Reabi[li]tar | Proposta de uso misto com requalificação de edifício abandonado

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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE ARQUITETURA E URBANISMO TRABALHO FINAL DE GRADUAÇÃO janeiro de 2015 orientação Helena Aparecida Ayoub Silva


PROPOSTA DE USO MISTO COM REQUALIFICAÇÃO DE EDIFÍCIO ABANDONADO

CESAR MACHADO DE MATOS



“Sem um coração central forte e abrangente, a cidade tende a tornar-se um amontoado de interesses isolados. Ela fracassa na geração de algo social, cultural e economicamente maior do que a soma de suas partes constitutivas.” Jane Jacobs



Agradeço à professora Helena Ayoub, pela paciente orientação, incentivo e ensinamentos nesse trabalho; aos professores Vicente Gil e Antônio Carlos Barossi pelo aprendizado no curso e gentil participação na banca; à FAUUSP, pelas oportunidades, pelo ensino dentro e fora da sala de aula, por esses anos incríveis que deixarão saudades e pelos presentes que ela me deu nesse tempo, especialmente: Aline, Fernanda, Nuno, Rafaella, Renan, Bruno, Cá ‘Mongs’, Dudu, Flávia, Lê Cipro, ‘Parabéns’, Renato, Sérgio, ‘Sunga’ e Zaitsu, entre outros, a quem agradeço a amizade, o companheirismo, a cumplicidade, o suporte, os ensinamentos e a tudo o que passamos; aos amigos da T61, da BATeria, da Atlética e da FAU em geral; também ao Eduardo e outros amigos de fora; aos colegas de trabalho Eunice, Luiz, Erika, Paula e Rodrigo; aos meus pais e à minha família, por tudo; muito obrigado.



considerações iniciais

PARTE II | TERRITÓRIO ESCOLHA DA ÁREA CENTRO SÉ ENTORNO

PARTE IV | PROPOSTA CONCEITOS DADOS VOLUMETRIA NÍVEIS BASE EDIFÍCIO REQUALIFICADO | HIS EDIFÍCIO ANEXO | HMP HOSTEL SUSTENTABILIDADE

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PARTE I | SUBSTRATO HABITAÇÃO E REABILITAÇÃO DE ÁREAS CENTRAIS REABILITAÇÃO DE EDIFÍCIOS

PARTE III | APROXIMAÇÕES O EDIFÍCIO POSSIBILIDADES PROGRAMA

CONSIDERAÇÕES FINAIS BIBLIOGRAFIA ICONOGRAFIA



Reabilitar, renovar, reformar, requalificar, restaurar, reciclar, reutilizar… Dada a heterodoxia de abordagens optei pela expressão Reabilitar, como sendo o presente título desse trabalho. Essa palavra se fez presente em boa parte da pesquisa teórica e será repetida diversas vezes nas próximas páginas. Nela também pode ser lida a palavra Reabitar, termo esse que engloba todas as intervenções, da preservação à sobreposição, cujo propósito seja reativar espaços esgotados e esquecidos, restituindo-lhes função e vida. Reabitar é apropriar e viver.

1. Dicionário Michaelis

reabilitar re.a.bi.li.tar (re+habilitar) vtd 1 Restabelecer no estado anterior; restituir (a alguém) os direitos e prerrogativas que tinha perdido. vtd 2 Declarar inocente (o sentenciado). vtd 3 Restituir à estima pública, à estima de alguém. vtd 4Regenerar moralmente. vpr 5 Obter a sua reabilitação.



CONSIDERAÇÕES INICIAIS Percorrendo a área central da cidade de São Paulo surpreende a existência de numerosos espaços e edifícios totalmente vazios e deteriorados. A região sofreu um processo constante de esvaziamento e degradação ao longo das últimas décadas, resultando em uma drástica redução no número de moradores e na degradação de seu patrimônio. Nessa situação onde inúmeros imóveis encontram-se desocupados ou abandonados, ocorre uma subutilização pela população da boa e já consolidada infraestrutura urbana e de transporte público do centro. Construções das mais variadas, boa parte com mais de cinco andares e geralmente empreendidos na primeira metade do século XX, com a vanguarda tecnológica da época, acabaram fechados por diversas razões por seus proprietários. Em uma cidade como São Paulo, onde não sobram mais tantas áreas para expansão urbana, onde a infraestrutura é escassa nas áreas periféricas e onde os domicílios vagos superam o déficit habitacional, é absurdo manter todo esse patrimônio construído à espera da viabilização do mercado, deixando de investir na sua utilização para fins habitacionais, principalmente quando isso poderia ancorar um processo intenso de reabilitação dessa área da cidade.

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Diante desse quadro, o objetivo final desse trabalho é desenvolver uma proposta de requalificação, reocupação e reintegração de um edifício que encontra-se abandonado e em crescente estado de degradação no centro de São Paulo, com projeto para novo uso e atividades, a fim de resgatar a dinâmica urbana, e aproveitar a abundante infraestrutura disponível ao redor. Pretende-se dessa forma, exemplificar a reabilitação de edifícios como instrumento de retomada do uso habitacional no centro, mas não deixando de lado os usos comercial, cultural e de lazer, reforçando a dinâmica urbana da cidade e buscando a revitalização da região, inclusão social e melhora da qualidade de vida da população.

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PARTE I

| SUBSTRATO



HABITAÇÃO E REABILITAÇÃO DE ÁREAS CENTRAIS A política de reabilitação das áreas centrais surge como diretriz nas principais aglomerações urbanas mundiais e é formulada através de diferentes equacionamentos. Alguns autores destacam questões de economia urbana associadas ao bom funcionamento da cidade e entendem que a recuperação dessas áreas é parte da equação da denominada produtividade urbana. Outros enfatizam o papel das áreas centrais como locais adequados de moradia para um novo segmento social chamado de classe criativa e muito associado às novas demandas do setor terciário globalizado. Também há uma ênfase na leitura sociológica que associa estas políticas com processos de segregação social e elitização do espaço urbano, permitindo às classes mais favorecidas consumir espaços tradicionais da cidade. Além disso, merece destaque a visão ambientalista, que exige uma reformulação das nossas cidades através da compactação da mancha urbana. A intensificação do uso do solo aparece como variável determinante na equação da sustentabilidade. Esta questão ganha força em São Paulo, onde se verifica um claro processo de desadensa-mento populacional pautado por uma construção ideológica que se remonta ao início do século XX, e que formula uma ideia corrente na sociedade sobre os males do adensamento populacional. Esta ideologia culmina com a promulgação da

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Lei Anhaia que estimula densidades máximas vai se re-editando nas legislações posteriores . A consequência deste processo é a perda constante de população naqueles distritos onde se verificam os maiores índices de verticalização. A falsa ideia de que a verticalização em São Paulo provoca adensamento populacional funciona como mais um instrumento de segregação social, impedindo uma compactação da cidade que só seria possível com a intensificação do uso do solo e a mistura de classes sociais. Desmistificar esta questão é importante, principalmente quando se verifica que os distritos centrais concentram parte importante das atividades e empregos da metrópole e lá sustentam durante o dia densidades populacionais superiores aos 1.000 usuários/ha. Este processo de desadensamento populacional faz com que um dos distritos centrais, como o da República, com ocupação vertical antiga e predomínio de edifícios comerciais seja o terceiro distrito mais denso, com 207 hab/ha, conjuntamente com Bela Vista e Santa Cecília, deixando de lado aqueles com grande concentração de área construída vertical como Itaim, Moema e Jardins. Por outro lado os distritos da Sé e República, com as maiores densidades verticais construídas, apresentam valores nas taxas de vacância dos imóveis residenciais


que beiram os 20%. As tentativas de dimensionar o acréscimo necessário ao atual estoque de domicílios em vista a superar o déficit de habitações têm resultado em números diversos. Esta discussão, quando inserida no perímetro do município, ganha ainda maiores proporções pela escassez de terrenos aptos para novos desenvolvimentos habitacionais. Nesse sentido, uma política centrada na variável do adensamento demográfico nas áreas consolidadas pode definir uma diretriz clara, podendo estar pautada no reaproveitamento de edifícios existentes e na reconversão de edifícios obsoletos para diferentes usos. Sem dúvida, os edifícios da área central constituem importantes recursos materiais que devem ser utilizados e o uso residencial parece ser bastante adequado, porque ao mesmo tempo permite um aproveitamento eficiente da infraestrutura instalada bem como recria a localização com as pessoas utilizando as ruas em todos os horários do dia. Desde os anos 90 tem havido mudança nos padrões residenciais, e é cada vez maior a procura por residências próximas ao local de trabalho com arranjos espaciais que atendam as demandas das novas famílias, com menos integrantes e com mais tempo despendido fora

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do lar. Somando a isso o aumento no preço dos imóveis, surge uma necessidade por espaços menores, mais flexíveis e menos fragmentados, que suportem o maior número de atividades. Se a certeza do uso habitacional parece clara, resta definir o padrão de produção dessas habitações. Os processos de gentrificação parecem não ameaçar no caso dos distritos da Sé e República, onde a diversidade de usos parece garantir a permanência das populações menos favorecidas, mas ainda há de se ter cuidado. Resta desenhar um programa urbano que possa equacionar todas as variáveis presentes no problema de reocupação da área central, considerando as particularidades do estoque construído no centro.

