Ano XVII – N.º 32 – Maio 2003
A vitalidade marista
Capitulares refletem sobre o documento “Escolhamos a vida” Entrevista com o Irmão Luis García Sobrado
Queimar a vida para a nova humanidade
Ano XVII – N.º 32 – Maio 2003
Diretor: Ir. Lluís Serra Comissão de Publicações: II. Emili Turú, Maurice Berquet e Lluís Serra. Colaboradores: II. Séan Sammon, Luis García Sobrado, Théoneste Kalisa, Antonio Ramalho, Peter Rodney, Pedro Herreros, Emili Turú, Maurice Berquet e 57 irmãos capitulares mais. Tradutores: Português: II. João Fagherazzi, Roque Fritzen e Virgílio Balestro. Francês: II. Lucien Labelle, Aimé Maillet e Ernest Censi. Inglês: II. Joseph Belanger, Gerard Brereton, Mario Colussi, Eugene Dwyer, Patrick Sheils e Douglas Welsh. Espanhol: II. Miguel Ángel Sancha e Francisco Castellanos. Fotografia: II. Lluís Serra, Emili Turú e Maurice Berquet, Arquivo da Casa geral e de Províncias, Distritos e Setores.
pagína
3 4 6 10 11 12 14 16 18 20 22 24 25 26 27
Registro e estatística: Ir. Henri Réocreux.
28
Diagramação e Fotolitos: TIPOCROM, s.r.l. Via G.G. Arrivabene, 24 - 00159 Roma (Itália)
29
Redação e Administração: Piazzale Marcellino Champagnat, 2 C.P. 10250 00144 ROMA Tel. (39) 06 54 51 71 Fax (39) 06 54 517 217 E-mail: publica@fms.it Sede Web: www.champagnat.org Edita: Istituto dei Fratelli Maristi. Casa Generalizia – Roma. Imprime: C.S.C. GRAFICA, s.r.l. Via G.G. Arrivabene, 40 00159 Roma ( Itália) Foto da capa: grupo escultórico de Champagnat com crianças, do Colégio Marista Santa Maria de Curitiba, Brasil.
30 31
34 35 36 37 38
ÍNDICE Mãos à obra! Lluís Serra Carta a meus irmãos Seán Sammon Queimar a vida para a nova humanidade Entrevista com Luis García Sobrado Acertamos a transmissão? Juan Miquel Anaya Um rio com cinco afluentes Libardo Garzón art. 1-5 “Você deve ser a mudança que você deseja no mundo” Ronnie McEwan art. 6-16 Fidelidade criativa Théoneste Kalisa art. 17-21 1. Na fonte de água viva Antonio Ramalho art. 22-25 2. Atrair e preservar vocações Peter Rodney art. 26-30 3. Alarga o espaço de tua tenda Pedro Herreros art. 31-36 4. Lutando com Deus Emili Turú art. 37-40 5. Lavai-vos os pés uns aos outros Maurice Berquet art. 41.a Meios práticos para a vivência do Capítulo Carlos Wielganczuk art. 41.b Recomendações e pedidos (decisões) Antonio Giménez art. 41.c Co-responsabilidade Michael Hill art. 42.1 Prática pessoal do discernimento Joaquim Clotet art. 42.2 Comunicação de vida José Luis Ampudia art. 42.3 Proclamar a “Boa Nova” de modo criativo Robert Clark art. 42.4 Estar com os jovens para ter vida Raúl Figuera art. 42.5 Promoção Vocacional. As vocações e a vitalidade do Instituto Lawrence Ndawala art. 43.1 Comunidade de sonho! Bernard Beaudin art. 43.2 A espiritualidade apostólica marista no contexto católico asiático Ted Fernandez art. 43.3 Maria, mestra de vida Renato Guisleni art. 43.4 Trabalhando com a Igreja local Christian Mbam art. 43.5 Relações entre católicos e outras religiões Sunanda Alwis art. 43.6 O projeto da tu vida Ángel Medina art. 43.7 Projetos de vida social Demetrio Espinosa art. 43.8 Um estilo de vida simples Michael de Waas art. 43.9 Pobre entre os pobres Domingos dos Santos Lopes art. 43.10 MChFM, sinal de vitalidade Afonso Lewis art. 44.1 Conhecer a fundo: Dom, tarefa e encontro Hilario Schwab art. 44.2 Irmãos, discípulos de Emaús! Maurice Goutagny art. 44.3 Como Marcelino: com ternura e exigência Ernesto Sánchez art. 44.4 Atitude de discernimento comunitário Lauro Hochscheidt art. 44.5 Comunidade espaço de formação e de consolidaçaõ vocacional Ataide José de Lima
41
art. 44.10
42
art. 45.1
art. 44.9
art. 44.11
art. 45.2 art. 46.1
44
art. 46.2
45
art. 47.1
46
art. 47.3
47 48
art. 47.5
49
art. 48.2
50
art. 48.4
51 52 54 55
art. 48.6
56 57 58 59 60 62 63
art. 46.3
art. 47.2
art. 47.4
art. 47.6 art. 48.1
art. 48.3
art. 48.5
art. 48.7 art. 54 art. 50 art. 51
CARTA A MEUS IRMÃOS Escreve o Irmão Seán Sammon, Superior geral
QUEIMAR A VIDA PARA A NOVA HUMANIDADE Entrevista com o Irmão Luis García Sobrado
PÁGINA 6
art. 44.8
OS CINCO APELOS DO CAPÍTULO Os Irmãos Conselheiros gerais refletem sobre os cinco eixos da vida marista nos tempos atuais
AVANCEMOS JUNTOS Todas as decisões e recomendações do 20.º Capítulo geral são comentadas pelos Irmãos capitulares
PÁGINA 24
40
art. 44.7
Programas de Formação André Thizy Dar o salto da co-responsabilidade Pablo González Quanta vida pela frente! Samuel Holguín Experiência de comunidade: Irmãos-Leigos Henri Catteau Opção preferencial pelos pobres Adolfo Cermeño Semeadores de esperança, com sentido claro Gonzalo Santa Coloma Missão marista: um espírito, um documento Réal Cloutier Avaliem-se as obras apostólicas! Por que não o fazemos? Laurentino Albalá Novos caminhos de educação, de evangelização e de solidariedade Richard Mutumwa Novas presenças Claudino Falchetto Disponibilidade dos Irmãos Pedro J. Wolter Integração pessoal e sentido comunitário Nicolás García Identidade Marista Óscar Martín Imagine... Leo Shea Formação compartilhada Josep Maria Soteras No pensamento e ação: a reciprocidade Gilles Ouimet Comunicar vida Antonio Martínez Reflexões sobre a espiritualidade André Lanfrey Aposta para gerar vida Mariano Varona Formação de animadores Primitivo Mendoza Escolhendo a vida em oração Henry Spinks Uso evangélico dos bens John Thompson Encontrar o seu equilíbrio caminhando Maurice Taildeman Deslocamento e novas presenças Miquel Cubeles Caminhar com esperança Thomas Chin Sejamos criativos para sermos mais fiéis Rodrigo Cuesta Tenha um sonho Onorino Rota Reviver a experiência capitular em nossas unidades administrativas Eduardo Navarro Para aprofundar o documento Afonso Murad Uma palavra de Deus para mim hoje Jean Ronzon “Fazei tudo o que ele vos disser” – “Sim, mãe!” Fergus Garrett Estatística geral do Instituto a 31 de dezembro de 2001 Irmãos que fizeram a primeira profissão no ano 2001 Irmãos que fizeram a profissão perpétua no ano 2001 Irmãos falecidos durante o ano 2001
PÁGINA 4
art. 44.6
PÁGINA 12
39
SUMÁRIO
PÁGINA 56
ÍNDICE
pagína
PAUTAS PARA APROFUNDAR O DOCUMENTO DO CAPÍTULO
A vida como presente
O
s presentes não se merecem, se aceitam. A criança, acolhida amorosamente nos braços de sua mãe, salpicada por um repuxo de água, acaba de receber o dom da vida. Entendendo-se a vida como conquista, a luta e a competitividade aparecem de imediato. A falta de solidariedade é sua primeira conseqüência. Sendo a vida um presente, buscaremos ser dignos do dom recebido e saberemos dar gratuitamente o que recebemos gratuitamente Temos em nossas mãos o dom da vida marista, iniciada por são Marcelino e continuada por tantos milhares de Irmãos, e mais recentemente por numerosos leigos, homens e mulheres. Vivê-lo a fundo é nossa prova de reconhecimento e entrega. Muitas crianças e jovens, especialmente pobres e necessitados, estão esperando a mão de educadores e apóstolos para receber em sua vida o presente do amor. Como Jesus, nosso caminho, verdade e vida, poderemos dizer “vim para que tenham vida e para que a tenham em abundância” (Jo. 10, 10). Escolher a vida significa descobrir em nossa interioridade o presente do amor de Deus e querer partilhá-lo com fraternidade, implica comprometerse em dar acolhida a todos os sinais de vida, de maneira especial ás pessoas, nos impulsiona a dar sentido à nossa existência e a encontrar respostas concretas a necessidades reais. Como Jesus, como Maria, como Marcelino.
Maio 2003
3
O documento do 20.º Capítulo geral “EsIr. Lluís Serra colhamos a vida” é objeto de reflexão moDiretor nográfica deste número da FMS Mensagem. O tempo da novidade transitou e agora nos adentramos no aprofundamento e aplicação da referida mensagem capitular. A novidade consistiu em apresentar um único documento, que integra as diferentes linhas capitulares; um documento breve, que concentra a mensagem na simplicidade do essencial sem esquecer que o carisma marista é vivido em complexos cenários; um documento chave, que aponta o nó górdio da vida consagrada, isto é, a Jesus Cristo como fonte de água viva, e não se deixar levar pela preocupação urgente da sobrevivência da instrução marista; um documento vital, que não dá as costas ao clamor das crianças e jovens, especialmente os pobres e excluídos; um documento programático, que faz descer ao terreno da realidade dos apelos ouvidos e propõe avançar juntos na hora de oferecer respostas audazes; um documento marista, que aprofunda suas raízes nas fontes da espiritualidade apostólica e enfrenta o desafio de uma missão sempre atual. A transformação da realidade depende, com o auxílio da graça, de pessoas que agem em função de profundas convicções e que se lançam na vida por elas. A pessoa de Cristo é o referencial básico sem o qual o Instituto Marista seria apenas uma multinacional da educação ou uma ONG de amplo alcance. Ler e interpretar o documento fora desta perspectiva o afasta da intenção de seus autores, já que se trata de uma opção pela vida a partir da consagração religiosa no sentido de comunidades renovadas. O olvido deste elemento específico nos levaria a pensar na referência evangélica sobre o sabor insípido do sal (Mc 9, 50). O futuro da vida marista pode oferecer segurança se edificado sobre rocha (Mt 7, 24), isto é, se sua espiritualidade se fundamenta no seguimento de Cristo do jeito de Maria e se sua missão, assumida em comunidade, se orienta para o serviço às crianças e jovens, especialmente pobres e excluídos. Todo o resto, como obras educativas, novas presenças, planejamentos complexos, tecnologia de qualidade, recursos informáticos...são realidades adjetivas. Sua função é acompanhar o substantivo para torná-lo mais acessível mas não para o contradizer. A atitude chave para levar a bom termo esta tarefa subjacente no documento capitular é o discernimento. Hoje os campos de nossa atuação apresentam tal complexidade que para nada servem as respostas simplistas. A diversidade de situações e de culturas justificam uma ponderação na inculturação das mensagens, sempre que se combine em nosso caso com a unidade do carisma de são Marcelino, um coração sem fronteiras. Um carisma que não reduz seu espaço às comunidades maristas mas que se abra aos leigos, homens e mulheres que sentem e vivem as intuições espirituais, pedagógicas e pastorais de Champagnat. Por isso, os capitulares propõem que caminhemos juntos para o futuro, cuja garantia está principalmente na Palavra de Deus. Todas as colaborações estão a cargo dos Irmãos capitulares. Suas contribuições integram um amplo espetro temporal, já que da primeira à última transcorreram vários meses. Repassa-se assim integralmente o documento dando particular importância aos cinco apelos, desenvolvidos cada um por um Conselheiro geral, e as medidas práticas. Para a leitura desta revista, convém dispor ao lado do documento capitular, que não incluímos para não sobrecarregar esta publicação que o leitor tem em mãos. O documento conclui com esta frase de ressonâncias bíblicas e do Novo Millennio Ineunte: “Irmãos, depressa, mãos à obra, lancemos as redes!” Nela se vê o espírito de Maria de Nazaré que, depois do anúncio do anjo, “foi à montanha apressadamente, a uma cidade de Judá” (Lc 1, 39) para ajudar sua prima Isabel. O discernimento necessita tempo mas não justifica dilação. ✦
A PESSOA DE CRISTO É O REFERENCIAL BÁSICO SEM O QUAL O INSTITUTO MARISTA SERIA APENAS UMA MULTINACIONAL DA EDUCAÇÃO OU UMA ONG DE AMPLO ALCANCE.
Editorial
MÃOS À OBRA!
4
FMS Mensagem 32
CARTA a meus irm Sem dúvida, vocês já firezados Irmãos e zeram o caminho de volta, tornando a ler algum todos os que amam o livro pela segunda vez. carisma de Marcelino Por certo não tardaram em reencontrar o prazer Champagnat da história, com as suas personagens, rememorando tantos detalhes da ficção ou da biografia em tela. Ainda que um ano ou mais tenham passado desde a primeira leitura, à medida que o seu olhar rastreia as páginas do livro, a memória para logo retoma o prazer que o livro lhes deu na sua leitura inicial. Ademais da satisfação de tornar a gastar tempo com a história favorita ou o desfile das personagens, que algo mais motivaria algum de nós a ler um livro pela segunda ou terceira vez? A surpresa vem com o reencontro de algo novo, algum detalhe que antes não se notou ou aspectos da história antes não percebidos e que agora dão nova dimensão à narrativa. Se você saboreou esta experiência, há de perguntar-se: Como foi que perdi este ponto da história na primeira leitura? Esta edição de Mensagem visa a que nós, Irmãos Maristas, retornemos ao nosso XX Capítulo geral. Visitemos de novo o encontro de Roma, ocorrido em setembro e começo de outubro de 2001, com mais de uma centena de Irmãos e um
P
Testemunhos do amor incondicional de Deus
grupo de leigos como observadores. Um processo de discernimento foi utilizado para conduzir o encontro. Os membros do Capítulo emitiram uma Mensagem escrita, no término dos seus dias de oração e deliberação. Na presente edição de Mensagem, voltamos a visitar aquela reunião exatamente pelas mesmas razões pelas quais, na comparação acima, retomaríamos a leitura do livro. Apreciar tudo o que havíamos aprendido então, mas também descobrir muita coisa que nos passou despercebida. O Capítulo Geral é tempo especial de graça para qualquer Instituto. O nosso XX Capítulo geral marista não seria exceção à regra. Naturalmente, este Capítulo se parece com outros precedentes, de muitos modos. As eleições dos deputados ao Capítulo, por exemplo, transcorreram como no passado. Durante o próprio desenrolar dele, Comissões foram formados, orações foram organizadas e rezadas, conversações mantidas, debates conduzidos, votos tomados, a nova Administração geral eleita e, no seu final, uma Mensagem escrita foi difundida. Sim, houve tantos aspectos do nosso XX Capítulo geral que se parecem com aqueles que já se foram. Ainda assim, o nosso XX Capítulo geral não deixou de diferençar-se dos precedentes encontros da sua espécie, em número significativo de aspectos. E este fato tem a sua razão de ser. Não chega a representar surpresa para ninguém que a vida religiosa está enfrentando momentos difíceis em muitas partes do mundo hodierno. Em alguns países, as vocações escasseiam. Em outros, escândalos na Igreja abalaram a confiança de muitas pessoas. Em outros, a identidade da vida religiosa não se mostra tão nítida como no passado. Muitos jovens que olham para a vida religiosa hoje dizem-nos que as crises profundas que ela enfrenta dizem respeito ao sentido e à espiritualidade. Eles nos confessam que nos tornamos invisíveis na sociedade em que vivemos e formulam esta perturbadora pergunta: Hoje a vida religiosa faria alguma diferença? O nosso XX Capítulo geral enfrentou tais preocupações seriamente. Na sua Mensagem final, aqueles que participaram timbraram por afirmar
mãos isto: Tomem Jesus como centro da sua vida. Ele constitui a base sobre a qual tudo o mais deve ser construído. Esclareçam a sua identidade como Irmãos e como leigos maristas, de modo que possam partilhar melhor, mais honestamente e com maior profundeza a sua experiência da espiritualidade de Marcelino, isto é, a nossa Missão marista, para trabalharmos juntos na formação em marcha. Coloquem-se entre os Montagnes de hoje. Sim, vocês devem estar presentes entre os mais pobres e os mais marginalizados dos jovens. E formem comunidades, onde o perdão seja um hábito e a reconciliação não constitua estranheza. E façam tudo isso nas pegadas de Maria. O nosso XX Capítulo geral Marista convida-nos todos a unirmo-nos numa revolução do coração. Caso nos tenhamos afastado da primeira formulação do convite, esta edição de Mensagem torna a fazê-lo uma vez mais. Abençôo-os afetuosamente.
5 Ir. Seán Sammon, Superior Geral
O Irmão Seán com Irmãos jovens, em Manila.
TOMEM JESUS COMO CENTRO DA SUA VIDA. ELE CONSTITUI A BASE SOBRE A QUAL TUDO O MAIS DEVE SER CONSTRUÍDO.
Depressa! Mãos à obra! Lancemos as redes! DC, 51
Superior Geral
Maio 2003
6
LUIS GARCÍA SOBRADO
FMS Mensagem 32
Queimar a vida para a nova humanidade Entrevista com o Irmão Luis García Sobrado, Vigário geral O 20.º Capítulo geral é já um fato histórico. Suas conclusões constituem um desafio para que os Irmãos maristas e seus colaboradores as traduzam em realidade aqui e agora. Com uma perspectiva de tempo, se analisam nesta entrevista os temas principais do documento “Escolhamos a vida”. Ir. Lluís Serra
Os jovens buscam um centro em sua vida
á aproximadamente um ano, deu-se o encerramento do 20.º Capítulo geral que apostou na vitalidade. Que avaliação fazes deste primeiro ano do Instituto Marista?
H
Terminamos o Capítulo no dia 13 de outubro de 2001. Outubro e novembro foram meses de transição para os membros do Conselho geral: alguns eram provinciais, outros responsáveis por obras ou projetos. Necessitamos de uns dois meses para encontrar os novos responsáveis. Em se-
guida iniciá-los em suas novas tarefas. Dezembro de 2001 e janeiro e fevereiro de 2002 foram meses de aperfeiçoamento de línguas, uns aprendendo o inglês e outros o espanhol. Quando nos reunimos em março para as primeiras plenárias do novo Conselho geral todos entendíamos o inglês e o espanhol, e todos nos comunicávamos em inglês ou em espanhol. Durante a primeira sessão plenária de março e abril de 2002, fizemos um esforço deliberado para desenvolver um espírito forte de comunidade. Elaboramos um Plano de Vida Comunitária de uma dezena de páginas. Está funcionando. Partimos desta plenária com plano claro de ação e um calendário detalhado, até a Conferência geral de setembro de 2005. Fizemos a primeira visita a todas as Unidades Administrativas e a primeira visita ‘’forte’’ a todas as unidades da África. Entretanto acompanhamos os processos de reestruturação, assistindo a reuniões e capítulos que julgamos particularmente significativos. Já temos a primeira circular rascunhada e poderia acrescentar um longo adendo. Foi um ano muito bem empregado.
O
documento capitular “Escolhamos a vida’’ foi a herança que o Capítulo nos deixou. Não te parece que é resultado muito pobre em
se tratando de 118 capitulares que trabalharam durante 40 dias de encontros? A idéia de produzir um só documento capitular foi decisão do próprio Capítulo. Qualquer um que tenha lido os boletins que descreviam o trabalho dos capitulares, dia-a-dia, ser-lhe-á fácil dar-se conta do tipo de reflexão e a atividade intensa desses quarenta dias. O livro das Atas do próprio Capítulo tem163 páginas de conteúdo profundo, com muitos subsídios e reflexões das comissões, dos grupos de trabalho, dos grupos de discernimento e também de diversos Irmãos, como o discurso profundo e equilibrado de inauguração de Benito e o discurso tão rico em intuições e em análises da experiência do Capítulo que nos deu Seán. Foram 40 dias intensos. O documento capitular quis ser uma mensagem clara, cheia do calor da fraternidade; procura tocar o coração dos Irmãos e, por meio deles, o dos leigos maristas; é um claro chamado à santidade, a uma transformação pessoal, como também o de nossas comunidades e obras apostólicas, a partir do encontro profundo e apaixonado de Jesus Cristo. Era importante que esta mensagem não se diluísse em muitos outros papéis, mas aparecesse claramente como “ o documento do 20.º Capítulo geral”.
7
Maio 2003
ENTREVISTA procuram ansiosamente um modo mais feliz de viver e um sentido para suas vidas. Esta deslocação global de massas nos remete necessariamente à multiculturalidade e à internacionalidade, com nova visão de realidades tão profundas, como são as relações interpessoais, as religiões, o ecumenismo, a família, a própria maneira de ser homem ou de ser mulher.
A Momento da entrevista no gabinete do Vigário geral
e acordo com o que dizes, parece que, na vida religiosa e na própria Igreja, existe uma inflação de textos e normas. Trata-se, então, de criar pautas mínimas e pôr em destaque a vida e a transformação da realidade? É assim?
D
Não estou de acordo com esta avaliação. Minha mãe escrevia-me uma carta cada semana. Às vezes me contrariava, pois me obrigava a encontrar tempo para responder-lhe. Agora revejo aquelas cartas como expressão de ternura e de amor. Muitas vezes motivaram minha reação, em mais de uma palestra que dava aos escolásticos. Elas me ajudaram a superar alguma crise. Qualquer texto, inspirado numa necessidade concreta e no amor fraterno, produz bons frutos. Já estão chegando repercussões da carta que Seán acaba de escrever aos seus Irmãos. Ajudou a mais de um a encontrar a paz e sabedoria numa situação de discernimento. Por trás deste tipo de escritos há muitas horas de oração, de reflexão, de cansaço, horas tardias da noite e horas matutinas desde a aurora. São um exercício concreto do amor fraterno. Enfim, não creio que a produção de textos nos traga prejuízo. O importante é que este texto se inspire na sabedoria e no amor que provém
de Deus. Então são como brasas, que despertam o fogo adormecido de nosso fervor. O documento do Capítulo encerra muito amor e responde a necessidades concretas do coração do marista de hoje.
Q
uando olhas para o mundo de hoje, que vês?
Na minha opinião, o fenômeno mais transformador deste começo de século é a urbanização-emigração. É um fenômeno composto. Estamos nos estágios finais do processo de urbanização da humanidade. A África, o último continente rural, urbaniza-se em um ritmo jamais experimentado antes na História. Este fenômeno de urbanização prolonga-se num fenômeno socialmente inquieto e inexorável de emigração que apenas começou. É continuação e, até certo ponto, conseqüência da formação das megápoles dos anos 60, 70 e 80; junto com a revolução da tecnologia das comunicações nos põe a todos num novo modo de ser e obriga-nos a múltiplos relacionamentos. Nasce então o jovem global: em Mwanza, junto ao lago Vitória, na Tanzânia, ou em Fidji, ou em São Paulo, ou em Nova Iorque, ou em Madri ou em Seul. Os jovens utilizam os mesmos vídeos, vestem-se da mesma maneira e acabam por não confiar nem nos políticos, nem nas autoridades. E todos
nte a diversidade de campos e tarefas apontadas, não é possível que se atenue o perfil da missão marista aqui e agora, de tal maneira que não se saiba bem para que servirá um Irmão marista?
Tua pergunta toca um tema central de nosso último Capítulo, isto é, a missão. Para que servimos nós, maristas, hoje? As origens da AT & T (uma das Companhias de maior êxito na história da telecomunicação) começam com una nova visão sobre o futuro das ferrovias da América do Norte. O Conselho dividiu-se em dois: os que vislumbravam o futuro da sociedade como uma produção sempre maior e melhor de ferrovias e de trens; e os que viam o futuro como um salto de qualidade: “o futuro não é questão de transportes, é questão de comunicações”. Os transportes nada mais são que um meio entre muitos outros de comunicar pessoas e cidades. A missão marista é a educação dos jovens. A escola e a forma de trabalhar nesta escola são um meio, entre muitos outros. O importante é empregar toda a vida para contribuir, de modo significativo, na educação da nova humanidade, a nova sociedade, sociedade fundamentalmente urbana, global , profundamente secularizada. O 20.º Capítulo geral foi além, na minha opinião: identificou a educação marista como uma missão de evangelização. Desta identidade resulta a diversidade como um elemento importante da procura marista de nossa forma corporativa de ser evangelho para os jovens e para a sociedade do século XXI.
