OS FILHOS DO TEMPO
Chaiene Santos
Os Filhos do Tempo - Volume 1 Copyright © Chaiene Santos Edição Digital
Todos os direitos reservados. É proibida a distribuição ou cópia de qualquer parte dessa obra sem o consentimento por escrito do autor. Esta é uma obra de ficção. Todos os personagens e situações aqui narradas são fruto da imaginação do autor. Qualquer semelhança com a realidade é mera coincidência.
Os Filhos do Tempo Chaiene Santos
Capa: André Siqueira Diagramação e Revisão: Nanie Dias
Nova Friburgo, Brasil 2013
Dedico este livro à minha esposa, às minhas filhas e a toda minha família, que está sempre ao meu lado e me permite ter a paz necessária para viajar no processo criativo.
“Se, a princípio, a ideia não é absurda, então não há esperança para ela.”
Albert Einsten
SUMÁRIO: I – O Encontro.............................................. 9 II – A Revelação........................................ 32 III – O Desenvolvimento do Ser Humano..40 IV – Outra nave a caminho da Terra......... 53 V – Nicolas e Zara.......................................61 VI – A Vida Quase Normal em New York 75 VII – O Perigo se Aproxima........................82 VIII – A Forma Extraterrestre de Nicolas...89 IX – A Equipe Alfa-Ômega............. 101 X – O Céu e as Estrelas..................... 109 XI – A Outra Missão de Merko........ 124 XII – A Tristeza de Lorena............... 142 XIII – O Confronto........................... 147 XIV – À Espera da Viagem.............. 162 XV – A Chegada ao Planeta Vida..... 172 XVI – No Palácio do Rei Zador........ 180 XVII – A Cirurgia............................. 196
XVIII – A Fuga de Mirov................. 209 XIX – O Sucesso da Cirurgia ...........216 XX – De Volta à Terra...................... 225
I – O Encontro
Ano de 2017 Nicolas se preparava para mais um dia de aula. Pegou a mochila azul com listras pretas cheia de livros, um computador e seu smartphone, de onde sempre conferia com rapidez seus e-mails e as mensagens enviadas pelos amigos da faculdade. Tomou um copo de leite e mordeu duas vezes o sanduíche preparado por sua mãe. Saiu correndo como sempre para pegar o ônibus no horário certo para chegar à aula. — Nicolas, espere! Preciso falar com você. – gritou Lorena, sem conseguir alcançálo.
Olhou pela porta e viu o filho entrar no ônibus amarelo. Pensou que seria melhor conversar com ele à noite, já que raramente ele sentava-se à mesa para tomar café da manhã.
***
Dentro do ônibus, Nicolas pensava que esta segunda-feira seria um dia comum, mas muitas coisas estavam para mudar em sua vida. Ele tinha a pele branca, olhos azuis, nariz médio e afilado, lábios medianos, sendo o superior um pouco mais grosso que o inferior; 1,79 m de altura, era magro e seus cabelos eram castanhos escuros. Romântico, gostava de física e astronomia. Ele sonhava em ser um grande físico e descobrir os segredos do universo. Conseguiu estudar Física na Universidade da Califórnia em Los Angeles, cidade onde morava. O campus estava lotado, alunos e professores caminhavam por todos os lados para chegarem às salas de aula. Logo na
entrada, Nicolas encontrou seu amigo Sanches, um mexicano naturalizado americano. Ele usava os cabelos penteados para o lado direito e estes eram pretos e lisos cobrindo a sua longa testa; tinha 1,80 m de altura e falava a língua inglesa com perfeição, pois vivera a maior parte de sua vida nos Estados Unidos. — Oi, Nick. Hoje vamos conhecer uma nova aluna que foi transferida de outra universidade. Começaremos aquela disciplina para a qual nos inscrevemos no início do semestre, lembra? E a menina está matriculada nessa aula também. — Esse curso demorou tanto para começar, já estava pensando que tinha sido cancelado. Estou ansioso para conhecer a nova matéria e também a nova aluna – retrucou Nicolas. Os três primeiros tempos de cinquenta minutos de aula se passaram e os estudantes mal conseguiam esconder a curiosidade de conhecer o novo assunto que seria abordado, assim como a garota, de quem todos falavam. Às onze horas, o sinal de fim de aula tocou. Poucos alunos saíram, mas muitos entraram para a nova aula. O aviso de que a