“As ocupações de edificios em áreas centrais são um indicador importante da disposição de setores sociais em lutar pela moradia no centro. Elas constituem um alerta a toda sociedade sobre o drama da habitação. Elas revelam o descontentamento com o destino aparentemente te inexorável do exílio na periferia desurbanizada e das favelas. A proximidade da oferta de empregos, serviços de saúde e educação, menores gastos e menor tempo dispendido nos transportes, são algumas das vantagens de morar no centro.” 2

2. Maricato / Santos, 2002



REABILITAÇÃO DE EDIFÍCIOS O processo de reabilitação de edifícios na Sé e República se justifica pela situação deteriorada da região. A área faz parte de um pedaço historicamente importante da cidade e muito bem servido de infraestrutura urbana. Nessa região encontram-se os maiores entroncamentos de transporte público (metrô e ônibus) da cidade, o que favorece o deslocamento para qualquer localidade. O interesse em reabilitar edifícios antigos no centro de grandes cidades tem tudo para suprir a necessidade de restabelecer áreas centrais aproveitando o máximo dos recursos já existentes. Apesar da perda populacional, da incidência de vazios e do deslocamento de funções no contexto urbano, o centro ainda concentra a maior densidade construída, o maior número de estabelecimentos, a maior concentração de empregos, fluxo de pessoas e equipamentos culturais da cidade. Para minimizar as perdas e modificar esse quadro, já na década de 1970 algumas iniciativas governamentais elaboraram planos de reestruturação da área central. No entanto, esses planos abordavam prioritariamente a proteção e restauração de bens culturais, além da revitalização de algumas áreas pontuais. A partir da década de 1990 os movimentos de luta por moradia começaram a se organizar e iniciaram a ocupação de diversos edifícios desocupados da região. Essas


ações mudaram o rumo que vinha sendo dado à reestruturação do centro paulistano. O governo deu início a programas habitacionais que consideram a reaproveitamento de edifícios antigos no centro. A dinâmica do projeto de reabilitação difere completamente daquela praticada nos projetos de construção a partir do zero. A grande diferença está na necessidade de alterar um edifício já construído, o que demanda a aquisição de informações de qualidade sobre o que realmente faz parte da edificação, tornando o diagnóstico e a coleta de informações atividades essenciais para viabilizar o empreendimento. A reabilitação no contexto do empreendimento é entendida como o processo que envolve o imóvel ou bem urbanístico a ser recuperado de maneira a contribuir não só para os moradores e proprietários do imóvel, mas também como um processo que interfere em toda a área urbana. As formas de reabilitar dependem muito dos níveis de adequação e reparo necessários ao empreendimento em questão. Essa relação aborda aspectos da situação do edifício e das necessidades para seu novo uso. A intervenção pode ir de pequenos reparos a grandes modificações estruturais. O processo pode ser dividido em: diagnóstico do imóvel; identificação dos agentes envolvidos; projeto; planejamento e gestão da produção; gestão da ocupação.

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O diagnóstico é identificado como momento decisivo para o empreendimento de reabilitação, pois engloba aspectos de identificação das características urbanas do imóvel, conhecimento do domínio da propriedade e das condições de posse e identificação de todos os agentes envolvidos. As atividades relacionadas à fase de elaboração de projeto são a inspeção do imóvel construído buscando todas as suas características, levantamento dos parâmetros e diretrizes envolvidas para elaboração do projeto e aprovação junto aos órgãos públicos. A etapa de planejamento e gestão da produção consiste em planejamento, execução e acompanhamento e conclusão da obra e sua regulamentação. De uma maneira geral, a reabilitação dessas estruturas é um processo complexo, já que trata do envolvimento de diferentes atores e da permanência de parte deles como responsáveis pela conservação do imóvel ou espaço requalificado. Algumas limitações que prejudicam a disseminação de novas ações de reabilitação são: a falta de regulamentação adequada, como instrumentos urbanísticos que considerem de fato o valor social e a interferência do imóvel no contexto urbano; a pouca capacitação da mão de obra desse setor específico, tanto em nível de projetos e análises técnicas, quanto para as atividades da obra; a falta de indicadores para análises das atividades de reabilitação; a ausência de bases para


análises econômicas e de custos; entre outros. Em se tratando de Habitação de Interesse Social (HIS), os entraves aumentam, pois a discussão demanda o envolvimento interdisciplinar para a elaboração de um trabalho efetivo. As questões de valorização da terra, ou do espaço construído e os impasses jurídicos de alguns imóveis, também tomam relevância e acabam tornando-se limitadores que impedem a viabilização de diversos empreendimentos.

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PARTE II

| TERRITÓRIO



ESCOLHA DA ÁREA Foi natural o julgamento de que o projeto elaborado deveria estar localizado na cidade de São Paulo, uma cidade que grandes subsídios oferece, em termos de vivência, para o amadurecimento do olhar do arquiteto, além de ser o local de moradia, trabalho e estudo do autor. Um projeto nessa cidade também facilitaria eventuais visitas de campo e acesso às informações, como documentos cedidos por órgãos municipais. Em relação ao uso do espaço e à qualificação de uma cultura construtiva, a cidade apresenta tantas contradições e peculiaridades que é compreensível que haja uma vontade de apropriação da arquitetura para tentar atenuar essas dissonâncias. O desejo de uma cidade em que os seus habitantes possam todos dispor de moradia adequada, acesso à infraestrutura pública de transportes, órgãos institucionais, lazer, cultura, e salubridade, parece meramente utópico a um primeiro olhar, e também aparece como desafio para o arquiteto a necessidade de filtrar esses questionamentos e traduzi-los em propostas de intervenção que sejam viáveis e responsáveis. A questão dos edifícios vazios e abandonados pela cidade sempre me chamou a atenção. Era constante a curiosidade, ao ver um esqueleto inacabado por exemplo, em saber como seria ver o projeto terminado, quais motivos

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levaram ao abandono ou embargo, o que poderia ser proposto naquela mesma estrutura, com diversas possibilidades de uso e estética e, finalmente, como ficaria a região com um bom projeto executado tomando o lugar de um monumento ao abandono, que não só sofre com a deterioração, mas que também causa o mesmo para seu entorno. Me foi atraente, portanto, elaborar no trabalho final de graduação uma proposta que envolvesse a rebilitação de um edifício vazio ou abandonado. O caminho seguido foi de buscar, principalmente na área central da cidade, construções vazias ou abandonadas que possibilitassem, preferencialmente, um projeto voltado a mais de um uso. A busca resultou em algumas construções desocupadas e com grande potencial de transformação, e entre elas a que se destacou e acabou sendo escolhida para o trabalho: no número 93 da Rua do Carmo, no Distrito da Sé, uma torre alta com grande deterioração e visível de vários pontos de uma das regiões mais importantes da cidade. Não só o tamanho do edifício e as possibilidades de projeto me chamaram a atenção, mas também sua localização, próximo ao marco zero da cidade, à estação de metrô mais movimentada e a diversos equipamentos públicos. A quadra do objeto escolhido também me foi atraente: de um lado da torre duas casas do início do

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século XX, uma praça e a entrada do Poupatempo Sé, com intensa movimentação de pessoas; do outro lado, construções baixas e áreas não edificadas que abrigam principalmente estacionamentos, seguidos do Sesc Carmo, um edifício residencial e dois comerciais, todos de pequeno ou médio porte e sem recuos frontais e laterais.

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CENTRO É chamada de Zona Central de São Paulo (ou simplesmente Centro de São Paulo) a região administrada pela Subprefeitura da Sé, que é formada pelos distritos da Bela Vista, Bom Retiro, Cambuci, Consolação, Liberdade, República, Sé e Santa Cecília. Enquanto a cidade possui 11,3 milhões de pessoas, segundo projeções, a região central concentra apenas 310 mil habitantes em oito distritos. A porção tradicionalmente chamada de “centro” corresponde a somente dois deles, Sé e República, onde moram cerca de apenas 55 mil habitantes, ou 0,5% da população do município. Essa região é, hoje, mais lembrada por seus problemas do que por suas belezas, sua história e sua infra-estrutura.

3. Dados da Subprefeitura da Sé

Área3: 27 km² População3: 431.106 habitantes (2010) Renda média3: R$2335,54 IDH3: 0,928

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DEGRADAÇÃO E REVITALIZAÇÃO O centro da cidade foi o principal distrito financeiro da cidade até aproximadamente a segunda metade do século XX. A partir da década de 1970, falhas nas gestões dos governos municipais, aliado ao surgimento e desenvolvimento de novos centros financeiros em outras regiões da cidade, causaram grande esvaziamento do centro, e muitas empresas começaram a se mudar para outros distritos da cidade. Com o forte processo de degradação urbana e a queda na qualidade de vidana região, a maioria da população de alta e média renda, também começou a procurar outras áreas da cidade, resultando no agravamento da decadência da região central da cidade. O intenso processo de esvaziamento e degradação urbana trouxe inúmeras consequências como o aumento das taxas de violência, economia informal, atos de vandalismo, falta de investimento privado em novos imóveis, depredação do patrimônio histórico, e aumento do número de usuários de drogas. No início da década de 1990 começaram a surgir as primeiras intenções e movimentos por parte da sociedade e do governo (municipal e estadual) que buscavam a recuperação social, econômica, turística e cultural da região central, iniciando um lento processo de revitalização. Vários centros culturais foram criados ou recupe-


rados, como as Estações da Luz e Júlio Prestes, a Sala São Paulo, o Mercado Municipal, o Museu da Língua Portuguesa, o Palácio das Indústrias, a Pinacoteca do Estado de São, o Teatro Municipal, entre outros. Um exemplo desses novos movimentos é a “Aliança pelo Centro Histórico de São Paulo”, criada em 2009, que inclui esforços da prefeitura da cidade, da associação “Viva o Centro” e de empresas privadas da região. O projeto visa proporcionar a qualidade total dos serviços públicos como segurança, iluminação e limpeza das ruas e praças.

CARACTERÍSTICAS SOCIAIS

4. Villaça, 1998

5. Dados do IBGE e da Fundação SEAD 6. Villaça, 1998; Feldman, 2004; Kara-José, 2007

A população total da subprefeitura da Sé, segundo o censo de 2010, é de cerca de 431 mil habitantes, o que a torna a região administrativa menos populosa da cidade, apesar de ser a que possui a maior oferta de equipamentos públicos e empregos4. A cada ano da década de 1990 a zona central de São Paulo apresentou uma taxa negativa de crescimento demográfico, que chegou a -5 por cento ao ano5. Esse fator contribuiu para o que se convencionou chamar de “degradação” da região, pois, segundo alguns especialistas em estudos urbanos6, com o afastamento das elites paulistanas das áreas centrais,

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ocorreu juntamente o afastamento da zeladoria pública, levando a uma sensação de “abandono”. Contudo, na década de 2000, houve reversão do declínio populacional, com aumento de 15% do número de habitantes no período.

Distrito Santa Cecília Bela Vista Liberdade Consolação República Cambuci Bom Retiro Sé

População (2010)7 83 717 hab. 69 460 hab. 69 092 hab. 57 365 hab. 56 981 hab. 36 948 hab. 33 892 hab. 23 651 hab.

IDH (2000)7 0,930 0,940 0,936 0,950 0,901 0,903 0,864 0,858

7. Dados do IBGE


SÉ O distrito da Sé, conjuntamente com o da República forma o chamado Centro Histórico da cidade. É o distrito onde se localiza o do distrito em que está localizado o Pátio do Colégio (Páteo do Collégio), ponto onde a cidade foi fundada em 1554; a Praça da Sé, onde está localizado o “marco zero” do Município e a Catedral Metropolitana de São Paulo; a Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo; a sede do Tribunal de Justiça; o Edifício Martinelli; a sede da Prefeitura Municipal; a Bolsa de Valores, Mercadorias e Futuros (Bovespa); a sede do Ministério Público do Estado; o Edifício Altino Arantes; o Mercado Municipal e o Mosteiro de São Bento, entre outros pontos de interesse. O distrito é atendido pelas linhas 1 (azul) e 3 (vemelha) do Metrô e pelo Expresso Tiradentes da SPTrans. Também dentro desse distrito está situada a parte mais conhecida do bairro da Liberdade, embora também haja um distrito com este nome. A parte mais movimentada da rua Galvão Bueno, a Praça da Liberdade e a Estação Liberdade do Metrô estão localizados, oficialmente, dentro do distrito da Sé.

