Life Style Curitiba

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batellifestyle ANO ANO 1•N. 01

EXEMPLAR GRATUITO - VENDA PROIBIDA

MODA

Bijuterias

que valem ouro Designers curitibanas ganham o país com suas criações CAPA

Grazielli Massafera ‘ ‘

Me vejo mais determinada, obstinada, e com os pés cada vez mais no chão.

GASTRONOMIA

Do laboratório

para a mesa A inovação da cozinha molecular e personalizada da chef Manu Buffara ESPECIAL

Castelo do Batel A história do palácio que preserva um tesouro artístico paranaense Bem-vindo ao nosso bairro

www.batellifestyle.com.br

Gabel COMUNICAÇÕES








CARO

LEITOR

É com muito prazer e orgulho que a Gabel Comunicações - com 15 anos de experiência em sete bairros de São Paulo - anuncia sua chegada a Curitiba, com sua primeira publicação: a Batel Lifestyle. Nossa proposta é mais do que levar informação e diversão à sua casa. Queremos conversar com você, conectálo com os outros moradores e empresários do nosso bairro, abordar os assuntos que interessam à sua família, descobrir o melhor do Batel, do Champagnat, Mercês e Ecoville. A cada edição, você vai ler sobre a história da cidade, personalidades de Curitiba, ficar por dentro da programação cultural, conhecer o que há de mais curioso e interessante perto da sua casa, em reportagens sobre o cotidiano, moda e gastronomia. Tudo isso, através de um olhar mais profundo e sensível aos temas de interesse da comunidade. Na nossa estreia, convidamos você a conhecer um tesouro guardado dentro do Castelo do Batel e a história do palácio que já recebeu visitas ilustres de lideranças internacionais. Você também vai conhecer vários segredos da paranaense que encantou o Brasil, Grazi Massafera. Delicie-se com as criações da chef Manu Buffara e orgulhe-se da história de pioneirismo do paranaense Luiz Renato Ribas, dono a Cinevídeo 1. Você pode acessar o conteúdo da primeira edição também pela Internet: www.batellifestyle.com.br. Nosso muito obrigado por abrir suas portas e boa leitura! Alberto Rejtman

EXPEDIENTE Diretor Geral: Alberto Rejtman Jornalista Responsável: Roberta Canetti | MTb 4503 DRT-PR Capa: Grazielli Massafera | Foto: Divulgação Projeto Gráfico: Gabel Comunicações

Reportagem: Carolina Gomes, Eduardo Correa, Ester Jacopetti, Kátia Michelle e Roberta Canetti Colunistas: Álvaro Borba, Eduardo Correa, Eduardo Guy de Manuel, Eloi Zanetti, Kátia Michelle, Lígia Guerra, Lis Catenacci e Marden Machado

Redação: redacao@balellifestyle.com.br Publicidade: (41) 3027-3088 Rua José Bernadino Bormann, 730 CEP 80730-850 - Curitiba - PR E-mail: contato@balellifestyle.com.br Site: www.balellifestyle.com.br

Alberto Rejtman tem a cessão do uso da marca Batel Lifestyle, a qual pertence à Gabel Comunicações. Todas as informações, contidas nesta publicação são de inteira responsabilidade dos seus respectivos autores. Todos os anúncios e ofertas são de inteira responsabilidade de seus anunciantes. É proibido a reprodução de anúncios e reportagens sem aviso prévio.

08 - REVISTA BATEL LIFE STYLE

A Revista Batel Life Style é uma publicação dirigida a moradores, empresários, e consumidores em geral da região do Batel. Tiragem Comprovada: 20.000 exemplares



curiosidades

Por Roberta Canetti | Fotos: Divulgação

Felipe Pinheiro

É Bigorrilho ou é Champagnat Experimente caminhar pela Praça da Ucrânia e descer a rua Marcelino Champagnat, perguntando às pessoas em que bairro você está. Você vai ouvir comerciantes e moradores convictos de que você está no Champagnat e outros que vão dizer que Champagnat não existe e que você está no Bigorrilho. Alguns mais “ousados” dirão que você está é nas Mercês. Quer complicar mais? Suba a rua Fernando Moreira e vá até a praça da Espanha. Pergunte a quem está ali qual é o nome do bairro. Talvez você ouça como resposta: - Você está no Batel Soho. Pra desenrolar o novelo, é preciso ir por partes. Apesar do nome Champagnat estar até em placas de sinalização nas ruas, consultando o cadastro de ruas e bairros de Curitiba no IPPUC (Instituto de Pesquisa Planejamento Urbano de Curitiba), Champagnat não é bairro mesmo. O nome Champagnat é o favorito das imobiliárias. É mais bonito e valoriza os imóveis, nessa região da cidade que concentra o maior número de edifícios da cidade. Mas não foi o setor imobiliário que inventou esse nome. No passado, havia ali perto da praça da Ucrância uma chácara na qual funcionava o Juvenato dos Irmãos Maristas. A construção ficava exatamente no terreno da antiga sede da Universidade Tuiuti do Paraná, na Rua Marcelino Champagnat. Na década de 50, os Irmãos Maristas lotearam a chácara e a região entre a Praça da Ucrânia e a rua Presidente Taunay foi batizada de Jardim Champagnat. (informações do acervo da Associação dos Moradores e Amigos do Bigorrilho, AMA Bigorrilho, fundada em 27 de outubro de 1957). A mudança do nome Bigorrilho para Champagnat já foi até proposta na Câmara Municipal. Foi rejeitada. A Fundação Cultural de Curitiba então decidiu pesquisar a história do Bigorrilho, que virou Pois bem, eu escrevi que segundo o Ippuc livro (“Bigorrilho, a construChampagnat não é bairro. Mas segundo o ção de um espaço mesmo Ippuc, esse pedaço do Champagurbano”). nat entre a praça da Ucrânia e a Presidente Taunay também não é Bigorrilho. Verdade. A antiga estradinha que ganhou o nome do fundador da congregação dos Irmãos Maristas, o padre francês Marcelino Champagnat, canonizado pelo Papa João Paulo II em 99, como São Marcelino Champagnat, está no bairro Mercês.

NEM

uma coisa,

Guilherme Pupo

nem outra

PRÉDIO

Juvenato

existia até

2008

E o Batel Soho,

é o quê

O prédio onde ficava o Juvenato O Batel Soho não é bairro. E também não fica no Batel. Fica no dos Irmãos Maristas teve a fachada Bigorrilho. Na verdade, é só um nome escolhido por cerca de conservada até 2008. Lá funcionava 50 empresários do entorno da praça da Espanha, que, em o campus Champagnat da Universi2007, se uniram e criaram a Associação dos Comerciantes dade Tuitui do Paraná, que foi atingido da Região da Praça da Espanha. Eles decidiram investir por um incêndio. As ruínas foram totalem um circuito de gastronomia, compras e lazer e comemente destruídas. A causa do incêndio foi çaram a promover festivais, eventos e promoções conum curto circuito. O fogo se alastrou muito juntas, para movimentar o comércio da praça. O Soho rápido e o incêndio só foi controlado pelos curitibano vem dos Sohos de Londres, Nova York e bombeiros depois de 22 horas. Os cursos foBuenos Aires. É um circuito de compras com nome ram transferidos para a sede Barigüi. de bairro. Mas não é bairro. Nem está no Batel. 10 - REVISTA BATEL LIFE STYLE

Site PUC-PR

do



cultura & diversão

Por Roberta Canetti | Fotos: Divulgação

Já foi e valeu! O Aurora Bar & Piadineira completou um ano no Batel com uma semana de festa. O lançamento da programação aconteceu na Liqüe e as comemorações terminaram com uma grande festa e lançamento de um CD com os maiores sucessos da música eletrônica, mixado pelo produtor e DJ Rafael Araújo. O Aurora tem como marca registrada a proposta de agradar o público feminino. Os principais drinks e a decoração, com fachada de vidro e elementos como madeira e pedra na decoração, foi feita pensando nelas.

Obra de Delson Uchoa - Outra Janela, em exposição na SIM Galeria

Inaugurou, no Batel, a SIM Galeria de arte contemporânea brasileira. Dos gêmeos Laura e Guilherme Simões de Assis, o espaço está bem ao lado da Simões de Assis, a reconhecida galaria dos pais dos novos empreendedores. A escolha do nicho contemporâneo foi uma decisão dos irmãos, que querem valorizar o novo pensamento da Geração Y e a relação do jovem com a cultura e o mercado da arte. Aos 23 anos, os gêmeos cresceram envolvidos com o projeto dos pais. Laura fez a faculdade de Direito e já concluiu duas especializações no exterior: História da Arte, em Florença, e Administração de Galerias de Arte, em Nova York. O Carnaval de Inverno do Aos Democratas - que vai até setembro - quebrou o gelo do inverno curitibano com muito samba para comemorar os oito anos da casa. Alguns dos destaques foram a apresentação dos Demônios da Garoa e o show de Jorge Aragão. A programação especial das terças-feiras está no site www.aosdemocratas.com.br

A Momentum & Design iniciou no segundo semestre a sequência de exposições “Cabeças 2011 na Momentum”. A mostra foi lançada em um bate-papo sobre design com Jacqueline Terpins, Sergio Fahrer, Pedro Mendes, Silvio Romero e Flávio Borsato. A exposição reuniu cabeças de cerâmica branca customizadas pelos profissionais.

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Os sócios do Aos Democratas Marcio Minoru e Leandro Teixeira, com as promoters da casa e os músicos do Demônios da Garoa (camisas azuis).



cultura & diversão

O que vem por aí

De 17 de setembro a 20 de novembro, Curitiba recebe a 6a Bienal Internacional de Arte Em setembro, o Parkshopping Barigüi Contemporânea Vento Sul. promove ação cultural e educativa com Como tema “Além da Crise”, a exposição Dinossauros da Patagônia. a mostra vai invadir a cidade A exposição inédita reúne 10 réplicas de com interferências nos espafósseis originais de espécies encontraços públicos e performances das na região da Patagônia, na Argentiem praças e parques, além de na. A curadoria da mostra é do argentino palestras e mesas redondas. A 6ª Cláudio Nathan. As peças têm até 15 meedição da Bienal terá como curadotros de altura, como o Giganotosaurus, res gerais os experientes críticos de o maior carnívoro entre os dinossauros. arte Alfons Hug (Bienal de São Paulo, São verdadeiros quebra-cabeças que demoram cerca de cinco dias para serem monBienal do Fim do Mundo, na Argentina) tados. Missão que será cumprida, pessoalmente, por Cláudio Nathan, integrante e Ticio Escobar (Trienal do Chile, Bienal de do Museu Paleontológico Egídio Feruglio, em Trelew, ao sul da Argentina. No total Valência, na Espanha). A bienal é organisão mais de 1200 peças para recriar esses animais que viveram na Terra há mizada pelo Instituto Paranaense de Arte em lhões de anos. As espécies de dinossauros expostas são o Eoraptor, o Herreraparceria com a Fundação Cultural de Curitiba. saurus, o Piatnitzkysaurus, o Giganotosaurus, o Epachtosaurus, o CarEntre os espaços que recebem ações e exposinotaurus, o Amargasaurus, o Titanosaurus, o Abelisaurus e o ções estão o Parque Barigüi e o Departamento Gasparinisaura. De 9 de setembro a 12 de outubro. No de Artes da UFPR, no Batel. A programação está De segunda a sexta, das 11h às 23h , sáTeatro no site www.bienaldecuritiba.com.br bados das 10h às 22h e dominPositivo, a progragos e feriados, das mação de setembro traz 14h às 20h. recitais de violino, clarinete, canto e piano, além do Trio Brandão Kiun (Maria Ester e Maria Alice Brandão e Olga Kiun), que se apresenta no dia 11. Em outubro, o humorista Marco Luque, do CQC (TV Bandeirantes), volta ao Teatro Positivo com o show Labutaria nos dias 28, 29 e 30. A programação completa, no De 1o a 4 de setemsite www.teatropositivo.com.br bro, a Expo Unimed de Curitiba sedia o I Quilt & Craft Show. É uma exposição que reúne amantes do Patchwork, Scrapbooking e Folk Art. O evento é promovido e realizado pela empresa Retalharte com apoio institucional da Associação Quilt Curitiba. Os participantes terão a oportunidade de ver trabalhos expostos, conversar com mestres de cada área e aperfeiçoar técnicas em cursos e oficinas. Também haverá venda de peças prontas e matéria prima para confecção de arte. O público esO O DJ alemão Frank Beckers faz mais uma Entre os dias 17 e 20 de perado é de 8 mil participantes. Mais apresentação em Curitiba no dia 16 de setembro, acontece o 2o Fesinformações no site www. setembro, na Vibe Clube. E no dia 14 de tival de Cinema Judaico de Curitiba, no quiltshow.com.br outubro, o gaúcho Fabrício Peçanha shopping Novo Batel. Entre os filmes em cartaz, volta a Curitiba, para mais uma apre“Chave de Sarah”, que estreia em Curitiba na mostra. sentação no Danghai Club. Outras informações no site www.shoppingnovobatel.com.br. 14 - REVISTA BATEL LIFE STYLE



acontece

Por Gabriel Mazza | Fotos: Divulgação

TV por demanda da NET

chega a Curitiba NET anuncia

expansão em Curitiba

Marcio Carvalho, diretor de Produtos e Serviços da NET, no lançamento do NOW

A NET lançou em Curitiba o NOW, uma plataforma de programação por demanda, que permite a escolha do conteúdo que o assinante quer assistir na hora. O serviço está sendo incluído no menu dos assinantes da NET HD. São cerca de dois mil títulos, entre conteúdos pagos (principalmente filmes) e gratuitos (programas veiculados pelos canais que fazem parte do pacote do cliente). “É a extrema personalização, sem custo adicional. A ferramenta não foi criada para rentabilizar. A ideia é conquistar novos clientes. Para incluir no menu é só solicitar o serviço e não é preciso nem trocar o decodificador”, explicou o diretor de Produtos e Serviços da NET, Marcio Carvalho, no evento de lançamento, no Hotel Pestana (Batel).

