Ouvindo Deus Chamar

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1a Pedro 1:16

“...sede santos, porque Eu sou santo!”


FICHA CATALOGRÁFICA (Preparada pelo Editor)

Oliveira, César França de, 1984O45O Ouvindo Deus Chamar / César França de Oliveira. Araras, SP, 1ª edição, 2011. 192 p. 1. Romance 2. Cristianismo. I. Título. CDD-869.935 -230.0 Índices para catálogo sistemático: 1. Romance: Século 21: Literatura brasileira 869.935 2. Cristianismo 230.0




Sanctus Puer

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anctus Puer, traduzido literalmente do latim para o português, significa Jovem Santo, ou Jovem Santificado. Até aí, não há novidade alguma no mundo cheio de jargões apropriadamente desenvolvidos para agradar os cristãos. Então, por que usar o termo em latim? “Sanctus Puer” exemplifica o que o termo “Jovem Santo” realmente significa para a mocidade cristã em geral. Nada! Não se sabe exatamente o que fazer para ser um “Sanctus Puer”. Infelizmente, os líderes das igrejas do século XXI não conseguem traduzir ao jovem o real sentido de santidade, geralmente, conduzindo-o a um padrão comportamental que não tem relação com


Vida, mas com regras e posturas que engessam e matam o sonho e ministério de toda uma geração. “Sanctus Puer” é o projeto de uma série limitada, iniciada pelo volume OUVINDO DEUS CHAMAR. Escrito por um jovem, para os jovens desta geração que desejam ser santos, como Deus é santo, mas não sabem exatamente o que fazer. No amor do Pai. César Oliveira


Apresentação

T

odos os dias, quando saímos das nossas casas e circulamos por algumas poucas ruas, encontramos templos e igrejas, repletas de pessoas, com muitas formas diferentes de cultos, doutrinas, normas e visões. E é cada vez mais difícil identificar em meio à tão grande multidão de cristãos, os “sanctus puer”. Mas eles estão lá! E é possível vê-los. Não porque são perfeitos ou dotados de algum dom que se faça notório. Na maioria das vezes, não sabem que são mais do que parecem ser. Sentem-se, continuamente, impelidos a transformar-se. Não sabem em quê, tampouco como. Mas, quando nos encontramos com eles, e conseguimos ver, em seus olhos, a luz opaca de uma mente distante, que revela, nestes


jovens, a vida ativa no plano natural e no espiritual, o nosso coração estremece. Aí está! Você já encontrou com um deles? Ou, você é um deles? Se for, corra… o mais rápido que puder. Mas, cuidado com o caminho… você está sendo seguido, observado, e corre perigo…


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Prólogo

Sexta-feira...

ão sete horas da noite quando. Depois de trabalhar o dia todo em um dos projetos mais chatos de sua vida, Matheus salva o arquivo, fecha o software e, enquanto aguarda o computador se desligar, caminha até a janela do sétimo andar onde trabalha, bebendo o último gole de seu café frio. Observa toda a movimentação no centro da cidade, já iluminada pelas lâmpadas dos postes e faróis dos carros. Aquela noite é diferente das outras da semana. A cidade se agita enquanto se prepara para descansar. E Matheus agita-se por dentro sem entender o porquê. Sua alma não está preparada para o final de semana. Como de costume, toma sua mochila, apaga as