A área desse distrito corresponde à ocupação mais antiga da cidade (iniciada no século XVI), conhecida como o “Centro Velho”, que formou-se numa espécie

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de colina ou platô em forma de “V”, cercada pelos rios Anhangabaú, de um lado, e Tamanduateí, de outro. A grosso modo, esta área era delimitada pelas vias de ligação entre quatro pontos principais: as igrejas da Sé, do Carmo, de São Bento e de São Francisco (correspondente às atuais ruas Senador Feijó, Anita Garibaldi, Roberto Simonsen, Boa Vista e Líbero Badaró). O Distrito da Sé forma, junto com o da República, o chamado Centro Histórico de São Paulo. Porém, neste último, a ocupação efetiva foi iniciada apenas no século XIX e só ganharia força no início do século XX, após a construção do Viaduto do Chá. Área8: 2,1 km² População8: 23.651 habitantes (2010) Densidade8: 112,62 hab/ha Renda média8: R$978,31 IDH8: 0,858 Subprefeitura: Sé Região administrativa: Centro Área geográfica: Centro histórico

Distritos limítrofes Bom Retiro (norte) Brás (leste) Cambuci (sudeste) Liberdade (sul) República (oeste)

8. Dados da Subprefeitura da Sé


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Localização na cidade

Densidade demogr. prelim.

Imagem do Wikipedia, editada

Dados do IBGE

Limites dos distritos Dados do Ministério do Trabalho


Equipamentos PĂşblicos

Uso predominante do solo

Mapa da Subprefeitura da SĂŠ

Mapa da Secretaria Munic. de Desenv. Urbano

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População 2010 Dados da Subprefeitura da Sé

Evolução demográfica da Sé 2008 Dados do IBGE

Empregos Formais 2004 Dados do Ministério do Trabalho


Estabelecimentos 2004 Dados do Ministério do Trabalho

Indústria 2004 Dados do Ministério do Trabalho

Comercio

Serviços

2004 Dados do Ministério do Trabalho

2004 Dados do Ministério do Trabalho

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ENTORNO A intervenção tem como área a quadra entre as ruas do Carmo, Joaquim dos Santos Andrade e Alcides Bezerra. Esta quadra situa-se ao lado das Praças da Sé, Clóvis Bevilácqua e do Carmo, essa última que abriga a entrada do Poupatempo. No terreno existem dois estacionamentos, cinco sobrados que abrigam uma pequena igreja Evangélica e comércio, o atual edifício do Sesc Carmo, com seis andares, um edifício residencial com quatro andares , um edifício comercial com sete andares e outro com quatro andares, além do objeto de estudo, um edifício abandonado de 29 pavimentos. No entorno, existe a creche da Secretaria da Fazenda, as Igrejas da Ordem Terceira do Carmo e Nossa Senhora da Boa Morte, o já citado Poupatempo Sé, serviço público de obtenção de documentos e atestados (essa unidade atende cerca de 11 mil pessoas, sendo a mais movimentada da cidade). Um pouco mais afastada da quadra escolhida, existe a Casa da Solidariedade, que ocupa o edifício histórico do antigo Ginásio do Estado e desenvolve, através do Fundo de Solidariedade do estado, projetos sociais para crianças, adolescentes e adultos. A entidade atende crianças, adolescentes em situação de risco social e promove atividades extracurriculares e culturais no contraturno da escola. Também existe em um dos espaços uma

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escola de moda, que oferece cursos de criação e costura e auxílio financeiro. Além da Casa da Solidariedade, outra referência de entidade de articulação social na região é o Clube Escola Novo Glicério, resultado de uma iniciativa de moradores do Glicério, que fundaram a escola autogestionada que oferece atividades esportivas às crianças e jovens da região.


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VIÁRIO

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ÔNIBUS METRÔ

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CICLOFAIXA CALÇADA COMPART.

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Edifício visto da Catedral da Sé

Igreja N. S. da Boa Morte

Edifício visto da Avenida do Estado

Edifício visto da Ria Alvarenga


Igreja da Ordem Terceira do Carmo

Vista da Praça do Carmo

Entrada do Poupatempo Sé

Edifício visto da Praça do Carmo


Frente da quadra na Rua do Carmo

Casar천es existentes na quadra

Frente da quadra na rua do Carmo


Sede do SESC Carmo

Sede do SESC Carmo

Entrada do SESC Carmo

Creche na rua Joaquim dos Santos


Creche na rua Joaquim dos Santos

Fundos do SESC na rua Alcides Bezerra

Fundos do lote estudado e creche

Fundos do edifĂ­cio estudado


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PARTE III

| APROXIMAÇÕES

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O EDIFÍCIO

Localizado no número 93 da Rua do Carmo, distrito da Sé, este esqueleto de 29 pavimentos fica próximo ao Palácio Clóvis Ribeiro, sede da Secretaria da Fazenda de São Paulo, ao Poupatempo e à estação da Sé do Metrô, e encontra-se abandonado e em deterioração há décadas. Visível de vários pontos da região, a torre é praticamente um monumento dedicado ao abandono e à deterioração de imóveis da região central de São Paulo. A construção possui centenas de barras de ferro expostas, algumas de suas paredes fechadas com blocos e outras ainda abertas, e possui vegetação crescendo na cobertura. Na pesquisa realizada, foram obtidas informações desencontradas sobre este imóvel. De acordo com relatos e dados obtidos, ele foi projetado para ser um edifício garagem, sendo que alguns dizem que as obras da linha azul do Metrô de São Paulo o impediram de ser finalizado, pelo aparecimento de rachaduras no túnel próximo ao edifício, onde foi criada uma transferência de linhas (azul e vermelha), e esse problema teria embargado a obra e estaria também impossibilitando sua demolição. Porém, relatos de moradores da região na época da construção dizem que o esqueleto é anterior às obras do Metrô, e começou a ser erguido entre 1966 e 1967. Depois de cerca de dois anos a obra foi interrompida e nunca mais retomada. Dessa forma ele está assim desde, no mínimo

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1970, possivelmente até antes. Na época se comentava que as obras do edifício garagem haviam sido paralisadas por disputas com o espólio do dono da obra. Pesquisando os documentos da obra na Prefeitura foi possível ter acesso a plantas de aprovação de duas propostas diferentes: a primeira, com plantas de 1961, mostra uma torre residencial com lojas no térreo; a segunda, com projeto assinado em novembro de 1963, mostra um edifício garagem com sistema de elevadores hidráulicos, com estrutura idêntica ao que foi construído, e com uma torre comercial logo à frente, fechando o recuo frontal que existe atualmente na Rua do Carmo. Essa proposta foi a construída, apesar de terem erguido apenas o edifício garagem. A torre comercial provavelmente seria erguida em seguida, caso não tenham embargado ou abandonado a obra. Não é sabido o motivo da paralisação da construção, há mais de 45 anos. Sabe-se que funcionou há alguns anos um estacionamento em seu piso térreo. Ele fechou e a torre foi ocupada por volta de 2010 por famílias sem teto, que ergueram cortiços em seus primeiros andares. Nessa época foi habitado por cerca de sessenta famílias, que deixaram o edifício no fim de 2014, sendo reaberto um estacionamento em seu segundo subsolo (térreo em relação à rua dos fundos do lote, devido a declividade do terreno).


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Sua estrutura é de concreto armado, com pilares avantajados (o que é esperado para um edifício garagem da década de 1960, que abrigaria centenas de veículos da época). As vigas possuem grande espessura no perímetro da torre, mas são menores nas áreas internas. Por ser um edifício garagem seu pé-direito padrão é baixo, de 2,20m. As lajes têm pouca espessura, entre 12 e 15cm e há um vazio central onde seriam instalados os elevadores dos veículos. A torre tem formato escalonado, e suportaria de 8 a 16 automóveis por pavimento. Os quinze andares inferiores acomodam 16 veículos em 287 m2 de área, os cinco andares intermediários suportam 12 veículos em 215 m2 , enquanto os oito supeiores suportam oito veículos, em 143 m2 de área. A área construída do edifício é de aproximadamente 8172 m2, e a projeção no lote de 397 M2.


Anúncio de venda das garagens automáticas do edifício Folha de São Paulo, 5 de março de 1964

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Esboço 3D da estrutura da torre Vista de corte do projeto de aprovação do edifício na prefeitura

Imagem interna do vazio central, onde seriam instalados os elevadores Plantas do projeto de aprovação do edifício na prefeitura esboço da planta tipo, dividida em oito módulos, cada um com duas vagas

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POSSIBILIDADES Desde o início desse trabalho a ideia era intervir, não só em uma construção existente, mas também projetar novas áreas adjacentes, unindo da melhor forma possível o antigo reformado com o novo proposto. Depois de escolhido o objeto de intervenção, no caso o edifício-garagem, foi necessário saber qual escala seria utilizada. O entorno imediato e a região do Centro possuem tantos problemas e são tantas as possibilidades de discussão que a vontade de intervir em uma área mais abrangente era grande. Porém, com o projeto do edifício exigindo uma escala menor, optou-se por restringir os ensaios projetuais à quadra do edifício. Logo de cara, os lotes que fazem divisa com a torre, pouco construídos e que abrigam principalmente estacionamentos, já chamaram a atenção como um bom local para uma nova construção. O Sesc Carmo, vizinho a essa área também sugeria várias possibilidades, como reforma, reconstrução com aumento de área construída e de terreno ou construção de um anexo. Considerandose que sua inauguração foi em 1960, em edifício que já era antigo na época e foi reformado, e que não possui itens como piscina e quadras de esporte, seria interessante propor melhoria e aumento nas instalações, muito utilizadas pela população local.