No lançamento do NOW, o presidente da NET, João Félix, anunciou a expansão da NET para todos os bairros de Curitiba até o fim do ano. Já acessível para todos os moradores do Batel, Bigorrilho e Mercês, TV por assinatura, com a plataforma de programação por demanda, estará disponível para toda a cidade. “Curitiba é uma das nossas mais importantes praças. Chegamos à cidade em 1991 e na sede, no bairro Mercês, temos hoje mais de 900 colaboradores. A empresa é líder absoluta em TVs por assinatura aqui”, informou. João Félix, presidente da NET, anuncia 100% de cobertura em Curitiba até o fim do ano

Plataforma

tem locadora virtual de filmes

Além da programação dos canais, a plataforma inclui uma “locadora” virtual de lançamentos, filmes que já estão na TV a cabo antes de chegar às prateleiras das videolocadoras. A “locação” virtual custa de R$ 3,90 a R$ 9,90 dependendo do filme - por 24 horas. 16 - REVISTA BATEL LIFE STYLE

Prateleira virtual de lançamentos para locação por 24 horas


ESCRITÓRIOS DE COWORKING:

solução para empresários e autônomos

Celso Martins, proprietário da We Share, que inaugurou em julho, no Batel

Nex e We Share - escritórios de coworking inaugurados no Batel - trouxeram a Curitiba um novo conceito de espaço empresarial. Em um mesmo local, representantes de várias empresas, empreendedores “nômades” e profissionais autônomos trabalham lado a lado e dividem sala de reuniões, estrutura e aluguel. A novidade permite ter disponível um local para receber clientes e fazer reuniões, pagando por tempo de uso do espaço. E ainda é possível usar o endereço para divulgação comercial. O pacote mínimo, de cinco horas de uso, custa R$ 65. Para interesssados em compartilhar conhecimento e contatos, é ainda uma oportunidade de troca de ideias.

Evviva Bertolini:

o Batel na Casa Cor 2011

Fabiano Guma (BelPress)

Fabiano Guma (BelPress)

A Evviva Bertolini Curitiba participou a Casa Cor 2011 com móveis no Loft Garagem do Arquiteto Ivan Wodzinsky. Planejado para ser um espaço masculino, o loft teve o preto e o branco como base e móveis com design contemporâneo e funcional.

Os móveis da marca também foram usados do Espaço Lavanderia, das designers Cynthia Karas e Kassia Silva. Com estilo vintage, o projeto usou madeira, espelhos, tecidos florais e cores fortes.

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acontece

Batel ganha

Pioneira em Work Experience

INAUGURA SEDE NO BATEL

A consultora de moda Elaine Caús, a atriz Elizabeth Savalla e o diretor da Batel Lifestyle, Alberto Rejtman

Cyro e Tadeu Picchi: gêmeos escolhem Curitiba para a IE Intercâmbio

Os gêmeos Cyro e Tadeu Picchi - filhos da atriz global Elizabeth Savalla - inauguraram a IE Intercâmbio de Curitiba, no Batel. A empresa, que é pioneira no segmento de Work Experience no país, já está há 13 anos no mercado e tem 37 agências em todo o Brasil. Com parcerias em todo setor de hotelaria, a agência trabalha com viagens de três a seis meses. Os preços variam de US$ 1800 a US$ 3500, com curso de idiomas, emprego e acomodação.

NOVO RESTAURANTE DE COZINHA INTERNACIONAL

Os sócios Jenny Amorim, Cláudio Corvera e Edna Trindade durante a inauguração do restaurante Ayza

Inaugurou, no Batel, o Ayza: Sabores de Origem. Com receitas originais de 13 países, a proposta do restaurante é manter a fidelidade dos ingredientes e modo de preparo de cada prato. A proposta nasceu da experiência pessoal do restauranter Cláudio Corvera, um dos sócios do novo empreendimento. Argentino, Corvera atua no ramo da gastronomia há mais de 20 anos. Entre 1983 a 1990, morou em São Paulo e apaixonou-se pela feijoada brasileira. Quando retornou a Buenos Aires, foi convidado por um restaurante local para a estréia da feijoada no cardápio. Ao experimentar a novidade, ficou frustrado. “Eu tinha a expectativa de comer a mesma feijoada que comi no Brasil, mas trocaram os ingredientes. Até o feijão mudou de cor. Foi uma decepção”, lembra. Quando retornou ao Brasil, há cinco anos, Corvera iniciou estudos para montar um restaurante com pratos de diversas partes do mundo, respeitando os ingredientes e sabores de origem.



perfil

Por Roberta Canetti | Fotos: Lis Catenacci

Pryscila

Vieira

A rainha dos cartuns A curitibana que invadiu o universo masculino das charges e tirinhas e hoje é uma das cartunistas mais respeitadas do país. Ela começou a publicar suas tirinhas aos 14 anos, na Tribuna de São José, um jornal de São José dos Pinhais, na Grande Curitiba. A premiada ilustradora, designer e cartunista curitibana Pryscila Vieira hoje tem contrato de exclusividade com um dos mais importantes jornais do país, a Folha de S. Paulo. No Caderno Equilíbrio, um toque de humor feminino cercado de ousadia: Amely, uma mulher de verdade. A personagem é uma boneca inflável com defeito de fabricação: ela pensa e fala e “enlouquece” os homens com seus questionamentos e aflições femininas. Para assinar com a Folha, a cartunista deixou o “Metro”, maior jornal diário do mundo, com tiragem de 550 mil e distribuição em 150 cidades. “Fui de um projeto grande para um maior ainda”, diz. Antes disso, fez as vinhetas da Rede Globo (Plin-Plin). Bem humorada, essa morena de 1,80 m é puro talento e simpatia. Alcançou destaque em uma área dominada por homens, intelectuais, com visão crítica da política, economia e assuntos do cotidiano, e conquistou reconhecimento e admiração pelo país afora. 20 - REVISTA BATEL LIFE STYLE

Quando e por que começou a desenhar?

Tenho uma história comum entre vários cartunistas: desenho desde criancinha. E continuo com idade mental de 10 anos. Só que eu desenhava melhor aos dez anos. Com 14 já estava trabalhando como chargista num jornal da Região Metropolitana de Curitiba. Não lembro das brincadeiras comuns, como brincar de boneca. Mas lembro de cada desenho que eu fiz na infância. Gostava de estudar, era uma das melhores alunas da escola e preferia desenhar a qualquer outra atividade. E como virou cartunista?

Nasci com o espírito de porco (o que me imuniza da gripe suína) e sou muito crítica. Desse temperamento aliado à vontade de comunicar é que surge um cartunista. Mandei alguns cartuns para concursos de humor gráfico e fui faturando prêmios. Algo me chamava para o mundo do humor. Então caí nessa vida glamourosa, em que acordo com a Orquestra Sinfônica do Paraná tocando para mim todos os dias, sem falar na chuva de lírios.



perfil

Você invadiu um território masculino: o das charges. Como conseguiu destaque?

Muitas vezes o humor acaba se tornando item supérfluo no pacote básico de sobrevivência da mulher, porque somos sobrecarregadas de tarefas que demandam extrema responsabilidade e tempo. Convenhamos que, estatisticamente, trabalhamos mais do que os homens. Por isso, há poucas divas que levam o humor a sério. Como qualquer mulher, sou sobrecarregada de tarefas e exigências sociais e familiares, mas por sorte fiz do humor gráfico o meu ofício. Sou uma espécie de fotógrafa bem humorada da sociedade e imprimo o tom feminino em todo o meu trabalho. Historicamente, o humor é machista, porque tem sido feito por homens e para homens e nós sempre fomos o objeto da piada. Estou por aí para inverter esse padrão. Quem é a “Amely”? Como ela surgiu e pra onde ela levou você?

O pior é que a Amely não me leva. Eu já teria rodado o mundo se acompanhasse essa boneca pelas exposições para as quais é convidada. Mas a Amely abre alas. Embora tenha sido criada despretensiosamente, acabou por se tornar carro chefe da minha vida profissional. Amely é uma boneca inflável que foi batizada sob esta graça por

22 - REVISTA BATEL LIFE STYLE

conta do samba intitulado “Ai que saudades da Amélia”. A tal Amélia deixava saudades por ser uma mulher de verdade, ou seja, um exemplo de resignação feminina. Só que Amely destrói o mito de que a “mulher de verdade” deve se anular em prol do seu parceiro. Amely chega por encomenda à casa de seu comprador com dois grandes e irreversíveis “defeitos de fabricação” segundo o publico masculino: o primeiro é que ela pensa. O segundo, é que ela fala... e muito! Isto a transpõe do patamar de “mulher inflável” para o de “mulher infalível”. Amely torna-se “a mulher de verdade”. De onde vem tanta inspiração?

Geralmente do cotidiano. Procuro estar atenta a tudo o que vejo e invariavelmente direciono a análise em prol do humor. Sempre imagino o que meus personagens estariam pensando caso as situações da minha vida (ou da vida dos outros) acontecesse com eles. É um vício de autor. Como a sua profissão influencia a sua vida e vice-versa?

Meu trabalho consiste em rir para não chorar. Logo, procuro transformar a tragédia em comedia. Não raramente sou flagrada dando gargalhadas em velórios, o que pode não ser algo muito simpático. E imagine: rrabalho em


casa, o que quer dizer que levo trabalho para casa. Por isso, faço piadas infames diante da família o tempo todo. O que você faz nos finais de semana em Curitiba?

O que fazer em Curitiba é algo que depende diretamente do clima, que geralmente é frio. Então, procuro restaurantes aconchegantes que preferencialmente tenham lareira e um bom vinho. Procuro lugares que sejam praticamente um clone da sala da minha casa. O que mais gosta no Batel e no Bigorrilho?

Indubitavelmente o comércio, o bom gosto dos estabelecimentos e o agito cultural. Por ali, muitos cafés e bares agregam cultura ao ambiente, expondo obras de variados artistas ou mesmo montando uma pequena livraria anexa. Os estabelecimentos são muito charmosos e aconchegantes nessa região. Só há de se comentar que tanta beleza custa caro... Mas vale cada centavo. O Batel é um colírio para os olhos dos curitibanos e é a pupila dos olhos de Curitiba. O Museu do Olho que me desculpe. Se pudesse desenhar algo que representa esse bairros, o que seria?

Desenharia algo bem charmoso e refinado. Se pudesse, encarnaria o traço do Toulouse Lautrec.

REVISTA BATEL LIFE STYLE - 23


especial

Por Leonardo Bessa | Fotos: Lis Catenacci

Castelo

do Batel

Ícone do luxo e da história de Curitiba 24 - REVISTA BATEL LIFE STYLE


Preservado e deslumbrante: um gigante no coração do Batel

O palácio que hoje é palco dos mais luxuosos casamentos de Curitiba existe há oito décadas e tem preservadas, em cada cômodo, pinturas dos maiores artistas plásticos paranaenses REVISTA BATEL LIFE STYLE - 25


especial

As pessoas ficam surpresas de ver um castelo no meio da cidade, mas, na verdade, Curitiba ainda não era uma cidade naquela época.

