Digital - nº0 Capa - O mundo da geração Net

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O mundo da geração Net Hoje, pela primeira vez na história, as crianças têm mais saber e conhecimento, são mais letradas e sentem-se mais confortáveis do que os seus pais em relação a uma inovação central da nossa sociedade: as novas tecnologias. O que acontecerá ao mundo quando esta geração chegar ao poder? Provavelmente irá torná-lo bem mais justo e interessante. Isto se nós, os adultos, não deitarmos tudo a perder

Por Don Tapscott

A geração Net acabou de chegar. Ela representa 30% da população, sensivelmente mais, em números, do que os 29 % que pesa a geração dos anos 60. O que torna essa nova geração tão diferente das anteriores é o facto de ser a primeira a crescer rodeada dos media digitais. Nalguns países e em diversos estratos sociais, os computadores estão em casa, na escola, na fábrica e no escritório. Tecnologias digitais como as máquinas fotográficas e de filmar, os jogos de vídeo e os CD-ROM tornaram-se banais para as novas gerações. São miúdos submergidos em bits, que os julgam parte integrante do ambiente em que vivem. Em suma, algo tão natural como a própria vida.

Tecnologias: algo tão natural como o ar O visionário Alan Kay descreve esta situação numa sentença que ficou famosa: “A tecnologia só é tecnologia para as pessoas que nasceram antes dela ser inventada. Ela é completamente transparente para os jovens de hoje.” “É como o ar que respiram”, diz Coco Conn, uma das fundadoras do projecto Cityspace na Web. Argumenta, também a este propósito, Idit Harel, do MIT: “Para os miúdos, é como usar um lápis. Os pais não falam dos lápis, falam de escrever. Os miúdos também não falam das novas tecnologias, falam de brincar, criar um site na Web, escrever a um amigo, ou discutir o problema da floresta tropical nos fóruns da Internet.” Chuck Martin, o autor do livro O Estado Digital, usa outra imagem igualmente elucidativa: “Para o meu filho de 8 anos usar o computador é algo que ocorre naturalmente no seu dia-a-dia. Ele pura e simplesmente não pensa que está a usar um computador, tal como quando joga futebol não pensa que está a usar uma bola.” No fundo, os miúdos de hoje olham para os computadores como nós olhávamos para a TV. Para nós ela era um facto da vida. O mesmo se passa hoje com os computadores e a Net para as gerações de jovens nascidos após a sua invenção. A geração Net são os filhos da idade digital. A revolução das comunicações está a moldar uma nova geração e o seu mundo, um fenómeno único e avassalador. Nós — os mais velhos — deveríamos analisar mais em detalhe esta mudança. Pelo contrário, preferimos pintá-la a traços negros sem conhecermos os seus valores e hábitos. Muitos acusam esta geração de egoísta, sem valores sociais e excessivamente materialista. Os jovens são descritos como cínicos, violentos, irritadiços, viciados em preferências musicais exóticas, nas drogas, no exibicionismo e até na pornografia. Para muitos trata-se de uma geração rasca. Por isso, quando se fala do modo como a juventude usa as novas tecnologias, o incómodo é logo maior do que o entusiasmo. O que é que esses jovens depravados vão fazer com ela? Depois, começamos a ficar preocupados com as implicações que estes hábitos da nova geração terão em relação a nós próprios. O que é que estes jovens viciados na Internet vão fazer connosco? Mas, no concreto, quem são afinal estes jovens? O termo “geração Net” que refiro neste livro é relativo aos miúdos que nasceram, na sua maioria, a partir de 1977. Não incluo o que a imprensa catalogou como “Geração X”, a partir do título da novela de Douglas Coupland, um autor canadiano. No meu entender, as características que ele apontou falam de um segmento que está ainda, diríamos, na cauda da geração dos centroatl.pt/edigest/…/di0cap1.html

