Fotoativação na Atualidade: Conceitos e Técnicas Clínicas Photoactivation today: Concepts and techniques clinical
Eduardo Souza-Junior * César Pomacóndor-Hernández ** William Cunha Brandt *** Mário Alexandre Coelho Sinhoreti ****
* Cirurgiões-dentistas, Mestres em Dentística e Doutorandos em Materiais Dentários da Unicamp ** Cirurgião-dentista, Mestre e Doutor em Materiais Dentários pela Unicamp, Professor Adjunto da Universidade de Santo Amaro *** Cirurgião-dentista, Mestre e Doutor em Materiais Dentários pela Unicamp, Professor Titular da Unicamp Eduardo Souza-Junior Av. Giovanni Gronchi, 6675, Ed. Campo Grande, Ap. 153, 05724-005, Vila Andrade, São Paulo, SP edujcsj@gmail.com Data de recebimento:20/12/2013 Data de aprovação: 07/01/2014
RESUMO
ABSTRACT
A odontologia adesiva tem guiado bastante a reabilitação
The adhesive dentistry has guided the esthetic rehabi-
estética dos dentes, especialmente no que se refere às restau-
litation of the teeth, especially about direct and indirect resto-
rações diretas e indiretas. Desse modo, os materiais resinosos
rations. In this sense, resin materials (adhesives, resin com-
(adesivos, resinas compostas e cimentos resinosos), fotoativa-
posites and resin cements), photoactivated or dual-cured, are
dos ou duais, são bastante utilizados na clínica odontológica e
often used in dental clinics and depend on an adequate pho-
dependem de maneira essencial de correta fotoativação. Vários
tocuring. There are many light curing units and photoactivation
são os aparelhos fotoativadores e as técnicas de fotoativação,
techniques, which make an important decision for the dentists
fazendo com que o dentista necessite saber qual fonte de luz e
to select the most satisfactory equipment and curing technique
técnica são mais adequadas para a situação clínica em ques-
for the chosen situation. Thus, the aim of the present work is to
tão. O objetivo do presente estudo é apresentar os conceitos
show the concepts about photocuring and light curing units, as
sobre fotoativação e aparelhos fotoativadores, bem como as
well as the photoactivation techniques for the resin materials
técnicas clínicas para sua aplicação nos materiais resinosos uti-
used in dentistry.
lizados na odontologia.
PALAVRAS-CHAVE Aparelhos ativadores. Resinas compostas. Cimentos de resina.
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KEYWORDS Activator appliances. Composite resins. Resin cements
INTRODUÇÃO
quanto à indicação, além de conceitos básicos que regem os
As resinas compostas, sejam elas utilizadas para ade-
princípios de fotoativação e os aparelhos fotoativadores.
são, restauração ou cimentação, são os materiais mais utilizados na odontologia adesiva atualmente. Esse material, ao longo
ENTENDENDO A LUZ DE FOTOATIVAÇÃO E CONCEITOS BÁ-
da história, passou por transformações especialmente no que
SICOS
se refere ao modo de polimerização. As primeiras resinas eram
A luz visível é composta por ondas que formam o es-
quimicamente ativadas, e passaram a ser fotoativadas por luz
pectro eletromagnético, e é fundamental para se enxergarem
ultravioleta somente em 1973. Por conta dos efeitos prejudiciais
as cores dos objetos. Sem luz, não se enxergam as cores. Os
desse tipo de luz (aumentava a incidência de queimadura de
comprimentos de onda luminosa variam em tamanho, e a faixa
córnea e cataratas), curta vida útil das lâmpadas e limitada pro-
que corresponde à luz visível é a que corresponde à região en-
fundidade de polimerização, deu-se início a estudos visando a
tre 400nm e 700nm.3 As cores existentes nesse espectro são:
utilizar a luz visível para fotoativação.