26 - REVISTA BATEL LIFE STYLE

A autora da frase, Vera Maria do Amaral Lupion, se refere aos longínquos anos 20, quando o cafeicultor Luiz Guimarães mandou erguer o hoje famoso e imponente Castelo do Batel. O castelinho, como é popularmente conhecido, levou quase quatro anos para ficar pronto, entre 1924 e 1928, por obra do arquiteto Eduardo Chaves. O projeto foi inspirado em estudos feitos em Versailles, na França, o berço dos castelos medievais. Luiz Guimarães, vindo de Jaguariaíva, no norte pioneiro, viveu por lá quase 20 anos. É aí, no final dos anos 40, que a família Lupion entra nessa história. Vera, hoje uma elegante senhora, viveu o auge do castelo. Foi casada com Ubirajara Lupion, o único filho homem do ex-governador Moysés Wille Lupion de Tróia. Também


Lis Catenacci

Marcelo e Vera, na sala principal do castelo, que hoje sedia os mais charmosos casamentos de Curitiba

vindo de Jaguariaíva, o industrial do ramo da madeira comprou o imóvel do antigo dono no mesmo ano em que assumiu o governo pela primeira vez, em 1947. Foi lá que viveu com a primeira esposa, Hermínia Rolim de Moura Lupion, e os três filhos, Leovegilda, Ubirajara e Joana D’arc. “Meu avô adorava ficar churrasqueando aos domingos. Reunia a família em volta de piscina e ficava cuidando da carne”, conta Marcelo Lupion, um dos dez netos de Moysés. Hoje presidente da Castelo do Batel Eventos, a empresa que realiza as mais concorridas festas de casamento de Curitiba, ele relembra os tempos de criança, quando frequentava a casa dos avós. Uma das mais vivas memórias de Marcelo vem do sótão, um lugar ao mesmo tempo belo e assustador. “Eu subia REVISTA BATEL LIFE STYLE - 27


especial

lá cheio de curiosidade, mas logo saía correndo, morrendo de medo das pinturas”. Nas paredes havia centenas de painéis coloridos com as mais diversas alegorias. O cenário, que pode deixar uma criança assustada, é fascinante. A obra é resultado do trabalho de Miguel Bakun, artista descendente de ucranianos, chamado pelo então governador para deixar ainda mais bonito o castelo erguido por Eduardo Chaves. Nascido em Marechal Mallet, Bakun chegou a morar no próprio sótão durante quase um ano. Com liberdade para criar, ele transformou as paredes e o teto em imensos painéis. O que se vê são pirâmides, touradas, animais de todos os tipos e festas de casamento. Aos montes.

PALÁCIO DOS CASAMENTOS de “contos de fadas” A união entre o castelo e os casamentos surgiu nos anos 50, quando Leovegilda, a filha mais velha de Moysés e Hermínia, celebrou o matrimônio com João Fortunato Bulcão Mello. O enlace ganhou as manchetes das revistas nacionais daquela época. Vera Lupion se lembra muito bem da ex-cunhada, que

INQUILINO global A época áurea do castelo durou até 1969, ano da morte de Hermínia Lupion. Abatido, Moysés mudou-se de vez para a residência que a família sempre manteve no Rio de Janeiro. E, em 1972, alugou o imóvel para o antigo Canal 12, então comandado por Francisco Cunha Pereira Filho. A transformação foi geral. Os oito quartos e as suntuosas salas deram lugar ao setor administrativo da emissora. Na parte de trás do terreno, voltada para a Avenida Visconde de Guarapuava, funcionava a Redação, local de trabalho da equipe de jornalismo. Fernanda Rocha, apresentadora do telejornal noturno da época, entre 1999 e 2002, lembra bem do local. “A gente trabalhava em meio a alguns afrescos de pintores paranaenses. Eram bonitos, mas não muito bem conservados”. Hoje, quando volta ao Castelo como mestre de cerimônias, se encanta com a beleza do lugar. “Acho que ficou maravilhoso depois da reforma, bacana. Está bem diferente dos tempos da TV. Já virou referência”. A Rede Paranaense de Comunicação ficou por lá até 2003, ano em que os netos de Moysés decidiram voltar para transformar o Castelo do Batel no grande palco dos eventos da sociedade curitibana.

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Festa de casamento de Joana D’Arc Lupion, na década de 60

só conheceu anos mais tarde. “Gil era uma mulher belíssima e sempre muito elegante, alinhada”, conta ela mostrando fotos da mãe do hoje deputado federal Abelardo Lupion. Vera conheceu o marido, Ubirajara, em 1963, um mês antes de se casar com ele. A cerimônia não foi realizada no castelo por causa da morte prematura de Leovegilda, meses antes, vitimada por uma virose fulminante que abalou a família Lupion. Entre aquele ano e 1965 os recém-casados passavam a semana em Sengés, tocando uma das fazendas do clã, e os finais de semana na residência oficial. Vera se lembra muito bem dos jantares e das figuras importantes que passaram pelo castelo ao longo desses anos. “O príncipe Bernhard, da Holanda, sempre impecável, fazia questão de usar um cravo branco na lapela. E lá ia minha sogra até o jardim para buscar”. Assis Chateaubriand, o governador de São Paulo, Ademar de Barros, os expresidentes Juscelino Kubitscheck, Jânio Quadros, João Goulart e Eurico Gaspar Dutra. Todos frequentaram o castelinho. Está tudo lá, em um acervo fotográfico mantido pela família. “Eles recebiam muito bem, meu sogro fazia questão de tratar os convidados com reverência, como mereciam”, relembra Vera. Moysés e Hermínia não imaginavam que, décadas depois, seriam os casamentos a grande atração do imóvel. Quando os netos assumiram o controle da empresa que cuida do patrimônio do castelo, em 2003, depois dos anos do Canal 12 (ver box), eles decidiram inovar. “Nós ouvíamos muito sobre a beleza das festas de casamento nos anos 50 e 60 e tivemos a


Arquivo Família Lupion

Moyses e Hermínia Lupion

certeza de que não havia lugar melhor na cidade”, conta Marcelo, que já perdeu as contas de quantos casamentos foram realizados no castelo. Segundo ele, a agenda de eventos já está cheia até 2014. A média é de seis a oito eventos sociais por mês, com os casamentos em primeiro lugar, seguidos pelos bailes de debutantes e as comemorações de bodas de prata e ouro. Concorridos por toda a sociedade, os casamentos no castelo continuam atraindo também os membros da família Lupion. Bisneto de Moysés, o deputado estadual em primeiro mandato Pedro Lupion manteve a tradição neste ano. “Além de ser uma questão familiar, de preservar os nossos costumes, o castelo é, sem dúvida, o local mais bonito da cidade para uma festa de casamento”, assegura o jovem parlamentar. A união de Pedro com a advogada Maria Fernanda Gaudêncio Lupion Mello foi realizada em 21 de maio, para mais de 600 convidados. Dentre os enlaces mais comentados do castelinho, Marcelo relembra o de André Richa, filho do atual governador Beto Richa, também em 2011. “Foram muitos, me lembro de ter encontrado a Hebe Camargo em São


especial

Cronologia

1924

O Castelo do Batel começa a ser construído. O projeto - inspirado nos palácios do Vale do Loire, na França - foi feito pelo arquiteto Eduardo Fernando Chaves.

n Moyses Lupio e o presidente Juscelino Kubitschek de Oliveira

Presidente Du tra e comitifa em jantar no Ca stelo do Batel

1972

O Castelo do Batel é alugado para a afiliada da Rede Globo, o Canal 12.

1947 O 2002 ex-governador Uma restauraMoyses 1974Lupion ção completa

O imóveloéimócomeça, compra tombado vel, que pelo até hojepara recuperar épatrimônio da família. pinturas, vitrais histórico e a fachada estadual. original.

2003

Concluída a reforma, o “castelinho” se torna um centro de eventos.

O castelo é, sem dúvida, o local mais bonito da cidade para uma festa de casamento.

Paulo, no ano passado, e ela falava justamente sobre a beleza e a imponência dos casamentos no castelo”. A apresentadora foi madrinha, em 2009, da união da curitibana Maria Angélica Muricy com o paulistano Carlos Eduardo Maluf. A festa para mais de 700 convidados, que também teve a roqueira Rita Lee como madrinha, até hoje é lembrada como uma das cerimônias mais bonitas já celebradas no castelo.

Arquivo Família Lupion

Palácio restaurado: arte e história recuperados

Moyses e o Príncipe Bernard da Holanda

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“Quando assumimos foi preciso mexer em tudo, das grades até os pisos, que foram todos trocados”, conta Marcelo Lupion. Tombado pelo patrimônio histórico estadual em 1974, o castelo só pode ser modificado mediante autorização. Entre 2003 e 2004 o imóvel passou por uma restauração completa. A fonte, que estava desfigurada, foi lapidada para dar um charme a mais ao local. O jardim foi repaginado, com as folhas que tomavam conta dos gradis todas retiradas. Internamente, o novo salão ganhou painéis de vidro e metal, em um estilo moderno e renovado. “Procuramos manter o estilo clássico em alguns pontos do castelo, como o piso do andar superior, que tem inspiração portuguesa, mas nos salões de festas optamos por uma renovação”, explica um empolgado Marcelo. O já octogenário imóvel passa por constantes reparos. “Recentemente trocamos a película dos vidros, para poder receber eventos de dia, sem que a luz do sol atrapalhe os convidados”. A cada grande festa o castelo muda de cara, conforme a criatividade de cada decorador, mas, ao final do evento o que fica são as lembranças. Memórias que desde os anos 20 encantam aos que passaram por lá.


sobre o “castelinho”

O Castelo do Batel tem 2.200 m2. O terreno, 10.300 m2. O imóvel tem oito salas de reuniões com capacidente para 60 pessoas cada uma. O jardim de 3.000 m2 chegou a ter dois profissionais diários para manutenção. O palácio é uma réplica dos castelos do Vale do Loire, na França e segue estilo eclético. Os aparelhos sanitários foram comprados em Paris, do fabricante Jacob de Lafout. Parte das pinturas em parede foram feitas por artistas estrangeiros (Suíça e Alemanha). Mas, a partir de 1947, artistas paranaenses como Alfredo Andersen, João Turin, Poty Lazzarotto e Guido Viaro deixaram suas marcas no palácio. Miguel Bakun viveu por alguns meses no castelo e fez as pinturas do sótão. O Castelo do Batel recebeu visitas ilustres como Assis Chateaubriand, os presidentes Juscelino Kubitschek, Eurico Gaspar Dutra, Jânio Quadros e João Goular. Também passaram por lá o Príncipe Bernard, da Holanda, e o Príncipe Oshio, sobrinho do Imperador do Japão.

Pinturas feitas por artistas paranaenses nas paredes do Castelo do Batel

Lis Catenacci

CURIOSIDADES


Escambo

E por falar em Hacienda Café, o charmoso café é ponto de partida para várias ideias originais. Foi lá que surgiu a primeira edição do Escambo Fashion, um evento de troca de roupas bacanas que já teve 11 edições, a mais recente em julho. Inspirado naquelas trocas que acontece entre amigas - de peças que você não tem coragem de doar - o escambo agrega um público cada vez maior para uma tarde de trocas em que é possível reciclar o guarda-roupa sem gastar nenhum tostão. Na foto, a estilista Lisa Simpson e a cantora Vilma Ribeiro observam as peças da edição. O Escambo acontece a cada dois meses no Hacienda Café, que fica na Prudente de Moraes , 1283.

Gio Soifer

O jovem estilista Alexandre Linhares (na foto, com a modelo Lívia Deschermayer, maquiada por Thiffani F.) está ganhando destaque na cidade – e fora dela – desde que montou seu ateliê no Café Hacienda. Há dois anos ele está em vôo solo na Prudente de Moraes, 445, onde abriu um espaço integrando com loja e ateliê. Conhecido pela sua criatividade e pela verdadeira transformação que faz nas roupas e tecidos, Alexandre já viu suas peças serem usadas por gente famosa como Maria Bethânia e Fernanda Takai. Há dois anos, Alexandre também tem uma parceria com o joalheiro Rodrigo Alarcón e cria figurinos exclusivos para a vitrine da joalheria, instalada no Design Center Batel. Uma das coleções de Alarcón, intitulada “Tesouros do Império” é composta por peças que utilizam moedas originais, de 1822, para formar gargantilhas, colares, pulseiras e escapulários. Foi exposta com um vestido de voil preto no estilo Brasil Império criado por Alexandre especialmente para acompanhar a coleção.

Resgate

Estele Flores

Estampa

A empresária e estilista curitibana Marilia Correa de Mello veste um dos corseletes da recém-lançada coleção “Carnivale e o Freak Show”, com peças inspiradas no universo circense. Surgido na França por volta do século 16, com o objetivo de afinar a cintura, favorecer a boa postura e dar sustentação aos seios, o corselete desempenhou, durante muito tempo, função de lingerie e era usado por baixo dos vestidos. Já há algum tempo, está de volta às passarelas e às ruas também como peça compor looks que podem ser visto por todos. A marca curitibana Sundae aposta na ideia com estampas diferenciadas. A nova coleção, lançada no James Bar, traz desenhos de caveiras, cerejas, zumbis, corações, andorinhas, tatuagens, cupcakes, rosas e cartas de baralho. “As estampas contemporâneas marcam nosso estilo, não apenas nos corseletes, mas em todas as outras peças”, conta a empresária. A Sundae foi criada em 2009 e tem suas peças inspiradas na década de 50. Mais sobre a marca pode ser encontrada no site www.gosundae.com.br.

