tratadas com a ração que é feita com milho de casa e com concentrado que é comprado. Além da ração ela dá abóbora, resto de comida e mato para as galinhas. Durante os 4 meses de engorda são necessários 8 sacos de fubá e 4 sacos de concentrado para engordar 100 pintos. Vera está pensando em utilizar uma ração alternativa para baratear ainda mais o custo de produção. Uma boa dica está na cartilha Rações Alternativas do CTA. Vera compra 100 pintinhos e só depois que as galinhas são vendidas é que ela compra novos pintinhos. É colocada luz para os pintinhos que são comprados com 1 dia de vida e o transporte deve ser cuidadoso para não adoecerem. Vera sempre coloca folha de Terramicina, para as galinhas e não usa vacina. Os pintinhos ficam em um cômodo fechado até 30 dias de vida com luz. Depois é aberto um outro espaço onde ficam até 60 dias. Após 60 dias abre outra parte do galinheiro para terem espaço e andarem a vontade até 120 dias num terreiro cercado. Quando tira os animais desinfeta com creolina e coloca pó de serra para não passar doenças de um lote para outro.
Na hora de vender a galinha tem que estar bonita, por isso tem que ter espaço para elas caso contrário elas se bicam e ficam feias. Vera lembra que antes de pensar em criar tem que ter mercado para não ter prejuízo. Hoje a renda da família vem do milho, feijão, cana, abelhas, leite e das galinhas. Há muita conversa e planejamento na família. Existe uma distribuição do trabalho de acordo com o que gostam de fazer. Vera gosta de cuidar das galinhas e Pedro tem muito gosto pelas vacas. Estão construindo um alambique onde os filhos irão trabalhar. A família só contrata mão-de-obra externa na quebra do milho. Vera se sente muito feliz com a criação de galinhas que trouxe uma renda a mais para a família e maior autonomia para ela! Nossa Roça é produzido pela equipe técnica do CTA-ZM. ASSOCIAÇÃO REGIONAL DOS TRABALHADORES RURAIS DA ZONA DA MATA - MG
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