violeta, azul, verde, amarelo, alaranjado e vermelho.4 Pensando
1
O primeiro relato de utilização da luz visível como meio
nisso, as cores que enxergamos nos objetos são resultado de
fotoativador para resina composta é de 1976, realizado por Mo-
um processo que engloba a reflexão e absorção luminosa. Se
hammed Bassoiuny, da Faculdade de Turner, em Manchester, e
um tomate é vermelho, é porque esse objeto reflete os compri-
desde então esse é o método mais utilizado para realização da
mentos de onda referentes à cor vermelha e absorve as cores
polimerização de materiais resinosos. Com isso, houve neces-
restantes do espectro visível. Para os materiais resinosos, há
sidade de maior desenvolvimento também das fontes de luz,
a necessidade da aplicação de uma luz com comprimento de
para que elas conseguissem excitar de maneira correta os sis-
onda específico, que possa excitar o fotoiniciador presente e
temas fotoiniciadores presentes nos materiais resinosos. Des-
desencadear a reação de polimerização. Atualmente, a luz utili-
sa forma, é importante que o clínico entenda o funcionamento
zada para fotoativação de materiais resinosos está concentrada
dos materiais resinosos atuais, tanto em relação à composição
na região do espectro de luz azul (400nm-500nm).
2
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Fotoativação na Atualidade: Conceitos e Técnicas Clínicas
Para melhor entendimento da correta aplicação da luz
Materiais resinosos
Materiais resinosos
ceitos básicos. O primeiro deles é a irradiância ou intensidade
Variolink II (Ivoclar Vivadent)
de luz, que nada mais é do que a quantidade de fótons emitida
dual/fotoativado (usando somente a base)
RelyX ARC (3M ESPE)
por determinada fonte de luz.3,5 Aparelhos com alta irradiância
dual
Concise (3M ESPE)
emitem maior quantidade de fótons quando comparados com
quimicamente ativado
Variolink Veneer (Ivoclar Vivadent)
os de baixa irradiância. A unidade de medida dessa propriedade
fotoativado
Opallis (FGM)
fotoativado
é mW/cm2. Um aparelho fotoativador, para garantir fotoativação
Multilink (Ivoclar Vivadent)
quimicamente ativado
satisfatória mínima, necessita de 400mW/cm2.6 Alguns fatores
Clearfil SA Cement (Kuraray)
dual
diminuem a irradiância do aparelho fotoativador: aumento da
Maxcem (Kerr)
dual
distância ponteira-material restaurador, aparelhos com bateria
RelyX Veneer (3M ESPE)
dual
fraca, equipamentos com filtro gasto, dentre outros. Existem
RelyX U-100 (3M ESPE)
dual
aparelhos para realizar a mensuração da irradiância das fontes
Charisma Opal (Heraeus Kulzer)
fotoativado
de luz, chamados de radiômetros. São normalmente portáteis e
All-Cem (FGM)
dual
específicos para cada fonte de luz. Alguns aparelhos possuem
Icem (Dual)
dual
radiômetros acoplados, porém, os mais interessantes são os
C&B Cement (BISCO)
quimicamente ativado
que medem a irradiância de maneira quantitativa. De maneira
G-Cem (GC)
dual
geral, o técnico das empresas dos aparelhos fotoativadores
Enforce (Dentsply)
dual
normalmente possuem radiômetro, e é interessante avaliar se o
IPS Empress Direct (Ivoclar Vivadent)
fotoativado
equipamento está com a irradiância mínima correta.