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Lis Catenaci

olho na rua

Por Kátia Michelle | Fotos: Divulgação

Jornalistas adoram observar pessoas. Uma “mania” que rende notícias e (boas) histórias. Comigo não é diferente. Depois de 10 anos na Folha de Londrina, onde passei por diversas áreas até assinar uma coluna de Moda e Comportamento, fui convidada para contar um pouco das minhas observações aqui na Batel Lifestyle. Nesse espaço você vai encontrar notas variadas, fruto de observações constantes em moda, comportamento e assuntos diversos. Aproveite para ficar atento ao que acontece ao seu redor. Quando a gente vê as coisas com olhos atentos, a vida fica mais interessante. Bons olhares para nós!



moda

Por Kátia Michelle | Fotos: Lis Catenacci

Quando

ouro

tudo que reluz é

Com bom gosto, inovação, acabamento perfeito e materiais variados, designers criam em bijuterias para todas as ocasiões, que valorizam até as produções mais luxuosas 30 - REVISTA BATEL LIFE STYLE


No início era o ouro. E nada mais brilhava os olhos das mulheres ávidas pela beleza e transformação. As jóias sempre exerceram fascínio, uma paixão que nem a história, crises econômicas ou eventual escassez de matéria-prima conseguiram amenizar ao longo do tempo. A diferença é que a criatividade dos designers cada vez mais deu status de jóias a materiais mais baratos, mas nem por isso menos nobres. Para a empresária Silvia Doring – que já atuou como designer exclusiva da Bergenson e há quatro anos montou sua própria grife de acessórios de luxo – a transformação das bijuterias em verdadeiras jóias teve seu auge há cerca de uma década no Brasil “A designer italiana Francesca Romana teve um papel importante nessa mudança ao fazer bijuterias com strass e pedras sintéticas brasileiras, mas sem cara de imitação de jóias verdadeiras”, conta. Para ela, no mercado nacional, as pedras brasileiras agregaram muito ao mercado de acessórios. Além disso, ao escolher materiais mais baratos como matériaprima, as peças podem ficar mais ousadas e com maior possibilidade e liberdade de criação.

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moda

A empresária Silva Doring já assinou coleções da joias da Bergenson. Agora, faz bijuterias que valem ouro.

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Formada em Desenho Industrial pela PUC-PR e especializada em ourivesaria, Silvia começou a carreira fazendo bijuterias, mas depois de várias especializações, foi chamada pela Bergenson para assinar peças exclusivas. Depois de alguns anos, optou por montar uma grife própria e por voltar a fazer peças com materiais mais acessíveis. “Muita gente fala que minhas peças são tão delicadas que parecem jóias”, conta Silvia. A mistura de materiais, como couro e renda, banho em ródio e ouro, além de criações exclusivas, como o anel bubble e os braceletes para lá de originais, fez com Silvia se destacasse no cenário nacional e virasse referência em Curitiba. As cobiçadas peças de Silvia são feitas em latão, recortadas à mão e ganham banhos especiais, além de detalhes em pedras naturais, pérolas de água doce e conchas. Cada coleção ganha status de obra de arte. É nesse universo, aliás, que Silvia se inspira para lançar suas coleções anuais. Ela chega a lançar quatro coleções por ano, todas especiais, mas destaca a coleção “Desconstruindo Beatriz Milhazes”, com peças inspiradas na pintora carioca como um de seus “xodós”.


PARA FAZER A DIFERENÇA: estilo próprio, materiais de bom gosto e acabamento Cada vez mais, as bijuterias podem atender aos mais diversos estilos e bolsos. De acessórios de luxo, para serem usados em festas e ocasiões especiais, àquelas peças mais básicas que podem ser feitas em casa e fazer parte da produção diária. Foi assim, em casa, que a designer de moda Gabriela Abdulmassih, de 23 anos, começou a fazer pulseiras, anéis e colares para vender. “Eu confeccionava peças desde criança, para vender na escola, para usar, para dar para meus amigos e família”, conta. Quando entrou na faculdade, começou a levar o hobby a sério. “Percebi que as pessoas se interessavam, comecei a participar de bazares e a vender cada vez mais”, revela. Hoje, a designer nascida em Ribeirão Preto e radicada há uma década em Curitiba já se destaca com suas criações. Ganhou diversos prêmios e concursos nacionais na área e tem suas peças cada vez mais requisitadas. Suas produções podem ser encontradas na loja Roberto Arad, na Vicente Machado, no Batel, além de feiras e bazares realizados periodicamente na cidade.


moda

Miçangas, couros, rendas, pérolas e correntes estão entre as matérias primas favoritas da designer, materiais, aliás, que ela diz que podem ser facilmente garimpados nas lojas de Curitiba. Quanto à mão de obra, ela mesma faz questão de produzir cada peça, para garantir a qualidade e o acabamento. Para criar suas peças, ela fica de olho nas tendências e no público. “Eu me preocupo com meu público, vejo como ele se comporta e o que está saindo mais”, diz. O segredo, para Gabriela, está em combinar materiais, ter um bom acabamento e pensar sempre na qualidade do material. ‘E quando o assunto é matéria-prima não dá confundir jóia com bijuteria. “As duas, aliás, pedem cuidados bem distintos”, enfatiza. E para quem se preocupa com a durabilidade das peças, Gabriela dá dicas imprescindíveis que podem fazer as bijuterias durarem (quase) tanto quanto uma jóia. Não tomar banho com as peças, não borrifar perfume e cuidar com o armazenamento (ver box) aumentam a vida útil das peças. “Um acessório faz muita diferença, deixa o look mais bonito e confere estilo ao visual”, acredita.

Para valorizar a produção, é preciso

saber combinar acessórios com figurino

Saber usar um acessório é tão importante quanto escolher a roupa que melhor combina com seu estilo, personalidade e corpo. O designer Roberto Arad enfatiza que é preciso bom senso. “As bijuterias precisam realçar a beleza das pessoas e não chamar mais atenção do que o necessário, ensina. Arad salienta que as roupas geralmente tem um “espaço reservado” para o acessório. “É preciso pensar na hora de fazer a composição e ser práticos. Geralmente bijuterias muito grandes não são práticas e ficam pouco harmônicas no conjunto”, diz o designer. 38 - REVISTA BATEL LIFE STYLE


Um acessório faz muita diferença, deixa o look mais bonito e confere estilo ao visual. Gabriela Abdulmassih

Outra dica na hora de adquirir as peças é sempre pensar naquelas que combinam com o que você já tem. “Não precisam ser só o clássico. Na verdade é preciso repensar o clássico”, salienta. Arad lembra que as bijuterias ganharam força nas mãos da estilista francesa Coco Chanel (1883 - 1971), que revolucionou a moda ao usar pérolas falsas e bijuterias barrocas em suas produções. “É claro que tinha todo um contexto histórico, um momento dos anos 20 que era preciso lançar mão do luxo e apostar na simplicidade. E Chanel foi pioneira nisso”, conclui.

Cuide bem

das suas peças

A Designer de Moda Gabriela Abdulmassih dá dicas para que suas bijuterias durem mais: • Nunca molhe as peças • Não as deixe no banheiro, pois o vapor e umidade podem acelerar o processo de oxidação • Não borrife perfume ou passe cremes • Cuidado redobrado para armazenar. Nunca deixe as peças “emboladas” em porta jóias • O ideal é guardar as peças individualmente, em saquinhos de TNT


capa

Por Ester Jacopetti e Roberta Canetti | Fotos: Divulgação

Grazi Massafera A estrela que se fez brilhar

A história da paranaense que nasceu linda e talentosa, mas precisou conquistar seu espaço na televisão e no cinema com humildade, dedicação e pé no chão.

A atriz Grazi Massafera acaba de voltar da Colômbia, onde gravou cenas da novela da Globo, de Miguel Falabella: “Um Mundo Melhor”. No folhetim, a modelo Lucena - personagem de Grazi - é a ex-namorada do protagonista da trama, um procurador de justiça que será interpretado por Ricardo Pereira. Com estreia prevista para outubro, a comédia substitui “Morde & Assopra”, na faixa das 19 horas. A paranaense também está envolvida com as filmagens da comédia “Billi Pig”, longa de José Eduardo Belmonte, com estreia prevista para dia 30 de dezembro. O filme está sendo rodado no Rio de Janeiro, onde a atriz divide um apartamento com o companheiro Cauã Reymond.

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Requisitada para trabalhos na televisão, teatro, cinema, campanhas publicitárias e assediada pelos produtores de eventos e publicações de todo o país, Grazi vive hoje uma rotina de estrela. Já foi eleita a mulher mais sexy do mundo pela revista VIP e premiada por sua atuação na TV. Aos 29 anos, ela é sinônimo de sucesso. Mas, apesar da fama, não há traços de deslumbramento no jeito meigo e simples da atriz. “Eu não consigo nem me definir. Eu estou no transtorno de Saturno, não é nem retorno”, brinca. “Estou naquele momento de rever tantas coisas e estou vendo que ainda existem muitas outras para realizar. Mas me vejo mais determinada, obstinada, e com os pés cada vez mais no chão. E renovando sonhos”, completa.


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capa É preciso trabalhar mais, estudar mais e sempre trazer novidades, porque o público quer isso.

Mas os antigos sonhos - hoje realizados - nem sempre pareceram tangíveis a essa paranaense, que quebrou vários protocolos para ver a carreira de atriz decolar. Linda, Grazi já chamava a atenção aos sete anos de idade. Filha da costureira Cleuza e do pedreiro Gilmar, a menina representava esperança de uma vida melhor para a família. E começou a desfilar e participar de concursos de beleza ainda criança, em Jacarezinho, cidade do Norte Pioneiro do Paraná que tem 40 mil habitantes. De rainha de rodeios a miss, Grazi colecionou títulos de concursos. Em 2004, com 22 anos, foi eleita Miss Paraná e chegou ao terceiro lugar do concurso Miss Brasil. Ela dividiu a agenda de modelo com estudos e treinos do time de vôlei da escola. Aos 14 anos - com 1,73m e menos de 50 quilos - sonhava ser jogadora profissional e entrou na equipe do Colégio Estadual José Pavan. Mas foi preciso deixar o esporte para ajudar na renda da casa. A musa foi vendedora de cosméticos e cabeleireira, antes da fama. A história de Grazi mudou com a participação na quinta edição do Big Brother Brasil, da Rede Globo. Ela não se valeu da origem humilde para conquistar o público, não articulou “alianças” e nem tinha um plano perfeito para ficar até o fim do reality show. Venceu pela simplicidade e ficou com o improvável 2o lugar, apenas por mérito do carisma e intuição. O destino da paranaense poderia ter sido o mesmo de tantas outras “ex-BBBs”, que viram a fama desaparecer com a mesma velocidade com que surgiu. Grazi inverteu a lógica do pós-reality show, ao levar a revista Playboy a ceder

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às suas exigências para tê-la na capa. Saiu na edição de 30 anos da publicação, recebeu o maior cachê já pago e, apesar de ter vetado as fotos mais ousadas, bateu recorde de vendas. “Eu me sinto lisonjeada, né?”, diz a atriz, com tom tímido. “Mas, eu não posaria novamente, minha realidade é outra, e meus sonhos também”, afirma. Depois de passar pela Oficina de Atores da Rede Globo, em 2006, Grazi foi convidada para o papel de Thelma em “Páginas da Vida”, de Manoel Carlos. Ao longo do folhetim, a personagem foi ganhando mais espaço. Com o sotaque carregado do interior do Paraná, a novata conseguiu encantar o público. Nos trabalhos seguintes, o sotaque desapareceu. “A gente vive a vida do personagem, o que é legal, bacana e importante. Mas só por um tempo. Depois, eu volto para minhas origens, do jeito que eu gosto de falar. Haja fonoaudiólogo”, brinca mais uma vez. Além do sotaque, o sucesso também não mudou uma marca de Grazi Massafera: a força de vontade para ser cada vez melhor. “Uma das coisas que eu venho observando nessa profissão é que ela é para quem tem muita determinação, porque é estudo diário sempre. Então eu venho tomando cada vez mais consciência de ir buscando esse aprimoramento pra pode trazer um trabalho diferente. É preciso trabalhar mais, estudar mais e sempre trazer novidades, porque o público quer isso”, conclui.

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comportamento

Ao invés de valsas, festas de 15 anos agora têm coreografia de hip hop. Preocupadas apenas com a diversão, adolescentes trocam formalidades por pista de dança com DJ e brincadeiras na piscina de bolinha.