luzes e sai de sua sala. Troca, ainda, algumas poucas palavras com seu supervisor, que pretende trabalhar até um pouco mais tarde, adiantando material para uma reunião na segunda-feira com um cliente importante. Matheus se despede de seu chefe, sai da sala para o corredor escuro, onde pequenas lâmpadas instaladas nos cantos se acendem enquanto caminha, dirigindo-se ao elevador. Suspiro… O elevador nunca demorou tanto para chegar até o térreo. Mas, não há pelo que ter pressa. Está cansado e, hoje, o dia foi um tanto estressante. Matheus sai do prédio, não antes de acenar com um “joia” para o porteiro, toma o lado direito da rua e inicia sua caminhada para casa. Neste dia, tinha resolvido ir a pé, deixando seu carro em casa. Gosta de caminhar, mesmo porque, mora razoavelmente perto do trabalho. Cerca de vinte minutos a pé. Ao passar por uma praça pouco arborizada, com uma enorme fonte arredondada em seu centro, os seus ouvidos ocupados com as músicas que vinham de seu ipod, não perceberam o som da chuva que se aproximava rapidamente, pegando-o de surpresa. Tentou abrigo embaixo de algumas árvores, mas seu esforço foi em vão, já que aqueles ipês não possuíam folhas suficientes para isso. Após alguns minutos, chegou em casa completamente molhado. Entrou pela porta dos fundos para não molhar


a casa toda. Sua mãe, Clarice, com um sorriso no rosto, recebeu-o e o ajudou-o a se livrar da roupa encharcada: — Oi meu filho! Por que não esperou, em algum lugar, a chuva passar? — Estava ouvindo música. Não percebi que ia chover e acabei tomando um banho gelado. — Tudo bem, Matheus? — Perguntou Clarice, percebendo algo diferente no filho. — Sim, mãe. Estou bem! Só tive um dia cansativo. — Está certo! Por que não toma um banho quente enquanto preparo algo para jantarmos? Seu pai chegará logo e jantará conosco. — Está bem! — Respondeu Matheus enquanto subia para seu quarto. Lá encontrou todas as suas coisas da mesma forma que deixou nesta manhã. Ele é o responsável por organizar os seus pertences no quarto. Sentou-se na cama, retirou as meias, apoiou os cotovelos nos joelhos e a cabeça nas mãos, olhando para o nada. Matheus está mais cansado do que costuma estar. Não quer fazer nada. Nem pensar, mas é só isso o que consegue fazer no momento. *** Matheus é jovem, têm vinte e dois anos, mora com seus pais e é cristão. Congrega com sua família, desde pequeno, numa igreja que fica do outro lado da cidade. Participa ativamente da rede de jovens e é


músico do grupo de louvor. E, também… é filho do pastor.


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Capítulo I

“O SENHOR é o meu pastor, nada me faltará” Salmo 23:1

ada como um banho quente e relaxante para devolver conforto ao corpo de Matheus. O frio da roupa molhada tinha ido embora e, estranhamente, a sensação desconfortável que o tinha perseguido durante todo o dia também havia desaparecido. Matheus é um jovem muito parecido com os demais. Trabalha o dia todo ouvindo música e conversando a respeito do que pensa com os seus colegas. E, pela manhã, acordou um tanto estranho. Não tinha motivos aparentes para ter um dia angustiado, mas teve. Não tinha clareza em seus pensamentos, só uma expectativa. Em quê? Não sabia. No entanto, tinha certeza de que algo ia acontecer. Mas, quando desceu as escadas e foi até a sala de


jantar, sua mãe logo percebeu que o humor do filho havia melhorado. Estava com uma expressão mais suave, mais descontraído. — Agora sim! — exclamou Clarice ao ver o filho limpo e com roupas quentes. Matheus simplesmente sorriu, enquanto se sentava à mesa. — Boa noite, Matheus! — cumprimentou-o o pai, o Pr. Pedro. Era um senhor grandalhão de uns cinquenta anos, muito bem humorado que amava a sua família. — Oi pai! Tudo bem? — Tudo sim, filho! Dia muito agitado na igreja. Aquela reforma nos banheiros do fundo está dando um pouco mais de trabalho do que pensávamos. Eu e o irmão Lucas passamos a tarde toda procurando um vazamento. — Ah é? E conseguiram achar? — Achamos sim! Graças ao “dom sobrenatural” do encanador que precisamos contratar depois de termos destruído boa parte do banheiro. — brincou Pedro rompendo numa gargalhada e sendo acompanhado por todos à mesa. O jantar seguiu-se normalmente, logo após a oração do pai agradecendo a Deus pela família e pelo alimento. Eles conversaram bastante. Sempre tinham esse tempo juntos, onde se ouviam, riam juntos e, quando necessário, choravam. Nesta mesa faltava a Manu, a filha caçula que


estava na faculdade e sĂł deveria retornar ao final da noite. Ela ĂŠ especial, vocĂŞ vai ver.