Cement Post (Angelus)
quimicamente ativado
Master Cement LC
fotoativado
sobre os materiais resinosos, devem-se entender alguns con-
O segundo conceito essencial é a dose de energia. A dose energética é o resultado da irradiância versus tempo, ou seja, é a energia total dispensada sobre o material resinoso.2-3,5-6 A unidade de medida é o Joule (J). A dose de energia mínima para a fotoativação adequada dos materiais resinosos é de 16J, ou seja, para um aparelho de 400mW/cm2, deve-se fotoativar por 40s; entretanto, para um aparelho de 800mW/cm2, deve-se fotoativar por 20s, pelo menos. Praticamente, a grande maioria dos fabricantes recomenda a fotoativação de seus materiais pelo tempo. Por exemplo, os fabricantes recomendam a fotoativação de resinas compostas com incrementos de 2mm por 20s, 30s ou 40s, a depender do grau de saturação desses materiais. Porém, se o profissional possuir um aparelho com baixa irradiância, em torno de 400mW/cm2, independentemente da cor e do tempo recomendado pelo fabricante, necessita-se usar uma dose energética mínima de 16J. Em outras palavras, quanto menor for a irradiância, maior será o tempo utilizado para fotoativação.5-6 Deve-se lembrar que esses conceitos valem somente para cada incremento de resina aplicado. MATERIAIS RESINOSOS FOTOATIVADOS E DUAIS Basicamente, os materiais se classificam de três formas em relação ao tipo de fotoativação: fotoativados, quimicamente ativados ou duais (têm polimerização química e fototivação no mesmo material).3 O Quadro 1 evidencia e classifica alguns desses materiais. Os materiais quimicamente ativados atualmente são restritos a cimentos resinosos e adesivos. As resinas compostas autopolimerizáveis foram os primeiros compósitos restauradores presentes no mercado, entretanto, apresentavam
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Quadro 1: Nomes e características de polimerização de alguns materiais resinosos.
algumas desvantagens: formação de poros internos, falta de controle do tempo clínico e amarelamento (falta de consumo total das aminas terciárias).3,7 Como os cimentos resinosos e adesivos são utilizados em películas finas, esses problemas não são tão relevantes. Os materiais fotoativados basicamente são as resinas para restauração direta e indireta, além dos adesivos e cimentos para facetas. Já os produtos duais são em sua maioria cimentos, adesivos e algumas resinas para núcleo de preenchimento. Mas, quando escolher um material pelo tipo de fotoativação? Sempre se deve escolher o material restaurador pelo tipo de fotoativação a partir do grau de passagem de luz que será permitido para a correta polimerização. Em outras palavras, em casos em que a passagem de luz seja nula ou duvidosa, devem-se utilizar materiais quimicamente ativados ou duais, e, em casos em que há passagem total ou quase total da luz de fotoativação, utilizam-se os materiais fotoativados.7 Uma dica importante é que normalmente os materiais fotoativados possuem uma gama maior de cores e, consequentemente, a capacidade de se obterem resultados estéticos é maior. APARELHOS FOTOATIVADORES Lâmpada halógena Os primeiros aparelhos fotoativadores utilizados na odontologia em materiais resinosos foram os aparelhos de lâmpada halógena (quartzo-tungstênio-halogênio, QTH). São equipamentos que emitem luz no comprimento de onda na fai-
Souza-Junior E, Hernández CP Brandt WC, Sinhoreti MAC.
xa entre 400nm-500nm.8 Essa luz é branca, semelhante às das
LEDs
lâmpadas convencionais. Porém, esses aparelhos são compos-
Diante das desvantagens dos aparelhos de lâmpada
tos por um filtro de luz, que barra todos os comprimentos de
halógena (grande geração de calor, ergonomia dificultada, não
onda, permitindo somente a passagem da luz no comprimento
serem instrumentos portáteis, poucas horas de vida útil da lâm-
azul. Essa luz filtrada que chega ao material restaurador permi-
pada e do filtro de luz), foram desenvolvidos os aparelhos co-
te a excitação do sistema fotoiniciador, e inicia a polimerização
nhecidos como diodos emissores de luz (LEDs).2 Esses apare-
do material.2 Os aparelhos mais antigos possuíam irradiância
lhos emitem comprimento de onda especificamente na luz azul
em torno de 100mW/cm2-200mW/cm2, já os mais novos têm
ou violeta, são portáteis (alguns são sem fio), leves, geram me-
2
400mW/cm -800mW/cm , em média. Normalmente são encon-
nos calor e têm vida útil de aproximadamente 10.000 horas. Os
trados em forma de “pistola”, somente funcionam com fio, são
primeiros aparelhos (1.a geração – Fig. 2) tinham muitos LEDs
pesados, barulhentos (por conta principalmente pelo ventilador
e irradiância total muito baixa, em torno de 150mW/cm2.2 Havia
embutido, para permitir melhor refrigeração do aparelho) e sua
muita dúvida quanto à efetividade desses aparelhos, em com-
lâmpada possui em torno de 40 horas de vida útil. Uma lista de
paração com os de lâmpada halógena.