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Os dois edifícios comerciais e um residencial, que ficam na extremidade da quadra, voltados para a rua Joaquim dos Santos Andrade, poderiam continuar, pois já possuem uso consolidado e não haveria tanta necessidade de demolição para liberar novos terrenos. Os casarões do início do século XX, do outro lado da quadra próximos ao Poupatempo, não só deveriam continuar devido ao seu patrimônio histórico, mas também poderiam ser restaurados e incorporados ao projeto proposto, fazendo desse trabalho uma soma de restauro, reabilitação com novo uso e projeto de nova edificação. Várias possibilidades foram levadas em conta, como a demolição do Sesc e sua reconstrução ocupando toda a área central da quadra, onde existem estacionamentos, tendo equipamentos tanto no novo e amplo edifício quanto no edifício-garagem a ser reformado, que também abrigaria habitação. O Sesc teria térreo livre com lazer e comércio e comércio, ficando com as áreas de cultura e lazer nos andares superiores, incluindo uma piscina na cobertura. O setor administrativo ocuparia alguns dos primeiros andares da torre reformada e uma biblioteca seria proposta para os últimos andares, incluindo a cobertura, que teria um café mirante integrado à ela. A ideia era de uma biblioteca suspensa na torre, que veria e seria vista de vários ângulos da região central. Esses últimos pavimentos seriam recons-


truídos em estrutura metálica e receberiam instalações especiais, incluindo proteção solar para o acervo. A parte intermediária da torre reformada receberia habitação, com acessos verticais independentes. Porém, ao longo do trabalho, a ideia de demolir e reconstruir um equipamento público que já existe e já funciona deu lugar a incentivar ao máximo o uso habitacional. O centro da cidade já possui grande quantidade de equipamentos e serviços, porém tem poucos moradores comparado ao restante da cidade, e com isso menos pessoas usando a região 24 horas por dia, o que aumenta a violência e a degradação. A possibilidade de regeneração da região seria muito maior com incentivos à moradia, principalmente com a mistura de classes sociais, do que com novos e maiores equipamentos públicos. Considerando isso, a proposta do trabalho passou então a ser majoritariamente de uso residencial, com grande número de apartamentos (respeitando-se os coeficientes de aproveitamento), tanto para Habitação de Interesse Social (levando em conta os movimentos de moradia, as necessidades da região e a recente ocupação do edifício por cortiços) quanto para Habitação de Mercado Popular, com apartamentos de um e dois dormitórios voltados para jovens famílias, idosos e pessoas

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que moram sozinhas, possuindo metragens pequenas, considerando-se o alto preço os imóveis e o aumento da procura por imóveis menores. O Sesc será mantido em sua forma atual, podendo ser ampliado futuramente ocupando o edifício comercial vizinho, na esquina. Os edifícios comerciais e o residencial serão mantidos, os casarões não serão anexados ao projeto, que se restringirá aos seis lotes do miolo da quadra, que incluem o edifício-garagem e pequenas casas com comércio de pequeno porte e dois estacionamentos.


PROGRAMA O Edifício-garagem - Sua estrutura será mantida e recuperada, algumas lajes serão suprimidas para adequação de pé-direito e outras por questões estruturais, como as lajes de cobertura que estão especialmente deterioradas pela ação do tempo, também haverá acréscimo de estrutura em alguns locais; - Abrigará unidades habitacionais de interesse social e áreas comuns de lazer pelo edifício; - Ganhará uma loja voltada para a Rua do Carmo; - Será proposto um bicicletário no subsolo, com entrada pela rua Alcides Bezerra; - Não haverá estacionamento para automóveis, apenas para motocicletas; - Haverá uma central para triagem e armazenamento de lixo, com áreas para compostagem e armazenamento de adubo e material reciclável;

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Os lotes vizinhos - As construções existentes serão demolidas; - Será proposto um novo edifício de uso misto, dividido em dois blocos, sendo um de apartamentos para moradia popular e outro para um hostel, ambos com lazer na cobertura e térreo público; - O bloco do hostel terá áreas para refeições, convivência, jogos, internet, dormitórios privados e coletivos e um bar; - Com exceção das áreas de circulação vertical dos blocos, o piso térreo (nível da Rua do Carmo) será de acesso público e receberá lojas, restaurantes, lanchonetes e um pub/bar; - Haverá uma praça central no lote, com áreas coberta e descoberta e acesso livre; - O piso inferior (nível da Rua Alcides Bezerra) receberá um estacionamento público e pago, com poucas vagas, um bicicletário para moradores e outro para uso público, ambos com vestiários;


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PARTE IV

| PROPOSTA



CONCEITOS Alinhamento da frente do novo edifício proposto com os edifícios vizinhos, na Rua do Carmo, suprimindo o recuo frontal, comum nas áreas centrais, de modo a aumentar a proximidade dos moradores em relação à rua, cobrir as empenas cegas existentes e fechar o vazio existente no meio da quadra, e melhorando sua volumetria;

Inclusão de uma praça central de uso público, para promover encontro e interações de todos os usuários do conjunto e prover espaços convidativos com diversas possibilidades de uso;

Supressão das áreas privadas de lazer dos moradores do piso térreo, de modo a abrir espaço para o uso público, e a mudança dessas áreas para andares ao longo dos edifícios, e principalmente para a cobertura, área que deve ser valorizada e aproveitada em seu máximo;

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Eliminação de grades e muros no piso térreo, permitindo uso público e isolando apenas os blocos de circulação vertical para as áreas residenciais;

Combinação de usos de habitação, comércio e hospedagem para assim permitir a diversidade urbana e fazer com que a rua não “morra”em certos períodos do dia ou dias da semana;

Divisão das áreas de lazer da cobertura em áreas menores, de modo a criar espaços mais aconchegantes e com usos diversos, e realocação dessas áreas em diferentes níveis, permitindo um contato mais próximo dos moradores com as áreas verdes e de lazer;


Ligação entre os terraços de níveis diferentes com escadas, de modo a permitir um percurso alternativo ao longo do edifício, aumento das rotas de escape em caso de emergência e comunicação das áreas comuns do edifício reformado com as do novo edifício proposto; Aproveitar esse formato escalonado de modo que as diferentes alturas do novo edifício se adaptem às alturas de seus vizinhos, possibilitando cobrir as empenas cegas dos mesmos e não gerar novas empenas, e proporcionando uma melhor relação entre os edifícios e uma melhoria na volumetria da quadra.

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DADOS O terreno - 6 lotes remembrados - Frente de 53 metros para a Rua do Carmo - Fundos de 54 metros para a Rua Alcides Bezerra - Profundidades de 48 a 52 metros - Área do Terreno: 2679,47 m2 (ou 0,27 ha) - Zoneamento antes do Plano Diretor (PD): Zona de Centralidade Polar B (ZcpB) - Zoneamento depois do PD: ZEIS 3 no edifício-garagem e Zona Mista no restante do lote - Área sob intervenção da Operação Urbana Centro (OUC) - Coeficiente de aproveitamento máximo: 6,0 (de acordo com regras da OUC) - Taxa de Ocupação máxima: 0,7 - Taxa de Permeabilidade mínima: 0,15 - Altura máxima: sem limite - Recuo de frente: 5 metros (mas liberado do recuo pelo artigo 185 da Lei 13885) - Dispensa vaga de estacionamento

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O edifício atualmente Área construída atual: 7100 m2 Projeção no lote: 397 m2 12 metros de frente 31 metros de profundidade 29 pavimentos Altura em relação à Rua do Carmo: 65,8 metros Capacidade para 364 automóveis

O edifício convertido São 73 apartamentos de HIS e plantas tipo com opção de 1 ou 2 dormitórios. No projeto foi proposto 50% de cada tipo, portanto: 35 apartamentos de 1 dormitório 35 apartamentos de 2 dormitórios 1 apartamento para P.N.E. de 1 dormitório 2 apartamentos para P.N.E. de 2 dormitórios Altura em relação à Rua do Carmo: 64,9 metros


Bloco HMP proposto São 126 apartamentos de HMP em diferentes tipos de 1 ou 2 dormitórios: 30 apartamentos de 1 dormitório 92 apartamentos de 2 dormitórios 2 apartamentos para P.N.E. de 1 dormitório 2 apartamentos para P.N.E. de 2 dormitórios Altura em relação à Rua do Carmo: 41 metros

Bloco Hostel 8 dormitórios coletivos 5 suítes para hospedagem Lavanderia comunitária Salão de Jogos Sala de convivência e internet Refeitório Bar Altura em relação à Rua do Carmo: 17 metros

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Total do conjunto proposto 199 apartamentos, sendo 68 de 1 dormitório e 131 de dois dormitórios 7 apartamentos para P.N.E. 8 dormitórios coletivos e 5 suítes para hospedagem no hostel 1231 m2 de áreas comerciais, incluindo 10 lojas, 1 pub/ bar, 1 restaurante e 5 quiosques de alimentação Estacionamento público com vaga para 29 automóveis, incluindo P.N.E., e 20 para motocicletas 1 bicicletário público e 2 para moradores

Área Construída (Computável para fins de aprovação) Bloco HIS: 5331,28 M2 Bloco HMP: 8070,19 M2 Bloco HOSTEL: 1272,32 M2 Térreo (A0): 724,10 M2 Praça de alimentação (A -1): 801,65 M2 Piso do Estacionamento (A -2): 142,48 M2 Total de Área Construída Computável: 16342,02 M2 Área Máxima permitida pela legislação: 17.944,69 M2


De acordo com a Operação Urbana Centro, o terreno onde há remembramento de lotes tem direito a um acréscimo gratuito de área construídade 10% a cada lote. No caso, temos 6 lotes remembrados e um acréscimo de 60% em relação à área do terreno, ou seja, 1610,17 m2.

Cálculo de População Bloco HIS: 220 pessoas BLOCO HMP: 444 pessoas BLOCO HOSTEL: 66 pessoas (capacidade máxima de hóspedes) Capacidade total: 730 pessoas, sendo 664 moradores e 66 hóspedes Densidade populacional da proposta: 2725 hab/ha

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VOLUMETRIA Levando em conta os conceitos pensados e já citados para o projeto, temos como resultado um edifício de formato escalonado. Esse formato cria visuais diferentes para cada ponto do vista, maior contato visual entre os terraços e o interior do edifício, e também cria uma parte mais baixa do edifício, gerando um “buraco” que ajuda na iluminação natural e ventilação da praça interna e também diminui uma eventual sensação de claustrofobia.

O formato escalonado foi inspirado na grande presença desse tipo de edificação na região, inclusive do próprio objeto de estudo, que é escalonado no lado nordeste. Visualmente, ele dá transição entre a baixa altura das edificações vizinhas e o edifício estudado, com porte mais alto e também une a altura das construções vizinhas na Rua do Carmo, cobrindo as empenas existentes sem gerar novas.

Os terraços divididos em áreas menores possibilitam diferentes e flexíveis usos, mais intimistas e aconchegantes, porém conectados entre si e proporcionando uma circulação alternativa e incentivando o passeio pelo conjunto com diferentes possibilidades de visualização tanto do edifício quanto da paisagem. Também apro-

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ximam as áreas verdes e de lazer dos apartamentos e ligam diretamente os dois blocos residenciais (HIS e HMP), permitindo o acesso das áreas comuns de um bloco pelos moradores de outro bloco.