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Capítulo II

Enquanto a chuva cai lá fora...

ma movimentação inexistente, aos nossos olhos, ocorre à frente da casa do Pr. Pedro. Por entre as árvores que ficam sobre a calçada, se aproximam dois seres, um deles rasteja como se fosse um animal, um lagarto, e o outro ereto como um homem, de aparência estranha e arrogante, parece que exerce poder sobre o outro. A iluminação dos postes não faz efeito algum sobre eles que, mesmo na direção dos faróis de carros que passam pela rua, permanecem escurecidos, num tom opaco, sem absorver ou refletir qualquer luz do ambiente. — Estamos chegando! — resmungou “aquele que anda” com uma voz rouca e áspera. O outro apenas emite um som indecifrável.


— Alguma coisa está errada por aqui. — disse “aquele que rasteja” — Não somos bem-vindos, veja! Apontando para frente, os dois seres demoníacos avistam um homem alto e forte, vestindo um macacão de tom ferrugem e uma capa preta. Está em pé, sobre a calçada, e olha fixamente para o interior da casa do Pr. Pedro. — Desgraçados! — gritou “aquele que anda” — Temos que avisar aos outros agora! — Enquanto trocam palavras ásperas fogem correndo. — Vamos, Matheus! — diz, em voz baixa, o homem que está do lado de fora da casa — Nós estamos esperando, ansiosamente, o seu despertar, Matheus. Há muito que fazer... Neste momento, o homem, fecha os olhos, seu corpo brilha e ele ouve, em seu interior, uma voz: — ACALMA-TE, ELE VAI RESPONDER. — Eu sei Senhor. Mas em quanto tempo? Como ficarão os Seus planos se ele demorar? — VOCÊ BEM SABE QUE MEUS PLANOS SE CUMPREM NO TEMPO CERTO. — É verdade, oh Senhor! Perdoe-me. Preocupome, pois percebi a presença dos “outros”. E temo pela segurança do rapaz. — EU SEI. POR ISSO, PERMANEÇA ESTA NOITE AO LADO DE MATHEUS. ELE SERÁ ATACADO EM SEUS SONHOS. TRABALHE EM FAVOR DELE.


— Assim seja, Senhor! Nesse instante, totalmente invisível ao olho humano, o anjo entra na casa e ministra paz à família que ainda está à mesa. O “anjo” observa mais de perto, o jovem e seus pais e não pôde deixar de pensar no quanto eles são privilegiados. Feitos à imagem de Deus, carregam o Reino, podem entrar a qualquer momento na Sala do Trono, porque o Pai está neles. — Com tudo isso, por que será que eles não usam o que têm? — pensou o anjo. — É como ter uma porta à frente, a chave nas mãos e não saber como usá-la. — concluiu. Ele se aproximou de Matheus e, pondo as suas mãos sobre os ombros do rapaz, disse: — Força, garoto! Você pode vencer! *** Do alto de uma torre de TV, a alguns quarteirões dali, em pé, com terríveis asas abertas ao vento, “aquele que voa” observa com ódio em seu olhar. — Nada vai me impedir! Moleque! Eu vou destruir aquela família e não vai ser um menino idiota que vai me atrapalhar! “aquele que voa” tinha planos de destruir alguém e não permitirá que ninguém o impeça. E ele vai pegar pesado contra todos os que entrarem em seu caminho. Mas ele sabe que tem um problema


que precisa arrancar pela raiz. — Eu vou matar você, Matheus! E vou começar nesta noite.




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