CARTA DA JUVENTUDE CAMPONESA LGBT À OFICINA DE DIÁLOGO NACIONAL DE JUVENTUDE E SUCESSÃO RURAL A construção do Plano Nacional de Juventude e Sucessão Rural é uma demanda histórica para os Movimentos Sociais Populares do Campo, das Águas e das Florestas, por compreendermos que ele nos desafia a sintetizar e articular as Políticas Públicas já existentes, pautando a elaboração de novas Políticas que promovam o acesso à terra, o fortalecimento dos territórios, trabalho, a renda, educação do campo, qualidade de vida, participação, comunicação e democracia. A problematização da sucessão aponta que temos um rural diverso e que precisamos reconhecer e respeitar a identidade dos/as jovens do campo, das Águas e das Florestas, como: étnico/racial, regional, cultural, religiosa, identidades de gênero, orientação sexual e a condição social e econômica. Como forma de potencializar a formulação do plano, apontamos a inserção das temáticas: étnica/racial, acessibilidade (pessoas com deficiência), de orientação sexual e de identidades de gênero como transversal a todos os eixos temáticos. Por isso, nós, JUVENTUDE CAMPONESA LGBT, presentes na Oficina de Diálogos do Plano de Juventude e Sucessão Rural, diante das históricas opressões e exclusões ligadas a estrutura patriarcal, machista e LGBTfóbica, que atingi diretamente a juventude Lésbica, Gay, Bissexual, Transexual e Travesti no campo brasileiro, colocados e colocadas as margens dos limites da terra, propomos a incorporação dessa discussão e implementação desse tema nas políticas públicas voltadas ao rural. Várias são as formas de invisibilidade da juventude LGBT no rural, e nós, os sujeitos e sujeitas se encontram sem direitos e condições de continuidade da vida que desejamos seguir, sem condições de produzir na terra que crescemos e queremos permanecer. Muitos temas se agravam quando este é discutido, pois debater a permanência no campo, se torna mais complexa quando o sujeito e a sujeita LGBT é colocado em pauta. Uma liderança LGBT no meio rural é marcada por várias retaliações que terminam na sua invisibilidade dentro dos seus espaços de articulações, já que piadas machistas e LGBTfóbicas são escutadas a todos os momentos e o respeito muitas vezes se restringem as discussões de classe e lutas, que quando chegam na realidade do dia a dia e dentro das nossas áreas rurais só reina o preconceito e a discriminação. Nossa pauta deve contemplar todas as conquistas e desafios colocados pelos vários Movimentos Sociais Populares do campo, sendo nossa articulação mais um espaço de fortalecimento das lutas e construção do Projeto Popular para o campo brasileiro. Continuaremos pautando a luta pela terra e território, trabalho e renda, educação do campo, participação e qualidade de vida, porém não abriremos mão de trazer o recorte de afirmação LGBT nessas pautas. Queremos a quebra dos estereótipos criados sobre o ser homem e o ser mulher, com o respeito à autonomia e ao direito de construir o que queremos. A nossa luta é todo dia, contra o racismo, machismo e LGBTfobia! Brasília, 25 de fevereiro de 2016.