disciplina finalmente seria ministrada havia sido feito no dia anterior e a curiosidade havia deixado a sala cheia. Finalmente, entrou o coordenador do Curso de Física, Doutor Finken, e falou: — A partir de hoje a matéria de Cosmologia será ministrada para aqueles que se inscreveram no início do período. A coordenação do curso teve alguma dificuldade em preencher esse cargo e, por este motivo, vocês ainda não haviam tido aula. Felizmente, conseguimos um profissional muito competente para ministrar essa disciplina, que estuda o espaço sideral e os grandes segredos conhecidos atualmente pelos homens. O doutor Carlsson Glein é doutor em Cosmologia. O coordenador se encaminhou para a porta e abriu-a dizendo: — Pode entrar, Doutor Glein. O professor entrou em sala e ficou olhando para a turma que continuava a olhar para a porta, pois uma figura surpreendentemente bela se posicionava na
entrada da sala. Era a nova aluna que atraia toda a atenção dos alunos. O coordenador, Doutor Finken, ao perceber a sombra que a nova aluna colocara sobre o professor de Cosmologia disse: — Aproveito também para apresentar a nova aluna: a Zara. Foi então que ela adentrou a sala de aula. Nicolas a observou bem e percebeu que era a mulher mais bonita que jamais vira antes. Tinha os cabelos ruivos, fartos, até o pescoço; pele lisa e branca, olhos azuis, lábios grossos e o corpo escultural, como se fosse feito por algum grande mestre. Aparentava ter pouco mais de 1,70 m de altura e de vinte e cinco a trinta anos de idade. Logo ficou impressionado e tentou, sem sucesso, esconder sua surpresa. Sanches se sentava ao lado dele e boquiaberto comentou: — Uau! Nicolas, agora sim o curso vai ser mais interessante. Com uma novidade dessas! — Também estou surpreso. Ela é linda demais!
Zara olhou para a turma e fitou Nicolas nos olhos, como se estivesse entendendo seus pensamentos. Em seguida, dirigiu-se à única carteira vazia da sala, ao lado dele. — Vou deixá-lo a sós com a sua turma, Doutor Glein. Espero que eles gostem de Cosmologia. – disse o Doutor Finken. — Pode deixar por minha conta. Tenho certeza que eles gostarão de estudar, pois o conhecimento do Universo é surpreendente. Ele se apresentou à turma e começou a explicar de que se tratava a matéria que iria ministrar. Uma ciência que estuda a estrutura, composição e evolução do Universo. — Como disse o nobre Doutor Finken, sou formado em Física, com Doutorado em Cosmologia. Hoje farei uma breve introdução sobre os conhecimentos do espaço sideral, mas antes gostaria que todos na turma se apresentassem para ficarmos mais à vontade durante nosso curso. Podem iniciar suas apresentações começando pelo primeiro da fila da esquerda. Os estudantes iniciaram suas apresentações e chegou a vez de Nicolas:
— Meu nome é Nicolas, mas pode me chamar de Nick. O pessoal da faculdade me chama de nerd, mas não gosto de rótulos. Sonho em ser um grande físico e viajar ao espaço. Todos começaram a rir, e um aluno chamado Adam, que se sentava na quarta carteira da fila do canto direito, disse em tom irônico: — Você deveria ser um astronauta. Creio que esteja no curso errado. — Sem mais comentários – intercedeu o professor. — Peço que sejam breves ou não conseguiremos terminar as apresentações. — Nicolas, não se preocupe com as viagens espaciais. – disse Zara em voz baixa para seu colega de classe, enquanto outro aluno se apresentava. — Às vezes, o que sonhamos pode estar muito perto de nós. O jovem não entendeu o que ela quis dizer, mas continuava a observar tudo com curiosidade. Durante as apresentações dos alunos, Zara olhava profundamente nos olhos de
Nicolas, e ele sentiu algo diferente quando olhou para ela. Um arrepio dentro do peito, somado a palpitações que nunca sentira antes. Pensava de onde poderia ter vindo alguém de tamanha beleza. “Não pode ser. Ela não está olhando para mim. Deve ser impressão minha. Uma mulher como ela jamais se interessaria por um cara como eu”, pensava Nicolas.