2
2
aparelhos de lâmpada halógena está no Quadro 2. A Figura 1 mostra um aparelho fotoativador de lâmpada halógena.
Com o passar do tempo, foram desenvolvidos os LEDs de 2.a geração, os quais tinham poucos LEDs, com irradiância total na faixa de 350mW/cm2-1400mW/cm2. Esses aparelhos
Aparelhos de lâmpada halogena
Irradiância
Optilux 501 (Kerr)
600 mW/cm2
VIP (Bisco)
100-600 mW/cm2
XL 3000 (3M ESPE)
600 mW/cm2
Demetron LC (Kerr)
600 mW/cm2
LEDs 2a Geração
Irradiância
Radii-Cal (SDI)
800 mW/cm2
FlashLite 1401 (Discus Dental)
600 mW/cm2
Elipar Freelight (3M ESPE)
1100 mW/cm2
Demi (Kerr)
1200 mW/cm2
Ultrablue IS (DMC)
350-600 mW/cm2
D-2000 (DMC)
800 mW/cm2
Coltolux (Coltene Whaledent)
990 mW/cm2
Translux Power Blue (Heraeus Kulzer)
1100 mW/cm2
LEDs 3a Geração
Irrâdiancia
Bluephase G2 (Ivoclar Vivadent)
1200 mW/cm2
VALO (Ultradent)
800 mW/cm2
Smartlite Max (Dentsply Caulk)
1100 mW/cm2
Quadro 2: Fontes de luz e suas respectivas irradiâncias.
Figura 1: Aparelho de lâmpada halógena (VIP, Bisco).
têm substituído gradativamente os aparelhos de lâmpada halógena e têm dominado o mercado de fontes de luz. Entretanto, o aumento da irradiância, especialmente dos que possuem mais de 1000mW/cm2, tem feito com que esses LEDs promovam certo aquecimento no material restaurador resinoso. Além disso, alguns materiais resinosos que não possuem ou têm reduzida quantidade de canforoquinona, como resinas para dentes clareados e cimentos resinosos de algumas empresas, não são excitados de maneira satisfatória pelos LEDs de 2.a geração.9 A Figura 3 representa um LED de 2.a geração. Devido a isso, foram desenvolvidos os LEDs de 3.a geração ou de picos múltiplos, que possuem espectro de emissão na faixa que compreende a luz azul e a ultravioleta, o que faz com que essas fontes de luz possam excitar todo tipo de material resinoso, assim como os aparelhos de lâmpada halógena.2 Normalmente, esses LEDs possuem quatro LEDs divididos em quadrantes: um deles emite luz ultravioleta e os outros três, luz azul. Dessa forma, há a necessidade de movimentos de vaivém durante a fotoativação, para que os LEDs realizem a cura fisica do material de
Figura 2: Aparelho LED de 1.a geração (Ultrablue, DMC). Note-se a grande quantidade de diodos (19), que juntos emitem irradiância muito baixa, em torno de 150mW/cm2.