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anos 60. Estes são um segmento “ensanduichado” entre essas duas gerações marcantes — a dos anos 60 e a da Net. É uma geração de transição composta por adultos entre os 20 e tal e os 30 e poucos (nascidos entre 1965 e 1976), que já tiveram contacto com a informática. Grande parte até já adoptou hábitos de utilização da Web similares aos dos miúdos da geração Net. Mas tiveram o azar de ser a tal geração de transição. Não são eles que vão mudar o mundo tal como o conhecemos, mas, sim, a geração educada pela era digital. Hoje, pela primeira vez na história, as crianças têm mais saber e conhecimento, são mais letradas e sentem-se mais confortáveis do que os seus pais em relação a uma inovação central da nossa sociedade. E será através do uso dos media digitais que esta nova geração se desenvolverá e acabará por impor a sua cultura. Não será apenas um poder que resulta das estatísticas e do factor demográfico. É, de facto, uma força profunda de transformação social. Não há assunto mais importante para pais, professores, políticos, homens do marketing, líderes empresariais e activistas sociais do que procurar conhecer melhor o que é que esta nova geração pensa fazer com a sua competência digital.

Internet versus TV Quando a geração dos anos 60 era adolescente, a TV impôs-se como a tecnologia mais poderosa na história até aquela data. O impacte da TV na sociedade em geral, e naquela geração em particular, foi muito profunda. A geração dos 60 poderia ser apelidada da geração da guerra fria, do pós-guerra, ou, mesmo, da economia em fase de crescimento (algo que ocorreu, pelo menos até ao primeiro choque petrolífero). Julgo, no entanto, que foi o impacte de uma revolução das comunicações - a emergência da TV — que moldou essa geração, mais do que qualquer outra coisa. Lembro-me da minha mãe me dizer, quando surgiu a televisão, que era “a inovação do século”. Efectivamente, quando a TV chegou a nossa casa por volta de 1953 e foi parar à sala de estar, tanto as cadeiras como os sofás mudaram da disposição em volta do rádio para ficarem em torno da TV, o novo elemento central da sala. Para os miúdos informados e informatizados de hoje, a TV é uma coisa antiquada. É unidireccional, o poder de escolha da programação e dos conteúdos está na mão de uns poucos adultos, e, muitas vezes, o produto que lhes oferece é nivelado por baixo em termos de qualidade. Para a geração da Net, a TV terá de ser interactiva e oferecer o que os consumidores pedem, em vez destes serem meros receptores de mensagens. Terá de permitir um diálogo e deixar que os cidadãos comuniquem entre si. Esta mudança da radiofusão para a interacção é o ponto central da geração Net. Ela é composta por miúdos que querem ser utilizadores e não espectadores ou ouvintes. Em geral, a cultura da radiofusão é hierárquica — dita e não dialoga. São meios abertos apenas à recepção e não à interacção. É suposto sermos observadores passivos no modelo televisão. A única arma que temos para exprimir as nossa preferências é o zapping (a mudança rápida e sucessiva de canais). Ora, na Net, estes miúdos controlam grande parte desse novo mundo. É algo que eles próprios moldam à sua imagem, de acordo com as suas preferência e anseios.

O que a ascensão da Net está a mudar Se há uma coisa que os miúdos percebem (e os adultos não entendem) é que a Net não é “tecnologia”, é um novo meio de interacção entre pessoas. Arrisco-me a dizer que é o primeiro meio interactivo de transmissão social desde os tempos do contador de histórias pelas aldeias e vilas. Sem dúvida que os meios tradicionais, como a carta, telégrafo ou telefone, são interactivos, mas não passam de sistemas fechados. São meios de comunicação privada e não de socialização entre pessoas. Por outro lado, a revolução da televisão provocou a mudança da comunicação baseada no texto, fruto da revolução de Gutenberg, para a imagem visual e oral do novo medium. Num livro então famoso, Divertindo-nos até à Morte, Neil Postman lamenta o declínio da era da tipografia e a ascendência da nova Era (da TV), como o facto cultural mais importante do século xx. Com essa guinada veio o que muitos chamaram o deserto da leitura. Agora, estamos a assistir a outra viragem, da magia da TV para a magia dos media interactivos. Para mais, as comunicações na Net são centroatl.pt/edigest/…/di0cap1.html