***
Neste dia, ele voltou para casa, fez os trabalhos para o curso e desceu para jantar com sua mãe e irmã. — Meu filho, hoje queria dar um beijo em você pela manhã, mas quando desci você já havia saído pela porta e só pude vê-lo entrar no ônibus. Por que você não acorda mais cedo? Assim sobraria algum tempo para conversarmos pela manhã. Essa correria não faz bem. Fico tão só depois que seu pai se foi. — Está bem, mãe. Tentarei dormir e acordar mais cedo. Realmente nós
conversamos somente à noite, além disso, quero também dar um beijo de bom dia em Sophia, mesmo que ela esteja dormindo. Sophia sorriu agradavelmente. Ela estava com oito anos de idade; depois que seu pai falecera se tornou a melhor companheira de sua mãe e adorava seu irmão.
***
Aos finais de semana, Nicolas gostava muito de passear de bicicleta pelas ruas da cidade. Havia muito verde por todos os lados e paisagens belas para admirar. Pelo caminho, era possível encontrar nascentes naturais, que corriam por canos de bambus deixados pelos donos dos sítios que margeavam as trilhas. Sempre que se cansava, parava; encostava a bicicleta em uma árvore e colocava as duas mãos sob a água que escorria em abundância e bebia, até saciar a sua sede. Depois, pegava a bicicleta e continuava pedalando e ouvindo o
canto dos pássaros, que contrastava com todo o silêncio da mata. No domingo, ele estava passeando, e começaram a cair do céu alguns pingos pesados de água. Já estava anoitecendo. Ele sentiu aquele cheiro gostoso de terra molhada e aumentou a velocidade para chegar mais rápido à sua casa. Porém, a chuva apertou e ele resolveu parar e descansar, tomando abrigo embaixo de uma choupana abandonada. Foi então que, de repente, veio em sua direção uma pessoa de bicicleta que também parecia estar fugindo da chuva. Conforme foi se aproximando, pôde perceber que era uma mulher. Mesmo no escuro da noite que chegava, ele percebeu que a conhecia. Ela parou embaixo da choupana e disse: — Que temporal é esse? Ainda bem que encontramos este abrigo. — É muita sorte, pois acho que não há outros por quilômetros — disse Nicolas. — Você é a nova aluna da turma, Zara!
— Oi, Nick. É este seu nome, não é? Que bom que você lembrou-se de mim. Já até gravou meu nome. — Sou eu mesmo, o aluno que quer ser astronauta. Apesar de outros alunos rirem disso, alguma coisa me diz que daqui a algumas décadas, as viagens ao espaço serão rotineiras. Quanto ao seu nome, tenho certeza que todos os alunos da sala já o decoraram, porque não é sempre que uma aluna causa tanta admiração logo no primeiro dia! Zara continuou:
enrubesceu com o elogio e
— Obrigada, Nick. Posso chamar você desta forma? Gosto do seu nome! — Pode sim. Que bom que gosta do meu nome! — Não ligue alheios. Tem sempre alguma coisa em nosso a vida muda tanto e tão perder tempo com o pensando.