O bloco do Hostel foi posicionado de frente para a rua do Carmo, área de maior movimento de transeuntes e possui menor altura, semelhante aos edifícios próximos. O bloco residencial de HMP parte do bloco do Hostel e vai até o edifício existente, em formato de J, gerando uma praça central. Dessa forma, existem apartamentos voltados para as duas ruas, com predominância para a rua Alcides Bezerra, mais calma e silenciosa. Também há apartamentos voltados para a praça central e para a lateral do lote, de frente para a sede do SESC, onde foi criado um recuo que abriga um jardim.

As mudanças na volumetria do edifício-garagem reformado se resumem às coberturas. No caso da cobertura do topo da torre, foi proposta a demolição da última laje devido ao péssimo estado causado pela ausência de impermeabilização na época de construção e pela ação do tempo nas últimas quatro décadas, e também demolição das grandes vigas que dariam suporte ao maquinário dos elevadores de automóveis. Essa área foi


reconstruída de modo a suprir as novas necessidades do edifício. Nas outras coberturas mais baixas, voltadas para o lado Nordeste foi proposto o incremento de nova laje, proporcionando novo espaço e um terraço com pavimento mais alto, permitindo sua ligação com os terraços do bloco residencial anexo.

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Volumetria atual da quadra

EdifĂ­cios a serem demolidos

Quadra “limpa


Construção anexa proposta

Construção anexa e edifício reformado

Bloco HIS | Bloco HMP | Hostel | Comércio Divisão dos usos

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NÍVEIS Tendo em vista a diferença de altura entre os níveis do edifício existente e o restante proposto, a nomenclatura de cada pavimento, para fins de visualização, foi divida em dois blocos: A e B. O bloco A faz referência a toda a área adicionada ao projeto que inclui o bloco HMP, o bloco Hostel, e os três andares da base do edifício, com excessão da área da torre reformada (atual edifício-garagem); O bloco B faz referência aos pavimentos da torre reformada, e exclusivamente dela, incluindo o térreo e estacionamento; Considerando que no terreno há um desnível de mais de 6,5 metros, o projeto possui acesso em nível tanto para uma rua quanto para outra. Poderia ser definido um pavimento térreo para a Rua Alcides Bezerra quanto para a Rua do Carmo, dois andares acima. Para nomear os pavimentos foi considerado térreo o piso do nível da Rua do Carmo (cota 751,4 m), recebendo para referência o número 0, e o piso do nível da Rua Alcides Bezerra o número -2, deixando o pavimento intermediário com a numeração -1.

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A -3 | Caixa d’água e equipamentos | nível 741,6 m A -2 | Estacionamento e bicicletários | nível 744,75 m A -1 | Praça central, restaurantes, quiosques e pub | nível 747,75 m A 0 | Lojas, pub, acesso ao Hostel e aos blocos residenciais | nível 751,4 m A 1 | Residencial HMP e piso de convivência do Hostel | nível 754,90 m A 2 | Residencial HMP e piso de dormitórios coletivos do Hostel | nível 757,6 m A 3 | Residencial HMP e piso de dormitórios coletivos do Hostel | nível 760,3m A 4 | Residencial HMP e piso de suítes do Hostel | nível 763,00 m A 5 | Residencial HMP e piso do bar do terraço do Hostel | nível 765,7 m A 6 | Residencial HMP e caixa d’água | nível 768,4 m A 7 | Residencial HMP | nível 771,10 m A 8 | Residencial HMP | nível 773,8 m A 9 | Residencial HMP | nível 776,5 m A 10 | Residencial HMP | nível 779,2 m A 11 | Residencial HMP | nível 781,9 m A 12 | Residencial HMP | nível 784,6 m A 13 | Residencial HMP | nível 787,3 m A 14 | Caixa d’água | nível 790,0 m

B -3 | Caixa d’água | nível 741,6 m B -2 | Estacionamento, bicicletário e central de lixo | nível 744,75 m

B -1 | Oficinas | nível 747,4 m B 0 | Piso térreo e apartamentos P.N.E. | nível 749,07 m B 1 | Residencial HIS | nível 752,4 m


B 2 | Residencial HIS | nível 754,75 m B 3 | Residencial HIS | nível 757,1 m B 4 | Residencial HIS | nível 759,45 m B 5 | Residencial HIS | nível 761,8 m B 6 | Residencial HIS | nível 764,15 m B 7 | Residencial HIS | nível 766,5 m B 8 | Residencial HIS | nível 768,85 m B 9 | Residencial HIS | nível 771,2 m B 10 | Residencial HIS | nível 773,55 m B 11 | Residencial HIS | nível 775,9 m B 12 | Residencial HIS | nível 778,25 m B 13 | Residencial HIS | nível 780,6 m B 14 | Residencial HIS | nível 782,95 m B 15 | Residencial HIS | nível 785,3 m B 16 | Residencial HIS | nível 787,65 m B 17 | Res. HIS, lavand. comunitária, salas de estudos e infantil | nível 790,0 m B 18 | Residencial HIS, salão de Jogos e estufa | nível 792,35 m B 19 | Residencial HIS | nível 794,7 m B 20 | Residencial HIS | nível 797,05 m B 21 | Residencial HIS | nível 799,4 m B 22 | Residencial HIS | nível 801,75 m B 23 | Residencial HIS | nível 804,10 m B 24 | Residencial HIS | nível 806,45 m B 25 | Residencial HIS | nível 808,8m B 26 | Terraço cobertura | nível 811,15 m B 27 | Barrilete | nível 813,8 m B 28 | Laje de cobertura HIS | nível 816,3 m

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BASE A base do edifício consiste em três pavimentos: o térreo no nível da Rua do Carmo, o piso de estacionamentos no nível da Rua Alcides Bezerra e o piso intermediário. O Bloco HIS possui diferença de pé-direitos em relação ao restante edificado, somente o piso de estacionamentos dividem a mesma cota de nível. Para facilitar a visualização das plantas, o bloco HIS será mostrado separadamente, devido às suas diferenças de níveis.

Estacionamento e bicicletários | nível 744,75 m

O piso de estacionamentos (cota 744,75m) possui 1925 m2 de área coberta, com vagas públicas e pagas para 29 automóveis, incluindo P.N.E., e vagas públicas para 20 motocicletas. Também possui uma guarita para o estacionamento, um bicicletário público e dois para uso dos condôminos, um em cada bloco. Todos os bicicletários possuem vestiários. Nesse piso também se encontra a central de lixo e depósitos, bem como um acesso à caixa d’água do bloco HIS, que fica no pavimento abaixo (cota 741,6m). Os acessos são diretos para a Rua Alcides Bezerra, sendo uma entrada de veículos, uma entrada de pedestres para o estacionamento, uma entrada para carga e descarga e duas entradas no bloco HIS, uma menor para pedestres e uma maior para bicicletas e motos. Nesse nível também ficam as caixas d’água do bloco HMP e do hostel.


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1. guarita 2. estacionamento 3. bicicletários 4. vestiários 5. caixas d’água

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Praça central, restaurantes, quiosques e pub | nível 747,75 m

O piso intermediário abriga a praça central, com parte da área coberta onde ficam as mesas e uma parte descoberta, onde podem haver feiras e eventos. Embaixo da escadaria existe um depósito, que aproveita a área que seria inutilizada, além de banheiros masculino, feminino e para P.N.E. Existem cinco quiosques, todos com balcão voltado para a praça e infraestrutura para preparo de alimentos. Lanchonete, sorveteria, café e bar são alguns dos usos possíveis. Também seria possível reformar alguns desses espaços e transformá-los em lojas, caso os proprietários ou locatários desejem. Do outro lado existe um restaurante/lanchonete com 135 m2 de área, incluindo áreas de apoio, e a parte inferior do pub/bar, com 165 m2. Esse pavimento possui ligação direta com as duas ruas por meio de escadas, uma de cada lado, além de uma escada que o liga ao estacionamento e a escada-arquibancada que faz ligação com o piso térreo. Um elevador público também pode ser utilizado para acessar os três andares da base. Lojas, pub, acesso ao Hostel e aos blocos residenciais | nível 751,4 m

O pavimento térreo, de cota 751,4m, tem acesso direto à Rua do Carmo e conta com 657 m2 de áreas comerciais, que inclui 10 lojas e o piso superior do pub/bar, além da área de recepção do hostel. Todas as lojas possuem depósito e ba-


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1. praรงa 2. quiosques 3. รกreas de apoio 4. andar inferior do pub 5. restaurante

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nheiro para os funcionários. Os clientes também possuem banheiro à disposição, mas esses ficam no piso inferior. Foram pensados eixos de circulação, como o corredor de 5 metros de largura que cruza o edifício, indo da rua do Carmo até a escada de acesso ao pavimento intermediário e à rua Alcides Bezerra, permitindo a permeabilidade do lote. Esse corredor ganha bancos e mesas na área em frente à escada-arquibancada. Os acessos aos blocos residenciais são separados por portas de vidro com acesso restrito. O piso térreo é restrito a moradores na área sob a projeção do bloco HIS, contendo o hall de entrada, uma sala de estar, um depósito e um banheiros usados pela loja em frente, e três apartamentos acessíveis de HIS, com áreas entre 35 e 57 m2 com um ou dois dormitórios.


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1. lojas 2. área superior do pub 3. recepção hostel 4. vazio 5. calçada da Rua do Carmo

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De frente à praça fica uma escada arquibancada, pensada não só como área de circulação mas também como área de estar onde as pessoas podem sentar e conversar. Sua estrutura é de madeira e possui jardineiras com plantas que separam a área de passagem com a área de permanência, mas sem impedir a passagem.