8
LUIS GARCÍA SOBRADO
FMS Mensagem 32
O
Capítulo define o primeiro apelo assim: “Centrar apaixonadamente nossas vidas e nossas comunidades em Jesus Cristo, como Maria. E, para isto, pôr em prática processos de crescimento humano e de conversão”. Quais os processos que podem facilitar que Jesus Cristo seja verdadeiramente o centro da vida de um irmão, já que parece ser um ideal muito elevado?
Considero esta pergunta, uma vez mais, voltada para a necessidade de crescer em nossa identidade. Se a pergunta anterior procurava definir o “para que servimos nós, os maristas, hoje?”, esta nos convida a responder à pergunta: “que é que dá sentido, hoje, a nossas vidas?”, e refere-se tanto aos indivíduos quanto às comunidades maristas. Encanta-me a autodefinição de Jesus no Evangelho de Mateus: “Vinde a mim. Sou manso e humilde de coração”. Seán nos está repetindo continuamente que nossas comunidades não se renovarão a não ser que entremos profundamente num processo de reconciliação e de conversão pessoal e institucional. Estamos no coração da espiritualidade marista, necessariamente apostólica. Acredito que, como instituição, estamos entrando lentamente neste processo de crescer na bondade profunda do coração e na humildade de quem se sente radicalmente dependente de Deus. Maria é o caminho e a inspiração para chegar a esta experiência de Jesus bom e humilde. Esta experiência transformadora vai-se realizando no serviço modesto dos mais necessitados – deles aprendemos a humildade e o sentido da providência. Ao mesmo tempo vamos-nos transformando em diálogo humilde – compartilhando nossas feridas – com os irmãos. Não há cura, nem conversão sem esta interação profunda da comunidade, na aproximação dos necessitados, na comunicação humilde de nossa experiência de Jesus.
Abrir o Instituto à multiculturalidade e à internacionalidade
H
á muita literatura e muitos discursos sobre a espiritualidade e a missão partilhadas com os leigos. De concreto, existem realizações que nos indiquem que estamos indo por caminho seguro?
Nós, os maristas, temos nossa forma, que eu chamaria de carismática, de funcionar. Creio que se deve respeitar esta “natureza” marista; do contrário, corremos o risco do “recusa carismática”, como o corpo que rejeita um membro transplantado. Como membro do Conselho geral, encontreime pelo menos em três ocasiões diferentes, tanto com os Irmãos de La Salle, como com os Marianistas e também com os outros Institutos maristas. Sempre acabamos falando dos seculares lassalistas, dos seculares marianistas, dos seculares da Ordem Terceira Marista. Os Irmãos de La Salle, assim como os Marianistas, evoluíram para o que são agora a partir de um grupo inicial de fundação puramente secular: um grupo de seculares animados por um sacerdote e a serviço da educação e da evangelização, de preferência dos jovens. A Terceira Ordem – associação com-
posta de leigos – apareceu no projeto de fundação dos fundadores maristas. Os Irmãos maristas não: não começaram a partir de um grupo de leigos, não foram contemplados como parte da fundação marista. A Marcelino, finalmente, lhe disseram: “já que te parecem tão importantes, ocupa-te tu de fundar Irmãos”. Nascemos como um instituto religioso, com votos religiosos, desde o começo. Não temos raízes “seculares”. Então, estamos dando os primeiros passos, tratando de encontrar nosso caminho neste apelo profundo que ouvimos de todas as partes, para partilhar o carisma marista com os leigos. Há muitas experiências. O jeito do Irmão marista sempre cativou muitos professores, muitas pessoas que colaboraram ou estão colaborando conosco. O fenômeno das “irmãzinhas” creio que é ilustrativo: sentem-se cativadas por nosso carisma e não conseguem identificar-se com o carisma das Irmãs maristas, por exemplo. As formas que estão sendo ensaiadas um pouco por toda a parte vão desde o viver em comunidade com um grupo de jovens, de partilhar a vida e a missão com casais cheios de zelo apostólico, até muitas outras formas de grupamento e colaboração mais ou menos
9
Maio 2003
formal. É importante criar canais de participação na espiritualidade e missão do Irmão marista. Deixar que a prática nos vá ajudando a encontrar o que Deus quer que sejamos para os leigos e com eles. uitos irmãos, por idade, estão afastados das crianças e dos jovens. Como podemos vencer esta distância existente para que se produza aproximação e diálogo?
M
A idade não é obstáculo ao relacionamento com Jesus, é convicção minha e profunda. Quando eu era diretor do Escolasticado de Nairóbi, o irmão José Ronzon, de Beaucamps e S. Genis, com seus setenta e tantos anos, veio para ajudar-nos por alguns meses e para aperfeiçoar seu francês. Depois ficou por mais dois anos, atendendo a um pedido dos escolásticos, O irmão José Ronzon tornou-se um dos irmãos de maior influência positiva nos escolásticos: escutava-os com grande compaixão e ajudava-os a superar suas dificuldades. Ao mesmo tempo, vinha ter comigo regularmente, para ter certeza de que o que estava fazendo não interferia nos processos de formação. Um irmão de idade, bom e sábio, é uma jóia em qualquer lugar. Freqüentemente um irmão de idade avançada já conseguiu desenvolver a arte da relação interpessoal. Os jovens sentem tais presenças como um dom enriquecedor, para o qual se abrem com confiança. Pergunto-me se não é isso que os irmãos jovens, os professores e professoras, os alunos e as alunas, os meninos de rua em muitas de nossas instituições e as pessoas procuram com maior anseio: pessoas boas e sábias que lhes façam sentir a presença de Deus.
este fato pode ameaçar a inculturação e provocar dispersão de energias? A reestruturação, tal como foi organizada entre nós, já produziu um fato evidente: ajudou a muitos Irmãos e a muitos leigos maristas a encarar nossa vida e missão além das fronteiras provinciais e, na maioria dos casos, mais além das fronteiras nacionais. Esta realidade, em si, já é exercício de conversão que facilita a vitalidade. Preparar o Instituto Marista para o século XXI significa, entre outras coisas, abri-lo estruturalmente à multiculturalidade e à internacionalidade. A Antropologia cultural mostra-nos que não se dá verdadeira inculturação, que é o enriquecimento e desenvolvimento da própria cultura, sem correr o risco de entrar num diálogo vital com outras culturas: é o princípio das “missões culturais”. Estou convencido de que um elemento necessário para a estabilidade é esta abertura da comunidade marista para a multiculturalidade na vida diária.
S
eán e tu formais boa dupla, complementada pela equipe do Conselho geral.
A
credita que a reestruturação vá beneficiar a vitalidade do Instituto, levando em conta que as áreas geográficas são maiores e que
Seán e Luis, uma dupla ao serviço do Instituto
ENTREVISTA Onde porias o acento na ação de animação e de governo que compondes? Que podemos esperar de vós nestes próximos anos? Uma de minhas crescentes convicções é que a Virgem nos dará os líderes de que necessitamos em cada momento histórico de nosso caminhar institucional. Seán chega na hora certa para este começo de século XXI. É um mestre na arte das relações interpessoais, escritor de qualidade, grande comunicador, com capacidade de trabalho que parece inesgotável. Trabalhar com ele é desafio constante; porém, ao mesmo tempo, representa convite ao diálogo respeitoso, ao trabalho de equipe ou, melhor ainda, ao trabalho comunitário. Está ajudando-nos, tanto a mim quanto aos conselheiros, a formarmos comunidade e a realizar nosso trabalho de animação e governo em comunidade. Talvez seja isto o que o Instituto espera de nós, isto é, que sejamos um Conselho unido, que trabalha em equipe, e feliz por sermos Irmãos entre Irmãos. Quanto ao resto, que Jesus, Maria e Marcelino nos inspirem a fidelidade criativa de cada hora.
Ir. Juan Miguel Anaya Província de Bética, Espanha
Apresentação
Acertamos a transmissão? Desde o início o 20.º Capítulo geral mostrou-se preocupado em como transmitir e partilhar com todo o mundo marista a rica experiência da fraternidade, discernimento e presença do Espírito que se vivia em Roma. A resposta óbvia era manter uma comunicação freqüente (é preciso agradecer a comissão de comunicação e os responsáveis da página web) e a redação de alguns documentos oficiais próprios do Capítulo. Numeroso grupo de pessoas manifestou nas pesquisas prévias seu desejo de que os documentos produzidos pelo 20.º Capítulo fossem simples, estimulantes e poucos. O Capítulo votou, atendendo este pedido e outras razões, a elaboração de uma única mensagem. A mensagem foi redigida pelos Irmãos Fergus Garrett, Eduardo Navarro, Jean Ronzon e Afonso Murad, integrando as contribuições das cinco comissões criadas pelo Capítulo geral. Os critérios que orientaram a redação foram a adoção de um estilo epistolar, o estímulo à coragem e esperança, a vontade de estimular a vida e a continuação da linha das mensagens dirigidas ao mundo marista pelos outros Capítulos. A redação dirige-se aos Irmãos, ainda que os conteúdos afetem a todos que se sentem herdeiros
da experiência espiritual de Champagnat. O Irmão Óscar Martín redigiu, por incumbência do Capítulo, uma mensagem bem mais breve dirigida aos leigos que partilham o carisma de Marcelino. Estes meses foram um momento de perguntar-se se “Escolhamos a vida” está contribuindo para gerar nova vida e celebrar, partilhar e acolher a vida que já existe nas pessoas, comunidades, grupos.
Ir. Libardo Garzón Duque Província de Nor-Andina
Um rio com cinco afluentes O acontecimento capitular foi um dom do Espírito Santo para nosso Instituto e para todos aqueles com quem partilhamos nossa vida e missão. Um dom não só pela multiplicidade de procedências e de culturas, mas fundamentalmente pelo espírito de fraternidade, de oração e de discernimento que impregnou a vida cotidiana desses dias na Casa geral. O método de trabalho adotado permitiu sentirmo-nos na busca sincera da fidelidade aos apelos do Senhor, de são Marcelino e dos destinatários de nossa missão. Assim surgiu a proposta de aprofundar cinco núcleos fundamentais, para onde convergiram as inquietudes e expectativas do Instituto representado pelos Irmãos e leigos participantes.
As cinco comissões responsáveis pelos temas foram elaborando um único documento repassado de vigor e desafios, simples em sua expressão, mas profundo em seu conteúdo, o qual nos convida a centrar nossa vida em Jesus Cristo como fonte de água viva, vivendo em comunidades renovadas e criando espaços de fraternidade; a ampliar nossos horizontes, ao mesmo tempo que nos alicerçamos em nossa identidade de leigos e de Irmãos; a caminhar juntos na proximidade das crianças e jovens mais pobres, sendo audaciosos em nossas respostas; e por fim, a consolidar estruturas de animação e governo em todos os níveis. Como os rios, que são alimentados por seus vários afluentes, assim a vitalidade do Instituto será possível graças à força com que cada um de nós assumir estas opções apresentadas pelo 20.º Capítulo geral, expressão do amor de Deus para conosco hoje.
Ir. Ronnie McEwan Província da Europa Centro Oeste
“Você deve ser a mudança que você deseja no mundo” Mahatma Gandi Um Capítulo geral é tempo para recordar que não estamos apenas colocando tijolos ou construindo paredes. Recorda-nos que
devemos construir catedrais. Com o objetivo de assumir a mensagem do 20.º Capítulo geral: “Escolhamos a vida”, nos comprometemos com a construção da “comunhão de Maristas santos”. É esta a nossa catedral. Ao referir-me à comunhão de Maristas santos, eu estou falando da comunhão de santos vivos, que são agraciados com o espírito marista vindo de Deus. Isto não diferencia um Irmão Marista ou uma pessoa leiga marista. Considero-me um colocador de tijolos, um construtor de paredes ou alguém que constrói uma catedral? O Capítulo me desafia a procurar vida nas coisas sagradas. Isso significa: escuta verdadeira sem permitir-me distração alguma. Escolhemos o slogan “um coração sem fronteiras” como tema da Canonização. Estamos nós preparados para ir além das fronteiras da nossa compreensão de comunidade? O que significa escolher vida na maneira de rezar? Nossas maneiras de rezar devem continuar assim? Construir catedrais e escolher vida pode parecer fantasioso, impossível e por demais ambicioso. Consolo-me com as palavras de um poeta persa, Rumi, dizendo que é uma honra ser gota no oceano. Permanecer uma gota é permanecer vulnerável a toda espécie de perigos; ser oceano é adquirir a força final da junção. Minha esperança é de que o Capítulo será uma inspiração e um passo para frente, para cada um de nós, deixando passar nossa “gota” graciosamente, de maneira que possamos nos tornar um oceano de maristas santos.
Apresentação
11
Maio 2003
FIDELIDADE CRIATIVA
12
FMS Mensagem 32
Fidelidade criativa A espiritualidade que Champagnat nos legou eguir Jesus como apresenta Maria como moMaria o fez” constitui o delo no seguimento de JeEsta espiritualidade centro da primeira parte sus. nos dá um ponto de vista da Mensagem do 20.oº a partir do qual observaCapítulo geral. Esta mos o mundo. Constitui o conteúdo a partir do qual pequena seção ilumina e criticamos e avaliamos dá sentido a todo o nossa vida hoje. É também a fonte que renova o viço documento. e permite que sejamos fiéis e criativos para reformular e transformar nossa vida e apostolado. Champagnat chegou a Jesus imitando Maria e caminhando com ela. Os incidentes de sua história pessoal e a atualidade de seu caminho espiritual reavivam nosso entusiasmo.
“S
CONTRADIÇÃO
Sigamos a Jesus como Maria e com ela
As contradições de nosso mundo são numerosas e profundas. Com elas nos deparamos cotidianamente na prática do nosso apostolado. Entretanto não nos detenhamos sobre elas. Procuremos ver o que Deus nos quer dizer por meio delas. Ser marista consagrado hoje significa transformar as contradições do mundo em apelos de Deus. Jesus é o nosso paradigma perfeito. Ele passou neste mundo para nos dar um sentido novo à realidade que encontrou. Seu sermão das bem-aventuranças é o exemplo flagrante de
sua visão. Ser Irmão marista hoje é adotar este novo olhar que Jesus tinha do mundo. As contradições que ora percebemos devem ser para nós como lugares onde Deus se manifesta e nos convida a participar de seu plano sobre o mundo. A vida de Jesus e de sua Mãe nos mostram que é nas distorções deste mundo que Deus se manifesta. Revelando certo número de contradições de nosso tempo, a mensagem do Capítulo geral nos mostra os lugares onde Deus nos chama e nos interpela. Neste tempo pós-capitular, a resposta consistirá em ter uma atitude de discernimento contínuo na atualização das decisões e orientações.
SINAIS DE ESPERANÇA A Igreja hoje muito enfatiza a virtude da esperança. Nosso Capítulo geral soube ler este sinal dos tempos e partilhá-lo com todo o Instituto. A sua mensagem é mensagem de esperança. Confirma-o a ordem: ”Escolhamos a vida”. Na mensagem, os sinais de esperança surgem como indicativos que Deus põe em nosso caminho para nos mostrar sua presença. Eles nos encorajam, alicerçam nossos esforços e enriquecem nossa reflexão. Os sinais de esperança que a Mensagem do Capítulo geral apresenta nos comprometem com um discernimento profundo. Sua natureza é própria para nos ajudar a nos questionar, a manter o olhar dirigido para o futuro e agir com confiança e otimismo. Entretanto, para serem luzes em nosso caminho, estes sinais devem ser evangelizados e purificados de suas ambigüidades que os podem acompanhar. O Capítulo geral é ponto de partida de um trabalho sério e estafante.
QUANDO OS SINAIS DE ESPERANÇA SE ENTRECRUZAM COM AS CONTRADIÇÕES DO MUNDO Quando os sinais de esperança se entrecruzam com as contradições deste mundo, a ação evangelizadora do consagrado tem papel insubstituível. Ela intervém para que o bem adquira sua dimensão total, isto é, o cumprimento do plano de Deus. O consagrado testemunha que o mundo não pode ser construído, desenvolver-
Maio 2003
13
se e estruturar-se sem Deus. Seria uma contradição. Por exemplo, a resposta do mundo de hoje às injustiças e desigualdades é a solidariedade internacional. Nesta resposta, o consagrado intervém em vários níveis. Ele afirma a dignidade humana em nome de Jesus, ele contribui no esforço da solidariedade material e, de forma insubstituível, trabalha para humanizar a solidariedade, dando-lhe a dimensão evangélica. A Mensagem do Capítulo geral nos recorda também que 110 milhões de crianças não têm acesso à educação de base. É uma desafiante interpelação para nós. Porém esclareçamos nossa ação específica. Existem grupos internacionais de ação em favor da educação e que são sinais de esperança. Nós os integramos e neles colaboramos. Contudo recordemos que nossa função específica nos vem de um carisma do Espírito Santo. Assim nenhum aspeto particular, seja qual for sua urgência ou importância, pode exaurir nosso objetivo. Nosso desafio educativo será sempre o projeto de Deus sobre a pessoa por educar. Nossa ação apostólica traz a marca de nossa identidade. Trata-se de vislumbrar o mundo como Maria o viu, com olhar renovado, com o olhar de Jesus.
SEGUIR A JESUS COMO MARIA E COM ELA Um aspecto da pessoa de Maria nos fala hoje. Trata-se de sua abertura e entusiasmo diante do desconhecido, vindo de Deus: “Como é que vai ser isso? Faça-se em mim segundo tua palavra! Meu espírito exulta em Deus”. Ante os desafios do Instituto nós nos pergun-
Presença dos Irmãos entre os jovens
tamos também: como se fará isso? Jesus quer a colaboração de cada Irmão para realizar as maravilhas no Instituto e por meio dele. O olhar com que ele fita cada um é penetrante e cheio de amor. É vivificante para os corações abertos, simples e generosos; mas ele pede uma resposta livre, e nós podemos lhe opor a resistência de nosso egoísmo. O Capítulo geral nos convida a responder como Maria: dizer “Sim” a Deus, olhar o futuro com fé e otimismo e comprometer-nos com entusiasmo na transformação do Instituto tanto na sua vida e suas estruturas internas como na sua missão ad gentes.
CONCLUSÃO Este tempo pós-capitular é tempo de graças para o Instituto. A visão que temos do mundo, da Igreja e do Instituto deve ser uma visão com marcas de renascimento. A palavra de ordem do Capítulo geral “Escolhamos a vida” é profética. A vida nova é sempre novidade radical. É incógnita cheia de esperança. Pode-se crer que as questões novas surgirão e que exigirão respostas inéditas. Constitui mudança de paradigma. Transformemo-nos para nos ajustar. Para vinho novo, odres novos. Maria da Anunciação e da Encarnação é nosso modelo nestes tempos novos que enfrentamos. ✦
Conselheiro geral
Ir. Théoneste Kalisa Conselheiro geral
1. CENTRADOS EM JESUS CRISTO
14
FMS Mensagem 32
Na fonte de água Significava estar atena abertura do tos e disponíveis aos movimentos do Espírito. 20.oº Capítulo geral, o O Espírito de Deus está Ir. Benito nos convidou a sempre em ação. Sua ação é vivificadora, faz viver esse acontecimento novas todas as coisas, como um Pentecostes. constrói a comunhão, enche de coragem e profecia. Nós é que podemos nos distrair e não reconhecer os seus sinais. Procuramos atender ao convite do Superior Geral de então e afirmamos em nosso documento final: “Com Maria, vivemos verdadeiro Pentecostes: muitas línguas, um só coração” (3). Junto com a excepcional experiência de fraternidade, tocamos de perto na presença do Espírito através da prática do processo de discernimento. E um sopro de vida animou nossa comunidade capitular e levounos aos cinco apelos que partilhamos com todo o Instituto na mensagem-convite “Escolhamos a Vida”. O número 18 desse documento capitular nos coloca, como a Samaritana, junto com Jesus, Acheguemo-nos à no poço de Jacó. Se conhecêssemos o dom de fonte da água Deus… (cfr Jo 4, 10) Aliás, o documento faz vida para várias referências a experiências de encontro converter-nos em com Jesus (n.º 12), como uma chave de leimanancial tura que nos ajuda a perceber o primeiro
N
apelo do Capítulo como um ato de fé : “Centrar apaixonadamente nossas vidas e nossas comunidades em Jesus Cristo, como Maria…” Em tempos de mudança e de crise, urge reafirmar o essencial, o absoluto que nos faz viver. Por buscarmos cisternas rachadas, deixamos de lado os mananciais de água viva; e morremos de sede, ao lado do poço… Como o profeta Elias, precisamos despertar e nos realimentar de esperança, para sermos peregrinos capazes de atravessar desertos e caminhar até a montanha de Deus (cfr 1 R 19). E seremos aqueles adoradores em espírito e verdade, conforme a palavra de Jesus à Samaritana. E, impregnados do amor do Pai, nos tornaremos nós também fontes de água corrente, que jorram vida em abundância. “Queremos ser Irmãos” (n.º 19). Apenas isso e tudo isso. Religiosos irmãos, na expressão da exortação apostólica “Vita Consecrata”, de João Paulo II. Diz o texto, no n.º 60: “A proposta é significativa, sobretudo se se considera que a qualificação de irmãos evoca uma rica espiritualidade”. E o Papa acrescenta: “Estes religiosos são chamados a ser irmãos de Cristo, profundamente unidos a Ele, ‘primogênito de muitos irmãos’; irmãos entre si, no amor recíproco e na cooperação para o mesmo serviço de bem-fazer na Igreja; irmãos de todos os homens, no testemunho da caridade de Cristo para com todos, especialmente os mais pequeninos, os mais necessitados; irmãos para uma maior fraternidade na Igreja”. Sermos consagrados-leigos não é um problema ou dificuldade para nós, mas justamente a força e a riqueza de nossa identidade vocacional. Torna mais visível a originalidade da vocação religiosa masculina. Com toda a vida consagrada, vivemos também esse tempo de transição como uma oportunidade de refundação. Somos peregrinos, “pelos caminhos de Emaús”. Marcados por dúvidas e frustrações, sabemos que só na escuta da Palavra e no reconhecimento dos sinais da presença central do Cristo, poderemos reler a história, enxergar os acontecimentos com o olhar de Deus e voltar a ser, em comunidades “escolas de fé”, testemunhas irradiantes do Ressuscitado.
viva A vida consagrada, “memória viva da forma de existir e atuar de Jesus, como Verbo encarnado face ao Pai e aos irmãos” (VC 22), tem sua melhor explicação na gratuidade do dom e na confiança da fé. “Aquilo que pode parecer aos olhos dos homens um desperdício, para a pessoa fascinada no segredo do coração pela beleza e bondade do Senhor é uma óbvia resposta de amor” (VC 104). Bonito exemplo dessa realidade deu-nos o Ir. Alvaro Echeverría, superior geral FSC, em sua conferência no nosso Capítulo, ao citar um Irmão lassalista, falecido jovem na Guatemala, que afirmava só ser possível a fidelidade e perseverança na vida religiosa para quem vive sua profissão com um coração enamorado. Mas, viver apaixonadamente a consagração, não é algo romântico ou ingênuo. É muito mais uma luta, vivida com muito ardor, humildade e gratidão; pela consciência de nossa miséria e pela descoberta da misericórdia. Não por acaso, o nosso documento capitular em seus números 18 a 21 insiste tanto na idéia de processo, de busca, de amadurecimento passo a passo, de conversão. É preciso respeitar a dinâmica de todo crescimento humano, dando a essa palavra “humano” toda a sua consistência e valor, lembrando-nos que o próprio Deus quis humanizar-se, pelo mistério da Encarnação. Sentimos aqui a grande importância do processo formativo para o cultivo de uma vida religiosa com saúde e credibilidade, assumida por pessoas de coração reconciliado e solidário. É oportuno lembrar o precioso documento “A vida fraterna em comunidade”, da CIVCSVA, que diz no seu n.º 35: “A comunidade religiosa, pelo fato de ser uma ‘Schola amoris’ (escola de amor), que ajuda a crescer no amor para com Deus e para com os irmãos, torna-se também lugar de crescimento humano. (…) O caminho para a maturidade hu-
15 Ir. Antonio Ramalho Conselheiro geral
Os jovens estão sedentos de saber e de amar
mana, premissa para uma vida de irradiação evangélica, é um processo que não conhece limites, porque comporta um contínuo ‘enriquecimento’ não somente dos valores espirituais, mas também dos de ordem psicológica, cultural e social”. Afirmamos a centralidade de Jesus Cristo em nossas vidas, como religiosos-irmãos, como discípulos de Champagnat, com o selo do carisma. Por isso o fazemos ao modo de Maria. Ela, melhor do que ninguém, centrou toda a sua vida no projeto de Deus e na pessoa de seu filho, Jesus. Ela nos educa na experiência do amor de Deus, a saber acolher, viver e partilhar esse amor. Mãe da Igreja, ela acompanha e inspira a todos nós, membros da grande Família Marista, para encarnarmos o seu modo de ser na Igreja e no mundo. Comunidade reunida em torno de Maria, queremos completar e continuar esse novo Pentecostes capitular, abrindo as portas do Cenáculo, para proclamar nossa profissão de fé, para renovar nosso ‘credo’ marista, para dirigir, especialmente às crianças e aos jovens mais necessitados, um anúncio de alegria e de sentido para suas existências: Jesus Cristo, que nos oferece seu amor e vida em plenitude. ✦
Conselheiro geral
Maio 2003
2. COMUNIDADES RENOVADAS
16
FMS Mensagem 32
Atrair e preservar “Se o Capítulo geral se preocupou com a vitalidade do Instituto, por que o tema das vocações não constituiu matéria dos seus apelos? Esta pergunta foi formulada por muitos Irmãos, desde o Capítulo.