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baseadas, de novo, na palavra escrita. Só que são enviadas de muitos emissores para muitos receptores, algo radicalmente diferente da lógica, quer da TV, quer da imprensa, que é de um para muitos. A escrita está, de novo, em alta, pois é a primeira forma de discurso no espaço virtual. Nunca tanto como agora as crianças sentem necessidade de aprender a ler, a escrever e a pensar criticamente. Também a educação está a sofrer um verdadeiro renascimento dourado. Os novos media ajudaram a criar uma cultura de aprendizagem — em que o professor é hoje apenas um dos participantes nesse esforço mais vasto. Mas, decisivamente, a grande diferença é geracional: pela primeira vez na história, os miúdos estão a tomar controlo de elementos críticos da revolução das comunicações. A revolução digital, ao contrário de outras anteriores, não é só controlada por adultos. Além disso, há outra diferença. A televisão continha mensagens muito fortes. À medida que a geração dos anos 60 subiu ao poder, tomou conta dos media e perpetuou a sua própria ideologia. Ora, os novos media digitais, em virtude da sua lógica distribuída e interactiva, são mais indpendentes e democráticos. Segundo uma sondagem do Teenage Research Unlimited, a percentagem de adolescentes que acham que é absolutamente in estar on-line disparou de 50% em 1994 para 74 % em 1996 e 88% em 1997! Está agora tão na moda como namorar ou ir a festas. Paralelamente, os inquéritos de opinião revelam que o declínio nos espectadores de TV se concentra nas faixas mais jovens da audiência. Segundo um estudo na América da Nielsen Media Research, entre 1991 e 1996 assistiu-se a uma quebra de mais de duas horas por semana de audiência na faixa entre os 2 e os 17 anos. Projectando esta tendência para o ano 2000, os jovens estarão a ver menos 100 horas de televisão por ano do que hoje.

Mundos paralelos, gerações distantes Com este choque entre duas culturas — a da TV e a da Net — somos tentados a falar de um agravamento do fosso geracional. Antes dos anos 60, o conflito de gerações não existia. Os jovens entravam na força de trabalho depois de uma infância e adolescência muito breves. Claro que o choque entre pais e filhos sempre existiu desde tempos imemoriais. Mas foi nos anos 60 que se tornou mais agudo e o cisma cultural profundo se abriu. Contudo, o que se passa hoje é diferente, é de outra natureza. Estamos a passar de um fosso geracional para dois mundos em paralelo. Na linguagem de slogans, de um generational gap (fosso de gerações) para um generational lap (salto de gerações). A sociedade nunca experimentou uma coisas destas: o colocar da hierarquia do saber de pernas para o ar. As crianças são, pela primeira vez, as autoridades e os especialistas, em algo central para o futuro da humanidade: as novas tecnologias e a ascensão da Net. “Este é um período absolutamente único na história, em que o papel da criança está a mudar”, afirma John Seely Brown, um dos investigadores do Xerox PARC (o centro de investigação da empresa em Palo Alto, Califórnia). No passado, os pais eram a autoridade indiscutível em tudo. Em todos os domínios, os pais eram tido como mais sabedores. A única excepção era a dos filhos dos emigrantes que aprendiam mais rapidamente uma nova língua, e em que eram os intérpretes da família. “Pela primeira vez, há coisas que os pais gostariam de saber e de fazer, mas que precisam da ajuda dos filhos”, conclui Seely Brown. As implicações são devastadoras. Podemos estar a criar a base de famílias mais abertas e consensuais. E, para além da família, pode pensar-se noutras instituições. Veja-se o caso da Finlândia. O Governo, numa medida de grande inteligência, seleccionou 5 mil crianças para desempenharem uma tarefa surpreendente: dar formação no uso de computadores aos seus professores. Pela primeira vez, num dado domínio, os estudantes viraram professores, e estes alunos. A relação de poder alterou-se para sempre. Muitos adultos têm dificuldade em aceitá-lo e, sobretudo, em ver o potencial destas transformações. Eles vêem ao espelho a sua própria obsolescência. E morrem de medo. Hoje sente-se um claro desalinhamento entre quem manda (autoridade) e quem percebe dos assuntos (competência). Como a geração Net nasceu com a nova tecnologia, assimila-a. Os adultos, pelo contrário, têm de “acomodar-se” a ela. Há uma grande diferença entre assimilar novos conhecimentos na fase de crescimento e centroatl.pt/edigest/…/di0cap1.html

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fazer um esforço de actualização na fase da maturidade.