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Fotoativação na Atualidade: Conceitos e Técnicas Clínicas
maneira uniforme. Esses LEDs são efetivos para alguns materiais
a fotoativação.2-3 O arco de plasma foi introduzido no mercado
que não possuem canforoquinona ou a possuem em quantidade
como um aparelho para se realizar fotoativação com alta irradi-
reduzida, como as resinas para dentes clareados (Tetric N-Ce-
ância e em pouco tempo de fotoativação (3s a 5s). No entanto,
ram, Ivoclar Vivadent, Pyramid, Bisco, Tetric Evo-Ceram Bulk Fill),
esse conceito não é muito aceito, já que a alta irradiância em
cimentos resinosos duais (Panavia F, Kuraray), alguns corantes e
pouco tempo de exposição faz com que o material resinoso
alguns adesivos (Clearfil SE Bond, Kuraray e Adper Easy One, 3M
promova alta tensão de contração, comprometendo a interfa-
ESPE). Consequentemente, esses materiais resinosos não são
ce adesiva.2 Isso pode aumentar a formação de fendas entre
bem fotoativados com os LEDs de 1. e 2. geração. As figuras 4 e
dente-restauração, podendo gerar sensibilidade pós-operatória
5 mostram, respectivamente, LEDS de 3. geração, os espectros
e, além disso, deixar a restauração mais susceptível à cáries
dos fotoiniciadores e diferentes fontes de luz.
recorrentes.2 As figuras 6 e 7 mostram um exemplo de laser de
a
a
a
argônio e arco de plasma para fotoativação. Laser e arco de plasma O laser de argônio e o arco de plasma estão cada vez
LUZ PARA CLAREAMENTO
mais em desuso para fotoativação de materiais resinosos. O
Como é amplamente conhecido, existem dois tipos de
laser possui comprimento de onda interessante para a canforo-
clareamento dental: caseiro e de consultório. Esse último está
quinona, porém, o custo do aparelho, ergonomia e manipulação
baseado na aplicação direta de peróxido de hidrogênio (15% a
ainda fazem com que outras fontes de luz sejam melhores para
38%) sobre as superfícies dentais no consultório odontológico.
Figura 3a: LED de 2.a geração (FlashLite 1401, Discus Dental).
Figura 3b: LED de 2.a geração (Bluephase 16i, Ivoclar Vivadent).
Figura 4: As figuras da esquerda e central são do primeiro LED de 3.a geração mundialmente comercializado, o UltraLume LED 5 (Ultradent). Note-se na figura central que esse aparelho possui um diodo que emite luz azul, localizado no centro, e quatro diodos que emitem luz violeta, um em cada quadrante superior. A terceira figura (direita) representa outro LED de 3.a geração (Bluephase G2, Ivoclar Vivadent).
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Souza-Junior E, Hernández CP Brandt WC, Sinhoreti MAC.
Figura 5: A figura da esquerda representa o espectro de absorção dos fotoiniciadores canforoquinona e fenilpropanodiona (PPD). A figura da direita representa o espectro de emissão luminosa das fontes de luz. Lâmpada halógena: Optilux e XL 2500; LED 2.a geração: Elipar Freelight e Radii-Cal; LED 3.a geração: Ultra Lume 5, Bluephase G2 e VALO; Laser de argônio: LaserMed; Arco de plasma: Apollo.
Figura 6: Laser de argônio (LaserMed).
Figura 7: Arco de plasma (Apollo).
Figura 8: Fonte de luz híbrida (LED/laser) para clareamento (Whitening Laser, DMC).
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Fotoativação na Atualidade: Conceitos e Técnicas Clínicas
Como vantagens, há melhor controle do procedimento pelo clí-
ral, são adequadamente fotoativados por qualquer fonte de luz.
nico, rapidez na obtenção de resultados e menor tempo de tra-
Como exemplo, tem-se o bond dos sistemas de condiciona-
tamento. Sendo assim, para a obtenção de resultados satisfató-
mento total de três passos e dos autocondicionantes de dois
rios, é necessário longo tempo de aplicação do produto sobre
passos. Normalmente, esse bond é composto por matriz orgâ-
os dentes, o que aumenta o risco de sensibilidade dental. Uma
nica livre de solvente, ou com uma quantidade mínima de sol-
forma de acelerar a decomposição do peróxido de hidrogênio
vente. Já para os adesivos simplificados, antes da fotoativação,
para a redução do tempo clínico é a aplicação de um agente
deve-se, no mínimo, volatilizar o solvente com jato de ar por 10
físico ativador, como o calor da luz, e diversos fabricantes re-
segundos, antes da fotoativação.12 Isso faz com que a matriz
comendam o uso de uma luz conjunta ao processo clareador,
polimérica tenha posteriormente menos porosidade interna e
especialmente LEDs e lasers.