A resposta é a seguinte: o tema vocações nunca esteve muito longe dos espíritos dos capitulares. O Capítulo expressou a sua preocupação com as vocações, sublinhando a escolha consciente de questões que tinham impacto direto no modo de atrair os jovens para o nosso modo de vida e nele retêlos. Será que a nossa comunidade atrai a juventude? A nossa vida tende ou não a conservar os Ir-
mãos que temos? A preocupação pela vida das nossas comunidades é partilhada em continentes e culturas. Desde 1970, a qualidade da vida comunitária tornou-se o crescente motivo pelo qual os homens nos deixam. No momento o celibato consta como a principal razão de todos aqueles que solicitam indulto. Parece que à medida que os homens atingem certo patamar da vida, onde os primeiros desafios do ministério têm sido enfrentados com entusiasmo e são superados com confiança, a necessidade de apoio da comunidade é sentida com mais agudeza. A experiência de ministério de muitos Irmãos cada vez mais é uma das mais esperadas nos seus programas educacionais e deles pessoalmente. Com freqüência, o número de Irmãos num ministério particular já não é o que foi no passado. Assim, é menor o sentimento fraterno dos Irmãos que trabalham numa equipe maior, unificada e enérgica. Portanto a comunidade, cada vez mais, se torna o lugar em que a conexão de cada um tem necessidade de exprimir-se. No preciso momento em que a necessidade de maior apoio pessoal se faz sentir para cada um, achamos que muitas vezes temos deficiência de habilidade para provê-lo (Constituições, 51). Estou intrigado em saber se o único modo de as comunidades serem lugar de relacionamento interpessoal sadio e espírito familiar não é quando cada um de nós, consciente e deliberadamente, decide trabalhar na aquisição de tais ha-
bilidades para assegurar tal resultado. Estas são habilidades adquiridas com esforço e prática, na paciente aprendizagem de tentativa e erro, qualificações cujo aperfeiçoamento requer toda a vida. Conversações no Capítulo geral trouxeram à luz os desafios enfrentados pela liderança Provincial. Alguns líderes, no desejo de assistir os jovens no discernimento da sua vocação, pesquisaram com cuidado e empenho na sua Província um tipo de comunidade que vive uma vida que seja atraente para o jovem de hoje, chamemo-lo de jovem em busca de discernimento. Outros Provinciais, com jovens Irmãos que deixam as comunidades de formação para o seu primeiro emprego ou ministério, olham com preocupação a sua Província, na procura de uma comunidade que apóie e enriqueça esta nova vida. Provavelmente tanto o jovem em busca de discernimento, como o jovem Irmão estão à cata de coisas semelhantes. Tem a comunidade o sentido de quanto isso é vital, com tais características como mudança, adaptação e crescimento? Percebe o visitante que o foco da comunidade está fora dela e não no seu interior, preocupada com a sua preservação e cuidado próprio? O ministério, em qualquer das suas modalidades, está abarcando parcela importante de tempo e de conversação na comunidade? Ou a comunidade se sente como sólida e auto-suficiente instituição, a repetir os padrões do último ano ou do penúltimo? Não devemos permitir que as nossas escolas e ministérios se mantenham e se fixem em rotinas e currículos
A comunidade como espaço de fraternidade
17
vocações do ano passado ou do passado decênio. Estamos contentes com o que as nossas comunidades fazem? Daqui se infere o valor crítico do Plano anual de vida da comunidade. Assim, cada um de nós deve bem ponderar as coisas; cada comunidade pode questionar-se acerca do jovem em busca de discernimento que nos procura; igualmente acerca do jovem Irmão que começa a sua vida de apóstolo marista. Os ministérios deles são apoiados e sustentados pelo nosso relacionamento com um e outro? A oração pessoal deles é ou não alimentada e encorajada pela prece comunitária? Muito atento ao problema das vocações, estava certo o Capítulo em preocupar-se primeiro com o relacionamento e com a oração da comunidade? Em face dessa preocupação, que fazer? Não há cópia heliográfica do Instituto; mas, felizmente, cada comunidade tem a liberdade de encarregar-se da própria vitalidade. Líderes habilitados podem encorajar a mudança, ser pacientes com a lentidão do progresso, enquanto a boa vontade seja evidente; por outra, cuidar com coração pastoral daqueles que temem a mudança e agir com firmeza com aqueles que perturbam a comunidade com o seu desespero. Bons líderes hão de ter espírito crítico. O Capítulo estava preocupado com isso. Estamos preparando os nossos líderes de comunidade como preparamos os líderes dos nossos ministérios? Em algumas Províncias, talvez os Irmãos, em conjunto, possam averiguar que a estrutura e o ritmo da comunidade não são benéficos para todos nem apóiam os ministérios de todos. Esta realidade pode ser enfrentada com um olho fixo na vitalidade da Província. É a Provín-
Ir. Peter Rodney Conselheiro geral
cia assaz confiante e assaz ousada para permitir e mesmo encorajar diferentes tipos de comunidades dentro da Província? Cumpre haver variedade de comunidades dentro da Província, para que mais criteriosamente reflitam as diferenças de ministério, de formação e de espiritualidade pessoal. Isso dará maior complexidade à vida da Província, já muito complexa, mas vai testemunhar a riqueza variegada da Irmandade Marista. Uma coisa parece certa: para haver vitalidade na Província, as suas comunidades, algumas pelo menos, necessitam ser lugares de vitalidade. Essa vitalidade, sob a guia de líderes habilitados, leva a comunidade a perceber que a vida comunitária é importante para todos. É vital, porque individualmente e em conjunto estamos adquirindo as qualificações necessárias para fazê-la humana e espiritualmente apoiadora. Será vital no sentido de que vai ter o ar do realismo. Dito realismo implica que em face do que é necessário, o progresso é lento e demanda paciência e perdão; por outra, o realismo reflete também a ligação da comunidade com a comunidade de vida fora da Capela e do ministério, algo factível para quase todos os Irmãos. A Irmandade experimentada em tal caminho produzirá importantes conseqüências para os homens com quem eu vivo a jornada espiritual; eu próprio sou encorajado a perseverar na minha consagração. Trabalhando pela vitalidade de modo concreto e paciente, a vida do Irmão será atraente para o jovem em busca de discernimento; de igual forma, ela vai constituir apoio para o Irmão de qualquer idade. E tudo isso vamos ficar devendo um ao outro, reciprocadamente. ✦
Conselheiro geral
Maio 2003
3. COM OS LEIGOS
18
FMS Mensagem 32
Alarga o espaço de Neste contexto bíblico situamos para entenexpressão do profeta nos der o convite que nos faz Isaías (54,2), que o o 20.º Capítulo geral. documento capitular Três situações diferentes em distintos lugares do utiliza para abordar mundo marista: nossa relação com os ❖ Rosinha descobriu sua vocação de educadora. Esleigos, está repleta de te é o segundo grupo de referências à crianças que formam “sua há três meses. fecundidade recuperada família” Ela e sua filha de 14 anos pelo povo (esposa) de são as líderes dos oito meDeus, graças a renovada ninos e meninas que formam o lar-família La Vainiciativa de seu amor lla. Com carinho e exigênque o devolveu à casa cia, eles estão aprendendo hábitos de asseio, condepois do exílio. vivência e responsabilidade que em suas próprias famílias (um tanto desintegradas) ninguém lhes ensinou. O projeto de cuidado de menores em situação irregular vai tomando forma a bordo do carisma marista. ❖ Há um mês, Rob foi afiliado à Província, durante uma Missa a qual estavam presentes sua esposa e seus dois filhos, quase quarenta Irmãos, vários colegas e alguns alunos do colégio onde atua há mais de vinte anos. “Renovo a opção de dedicar minha vida à educação destes jovens, especialmente os mais abandonados”, expressou com simplicidade ao agradecer a afiliação. Outros oitenta leigos e leigas são, como ele, membros afiliados desta Província marista. ❖ O grupo é formado por uma dezena de pessoas, homens e senhoras. Já celebraram 25 anos de vida comunitária: cada semana se reúnem para com-
A
partilhar o Evangelho e a vida; cada ano participam de um ou dois retiros de final de semana; tomaram parte de muitas iniciativas solidárias, não obstante, nasceram como grupo de oração. Há seis anos se incorporaram como fraternidade ao Movimento Champagnat. Efetivamente, o carisma marista, ao longo das últimas décadas, foi manifestando sua fecundidade na vida de muitas pessoas leigas que vivem sua fé cristã com os traços e características que são Marcelino legou aos Irmãos. O Capítulo nos convida a reconhecer na vida destes leigos e leigas, jovens e adultos, sua pertença legítima ao projeto de Champagnat. É o Espírito de Deus quem nos conduziu por estes caminhos de enriquecimento mútuo e quem nos levará a aprofundar nossa identidade marista de Irmãos e leigos. Por um lado estão os educadores maristas leigos, transitando da profissão à vocação, na entrega à missão evangelizadora. Participando com eles lado a lado na escola marista, os Irmãos enriquecem-se com seus dons. Em muitos lugares, necessitamos continuar crescendo em reciprocidade, revertendo a antiga verticalidade. A vivência conjunta de processos de formação na espiritualidade apostólica marista vai tecendo novos laços de fraternidade entre Irmãos e leigos. Uns e outros aprofundamos nossa própria identidade no diálogo e no trabalho conjunto. A missão vai assim se fortalecendo. Em cer-
Partilhar com os leigos, um novo sinal de vida
19
tua tenda tas culturas, a presença dos Irmãos num meio escolar pluralista os põem em contato com educadores de outras crenças. No diálogo que aflora, Deus se faz ouvir e seu Reino vai germinando. A pessoa de são Marcelino desperta, muitas vezes, uma profunda sintonia espiritual. Por outro lado, muitas famílias encontraram-se com o carisma marista nas instituições educativas que os filhos freqüentam. Foram agraciadas pela simplicidade do trato, ou da proximidade afetuosa e desinteressada, ou da disciplina motivada e carinhosa mas exigente. Descobriram o apelo para viver a fraternidade, a partir do Evangelho de Jesus. Identificaram-se com os traços marianos descobertos ou encontraram um novo espaço para Maria em suas vidas. Alguns vincularam-se de algum modo ao carisma, a partir de sua identidade laical. O Capítulo nos pede para acompanhar estes processos e explorar novos caminhos. Estão também os jovens animadores e os voluntários que entregam parte de seu tempo para acompanhar outras crianças e jovens em seu amadurecimento como pessoas e cristãos ou para desenvolver projetos de solidariedade. Em seu coração vibram também feições de Champagnat. Sua pessoa os cativa e inspira. Os alenta à generosidade e à entrega desinteressada. Desperta neles iniciativas diversas. Alguns compartilham a vida de comunidade com os Irmãos, durante algum tempo (e a fraternidade adquire um novo sentido, mais universal). Que nos preparará o futuro? Numa Igreja que é comunhão e participação, nossa identidade de Irmãos – religiosos leigos – vai-se perfilando na interação com a hierarquia e com os fiéis leigos. O mistério da Igreja se reflete na variedade de vocações que o Senhor suscita para a vida do mundo. O dom de nossa vocação de Irmãos maristas continuará sendo indispensável. No rosto fraterno do Irmão brilhará a profundidade
Ir. Pedro Herreros Conselheiro geral
Um novo lugar disponível para um amigo mas…
de sua experiência de Deus, a graça da fraternidade e sua loucura pelo Reino na educação das crianças e jovens. Quanto melhor se integre no conjunto da Igreja, melhor se delineará sua identidade própria. No contexto eclesial atual, em que os movimentos leigos de diversas espiritualidades parecem um novo Pentecostes, o laicato marista tem uma oportunidade (é tempo de graça: kairós). Acompanhados pelos Irmãos, os leigos maristas irão delineando sua própria identidade, das raízes da espiritualidade mariana e apostólica que nos legou Marcelino Champagnat. Como adultos na fé irão discernindo por si mesmos ou conjuntamente com os Irmãos, novas presenças educativas junto aos jovens mais abandonados A tenda ampliada do carisma marista, na fidelidade ao Espírito que foi derramado em nossos corações, será expressão e fonte de nova vitalidade. Juntos, Irmãos e leigos, atualizamos o carisma de Marcelino Champagnat. Nossas vidas são chamadas a converter-se, para aqueles a quem somos enviados, especialmente os jovens, num convite para encarnar o Evangelho, do jeito de Maria. E nosso Fundador poderá reconhecer em cada um de seus filhos (leigos e Irmãos) um operário do Reino, eleito pelo Pai e animado pelo Espírito para dar a conhecer a Jesus Cristo e fazêlo amar. ✦
Conselheiro geral
Maio 2003
4. MISSÃO E SOLIDARIEDADE
20
FMS Mensagem 32
Lutando com Deus “Deixai-vos assaltar por Deus, não penseis que Jacó esteja distante...Tudo nos chama à luta com Deus e por Deus, para que Deus se torne visível, para o sol de Deus possa amanhecer em nós e possamos receber um novo nome”. (Dorothee Sölle)
Jesus viveu sua missão até o extremo
Há anos (1996), Barbara Fiand publicou um livro no qual comparava o momento atual da vida religiosa com a luta de Jacó com Deus que é narrada no livro do Gênesis (32, 22-31). “Lutando com Deus” é o título do livro.
DEUS NOS ASSALTA
O relato bíblico situa-se no meio da noite. Não nos referimos seguidamente a imagem da noite para descrever a vivência de muitos de nós, imersos numa época de mudanças profundas que nos desorientam e confundem? Não nos sentimos freqüentemente envoltos pela escuridão e sem pontos de referência claros? Por que demora tanto a aurora do novo dia? Para onde devemos orientar os passos, quando as seguranças são escassas?... E no meio da noite, Jacó é assaltado por “alguém”, cujo rosto não pode ver. Somente no final, depois de resistir durante toda a noite, consegue descobrir que havia lutado com Deus Transferindo as imagens bíblicas para nossa
própria vida, talvez reconheçamos que muitas vezes a vivência da “noite” provocou em nós o cansaço e o desalento, fechando os olhos e deixando-nos vencer pelo sono. Porém nossa cômoda tranqüilidade se vê surpreendida pelo assalto do “desconhecido”, em cujo rosto conseguimos intuir, como Jacó, o rosto de Deus. Como Jacó, somos convidados a agüentar a noite toda e enfrentar corajosamente o encontro com Deus. E para nós, maristas, que rosto pode assumir Deus, senão o das crianças e jovens? Sua voz ecoou clara e forte por três dias na sede da ONU no passado mês de maio: “Somos as crianças da rua. Somos as crianças da guerra. Somos as vítimas e os órfãos da HIV-AIDS. Queremos um mundo próprio para as crianças, porque um mundo próprio para nós é um mundo próprio para todos” (Gabriela, Bolívia, 13 anos e Audrey, Mônaco, 17). “Hoje, as crianças da Libéria sofrem pela guerra, somos os desnutridos da guerra, morremos na guerra” (Wilmont, Libéria, 16). “O melhor que podem fazer é terminar as guerras. Aqui estão tomando decisões que podem afetar o mundo. Espero que me escutem” (Eliza, Bósnia-Herzegovina, 13) “Alguns nascem só para sofrer, e sofrem coisas que não motivaram. O que precisamos de vocês é paz” (José, Timor Oriental, 17). Ao testemunho dessas crianças e adolescentes, ratificado por outras 380 que haviam participado no “Foro Mundial das Crianças”, somouse a voz de Carol Bellamy, diretora geral da UNICEF: “Estamos falando às crianças. No planeta há 2.100 milhões de menores. Cada 24 segundos nascem cem bebês e muitos deles morrem antes dos 5 anos em conseqüência de enfermidades que se podem prevenir; muitas nunca entraram numa sala de aula; serão aterrorizadas pela violência social ou a guerra, e serão forçadas a trabalhar em condições abusivas”.
NÃO TE DEIXAREI SE NÃO ME ABENÇOARDES Laura Hannant, canadense de 16 anos, também participante do “Foro Mundial”, comentou ante a Assembléia da ONU: “Agora que estamos aqui nos estão escutando. Continuarão a fazê-
Maio 2003
21
lo depois? Isso é outra coisa”. Assaltados por Deus através do urgente clamor de crianças e jovens, a pergunta de Laura é implacável: Além de emocionar-nos agora, fareis algo no futuro?” Temos a eleição diante de nós: podemos dedicarnos a elaborar um novo documento sobre nossa “Missão e Solidariedade”; consumir nossas energias em discutir sobre que tipo de apostolado é o mais condizente com nosso carisma; justificar nossas escassas possibilidades de compromisso já que, de acordo com as sempre necessárias estatísticas, é preQue rosto pode assumir Deus, senão o de crianças e jovens? ciso ser “realistas”...ou podemos caminhar, oferecendo respostas rápidas ante situações dramaticamente urgentes. Podemos imaginar- Marcelino Champagnat não foi exatamente uma nos a resposta do coração compassivo de pessoa de grandes palavras, senão alguém que, Champagnat ante essa mesma interpelação?... abrasado pelo amor de Deus, foi capaz, em seu Jacó resiste obstinadamente em sua luta to- nome, de grande audácia: “Não posso ver uma da a noite. “Não te deixarei se não me aben- criança sem que me assalte o desejo de dizerçoardes”, disse-lhe com atrevimento. E assim lhe quanto a ama o bom Deus!” aconteceu: sua constância converteu-se em sua Quando o 20.º Capítulo geral decidiu publicar um só documento final, queria sublinhar que bênção. já passou o tempo das grandes declarações enNOSSO DEUS QUER ABRASAR tre nós. Que agora é tempo da “paixão”: um Conta uma poesia mística sufi que um dia convite a cada um de nós para que nos deixeMoisés ouviu um pastor rezar de maneira sim- mos abrasar pela ternura de um Deus que deples e familiar, como quem fala com um ami- seja manifestar-se como irmão achegado às go: disse a Deus que quando pensava nele, só crianças e jovens cujo clamor se torna sempre sabia dizer “Ah!”. Moisés irritou-se muito com mais evidente. “Deus nos concedeu os dons nea aparente falta de respeito do pastor, e pe- cessários para levar o fogo ao nosso mundo e diu-lhe que usasse uma linguagem mais cor- aos que nos cercam.” (20.º Cap. geral, 31); fareta. zemos frutificar adequadamente estes dons Conforme o conto, Moisés teve uma revelação recebidos? repentina de Deus, o qual lhe reprovou a ati- A conhecida Joan Chittister dizia num artigo tude: “Não escuto as palavras que dizem” dis- (1994): “A única questão para este tempo é: se Deus, “só me fixo na humildade. Esse cora- continuará a vida religiosa conosco ou deveção contrito e submisso é a realidade, não as rão vir outros para reanimá-la? Duas coisas são palavras. Precisa esquecer as grandes frases. certas. Primeira, é impossível que os grupos Fogo, fogo é o que quero!” Deus sugeriu a Moi- que não se ocupam das questões de hoje possés que os que prestam atenção à maneira de sam servir de fermento para esta época. Sefalar são de um tipo. Os que se abrasam em seu gunda, onde não há paixão, a vida está moramor pertencem a outro. ta”. ✦
Conselheiro geral
Ir. Emili Turú Conselheiro geral
5. ANIMAÇÃO E GOVERNO
22
FMS Mensagem 32
Lavai-vos os pés uns Nada mais normal, dirse-ia, pois o Senhor mesa quinta-feira santa mo deu o exemplo, conRoma, nosso Superior vidando os discípulos pafazer outro tanto. “Se, geral lavou os pés ra portanto, eu, o Mestre e de alguns Irmãos da o Senhor, vos lavei os Casa geral. pés, também deveis lavar-vos os pés uns aos outros” (Jo. 13, 14) A explicação do gesto está exatamente no início da frase. Aquele a quem todo o poder foi dado no céu e sobre a terra fez-se servidor de seus apóstolos. É uma inversão total de perspectiva, uma atitude antípoda da prática corrente do tempo de Jesus como do nosso. O que tem o poder o faz sentir e dele se serve para proveito próprio. Não é assim para os que se comprometem a seguir Cristo. Esta atitude de servir seus irmãos só tem um fundamento: o amor, e somente isto justifica a aceitação de uma função de superior em qualquer nível que seja. Nas linhas que seguem gostaria de partilhar, brevemente, a partir de três elementos presentes no documento capitular. (n.os 37 à 40)
N em
GOVERNO PASTORAL No número 38, o documento capitular adiciona este qualificativo para descrever o modelo de governo desejado. Se a palavra em si mesma faz a unanimidade, não é certo que tenhamos
Superiores gerais: um patrimônio de serviço
todos a mesma concepção do que é um governo pastoral. De minha parte, parece-me que sua caraterística essencial é de colocar o amor de Deus e dos irmãos no centro de sua ação. Uma das manifestações deste amor será a atenção dispensada a cada pessoa, o acompanhamento da mesma, em suas necessidades. Não significando isto complacência. Um provincial “pastoral” não aceita todas situações, todos pedidos...especialmente se criam dificuldades, talvez mesmo perigo para as pessoas. Ele não pode afiançar comportamentos irresponsáveis. Ocorreu-me, sendo provincial, de ter sido exigente com um irmão, porque via que sua saúde estava em perigo. Dois ou três anos depois, este mesmo irmão me escrevia: não poderei te agradecer bastante pelo que fizeste por mim... Estas poucas palavras recompensaram-me pelos esforços despendidos, esforços talvez mal compreendidos de início. Penso que um governo pastoral sabe tomar decisões que se impõem mesmo que dolorosas. Amar seu irmão exige, por vezes, coragem para ajudar o crescimento na vocação. Isto também é um governo pastoral.
SERVIÇO CRIATIVO DE ANIMAÇÃO E GOVERNO O processo de reestruturação fez emergir novas idéias em matéria de estruturas de animação e governo. Aqui vimos surgirem regiões
23
aos outros ou setores no seio da nova província. Ali a reflexão desenvolveu-se sobre uma proposição do Capítulo geral que a aceitou: a possibilidade de nomear vigários provinciais, superiores maiores. Em alguns destes casos, creio que a fonte primordial foi favorecer a vida, de permitir um vínculo fácil com o provincial ou seu representante pondo em comum nossos recursos para além das antigas fronteiras provinciais. Por outra, o processo mesmo conduziu à organização de encontros múltiplos em vista de um discernimento que não se restringia somente aos conselhos provinciais. Contudo, parece-me que não exploramos tudo em matéria de renovação das estruturas de animação e governo. Por exemplo, nos capítulos provinciais temos um papel deliberativo muito reduzido; não seria necessário avançar na pesquisa de novas responsabilidades nesta instância importante? Participando da comissão “estruturação” feita nas províncias da França e Catalunha, fiquei admirado pela observação de um canonista que consultamos sobre este tema. Se queremos um governo que priorize a co-responsabilidade e a subsidiariedade, que favoreça a comunhão entre os Irmãos, não podemos ignorar ou minimizar esta pesquisa.