Susan teve a festa de 15 anos com todo o ritual de debutante, mas em estilo moderno 44 - REVISTA BATEL LIFE STYLE

Por Carolina Gomes | Fotos: Felipe Pinheiro


As novas

Princesas Como diziam as nossas avós, as mocinhas de hoje não são mais como as de antigamente. Os tempos certamente mudaram e as festas de 15 anos também. Dado Dantas, que há 10 anos organiza festas com sua parceira Ilse Lambach acompanhou toda a transformação do tão tradicional ritual de debutar. “O conceito das festas de 15 anos continua. As adolescentes continuam com o sonho de princesa, mas é uma princesa urbana”, conta ele. “Hoje a coisa é bem mais solta, sem tanta formalidade. Geralmente são dois momentos. O primeiro, mais formal, para a família. O segundo momento é bem mais à vontade, com os amigos, que é quando a festa está começando pra valer”, explica. Nesse contexto, sai a valsa e entram coreografias bem mais arrojadas. “A valsa não é mais o perfil de música que as jovens estão acostumadas”, comenta Dado. Eládio Prados Neto é dono de uma escola de dança voltada para o hip hop. Desde o ano passado, eles passaram a preparar coreografias para as aniversariantes e as melhores amigas delas. “Em um caso até a mãe da debutante se animou em participar, mas não conseguiu arranjar tempo para acompanhar todas as aulas”, se diverte Eládio. A quantidade de aulas depende da facilidade que a adolescente tem para assimilar a coreografia, mas geralmente a partir de cinco ou seis encontros já é possível preparar uma boa apresentação. “Algumas vezes é o primeiro contato da menina com a dança. Normalmente elas chegam com uma referência em vídeo e a partir daí o professor pensa em algo para ficar mais exclusivo”, explica Eládio. E exclusividade é o que essas garotas mais procuram. “Elas estão sempre buscando algo inusitado. Muitas vezes elas fazem questão de manter algum detalhe em segredo

até o dia da festa”, garante Dado. A comida nessas novas festas de 15 anos é um desafio. “Não adianta fazer buffet para essa turma. Tem que ser comida para jovem: batata suíça, mini degustações e até sushi. O que não muda são os doces, que sempre saem muito”, conta Dado.

VESTIDO RODADO, bolo com “lacinhos” e ... tobogã Na festa de 15 anos de Susan Squair não teve hip hop. A cerimônia seguiu exatamente como manda o protocolo, com entradas, valsa, grande bolo. Um único porém: a festa aconteceu no Mundo Mágico das Bolinhas, casa especializada e reconhecida pelo grande parque de brinquedos infantis. “Foi uma amiga minha que indicou. No começo a Susan ficou com receio de que ficasse infantil, mas no final foi o maior sucesso”, conta Tania Souza Squair, arquiteta e mãe de Susan. Pouco mais de 60 pessoas foram convidadas, a maioria amigas da aniversariante. “A ideia era fazer uma festa para a meninada mesmo”, comenta Tania. Logo depois da valsa e do parabéns, a pista de dança criada no espaço foi aberta para que os adolescentes se sentissem numa verdadeira balada. Às 2 horas da madrugada, o espaço dos brinquedos foi liberado para os convidados. “As meninas entraram de vestido de festa. Foi a maior diversão. O que eles mais curtiram foi a piscina de bolinhas”, entrega Tania. Claudia Bianco, uma das três sócias da casa de festas, conta que o principal ponto positivo do espaço é que é possível fazer todo o ritual de uma festa de 15 anos gastando até 50% menos do que numa festa em um clube. O preço médio do pacote tradicional para 50 pessoas é de R$ 3.500. O local tem capacidade para 250 pessoas em sistema de coquetel e 150 para jantar. A ideia de expandir

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comportamento

As adolescentes continuam com o sonho de princesa, mas é uma princesa urbana. Dado Dantas

o buffet - antes exclusivo da crianças - para atrair o público adolescente veio numa viagem para São Paulo quando as sócias foram buscar lançamentos de brinquedos diferentes e se depararam com uma febre dos chamados buffets teens. “Nós fomos percebendo que as crianças que vinham aqui estavam crescendo e não estávamos conseguindo mantê-las aqui. Hoje em dia, com nove ou 10 anos as crianças não querem mais aquela festa infantil tradicional. Tínhamos uma área muito grande para uma faixa etária muito pequena”, explica Claudia. Elas montaram então uma estrutura voltada para adolescentes e pré-adolescentes, mas mantendo os brinquedos infantis. “Nós aprendemos a brincar com a ilusão dessa meninada. Tem DJ, barman, toda uma estrutura de iluminação. Mas quase sempre o que eles mais fazem é brincar nos tobogãs, cama elástica e piscina de bolinhas”, se diverte Claudia. E a ligação com o Mundo Mágico das

Buffet teen: festa fica com jeito de “balada”

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Com a mãe, Victória se entrega às brincadeiras de criança

Debutantes dispensam a valsa e fazem aulas para “arrasar” no hip hop

Bolinhas ajuda no convencimento dos pais. “A maioria dos pais já trazia os filhos aqui quando eram crianças. O maior receio deles em lugares dedicados a adolescentes é que seja uma casa noturna. E aqui eles já conhecem e confiam”, conta a empresária. A psicóloga Renata Mazzei Silva confirma essa preocupação dos pais. A filha dela, Victória, comemorou o aniversário de 11 anos no espaço teen. Ela diz que, na cabeça da menina, a festa foi uma “balada”. “O aniversário estava marcado para terminar meia-noite. Para eles, foi um super avanço”, diz Renata. “É uma fase complicada. Eles não são nem crianças, nem adolescentes. Fazem questão da pista de dança, mas logo que chegam vão direto para os brinquedos”, completa ela. E essas novas candidatas a princesas participam de cada detalhe da preparação da festa. “Não existe mais imposição de nada por parte dos pais. Se for algo imposto, as adolescentes acabam preferindo não fazer festa nenhuma”, revela Dado Dantas. É, realmente são sinais dos novos tempos...


e u Oq

m c e a d m a e r f a e s u e q s e el

0 a 5 anos

O tema da festa deve ser bem infantil e colorido. Teatro de fantoches, um animador para brincadeiras como “lenço atrás” e jogos com parlendas, além da piscina de bolinhas, são interessantes para crianças pequenas. A música deve ter volume agradável, que possibilite animação sem tumultuar demais o ambiente. Os “quitutes” devem ser leves e é bom oferecer opções como sucos, sanduíches e gelatina, para os que preferem evitar frituras e refrigerantes. É importante reservar um espaço mais calmo para os bebês e disponibilizar trocador e microondas para esquentar mamadeiras e “papinhas” para os pequeninos.

5 a10 anos

A festa não é infantil, mas as brincadeiras fazem parte da comemoração

Os personagens são importantíssimos e a escolha da decoração deve ter o aval do aniversariante. Cama elástica, labirintos, arvorismo, brinquedos infláveis, shows de mágica e brincadeiras como “caça ao tesouro” agradam crianças nessa faixa etária. Esteja no clima para momentos de animação total e bastante “barulho” na hora dos parabéns! E uma dica para que a festa seja boa para os pequenos e os grandes convidados: crianças com mais de cinco anos são mais independentes e os pais podem aproveitar a festa e bater-papo. Reserve mesas com vista para as crianças e invista em monitores.

10 a 15 anos

A partir dos 10 anos, eles - os pré-adolescentes - não se consideram mais crianças. Para agradar, bole a decoração em parceria com o aniversariante. Pulseiras que brilham no escuro, óculos coloridos, tiaras divertidas e outros acessórios de casas de festas dão um clima bem teen para a festa. A iluminação também ajuda bastante. A música é item de primeira importância nessa faixa etária. Dá pra contratar um DJ ou ajudar o aniversariante a preparar uma playlist para garantir a animação. As brincadeiras não estão dispensadas. Campinho de futebol, pista de boliche, sinuca, vídeo games e até salão de beleza são algumas opções. E deixe a garotada bem à vontade. Para eles, o melhor da festa são os amigos!

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de bem com a vida

O que é

Por Lígia Guerra* Foto: Divulgação

viver bem

para você

Quando fui convidada a escrever essa coluna confesso que a primeira pergunta que fiz a mim mesma foi: O que é estar de bem com a vida? Como escrever sobre um tema como esse se eu mesma busco por essa resposta todos os dias? O jeito foi consultar outros corações além do meu. Busquei compreender o que os amigos, conhecidos, vizinhos e familiares pensavam sobre o tema: ‘O que é estar de bem com a vida para você?’ As respostas foram tão diferentes e variadas que eu poderia fazer uma lista enorme, porém uma resposta foi recorrente entre todas: Ter mais tempo. Após ouvir essa afirmação inúmeras vezes, percebi que pessoas das mais variadas classes econômicas, culturais, religiosas e sociais aspiravam pela mesma coisa. Mas por quê? Simples, as pessoas trocam o seu tempo por aquilo que elas julgam que possa lhes dar mais segurança. Se eu trabalhar mais, ganho mais, poupo mais, acumulo mais patrimônio e sou mais valorizado. Se eu malhar mais, terei um corpo mais perfeito, serei mais desejado, terei mais opções de escolhas, serei mais cobiçado. Se eu adquiro cada vez mais cultura, eu me destaco mais, impressiono mais, fascino mais. Quanto mais nos cercamos de garantias, maior é a sensação de segurança e ela está intimamente vinculada aos nossos medos. O medo da perda do emprego, da solidão, da velhice e principalmente do desamor. Sem perceber, nos tornamos escravos dos nossos medos e fazemos de tudo para exorcizá-los das nossas vidas, porém esquecemos do principal: viver! Compomos uma sociedade de medrosos que se escondem atrás da frase ‘eu não tenho tempo’ ao invés de assumirmos ‘eu tenho medo!’ Um belo dia você é demitido, a sua saúde apresenta problemas, a pessoa que você ama partiu, o filho cresceu e foi morar no exterior. Então você 48 - REVISTA BATEL LIFE STYLE

se sente tolo, fraco, substituível... Não apenas porque isso tenha acontecido, pois qualquer pessoa está sujeita a essas adversidades. Você se sente mal porque apenas nessa hora percebe que optou pelas prioridades erradas. Somente diante das pausas impostas pela vida é que você nota que não compartilhou o seu tempo com quem realmente importava, mas priorizou quem pagava o seu salário, que jogou muito futebol com o time da empresa, mas não viu os gols dos seus filhos, que apagou muitas velas do bolo do seu aniversário, mas não percebeu que elas aumentavam ano a ano... E que uma grande parte da vida já havia passado. Quando trocaremos os nossos medos por coragem? Quando deixaremos de sonhar com a vida e passaremos a vivê-la? Deixaremos essa dádiva apenas para a aposentadoria? O cantor John Lennon afirmava ‘A vida é aquilo que acontece enquanto a gente faz planos’. Sim, temos que pagar contas, pensar no futuro, poupar, cuidar da saúde, adquirir cultura, mas não precisamos fazer tudo isso no superlativo, tampouco abandonar as nossas existências em nome do futuro, pois nem sempre esse tal futuro nos espera. O que nós temos de fato é o momento presente, apenas. Troque a palavra tempo pela palavra vida! Sempre que você for dizer: ‘Eu não tenho tempo’ transforme a frase em ‘eu não tenho vida’. Acredito que a partir disso poderemos encontrar o caminho para a felicidade e soar o ‘mantra da nossa coluna’ com prazer: Eu estou de bem com a vida! Até o nosso próximo encontro. *Lígia Guerra é psicóloga, escritora e palestrante. Comentarista do jornal ‘Bom dia Paraná’ da Rede Globo. Colunista do jornal Gazeta do Povo: “Blog Mulheres às Av3ssas”.



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50 - REVISTA BATEL LIFE STYLE



gastronomia

Por Eduardo Correa | Fotos: Lis Catenacci

Com uma proposta inovadora de criação constante e cardápios novos a cada três semanas, a chef Manu Buffara traz a Curitiba o conceito da gastronomia de inspiração, feita para a degustação: experiências sempre diferentes e prazerosas.