Os dez mandamentos da nova geração Ao longo da investigação para este livro, encontrei dez temas que definem a cultura desta geração Net. O primeiro é o sentimento de independência e uma autonomia assumida. A geração Net é formada por pesquisadores de informação e não meros receptores passivos de mensagens. Em segundo lugar, são mais abertos intelectual e pessoalmente, ainda que gostem de preservar o anonimato. Na Internet a expressão pessoal é uma prioridade.O terceiro elemento, é uma cultura de proximidade. A Net encoraja os miúdos a passarem de uma orientação local, ou nacional, para global.O quarto valor, é a liberdade de expressão acompanhada por uma firmeza de convicções. A geração Net insiste na tolerância pela diversidade, o que beneficia a sua afirmação individual com ideias muito fortes. O quinto, é a inovação. Esta capacidade está inclusivamente alguns passos mais à frente que o próprio vanguardismo de alguns produtores de software. O sexto, é a afirmação da sua maturidade. A geração Net quer ser reconhecida como mais madura do que a pinta os adultos, que, em regra, não a levam muito a sério. O uso dos media digitais permite a esta geração falar para os adultos de igual para igual. O sétimo, é o espírito de investigação. Quando usa a tecnologia, a sua reacção não é para saber como funciona (capacidade analítica), mas, sim, como usar (óptica funcional). O oitavo critério, é o do imediatismo. A interactividade exige o just-in-time. Na cultura da geração Net, quando se conversa on-line com alguma celebridade do cinema ou do desporto, o objectivo é receber respostas naquele instante. O que significa que muitos mais eventos e muito mais rapidamente do que no nosso tempo. O nono valor, é de uma sensibilidade extrema, sobretudo, aos interesses empresariais quando estes gastam inutilmente o tempo dos miúdos ou os exploram indecentemente. Howard Rheingold, que desenvolveu o conceito de comunidades virtuais, acredita nisto: “Promoção exagerada é pura e simplesmente odiada. Enviar mensagens não solicitadas é particularmente odiado. Tentar vender coisas no meio dos grupos de discussão é uma aposta suicida. A nova geração de utilizadores da Net só darão atenção ao que se quiser fazer passar se se lhes der valor acrescentado.” E, finalmente, como décimo ponto, a necessidade de estruturar a confiança na base da autenticidade. Em virtude do anonimato, da acessibilidade, da diversidade e da ubiquidade, tudo o que se lê ou ouve tem de ser autenticado, ou seja, verificado a pente fino. A nova geração perdeu de vez a ingenuidade.

Uma nova geração de consumidores “Eu gosto de comprar coisas pela Net. Posso encontrar o melhor preço em dez minutos, verificando a oferta de umas 25 lojas de uma assentada. Assim dispenso o balconista, que não percebe o que eu quero ou me impõe restrições à compra devido à minha idade”, afirma Eric Mandela, de 14 anos. Esta é uma tendência a apontar pelos gestores de marketing e profissionais dos estudos de mercado. Em primeiro lugar, a Net vai tornar-se um canal de vendas cada vez mais importante, ultrapassando, no futuro, as vendas por correio. Em segundo, transformar-se-á numa ferramenta de publicidade muito poderosa. Muitos analistas ainda não perceberam o poder desta geração. Ela transformou a Sega e a Nintendo, por exemplo, em fenómenos ainda mais populares do que os estúdios de Hollywood. O passo seguinte é o da migração definitiva da televisão para os media digitais. Para mais, os jovens estão a moldar tendências e modas com real influência nas decisões de escolha e de compra dos adultos. Muitas estratégias de marketing já passam pelas crianças com vista a atingir os pais. Eles já não tomam decisões apenas sobre as compras de computadores, jogos e produtos de alta tecnologia. Com a sua habilidade de uso da Net influenciam áreas impensáveis como a alimentação, vestuário, automóveis, electrodomésticos e produtos financeiros. Os estudos dizem que influenciam cerca de 20 cêntimos por cada dólar gasto em produtos de consumo pelas suas famílias. O que podem fazer perante este cenário os homens do marketing? Eis algumas dicas. Os jovens e crianças da geração Net gostam de publicidade rica em informação. Ou seja, que tenha conteúdo e permita a experimentação ou centroatl.pt/edigest/…/di0cap1.html

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entretenimento. As empresas devem criar sites mais atractivos se não quiserem perder o mercado do comércio electrónico. As mensagens devem ser personalizadas e o marketing terá de ser feito à medida do indivíduo (marketing um-para-um). A publicidade deverá estar mais interligada com as transacções, algo que não é feito com a mesma eficácia nos media físicos. Por último, os miúdos tolerarão publicidade não agressiva que patrocine os conteúdos. Mas não se pense em vender a terceiros as informações sobre o jovem cliente obtidas na venda ou por outra forma.