CO-RESPONSABILIDADE Quando se fala de animação e de governo é tentador deter-se sobre os irmãos que estão investidos de responsabilidade: o superior de minha comunidade, o provincial, o superior geral. Nem sempre está isento de segundas intenções. Posso me instalar na confortável atitude de observador mais ou menos crítico do funcionamento da autoridade. Podese esquecer facilmente que todos estamos comprometidos com tal serviço, mesmo que
Ir. Maurice Berquet Conselheiro geral
não tenhamos o título de superior. O serviço de governo é um binômio: aquele que assume a decisão e aquele que é condicionado por ela. Neste sentido este serviço é essencialmente de ordem relacional. A ausência de uma destas duas partes torna a coisa sem efeito. Mais precisamente gostaria de sublinhar um aspecto que concerne a cada um de nós. Refere-se ao procedimento previsto em nossas Constituições para a designação daquele que assumirá o governo e animação de minha comunidade, de minha província. A consulta a cada Irmão, através de um cédula de votação não é tão anódina como parece. Posso questionar-me sobre minha própria atitude quando sou consultado. Que procuro ao escrever um nome na cédula de consulta? A pessoa que considero capaz, aquele que assegurará minha tranqüilidade, aquele que inovará...? No momento em que a idade média do Instituto aumenta, no momento em que as novas províncias resultantes da reestruturação nascem, que irmão proporei como provincial? A tentação não será de privilegiar a segurança indicando os nomes? Esta atitude muito compreensível poderá ter conseqüências sérias a longo prazo. Renovar a liderança é essencial para a vida de minha província, é por ela que novas idéias, novos projetos podem vir à luz. Esperar que os jovens envelheçam para lhes confiar responsabilidade não é prejudicar seriamente o futuro? Devo conscientizar-me que com minha cédula posso também responder ao apelo do Capítulo para um serviço criativo de animação e governo... Lavai-vos os pés uns aos outros. Este convite não nos sugere que todos estamos compromissados no serviço de animação e governo? ✦
Conselheiro geral
Maio 2003
Lendo entre as linhas
Ir. Carlos Wielganczuk Província Brasil Centro-Sul
Meios práticos para a vivência do Capítulo Impulsionado pela ação do Espírito Santo e pela presença materna de Maria, o Instituto Marista viveu a graça do 20.º Capítulo geral. Dele nasceram cinco apelos tendo como fio condutor a centralidade em Jesus Cristo do jeito de Maria. Todas as instâncias do Instituto – Conselho geral, Conselho Provincial, Unidades Administrativas, Comunidades e Irmãos – estão comprometidas na realização concreta do Capítulo. Provincial e seu Conselho: Por ocasião dos retiros, Capítulos Provinciais, Assembléias Provinciais, encontros por grupos de Irmãos, de superiores, encontros de Leigos, Circulares, boletins da Província, visitas às Comunidades e às obras, incentivem, orientem, animem e ofereçam meios adequados e pessoas qualificadas para acompanhar Irmãos, Comunidades e Leigos na sua formação à missão à solidariedade e à espiritualidade. Tendo sempre como horizonte das atitudes e ações os apelos do 20.º Capítulo geral. Comunidades: É nas Comunidades onde se pode melhor concretizar os apelos do Capítulo geral, onde há possibilidade de utilizar meios adequados como: o Projeto de Vida Comunitária, os encontros comunitários semanais, a partilha da vida e da fé, onde
podemos avaliar nossa capacidade de perceber no nosso Irmão um Ícone de Deus, a missão partilhada com os Leigos (MCHFM e outros)e os pais dos alunos, a revisão diária. Na Comunidade os Irmãos terão a oportunidade de se avaliarem no seu crescimento e nos seus desafios e colocar em ação processos de crescimento humano e de conversão, encontrar espaços de fraternidade, de simplicidade e de vida evangélica, a serviço da missão. O Projeto Pessoal de Vida, redigido a partir dos apelos profundos e das aspirações do ser pode ser um instrumento através do qual se pode avaliar o processo da caminhada.
Ir. Antonio Giménez de Bagüés Província do Levante, Espanha
Recomendações e pedidos (decisões) “Juntos, entramos em processo de discernimento. Escolhemos cinco apelos que nos incentivam a agir e que se concretizam em linhas práticas de ação. Esses apelos dão continuidade ao 19.º Capítulo geral”. (Escolhamos a vida, n.º 4) Este número é uma síntese do que foi o 20.º Capítulo geral. A atitude de escuta, de discernimento dos apelos, foi o núcleo do Capítulo. O ver, julgar e agir, foi o método seguido para discernir. Por que ver, julgar e agir? Porque discernidos
os apelos, o urgente e imperativo é responder, atuar. O método refletia e favorecia o sentimento majoritário de que é o momento para o “compromisso da ação”, das “linhas de ação”, não tanto da documentação. E o 20.º Capítulo geral nos dá um extenso elenco de linhas de ação em forma de recomendações e pedidos (decisões) para responder aos cinco apelos. Muitas são as recomendações e, a todos: Irmãos, comunidades, Conselhos provinciais, grupos de Províncias e Conselho geral. São muito poucos os pedidos e, a poucos: seis ao Conselho geral, e dois aos Conselhos provinciais. Qual é o selo, a carta de apresentação dos pedidos? ❖ A urgência do “já, do now, do maintenant, do agora”, do “caminhar em paz mas depressa” (Ir. Benito) por caminhos iniciados no 19.º Capítulo geral. ❖ A convicção de que “os primeiros raios da aurora despontaram para todo o Instituto se, como Maria faz muito tempo, abrimos o nosso coração à graça de Deus e se fazemos algumas coisas que nos propusera, há anos” (Ir. Seán)
Ir. Michael Hill Provincia de Sydney, Austrália
Co-responsabilidade Todos os Irmãos são responsáveis pela implementação
25 das decisões do Capítulo. Algumas se dirigem a grupos específicos, como os superiores de Províncias e Distritos; outras são da alçada do Conselho geral; mas o futuro da vitalidade do Instituto depende da boa vontade de cada Irmão individualmente, no sentido de ler e incorporar, como oração, a mensagem do Capítulo e então levá-la a bom termo na sua vida pessoal. Aí teremos credibilidade para inspirar e encorajar também os nossos parceiros leigos. No encerramento do Capítulo, o Irmão Superior geral Seán, no seu discurso, fez notar que a real função do Capítulo estava por começar tão logo os delegados retornavam às suas Províncias e Distritos. Como delegados, havíamos chegado ao fim de seis semanas de partilhas e deliberações. Isso representou uma experiência vivaz e transformadora, em que a palpável presença do Espírito Santo era muito real. Ainda assim, sempre há riscos de que o bom trabalho efetivado num evento como o Capítulo geral possa permanecer na entrada da casa do Capítulo, depois que os delegados partiram. Sabemos que a implementação das decisões do Capítulo e a sua incorporação no espírito não constituem processos automáticos, porquanto demandam muito e duro trabalho. Tudo isso leva tempo. Os nossos passos ao longo do caminho, por vezes, serão falhos; em outras ocasiões, poderão ser, a um só tempo, ousados e fortes. O que realmente conta é a combina do espírito e do coração. Se nos incumbe “optar pela vida”, então cumpre-nos agir ativamente e com entusiasmo. Este foi o tema do Capítulo e continua como o primacial apelo para cada Irmão no decorrer dos próximos sete anos.
Lendo entre as linhas
Maio 2003
26
Ir. Joaquim Clotet
FMS Mensagem 32
42.1
Provincia do Rio Grande do Sul, Brasil
Lendo entre as linhas
Prática pessoal do discernimento O documento Escolhamos a vida faz-me um apelo desafiador na sua conclusão: “Coloquemo-nos, cada dia, em atitude de discernimento diante daquilo que o Senhor espera de nós“. É impossível pensar e viver a minha realidade de religioso consagrado marista sem a relação amorosa diária com Deus, através da oração pessoal e comunitária. Não posso, contudo, deter-me aí. O esforço e a vontade em ser fiel às exigências do seu chamado devem pautar o meu dia-a-dia. Uma ajuda para colocar-me perto do coração paternal e maternal de Deus para este exercício é o trecho da Carta aos Efésios conhecido como a prece da iluminação: que Deus “vos dê um espírito de sabedoria que vo-lo revele e faça verdadeiramente conhecer. Que Ele abra o vosso coração à sua luz”. (Ef 1, 17) Constitui um apelo da minha vida religiosa marista, marcada, às vezes, lamentavelmente por uma atividade febril, “discernir qual é a vontade de Deus, o que é bom, o que lhe agrada, o que é perfeito”. (Rom 12,2) Este desafio, posso realizá-lo sozinho ou com a ajuda de uma outra pessoa. As Constituições indicam o Superior Provincial e o Superior de Comunidade. Que bom seria que eles estivessem preparados para isso e eu pronto para solicitar este auxílio. Em determinados momentos da vida a presença do diretor espiritual
para ajudar na prática do discernimento pessoal pode tornar-se imprescindível. O exercício do discernimento pessoal, necessário para a renovação individual e a prática da fidelidade criativa, produzirão confiança em Deus, liberdade de espírito, simplicidade e vontade de se apaixonar por Jesus Cristo, quer dizer, ser presença viva de Champagnat no dia de hoje.
42.2
Ir. José Luis Ampudia
Província de León, Espanha
Comunicação de vida “Nossas comunidades encontram dificuldade para favorecer o partilhar a vida, os sentimentos...” (Relatório do Conselho geral ao Capítulo). Ante esta constatação o 20.º Capítulo nos pede “ intensificar em comunidade a comunicação de vida, especialmente nossas carências e vulnerabilidade”. Imagino-me que as dificuldades permaneçam depois do encerramento do Capítulo. A incomunicabilidade é sintoma, não é causa, não é a raiz. Ficar no sintoma, atacá-lo, pode conduzir à frustração e à culpabilidade. O sintoma –a incomunicabilidade- esconde uma profunda e incômoda realidade: baixa auto-estima, ausência de autonomia, fé debilitada. No Capítulo optamos pela vida. E para isso nos oferece linhas de
ação: “efetivar processos de crescimento humano e de conversão” (n.º 18). Processo, caminho, movimento, algo que se inicia com anseios de chegar ao fim. O processo pede acompanhamento; permite paradas, inclusive retrocessos; cura feridas e abre portas; ilumina e ajuda a integrar fé e vida; identidade e missão. “Sentimos necessidade de crescimento e de conversão, a fim de integrar as diferentes dimensões de nossa pessoa e de acolher o amor incondicional de Deus” (19). Conversões radicais não se dão de um dia para outro; tampouco mudanças significativas. Passar do medo à liberdade, da heteronomia à autonomia, do temor à ternura, do egoísmo à compaixão, requer um longo caminho; exige um processo. Sem este itinerário de crescimento será muito difícil avançar na comunicação a que se referem estas linhas.
Ir. Robert Clark
42.3
Província de Esopus - U.S.A.
Proclamar a “Boa Nova” de modo criativo Qual é a “Boa Nova” que nós, maristas, temos para oferecer aos jovens do século XXI? Este mundo repleto de violências, abusos, famílias fragmentadas e ameaças de terrorismo têm profunda necessidade da mensagem de Jesus. Nós Maristas tivemos a graça de contar com um carisma que nos convoca para estarmos presentes junto aos jovens, para ajudá-los “a tornar Jesus conhecido e amado”, para levarlhes a “Boa Nova”. Uma das caraterísticas maristas é a presença entre os jovens. Champagnat queria que seus Irmãos estivessem no meio das crianças para amá-las e instruilas. Hoje, quase duzentos anos passados, este apelo ainda tem sentido. O desafio é levar estes dons da presença, do amor e da instrução das crianças aos diversos países servidos pelo nosso sonho marista. Nos Estados Unidos, a maioria dos Irmãos estão empenhados na instrução secundária. Nossas escolas têm programas para as mais variadas pastorais. Há cinco anos, as Províncias dos Estados Unidos estabeleceram maneiras de congregar as quinze escolas maristas de sete Estados. O movimento chama-se: Juventude marista. A Juventude marista “ajuda tornar Jesus conhecido e amado”, segundo o espírito de Marcelino e dos Irmãos Maristas.” Nossa casa de retiros e toda a propriedade
de Esopus, NY, têm sido uma bênção para os jovens, para os educadores maristas, para os Irmãos e para os leigos que nos ajudam. A Juventude marista 2001 constituiu uma reunião de duzentos jovens desejosos de partilhar a “Boa Nova”. Na próxima primavera, acontecerá a convocação das Lideranças maristas jovens, que será feita para treinar líderes estudantis de cada uma de nossas escolas para que se tornem evangelizadores dos colegas. O desafio para cada um de nós é de prestar atenção aos sinais dos tempos, firmar-nos em nossa vocação e bem aproveitar nossos recursos. Assim, poderemos na verdade tornar-nos “fogo sobre a terra”.
42.4
Ir. Raúl Figuera Juárez
Provincia de León, Espanha
Estar com os jovens para ter vida O Capítulo me fez um convite tão elementar que há uns anos teria parecido supérfluo. Hoje, porém, o percebo atual e necessário. Por que não estou com os jovens? Será somente porque “não posso” pois estou com outros trabalhos ou há algo mais? Conhecerei este “algo mais” se examinar os sentimentos que influíram no progressivo afastamento: • O cansaço pelo permanente esforço de criatividade que exige a adaptação; • a frustração e sensação de inutilidade de um trabalho
contra a maré; • e o sentimento de inadequação e inutilidade que experimento ao utilizar uma linguagem desconetada e uma expressão religiosa sem vida. Com estes sentimentos de insatisfação não será estranho que “sucumba no perigo de enclausurar-me em tarefas administrativas” onde me sinta útil, com recursos e existencialmente não questionado. Onde buscarei energia para responder ao convite do art. 42.4? Agradar-me-ia dizer que “o amor de Deus derramado em meu coração...” mobiliza entranhas de misericórdia ao serviço compassivo dos jovens. Neste caso seria supérfluo também o primeiro apelo do Capítulo. Somente o desejo de minha própria revitalização terá força suficiente para mobilizar-me. Preciso estar com os jovens para “despertar” para a vida. Não sei se poderei ajudá-los a descobrir sua vocação, mas estar com eles me ajudará a renovar a minha. Não sei se poderei acompanhálos, porém apreenderei a deixarme acompanhar e a ficar sem assumir o papel do que tudo sabe. Não sei se poderei ser catequista, porém terei a oportunidade de escutar meus questionamentos mais profundos expressos com clarividência nos seus. Nisso passei a VIDA.
OLHAMOS
MARCELINO COMO UM
PEREGRINO DE FÉ E UM CORAÇÃO APAIXONADO POR DEUS. DC, 15
Lendo entre as linhas
27
Maio 2003
28
FMS Mensagem 32
42.5
Ir. Lawrence Ndawala
Lendo entre as linhas
Província da África Austral, Malauí
Promoção Vocacional. As vocações e a vitalidade do Instituto Introdução Temos um papel a desempenhar na promoção vocacional (cf. C 94). Pedimos ao Senhor da messe coragem e humildade, segundo o espírito de Maria, para aceitar o que não podemos fazer por nós próprios. A. Espiritualidade evangélica O promotor vocacional deve: • Viver permanentemente apoiado em Cristo, enviado pelo Pai. • Viver a disponibilidade total de Cristo ao Pai. • Viver a resposta humilde e incondicional de Maria a Deus. • Desta maneira, poderá ajudar os jovens a ouvir o apelo de Deus. Vamos aos jovens onde eles estão. Deveríamos recordar nosso papel de animadores vocacionais. Deveríamos saber empregar nosso tempo com os jovens e desafiá-los mediante nossa vida (cf. C 82). B. Colaboradores 1.A importância da família é fundamental. Temos que envolver a família. O promotor vocacional conhecerá melhor o passado dos jovens. A família conhecerá os Irmãos. 2.A comunidade cristã tem um
papel a desempenhar na vocação do jovem, especialmente seu envolvimento em atividades na comunidade e sua vida cristã em geral. 3.A comunidade de Irmãos é indispensável para o jovem. Ele chega a ver como vivem os Irmãos. 4.A vida de cada um dos Irmãos é outra oportunidade; o jovem poderá ver por si mesmo o que ele se tornará. C. Algumas qualidades dos jovens • Deve haver desejo de rezar. • O jovem deverá estar disposto a fazer sacrifícios. • O jovem deve ter capacidade de receber e dar perdão. 1.O amor à Igreja é um aspeto que o jovem deve manifestar. 2.Um bom padrão intelectual é importante.
Ir. Bernard Beaudin
43.1
Província do Canadá
Comunidade de sonho! Quando o Capítulo geral propôs a cada comunidade que seja “criativa” (N.º 43.1), que pretendia dizer? Trata-se de um convite para “escolher a vida” dando uma nova existência à realidade comunitária a partir de sua pobreza e de sua
vulnerabilidade, mas também e sobretudo levando em consideração suas forças e sua situação particular. Criar é discernir, elaborar, inventar, conceber. Depois de tudo, uma comunidade criativa na organização de seus momentos de partilha de vida e de fé, assume o perigo de abrir mão e proceder diferentemente para que o costume não impeça de provar o vinho novo da comunhão. O risco é evangélico, no sentido que ele impõe a falta de segurança e exige fé naquele que tudo arriscou por nós. A vida surge sempre ao final do perigo assumido em nome do carisma do Fundador. Uma comunidade criativa é capaz de identificar os lugares e os momentos que lhe trazem vida e seus estimulantes. Uma comunidade de sonho não se fecha no conforto individualista. Pelo contrário, seus membros têm a intuição de novos horizontes que podem levar a comunidade a ser uma presença significativa no seio de uma sociedade em constante transformação. Assim, a nova comunidade, fiel à espiritualidade e à missão que a fizeram nascer, se tornará criativa em suas atitudes de acolhida e de adaptação para que os de fora, jovens e companheiros leigos, participem fácil e generosamente da herança espiritual e apostólica que nos legou Marcelino. Esta comunidade será profética e não anacrônica!
A EDUCAÇÃO É UM
ÂMBITO PRIVILEGIADO DE EVANGELIZAÇÃO E DE PROMOÇÃO HUMANA. DC, 33
Ir. Ted Fernandez
43.2
Provincia de Filipinas
A espiritualidade apostólica marista no contexto católico asiático A comissão do Capítulo geral sobre a “Espiritualidade Apostólica Marista” deparou-se com esta pergunta: “Porque vocês são ainda Irmãos Maristas neste momento? O que os faz prosseguir como Maristas?” Surgiu toda uma gama de experiências enriquecedoras, servindo como expressão de uma espiritualidade que foi formada, uma cultura Marista oriunda dos ensinamentos práticos de Champagnat. Para mim, essa espiritualidade não começou quando ingressei no Instituto Marista, mas desde minha infância, mediante profunda devoção à Maria, sendo o rosário a principal oração cristã, legado dos missionários espanhóis nas Filipinas, que é país mariano. Isso é particularmente significativo para os Maristas das Filipinas do Sul, onde Maria é tida em grande respeito entre os muçulmanos e as tribos indígenas. A espiritualidade de Maria não repousa simplesmente no ambiente religioso constatado na região, permeia toda a sociedade tanto no campo político quanto social embora em meio a perigos. O zelo amoroso de Maria durante a “visitação”, sua preocupação real pelos pobres no “Magnificat” e o suave “acompanhamento” dos discípulos de Jesus são sinais
certos do seu amor. Nós, Maristas, embora fechados pelos acontecimentos perigosos nas Filipinas do Sul, esperamos conservar viva a fortaleza de ânimo. Podemos conseguir isso tendo a mente e o coração de Maria que avivavam o ideal de Champagnat. O Capítulo geral desafiou nossa Província “a escolher vida” e trazer a idéia de Maria em nossos esforços para a paz, educação, serviço aos menos favorecidos junto com os parceiros leigos e acompanhar os jovens em sua jornada difícil para a idade adulta.
Ir. Renato Guisleni
43.3
Província do Brasil Centro-Sul
Maria, mestra de vida O mundo carente de sonhos, de verdades, de valores, e por isso temos razão de existir. A nós, maristas, cabe vivermos e sermos portadores destas verdades de um jeito peculiar, próprio. É o 20.º Capítulo geral que nos recorda: ”Em Maria reconhecemos os traços de nossa identidade marista: Ela nos ensina a dar a Deus um sim generoso; a ser peregrinos na fé e discípulos de Jesus; a desenvolver a atitude de escuta; a discernir os apelos de Deus, meditando os acontecimentos e conservando-os no coração; a nos alegrar e reconhecer com
gratidão as maravilhas que o Senhor faz em nós.”(13). Este artigo é claro em nos recordar que as atitudes mariais de escuta, disponibilidade, acolhida, serviço, solidariedade, oração, são fundamentais no seguimento de Jesus. Maria encarnou o espírito de seu Filho e por isso tornou-se sinal. Soube viver o amor e nos ensina que o segredo para sermos amados é amar, é doar-se sem reservas. Só o coração que ama sabe doar-se, acolher, ser solidário. Nela houve a capacidade de receber a Palavra de Deus e por isso Deus a escolheu. Maria abre-nos não só os caminhos, mas ensina-nos a caminhar. Na vida comunitária Ela nos educa. Ensina-nos a agir na delicadeza, a estar atentos às necessidades dos outros. Com Ela aprende-se a compreender amorosamente a paciência de Deus. Aprende-se na “pequena Nazaré” o clima de harmonia pobre, simples, austero. Mesmo na pobreza, lá tudo é colocado com arte e amor. Maria é pobre porque se sente profundamente necessitada de Deus e dos Irmãos. “Neste momento de nossa história, voltamo-nos para Maria. Pedimos-lhe a graça necessária para realizar a refundação do Instituto. Confiamos a Ela, uma vez mais, a obra marista da qual somos pedras vivas”(20.º C.G.N.º 14).
A ABERTURA AOS MAIS
POBRES SE CONVERTE NUMA CHAMADA A UMA VIDA PROFÉTICA PESSOAL E COMUNITÁRIA. DC, 34
Lendo entre as linhas
29
Maio 2003
30
Ir. Christian Mbam
FMS Mensagem 32
43.4
Província da Nigéria
Lendo entre as linhas
Trabalhando com a Igreja local O Vigésimo Capítulo geral assaz discorreu sobre o ministério de colaboração com a Igreja universal ou local, convencendo todo o mundo acerca da ênfase posta pela Congregação neste aspecto do nosso carisma. “O fogo de Pentecostes nos impulsiona a avançar para a missão ad gentes de toda a Igreja” (Mensagem, 36). “Do jeito de Maria, somos membros de uma Igreja-comunhão,
estabelecendo com os leigos(as) relações mais fraternas do que hierárquicas.” (Mensagem, 13). “Ser criativo na organização de seus momentos de partilha de vida e de fé, e convidar os jovens e os leigos para participarem deles. Transmitam seu caráter marial, na colaboração com a Igreja local.” (43.3). Cristo apaixonadamente rezou: Possam eles ser um conosco. E ainda: “Por meio disso o mundo conhecerá que vós sois os meus discípulos”. Por outra, isso favorece o processo da formação dos candidatos. Trabalhando com a Igreja local ou com outros grupos reduz-se a tentação de exagerada autonomia e da tendência triunfalista de outros tempos. A nossa experiência de colaboração com a Igreja local. Há muitos exemplos em que os
Irmãos trabalham com a Igreja local e terminam em fracasso ou feridas ou mesmo em partidos. Por causa dessas realidades, algumas Províncias, infelizmente, optam por não colaborar. Isto é regressão. “Não importa onde jaz a culpa, da nossa parte cumpre que nunca sejamos incriminados de não trabalhar com empenho para desenvolver o espírito de cooperação. Marcelino amou a Igreja profundamente, mas ele também suportou momentos difíceis no trato com as autoridades eclesiásticas. Sigamos o seu exemplo de oração, reflexão, consulta e diálogo, em tais circunstâncias” (Espiritualidade Apostólica Marista, p. 508). Estou convencido de que aquilo que ganhamos trabalhando com a Igreja ultrapassa de muito o que perdemos em assim procedendo.
Ir. Sunanda Alwis
43.5
Provincia de Sri Lanka
Relações entre católicos e outras religiões As relações com outras religiões se desenvolvem melhor num contexto de abertura a outros crentes, a vontade de escutar e o desejo de respeitar e compreender os outros em suas diferenças. O resultado disto será a colaboração, a harmonia e o enriquecimento mútuo. O diálogo marista poderia seguir quatro claras direções (1) Somente os cristãos que estejam profundamente imersos no mistério de Cristo e que são felizes em sua fé, a comunidade pode sem perigo e com a esperança de resultados positivos empreender o diálogo entre as religiões. (João Paulo II, “Ecclesia in Asia” (1999), Propositio 41. (2) A revitalização da importância da oração e da contemplação no processo do diálogo. Muitas pessoas, especialmente os jovens, experimentam uma sede profunda dos valores espirituais, como demonstram os novos movimentos religiosos. (João Paulo II Post Synodal Exhortación Apostólica “Vita Consecrata”, 25 de março de 1996, N.º 8). (3) Ação comum para um desenvolvimento integral humano e a defesa dos direitos humanos e dos valores religiosos (Balasuriya Tissa, Mary and Humam Liberation, 1990, p. 127). (4) As instituições educativas
maristas podem assumir um papel importante na inculturação da fé, ensinando os caminhos de abertura e de respeito, apoiando a compreensão entre as religiões (João Paulo II, “Ecclesia in Asia”, 1999, Propositio 21). Certamente Maria seria nosso ponto referencial em nosso esforço marista de trabalhar para melhorar as relações entre os católicos e as outras religiões. Com pulso firme, mas suavemente, Maria nos guia, mais uma vez, “a experimentar Deus, não como um conceito, mas como uma realidade”. Ela nos convida para que integremos e encarnemos nossa espiritualidade. Ela seguiu Cristo em sua vida pública de contestação contra os poderosos de seu tempo e esteve com ele durante sua agonia na cruz. Após sua morte ela esteve com a jovem Igreja perseguida, dando-lhe ânimo como a Mãe de seu líder crucificado.