para os comentários alguém para criticar jeito de ser. Às vezes, rápido que não dá para que os outros estão
Houve um instante de inércia; somente o canto dos pássaros e o som dos pingos de chuva podiam ser ouvidos. Começaram a se olhar como em sala de aula, e o coração dele batia forte. A chuva foi aumentando, e ele não conseguia conter a atração que sentia. Ela colocou a sua bicicleta no chão e foi chegando mais perto dele. Nicolas tocou a pele macia de Zara e seus olhos pareciam enfeitiçá-lo. Quando as gotas da chuva tocaram o corpo dela, um cheiro de jasmim tornou o ambiente ainda mais agradável. Não havia nada mais à sua volta, o jovem deixou suas emoções dominarem a razão como poucas vezes acontecera em sua vida. Tudo aquilo era um sonho que ele não queria que terminasse; aproximou-se e se rendeu aos lábios grossos daquela que mexera com seu coração. Eles se entregaram àquele momento infinito e foi a melhor chuva que lhes aconteceu. Geralmente, quando conhecia alguém, Nick não costumava sentir nada profundo, mas com Zara tudo era diferente. Nunca havia conhecido uma mulher tão experiente. Ele ponderava como faria para que ela se apaixonasse por ele, queria namorá-la e ficar ao seu lado. Não bastasse admirá-la na
faculdade com uma súbita paixão, agora se tornara mais próximo dela, com a intensidade do beijo que provara. Ela interrompeu os pensamentos dele, que se misturavam com sonhos. — Nicolas, já está ficando tarde. Preciso ir embora, pois pela manhã teremos aula. Amanhã nos veremos na faculdade. — Está bem, Zara. Gostei muito de ter conhecido você. Contarei as horas para vê-la novamente. Ela tocou levemente seus lábios nos dele, depois colocou o dedo indicador em seu lábio sorrindo docemente. Como a chuva havia parado, pegou a sua bicicleta e foi embora. O jovem chegou à casa com um olhar brilhante e um sorriso tão espontâneo que Lorena logo percebeu que algo diferente acontecera no passeio daquele domingo. — Filho, vai me contar o que houve? — Nunca vi você tão feliz! – exclamou Sophia.
— Foi... Encontrei... Uma pessoa no caminho quando passeava de bicicleta. Acho que estou... Apaixonado. Mãe e filha sorriram entendendo que algo novo havia acontecido com Nicolas e certamente isso o deixara muito feliz. Naquela noite, o jovem estudante foi dormir cedo, sonhando com o fortuito encontro na choupana. No dia seguinte ele tomou café da manhã com sua mãe tranquilamente antes de ir para o curso. Quando sentou no ônibus, pensava em como seria encontrar Zara em sala de aula. “Será que ela realmente sente algo por mim? Ou aquele foi apenas um encontro passageiro?”, ele não conseguia controlar seus pensamentos. Nicolas resolveu não contar nada do que aconteceu para seus amigos. Certamente não acreditariam e ririam dele dizendo que tudo era obra de sua imaginação. Sanches entrou em sala e viu seu amigo já posicionado para a aula.
— Chegou cedo, meu amigo. Sempre espera no pátio até todos entrarem. O que houve? — Nada de mais. Estou aqui sentado refletindo sobre a vida. Ficaram conversando até que o doutor Glein entrou na sala de aula. Ele cumprimentou a todos e começou seu discurso, explicando como funcionava a Teoria da Relatividade Geral. Os alunos observavam suas explanações atentamente, mas Nicolas olhava para Zara, que novamente sentara-se a seu lado, observava seus belos olhos e se lembrava do encontro que tiveram no dia anterior. Ela também olhava Nicolas, retribuindo o sorriso que, de vez em quando, percebia arrancar do jovem. Na hora do intervalo, ele a procurou no pátio da faculdade. — Poderia lhe falar por um momento? — Sim. Vamos à lanchonete. — Não consigo esquecer o que houve entre nós dois e gostaria de ver você novamente no fim de semana.