A alma de

Manu

Todos nós temos alguma lembrança ou referência relacionada à gastronomia. Aquele quitute especial de alguém da família ou o prato predileto de algum restaurante. Normalmente essas lembranças não estão relacionadas apenas à receita, mas a quem a prepara. Mesmo que os ingredientes e o modo de fazer sejam os mesmos, por que é tão difícil preparar algo que ficou marcado pelo toque de outra pessoa? O segredo provavelmente está em um ítem muito especial: a alma do cozinheiro. Expressar nos pratos a sua personalidade é a aposta da chef Manu Buffara, que comanda o próprio restaurante desde janeiro. Com esta proposta, não é à toa que a casa se chama “Manu” e leva a assinatura “Alma Gastronomia”. A casa cria a atmosfera intimista desde a rua, com uma fachada discreta na Alameda Dom Pedro II. No interior, poucas mesas e iluminação na medida. Para quem sempre fica em dúvida na hora de escolher um prato no cardápio, talvez essa seja a primeira grande surpresa. O menu, modificado a cada mês, tem apenas uma página com três opções, degustações com quatro, seis ou oito pratos. Manu Buffara explica que é preciso estar preparado para uma nova experiência gastronômica, con52 - REVISTA BATEL LIFE STYLE

Pratos únicos e “espuminhas” que surgem de experimentos da cozinha molecular.

fiança total nas mãos da chef, como acontece em muitos restaurantes que são referência ao redor do mundo. “Os europeus tem a cultura do prazer da refeição, e o Manu é isso”, conta a chef ao simplificar a proposta. Muitos frequentadores fazem reservas antecipadamente e as opções de menu, onde constam apenas as combinações de ingredientes, são enviadas por e-mail. Dessa forma, o cliente tem alguma ideia do que será o jantar e pode indicar eventuais restrições alimentares. Mas as orientações também são dadas pela equipe de atendimento, treinada com o lema “enquanto nossos convidados estiverem em nossa casa, somos responsáveis pela felicidade deles”. Os convidados são recebidos com um menu de snakcs (R$ 18,00), acompanhado de espumante. São quatro snacks, que variam. Há opções como o Tostex de Caviar (torradas muitos finas) e a Explosão de Ovo de Codorna (empanados que explodem na boca). Na sequência, a escolha do menu do jantar, para aqueles que não escolheram previamente. O menu “Brillant Savarin” (R$ 70,00) tem quatro pratos. Também é possível optar pela harmonização com vinhos (R$ 54,00 – com quatro rótulos, incluindo um espumante).


No menu “Sem Limites” (R$ 87,00), o mais pedido, são seis pratos. A harmonização inclui cinco rótulos (R$ 68,00) A média de tempo à mesa para degustar todos os preparos, dentro da proposta da casa, é de duas horas. “Trazer para Curitiba esse conceito de apreciar a refeição com calma é um grande desafio, mas as pessoas estão viajando cada vez mais e experimentando coisas novas, então elas estão mais abertas a experimentar e até esperam as surpresas”, conta Manu. Para quem quer ir além nas diferentes sensações gastronômicas, tem o menu “Simplesmente Original” (R$ 105,00), com oito pratos. A harmonização nesse caso tem cinco rótulos e inclui champagne (R$ 89,00). Em qualquer um nos menus, é possível saber previamente o que será servido, mas não de que forma. O cardápio é formado por trios de palavras, como vieira, leite de côco e manga. Assim, sabe-se o que sairá da cozinha, mas a forma de preparo depende na criatividade da chef na noite. E é nesta hora que os cuidados na reserva ou nas orientações da equipe de atendimento se mostram preciosas. O cliente pode indicar alguma restrição específica e facilmente os ingredientes são substituídos para que vegetarianos ou celíacos, por exemplo, sejam servidos e tenham as mesmas experiências. Apesar das surpresas nos pratos, a chef garante que nunca passou pela situação de ver um preparo devolvido por não ter agradado. Se alguém quiser ir jantar todos os dias no Manu, a chef garante que os pratos e as experiências serão diferentes. Ela até tem receitas preferidas e que gostaria de repetir, mas diz que a criatividade fala mais alto. Um exemplo de tanta inspiração é o salmão servido quase cru com guacamole e chocolate branco, uma combinação que pode parecer estranha, mas surpreende pelo encontro do sabor do peixe com os toques picante e doce. Esta é a alma de Manu Buffara, um ingrediente único e diferente em cada prato.

Surpreendendo o paladar:

gastronomia molecular

Nem sempre as coisas são o que parecem ser. Esta afirmação faz ainda mais sentido quando falamos de gastronomia, especialmente a molecular. A gastronomia molecular, desenvolvida há pelo menos 20 anos, estuda os fenômenos químicos que ocorrem durante o ato de cozinhar. Na prática, as técnicas permitem transformar os alimentos e as formas de preparo, permitindo criar sensações novas com a desconstrução e reconstrução de ingredientes e pratos conhecidos, incluindo clássicos da culinária mundial. A aplicação desses conhecimentos é conhecida como cozinha molecular. Os resultados são infinitos, mas para exemplificar podemos citar a transformação de azeite de oliva ou bacon em pó, a transformação de bebidas alcoólicas em esferas que lembram sagu ou caviar, risotos que podem ser apresentados em versões líquidas, caipirinha congelada e o que mais a criatividade e o conhecimento permitirem. Estas peripécias culinárias são viabilizadas com o uso de equipamentos e utensílios específicos, além de ingredientes como hidrocolides, enzimas, algas desidratadas e gelatinas. Mundialmente o chef Ferran Adrià é famoso pelas experimentações, que são colocadas em prática no restaurante El Bulli, que funciona somente por seis meses ao ano na Espanha e ficará fechado de 2012 a 2014. Em Curitiba, Manu Buffara se destaca ao brincar com as sensações. Nos cardápios da chef, as espumas e ares estão sempre presentes de alguma forma, além de outras técnicas que também permitem surpreender o paladar. Na cozinha, Manu coloca a “alma” em suas criações

Serviço: Restaurante Manu Alma Gastronomia Alameda Dom Pedro II, 317 Batel - Tel. (41) 3044.4395 www.restaurantemanu.com.br Funcionamento: terça a sábado, das 19h30 às 23h30

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outros sabores

É

doce? Tá na moda! Por Eduardo Correa Fotos: Divulgação

Há três anos o blog Outros Sabores foi criado com a proposta de falar sobre a “gastronomia além das receitas”, um espaço para compartilhar as peripécias dos autores na cozinha, mas também para mostrar lugares de diferentes estilos em Curitiba, dos mais simples aos mais sofisticados, além de novidades saborosas. Agora, nesse espaço na Batel Lifestyle, também vou divagar um pouco sobre o comportamento do universo gastronômico e de quem está envolvido com ele. Na primeira coluna, decidi adoçar um pouco a sua vida, leitor. O assunto é o doce da moda. Ou melhor, vou criar uma questão: qual é o doce da moda? Bem, uma boa dica para saber o docinho que está em alta é ficar de olho em festas badaladas de casamento ou de 15 anos. Nesse tipo de evento você vai ver também os quitutes que nunca saem de moda. Na maioria dos enlaces, não podem faltar os bem casados. Espalhados próximos a eles, os doces finos. Muitas doceiras - agora empresárias - fizeram sucesso e se tornaram conhecidas em Curitiba por inovar, apresentar novos sabores, formatos e embalagens. Na lista estão nomes como Sonia Bacelar, Bárbara Trevisani - que, além de fazer eventos, toca uma loja ao lado do marido - e Viviane Maluceli, talvez a mais conhecida desta região, com sua Pasion du Chocolat, no Batel Soho. Na Pasion, com outra loja também no Parkshopping Barigüi, além dos chocolates, fazem sucesso os macarons. Os delicados docinhos de merengue e farinha de amêndoas ganham diferentes sabores e já foram a sensação de muitas festas, estrelas das mesas de encerramento, onde é servido o café. Eles também brilham, em sabores inusitados, nas vitrines do bistrô Sel et Sucre, da chef Kika Marder, bem pertinho da Praça Espanha. 54 - REVISTA BATEL LIFE STYLE

Ainda na mesa do café, outro exemplo de um clássico que nunca sai de moda: a trufa. Mas como a renovação açucarada é bem vida, os sabores tradicionais dividem espaço com versões que incluem frutas e bebidas alcoólicas como as da Rose Petenuci, que também fez fama servindo eventos e hoje conta com lojas em diferentes bairros. Além das novidades em sabores, a Cuore di Cacao, de Bibiana e Carolina Schneider, surpreendeu no uso de matéria-prima de origem controlada e no formato: trufas quadradas. A Trufaria Via Cacau investe nas trufas de tamanho mais generoso, além dos bem aparentados cupcakes. Ah, os cupcakes! Sucesso no seriado Sex and The City, com Carrie comprando os bolinhos na famosa Magnolia, o quitute ganhou no Brasil versões mais elaboradas, não somente com coberturas gordurosas, mas com recheios e incrementos dig-


Carolina Roland

nos de transformar a - até então novidade - em substituta dos tradicionais bolos. E isso de fato aconteceu. Em muitas festas, os bolos foram substituídos por torres de cupcakes. E o que mais pode vir por aí? Pois bem, na Cupcake Company, que fez fama ao investir nos bolinhos americanos, foram apresentados os whoppies. Aparência de macaron, mas textura e sabor de cupcake. Outra aposta é a da Satis Fudge. Fudge é uma receita com base de cacau que lembra muito o chocolate, mas é delicado e derrete na boca. Seja qual for o doce da moda, sempre temos o nosso preferido e é isso que importa. Eu, por exemplo, não abro mão de um “dois amores” bem preparado. A lembrança da infância ficou e não há modismo que supere. Acompanhe Outros Sabores pelo endereço www.jornale. com.br/outrossabores e também no Twitter e Facebook. REVISTA BATEL LIFE STYLE - 55


vida on-line

Por Eduardo Guy de Manuel Foto: Divulgação

Dos Bits ao Batel

@guymanuel. Assim me apresento no Twitter, como veterano profissional de Tecnologia da Informação convertido em entusiasta de TI. E pergunto: isso faz sentido? Quando fui convidado a escrever uma coluna nessa novíssima Batel Lifestyle, confesso que achei ser uma tarefa trivial. Escrevo bastante, tenho artigos, blogs, palestras sobre o mundo digital, enfim, matéria à beça. Era só escolher, dar uma “escovadinha” nos bits e enviar. Mas, à medida que me envolvi com o projeto – aí incluída a parte digital da revista – fui ficando cada vez mais encantado e com os ombros pesados de responsabilidade. Afinal, para quem vive conectado, entrar em linha com a proposta de uma revista essencialmente local era tudo que eu desconhecia. Fui vendo, estudando, discutindo com os responsáveis e, sobretudo, fazendo reuniões de trabalho quase sempre em cafés, a maioria deles no Batel e entendendo o apelo da proposta. Restava bolar alguma sinergia entre a revista do bairro expandido com o “bairro global” da Internet. Foi quando eu me lembrei da lógica do “pensar global e agir local”, que é totalmente aplicável aqui. Eu moro em Curitiba, mas não no Batel. Aqui venho para a maioria de minhas aventuras gastronômicas na cidade. Aqui compro coisas e encontro pessoas. Lógico! As pessoas de fora de Curitiba também passam pelo Batel quando aqui estão.

E podem ter e dar boas dicas do que aqui se passa, lendo a revista, acessando seu site, trocando figurinhas com a comunidade global do Batel através das redes sociais, por exemplo. O público alvo da revista é majoritariamente conectado. Outro dia, um amigo meu comentava que – em um dos cafés do bairro em uma fria tarde de quinta-feira – nada menos de 19 pessoas lá estavam aproveitando as delícias gastronômicas do local e devidamente conectadas à Internet com seus laptops e tablets, não computados os smartphones. Dezenove pessoas em um café e, dali, falando com o mundo! Pensei na recente sacada do Réveillon de março, para celebrar, segundo seus organizadores, o início efetivo do ano no Brasil: depois do Carnaval. Esse evento saiu de uma mobilização viral no Facebook e, em menos de duas semanas, mobilizou milhares de pessoas na Praça Espanha, que bem poderia ser rebatizada de Digital Square. Nas próximas edições da revista, vou escrever sobre novidades do mundo digital. Tenho muita coisa a comentar e talvez eu aprenda mais um pouco sobre o mundo local do Batel, que eu achava que conhecia até ser apresentado ao projeto da Batel Lifestyle, que agora chega às suas mãos. Enquanto isso, estou disponível no Twitter e no meu blog: guymanuel.blogspot.com. A revista Batel Lifestyle você vê digitalmente em www.batellifestyle.com.br.



cultura

Por Carolina Gomes | Fotos: Lis Catenacci e Divulgação

A fachada resgata os cinemas de rua, que foram substituídos pelas salas dos shoppings

Cinema sem perfumaria Cinevídeo 1 - a primeira vídeolocadora do país - mantém projetos culturais e acervo de mais de 14 mil títulos “Somos a locadora mais antiga e a mais premiada nacionalmente em atividade no Brasil, com um dos mais completos acervos do país, cujo único produto é cinema, sem pipoca, sem sorvete, sem batatinha ou qualquer outra perfumaria”. É assim que Luiz Renato Ribas define o principal projeto de sua vida. Os letreiros e cartazes da fachada já indicam que aquele imóvel na rua Padre Anchieta não é apenas uma locadora de filmes. Graças ao empenho do empresário, a Cinevídeo1 se mantém firme, mesmo com a concorrência desleal da Internet e ilegal da pirataria. A locadora foi aberta em 1980 e desde então o endereço é um deleite para os amantes do cinema.