permita maior selamento do substrato dental.12-13 Adicionalmen-
10
Não obstante, esse método aumenta a temperatura do
te, em adesivos simplificados, alguns fabricantes, por conta da
dente e, por consequência, origina também sensibilidade. É re-
excessiva hidrofilia de seus materiais adesivos, adicionam fotoi-
comendado que os dentistas usem luz para clareamento com
niciadores alternativos, como o QTX e o TPO, que não são muito
muito cuidado, analisando e individualizando cada caso clínico,
bem sensibilizados com LEDs de 2.a geração.
pois existe maior risco de sensibilidade dental, e ainda não foi
Além da correta volatilização dos solventes, há de se en-
demonstrado cientificamente se há aumento da eficácia clínica
tender a relação entre a distância da ponteira da fonte de luz e
dos clareamentos de consultório (se são utilizadas lâmpadas
qualidade de polimerização. Em cavidades com paredes pro-
fotoativadoras), quando comparados ao clareamento caseiro.
10
fundas, como em classe I e II, em que a parede pulpar ou gengi-
A Figura 8 mostra uma fonte de luz híbrida (laser/LED) utilizada
val se localiza de 4mm a 8mm de profundidade, há a necessida-
adjunta ao processo clareador.
de de fotoativação adicional dos sistemas adesivos.2 Em geral, os fabricantes indicam fotoativação por 10s, entretanto, sabe-se
MÉTODOS MODULADOS DE FOTOATIVAÇÃO: ELES FUNCIO-
que quanto maior for a distância entre a fonte de luz e a super-
NAM CLINICAMENTE?
fície molhada pelo adesivo, menor será a irradiância alcançada
Os métodos modulados de fotoativação foram criados
nesse material. Deve-se, portanto, realizar uma fotoativação por
com o intuito de se diminuírem as tensões na interface dente-
no mínimo 20s. Essa fotoativação adicional deve ser realizada
-restauração geradas pela contração de polimerização das re-
com cautela, pois alguns LEDs de alta irradiância emitem muito
São modulações do método convencional,
calor, especialmente na camada de adesivo. A Figura 9 mostra
sinas compostas.
2,11
em que se aplica irradiância menor inicialmente, seguida de irra-
um exemplo de fotoativação de um sistema adesivo.
diância maior. São eles o Soft-start, Pulse-delay, Rampa etc. Em pesquisas de laboratório, sabe-se que os métodos Soft-start e
Resinas compostas
Pulse-delay conseguem, de maneira efetiva, diminuir a tensão
Para as resinas compostas, deve-se realizar fotoativação
de polimerização, permitindo melhor adaptação marginal em
com aparelho de luz que tenha no mínimo 400mW/cm2 e com
cavidades dentais.11 No entanto, ainda não existe estudo clínico
dose de energia mínima de 16J. Isso implica a seguinte regra:
que comprove a eficácia dessas modulações luminosas sobre a
para aparelhos menos potentes, no mínino 40s de fotoativação
durabilidade de tais restaurações em ambiente oral. Além disso,
por incremento. Já para aparelhos mais potentes (alta irradiân-
nos primeiros incrementos, especialmente em cavidades classe
cia), no mínimo 20s de luz por incremento. Um fator importante
II e I, a luz chega com irradiância menor, que aumenta de acordo
para a fotoativação de resinas compostas é a saturação e opa-
com a proximidade do incremento com a ponta do aparelho fo-
cidade. Para materiais mais saturados, por exemplo, uma resina
toativador. Isso acaba implicando uma modulação não-forçada
de cor A4, deve-se aumentar o tempo de fotoativação, já que a
da fotoativação, que provavelmente promove menor tensão na
maior quantidade de pigmento acaba por barrar a luz que chega
interface dente-restauração.