O risco do regresso a Maio de 68 No livro A Economia Digital, escrevi sobre o novo fosso entre info-ricos e info-pobres. Se deixada à lógica do mercado puro e simples, a economia digital poderá cavar ainda mais uma sociedade a duas velocidades, criando um fosso ainda maior entre os que têm, ou não, um acesso expedito à informação. A possibilidade de existir uma exclusão social dos info-pobres é cada vez mais uma hipótese real. Se o juntarmos à polarização crescente da riqueza, teremos no horizonte a consolidação de uma classe de pessoas no limiar da pobreza. Isto pode significar, inclusive, que muitos miúdos da geração Net serão uma não-geração, totalmente desinformada como muitos adultos o são hoje. Isto chama-se brincar com o fogo. Todos os cidadãos têm a obrigação de combater este quadro negro. Mas mais grave ainda é a hipotética colisão entre as duas gerações: a dos anos 60 e da Net. Há vários cenários para o futuro : coexistência pacífica, guerra fria ou colisão. Este último é o mais provável. Assim, iremos assistir, de novo, com outros contornos, a uma explosão similar à de Maio de 68? Para mais, dado o saber e o acesso a ferramentas de comunicação imediata, a sua revolta poderá transformar os protestos de 68 em brincadeiras de garotos. Qual será a fagulha que incendeia o conflito? Isso é difícil, se não mesmo impossível, de prever.

As 10 mudanças que se adivinham na educação 1. Do ensino linear à aprendizagem hipermedia, interactiva e não sequêncial. 2. Do ensino guiado pela pedagogia do professor para a aprendizagem experimental e o espírito de descoberta. 3. Do ensino cinzento à aprendizagem e entretenimento apelativos e criativos. 4. De uma geração que absorvia e analisava para uma jovem geração que navega e sintetiza. 5. Do ensino como um período exclusivo da vida jovem para a aprendizagem toda a vida. 6. Do ensino massificado para a aprendizagem personalizada. 7. Do saber transmitido à aprendizagem pela prática. 8. Do ensino nas instituições escolares para o ensino como indústria e integrado na vida empresarial.

Um projecto de investigação sobre a era digital A génese deste livro do canadiano Don Tapscott foi muito especial e revela um novo tendência na investigação e narrativa: foi escrito com base na comunicação via Internet. Uma equipa liderada por Kate Baggot, uma jovem de apenas 24 anos, que foi a assistente de Tapscott para o projecto, interagiu com crianças e adultos localizados em seis continentes através da Net. A investigação envolveu 300 crianças e jovens entre os 4 e os 20 anos durante um ano. Paralelamente, e com o apoio de Ron Owston da Universidade York (Toronto), desenrolou-se um fórum de discussão durante várias semanas, que teve a participação de estudantes e professores, e no qual se destacou a centroatl.pt/edigest/…/di0cap1.html

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FreeZone, a casa on-line de 30 mil crianças. O livro tem uma extensão ao vivo na Web (veja páginas de abertura do site em cima à direita). Além de excertos da obra, contém fóruns permanentes para crianças e adultos sobre as suas temáticas centrais. O site foi criado em colaboração com um grupo de jovens denominado Kidsnrg (Kids’Energy). Envolveu dois artistas gráficos (Tsipora Mankovsky e Than Phu), dois escritores (Bojan Pavlovic e Javeed Sukhera) e de dois programadores (Michael Furdyk e Brad Mills)— entre os 14 e 19 anos de idade. Tapscott foi co-autor do livro The Paradigm Shift e ganhou projecção mundial como guru da era digital com o mais recente best-seller The Digital Economy. Dirige, a partir de Toronto, um grupo de empresas, caso da New Paradigm Learning Corporation, e é presidente da Alliance for Converging Technologies, um fórum de peritos financiado por empresasde todo o mundo.