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Ribas vai na contramão de outras locadoras. Enquanto a maioria vendeu pouco a pouco seus acervos em VHS, enchendo as estantes de DVDs, o empresário mantém muito bem conservadas cerca de 10 mil fitas que estão passando por recadastramento. Outras 1.930, ainda inéditas em novos formatos, estão guardadas na categoria de “filmes raríssimos”. Ele empresta as fitas gratuitamente para professores, estudantes e pesquisadores. Entre as preciosidades guardadas no acervo estão “Cabaret” (1972), com Liza Minnelli, e os brasileiros “Cabra marcado para morrer” (1984) e “Os Fuzis” (1964), Urso de Prata de melhor direção para Ruy Guerra no Festival de Berlim.


UM ACERVO PARA PRESERVAR

a memória do Paraná

Em 2005, percebendo o inevitável declínio do modelo convencional da locadora física diante do avanço avassalador das novas opções, Ribas criou o Instituto Cultural Cinevídeo, cujo carro-chefe é o projeto Memória Paranaense. “A ideia é preservar a nossa história através de testemunhas oculares e grandes personalidades do estado. É um campo bastante extenso que jamais vai terminar, independentemente de qual seja a tecnologia do futuro”, defende Ribas. São mais de cinco mil títulos que ficam no andar de cima da locadora. Depoimentos que vão do roqueiro Ivo Rodrigues (Blindagem) ao urbanista Jaime Lerner. Muitas gravações foram feitas num pequeno estúdio ali mesmo. Ainda dentro do projeto de preservar a memória do Paraná, há jogos de futebol, peças teatrais e filmes. Alguns materiais chegaram até o acervo do instituto graças à doação de particulares e pesquisadores. É o resgate da história do Paraná.

Leve pra casa ou

assista aqui mesmo! Além de todos esses projetos, até ano passado Ribas ainda exibia clássicos gratuitos em duas sessões diárias de cinema no andar de baixo da locadora, onde fica um auditório com 25 cadeiras. Mas uma reclamação do Ecad, o Escritório Central de Arrecadação e Distribuição, interrompeu a iniciativa. Mesmo assim, em dois sábados por mês Ribas ainda exibe filmes de arte gratuitamente, dentro da iniciativa “Cine Contramão”, do professor de cinema Tom Lisboa. Num desses sábados, o advogado Roney Magaldi assistia ao espanhol “Amor Bruxo” (1986). “Eu recebo a programação por e-mail e venho mesmo que não conheça o título que vai ser exibido. A seleção é sempre muito boa”, diz Roney.

A AMEAÇA DA TV A CABO é para locadora que vive de lançamento Definitivamente os últimos lançamentos não são a atração principal na Cinevídeo 1, embora estejam também nas prateleiras da locadora. O tempo todo entra cliente perguntando sobre filmes raros das décadas de 50, 60 ou 70. E é

Luiz Renato Ribas - um exemplo de pioneirismo - nasceu em Ponta Grossa, tem 77 anos, entre outras coisas, é jornalista e advogado.

DVDs são organizados pelos países e idiomas originais, diretores, atores

com essa tática que o espaço se mantém vivo, ao contrário da maioria das locadoras, que investem pesado nos lançamentos e concorrem com as TVs por assinatura. Nos canais de filmes das TVs a cabo e nas vídeolocadoras, hoje os novos filmes chegam quase que simultaneamente. Para o empresário, mesmo para as locadoras tradicionais, o fim não está próximo. O difícil é inovar sem ter preservado um acervo de qualidade. “Eu acredito que as locadoras não vão acabar. Para mim, quanto mais divulgação tiverem os filmes, quanto mais lugares passarem, mais as pessoas vão procurar. Claro que as locadoras não vão mais voltar ao que eram, porque hoje é muito difícil montar um bom acervo”, diz Ribas. E ele sabe do que está falando. O acervo da Cinevídeo 1 é invejável. No setor “Cinemundi” as películas são separadas pelo idioma em que foram feitas. Os filmes em Francês são os mais numerosos nas prateleiras, mas há também filmes em butanês, tunisiano, marroquino, islandês, além de produções americanas independentes. Rodando pelos corredores, o cliente encontra ainda a sessão “Inesquecíveis”, com filmes dos Três Patetas, Noviça Rebelde e o Gordo e o Magro; a sessão “Diretores”, com nomes como Oliver Stone, Federico Fellini, Ridley Scott, Roman Polanski e Charles Chaplin; e ainda a sessão “Atores”, com filmes com Marlon Brandon, Bette Davis, Sean Penn e Audrey Hepburn no elenco.

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cultura

PIONEIRO NA LOCAÇÃO DE FILMES É

um mestre das oportunidades

O VISIONÁRIO LUIZ RENATO RIBAS CRIOU

TAMBÉM FEZ ZONEAMENTO POSTAL

O PRIMEIRO GUIA DE PROGRAMAÇÃO DE

ANTES DA INVENÇÃO DO CEP

CURITIBA E ALCANÇOU MARCA INÉDITA NO PAÍS DE ASSINANTES DA REVISTA

“Todo ser humano tem na vida boas oportunidades para vencer, porém, nem todos conseguem percebê-las. Em 1960, com o advento da televisão com dois canais em Curitiba, percebi que o telespectador tinha de adivinhar a programação, pois a mídia impressa não publicava simultaneamente as duas programações. Um jornal - O Estado do Paraná - publicava a do pioneiro Canal 12 e o Diário do Paraná, a do Canal 6. Somente a Gazeta do Povo, irregularmente, publicava a programação das duas emissoras. Na época, mudar aleatoriamente de canal para canal - sem o controle remoto - danificava o seletor de canais. E olhe que um televisor custava naquele tempo quase um carro novo. E assim foi que surgiu, no dia 22 de maio de 1961, um guia semanal e gratuito com as duas programações: TV Programas”, conta Ribas.

“Mais tarde, em 1967, o guia TV Programas atingiu uma circulação paga dirigida a 23 mil assinantes com o advento da terceira emissora, canal 4, TV Iguaçu. Jamais uma revista do gênero no Brasil chegou a tal número de assinantes pagos. Mas, curiosamente, somente um fato novo, ainda em 1961, permitiria a garantia da entrega semanal da revista a milhares de assinantes através dos Correios. Esse fato novo foi a nossa criação, ainda em 1961, do zoneamento postal. Foi a invenção primitiva do atual CEP, surgido oficialmente somente na década de 90, trinta anos depois. A revista deixou de circular somente em 1977”, lembra.

Telecopier da Xerox, um aparelhinho que enviava dados - através do telefone - para qualquer parte do mundo, precursor do fax, industrializado somente no final dos anos 80. Com esse aparelhinho eram transmitidos textos publicitários do mercado de varejo local para serem produzidos tipograficamente em São Paulo para os anúncios de jornais dos grandes magazines. Essa nova percepção nos rendeu, em 10 meses, um lucro de 1 milhão de dólares. Tínhamos apenas um funcionário. Essa empresa, a Digital Fotogravura Ltda., se tornaria até 1996 a mais importante fornecedora gráfica das agências de publicidade de Curitiba”, conta. E, EM 1980, A BRILHANTE IDEIA DE ALUGAR FILMES

ANTES DA LOCADORA, SUCESSO COM A TRANSMISSÃO DE TEXTOS PUBLICITÁRIOS

“Em 1974, uma outra grande oportunidade foi percebida com o advento tímido do

Ao invés de dispensar as fitas, a Cinevídeo 1 conservou e hoje tem o melhor acervo em VHS do país

“Em março de 1980, uma outra percepção: quando estava voltando de Nova York, percebi que o recém lançado videocassete poderia ser uma grande oportunidade de sucesso no Paraná como ‘Cinema em Casa”. E nesse mesmo ano, montamos o Tape Clube do Paraná, uma associação que administrava o rodízio de filmes entre os associados. Para se associar, era exigida a doação de dois filmes originais. Na época, filmes americanos sem legenda. Depois, o clube se transformou em locadora, a Disk Tape a primeira loja 24 horas e self service do Brasil. Mais tarde em 1991 mudou o nome para Vídeo1.” Produções paranaenses e documentários sobre personalidades locais são emprestados gratuitamente

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Sala de cinema dentro da videolocadora, para exibir filmes selecionados, com sessões gratuitas

CINECLUBE CONTRAMÃO: para apreciar e aprender cinema “O Cineclube Contramão surgiu como uma extensão do curso de Cultura Cinematográfica, que ensinava ‘a ver’ e não ‘a fazer’ cinema. O Contramão era uma oportunidade para os alunos assistirem na íntegra alguns dos filmes que eu citava ou exibia trechos em sala de aula. As sessões eram abertas e os alunos podiam levar convidados. Esse foi o início de tudo. Com o apoio da Cinevídeo 1 desde 2007, o Contramão realiza suas sessões quinzenais, de janeiro a janeiro, sem pausa para férias. A seleção dos filmes tem alguns critérios, tais como experimentalismo, inovação na linguagem cinematográfica e diversidade geográfica. Costumo dizer que o Cineclube não é um local para iniciados, mas para realmente começarmos uma relação mais madura e afetiva com o cinema e suas

possibilidades artísticas. Por isso, apesar dos filmes serem diferentes do que estamos acostumados, eu me preocupo muito em oferecer algum material didático. Antes de cada sessão envio textos para quem está cadastrado no mailing, compareço para falar com o público presente e várias outras ações para estimular a formação de novos hábitos culturais. O Contramão tem um público muito diverso. De um modo geral, são pessoas que se interessam por cinema e estão cansadas da mesmice das salas de shopping center.” Tom Lisboa é mestre em Comunicação e Linguagens e vem se dedicando às atividades de artista visual e de professor e pesquisador de cinema.


dicas de cinema

Por Marden Machado | Fotos: Divulgação

Filmes Rio

Foi preciso que um brasileiro radicado nos Estados Unidos se transformasse no diretor sul-americano mais bem sucedido em Hollywood para realizar um filme de animação que mostrasse nosso país de uma maneira tão bonita e apaixonante. Carlos Saldanha foi estudar fora e em pouco tempo ele se tornou uma referência em desenhos feitos por computador e também sócio do estúdio Blue Sky, maior rival da Pixar. Sua criação, o Scrat, apresentado em um curta-metragem, terminou dando origem à franquia A Era do Gelo. No desenho Rio, a personagem Blu, uma arara macho, de cor azul, é retirado ainda bebê de uma mata no Rio e vai parar em um estado frio dos Estados Unidos. Último macho de sua espécie, ele é encontrado por um especialista em aves que quer salvá-lo da extinção. Só que para isso, eles terão que viajar para a cidade maravilhosa, onde ele conhece Jade, uma fêmea igual a ele. Nem é preciso dizer que tudo dá errado. Rio tem um ritmo vertiginoso e mostra um Rio de Janeiro lindo, colorido, divertido e cheio de suingue. Mostra também as dificuldades que muitos cariocas enfrentam. Principalmente, as crianças abandonadas, representadas pelo menino Rafael. Saldanha realizou uma animação de enorme beleza plástica e rica em texturas das mais diversas. Um filme que exala paixão, carinho e amor por um país em geral, e por uma cidade em particular. Um desenho que exprime magnificamente a vida pulsante de uma cidade cheia de encantos mil, coração do meu Brasil. RIO (Rio - EUA 2011). Direção: Carlos Saldanha. Animação. Duração: 95 minutos. Distribuição: Fox.

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Houve uma vez em dois verões

O cineasta gaúcho Jorge Furtado já tinha uma carreira consolidada como roteirista e diretor de curtas. O principal trabalho até aquele momento era o premiado curta-metragem Ilha das Flores. Sua estréia como diretor de longas acontece com Houve Uma Vez Dois Verões, produzido em 2002, com baixíssimo custo. Prova de que não é preciso muito dinheiro para se realizar um bom filme. Trata-se de uma história de amor. Um romance de verão, ou melhor, dois verões como o título já entrega. A referência imediata que vem à mente é o drama romântico de Robert Mulligan, Houve Uma Vez Um Verão (Summer of ‘42), de 1971. Mas a referência, na verdade, só existe por causa do título. Na prática, os dois filmes são bem diferentes. O filme de Furtado conta uma história de amor adolescente de maneira honesta e retratando os jovens sem caricaturas. Chico e Roza (com “z” mesmo), se conhecem, se envolvem e vivem pequenas reviravoltas em suas vidas. Não é por acaso que Jorge Furtado é um dos melhores roteiristas de cinema e televisão do Brasil. A estrutura narrativa do filme é muito bem armada. Preste atenção nas três viradas de rumo que a história sofre. Todas elas causadas pela mesma frase dita por Roza. Houve Uma Vez Dois Verões não teve o público que merecia nos cinemas. Faça sua parte. Descubra esta joia. HOUVE UMA VEZ DOIS VERÕES (Brasil 2002). Direção: Jorge Furtado. Elenco: André Arteche, Ana Maria Mainieri e Pedro Furtado. Duração: 75 minutos. Distribuição: Columbia.