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EDIFÍCIO REQUALIFICADO Bloco HIS O edifício existente passou por intervenções estruturais, como a demolição de parte da alvenaria existente, supressão de partes das lajes onde ficam os apartamentos, recuperação do concreto das vigas e pilares, abertura de shafts e construção de um bloco de circulação com escada enclausurada, shafts para instalações elétricas e hidráulicas e dois elevadores sem casa de máquinas. Também foram demolidas a laje, as vigas e pilares do último andar, bem castigados pela ação do tempo e ausência de impermeabilização. A cobertura foi reconstruída de modo a servir as novas necessidades do edifício, como instalação de caixas d’água por exemplo. Foram acrescidas novas lajes na cobertura que havia no 15o pavimento, nos fundo do edifício, de modo a criar novas áreas e ligar o novo terraço de cobertura, mais alto, ao terraços projetados para o bloco vizinho (HMP). Essas lajes e pilares acrescidos possuem materiais mais leves do que os existentes no resto da estrutura, de modo a não sobrecarregá-la. O fato do edifício ser antigo e projetado para abrigar até 16 carros (da década de 60) por andar fizeram a estrutura ser bem dimensionada e resistente à grandes cargas. A planta tipo, que anteriormente era formada por 16 vagas de garagem, foi dividida em quatro módulos, um por apartamento. A estrutura possui pé-direito

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baixo e vigas avantajadas entre esses módulos, no sentido longitudinal, e por esse motivo foi excluída a possibilidade de portas e passagens sob as mesmas, forçando os quatro módulos que só são acessados pelo vazio central. As vigas transversais só existem nas extremidades externas do edifício, não havendo dificuldade de passagem, devido à altura das vigas, entre o vazio e os módulos. Não existem vigas transversais passando dentro dos módulos, apenas na parede externa. Como o pé-direito existente é baixo (2,20m), foi proposta a supressão de parte da laje, formando apartamentos duplex, com a sala e cozinha com pé-direito alto (4,55m), diminuindo a sensação de claustrofobia provocada pelo pé-direito. Os quartos e banheiros ficam na proximidade das fachadas, com iluminação e ventilação naturais. As salas / cozinhas possuem janelas voltadas para o vazio central, aproveitando a iluminação e ventilação naturais. As janelas têm vidro opaco para maior privacidade e aberturas reguláveis para ventilação. As unidades possuem cerca de 44m2, variando conforme a espessura dos pilares da área, que variam em toda a estrutura. No piso superior existe um dormitório e um banheiro, e no inferior uma sala integrada à cozinha e uma área, sob o quarto de

Perspectiva do interior da unidade HIS

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cima, que pode ser tanto outro dormitório quanto ampliação da sala. Para o projeto foram propostas 50% de unidades de 1 dormitório e 50% de dois dormitórios. Devido à pouca área das cozinhas, foi proposta uma lavanderia comunitária (pavimento A17), podendo ser excluída a máquina de lavar no interior dos apartamentos. O vazio central possui aberturas dos dois lados, sem fechamento por esquadrias, apenas com brises reguláveis. Há duas clarabóias na área superior para maior iluminação interna, mas também filtrando raios solares excessivos. No edifício existem ainda sala de jogos e dois espaços menores, que poderiam ser utilizados para leitura e recreação infantil. A intenção é propor espaços de lazer, mas que também sejam de baixo custo de implantação e manutenção, além de ter uso flexível que pode mudar com o passar do tempo e necessidade dos usuários. No pisos inferiores existe um bicicletário, vestiários, uma central de lixo e oficinas para uso comum, que foram pensadas de modo a aproveitar aquela área específica, com pouca ventilação e iluminação natural.

Perspectiva do hall de entrada do edifício com caixa de circulação ao fundo

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Perspectiva do pavimento inferior de um dos apartamentos

Perspectiva do pavimento superior de um dos apartamentos

Perspectiva do pavimento tipo

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pavimento B -3

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pavimento B 1

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pavimento B 3

pavimentos B 6 a 16 (pares)

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pavimentos B 7 a B15 (Ă­mpares)

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pavimentos B 20, 22 e 24

pavimento B 21, 23 e 25


pavimento B 26

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pavimento B 27

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pavimento B 28

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EDIFÍCIO ANEXO Bloco HMP Junto ao edifício reformado foi proposta uma construção anexa, com habitações voltadas ao mercado popular e com áreas menores e integradas. O edifício, citado nesse trabalho como bloco HMP, possui 13 pavimentos residenciais, além de barrilete e áreas de acesso no térreo e outros dois pisos inferiores. Seu formato é em U, ligando o bloco do hostel com o de apartamentos HIS, possuindo fachadas para as duas ruas e para o vazio com a praça central. São dois blocos de circulação vertical, cada um com dois elevadores e escadas enclausuradas e um corredor que dá liga os blocos e dá acesso a todos os apartamentos. Esse corredor possui dois vazios, um na extremidade e outro na metade, que possuem clarabóias e servem para iluminação natural e ventilação em toda a área comum interna. Os apartamentos têm tipologia de um ou dois dormitórios, com áreas entre 33 e 62 m2. São 30 apartamentos com 1 dormitório, 92 com 2 dormitórios, além de 4 apartamentos para P.N.E, metade com um e metade com dois dormitórios.

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pavimentos A1 a A5

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pavimento A6

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pavimento A7

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pavimento A10

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pavimento A13

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pavimento A14

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Perspectiva do Bloco A

Perspectiva do Bloco B

Perspectiva do Bloco C

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Perspectiva da fachada para a rua Alcides Bezerra

Perspectiva do vazio em frente a um dos blocos de circulação vertical


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HOSTEL De modo a incentivar a diversidade de usos na região e a dinâmica urbana, foi proposto um hostel/albergue no conjunto. A intenção é promover movimento na área, com pessoas de diferentes lugares, culturas, estilos e idades. A quantidade de estabelecimentos do tipo na cidade e principalmente no centro é pequena, e a demanda existe. A localização do terreno, entre a estação Sé do metrô e o Expresso Tiradentes, a grande quantidade de linhas de ônibus no entorno e a proximidade com equipamentos importantes da cidade atrairiam hóspedes de dentro e fora do país. O bloco possui seis pavimentos, incluindo o acesso no piso térreo (A0). Nesse piso existe uma sala de espera e um balcão de recepção e, ao lado e isolado apenas por vidros, existe o pub/bar, que foi pensado para prover um espaço público de lazer e convivência para o edifício, o hostel e a região, principalmente no horário noturno, mantendo o movimento no edifício e na rua mesmo depois do horário de fechamento das lojas, aumentando a sensação de segurança. O pub possui dois andares, um com área menor no piso térreo e um com área maior no piso da praça de alimentação, onde fica a cozinha e áreas de apoio.

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O primeiro pavimento (A1) é voltado para a convivência e uso coletivo. Possui um salão com áreas de estar com mesas, sofás e acesso à internet. Uma área de acesso restrito abriga o setor administrativo, vestiários para os funcionários e uma cozinha. Na extremidade esquerda, em frente ao bloco HIS, foi proposto um grande salão com pé-direito duplo voltado para refeições e convivência, com usos diferentes de acordo com o horário. Atrás do balcão há acesso a duas áreas alocadas dentro do bloco HIS: uma cozinha e uma lavanderia, acessadas por funcionários. O segundo pavimento (A2) abriga quatro dormitórios coletivos que, juntos, hospedam até 17 hóspedes em camas do tipo beliche e dois vestiários, um masculino e um feminino. Há também um depósito ao lado do elevador para uso dos funcionários, presente em todos os pavimentos, com excessão do térreo. O terceiro pavimento repete a planta do segundo, diferindo apenas no terraço externo, que possui árvores, bancos e mesas e dá acesso à três áreas dentro do limite do bloco HIS: um salão de jogos e uma lavanderia coletiva para uso dos hóspedes e um depósito para uso dos funcionários.


1. salão de convivência 2. refeitório 3. áreas de apoio 4. banheiros 5. dormitórios 6. terraços

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pavimento A1

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pavimento A3

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O quarto pavimento (A4) possui cinco suítes menores com capacidades para 2, 4 ou 6 pessoas e um terraço externo com canteiros para horta comunitária. O quinto e último pavimento (A5) é ocupado por um bar integrado a um terraço com mesas e bancos.


1. salão de convivência 2. refeitório 3. áreas de apoio 4. banheiros 5. dormitórios 6. terraços 7. bar

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pavimento A4

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pavimento A5

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Perspectiva da รกrea superior do Pub

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Perspectiva do Refeitรณrio / Salรฃo do Hostel

Perspectiva com corte no 1ยบ pavimento

Perspectiva com corte no 2ยบ pavimento


Perspectiva com corte no 3ยบ pavimento

Perspectiva com corte no 4ยบ pavimento

Perspectiva com corte no 5ยบ pavimento

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Corte 3D do bloco HIS Corte 3D de parte do bloco HMPl


Corte 3D de parte do bloco HMP Corte 3D do bloco Hostel e HMP

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TERRAÇOS Os terraços são ponto de destaque do projeto. Pensados para aproveitar da melhor forma possível as áreas abertas e com boa insolação e ventilação, eles cobrem toda a área de cobertura dos edifícios, com excessão da área sobre o bloco de circulação vertical da torre de HIS, que abriga equipamentos como antenas, placas de captação de energia solar e clarabóias e tem acesso restrito. O terraço mais alto, no topo do bloco HIS, pode ser usado como uma pequena quadra poliesportiva, recebendo telas de proteção nas aberturas ao redor, onde estão os brises. Os demais terraços, 14 no total, podem receber hortas comunitárias e áreas para descanso e lazer, com bancos e mesas. Há uma área de playground em um deles. A proposta para os terraços é fornecer áreas de lazer com diferentes usos e maior proximidade das áreas externas aos apartamentos. Essas áreas foram projetadas de modo a oferecer maior flexibilidade possível. Nos terraços mais baixos, próximos à Rua do Carmo, foram propostos canteiros com árvores de pequeno porte, cercados por bancos. Essas são as únicas partes fixas dos terraços. Os jardins e hortas dos outros terraços não ficam diretamente sobre a laje, mas sim em canteiros que podem ser mudados de local se houver necessidade. Temos, portanto, lajes livres de objetos permanentes

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que possibilitam o uso que melhor se adequar às necessidades do condomínio, que podem mudar ao longo do tempo. Os layouts apresentados são meramente sugestões de organização espacial, ficando a cargo dos próprios moradores definirem o que melhor lhes couber. No caso de haver desejo de remoção das hortas de um dos terraços, por exemplo, poderia ser feita a desmontagem dos canteiros em pouco tempo e a área seria liberada para outro uso sem necessidade de reformas. No caso contrário de uma área estar subutilizada e havendo demanda para o aumento de plantio de novas hortas, as mesmas poderiam ser instaladas com estrutura de madeira executada pelo próprio condomínio, utilizando mão de obra local e as áreas de oficina instaladas no bloco HIS. O encanamento proveniente dos reservatórios de águas pluviais e de reúso estaria presente em todos os terraços, permitindo a irrigação de hortas e jardins e a limpeza das áreas. Assim, as hortas propostas poderiam ser instaladas em qualquer pavimento, e os espaços teriam flexibilidade total, de modo a não deixar áreas subutilizadas. Seria interessante que os terraços fossem abertos à visitação e uso público, pelo menos em certos horários, mas isso naturalmente dependeria da vontade e aprovação dos moradores.