Ficha técnica Growing Up Digital — The Rise of the Net Generation Autor: Don Tapscott Editora: McGraw-Hill (1997) Número de páginas: 338 Site do Livro:www.growingupdigital.com

Quando a verdade esta nas crianças Eis algumas frases que Don Tapsott e a sua equipa seleccionaram entre as muitas que foram escutadas no âmbito do trabalho de investigação para o livro Growing Up Digital. São um retrato fiel dos valores e da cultura de uma nova geração. “Penso que a tecnologia mudou a forma dos adultos nos encaram. Agora tomam as minhas opiniões em linha de conta, porque percebem que eu posso saber algo que eles não sabem.” Kim Devereau, 16 anos “A tecnologia é uma coisa absolutamente natural para mim. O que me leva um minuto pode levar uma hora aos meus pais!” WWIII (masculino), 14 anos “Eu gosto da Internet porque é, sobretudo, uma forma de comunicação, de socialização e de fazer amigos por todo o mundo. E também uma maneira de me educar sobre coisas que me interessam.” Darla Crewe, 16 anos “Eu mudo a minha personalidade sempre que estou a cavaquear na Net. Isso é algo que não posso fazer, obviamente com os meus amigos no mundo real.” SPICEGIRLS (feminino), 11 anos, israelita “As pessoas na Net julgam-nos pelo que pensamos e pelas opiniões que damos. O tratamento na Net não é baseado na minha aparência, na forma como actuo, na forma como me visto, ou que cor tenho. Certamente que nem toda a gente gostaria de ser igual a mim, mas, pelo menos, na Internet, tenho a possibilidade de me afirmar como sou”. Neasa Coll, 14 anos “Não concordo de modo nenhum com os adultos quando lamentam que a tecnologia é nociva para nós e que está a ser introduzida demasiado cedo junto das crianças. Penso que nunca é cedo de mais para se entrada no mundo da tecnologia." Melissa Edwards, 15 anos “Cresci a jogar jogos que muita gente pensa que são violentos, e sinceramente não me afectaram em nada. Na verdade, eu penso até que estes jogos são uma escape para centroatl.pt/edigest/…/di0cap1.html

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aliviar as frustrações, evitando explodir violentamente no mundo real.” Dan Atkins, 17 anos “A Net transformou-me numa pessoa efectivamente mais influenciável pela publicidade ainda que muito mais exigente e menos conformista em relação ao que me querem vender.” Daniel Castillo, 14 anos “O que eles (os censores) não vêem é que o que é mau é uma milésima do que é bom na Net.” Austin Locke, 15 anos “Os que vão liderar uma revolução dos miúdos são todos aqueles que ganharam experiência (das novas tecnologias) entre os 5 e os 10 anos. São eles que amanhã tirarão o maior proveito deste boom da Net.” Jason Motylinski, 18 anos “A Net está provavelmente a mudar a natureza da nossa vida de crianças, porque nos abre claramente as portas do mundo." Lauren Verity, 16 anos

Leis da publicidade dirigida à nova Geração Eis algumas característica do perfil de consumo da geração Net que deverá ser tomada em linha de conta pelo marketing: Procuram ter o maior número de opções de compra. Odeiam ser forçados a limitações de escolha; Querem coisas mais personalizadas, ou seja, feitas à medida das suas preferências; Premeiam a capacidade das empresas corrigirem os seus erros de uma forma imediata e responsável; Desejam experimentar muitas vezes os produtos e serviços antes de os comprar ou de se fidelizar às marcas; Querem saber o que a tecnologia faz e não o que ela é. Preferem o conteúdo à forma; Exigem ser tratados como pessoas, não como números. São mais sensíveis ao marketing de relacionamento; Abominam os esforços de publicidade indesejados, ou seja, os que são inseridos nos conteúdos sem autorização do cliente.

Condensado de Growing Up Digital — The Rise of the Net Generation, de Don Tapscott © 1997 McGraw-Hill. Usado com permissão de McGraw-Hill (Nova Iorque). Adaptado por Jorge Nascimento Rodrigues. Don Tapscott é um dos gurus mais famosas da era digital. É canadiano, escreveu vários best-sellers caso de Paradigm Shif e deDigital Economy e dirige um grupo de consultoras a partir de Toronto (Canadá).

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