Billy Elliot

Praticar esportes faz bem para a mente e para o corpo. Se destacar em algum esporte pode ser a garantia de uma bolsa de estudos. Ser muito bom em uma atividade esportiva é sinônimo de um promissor futuro profissional. Todo pai costuma sonhar com o melhor para seu filho. O pai de Billy esperava que ele gostasse e se destacasse no boxe, um esporte de homens fortes, de “macho”. Bem, nem sempre as coisas acontecem como nossos pais querem. Contrariando as esperanças paternas, o jovem Billy descobre no balé, uma coisa de “menina”, a eletricidade. Como ele diz certa altura, algo que o boxe não conseguiu lhe transmitir. Longa de estréia do inglês Stephen Daldry, Billy Elliot é um filme de superação. Mas esse rótulo limita outras qualidades que o filme tem e que muitas vezes não são percebidas. Ele trata, antes de tudo, de amor, de amizade, de derrubada de preconceitos e de subversão de expectativas. A dança, neste caso, é o grande catalisador das transformações nas vidas dos membros da família de Billy e também de todos os que o rodeiam. Jamie Bell, o ator que interpreta o jovem bailarino, transmite energia, revolta, sinceridade e paixão quando dança e atua. Billy Elliot é, como dizem os americanos, um feel good movie, um filme para nos sentirmos bem. BILLY ELLIOT (Billy Elliot - Inglaterra 2000). Direção: Stephen Daldry. Elenco: Jamie Bell, Julie Walters, Gary Lewis, Jamie Driven, Jean Heywood, Stuart Wells e Nicola Blackwell. Duração: 110 minutos. Distribuição: Universal.

Meu nome é Marden Machado e faço comentários sobre cinema nas rádios Transamérica Light e CBN, na UFPR TV, no meu blog e agora na revista Batel Lifestyle. Minha proposta com a coluna é despertar em você leitor um interesse maior pelo cinema. Destacarei sempre filmes de diferentes nacionalidades, períodos e diretores, traçando assim um painel diversificado da Sétima Arte.

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Pra ler, ouvir 1808, 1822 e o Guia

Não é sempre que o Paraná consegue parir uma manifestação cultural de proporções nacionais. Estamos sempre esperando o próximo Trevisan, o próximo Leminski, o próximo Nhô Belarmino. Nos damos por satisfeitos quando surge uma Banda Mais Bonita. Valorizamos o que é nosso, mas só quando percebemos que é nosso. O problema é que temos andado distraídos. Recentemente, o Paraná ajudou a colocar a história do Brasil na lista de livros mais vendidos. Não é pouca coisa, mas ainda tem mais: os livros que alcançaram esse status tem o poder, a médio prazo, de abalar crenças seculares a respeito da identidade nacional. Em O Guia Politicamente Incorreto da História do Brasil, Leandro Narloch, quer convencer você de que o Brasil não tem nada a ver com a invenção do avião. A feijoada seria um bom prêmio de consolação, mas não criamos nem isso. Quer mais? Nossos heróis são fraudes! Zumbi dos Palmares era tão negro quanto escravocrata e João Goulart era um político tão corrupto quanto qualquer outro. A ditadura militar? Não foi tão ruim assim. Os críticos do famoso editorial da Ditabranda, da Folha de São Paulo, deixaram esse livro passar batido; eles não leram nada. Se tivessem lido, estaríamos lidando com a histeria até agora. Narloch pesquisou os assuntos mais polêmicos que poderia encontrar e elaborou uma seleção de tópicos que prima pela provocação. A experiência como editor da Super Interessante deve ter ajudado na busca por curiosidades e bizarrices históricas. Laurentino Gomes, o outro paranaense responsável por colocar a história dos pais na lista dos best sellers, tem um tom mais professoral. Os dois livros de Laurentino, 1808 e 1822, abordam a gênese do Brasil como nação e servem para expurgar alguns fantasmas do passado. Porque D. João VI ainda nos assombra e D. Pedro I também.

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O pequeno livro dos Beatles

O Pequeno Livro dos Beatles, de Hervé Bourhis não é tão pequeno assim, nem em tamanho e nem em relevância: tem mais texto que a maioria dos quadrinhos que você encontra por aí e tem mais informação também. Quem leu o “Pequeno Livro do Rock”, publicado no ano passado pelo mesmo autor, saberá o que esperar. Trata-se, novamente, de algo feito de fã para fã, o que não significa ausência de senso crítico. Hervé não hesita em reconhecer, por exemplo, que o Álbum Branco tem músicas dispensáveis e que “I wanna hold your hand”é só um hit ingênuo. De passagem por Curitiba - no movimentado final de semana da Gibicon, em julho - Hervé conversou com leitores na Fnac. “Se os Beatles são mairoes que Jesus, seu Pequeno Livro é maior que a Bíblia?”, eu quis saber. Hervé riu, disse que achou engraçado, mas argumentou que não faria sentido responder. Mais tarde, quando dei meu exemplar de O Pequeno Livro dos Beatles para que ele autografasse, ganhei uma supresa: “For Alvaro, not for Jesus”.


e jogar

Por Álvaro Borba | Fotos: Divulgação

O Super Hiper Mega Mário

Se videogame fosse arte – “E não é?”, perguntarão os espertos – Super Mario representaria o renascimento. Em 1985, a indústria ainda estava quebrada. O mercado havia sido inundado por jogos ruins para a plataforma Atari e os consumidores já não se arriscavam mais. O jogo símbolo do episódio que entrou para a história como a grande crise da indústria do videogame é E.T., baseado no filme homônimo de Spilberg. As pessoas não entenderam como se jogava aquilo e sabiam que não valia à pena perder tempo para aprender. E.T. é o tipo de jogo que exigia leitura e releitura do manual de instruções até fazer algum sentido. Era complicado e difícil no mau sentido. Super Mario Bros. chegou em 1985, trazendo um novo gênero: a ação lateral. Era simples, intuitivo e dispensava explicações. Bastava correr da esquerda para a direita, pulando no que aparecesse pela frente. Mario estabeleceu as regras de um novo gênero que dominaria o videogame pela década seguinte e seria chamado de sidescrolling. Uma sequência parecia lucro certo e, em 1986, os japoneses conheceram Super Mario Bros. 2, um jogo que era bem mais que desafiador: era cruel. A segunda versão de Super Mario era tão malvada que os executivos da Nintendo preferiram não lançá-la no ocidente. Eles a consideraram difícil demais para nós. O nosso Super Mario Bros. 2 não tem nada a ver com o dos japoneses. O nosso é uma espécie de remake de um jogo chamado Doki Doki Panic, protagonizado por um homem de turbante e sua família. Trocaram os personagens, embalaram e nos venderam como se fosse um jogo do Mario. Não era. Logo farejamos o golpe. Em Super Mario Bros. 2 não havia nem ao menos as tartarugas, um dos elementos mais básicos da série. Éramos pequenos, mas desconfiávamos que estávamos sendo enganados. E é por isso que a chegada de Super Mario Bros. 3 era tão aguardada. Queríamos ver o erro reparado. SMB 3 chegou em 1990 e representava uma verdadeira evolução daquilo que tínhamos experimentado no primeiro Super Mario: as fases tinham mapas, tonela-

das de segredos e novos inimigos. Tudo isso fazia toda a diferença, claro, mas não era o mais importante. A evolução mais notável em SMB 3 é que, dessa vez, você podia voar! Em 1990, Mario saiu do chão impulsionado pelo abano de um rabo de guaxinim, provando que a série poderia ser ainda mais noonsense do que sugeriam os cogumelos mágicos, os canos transportadores e as flores de fogo. Eu não sei como era na sua casa, mas, na minha, Super Mario Bros. 3 foi rebatizado. Para nós, esse era o “Super Mario do Rabinho”. Sem exagero, a volta desse rabinho é a maior notícia da indústria do videogame nos últimos tempos.

O Super Hiper Mega Mário em 3D

Havia demanda pela volta de Super Mario Bros. 3. O site Screw Attack, referência naquilo que os gringos gostam de chamar de oldschool gamming, chegou a sugerir que a Nintendo apenas parisse logo um jogo e o chamasse de Super Mario Bros. 3-2. Era só incluir a Tanooki Suit (nome oficial do rabinho) e todos se dariam por satisfeitos. O pedido foi atendido. O novo Nintendo 3DS, um portátil capaz de gerar imagens em 3D real (similar ao dos cinemas) sem o uso de óculos, terá um Super Mario. Até aí, nenhuma novidade. A notícia é que esse jogo vai incluir os power-ups clássicos de SMB 3, entre eles o rabo de guaxinim. Provisoriamente, o jogo é chamado de Super Mario 3-DS. Trata-se de um jogo de plataforma 3D que tem muito mais a ver com a jogabilidade de Super Mario Galaxy, do Wii, que com a ação lateral SMB3, de 1990. O jogo deve ser lançado a tempo de servir de presente de Natal, uma data que a indústria comemora com ainda mais alegria que você.

REVISTA BATEL LIFE STYLE - 39


paradoxos curitibanos

Paraíso Por Eloi Zanetti (eloi@eloizanetti.com.br) Foto: Divulgação

quase perdido

Desde que as transformações urbanísticas iniciadas em Curitiba há quase 40 anos começaram a fazer efeito, elevando-a a categoria de “uma das melhores cidades brasileiras e do mundo para se viver”, por aqui não param de chegar novos moradores. A atração causada pela fama de cidade limpa, organizada, com áreas verdes bem cuidadas e boa qualidade de vida trouxe gente de vários tipos e regiões. Todos em busca do pássaro azul: o imaginário bom lugar para se viver. Conheci um famoso psiquiatra carioca que se mudou aos poucos. Deixou a família no Rio e vinha trabalhar aqui até formar sua nova carteira de pacientes. Ao se sentir estabelecido trouxe a família. Uma empresária, também carioca, após ter sido assaltada e presa no banheiro do escritório por quase um final de semana, na segunda-feira juntou tudo e veio para Curitiba, sem nunca ter pisado aqui antes. Fincou raízes e hoje faz sucesso em seus empreendimentos. É claro que o movimento também carregou outros tipos profissionais: bandidos, assaltantes e desempregados sem qualificação aproveitaram a onda e vieram conferir o mercado. Um amigo, mineiro, dizia há alguns anos: “O curitibano ainda não sabe ser assaltado, fica nervoso, ele tem ainda muito que aprender.” Uma cidade que antes só tinha bairros, não periferias, de repente passa a suportar mais que o dobro de habitantes. O inchaço urbano, consequência do êxodo rural das últimas décadas, não é privilégio nosso: todas as grandes cidades, capitais ou não, passaram por processos parecidos. Mais gente para cuidar da saúde, andar de ônibus, educar e conquistar empregos. A velha e tranquila cidade-sorriso, de trânsito calmo e organizado, por mais que tente, não consegue segurar a 66 - REVISTA BATEL LIFE STYLE

desorganização urbana. Vê suas áreas de risco sendo invadidas, seus eficientes e inovadores sistemas de transporte urbano começarem a falhar, e suas ruas apinhadas de carros, conquistados pelo crédito fácil que o governo oferece para agradar à classe popular emergente.. Muitos falam mal dos serviços urbanos de Curitiba e se esquecem de que estão pisando outro solo, o das cidades da região metropolitana. Como município, somos um dos menores do Brasil. Muita gente pensa que está em Curitiba, mas está em Pinhais ou Piraquara, onde os serviços públicos oferecidos são de outras jurisdições. Hoje, ao passear pelos nossos parques, áreas verdes e ruas percebemos a ameaça dos assaltos e dos incômodos da falta de educação da moçada. Não é sem razão que os nossos poodles-toys começam a ficar histéricos. O parque Barigüi, onde até recentemente se podia andar com tranquilidade, tornou-se inviável nos finais de semana. Visitantes, não acostumados à boa ordem pública, usam e deixam na “terra arrasada” seu lixo em forma de garrafas, sacos plásticos e latinhas de cerveja. Mas ficar reclamando não dá; o que podemos fazer é aceitar o fato e misturarmo-nos ainda mais com os que aqui chegaram e tratar de reinventar uma nova cidade. O Ippuc e a prefeitura são pagos por nós para pensar sempre a melhor forma de organizá-la. Eles que voltem às suas pranchetas, redescubram o pensar criativo e o agir de forma audaciosa. O novo curitibano, atraído pela fama da cidade, reluta em aceitar que a aposta pode ter sido errada e acredita que o paraíso imaginário ainda não está totalmente perdido. Se ele confia, por que nós não iremos também confiar?




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