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FACHADA As paredes externas possuem concreto aparente e revestimento cimentício de tonalidade clara. As janelas são de PVC branco e possuem diferntes tipologias, variando de acordo com as dimensões e necessidades de cada ambiente. Os guarda-corpos são de alumínio com tonalidade cinza-escura. Por questões estéticas, as escadas dos terraços possuem esses mesmos guarda-corpos nos lados voltados para o edifício e um outro modelo, com placa de alumínio pintada de amarelo, no lado voltado para a fachada. Essa cor dá o destaque desejado a esses elementos e se contrapõe à sobriedade dos outros revestimentos dos edifícios. No piso do estacionamento, a fachada (voltada para a rua Alcides Bezerra) possui gradis e portões em alumínio e cobogós para ventilar e iluminar as áreas internas. Visando garantir o conforto térmico desejado, a fachada recebeu brise-soleils para bloquear o ofuscamento causado pelos raios solares. Esteticamente, eles servem para uniformizar as fachadas com diferentes tipos de janela e enfatizar o formato escalonado dos edifícios, chamando a atenção para outros elementos, como os terraços e as escadas que ficam em destaque. Os brises também ajudam a dar maior privacidade às áreas internas em relação à rua ou aos outros apartamentos (nos apartamentos voltados para o pátio

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central). Por estarem voltadas predominantemente para o eixo leste-oeste, e receberem respectivamente o Sol da manhã e o da tarde, as fachadas receberam brises com aletas verticais. Com exceção do edifício existente (HIS), o projeto também incluiu acréscimo de 60 centímetros na laje a partir das paredes externas, formando beirais ao redor do edifício em todos os andares, usados para a instalação dos brises e garantindo sombreamento nas janelas, dependendo da posição do Sol, funcionando como brise horizontal. Na fachada mais voltada para o sul, por receber menor incidência solar, os brises verticais do bloco HMP não foram colocados, ficando apenas os beirais. Há apenas alguns brises na extremidade direita, por questões estéticas, dando transição aos brises da fachada predominantemente oeste (rua Alcides Ferreira). A disposição dos elementos varia conforme o andar, para trazer movimento à fachada. No caso do bloco HIS, os brises voltados para o sul foram colocados para isolar visualmente o vazio e bloco de circulação da torre, mas ainda garantindo uma certa permeabilidade visual entre o interior e exterior, e o aproveitamento de iluminação e ventilação naturais (esse vazio de circulação não possui fechamento em vidro).


Nas regiões em frente às jardineiras de alguns apartamentos as aletas possuem maior espaçamento entre si, proporcionando maior insolação às plantas e deixando essa vegetação mais visível na fachada, formando “colunas verdes” que quebram a monotonia visual. O espaçamento maior entre as aletas também é presente em frente ao salão/refeitório (pé-direito duplo) e todo o primeiro andar do hostel voltado para a Rua do Carmo, de modo a garantir maior visibilidade da rua e maior iluminação natural no interior, e também tornar mais visível essas áreas de estar e grande movimento do hostel para os transeuntes na rua. No piso térreo, as janelas dos fundos de algumas lojas, voltadas para a rua Alcides Bezerra, também possuem brises com maior espaçamento entre aletas, com vistas à melhor iluminação natural e maior exposição das lojas para os transeuntes dessa rua. Todas as lâminas possuem 40 centímetros de largura e são instaladas em eixos móveis, permitindo aos usuários sua abertura ou fechamento integral, de acordo com a variação solar e a necessidade de iluminação e privacidade dos ambientes ao longo do dia. Essa posição de cada brise nos diferentes ângulos (0o a 90o) também traz movimento à fachada, e consequentemente a estética desejada ao conjunto. Inicialmente foram pensados para os brises materiais

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naturais e com menos impacto ambiental, como bambú e madeira de reflorestamento, porém, por se tratar de residências para população com menor poder aquisitivo, foi escolhido material com menor necessidade e custo de manutenção, do tipo metálico (alumínio), com perfurações para não prejudicar a ventilação.


SUSTENTABILIDADE Foram propostos meios para reduzir o impacto ambiental dos edifícios e melhorar a qualidade de vida de seus usuários. São seis itens que merecem destaque: aproveitamento do Sol, gestão da água, gestão do lixo, hortas urbanas, mobiliário e áreas verdes. Aproveitamento do Sol A cobertura da torre mais alta recebeu placas de captação de energia solar, permitindo redução de gastos com energia da rede pública; Os brises reguláveis, localizados no último andar, podem ser abertos ou fechados de acordo com as necessidades e a estação do ano e, quando abertos, possibilitam a passagem de raios solares para a parede da caixa d’água, elevando a temperatura ambiente da mesma, visando a redução do consumo final de energia no uso do aquecimento de água. O projeto foi pensado de modo a aproveitar a iluminação natural, inclusive nos corredores de acesso aos apartamentos dos dois blocos e nas lojas do piso térreo. A ventilação natural também foi considerada e temos, como exemplo, o vazio central do bloco HIS, completamente ventilado e protegido por brises, a praça de alimentação com ventilação cruzada e os dois vazios nas áreas de cir-

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culação interna do bloco HMP, com clarabóias que permitem iluminação e ventilação natural dos ambientes, e também o acesso dos andares superiores aos terraços ao longo do edifício, que possibilitam outras correntes de ventilação. Gestão da água O assunto da água está em grande evidência atualmente, e situações como a seca dos reservatórios e escassez em alguns lugares geram uma preocupação adicional quanto à sua obtenção e armazenamento. Pensando nisso foi proposta a captação de águas pluvias em todas as áreas de cobertura e da praça central em todas as áreas externas e posterior reutilização. O sistema de reúso de água proveniente das residências também é proposto. A água proveniente da chuva, das pias, dos chuveiros e máquinas de lavar iria para três reservatórios inferiores destinados apenas a esse fim, passariam por filtragem e seriam bombeadas para os três reservatórios superiores, também exclusivos para esse fim, onde a água já limpa seria levada para os vasos sanitários e torneiras externas usadas para limpeza e irrigação de jardins e hortas.


Capacidade dos reservatórios d’água Bloco HIS: Total: 52.500L Reservatório Inferior: 31.500L (22000L reserva comum + 9500L de reúso e águas pluviais) Reservatório Superior: 21.000L (15000L reserva comum + 6000L de reúso e águas pluviais) Bloco HMP (1): Total: 92.000L Reservatório Inferior: 55.000L (39000L reserva comum + 16000L de reúso e águas pluviais) Reservatório Superior: 37.000L (26000L reserva comum + 11000L de reúso e águas pluviais) BLOCO HOSTEL E HMP (2): Total: 25.000L Reservatório Inferior: 15.000L (11000L reserva comum + 4000L de reúso e águas pluviais) Reservatório Superior: 10.000L (7000L reserva comum + 3000L de reúso e águas pluviais)

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Gestão do lixo A questão do lixo também precisa ser pensada com cuidado, principalmente no caso desse projeto proposto, que pode abrigar até 730 pessoas, e um número muito maior se incluirmos o público das áreas comerciais. O edifício abriga um grande ambiente para gestão do lixo, que inclui uma central de triagem, locais para armazenamento de lixo comum e lixo reciclável, além de ambientes para compostagem de resíduos orgânicos e para o armazenamento do adubo gerado. Será proposta a separação do lixo orgânico gerado pelas residências, pelo hostel e pela praça de alimentação para posterior compostagem e transformação em adubo, utilizado nos jardins e hortas. As áreas de oficina presentes no bloco HIS possuem uso livre do condomínio, e podem inclusive, de acordo com a vontade e aprovação dos moradores, terem espaço cedido à cooperativas ou catadores de lixo que usem o espaço para trabalhos de reciclagem, promovendo assim ações sociais e ambientais. O Conjunto Nacional, em São Paulo, é um exemplo nessa questão: desde 1992, a Cooperativa de Arte Alternativa e Coleta Seletiva (Cooperacs), recolhe o lixo do Conjunto Nacional e reutiliza os materiais para decoração do próprio edifício, principalmente para sua já famosa decoração natalina.


Lixo separado no subsolo do Conjunto Nacional

O lixo é um dos maiores problemas urbanos da atualidade e qualquer atitude que reduza a quantidade a ser coletada e transportada ajuda o meio ambiente. Reaproveitar resíduos orgânicos é bom tanto para quem o transforma em adubo quanto para quem protege a saúde do planeta e da humanidade. Pensando nisso e a fim de obter um adubo mais barato para ser utilizado nas hortas e jardins, o processo de compostagem foi sugerido no projeto, com local destinado exclusivamente a esse fim. A relação custo-benefício da compostagem, tanto em residências quanto em condomínios, é positiva não só

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levando-se em conta o futuro do meio ambiente, mas pensando no retorno imediato para a saúde humana. Segundo dados da Secretaria da Saúde do Estado, os resíduos orgânicos compõem mais de 50% do lixo doméstico e são descartados em aterros ou lixões. Segundo dados da UNIFESP (2010), cada pessoa produz em média 1 quilo de lixo por dia, e multiplicando isso pelos mais de 700 usuários do edifício percebe-se que o volume gerado diariamente seria muito grande. A compostagem é um processo biológico que utiliza oxigênio para decompor resíduos orgânicos produzindo adubo rico em nutrientes. Desse processo participam carbono, nitrogênio e microorganismos, além da umidade. A decomposição de resíduos orgânicos acontece espontaneamente na natureza, entretanto, com a compostagem, o resultado dessa decomposição pode ser aproveitado de maneira a evitar desperdícios. A compostagem é útil porque reduz o volume dos resíduos em até 85% e o trânsito de caminhões e custos de coleta; possibilita o reaproveitamento de qualquer resíduo orgânico; facilita a reciclagem dos demais resíduos; reduz a utilização de aterros sanitários; devolve nutrientes à natureza; evita a contaminação de solos e água e é fácil de ser implantada; reduz odores e produz adubo barato e de excelente qualidade.

Dados da JoraForm


Funcionaria desse modo: o lixo orgânico dos restaurantes, pub, quiosque, hostel e residências seria coletado e separado na área de triagem, depois iriam para a área de compostagem, passando por um triturador para redução de volume; ao resíduo seriam adicionadas substâncias enzimáticas que aceleram o processo e atuam para eliminação de odores; a seguir a massa passaria por processo de decomposição e seria alocada na composteira (ou UCP, unidade compacta de processamento), por fim seria armazenado como adubo pronto para utilização.