Ir. Ángel Medina
43.6
Distrito do Paraguai
O projeto da tua vida O fruto mais apreciado do Capítulo é dinamizar a vida, em particular a de cada Irmão: viver de verdade, com “guarda-chuva” na mão (mamãe ensinou-me que era inútil irritar-se contra a chuva. Nunca o esqueço) para ocasiões que não faltarão em harmonia com a Vida. O documento capitular convida para projetos novos; a própria
vida: o melhor. – Ser marista hoje, quem como ontem, segue a Jesus como e com Maria, neste mundo visto com os olhos de Marcelino, com estilo novo. – Em espírito de discernimento, buscar a vida, viver. A melhor maneira, como Deus quer. – Como pessoas, muitas vezes sedentas, em terra seca. • Jesus: autêntica água viva para quem merece adentrar-se em processos de crescimento humano e de conversão. • A forma que Deus tem de amar-nos é dom que impulsiona para caminhos novos, simples e reais, para a experimentar. • Peregrinos em busca de plenitude do ser “adulto” na medida de Cristo, num mundo formoso, fascinante e contraditório. • O sentido da vida e o encontro com Deus constituem saboroso pão para partilhar. – Os Maristas foram intuídos por Marcelino como experiência de fraternidade. • Chamados a viver relações de pessoa a pessoa, com esse “alguém” humano e irmão. • Em comunidades “escolas” de fé e de experiência de Deus, na vida com suas surpresas e seu cotidiano, aprendendo a ver a Deus em tudo o que acontece. • Viver a presença do outro: irmão jovem e débil, sob o signo da acolhida; há tanta vida para celebrar e partilhar! O Capítulo tem a sua continuidade em ti. Dirige-se a cada Irmão. Deseja, como o evangelho, que “se tenha vida e vida em abundância”. Para isso nada melhor que te ocupes da tua vida. “Por certo... não esqueças o teu guarda-chuva”.
Lendo entre as linhas
31
Maio 2003
MARISTAS, UNA FRATERNIDAD SIN FRONTERAS MARIST, A BROTHERHOOD WITHOUT BORDERS
EUROP EUROP EUROP EUROP EUROPA, EUROP A, EU E
COMPOSTE Espanha (Castilla Portugal e Hon
EUROPA CENTRO Alemanha, Bélgica, Irlanda e Hol
IBÉRICA Espanha (Madri e Nort
AMÉRICA, AMÉRICA, AMERICA, AMERICA, AMÉRICA, AMÉRICA, AMERIQUE AMERIQUE
L’HERMITA Espanha (Catalunha), F Suíça, Hungria e
MEDITERRÂ Espanha (Bética e Itália, Síria e
AMÉRICA CENTRAL: Costa Rica, El Salvador, Guatemala, Nicarágua e Porto Rico BRASIL CENTRO-SUL: Brasil CANADÁ: Canadá e Haiti CRUZ DO SUL: Argentina, Uruguai DISTRITO DO PARAGUAI ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA: USA e Japão MÉXICO CENTRAL MÉXICO OCIDENTAL NOR-ANDINA: Colômbia, Venezuela, Equador RIO GRANDE DO SUL: Brasil DISTRITO DA AMAZÔNIA: Brasil SANTA MARIA DOS ANDES: Bolívia, Chile e Peru
PENDENTE DE NOME: Brasil (Brasil Norte e Rio de Janeiro)
Á ÁF ÁF ÁF África do
Cuba
R.D. Co Q
D
Costa Guin
MARISTAS, UMA FRATERNIDADE SEM FRONTEIRAS MARISTES, UNE FRATERNITE SANS FRONTIERES
PA, PA, PE, PE, UROPE UROPE
ELA a e León), nduras
O-OESTE Inglaterra, landa
A te) e Romênia
AGE França, Grécia, e Argélia.
NEA e Levante), Líbano
ASIA, ASIA, ASIA, ASIA, ÁSIA, ASIE ÁSIA, ASIE CHINA China, Malásia e Cingapura FILIPINAS SRI LANKA Sri Lanka e Paquistão DISTRITO DA CORÉIA (PROVÍNCIA MÉXICO CENTRAL) Coréia Índia, Síria, Líbano, Japão, Camboja, Timor Leste
ÁFRICA, FRICA, AFRICA, AFRICA, FRICA, RICA, AFRIQUE AFRIQUE ÁFRICA AUSTRAL Sul, Angola, Malauí, Moçambique, Zâmbia e Zimbábue
ÁFRICA CENTRO LESTE ngo, República Centro-Africana, Quênia, Ruanda e Tanzânia MADAGÁSCAR NIGÉRIA
DISTRITO DA ÁFRICA DO OESTE (PROVÍNCIA MEDITERRÂNEA) a de Marfim, Gana, Camarões, é Equatorial, Chade e Libéria Argélia
OCEANÍA, OCEANÍA, OCEANIA, OCEANIA, OCEANIA, OCEANIA, OCEANIE OCEANIE MELBOURNE Austrália, Índia e Timor Leste NOVA ZELÂNDIA Nova Zelândia, Fiji, Kiribati, Samoa e Tonga DISTRITO DA MELANÉSIA Papua N.G., Ilhas de Salomão e Nova Caledônia-Vanuatu SYDNEY Austrália e Camboja
34
FMS Mensagem 32
43.7
Ir. Demetrio Espinosa
Província de Córdoba, Argentina
Lendo entre as linhas
Projetos de vida social Falar das contradições do mundo, já é um lugar comum. Comprometer-nos na superação de tantas injustiças e violências é o imperativo do momento. O próprio da “organização” marista é a educação cristã de crianças e jovens, particularmente os mais abandonados. Trata-se de aproveitar esta poderosa ferramenta para os que freqüentam nossas escolas e grupos. Por isso, na nossa educação a formação à solidariedade deve ocupar lugar primordial. Porém, não uma formação abstrata senão de experiências concretas que implica sensibilizar-se ante a realidade e contemplá-la com os olhos misericordiosos de Jesus fazendo própria a causa da vida, da justiça, do pobre. Surgem então inúmeras iniciativas e compromissos concretos: – Aderir a campanhas de organizações eclesiais e civis do lugar. – Criar estruturas próprias que permitam o compromisso através de diferentes formas de voluntariado: fundações, ONGs, associações locais com forte liderança juvenil. – Utilizar com inteligência e criatividade os meios que a tecnologia põe ao nosso alcance: apoio ou criação de “redes solidárias” através de internet, utilização dos espaços das “cartas do leitor”
que oferecem os meios gráficos, participação em programas de rádio ou televisos etc. Em cada Província marista, o compromisso pela justiça e pela paz passa indubitavelmente por brindar crianças e jovens mais pobres, possibilidades que lhes permitam superar sua marginalidade... E nisso estamos.
43.8
Ir. Michael De Waas Provincia de Sri Lanka
Um estilo de vida simples O Art. 43.8 da Mensagem Capitular é o fruto do trabalho feito pela Comissão sobre a Vida Comunitária do 20.º Capítulo geral. Muito tempo e energia foi dispendido no tema para permitir que nossas comunidades sejam vitais e viáveis. Lendo o artigo chega-se a conclusão de que não há nada novo se o compararmos com o que já temos em nossas Constituições. Certo. Nada novo, mas há um forte apoio à necessidade de pôr em prática em nossas vidas o que já temos nas Constituições. Estava bastante claro que todos os delegados capitulares tinham os mesmos pontos de vista sobre nosso estilo de vida marista que devia refletir o estilo de vida de Maria em Nazaré. O sentido sobre isto era quase unânime. Hoje, num mundo tecnologicamente avançado
nossa chamada, como Irmãos Maristas, é viver uma vida profunda de simplicidade. O Ir. Benito em sua circular A PROPÓSITO DE NOSSOS BENS disse: “Tenho a impressão de que geralmente em todo mundo, as comunidades religiosas gozam de uns padrões de vida equivalentes aos da classe média alta do país em que nos encontramos”. Pergunto-me o que se passa em nossas mentes quando lemos essa citação. Kofi Annan, Secretário Geral das Nações Unidas, em seu discurso na reunião de Joanesburgo 2002 dizia: “Não podemos imaginar que mais de um quinto da humanidade pode gozar indefinidamente a prosperidade enquanto um número maior de pessoas vive com privações e na miséria”. Onde nos situamos tu e eu? Num mundo onde a simplicidade está perdendo o seu significado e valor; comprometámo-nos a “adotar um padrão de vida ultrapassada nas áreas como: a residência, as viagens, as atividades de lazer, o uso de dinheiro, as tarefas domésticas”… Irmãos pensemos com “simplicidade”, atuemos com simplicidade e vivamos uma vida simples.
43.9
Ir. Domingos dos Santos Lopes Provincia de Portugal
Pobre entre os pobres Após o 20.º Capítulo geral, fui enviado para o Lar Marista de Ermesinde, uma Instituição Particular de Solidariedade Social. Pouco tempo depois de lidar com estas crianças, cheguei a uma conclusão muito simples: os pobres, descritos em documentos do magistério, não coincidem exactamente com os pobres com nome próprio, de carne e osso. Os primeiros chegam até nós inócuos e assépticos; os segundos reagem, questionam, têm cheiro, incomodam. Na medida em que sou capaz de distanciar-me de tudo aquilo que acumulei através da educação e da cultura em que cresci, acabo por aperceber-me que a verdadeira deslocação começa dentro, acontece no coração, exige uma atitude de desprendimento e de acolhimento interior do outro. Depois, posso aproximar-me, cada dia um pouco mais, sem forçar, para o conhecer melhor e assim começar a gostar dele como ele é. Há-de chegar o dia em que ele vai reparar na minha presença e me questionará. Só então lhe poderei dizer que a razão da minha vida e da minha deslocação é Jesus. “Somos testemunhas de Jesus que anuncia a boa nova aos pobres”. (Mensagem do 20.º Capítulo geral, n.º 12, § 2.º). Desde que comecei a confiar a Maria os rapazes deste Lar, encontro-me mais adaptado a este ambiente e descubro beleza onde antes só via agressividade.
Nisso tem-me ajudado também o procedimento do Director do Lar, um leigo marista que, à semelhança do nosso grande pedagogo Sebastião da Gama, sabe que educar é oferecer-se como modelo e que a educação mais do que uma ciência é uma arte. O 20.º Capítulo geral pede-nos para avançarmos juntos, Irmãos e leigos. Às vezes, chego a pensar que, nesta deslocação, os leigos partem com vantagem sobre nós. Com o Ir. Benito, diria que precisamos deslocar-nos para ambientes pobres “em paz, mas depressa”, não por questões de sobrevivência mas de fidelidade ao nosso carisma e ao mundo.
Ir. Afonso Levis
43.10
Provincia do Brasil Centro-Sul
MChFM, sinal de vitalidade Vários são os aspectos a levar em conta para que as “Fraternidades do MChFM, sinal de vitalidade reconhecido pelo Instituto, ou outras possíveis formas de associações de Leigos” possam impulsionar a escolha da vida no Instituto. a) Conhecer a evolução histórica da Fraternidade, tanto na Igreja, quanto no Instituto. Neste: a nova compreensão e o novo caminho apontado para as pessoas atraídas pela espiritualidade de M. Champagnat, inserido no Capítulo das Constituições que tratam da vitalidade
(C 164.4.). O reconhecimento do último Conselho geral, de que o MChFM é um dos sinais de esperança que suscita dinamismo em muitos Irmãos; que encontra, porém, resistências em outros, na hora da participação e da partilha de responsabilidades com os parceiros leigos. b) Perceber o novo apelo do Capítulo geral a partir de uma visão de Igreja de Comunhão e de Participação. c) Aprofundar a consciência de que é o Espírito Santo quem move o coração das pessoas a abraçar o movimento e a valorizar o carisma de Champagnat sob suas diversas concretizações. d) Com abertura de coração e discernimento, dar atenção contínua aos sinais dos tempos, a qual facilita a adesão ao caminhar da história e o compromisso com a dinamicidade do carisma. e) Levar em conta a sensibilidade do ser humano atual e suas necessidades na mudança de época e dentro de novos paradigmas. Uma dessas características é a busca o encontro inter-pessoal. E este encontra ambiente favorável para seu desenvolvimento na fraternidade. f) Sentir-se chamado a viver a fraternidade não apenas no mais profundo do coração mas até a ousadia de mudar as estruturas que dificultam a vivência e o testemunho dessa fraternidade.
Lendo entre as linhas
35
Maio 2003
36
Ir. Hilario Schwab
FMS Mensagem 32
44.1
Lendo entre as linhas
Província de Córdoba, Argentina
Conhecer a fundo: Dom, tarefa e encontro A “oportunidade de conhecer a fundo para estar mais disposto a fazer a experiência de Jesus como centro da vida”, é dom sempre oferecido, tarefa e encontro. É fazer memória, com ajuda do outro, da vida inteira, da história pessoal, das alegrias e da dor..., com os olhos de Deus Pai bondoso. Experimentar que
nele tudo se encontra, fundamenta e redime, é o dom da água viva no empenho de conhecer-se a fundo como Ele nos conhece, de aceitar-se como Ele nos aceita, de amar a Jesus como Ele o ama. Sentir e desfrutar o sentido místico deste encontro, nos torna fortes na debilidade e agradecidos na segurança, e predispõe a uma resposta humana e vocacional plena na integração afetiva, a fidelidade criativa, a relação fraterna, a sensibilidade para os que sofrem, o amor a verdade, a coerência entre dizer e fazer; a centrar a vida e comunidade em Jesus; e para uma maior vitalidade do Instituto em sua missão de educar e evangelizar. Esta memória bíblico-afetiva do Deus de Jesus presente na vida, passa por algum obscuro vale
interior, necessário para renascer transformado, e gera a paz da reconciliação consigo mesmo, com o Pai, com os Irmãos, com o mundo; a gratidão pelo dom recebido; o amor e paixão pelo presente, e a profecia humilde do anúncio de Jesus, como em tantos Irmãos. Mantidos pela graça feita Palavra, sacramento, oração, acontecimentos diários, a presença de Maria e Marcelino, e a experiência de um irmão companheiro de luta, seremos testemunhas da presença fraterna e pobre de Jesus entre as crianças e jovens necessitados.
44.2
Ir. Maurice Goutagny
Província de M.C.- Notre Dame de l’Hermitage, França
Irmãos, discípulos de Emaús! “Jesus caminha conosco. Quando Jesus nos alcança no caminho, transforma-nos a existência” (Mensagem n.º 12; 44.2) Para Emaús, com Cristo, figura central do animador. No Guia de formação tudo nos recorda o desenvolvimento da pessoa. Sou convidado a crescer em meu relacionamento com Cristo, com os outros, comigo mesmo e com o mundo. Crescer numa relação significa aceitar as penas que o encontro com o outro me faz viver. Crescer numa história onde o passado é aceito como um memorial e o presente aceito na fé. Por fim, devo sempre esperar algo para um futuro suspirado na esperança. “O acompanhamento pessoal é importante para nosso crescimento na vida espiritual. (C 73), para ser mais objetivo comigo mesmo e sobretudo para ser mais fiel a Deus e poder dar frutos” (GF 368). Acolher o outro como uma ajuda necessária. Aprender a falar de si mesmo para poder expressar os sentimentos. Conhecer sua própria realidade, para continuar na verdade, chegar a ser um homem livre no espírito de Jesus. Por que estes pensamentos em nosso coração? Voltemos ao essencial: conhecer a direção de minha vida! Para onde vai meu caminhar? Qual é o meu projeto? Dar um novo sentido à minha vida. Aceitar que alguém me acompanhe. Um
gesto, uma voz, um sinal são suficientes para despertar em mim o que está oculto. Posso aceitar, decidir, mudar. Como os discípulos ir ao encontro; abrirme para crescer; compreender para comunicar. A caminhada é longa; há os que caminham comigo em minha comunidade. Estou acompanhado, acompanho a meus irmãos. Deixar-se acompanhar é avaliar a coerência de minha vida no discernimento e na fidelidade aberta ao Evangelho.
44.3
Ir. Ernesto Sánchez Barba Provincia do México Ocidental
Como Marcelino: com ternura e exigência Quando passei por situações difíceis em minha vida e, apesar de minhas resistências, aceitei fazer-me acompanhar por algum irmão ou sacerdote, experimentei fortemente a misericórdia de Deus através da escuta e aceitação incondicional. Esta experiência me ajudou a avançar e também me permitiu tentar viver estas atitudes para com meus irmãos, sentindo-me com eles no caminho. A dificuldade que encontramos por vezes como animadores para levar a sério este serviço de acompanhar a nossos irmãos é pensar que deveríamos ser modelos de perfeição como condição prévia. Aprendi o contrário. Acompanhar, é “caminhar com”
meu irmão, ao mesmo nível, partilhando vida, interpelando e deixando-me interpelar, fortalecendo-nos mutuamente. Com a pedagogia de Marcelino, que sabia aliar a ternura e a exigência. É uma arte, uma aprendizagem, um compromisso que, de maneira particular, estão chamados a oferecer aos que prestam um serviço de animação. Acompanhar a cada um, com o fim de fortalecer a estrutura pessoal e de consolidar os valores que pretendemos viver. Creio que muitos de nossos irmãos não teriam chegado a situações limite se antes tivessem tido e aceito a aproximação e o acompanhamento de um irmão. Acompanhar também toda comunidade para que seja espaço de crescimento e escola de fé. Como Instituto, primamos cada vez mais dito acompanhamento pessoal e comunitário nas etapas da formação inicial, mas creio que atualmente representa um grande desafio para nossos Irmãos e comunidades na formação permanente. Eis porque o Capítulo propôs a formação de animadores neste campo tão importante do acompanhamento.
Lendo entre as linhas
37
Maio 2003
38
FMS Mensagem 32
44.4
Ir. Lauro Francisco Hochscheidt
Lendo entre as linhas
Província do Rio Grande do Sul, Brasil
Atitude de discernimento comunitário O 20.º Capítulo geral, em sua mensagem aos Irmãos do Instituto, recomenda ao Irmão Provincial e a seu Conselho, no ponto 44.4: “Ajudar as comunidades a criar a atitude de discernimento comunitário, promovendo processos concretos que desenvolvam o hábito de escutar Deus na vida cotidiana e a partilhar esta experiência”. Este artigo pretende apresentar algumas linhas que possam ajudar os Irmãos a exercitar a atitude de discernimento, em âmbito comunitário, para que tenhamos comunidades renovadas, com maior coresponsabilidade e vitalidade. Mas o que vem a ser uma atitude de discernimento comunitário? É uma predisposição natural para a ação, onde se procura garantir que o modo de ser, conviver, agir e o ideal de vida estejam em harmonia com a ação viva de Deus em nossa vida, na comunidade e no mundo. É uma busca incessante da vontade de Deus, movida pelo Espírito Santo. É colocar sob o olhar de Deus as relações interpessoais, a vida de oração, o apostolado, as decisões que precisam ser tomadas e toda a nossa vida para ver se estamos unidos a ele, ou se somos impelidos por outras motivações que nos afastariam dele. Se a comunidade tiver o hábito do discernimento comunitário, nas decisões que deve tomar,
procura sempre escutar os Irmãos e permanecer ligada ao plano de Deus. O discernimento, segundo nossas Constituições, “exige espírito de fé, escuta da Palavra, fidelidade ao carisma do Instituto, interpretação adequada dos sinais dos tempos e renúncia a interesses particulares de pessoas ou de grupos” (C. 43)
44.5
Ir. Ataide José de Lima
Província do Rio de Janeiro, Brasil
Comunidade espaço de formação e de consolidação vocacional O 20.º Capítulo geral, atento à qualidade do testemunho de vida fraterna dos irmãos e consciente de que através da vida comunitária externamos os valores do seguimento de Jesus Cristo, como projeto de vida, lançou para todo o Instituto Marista um apelo questionador expresso no número 22 da mensagem capitular: “Escolhamos a vida”. Este apelo desdobrou-se em várias pistas de ação. Entre elas destaco a que diz: “Promover comunidades que confirmem a vocação dos jovens Irmãos, acolham jovens e leigos (as) e acompanhem aqueles que estão em busca vocacional.” (44.5). Isto significa dizer que a comunidade, através das suas
relações, da sua missão e das pessoas que a compõem, tem significativa importância na consolidação vocacional dos jovens Irmãos. A comunidade marista é espaço privilegiado de partilha, de crescimento humano, profissional e vocacional. Mas o apelo não deixa de fora os jovens e leigos simpatizantes do ideal de Champagnat, que devem também merecer a atenção da comunidade marista. Assim, o Capítulo pediu muita atenção aos provinciais na composição das comunidades que deverão receber os neo professos. E insistiu também que estas mesmas comunidades ou outras, acolham os jovens e leigos que desejam partilhar um pouco de nossa vida. Desta forma, toda comunidade que recebe um jovem Irmão deve ser preparada para tal e ter suficiente clareza da sua missão formativa, sendo uma instância de crescimento, um espaço de descoberta, amadurecimento, confirmação e consolidação vocacional, através do diálogo e da convivência fraterna.
Ir. André Thizy
44.6
Província de M.C.- Notre Dame de l’Hermitage, França.
Programas de Formação Ser Marista, que quer dizer? Talvez em outros tempos isso se compreendia por si mesmo, hoje, porém, não é fácil encontrar palavras para o expressar. Muitos pontos de referência desapareceram. A aproximação com as outras Congregações maristas fez nascer uma certa confusão. E, sobretudo este apelativo não está reservado somente aos religiosos. Será a mesma coisa ser Irmão marista ou Leigo marista? O que é específico de cada um: o que os aproxima, o que os diferencia? Ser educador marista e viver sua vida cristã como marista, é a mesma coisa? O Capítulo insistiu sobre a necessidade de estabelecer uma Formação que permita a cada um identificar-se melhor. Se o essencial desta formação o devemos conseguir de nossas fontes, de nossa história, está claro que deve também ser o fruto de uma confrontação entre
o que vivem os Irmãos e os Leigos; que tentem, uns como outros, cada um em seu lugar, ser hoje testemunhos desta vida marista. Por isso, o Capítulo pede que esta Formação seja verdadeiramente uma investigação comum; assim, cada um poderá enriquecer-se do que o outro vive de maneira diferente. Construir uma Igreja de comunhão. Já o Concílio há quase 40 anos no-lo pedia; ainda que nos fiquem muitos pontos para realizar. Viver este modo de Formação, tal como o pede o Capítulo, pode ser uma excelente ocasião para realizá-lo, não como uma formação que “cai do céu”, mas uma realização que leva em conta as vivências de cada um, para elaborar as muitas proposições que correspondem a cada um. Então sim teremos feito a “opção pela vida”.
Ir. Pablo González
44.7
Província de Santa Maria dos Andes, Peru
Dar o salto da coresponsabilidade Nossa identidade de Irmãos nos recorda que somos, indissolúvel e permanentemente, “homens para os demais” e “homens com os demais”. Esta condição manifesta-se no “partilhar vida: espiritualidade, missão, formação…” com outros. (n° 26) A recomendação capitular propõe dar um salto da teoria à praxe, das reflexões às realidades
concretas, da reflexão à vida, de maneira que o “partilhar missão” se possa expressar em dinâmicas e estruturas concretas, como exercício real de coresponsabilidade. Os leigos, segundo suas capacidades e nível de compromisso, devem acessar também a cargos de responsabilidade e preparar-se para isso. Não se trata só de delegar tarefas senão de assumir juntos projetos educativos e apostólicos. Champagnat é fonte de inspiração pois “encarna um zelo evangélico que acerta dar respostas adequadas a problemas concretos” (C 81) Esta transformação enriquecerá a qualidade integral de nossas obras e acentuará seu caráter evangelizador e marista. Não se trata de uma mera distribuição de cargos no planejamento, animação ou gestão de obras, senão de assumir alegres a coresponsabilidade plena, alegre e criativa, na missão de acolher o Reino. Nossa missão terá assim um caráter inclusivo, como uma autêntica fraternidade marista de leigos e Irmãos, onde cada um viverá de acordo com sua própria vocação. Nosso serviço tornar-se-á mais humilde e simples, e por sua vez mais incentivador e animador, mais em sintonia com a graça do laicato, cuja atualização mostrará com mais claridade a graça de nossa própria vocação. Este chamado capitular torna-se ainda mais urgente “na realização de projetos apostólicos novos”.
Lendo entre as linhas
39
Maio 2003
40
Ir. Samuel Holguín
FMS Mensagem 32
44.8
Província do Norte, Espanha.
Lendo entre as linhas
Quanta vida pela frente! Que admirável riqueza! Homens e mulheres leigas que partilham conosco, os Irmãos, o que têm de mais valioso: sua vida, sua experiência de Deus e sua consagração batismal, da perspectiva do Pe. Champagnat. Nova esperança despertou. A vida comprometida dos leigos na Igreja é uma realidade palpável e brotou como diminuta semente de mostarda que dormia e que o Espírito Santo quis regar e acolher para este momento da história e da vida marista. Quantos passos para dar! A caminhada é longa e por vezes surgem sombras. O grão de mostarda que brotou e que está crescendo pode nos parecer uma árvore excessivamente grande e que está deformando a estrutura de nosso jardim. Quanta vida pela frente! As experiências vividas de partilhar, irmãos e leigos, são uma graça e uma revitalização vocacional. A experiência está me dizendo que as comunidades religiosas que abrem suas portas aos leigos tornam-se mais vivas e mais acolhedoras, que os irmãos que vivem sua consagração religiosa partillhando intensamente a missão com os leigos sentem-se mais apóstolos e mais irmãos. E a nova realidade na Igreja passa pela comunhão das vocações específicas. Eu mesmo vejo em minha vida novas esperanças quando olho para um futuro partilhado, e a vocação marista com visão multicor.