— Eu também gostei muito do que aconteceu entre nós. O que você acha de nos vermos na mesma trilha em que nos encontramos no domingo? Está bem? — Claro... Eu... Estarei lá na choupana. Zara sabia que Nicolas gostava dela e, de alguma forma, também estava se envolvendo com o jovem, que era pelo menos dez anos mais novo. No entanto, parecia que o conhecia há algum tempo. Começaram a se ver todos os finais de semana, e os domingos eram sempre prazerosos. Trocavam beijos, carícias e andavam de bicicleta, curtindo os momentos felizes juntos. Depois de algumas semanas de namoro, Nicolas começou a ficar curioso sobre a mulher que mudara sua vida. Ela percebeu que era o momento ideal para contar um segredo especial que transformaria o modo dele ver o mundo: — Nicolas, tenho algo a lhe dizer. Eu não sou daqui. Moro num lugar muito distante... — Eu estava curioso para saber de onde você veio. Você tem uma beleza
diferente, como se morasse em algum país nórdico. Por favor, continue... — Na verdade, venho de muito mais longe do que apenas um país distante. Sou de um planeta chamado Vida, na galáxia Andrômeda, a muitos anos-luz daqui. Como você diria: Sou uma astronauta! Gostaria que você conhecesse algumas pessoas que viajam comigo. Você me acompanharia? “Que loucura é esta? O sonho está desmoronando? Ela só pode estar perturbada mentalmente. Isso explicaria tudo. Todo aquele amor não podia ser verdadeiro mesmo”, pensava o jovem, desolado por não acreditar no que lhe era revelado. Nick não entendia por que ela estava falando aquilo. Obviamente não era verdade, mas ela parecia muito inteligente e muito segura para não ter uma mente sã, então ele tampouco acreditava que fosse realmente loucura da parte dela. Será que era tudo uma espécie de brincadeira? Um jogo? Talvez ela só quisesse pregar uma peça nele. Como não havia ninguém por perto, fingiu acreditar, levando na esportiva, e retrucou em tom irônico:
— Eles estão aqui perto? — Feche os olhos. – disse ela sorrindo, dando-lhe as mãos. Em um instante, haviam mudado de ambiente. Estavam dentro de uma nave espacial dotada de alta tecnologia e não mais naquela choupana abandonada. O garoto estava atônito! Se aquilo era mesmo uma nave, ele certamente fora levado para a sala de comandos. A tecnologia que agora observava era algo incrível e ele podia ver uma quantidade incomensurável de instrumentos cujas funções ele mal podia imaginar. Uma das paredes era parcialmente de vidro transparente, o que permitia aos tripulantes observar o exterior. Ele se aproximou e pôde ver que estavam estacionados perto de uma nuvem, que provavelmente também servia para esconder o objeto voador. Olhando dali de cima, tudo parecia extremamente pequeno. Ele não conseguia enxergar, mas a aeronave tinha um formato discoide, que favorecia a aerodinâmica de movimento no
espaço sideral; facilitando o deslocamento para qualquer lado em alta velocidade. Holográficas revestiam os extremos da sala, refletindo luzes de todas as cores e tonalidades. Era tudo muito intrigante. Ainda sentindo-se perdido, ele admirava tudo à sua volta dentro da nave. Perplexo, reconheceu a Via-Láctea girando lentamente numa holografia projetada de uma fonte puntiforme. Esta imagem destacava um planeta azul que girava e transladava no braço de Órion da galáxia. Ele poderia reconhecer este planeta em qualquer imagem que visse. Era a Terra. “O planeta mais lindo e perfeito do Universo”, pensou enquanto analisava a imagem projetada em três dimensões. Ao lado, também reconheceu a galáxia Andrômeda. Um planeta também se destacava nessa holografia, como se estivesse sendo monitorado. Ele pôde perceber que ele tinha alguma coisa de especial e ficou curioso sobre seu nome; no entanto, ainda não se sentia à vontade para perguntar nada a Zara, perdido como estava em seus pensamentos. Voltou a olhar o ambiente que o cercava. Havia aquela parede de vidro e
grande parte das demais era revestida pelas telas holográficas, mas o que restava era feito de material prata, em um tom bem claro, que refletia a luz e a espalhava pelo ambiente. Tais superfícies eram lisas e brilhantes. “Será uma espécie de tecnologia para economia de energia?”, ponderou. O tamanho daquela sala de comandos era outra coisa que intrigava Nicolas; a sala parecia ter mais de cem metros quadrados e ele logo imaginou como deveria ser grande aquela nave. Ele não conseguia ver botões nem alavancas; aparentemente todo o controle se dava por holografias. Sentia no ambiente um cheiro de jasmim, o mesmo perfume de Zara. “Que cheiro agradável!”, refletia enquanto respirava profundamente o ar puro da nave. Nicolas ainda sentia-se perplexo com o que havia acontecido e demorou um pouco para acreditar no que estava vendo. Era tudo novo, intrigante, e ele não conseguia entender completamente o que estava à sua volta, embora observasse tudo com extrema atenção. Zara, percebendo a insegurança do jovem, começou a explicar:
— Nicolas, acalme-se. Eu sei que é muita coisa, mas vou explicar tudo para você...