a toda a massa de resina.14 Isso também acontece para as resi-
De qualquer maneira, os métodos modulados parecem
nas designadas para “dentina” ou com opacidade esclarecida
ser interessantes, especialmente no último incremento de res-
pelo fabricante. A Figura 10 mostra um exemplo de fotoativação
taurações classe I e II, mas ainda não possuem efetividade clí-
de incremento de resina em restauração oclusal.
nica comprovada.
A resina, independentemente da fonte de luz utilizada, deve ser aplicada de maneira incremental de no máximo 2mm,
TÉCNICAS CLÍNICAS PARA FOTOATIVAÇÃO
para que haja correta fotoativação e, consequentemente, maior
Sistemas adesivos
durabilidade clínica. A tensão de contração de polimerização da
Os agentes adesivos que não contêm solvente, em ge-
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resina composta é reduzida quando ela é aplicada em incremen-
Souza-Junior E, Hernández CP Brandt WC, Sinhoreti MAC.
tos, e, consequentemente, aumenta o selamento das margens
peza dessas extremidades, que muitas vezes encostam no ma-
dente-restauração. Todavia, alguns materiais foram lançados no
terial resinoso, e esses compósitos ficam grudados e reduzem
mercado como Bulk-fill (utilizados para incremento único). Ainda
a passagem de luz. Dessa forma, o operador tem influência sig-
não se sabe sobre a efetividade clínica desses materiais, po-
nificativa no processo de fotoativação, devendo ficar atento ao
rém se sabe que, para se conseguir efetividade na fotoativação
procedimento fotoativador, usar óculos de cor alaranjada para
numa profundidade de 4mm, os fabricantes adicionaram fotoi-
proteção dos olhos e ter conhecimento sobre o correto aparelho
niciadores com maior absorção luminosa nesses materiais (por
para o material utilizado.
exemplo, Tetric Evo-ceram Bulk-fill, que tem fotoiniciador à base
Da mesma forma que ocorre para os sistemas adesivos,
de benzoil germânio, e que é 10 vezes mais efetivo do que a
em incrementos iniciais em cavidades profundas, deve-se fotoa-
canforoquinona). Outro fator preocupante sobre esses materiais
tivar por tempo adicional, já que, segundo Price e colaboradores
Bulk-fill é o que diz respeito à maior velocidade na polimerização
(2000),5 com 6mm de distância entre a ponta da fonte de luz e
e consequentemente maior tensão na interface e formação de
o material, a intensidade de luz que chega é 50% menor do que
fendas marginais. Mas, como dito, ainda não há evidência cien-
a que sai da ponteira, reduzindo assim a qualidade do polímero
tífica para utilização clínica segura com esses novos materiais.
formado.
A ponteira da fonte de luz pode ser de polímero ou de fibra óptica. As ponteiras à base de polímero têm maior disper-
Cimentos resinosos
são de luz, e, quando chegam ao material a ser fotoativado,
Os cimentos resinosos são os materiais mais afetados
atingem-no com menor irradiância, quando comparados com
quando o assunto é fotoativação. Isso ocorre porque sempre
as ponteiras de fibra óptica2,6 (Fig. 11). As ponteiras de fibra óp-
haverá um material restaurador indireto se sobrepondo à luz de
tica permitem passagem de luz com mínima perda luminosa,
fotoativação e atenuando-a. Sendo assim, deve-se sempre foto-
da saída da lâmpada ou diodo até a extremidade da ponteira,
ativar pelo tempo indicado pelo fabricante, cada uma das faces
como visto na Figura 12. Um cuidado essencial é a correta lim-
visíveis e possíveis, ou seja, as faces vestibular, lingual-palatina
Figura 9: Fotoativação de sistema adesivo aplicado sobre a estrutura dental.