Um irmão me dizia que teve dificuldades para participar de uma fraternidade do Movimento Champagnat, mas que agora, depois de vivida a experiência, não troca esta vivência pessoal e marista por nada. Como se sente feliz quando escuta e fala entre os leigos e sente que a vida marista é atual e ele é mais IRMÃO.
Ir. Henri Catteau
44.9
Província de Beaucamps-SaintGenis, França
Experiência de comunidade: Irmãos-Leigos “. . . a caminhada de Irmãos e Leigos juntos é uma de nossas preocupações e um desafio onde vosso papel será decisivo.” (Cf. Carta do 20.º Capítulo geral a toda a Família Marista.) “ . . . associações de leigos maristas . . . até aqueles que partilham a vida. . . . Encorajamos uma maior . . . reciprocidade entre Irmãos e Leigos . . . em novas presenças” (Cf. Documento N.º 28 e 30). O 20.º Capítulo geral nos pede e tive a felicidade de trabalhar num grupo que desenvolveu esta noção de parceria. Não foi simples constatação de diferentes mentalidades e de riquezas de nosso grupo de reflexão. Pertencendo a uma Província
onde depois de quase seis anos vive-se esta parceria de um casal com dois Irmãos na mesma residência, partilhando a oração, a vida de todos os dias e tendo um mesmo objetivo: acolher jovens, testemunho esta inovação e esta experiência. É realmente uma comunidade marista, tendo uma missão comunitária, com uma presença de 74 adultos e jovens que os acompanham, exercendo-se em: releitura de vida, acompanhamento individual, grupo de acolhida e entreajuda aos compromissos, grupos de solidariedade, acompanhamento dos responsáveis de movimentos de jovens, catequese, preparação para o crisma, etc. “Escolhamos a vida!” Não a sufocamos em seus germens e encorajamos as experiência que se realizam um pouco em toda parte. Todos os apelos deste 20.º Capítulo orientam-se neste sentido: progredir juntos . . . afim de responder às necessidades da juventude, sobretudo a mais abandonada. Que ali onde é possível acolher os leigos em nossas comunidades: eles são, muitas vezes, mas realistas e poderão nos ajudar a viver nossas Constituições: ir aos jovens e em particular aos mais abandonados.
ESTAMOS VENDO
AVANÇOS IMPORTANTES NO CAMPO DA SOLIDARIEDADE. DC, 10
44.10
Ir. Adolfo Cermeño
Província da América Central
Opção preferencial pelos pobres Querida família marista: vivo numa região da terra onde se evidencia com toda clareza que os ricos cada dia o são mais e os pobres cada dia o são mais e mais pobres. Diante desta realidade o que dizer? Que fazer? A resposta não é fácil, entretanto creio que todos a sabemos teoricamente mas torna-se difícil a pôr em prática. Penso que a resposta para um cristão e muito mais para um religioso é questão de fidelidade. As famílias religiosas, entre elas a nossa, nascem para ser sinal, pergunta, resposta a necessidades urgentes que ninguém atende. Com o passar do tempo nos aburguesamos e instalamos e nossas decisões, projetos, estilos de vida não respondem ao fundamental. Por que e para que existimos? No ano passado vivemos a experiência do 20.º Capítulo geral e nele tornou-se a fazer o apelo para avançar juntos, irmãos e leigos, decidida e inequivocamente, na aproximação às crianças e jovens mais pobres e excluídos. Convido-os e convido-me a lançar um olhar sincero ao nosso derredor: nossos estilos de vida se diferenciam de alguma forma dos que fazem o jogo da cultura dominante? Nossas instalações, recursos, que dizem às pessoas? Quem são os destinatários de nossa missão? Tudo é justificável, mas enquanto as crianças e os jovens mais pobres
não ocupem o primeiro lugar em nossas opções, não seremos significativos e até ouso perguntar se há motivo ou razão para continuar existindo o Instituto Marista. Lembremos novamente: a vida religiosa deve ser sinal, pergunta, evocação; somos chamados a dar vida, a promover a vida para nós mesmos e para as crianças e jovens, onde nos encontremos. O caminho está indicado, a meta não alcançada; caminhemos nesta direção com paz mas decididamente ainda que nos exija renúncias e conversão.
44.11
Ir. Gonzalo Santa Coloma
Província do Rio da Prata, Argentina
Semeadores de esperança, com sentido claro Sabemos que a educação é a chave do desenvolvimento pessoal e social, e a escola é o cadeado onde normalmente se insere a chave. Porém há crianças que nunca terão acesso a ela e Marcelino nos anima de forma insistente para que não as abandonemos, inventando mil artefícios para nos aproximarmos com serviços úteis para elas. Mas tendo escolas, contamos com um capital que representa hipoteca social (Paulo VI) se não as utilizamos evangelicamente. O parágrafo 44.11 insiste para que aproveitemos esse espaço tão apetecido por todos líderes políticos e sociais. E alerta-nos
como fazê-lo com seis pontos chave, que requerem uma leitura lúcida – e não ingênua – se queremos ser semeadores de esperança. A escola, para ser interlocutora válida das crianças, jovens e famílias de hoje, deve aceitar questionar-se, em fidelidade criativa a sua vocação de formar bons cidadãos e cristãos comprometidos. Pensemos: buscar a harmonia entre fé, cultura e vida nos questiona sobre que fé, que cultura e que vida queremos por em jogo. É a FÉ que garante a salvação só com práticas sacramentais e piedosas, ou a que ademais se interessa pela situação de nossos irmãos (Gen. 4,9)? É a CULTURA que deixou tantos homens e mulheres fora do sistema, esquecendo-nos que a mensagem de Jesus foi abertamente contracultural? É a VIDA que se desprende desta cultura? A honestidade nos impede afirmar que, nisto, fomos eficientes e significativos no final do século XX. Como maristas, não somos chamados a dar novo significado à escola ao serviço do mundo moderno?
Lendo entre as linhas
41
Maio 2003
42
Ir. Real Cloutier
FMS Mensagem 32
45.1
Lendo entre as linhas
Província do Canadá
Missão marista: um espírito, um documento Um dos momentos fortes do Capítulo, após a eleição do Irmão Superior geral e de seu Conselho foi a sessão de trabalho, vivida na Assembléia geral, sobre o impacto do documento “a Missão Educativa Marista” nos vários setores do Instituto. Durante algumas horas recebemos testemunhos muito eloqüentes e quase unânimes sobre a riqueza deste novo documento elaborado por um grupo de Irmãos e Leigos durante o último mandato do Conselho geral. Irmãos de várias Províncias tiveram a oportunidade de estudar o documento, de pô-lo em prática em suas escolas e de adotá-lo como base de trabalho na elaboração de seu projeto educativo. Ao longo desta sessão de trabalho, percebi que os Irmãos sentiam-se orgulhosos de ter em mãos um instrumento de trabalho que descrevia com precisão e clareza o que é o espírito marista de que todos somos beneficiários, mas que nunca havíamos sabido descrever. Uns dias depois, senti-me feliz ao aprovar a seguinte proposição: “Que em todos os países, nos ambientes da missão do Instituto, o estudo, a reflexão e a aplicação do documento “A Missão Apostólica Marista” seja efetiva”. “Além de oferecer os elementos
para ajudar os Irmãos e os Leigos, a discernir nossa missão com fidelidade ao carisma de Champagnat, o Ir. Benito Arbués nos lembrava que este documento poderia tornar-se um instrumento para avaliar a fecundidade humana e evangélica de nossas obras, a transformá-las, se necessário, ou a transferi-las”.
45.2
Ir. Laurentino Albalá Medina Província Nor-Andina
Avaliem-se as obras apostólicas! Por que não o fazemos? Avaliar nossas obras apostólicas não é algo que nasce no 20.º Capítulo geral. Já no-lo pedia o Capítulo anterior e, na Américalatina, era um dos apelos da IX CLAP. Não estaríamos agindo bem? A sociedade não aprecia nosso trabalho? Nosso colégio não é suficientemente valorizado por todos? Por que então mudar? Toda obra humana tem deficiências e, com os anos, surge o perigo de que se possam esquecer os mais nobres objetivos e origens com bem definida orientação. Seria interessante relembrar “os sonhos” que os pioneiros tiveram ao iniciar uma obra
marista em determinado lugar: prioridades, estilo de vida, tipo de relações, destinatários... Somos herdeiros de uma bela tradição e continuadores de audaciosas instituições. Não se trata de repetir fielmente estilos, formas e mecanismos, senão de responder com criatividade ao “sonho” de nossos antecessores, que coincide com o nosso, e que não é outro que plasmar na realidade atual , as intuições e intenções de Marcelino Champagnat. Por isso, é preciso perguntar-se se a obra apostólica na qual comprometemos nossa vida está na linha da evangelização e da opção preferencial pelos pobres e excluídos. A avaliação pode apontar pistas para reorganizá-la ou, em alguns casos, teremos que ter a audácia de abandonála, como o mesmo Capítulo assinala. Não podemos esquecer que fomos fundados para ser sinais do amor de Deus, Irmãos das crianças e jovens mais necessitados. O importante não é conservar as instituições, senão manter vivo o fogo do carisma que nos fez nascer. Estamos convictos de que os “Montagne” de hoje nos necessitam muito mais que as crianças e jovens que atendemos?
Ir. Richard Mutumwa
46.1
Distrito de R.D. do Congo
Novos caminhos de educação, de
Optar pela vida, é optar pela mudança. A mudança nos deve conduzir por novos caminhos de educação, de evangelização e de solidariedade num projeto missionário. É uma recomendação do 20.º Capítulo geral que províncias se unam para começar ou continuar um projeto missionário “ad gentes”. Esta recomendação não deve ser letra morta. Que algumas Províncias se unam, isto é, que algumas Províncias escolham respetivamente Irmãos para um projeto missionário comum. Unir-se para começar ou continuar um projeto consiste em superar-se uns aos outros pelo bem de um ideal comum. Esse superar-se exige uma fé viva, e uma fé viva leva a uma visão e a visão leva a coragem. Isto quer dizer que os irmãos escolhidos pelas Províncias devem ser homens de oração, preparados para pessoal e comunitariamente escolher o discernimento, a formar uma comunidade unida e reunida, capaz de melhorar sua relação com as outras religiões através de uma atitude mariana de escuta. As Unidades Administrativas da África e de Madagáscar agrupadas na Conferência de Superiores da África e de Madagáscar o estão pensando seriamente. Gostaria de concluir este artigo agradecendo às Províncias que já se uniram e que realizam esse nobre projeto missionário.
Lendo entre as linhas
evangelização e de solidariedade
44
FMS Mensagem 32
46.2
Ir. Claudino Falchetto
Província do Rio de Janeiro, Brasil
Lendo entre as linhas
Novas presenças Recomenda o Capítulo: “Que grupos de Províncias, de comum acordo com o Conselho geral, possam iniciar projetos de missão marista com estruturas próprias” (46.2). Uma das mais freqüentes insistências nos últimos anos, a respeito da renovação do carisma marista, sempre girou em torno de nossa presença em ambientes que as Constituições chamam de “inexplorados” (C 85). Há muitos espaços, lugares e grupos humanos que anseiam pelo carisma marista. Tantas vezes as estruturas que construímos no passado pesam e não nos permitem maior mobilidade. As estruturas condicionam. Sabemos que é bem mais fácil abrir uma nova obra do que fechar ou mudar o objetivo de outra quase secular. Por que não “iniciar projetos de missão marista com estruturas próprias”? “Estruturas próprias” seriam aquelas que, de forma ágil e imediata, respondessem a um apelo da realidade; seria, criar comunidades, formadas por Irmãos e Leigos de diferentes Províncias, legitimadas pelo Conselho geral, que as acompanharia com desvelo; seria encontrar aquelas estruturas leves e práticas que despertassem entusiasmo e atraíssem novas vocações; seria pensar num Distrito, ou mesmo numa Província, sem vinculação direta com as estrutura existentes nas Unidades de origem.
A idéia não é nova. Já existem modelos neste sentido. Na reflexão sobre a formação do Distrito da Amazônia, havia Províncias dispostas a ceder Colégios ou obras, a fim de que os Irmãos daquela região pudessem mais facilmente prover a suas necessidades e sustento. Em assembléia, contrariamente, todos assumiram o compromisso de subsistir com o fruto do próprio trabalho. Seria utópico sonhar juntos algum projeto de missão leve de estruturas?
46.3
Ir. Pedro João Wolter
Província do Brasil Centro-Sul
Disponibilidade dos Irmãos A Mensagem Capitular, item 46.3 assim diz: “Que se facilite a mobilidade de Irmãos de uma Província para outra com o objetivo de impulsionar projetos de solidariedade, evangelização e educação”. Para que isso possa acontecer, deve haver disposição da parte dos Irmãos que são transferidos, como, dos Superiores das Províncias que se prontificam a ceder tais Irmãos. O Irmão disponível é aquele que tem uma espiritualidade missionária que o leva a abandonar suas seguranças, o já conquistado e a falsa prudência. Imita Jesus em sua disponibilidade: “Eis-me aqui, ó Pai, para fazer tua vontade” (Hb 10,7). Os superiores Provinciais que irão disponibilizar Irmãos para
Províncias mais necessitadas deverão ter um coração sem fronteiras, como São Marcelino, pois, desde o início do Instituto, apesar das necessidades da França, enviou Irmãos às missões da Oceania. As fronteiras das Províncias precisam ser relativizadas e não impedir a realização de projetos comuns a várias Províncias, como a instalação de uma universidade ou de uma Casa de Formação, ou mesmo de um projeto missionário. As obras são da Igreja, do Instituto, e não tanto da Província. Ainda que nossas Constituições, em seu artigo 126, digam que as Províncias são constituídas por pessoal e recursos materiais suficientes para garantir vida autônoma, muitas vezes têm deficiência de pessoal em algum setor ou área, e abundância, em outros. Nada mais natural, pois, dentro do espírito de fraternidade, que a Província com recursos humanos socorra uma outra, carente desses recursos. Tal colaboração interprovincial será saudável para todos e testemunhará nossa fraternidade.
47.1
Ir. Nicolás García Martínez Província de Castilla, Espanha
comunidade em torno de Jesus enquanto se dedicavam ao que era primordial para o Reino. Hoje também necessitamos formar animadores que ajudem a criar estas novas comunidades que como a de Jesus sejam profundamente vivenciais.
Integração pessoal e sentido comunitário O Capítulo sente que a integração pessoal e a renovação de nossa vida comunitária são elementos essenciais na vida marista e que requerem uma atenção urgente. Ressalta-se certa insatisfação tanto na falta de harmonia em nossa vida quanto na vivência comunitária. O documento capitular apresenta em alguns momentos a convicção, que deseja seja compromisso, de revitalizar a vida comunitária e de trabalhar para obter uma maior integração de nossa pessoa. De qualquer forma se percebe com clareza que estes são elementos chave em “nossa opção pela vida”. Ao recomendar ao Conselho geral que na formação inicial e na permanente sejam favorecidas estas realidades, se está pedindo algo substancial. Experimentamos a insatisfação da vida comunitária e o dilaceramento de vidas divididas. Diz-se: O Documento pede ao Conselho geral que ajude a criar este microclima, que promova estudos e ações para levar a cabo planos que ajudem a construir este ser integrado e profundamente comunitário que nos é indispensável hoje. Penso que se necessita uma mudança importante que requeira um “nascer de novo”: abandonar costumes, estilos de vida, e exercitar-nos naquela forma de viver dos apóstolos que souberam deixar-se fazer
Ir. Óscar Martín
47.2
Província de Castilla, Espanha
Identidade Marista Identidade. Busca. Processo. Criar redes, comissões . . . e muitos meios mais para reler como somos. Quem. O que partilhamos e o que nos distingue. Identidade. Detrás desse meio há não só um planejamento senão, e sobretudo, uma “opção pela vida”. Podemos hoje, com o salmista, proclamar “coube-me um terreno lindo, sou feliz com minha herança”? Quando Marcelino, em seu leito de morte, nos fez seus herdeiros, recebemos um tesouro, porém, também uma tarefa. Ser Irmãos de evangelho, simples, em família com Maria, trabalhando entre crianças e jovens sobretudo os mais pobres. Mas, deste legado somos coherdeiros. Hoje muitos Irmãos e leigos, em todo o mundo, sentimos como nossa esta proposta. E por isso avançamos juntos, com diferentes ritmos e
diferentes identidades. Somos complementares mas diferentes. E há (a rica diversidade do mundo marista o patenteia) diferentes níveis de compromisso e vinculação neste sonho comum. Para isso, todos os processos. Para ver mais claro. E para crescer em identidade. Oxalá esses secretariados, reuniões, grupos, sejam meios úteis. Urgentes. Porém oxalá que, sobretudo, releiamos a identidade a partir da vida. “Vejamos, se desta vez, definis que é ser marista hoje”, diziame um Irmão antes do Capítulo. Será nossa maneira de agir? Nosso estilo? O próprio caminho que andamos? Como um perfume, a identidade é algo que nos envolve e não sabemos definir. Como o sangue, é algo íntimo e profundo que tudo anima. Finalmente, é a própria vida. Busquemos, Irmãos. Com quantos partilham a herança de Marcelino. E redescubramos que nos coube uma parte maravilhosa. Que nossa herança é felicidade, Identidade, Vida
Lendo entre as linhas
45
Maio 2003
46
Ir. Leo Shea
FMS Mensagem 32
47.3
Província de Esopus - U.S.A.
Lendo entre as linhas
Imagine… “Onde seja conveniente, encorajamos a fundação de comunidades abertas aos leigos, ou em que vivam leigos, para trabalhar com os jovens, especialmente os mais negligenciados” (20.º Capítulo geral). IMAGINE um novo estilo de comunidade para algum novo projeto marista, com membros de diferentes congregações religiosas, com pessoas leigas, todos oferecendo às crianças uma educação cristã, numa escola católica gratuita. NOVO PROJETO. Administrado e coordenado por Irmãos Maristas, Irmãos das Escolas Cristãs, mulheres e homens leigos. Um estabelecimento foi aberto em Brownsville, Texas, EUA, em 19 de fevereiro de 2002. A escola matriculou trinta e seis alunos na primeira série. No ano que vem outro tanto será matriculado; depois vamos atingir noventa matrículas. Os estudantes provêm das famílias mais pobres nesta muito pobre cidade de Brownsville, na fronteira mexicana. Constitui enorme dificuldade estabelecer dito projeto. Nos EUA não recebemos subvenção, porque a nossa Constituição separa a Igreja do Estado. Cada estudante custa mais de US$ 3.500; a soma é alta, porque temos de pagar justo salário aos professores leigos. NOVA COMUNIDADE. A escola gratuita é agora uma realidade.
Com apenas trinta alunos, vamos precisar de mais ajuda no ano que vem. Voluntários graduados ensinam na escola e partilham a vida de comunidade. Doze alunos nossos, que completaram o secundário instruem, amparam e monitoram os alunos. Antigos Maristas e suas esposas entusiasmam-se em tomar parte nisso. Uma nova comunidade marista há de estar nos planos de são Marcelino. Como John Lennon escreveu e os Beatles cantaram há quarenta anos: IMAGINE.
47.4
Ir. Josep Maria Soteras Província da Catalunha
Formação compartilhada No processo de aproximação e integração de Irmãos e leigos, as iniciativas formativas conjuntas são provavelmente um dos mecanismos mais adequados e eficazes para vive-las a fundo e preparar os passos subseqüentes. Neste sentido seria bom começar a pensar num projeto de formação partilhada (algo como um Guia de formação conjunta) no qual seriam abordados os meios formativos que normalmente são comuns e que já estamos partilhando de uma ou outra forma (pedagógico, pastoral, solidário, e sempre
mais o espiritual), além dos meios que são específicos dos Irmãos e leigos, mas elaborado com a participação de ambos. O apoio que o Conselho geral pode oferecer às UA respeitante a estes programas de formação pode efetivar-se em dois níveis, temporalmente consecutivos: • REFLEXÃO: para determinar as necessidades já presentes e a maneira de atende-las, e para discernir o futuro para o qual se caminha e se forma, o qual engendrará outras exigências, talvez não percebidas como necessidades imediatas. • APOIO: para empreender iniciativas a nível regional ou institucional, sabendo que a cada nível corresponde uma orientação peculiar (p.e. a inculturação e encarnação ao meio regional, enquanto que ao universal, a interculturalidade, o diálogo inter-religioso, o ecumenismo...etc). Igualmente será preciso prever um limite temporal à oferta formativa para se proceder sua avaliação e adaptação correspondente. Estas ofertas formativas devem integrar-se aos projetos formativos das várias UA a serviço das quais estão e que por si só não podem por em andamento.
BUSQUEMOS NOVAS
PRESENÇAS QUE EXPRESSEM NOSSA OPÇÃO PREFERENCIAL PELOS POBRES. DC, 34
Ir. Gilles Ouimet
47.5
Província do Canadá
No pensamento e ação: a reciprocidade Enquanto permanecemos timidamente passivos ante a eventualidade de uma participação mais efetiva de nossos auxiliares leigos em nossas estruturas, não nos arriscamos a empreender ações viáveis e projetos audaciosos. É muito fácil abrir apenas nossos bares e nossas capelas. O verdadeiro partilhar começará
quando estivermos preparados a assumir riscos. Antes desta etapa, apenas se trata de uma colaboração de palavra que por vezes parece rebuscada. Entretanto, como condição prévia, devemos visar uma simbiose real na formação de irmãos-leigos. Como objetivo, façamos uma investigação para articular nossa fé, oração e compromisso com vistas no desenvolvimento da direção de nossa presença no mundo. Então chegaremos em nossas linhas de ação a manifestar a solidariedade inequívoca com os excluídos de qualquer forma que seja. Animaremos o encontro coletivo de Jesus Cristo e ajudaremos a dar à Igreja um bem significativo para a vida da pessoa comprometida ao serviço de outros.
47 Sempre que mantivermos uma aproximação espiritual, fraterna e comunitária unilateral, os passos dados ficarão limitados pelas duas entidades. O que eles e elas têm a oferecer-nos é primordial. Rendemo-nos a fase de um carisma comprometedor que os deixará e lhes permitirá todo o espaço que eles e elas desejarem ocupar como auxiliares leigos. Lembremos que este carisma não nos pertence exclusivamente. Local e provincialmente, ampliemos o quadro de nossas Constituições. No plano internacional, um organismo deve elaborar uma estrutura geral flexível, adaptada e geradora de compromissos em todas as regiões do mundo.
Lendo entre as linhas
Maio 2003
48
FMS Mensagem 32
47.6
Ir. Antonio Martínez
Província do Norte, Espanha
Lendo entre as linhas
Comunicar vida O parágrafo 47.6 da Mensagem do 20.º Capítulo geral recomenda ao Conselho geral que favoreça o intercâmbio de experiências significativas entre os vários grupos maristas, através de meios adequados de comunicação. O Instituto dispõe já de uns determinados meios que considero bem administrados e distribuídos mas que não são talvez adequados para esta comunicação de experiências significativas. Não estou pensando agora no papel deste intercâmbio de experiências. A dinâmica que requer a vida tem um emprego ágil na Internet. A Web “Champagnat .org” ou outra página suficientemente provista de meios e pessoal podem ser um veículo para este intercâmbio de experiências. Neste esforço comunicativo, o mais importante, evidentemente, são as experiências de vida em si mesmas, como base da comunicação. Sem experiências para comunicar nada do que dizemos aqui tem sentido. Mas nem sequer isto é suficiente. Precisamos estimular a consciência de que estas experiências, são comunicáveis e que vale a pena partilhá-las com os outros Irmãos e leigos. Superada a etapa anterior poderia parecer tudo solucionado e que se produzirá um fluxo vivo e abundante de comunicações. Mas não. Falta a última arrancada: escrever o que vivemos e como o vivemos e
mandá-lo através do mundo marista. E não imagineis isto fácil entre nós. Penso que não é atrevimento dizer que preferimos, em geral, o trabalho de professor, trabalho doméstico, de ajuda, de estender uma mão… ao trabalho apostólico do anúncio escrito. A vida é para comunicá-la e não somente para a viver. Ou simplesmente a vida se vive comunicando-a.
Ir. André Lanfrey
48.1
Província de Beaucamps – St. GenisLaval, França.
Reflexões sobre a espiritualidade Segundo meus conhecimentos a palavra “espiritualidade” aparece tarde entre nós (nos anos de 1970?) e é consagrada nas circulares do Ir. Charles Howard sobre a Espiritualidade Apostólica Marista de 19921993. Nas origens do Instituto e na maior parte de sua história fala-se de santidade, de perfeição, de virtude, de ascética.