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Hortas Urbanas Com inspiração em projetos de agricultura urbana, que vêm ganhando destaque atualmente, principalmente em grandes metrópoles, foi proposta a horta como um dos usos possíveis para os terraços de cobertura. Em São Paulo já existem projetos nesse sentido, como a Horta do Ciclista, em plena avenida Paulista, e um dos maiores projetos fica sobre o shopping Eldorado: nos 2.500 m2 destinados ao projeto, são produzidos legumes e verduras como alface, tomate, manjericão e cebola e plantas como gazânia, lavanda, erva doce e hortelã. A produção, livre de agrotóxicos, é destinada aos próprios restaurantes do shopping. Além de evitar o despejo desse tipo de resíduo nos aterros e prover aos restaurantes uma produção orgânica e local de alimentos, a iniciativa ainda permite a economia de energia no uso dos equipamentos de ar condicionado em dias de calor. Por estar presente em uma extensão considerável do telhado do shopping, a horta funciona como uma camada extra de isolamento térmico, permitindo que a estrutura fique naturalmente mais fresca. Isso mostra que adotar iniciativas sustentáveis em uma metrópole como São Paulo não só é possível como já é uma realidade. Em São Francisco, nos Estados Unidos, a prefeitura

Horta do Shopping Eldorado em São Paulo

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alterou o regulamento municipal de zoneamento, que passou a permitir plantações e cultivos em áreas urbanas. Além disso, os resíduos orgânicos gerados no município são destinados ao sistema de compostagem municipal, criado pelo município, e servem de insumo para a produção nas hortas públicas. As hortas urbanas, sem dúvidas, se mostram de grande importância e as vantagens não são poucas: elas contribuem com a estabilidade do clima, atenuando ilhas de calor; são fontes de alimentação ainda mais saudáveis, por serem orgânicas; possuem o custo muito baixo para manutenção; impermeabilizam o fraco solo urbano contra chuvas; reduzem a emissão dos gases do efeito estufa, já que não há transporte motorizado do alimento envolvido; contribuem para disposição do resíduo orgânico; são uma alternativa de lazer e terapia; controlam, em cima de telhados, a temperatura interna de ambientes, evitando custos com ar-condicionado; reduzem a poluição visual e servem de local para ensinamento e prática da educação ambiental. Vale a pena produzir as hortaliças no local ao invés de comprá-las no mercado, porque o custo é muito menor (e no caso de moradia popular isso é especialmente relevante), a procedência é conhecida e é possível controlar melhor a qualidade das mesmas. Ao mesmo

Informações da Revista Friday


tempo, as vantagens de se produzir os próprios alimentos transcendem a questão do preço, visto que resgata valores importantes, como o prazer de acompanhar todo o processo de crescimento das plantas e de transformar as atividades na horta em lazer ou terapia ocupacional, entre outros pontos positivos. Isso seria especialmente interessante no caso das crianças e idosos do condomínio.

Feira com produtos de horta urbana em Nova York

A gestão da horta, tanto no plantio, quanto na coleta e destino das hortaliças, seria feita pelo condomínio, não cabendo ao projeto de arquitetura essa definição. Entre as possibilidades, entretanto, seriam a de os próprios moradores participarem do plantio e manutenção (sendo um passatempo para idosos, um aprendizado para as crianças e uma proximidade da natureza para todos os interessados), o plantio também poderia ser feito por funcionários do condomínio ou do restaurante e quiosques. O destino poderia ser os moradores, que economizam na compra de hortaliças, os funcionários do local, o restaurante (que poderia usar os alimentos orgânicos como atrativo), ou mesmo dividido a quem estiver interessado, com acesso livre a todos. Também poderiam ser comercializadas, sendo realizadas feirinhas orgânicas na própria praça central do conjunto, incentivando o uso

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dinâmico e constante da praça e aumentando o movimento para as áreas comerciais. A renda dessas feiras poderiam ser revertidas para o condomínio ou ainda para pessoas carentes da região. Como algumas plantas precisam de determinadas temperaturas para se desenvolverem bem e o frio pode ser prejudicial, assim como o calor excessivo, foi proposta uma sala no bloco HIS, que funcionaria como estufa, e teria acesso direto aos terraços com hortas. Nelas podem ser cultivadas hortaliças, legumes, frutos ou até flores. Caso seja inutilizado, esse espaço pode ser convertido para outros usos.

Restaurante Riverpark Farm em Nova York


Mobiliário O mobiliário, apesar de não fazer parte do programa desse projeto, foi pensado de modo a garantir a estética e conforto necessários, com preços baixos e baixo impacto ambiental. Para tal, são propostas mesas, bancos e cadeiras feitas com madeira reaproveitada, como a de paletes por exemplo. É uma madeira barata que pode ser transformada em mobiliário confortável e de estética agradável. Com isso, o próprio condomínio poderia fabricá-los de acordo com as necessidades e usos de cada espaço, e usar as oficinas do bloco HIS para tal, podendo também gerar trabalho temporário a trabalhadores da região ou condôminos e funcionários do condomínio interessados.

Mobiliário executado com madeira de palete na Holanda

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Áreas verdes Foram incluídas no terreno 22 novas árvores de grande e médio porte, 11 diretamente no solo (níveis do estacionamento e da praça de alimentação) e 11 em canteiros sobre laje. Os jardins e hortas estão presentes em boa parte do conjunto, tanto no interior quanto no exterior e ajudam a criar um micro clima e baixar temperaturas no ambiente. Também há uma parede com jardim vertical no piso térreo, de frente para a escada-arquibancada, que também conta com canteiros. Na fachada há três “colunas verdes”, resultado de jardineiras instaladas em frentes às janelas de alguns apartamentos.


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CONSIDERAÇÕES FINAIS Este presente trabalho buscou se inserir na discussão sobre as práticas de intervenção urbana em áreas centrais, conduzidas principalmente nas metrópoles, buscando modos de interromper o processo de declínio e erosão dos espaços urbanos. A deterioração constante dos edifícios que já não são mais adequados aos seus usos propostos originalmente, seja pela instalações antiquadas e obsoletas, pela falta de manutenção adequada das mesmas ou pela baixa demanda de usuários, cria uma vacância e ociosidade que agravam a deterioração da região. A falta de habitação, juntamente com a falta de uso noturno, potencializa a marginalidade e o vandalismo, além do subutilização da infraestrutura viária. Apesar disso, o centro ainda detém números elevados de empregos e aos poucos vem passando por iniciativas de requalificação urbana, dentre as quais vale citar investimentos nas reformas de centros culturais, promoção de atividades gratuitas ao ar livre, instalação de ciclofaixas, além de programas para habitação social. Sua dinâmica urbana no período diurno ainda é bastante significativa. A escolha da tipologia habitacional foi pautada e justificada no oferecimento de moradias para a demanda de uma população na região, cujo interesse deve residir principalmente em levar menos tempo no trajeto



casa-trabalho, e que não necessariamente possui veículos próprios. Nesse caso, haveria um melhor aproveitamento da infraestrutura de transportes de massa existentes. A promoção de habitação também pode proporcionar maior diversidade de usos na área e a permanência de pessoas em todos os horários do dia. Na caso do reaproveitamento de uma edificação existente e deteriorada, percebeu-se que o desafio não é apenas a reforma em si, mas sim o modo de viabilizá-la no contexto urbano do centro, levando em consideração no projeto de reforma, os condicionantes de se projetar habitação no centro e seus desdobramentos. Nesse aspecto, o uso misto em empreendimentos de HIS e HMP pode facilitar esse processo, reduzindo áreas de baixo aproveitamento e aproveitando o aluguel de áreas comerciais para redução de custos condominiais e também amortecendo o custo de aquisição dos edifícios, além de reinserir os mesmos à dinâmica da cidade. Foi proposto ensaiar o reaproveitamento de um edifíciogaragem, devolvendo o lote à vida urbana e dando espaço às pessoas no lugar dos automóveis. Estes últimos perderam lugar inclusive para as bicicletas e motocicletas no estacionamento. O uso do automóvel em um local cercado por transporte de massa não foi incentivado, e a pouca quantidade de vagas existente reflete isso. Os


espaços de convívio e lazer foram destacados no projeto, seja de uso público nos pisos inferiores ou de uso dos moradores em pisos superiores e coberturas, item esse em que se pensou uso e aproveitamento maiores do que se vê pela cidade. As coberturas, com ótima ventilação, iluminação direta em todos ou quase todos os horários do dia e vistas para a cidade, deveriam ser uma das partes mais atrativas do edifício, principalmente em áreas centrais e adensadas, onde o térreo e os apartamentos possuem menor iluminação natural e ventilação. As coberturas seriam ótimas opções para lazer ou outros usos como as horta urbanas. Não é sabido ao certo o custo da obra de reforma proposta nesse trabalho, nem se valeria mais a pena a demolição total da torre e uma construção completamente nova, com outra disposição, volumetria e um pé-direito mais adequado. Essa questão foi pensada diversas vezes, e foi optada a reutilização da estrutura como exemplo do que pode ser feito num ambiente já construído, uma experimentação no campo do reaproveitamento de grandes estruturas, assunto que me instiga e que imagino que terá cada vez mais destaque no mundo atual, seja por questões ambientais como reaproveitamento de materiais, poluição e descarte de

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entulho ou por questões financeiras, onde em certos casos a reforma compensa mais do que a demolição seguida de nova construção.

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BIBLIOGRAFIA DEVECCHI, A. M. Reformar não é Construir: a reabilita-

ção de edifícios verticais: novas formas de morar em São Paulo no século XXI. 2010. 547 f. Tese (Doutorado) Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2010. FERREIRA, Barros. O nobre e antigo bairro da Sé. São Paulo: Prefeitura Municipal / Secretaria de Educação e Cultura / Departamento de Cultura, 1971. FRÚGOLI Jr, Heitor; Centralidade em São Paulo; São Paulo: Edusp, 2001 Gonçalves, J. C. S. A Sustentabilidade do Edifício Alto

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FONTES Associação Viva o Centro Época São Paulo Fundação SEAD Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) Instituto Dois ou Mais JoraForm Prefeitura Municipal de São Paulo Revista Friday Instituto SEAD Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano Secretaria Municipal de Habitação Subprefeitura da Sé Sites

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www.mapbox.com www.openstreetmap.com www.paulista900.com.br www.wikipedia.com www.zetaplusconstrutora.com.br

ICONOGRAFIA pág 4 | Tainá Rodrigues pág 12 | Yuri Tavares pág 14 | Yuri Tavares pág 18 | Manoel Marques pág 23 | Piero Locatelli pág 30 | Pedro Martinelli pág 32 | Google Earth pág 34 | Google Earth pág 36 | Dicas Guiamais pág 43 | Paulo Yudi Takarada pág 48 | Mapa executado pelo autor pág 50 | André Lessa pág 53 | Acervo pessoal pág 58 | Mapa executado pelo autor com base MapBox

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pág 64 | Acervo pessoal e Google Street View pág 72 | Marcela Ferreira pág 75 | Google Street View pág 77 | Google Street View pág 78 | TV Diário e Google pág 82 | Prédios de São Paulo pág 188 | TeraAmbiental pág 192 | Riverpark Farm


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Cesar Matos janeiro de 2015




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