Figura 10: Fotoativação de incremento de resina em uma restauração classe II.
Figura 11: A foto da esquerda representa uma ponteira de polímero (maior dispersão de luz) e a foto da direita, a ponteira de fibra óptica (menor dispersão luminosa).
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Fotoativação na Atualidade: Conceitos e Técnicas Clínicas
Figura 12: Foto da ponteira de fibra óptica mostrando a transmissão fiel de um lado a outro da ponteira através das fibras.
Figura 13: Diferenças entre os pinos opacos (Reforpost números 1, 2 e 3, Angelus) e translúcidos (Exacto números 1, 2 e 3, Angelus), mostrando a transmissão luminosa em um pino translúcido.
e incisal-oclusal. Em restaurações com cerâmicas reforçadas,
Alguns estudos e fabricantes preconizam para cimentos
as quais possuem copings extremamente opacos, deve-se
resinosos duais um tempo de espera de polimerização química
sempre realizar uma fotoativação adicional em cada uma das
previamente à fotoativação.15 Esse tempo de espera varia de 1 a
faces. Além disso, devem-se utilizar cimentos resinosos duais
5 minutos e é recomendado com o intuito de reduzir ao máximo
ou quimicamente ativados. Já para os laminados cerâmicos,
a tensão de contração de polimerização do cimento resinoso,
os quais são mais delgados e a luz consegue penetrar mais
já que esse seria considerado um “incremento único” de resi-
através dessas restaurações, dá-se preferência à utilização de
na composta. Essa é uma técnica promissora, pois esse tempo
cimentos resinosos fotoativados, já que a luz de fotoativação
prévio sem fotoativação pode ser utilizado para limpeza intras-
consegue, na maioria das vezes, atravessar o material e promo-
sulcular e interproximal dos cimentos e garante, in vitro, resulta-
ver adequada fotopolimerização.2 Mesmo assim, para facetas
dos muito interessantes com redução da tensão de contração
cerâmicas, por questão de cautela, deve-se aumentar o tempo
de polimerização com mesma qualidade de polimerização da
de fotoativação para melhorar as propriedades mecânicas e físi-
técnica convencional.16
cas do cimento resinoso.
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Clínica - International Journal of Brazilian Dentistry, Florianópolis, v.10, n.2, p. 24-30, abr./jun. 2014
Souza-Junior E, Hernández CP Brandt WC, Sinhoreti MAC.
Pinos de fibra Para os pinos de fibra, devem-se utilizar, de preferência, adesivos duais e cimentos resinosos químicos ou duais, já que nem toda a luz de fotoativação vai atingir de maneira uniforme as regiões do conduto radicular. Além disso, o sistema de cimentação (adesivo + cimento resinoso) deve, de preferência, ser do mesmo fabricante, pois pode ocorrer alguma interação negativa na polimerização do cimento, por conta de diferença do pH do adesivo e do cimento resinoso.17 Os pinos podem variar quanto a sua translucidez, sendo classificados em opacos e translúcidos. Os pinos translúcidos conseguem transmitir mais luz para o interior do conduto radicular do que os opacos, melhorando também a performance do cimento resinoso18 (Fig. 13). Para a técnica do pino anatômico (pino reembasado com resina), deve-se dar preferência aos cimentos químicos, pois a luz de fotoativação dificilmente alcançará os terços médio e apical da região a ser restaurada e os cimentos duais, no que se refere à parte física da fotoativação, estariam subpolimerizados.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS A fotoativação nos dias atuais é um processo importantíssimo, que garante a qualidade final das restaurações adesivas diretas e indiretas. O correto conhecimento dos aparelhos fotoativadores e do processo fotoativador permite ao clínico selecionar e aplicar o material adequado para cada situação clínica e garantir a longevidade das restaurações estéticas.
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