A adoção de um termo relativamente novo não foi questão de moda que segue a uma crise de identidade. Pelo contrário, significa a vontade de reinterpretar a tradição marista com uns instrumentos conceituais dos que não dispunha quando esta tradição foi elaborada. A palavra “espiritualidade” tem a vantagem de lembrar-nos que se a ascese é fundamental na vida cristã, sem mística ela não passa de um estoicismo cristianizado. E, sem nenhuma teologia espiritual que se relacione com esta experiência de união com Deus, não surge a espiritualidade. Porém a teologia espiritual marista foi expressa num vocabulário ascético que vela uma autêntica experiência mística, ou a formulam numa linguagem alusiva. A tradição marista não pode servir-nos hoje se não a interpretarmos com uma visão crítica e mística. Isso significa que ser marista hoje, não é primeiramente ser religioso ou professor, mas aderir de coração e espírito uma espiritualidade mariana e apostólica reconhecida pela Igreja universal como destinada a todos cristãos.
Ir. Mariano Varona
48.2
Província Santa Maria dos Andes
Aposta para gerar vida É curioso o que se passa com a Espiritualidade Apostólica Marista no Instituto. No rol das necessidades, ocupa o primeiro lugar indiscutível nas pesquisas. A última Conferência geral disse que “era o coração da refundação”. Entretanto, em grande parte do Instituto existe desorientação sobre sua compreensão e não são muitos os frutos sazonados nos últimos oito anos. Ainda que, para sermos justos, em certas regiões foi fator de renovação, entusiasmo apostólico, vigor vocacional. Não apenas para os Irmãos, mas sobretudo para os leigos. O 20.º Capítulo geral não esteve isento desta ambigüidade. De um lado, apareceu muito nítido como primeiro apelo a centralidade de Jesus Cristo, elemento medular de toda espiritualidade cristã. Centralidade, creio, que deveria entender-se como condição indispensável para ser homem com espiritualidade, isto é, pessoa de discernimento, guiada pelo Espírito, e religiosos com espiritualidade apostólica que descobrem, adoram, amam e servem a Deus sobretudo nas realidades temporais. Tenho minhas dúvidas de que tenha sido entendida assim. A expressão “Espiritualidade Apostólica Marista” só aparece quatro vezes no texto capitular, três delas para pedir que se continue com seu cultivo e aprofundamento.
Uma delas é a deste número. É uma proposta capitular. Solicita continuar com a REDE para que se acredite na sua validade: onde ela funcionou, a vida e espiritualidade dos Irmãos e leigos não é a mesma. Mostra que a EAM não perdeu seu perfil, senão que continua sendo a grande tarefa do futuro, uma das opções em que apostar para que o Instituto tenha mais vida.
48.3
Ir. Primitivo Mendoza
pessoal e grupal comunica expectativas de esperança e dá sentido à vida. Dá gratuitamente seu tempo e pessoa. Não se promove a si mesmo, senão a Jesus. • Um Educador, que põe suas aptidões ao serviço da comunidade, dos irmãos, dos jovens. O marco educativo é o âmbito natural para sua missão. Sabe-se limitado e precisa do trabalho em equipe. Esforça-se por adquirir uma formação sistemática e permanente. • Um Marista, um homem de fé que procura irradiar a espiritualidade e os valores herdados de Champagnat, tais como simplicidade, trabalho, espírito de família e amor à Maria.
Provincial de Léon, Espanha
Formação de animadores Há um axioma na formação de animadores: “Ninguém dá o que não tem”. Assim, para formar é preciso ser bem formado. A formação de animadores é vital para o perfil das futuras gerações. Por isso a sua formação deve ser sistemática, completa e alicerçada em fontes sólidas e confiáveis. Para não ser simples e portanto deficitária, deve abranger as áreas sociocultural, humanopsicológica, teológica-bíblica e institucional (carisma, história e espiritualidade do próprio Instituto religioso). O animador deve ser: • Um Testemunho, que fez inicialmente a experiência do encontro e do seguimento de Jesus e do serviço aos demais. Sua ação começa pelo exemplo de vida. • Um Apóstolo, isto é, uma pessoa que evangeliza e crê no que faz. No acompanhamento
Identifico-me com um processo de formação orientado a viver hoje a vida religiosa de um modo novo, gerando humanidade e esperança aqui e agora. Jesus nos convoca para criar e recriar comunidades de fé que tenham a habilidade de se situar na realidade complexa e pluralista trazendo sentido às nossas vidas e a dos demais.
Lendo entre as linhas
49
Maio 2003
50
Ir. Henry Spinks
FMS Mensagem 32
48.4
Provincia de Nova Zelândia
Lendo entre as linhas
Escolhendo a vida em oração Um Irmão disse-me certa vez: “Nós daríamos bons judeus; rezamos contra a muralha, alternando salmos com os confrades”. Gostei da imagem empregada, ponderando o que ele expressava. Afinal, muito da nossa experiência de oração comunitária é assim. Outrora rezava-se o Pequeno Ofício em latim, não compreendido pela maioria, que foi interrompido com o uso do vernáculo, depois do Vaticano II; mas para muitos continua uma recitação estruturada do Ofício Divino, recitação maquinal de palavras. Nos últimos anos, ocorreu uma experiência maravilhosa de liberdade, quando muitas comunidades começaram a expressar a viva realidade das suas vidas em oração dialogada. A faina desenxabida de ensinar jovens estudantes, imersos nos desequilíbrios da adolescência; as preocupações dos colegas e das suas famílias; as freqüentes necessidades e desamparos dos nossos vizinhos; os eventos políticos das nações; as maravilhas da criação que experimentamos no nosso entorno; a inspiração das artes; tudo isso e muito mais, eis o veículo da nossa reflexão compartilhada e oração de vida. O mistério e a maravilha de Deus tão amiúde se refletem na nossa experiência educativa da juventude.Tenho refletido na beleza e no maravilhoso espírito
criador de Deus que opera no desabrochar do crescimento de confiança de um aluno inseguro e no apaziguamento de um adolescente indomável, o qual vem tomando consciência de que a confiança no outro é possível. Eis o estofo dos salmos da vida diária; eles conclamam-nos para uma reflexão profunda de Deus na nossa vida e na construção do nosso relacionamento e intimidade com Jesus Cristo. O nosso entendimento e expressão da espiritualidade apostólica marista têm brotado das nossas Constituições e cumpre que nelas se reflitam.
Ir. John Thompson
48.5
Província de Sydney, Austrália
Uso evangélico dos bens Nenhuma circular debateu perguntas como “A propósito de nossos bens” (vol. XXX, n.º 4 – 31 de outubro de 2000). A premissa básica da circular é que não há respostas simples e quando se faz o discernimento deve ser grupal e não individual. “Vejo difícil que tudo isso possa tornar-se realidade se o Instituto como tal, se as Províncias, os distritos e as comunidades não assumem atitudes evangélicas de pobreza, isto é, de simplicidade de vida, de sobriedade e inclusive de
austeridade”, (p. 130). Pessoalmente penso que o artigo 48.5 de nosso documento capitular que “estabelecer um plano de discernimento sobre o uso evangélico dos bens no Instituto e acompanhar sua realização em cada Unidade Administrativa” é uma tarefa impossível. Este foi um assunto que realmente não se lhe deu muita atenção no Capítulo, não porque não seja importante, mas porque não se pode definir em termos universais. Seu futuro não está morto, mas necessita ser ressuscitado de maneira criativa. Por exemplo, estes pontos poderiam ser a base de um modelo de discernimento para uma comunidade quando se investiga o começo de um novo apostolado: – Definir o projeto em termos evangélicos. – Identificar e dar um perfil aos grupos que se vão beneficiar. – Lista dos objetivos esperados. – Estar conforme os padrões para os recursos e estilo de vida da comunidade e do apostolado. – Determinar o número de pessoal necessário. – Buscar a disponibilidade do pessoal para sua continuidade. – Prever os custos no início e as fontes dos recursos necessários. – Estipular os custos correntes e suas fontes. – Propor métodos para assegurar a viabilidade a longo prazo. – Identificar as oportunidades para a implicação econômica provincial e outras implicações. – Planejar a avaliação da efetividade do trabalho no sentido dos valores evangélicos.
48.6
Ir. Maurice Taildeman
Província da Europa Centro-Oeste
Encontrar o seu equilíbrio caminhando O artigo 48.6 pede que se crie e sustente, se coordene e promova, se encaminhe e represente, o que significa um convite ao serviço. Constitui mesmo uma ordem, a do amor. Ordem paradoxal, porque constitui contágio, conivência e confidência : o que aprendi do Pai. Não podemos proceder diferentemente do Servidor que
nos chama amigos. No lugar a que somos enviados, vamos partilhar o que Marcelino nos transmitiu. Isso provoca a reciprocidade por parte daqueles a quem pretendemos servir. Eles entram na partilha. Idéias novas, audácias originais e realizações surpreendentes vão nos obrigar a crescer em sabedoria e em graça sob o olhar de Maria que, por primeira, nos impulsiona. Como ficam as estruturas em tudo isso? Por certo as estruturas podem ser cimentadas na paciência, no humor e no respeito. Elas também serão portadoras de vida. Se forem leves, vão permitir a antecipação do capítulo XXV de Mateus, isto é, os gritos do mundo que nos provocam sem cessar. Famílias, comunidades e cada um e cada uma de nós, todos vamos encontrar
51 facilmente o que nos convém. As estruturas não serão mero caderno de cargos, no qual é proibido tocar. Confrontadas com as experiências, elas se adaptarão sem muito protesto, porquanto Jesus Cristo nos pede que deixemos ao Espírito o cuidado de dizer o que é necessário. No concernente à vida e ao movimento, cumpre avançar, o que é perder e reencontrar o equilíbrio constantemente. Com algum impulso, nos vamos acomodar. Ficaremos surpresos com o resultado. Será grande descoberta. Combinando as nossas ações com a oração, a promessa de Jesus irrompe : Fareis coisas ainda maiores. Por que temer, pequeno rebanho ? O seu jugo é fácil de carregar.
Lendo entre as linhas
Maio 2003
52
Ir. Miquel Cubeles
FMS Mensagem 32
48.7
Província da Catalunha
Lendo entre as linhas
Deslocamento e novas presenças O apelo para nos deslocarmos e viver novas presenças é uma conseqüência de nossa opção por Jesus e seu Reino, de nossa opção pelos pobres. Ele nos chama para sermos Irmãos, comprometidos, audazes, justos, solidários, sensíveis. Irmãos, sim, para as crianças e jovens ali onde estejam e acolhendo-os como são, apostando por opções
corajosas e às vezes, inéditas. A vida de Marcelino e a de muitos Irmãos e leigos ao longo da história de nossa família religiosa foi uma resposta generosa a este apelo. A realidade atual nos pede novas formas e outros lugares. Nossa presença deve ser profética, arriscada, evangélica, que rompa com os interesses e as formas de viver dos ricos, do poder e do prestígio, que nos permita partilhar com os excluídos e os empobrecidos, que nos permita ser povo simples e Irmãos, que nos permita construir uma Igreja com rosto novo, que nos permita encontrar os homens e as mulheres, que nos permita encontrar Deus. Todos, Irmãos do Conselho geral incluídos, devemos dizer com gestos concretos no lugar e com
quem vivemos que estamos ao serviços dos pobres. As novas presenças devem ser referência e inspiração da vida religiosa nova que queremos viver juntos aos leigos, com e como a gente simples e pobre, trabalhando pela defesa da vida, dos direitos humanos, dos direitos das crianças, da paz, do sofrimento dos excluídos, da solidariedade entre os povos, de uma educação para todos, das esperanças e dos múltiplos problemas dos jovens, através de novas formas de educação, evangelização e solidariedade. E Maria aí estará conosco.
Aacheguemo-nos dos jovens e os ajudemos a formar, partir de suas existĂŞncias fragmentadas,
um formoso mosaico e a descobrir o sentido da vida.
Lendo entre as linhas
Documento capitular, 31
Ir. Thomas Chin Província da China
Conclusão
Caminhar com esperança O 20.º Capítulo geral foi um momento de graças para o Instituto, e de maneira particular o foi para os privilegiados que participaram ativamente nele. Queremos caminhar nesta experiência única com um espírito de urgência e vontade de atuar. Mas ao mesmo tempo, queremos fazê-lo com um grande sentido de esperança. Para mim, a esperança implica fé, uma relação de confiança na bondade de Deus e a nossa – apesar das muitas debilidades que sofremos, como indivíduos e como coletividade. Crendo que o carisma de Marcelino Champagnat é um dom para toda a Igreja, continuamos caminhando com confiança e fazendo tudo o que podemos com alegria e amor. Surgirão dificuldades e decisões que nos desafiarão no futuro. Talvez tenhamos que sofrer o processo de “morrer” para conseguir uma nova vida. Com tudo isso, seremos guiados pelos apelos do Capítulo e estamos certos que com a ajuda de Deus, nossos esforços chegarão a um bom termo. Temos todos uma visão de um futuro melhor, e assim o desejamos. Ao mesmo tempo, existem fatos e realidades difíceis que nos mostram as dificuldades da tarefa que temos. É com um grande sentido de ESPERANÇA que somos animados a continuar NOSSA
CAMINHADA. Ficar passivos ou caminhar às cegas é uma loucura e contra producente. O amor de Deus para com toda a humanidade, como o expressou na Encarnação, nos confere uma base sólida para esta esperança. Depende de nós, então, responder generosamente aos apelos do Capítulo geral.
Ir. Rodrigo Cuesta Guerra Província da América Central
Sejamos criativos para sermos mais fiéis Quando era menor, chamava-me a atenção a fidelidade de nossos Irmãos a todos os detalhes da regra. Quantos santos nos animaram com este modo de viver e entender as coisas! Contudo, com o passar do tempo também me dei conta que perdíamos vitalidade ao enfrentarmos um mundo tão mutante, íamos ficando para traz, já não enfrentávamos a vida como antes. Chegara o tempo de entender as coisas de maneira diversa e de ser mais criativos e mais que os Irmãos das origens. É preciso entender Champagnat em toda sua intuição de vida abundante, mais que tentar imitar ao pé da letra o que ele fez. É preciso ser Champagnat hoje, comprometido com o hoje, dando respostas ao hoje, abrindo caminhos de vida no dia de hoje. Começava a entender que a fidelidade deve ser criativa ou então não seria capaz de ser fiel ao ontem, ao
hoje e ao amanhã. Surgiu então a força dos testemunhos, dos fiéis até a morte, dos que abrem novos caminhos e assumem todas suas conseqüências. Uma força que é forte quando nasce da comunidade. Nossos mártires nos despertaram, animaram, disseram que devemos ser criativos em nossa fidelidade. Ele leram a originalidade de Champagnat no mais profundo de seu coração e abriram novos caminhos onde sempre nos quis Marcelino, onde estão os pequenos, os marginalizados, os esquecidos. Ao chegar ao 20.º Capítulo geral, todos estamos convictos que para responder hoje aos desafios novos, precisamos, com a graça que jamais falta, uma tremenda dose de criatividade, assim nossa fidelidade já não produzirá marasmos e estagnação senão o novo que é próprio do espírito.
Ir. Onorino Rota Província da Itália
Tenho um sonho Para um chefe de tribo é humilhante chamar sua tribo para anunciar uma saída sem motivar a decisão e sem especificar a finalidade da viagem. Para um pescador experimentado é frustrante trabalhar toda noite sem nada pescar, e conseguir bons resultados seguindo as instruções de uma pessoa não profissional. É ridículo para uma jovem
55 pensar em ser mãe sem o concurso de um homem. Para um sacerdote no início de seu apostolado é uma loucura sonhar em fundar um Instituto que lance raízes em todas as dioceses do mundo. Sim, são coisas humilhantes, deprimentes, ridículas, loucas... para nós acostumados a pequenos projetos. Mas Abraão se tornou pai de um povo, Pedro transborda a barca de peixes, Maria dá à luz um Filho, Marcelino chega a ser fundador... Os sonhos de Deus nos desorientam, não oferecem garantias, deixam os seus programadores hesitantes, mas tornam-se realidade. A nós, que nos sentimos sós quando o horizonte em que nos movimentamos está definido, as intervenções programadas, a experiência aprovada, as mudanças que nos impõe a história abalam nossas seguranças e os “sonhos de Deus” nos parecem paradoxais ainda que seja Ele a conduzir a história. Estamos afeitos aos cruzeiros e o “faze-te ao largo” converte-se num desafio! A l.º de abril de 1903 o Senhor serviu-se do Ministro do Interior francês para fazer-nos zarpar e salvar o Instituto. Sobre a nau, hoje, estamos nós e conosco o Senhor, entre os passageiros não falta Aquela “que tudo fez entre nós” e no comando está nosso Fundador...Pedem-nos para mudar o trajeto habitual, orientar-nos para novos horizontes, escutar novas proposições, assumir o risco da aventura. Utopia? Melhor a utopia que a resignação.
Conclusão
Maio 2003
56
FMS Mensagem 32
e o que realizamos nos vários ambientes onde o fizemos.
Ir. Eduardo Navarro Província do México Ocidental
Reviver a experiência capitular em nossas unidades administrativas
Avaliação
Ao terminar o 20.º Capítulo geral, os Provinciais e Delegados capitulares das Províncias do México dedicamos uns dias para planejar a comunicação às nossas Províncias do que foi o Capítulo. Proponho-me a descrever o que juntos decidimos
“O que vimos e ouvimos”: Nos parece imprescindivel o testemunho direto de Irmãos e leigos que usufruimos deste dom do Espìrito. Assim, cada um dos participantes comunicou suas alegrias e esperanças, assim como seus próprios questionamentos pessoais e desafios que experimentou. Numa de nossas reuniões de Diretores contamos com o valioso testemunho de Cathérine Démougin. Utilizamo-nos também do rico material gráfico para explicar as várias etapas e momentos vividos. Uma intuição da experiência capitular. Pareceu-nos pedagógico ajudar os Irmãos e leigos a reviver a
intuição do porquê dos apelos do Capítulo em relação à vitalidade. Para isso projetamos um esquema onde os participantes conheciam os documentos mais importantes que fundamentaram a etapa do Ver-Julgar. Então realizaram eles mesmos o processo de discernimento vivido no Capítulo. As conclusões dos apelos mais importantes foram assombrosamente semelhantes entre os grupos provinciais e nosso discernimento capitular. Só depois desta etapa, apresentamos o documento “Escolhamos a vida” convidando cada um a assumir um primeiro compromisso inicial para torná-lo vida na própria vida.
Ir. Afonso Murad Provincial do Rio de Janeiro, Brasil.
Para aprofundar o documento Sugiro algumas perguntas para reuniões de Irmãos e leigos. Inicialmente, faz-se uma leitura do texto capitular. Em seguida, tempo pessoal para responder as perguntas, por escrito. Por fim, partilham-se as respostas. Conclui-se com oração. ❖ *Que sinais negativos e sinais de vida você percebe, no local onde vive, atingindo sobretudo crianças e jovens? ❖ Qual é a nossa participação para democratizar a informação e ampliar a educação até aos mais pobres? ❖ Que aspectos preocupantes e quais sinais de vida, sinalizados no Capítulo, estão presentes na nossa comunidade e Província? ❖ Qual atitude de discípulo, apontado pelo documento, expressa melhor sua experiência do seguimento de Jesus? ❖ Quais traços marianos são mais fortes na nossa identidade? Quais precisamos desenvolver? ❖ Que característica do coração do Padre Champagnat é mais significativa para você? Que fatos da vida do fundador lhe recordam esta característica? ❖ Recorde o testemunho de um Irmão, vivo ou falecido, que testemunha uma grande paixão por Jesus Cristo. ❖ Qual foi sua melhor experiência de comunidade? Por que? ❖ Em que aspectos você sente que a sua comunidade deve ser revitalizada?
❖ Leia as sugestões do Capítulo para integração pessoal e crescimento espiritual, nº 42-44, e comente. ❖ Como você percebeu o crescimento da parceria com os leigos na sua província, nos últimos anos? Que passos foram dados? ❖ Leia as sugestões para estreitar as relações com os leigos, nos nº 43, 44 e 47. Como sua comunidade pode colaborar? ❖ Relate uma experiência de evangelização que ajuda o jovem a “formar um belo mosaico, a partir de sua existência fragmentada”. ❖ O que você e sua comunidade podem fazer para que as responsabilidades sejam cada vez mais compartilhadas e não recaiam somente sobre os “superiores”?
Ir. Jean Ronzon Província de N.D. de l’Hermitage, França
Uma palavra de Deus para mim hoje Todo texto tem múltiplas interpretações. Entre estas, quero convidar todo Irmão a fazer uma leitura rezada segundo o método tradicional da Lectio Divina. Posso ler este texto como um palavra de amor que Deus me oferece neste momento
57 da história marista. A atitude inicial é uma atitude de fé: creio que Deus quer dirigir-se a mim e quer me oferecer uma palavra de vida. E o faz através da palavra de meus Irmãos que elaboraram esta mensagem. Sem este ato de fé, posso ficar num nível de leitura. A leitura meditada convida-me a viver a leitura na escuta interior de uma palavra. Depois, tomo uma passagem do documento e o leio calmamente. Esta passagem. Pode ser somente um artigo de algumas linhas. Após uma primeira leitura, detenho-me. Deixo ressoar uma palavra, uma expressão; saboreio-a. Releio a passagem. Pergunto-me como a compreendo pessoalmente, o que esta palavra, esta expressão me diz neste momento. Posso eventualmente ampliar meu olhar buscando referências na Bíblia e nas Constituições. Entretanto é bom também centrar-se sobre o texto dado, aprender a saboreá-lo interiormente. Há uma palavra particular que o Senhor me convida a descobrir hoje neste texto. Sugiro também a seguir este método de leitura meditada em pequenas doses, diariamente durante uns quinze dias por exemplo. Cabe a cada um encontrar o momento oportuno para este oásis de silêncio em meio às atividades rotineiras e de sintonizar com o 20.º Capítulo geral.
Avaliação
Maio 2003
58
Ir. Fergus Garrett Provincia de Nova Zelândia, Fiji
“Fazei tudo o que ele vos disser”. –“Sim, mãe!”
Avaliação
Jesus nos convoca a que escolhamos a vida com Deus e em relação às pessoas, vida de comunhão com o Senhor e com os nossos irmãos e irmãs. Cada dia, na oração comunitária, renovamos a nossa opção pela vida. Saudamos Maria e, com ela, ingressamos na presença do grande Doador de vida. Abrimos as nossas mãos, espíritos e corações para o dom do novo dia. Dizemos: “Sim, Senhor, sim, para as desconhecidas alegrias e lutas
FMS Mensagem 32
do dia. Com a Igreja, louvamos o Senhor da vida e lhe agradecemos. Ele nos fez pessoas atenciosas, inteligentes, razoáveis, responsáveis e amáveis (Lonergan). Escutamos a palavra de Deus que nos encoraja, inspira e desafia para a conversão, para a ação e missão. Com Jesus, dizemos: “Este é o meu corpo, dado por vós; esta a minha irmã, e este o meu irmão”. Permitimos que ele nos ensine, nos toque, nos cure e restaure em nós a vida divina. Levamos conosco, ao longo do dia, a vida divina. Tocamos as vidas dos outros e por eles somos tocados em palavras e obras. Prestamos atenção à plácida voz de Maria: “Veja, eles estão sem vinho, sem paz, sem alegria e sem vida”. E ele diz: “Dai-lhes vós mesmos algo de comer; dai-lhes o verdadeiro pão do céu, Espírito que dá vida”. No fim do dia, estamos prontos a
reconhecer a sua presença na serenidade. Mostra-nos onde ele esteve mais ativo nas pessoas, nas palavras e acontecimentos. Enquanto partilhamos esses preciosos momentos, damos vida uns aos outros. Partilhamos a nossa fé na sua presença ativa, enquanto o louvamos e lhe agradecemos. Rezamos por aqueles que entraram nas nossas vidas neste dia, e pela nossa fraqueza redescoberta. Caso assim rezemos, provavelmente necessitamos mudar as nossas formas de oração: • O nosso oferecimento da manhã torna-se um sim à vida. • A nossa revisão do dia tornanos atentos às grandes coisas que ele fez, e podemos, em verdade, fazer causa comum com o canto de Maria.
59
Maio 2003
ESTATÍSTICA
ESTATÍSTICA GERAL DO INSTITUTO A 31 DE DEZEMBRO DE 2001 SEGUNDO OS DADOS DO SERVIÇO DE REGISTRO E ESTATÍSTICA DO SECRETARIADO GERAL NOVIÇOS
P R O V Í N C I A S 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. 8. 9. 10. 11. 12. 13. 14. 15. 16. 17. 18. 19. 20. 21. 22. 23. 24. 25. 26. 27. 28. 29. 30. 31. 32. 33. 34. 35. 36. 37. 38. 39. 40. 41. 42. 43.
ÁFRICA AUSTRAL AMÉRICA CENTRAL BEAUCAMPS-ST.GENIS BÉTICA BRASIL NORTE CASTILLA CATALUNHA CHILE CHINA COLÔMBIA CONGO CÓRDOBA EQUADOR ESOPUS EUROPA CENTRO-OESTE FILIPINAS IBERVILLE ITÁLIA LEÓN LEVANTE M.C.O. DE L'HERMITAGE MADAGÁSCAR MADRI MELBOURNE MÉXICO CENTRAL MÉXICO OCIDENTAL NIGÉRIA NORTE NOVA ZELÂNDIA PERU PORTO ALEGRE PORTUGAL POUGKEEPSIE QUEBEC RIO DE JANEIRO RIO DA PRATA RUANDA SANTA CATARINA SANTA MARIA SÃO PAULO SRI LANKA SYDNEY VENEZUELA
TOTAL
IR. ATUAIS
DIMINUIÇÃO
1ºNov
2ºNov
Total
Temp
Perp
TOT
12 2 1 3 0 0 2 0 0 0 3 0 0 0 1 2 0 0 0 5 0 2 0 8 10 2 2 0 0 0 0 0 0 0 2 4 1 5 5 0 7 0
5 3 0 0 4 2 1 0 0 0 1 2 0 0 0 8 0 0 0 3 1 2 0 3 5 1 1 3 1 0 9 0 0 0 3 0 2 0 3 0 0 0 0
17 5 1 3 4 2 3 0 0 0 4 2 0 0 1 10 0 0 0 8 1 4 0 11 15 3 3 3 0 0 9 0 0 0 3 2 6 1 8 5 0 7 0
36 12 4 12 23 0 9 3 0 17 8 4 1 7 6 14 3 1 2 21 0 13 2 5 16 17 21 4 1 0 21 2 2 0 10 3 8 14 14 8 5 22 2
65 133 170 156 65 133 198 76 38 60 28 71 32 124 219 34 126 72 136 103 170 50 109 113 137 148 66 117 7 45 130 36 101 81 52 98 24 58 73 72 35 240 56
101 145 174 168 88 133 207 79 38 77 36 75 33 131 225 48 129 73 138 124 170 63 111 118 153 165 87 121 133 45 151 38 103 81 62 101 32 72 87 80 40 262 58
80
62
142
379
4183
4562
AUMENTO
DIF
SAL
TOT
3
2 1 1 4
2 2 2 1 1
4 3
5 1 9 7 2 7 8 2 1 9 2 2 1 3 9 1 5 1 3 8 10 5 1 3 6 3 2 2 6 5 7 2 3 3 5 6 1 1 2 2 2 5 4
104
71
175
8 3 2 3 2 2 3 1 1 2 7 4 1 3 4 10 2 3 3 2 1 2 140 2 6 1 3 3 2 4
4 6 1 6 1 2 1 2 1 1
4 3 1 3 1 1 3 3 1 1
3 2 1 1
1ª Prof P.Perp
5 3 1 3 7
5 2 1 1 1
2 6 2 1 1 2 5
1
1 3
1
2 1 5 5 4
8 1
9
1 1 2
2
1 2 3 3 1
2 1 4 1
7 77
35
60
ESTATÍSTICA
FMS Mensagem 32
IRMÃOS QUE FIZERAM A PRIMEIRA PROFISSÃO NO ANO 2001 SEGUNDO OS DADOS CHEGADOS AO SERVIÇO DE REGISTRO E ESTATÍSTICA DO SECRETARIADO GERAL SOBRENOME
NOME
PROVÍNCIA
PAÍS DE ORIGEM
DAT.PROF
1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. 8. 9. 10. 11. 12. 13. 14. 15. 16. 17. 18. 19. 20. 21. 22. 23. 24. 25. 26. 27. 28. 29. 30. 31. 32. 33. 34. 35. 36. 37. 38. 39. 40. 41. 42. 43. 44. 45. 46.
Ricardo Enrique Jorge Juan Antonio Michel Christian Javier Javier Miled Márcio José Emerson Almeida Sergio Adriano José Antônio Dos Rafael José Cicero De Francisco De Assis Lucas De José Edvan Da Silva Erisvaldo Ferreira De Marilson Da Costa Joseph Vencelas Hosea Munene Eric Silali Daniele Prince Patrick Goly Elijah Ngum Vincent De Paul Maurice Paul Olivier Tovo Heriniaina Fernando Juan Jesús Pio (Woan Hee) John (Byeong Chae) Mauricio Humberto Adolfo Hugo Pablo Juan Pablo Antonio Marco Antonio Alfonso Junior Fifita Elias Odinaka Benedict David Onyemaechi Jude Jesús Yobang Javier Alfonso
América Central América Central América Central Beaucamps - Saint-Genis Bética Bética Bética Brasil Centro-Sul Brasil Centro-Sul Brasil Centro-Sul Brasil Centro-Sul Brasil Norte Brasil Norte Brasil Norte Brasil Norte Brasil Norte Brasil Norte Brasil Norte Congo Congo Europa Centro-Oeste Europa Centro-Oeste Itália Levante Levante Levante Madagáscar Madagáscar Madri México Central México Central México Central México Central México Central México Ocidental México Ocidental México Ocidental México Ocidental México Ocidental Nova Zelândia Nigéria Nigéria Nigéria Nigéria Nor-Andina Nor-Andina
Guatemala Costa Rica El Salvador Rep. Centro-Africana Espanha Espanha Líbano Brasil Brasil Brasil Brasil Brasil Brasil Brasil Brasil Brasil Brasil Brasil Congo R.D. Congo R.D. Quênia Quênia Itália Gana Camarões Costa de Marfim Madagáscar Madagáscar Espanha México Coréia Coréia México México México México México México México Samoa Nigéria Nigéria Nigéria Nigéria Colômbia Colômbia
2001-10-28 2001-10-28 2001-10-28 2001-06-10 2001-07-01 2001-07-01 2001-07-01 2001-12-08 2001-12-08 2001-12-08 2001-12-08 2001-12-22 2001-12-22 2001-12-22 2001-12-22 2001-12-22 2001-12-22 2001-12-22 2001-06-10 2001-06-10 2001-06-30 2001-06-30 2001-07-01 2001-06-16 2001-06-16 2001-06-16 2001-06-10 2001-06-10 2001-07-01 2001-06-23 2001-12-19 2001-12-19 2001-06-23 2001-06-23 2001-06-23 2001-06-23 2001-06-23 2001-06-23 2001-06-23 2001-11-24 2001-06-16 2001-06-16 2001-06-16 2001-06-16 2001-12-08 2001-12-08
Chinchilla Villalobos Sánchez Kopper Sandoval Martínez Wado Colomo Zaballos Sánchez Domínguez Hobeika Pissolato Moreira Begnini Cecatto Santos Ferreira Júnior Menezes Oliveira Costa Lima Simões Kifala Munyilongo Baindekeli Beimoyato Mugera Lusenaka Pardo Sarfo Ngek Kouassi N'guessan Razanandro Rakotonirina Arriero Perantón Franco Hernández Yu Kim Ocejo Lambert Olivera Nava Vázquez Zarazua Rivero Flota Medina Lugo Salazar Rivera Chiquini Méndez Talivaa Iwu Umoh Eke Anani Ebinum Manzano Plaza Echeverry Velásquez
61
Maio 2003
ESTATÍSTICA
SOBRENOME
NOME
PROVÍNCIA
PAÍS DE ORIGEM
DAT.PROF
47. 48. 49. 50. 51. 52. 53. 54. 55. 56. 57. 58. 59. 60. 61. 62. 63. 64. 65. 66. 67. 68. 69. 70. 71. 72. 73. 74. 75. 76. 77. 78.
Juan Diego Benedicto Oscar Eduardo Juan Pablo Johmel Freddie Jerry Riel Demosthenes Jorge Horacio Jaires Santos Da Inácio Genésio Rodrigues Vivicios Meneguzzi Joseney Castilho Da Désiré Egide Álvaro Danilo Francisco José Justine Charles Wilyjay Arcanjo Domingos Francis Fortune Chiedzo Maurice Ackim Gerard Cornelius Ken Stanley Alfred Dominic Elias Anthony
Nor-Andina Nor-Andina Nor-Andina Nor-Andina Filipinas Filipinas Filipinas Filipinas Filipinas Rio da Prata Rio Grande do Sul Rio Grande do Sul Rio Grande do Sul Rio Grande do Sul Rio Grande do Sul Ruanda Ruanda Sª. Maria dos Andes Sª. Maria dos Andes África do Sul África do Sul África do Sul África do Sul África do Sul Sydney Sydney Sydney Sydney Sydney Sydney Sydney Sydney
Colômbia Colômbia Colômbia Colômbia Filipinas Filipinas Filipinas Filipinas Filipinas Argentina Brasil Brasil Brasil Brasil Brasil Ruanda Ruanda Chile Chile Zâmbia Zâmbia Moçambique Zimbábue Zâmbia Papua Nova Guiné Papua Nova Guiné Papua Nova Guiné Ilhas Salomão Papua Nova Guiné Papua Nova Guiné Papua Nova Guiné Austrália
2001-12-08 2001-12-08 2001-12-08 2001-12-08 2001-05-20 2001-05-20 2001-05-20 2001-05-20 2001-05-20 2001-01-02 2001-12-08 2001-12-08 2001-12-08 2001-12-08 2001-12-08 2001-06-10 2001-06-10 2001-01-06 2001-12-30 2001-06-30 2001-06-30 2001-06-30 2001-06-30 2001-06-30 2001-11-24 2001-11-24 2001-11-24 2001-11-24 2001-11-24 2001-11-24 2001-11-24 2001-12-13
Vélez Rojas Santacruz Moncayo Ropero Sánchez Marín Esparza Alo Bantilan Selayro Rafaila Calabria Walder Bonomi Rocha Freisleben Mafalda Malfatti Silva Mazimpaka Nsabimana Sepúlveda Romero Moreno Bovet Chilombo Hanjoomo Mudubai Chakasara Mushitu Epa Kelets Lasin Maetaoha (Maehvara) Sagolo Tsibuen Warao Robertson
62
ESTATÍSTICA
FMS Mensagem 32
IRMÃOS QUE FIZERAM A PROFISSÃO PERPÉTUA NO ANO 2001 SEGUNDO OS DADOS CHEGADOS AO SERVIÇO DE REGISTRO E ESTATÍSTICA DO SECRETARIADO GERAL SOBRENOME
NOME
PROVÍNCIA
PAÍS DE ORIGEM
1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. 8. 9. 10. 11. 12. 13. 14. 15. 16. 17. 18. 19. 20. 21. 22. 23. 24. 25. 26. 27. 28. 29. 30. 31. 32. 33. 34. 35.
Pablo Daniel Miguel Evaristo Nilto Francisco Jorge Mauro Rogério José Pereira Luiz Antonio José Charles Guillermo José Patrick Otwori Juan Carlos Miguel Ángel Agustín John Baptist Francisco Javier Rodrigo Luis Felipe Marco Antonio Paul Gustavo Sergio John Mattew Solimar Dos Santos Clóvis Inácio Genuir Civa Juan Manuel Felix David Virgilio Emmanuel Gundul Boniface Franck Lackwell Benedict Hemasi
América Central América Central Bética Brasil Centro-Sul Brasil Centro-Sul Brasil Centro-Sul Brasil Centro-Sul Brasil Centro-Sul Brasil Centro-Sul Castilla Catalunha Congo Córdoba Europa Centro-Oeste Levante México Central México Central México Central México Central México Central México Central México Central México Central México Ocidental Nova Zelândia Rio Grande do Sul Rio Grande do Sul Rio Grande do Sul Sª. Maria dos Andes África do Sul África do Sul África do Sul África do Sul África do Sul Sri Lanka
Guatemala Espanha Espanha Brasil Brasil Brasil Brasil Brasil Brasil Espanha Paraguai Congo R.D. Argentina Quênia Espanha México Coréia Coréia México México México México México México Samoa Brasil Brasil Brasil Peru Malauí Zâmbia Zimbábue Malauí Malauí Sri Lanka
August Salazar Vielba Infante Rodríguez Marín Squersato Fontana Gaio Lovato Dias Siqueira De Oliveira Sánchez Lozano Giménez González Nzabanita Mautino Kenagwa Fuertes Mari Espinosa Barrera Lee He Dong Oh Seon-Keun Conde González Espinosa Larracoechea González Ruiz Soto Sánchez Gómez Preciado García Blackaller Hazelman Amaro Seibert Faqui García López Masekesa Bwalya Mwanalirenji Chirambo Mwambucha Wijesuriya
DATA 2001-03-25 2001-03-25 2001-09-22 2001-01-18 2001-05-20 2001-12-15 2001-12-15 2001-12-15 2001-12-15 2001-08-15 2001-08-25 2001-11-04 2001-10-27 2001-05-20 2001-12-08 2001-05-19 2001-06-06 2001-06-06 2001-05-19 2001-05-19 2001-05-19 2001-05-19 2001-07-07 2001-06-09 2001-01-20 2001-08-11 2001-10-28 2001-08-11 2001-06-06 2001-08-11 2001-08-18 2001-08-25 2001-08-11 2001-08-11 2001-02-03
63
Maio 2003
ESTATÍSTICA
IRMÃOS FALECIDOS DURANTE O ANO 2001 SEGUNDO OS DADOS CHEGADOS AO SERVIÇO DE REGISTRO E ESTATÍSTICA DO SECRETARIADO GERAL SOBRENOME
NOME
NOME DE IRMÃO
DATA FAL.
ID
PROVÍNCIA
1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. 8. 9. 10. 11. 12. 13. 14. 15. 16. 17. 18. 19. 20. 21. 22. 23. 24. 25. 26. 27. 28. 29. 30. 31. 32. 33. 34. 35. 36. 37. 38. 39. 40. 41. 42. 43. 44. 45. 46.
Jean Evasio Rosaire Plácido José De Ignacio Saturnino Edward P. Mansueto Marcel Blasius Teódulo Marcel Pierre Hermann Albert Anton Jean-Louis Henri Paulino Jean Salvatore Nicholas Adrian Miguel Célestin Thomas Kenneth J. Maurice Maxwell John Jenaro Franz Josef Laurent Daniel René Martial Julián Jesús María Calixto Marcel Delphino Cardoso De Lorenzo Pierre Joseph Adolph John Joseph Aurèle (Onil) Jesús
Privat Pablo Isidoro Donat Bernardino Rafael Abilio José Ignacio Javier Saturnino Dato Patrick Francis Teófilo María Pierre Justin Florenciano Víctor Teódulo Gerbert Petros Blasius Dominique Jérôme Gamelbert Marie Euthyme Henri Louis Pablo Eliseo Basile Stanislas Ilarione
2001-01-05 2001-01-07 2001-01-08 2001-01-17 2001-01-18 2001-01-24 2001-02-01 2001-02-02 2001-02-02 2001-02-07 2001-02-09 2001-02-10 2001-02-12 2001-02-13 2001-02-21 2001-02-23 2001-03-01 2001-03-04 2001-03-11 2001-03-15 2001-03-23 2001-03-27 2001-03-27 2001-03-27 2001-03-28 2001-03-31 2001-03-31 2001-04-08 2001-04-09 2001-04-10 2001-04-13 2001-04-13 2001-04-18 2001-04-24 2001-04-25 2001-04-27 2001-04-27 2001-04-27 2001-04-29 2001-05-09 2001-05-14 2001-05-17 2001-05-19 2001-06-02 2001-06-10 2001-06-12
78 88 85 78 90 65 72 70 71 90 75 86 95 74 88 84 79 76 96 85 79 93 52 79 79 72 68 70 74 74 85 82 60 51 92 93 81 75 71 55 87 87 76 95 90 84
M.C.O. N.D. de l'Hermitage Levante Quebec Levante Rio De Janeiro Castilla León Poughkeepsie Porto Alegre Beaucamps - Saint-Genis Porto Alegre Chile Europa Centro-Oeste M.C.O. N.D. de l'Hermitage Sri Lanka Europa Centro-Oeste Europa Centro-Oeste Iberville Quebec Castilla Beaucamps - Saint-Genis Itália Melbourne Portugal Beaucamps - Saint-Genis Europa Centro-Oeste Esopus Iberville Melbourne León Rio da Prata Madagáscar M.C.O. N.D. de l'Hermitage Madagáscar Rio da Prata Colômbia Norte Beaucamps - Saint-Genis Santa Maria Norte Quebec África do Sul Poughkeepsie Europa Centro-Oeste Iberville Catalunha
Portal Castrillo Arribas Morin López Campillo Aguiar García Fernández Martínez Rodríguez Tyrrell Cadoná Dufour Rachor Calvo Sánchez Bringmans Foscolos Regul Houben Geissler Audet Mathieu Jiménez Enríquez Lakomy Ozenda Mc Beath Pereira Da Silva Naouna Jackson Voegtle Boudreault Roughana Rueda Herreros Geble Kunz Rakotozafy Chambonnière Ramaromanana Díez Alonso González García Antón Merino Hennache Aguiar Urién Marcos Saint-Laurent Meis Labonté Daly Huot Beunza Alecha
Miguel Alipio Henry Leonard Alphonse Yvon Maurice Evin Silvio Marcelino Paschalis Hilarion Daniel Marie Eladio Ángel Cipriano Vidal Ramón Eusebio Paul Vincent Dimas João Pierre Laurent Balduin Adolphe Leo Casimir John Léon Ignace Luis Graciano
64
ESTATÍSTICA SOBRENOME 47. Kim (Soo Hun) 48. Ryan 49. Baiotto 50. Caballero Carrera 51. Mediavilla Madina 52. Long 53. Van De Velde 54. Tanyi 55. Anthony 56. Hartmann 57. Lauler 58. Saez San Miguel 59. Echeverri Murillo 60. García González 61. François 62. Pradella 63. Cermelj Baic 64. Meresinihinua 65. Castañon Hernández 66. Venables 67. Perret 68. Magand 69. Vadillo Robredo 70. Martim 71. Rodríguez Pastrana 72. Mc Kiernan 73. Jacquat 74. Pandolfo 75. Bernardi Forcellini 76. Poirier 77. Fuente Rojo 78. Sarraillé 79. Rodolfi 80. Luna González 81. Orjikwe 82. Borne 83. Vincent 84. Droguett Miranda 85. Noll 86. Bentley 87. Buitrago Aguirre 88. Marc (Saballail) 89. Mocellin 90. Marotzki 91. Laramée 92. Moors 93. Leone 94. Martínez Erazo 95. Krenz Kloster 96. Ronzon 97. Sargolini 98. Robla González 99. Sanial 100. Preciado Morales 101. Rodríguez Rodríguez 102. Chanal 103. Boukheir 104. Pedroza Pardo
NOME Anselmo Desmond T. Virgilio Luiz Jesús José Patrick J. Roger Anthony Felician José Antenor Jean Geraldo Miguel Ángel Benjamin Dit Garfield Jean-Marie Albino Vladimiro Isaac Edwin Francisco William Joseph-Louis Gabriel-Marie Cándido Ireneu Crescencio Thomas Clément Hermes João Eugenio Laurent Agustín De La Pierre Luiz Attilio Luis Oliver Chukwuma Raymond Maurice Rodolfo Alfred Sydney Gonzalo Paul Marius Edgar Aurèle Alphonse Carlos Gerardo María Victorio Joseph Rinaldo Urbano Marius Régis Pablo Emiliano Régis Pierre Rafic Ramón
NOME DE IRMÃO Gregory Vincent Zeferino Miguel Moisés Pedro Ronald Bernard Ange Aloys
Justino María Paul Victor Esteban Miguel Ramón Fabio Vicente Jean Félix Olavo José Damaso Corrado Edwin Peter Javier Benigno Joseph Régis Didier Cirilo Jorge Cristiano Jorge Arturo Columba John Louis Valéry Hermes Andrés Michaelis Lawrence Joseph Clemente María Louis Césaire Luiz Berchmans Luis Ramón Jules Laurent Rodolfo Vicente Gérard Alfred Felix Therese Agustín Carlos Paul Marc Marius Anselme Joaquím André Aurèle Eugène Alphonse Michael Fortunato Cruz Guido María Víctor Alfredo Jean Stanislas Domenico Bruno Urbano León Chanel Joseph Pablo Máximo Joseph Aimé Elie Stanislas María Ramón
FMS Mensagem 32
DATA FAL.
ID
PROVÍNCIA
2001-06-13 2001-06-16 2001-06-17 2001-06-18 2001-06-19 2001-06-21 2001-06-22 2001-06-27 2001-07-02 2001-07-03 2001-07-04 2001-07-08 2001-07-15 2001-07-19 2001-07-30 2001-07-30 2001-08-05 2001-08-07 2001-08-08 2001-08-09 2001-08-10 2001-08-10 2001-08-13 2001-08-15 2001-08-17 2001-08-28 2001-08-29 2001-09-05 2001-09-05 2001-09-06 2001-09-06 2001-09-10 2001-09-15 2001-09-16 2001-09-21 2001-09-25 2001-10-02 2001-10-07 2001-10-07 2001-10-09 2001-10-11 2001-10-13 2001-10-14 2001-10-18 2001-10-21 2001-10-26 2001-11-10 2001-11-13 2001-11-16 2001-12-03 2001-12-08 2001-12-08 2001-12-09 2001-12-13 2001-12-17 2001-12-19 2001-12-23 2001-12-28
56 72 75 42 86 74 80 69 58 73 74 90 65 81 63 80 72 69 75 89 72 92 95 70 75 85 88 84 85 94 75 73 83 92 47 78 59 83 67 71 78 97 78 82 74 83 84 64 63 83 73 93 100 88 58 89 80 96
México Central Nova Zelândia Porto Alegre Venezuela Rio da Prata Esopus Europa Centro-Oeste Levante Sri Lanka África do Sul M.C.O. N.D. de l'Hermitage Rio de Janeiro Catalunha África do Sul Congo Santa Maria Peru Sydney León Melbourne M.C.O. N.D. de l'Hermitage M.C.O. N.D. de l'Hermitage Bética São Paulo Equador Nova Zelândia M.C.O. N.D. de l'Hermitage Porto Alegre Peru Poughkeepsie Levante M.C.O. N.D. de l'Hermitage Porto Alegre México Ocidental Nigéria M.C.O. N.D. de l'Hermitage Beaucamps - Saint-Genis Chile Beaucamps - Saint-Genis Nova Zelândia Colômbia M.C.O. N.D. de l'Hermitage Beaucamps - Saint-Genis Porto Alegre Iberville Europa Centro-Oeste São Paulo Colômbia Rio da Prata Beaucamps - Saint-Genis Bética Castilla Brasil Norte México Central México Central Brasil Norte Bética México Ocidental
RESTRUTURAÇÃO DO INSTITUTO MARISTA UNIDADES ADMINISTRATIVAS 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. 8. 9. 10. 11. 12. 13. 14. 15. 16. 17. 18. 19. 20. 21. 22. 23. 24. 25. 26.
África Austral África Centro-Este América Central Brasil Centro-Sul Canadá China Compostela Cruz do Sul Distrito do Paraguai Estados Unidos da América Europa Centro-Oeste Filipinas Ibérica L’Hermitage Madagáscar Mediterrânea Distrito da África do Oeste Melbourne México Central Distrito da Coréia México Ocidental Nigéria Nor-Andina Nova Zelândia Río Grande do Sul Distrito da Amazônia Santa Maria dos Andes Sri Lanka Sydney Distrito da Melanésia Pendente de nome Administração geral
PAÍSES África do Sul, Angola, Malauí, Moçambique, Zâmbia e Zimbábue. R.D. Congo, República Centro-Africana, Quênia, Ruanda e Tanzânia. Costa Rica, El Salvador, Guatemala, Nicarágua e Porto Rico Brasil (Santa Catarina e São Paulo) Canadá e Haiti China, Malásia e Cingapura Espanha (Castilla e León), Portugal e Honduras Argentina, Uruguai. Paraguai USA (Esopus e Poughkeepsie) e Japão Alemanha, Bélgica, Inglaterra, Irlanda e Holanda. Filipinas Espanha (Madri e Norte) e Romênia. Espanha (Catalunha), França, Grécia, Suíça, Hungria e Argélia. Madagáscar Espanha (Bética e Levante), Itália, Síria e Líbano. Costa de Marfim, Gana, Camarões, Guiné Equatorial, Chade e Libéria Austrália, Índia e Timor Leste México Coréia México Nigéria Colômbia, Venezuela, Equador Nova Zelândia, Fiji, Kiribati, Samoa e Tonga Brasil (Porto Alegre e Santa Maria). Brasil. Bolívia, Chile e Peru Sri Lanka e Paquistão Austrália e Camboja. Papua N.G., Ilhas Salomão e Nova Caledônia-Vanuatu Brasil (Brasil Norte e Rio de Janeiro) Cuba
DATA DE CRIAÇÃO 1999, abril 2003, abril — 2002, julho 2002, julho — 2003, dezembro 2003, julho 2003, junho-julho 2000, abril — 2003, novembro 2003, julho — 2003, setembro 2000, agosto — — — — — 2003, janeiro — 2002, julho 2002, agosto — — Sem data —
“O desafío da vitalidade é o fio condutor da restruturação do Instituto” – Documento capitular, 37
MARIA
SIGAMOS JESUS COMO MARIA E
COM ELA.
Documento capitular, 12
NOS ENSINA A ESTAR EFETIVAMENTE PRÓXIMOS ÀS CRIANÇAS E AOS JOVENS, COMO ELA O ESTEVE COM ESUS…
J
…EA PROCLAMAR A PREFERÊNCIA DE EUS PELOS PEQUENOS.
D
Documento capitular, 13