Um só Caminho

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Dedicatórias

Ao meu filho no amor, Marcelo Quintela, que se empenhou mais do que eu mesmo pela publicação deste livro. À Dora Ramos e Ligia Madruga, que fizeram as correções, bem como ao Fausto Castelo Branco e ao Reverendo Eudaldo Gomes de Almeida que ajudaram a colocar as notas de rodapé, assim como contribuíram com sugestões. Ao Chico, que também fez sugestões. E, sobretudo, minha gratidão à Adriana, minha mulher, que, de fato, ao reler o livro, não apenas fez muitas correções de conteúdo, mas, também, me pediu que o fizesse na forma em que esta edição agora possui. A todos manifesto aqui a minha gratidão.

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...Os Meus pensamentos não são os vossos pensamentos, nem os vossos caminhos os Meus caminhos! — diz o Senhor. Isaías 55.8 os últimos dias, Deus é o assunto!Deus. Este é o tema. Este é o assunto. Deus tema. Deus assunto. Deus criado. Deus pensado. Deus explicado. Deus filosofado. Deus objeto. Deus de estudo. Deus de discussão. Deus de letras. Deus de palavras. Deus de ideias. Deus segundo o homem. Deus conforme a nossa imagem. Deus de acordo com os tempos. Deus segundo as Eras. Deus de doutores em Deus. Deus de divinos mestres em Divindade. Deus esquadrinhado. Deus dividido em atributos. Deus feito uno pelo fragmentado “homo-sistematikus”. Deus ora Livre, ora preso a si mesmo. Deus do não. Deus do sim. Deus? Deus! Deus?! Deus fora do interior do homem: Deus na “cabeça”. Deus na mesa de cirurgia de ideias. Cirurgiões de Deus. Deus cadáver. Deus de ontem. Deus da vida oca. Deus morto. Deus que não é visto no que de Deus se pode conhecer... Deus que não é visto onde disse Ser. Deus sem Deus. Deus sem Mistério. Deus manco. Deus ajudado. Deus em perigo. Deus salvo por Teologia. Deus “indegustável”. Deus cozido. Deus temperado. Deus servido em bandejas de pensamentos. Deus preso ao tempo. Tempo no qual Deus tem que caber. Tempo no qual o Deus segundo o homem existe. Deus disputado em batalhas. Deus perdido em disputas. Deus ganho em querelas. Deus assim... Deus me livre!

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Sumário 1. Apresentação .................................................................................. 9 2. Glossário .......................................................................................11 3. Introdução: JESUS e os do Caminho .........................................15 4. O que está acontecendo à alma dos cristãos de hoje?...............43 5. O Caminho da Graça para todos ................................................51 6. A Graça da salvação .....................................................................55 7. A vida cheia de Graça ..................................................................61 8. Dois modos de conhecer a Graça de Deus ................................63 9. É para comer, não é para conhecer o cardápio!.........................65 10. A boa notícia é a manchete de hoje! ...........................................69 11. A Graça e a Lei do Caminho .......................................................71 12. A liberdade de ser no Caminho ..................................................77 13. O Caminho da Simplicidade ......................................................83 14. A loucura da Cruz e o escândalo da Graça — para os cristãos ...............................................................91 15. O Caminho da experiência comunitária, segundo Jesus .........97 16. Um convite à doce revolução ....................................................109 17. O Encontro no Caminho ..........................................................113 18. O Caminho versus a instituição ...............................................123 19. O Caminho da Graça — uma denominação evangélica light? ................................................................................129 20. O Caminho como atalho ...........................................................133 21. A Esperança como Caminho ....................................................137 22. O Evangelho nas Escrituras e as Escrituras no Evangelho.....139 23. A Teologia e o Caminho da Graça............................................149 24. Conclusão — Um só Caminho .................................................155 7

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Apresentação Onde abundou o pecado, superabundou a graça! Romanos 5:20 ntes de qualquer coisa quero dizer, em nome de Jesus, que sendo um pecador dentre todos os pecadores da Terra, nem por isso posso negar que Deus habita em mim, e que Dele recebo a Luz. Dou a conhecer aos meus amados irmãos que encontrei e conheço a nosso Senhor Jesus Cristo — Deus Conosco —, a Quem o Pai constituiu como meu Salvador por Sua exclusiva Graça, hoje e para todo o sempre. O conteúdo a seguir é uma espécie de “apresentação” aos que chegam às Estações do Caminho da Graça. Nosso público é formado por aqueles que, pela leitura do meu site (www.caiofabio.com), se identificaram com o que ensino acerca de Jesus, bem como por aqueles que já se cansaram de tanta tolice religiosa e, pela compreensão do Evangelho, querem viver a simplicidade de algo que apenas deseja ser lugar-caminho de fomento da Palavra; e no caso de não se fazer “lugar”, ainda assim pode se fazer “caminho” no coração e na vocação . Ou, ainda, por aqueles que nada sabem de coisa alguma, mas anseiam pelo Evangelho. Estes últimos chegam apenas para crescer na Graça, e sem os vícios de doenças de “crentes amargos”. A esses companheiros de jornada dedico esse trabalho.

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Boa Leitura! Caio Fábio 9

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Glossário qui segue um glossário de termos presentes tanto no site como nos livros. Creio que a leitura dele é auto-explicativa e pode facilitar o processo de comunicação no que tange à terminologia. • Igreja (com I maiúsculo) corresponde ao que Jesus e o Novo Testamento definem como Igreja: A Assembleia dos que foram chamados à Fé, ou seja, o encontro com Deus e uns com os outros em torno do Nome de Jesus — o que faz de todo Encontro Humano, em fé, um Encontro-Igreja no qual Jesus promete estar presente, mesmo que sejam apenas dois ou três re-unidos1 por se saberem a Ele unidos! • “Igreja” (entre aspas) refere-se às representações institucionais do fenômeno histórico, social, econômico, político e culturalmente autodefinido como “igreja” — e que tem uma hierarquia (clero), sigla (denominação), geografia fixa (prédio) e membros-sócios. Ou seja, Igreja a gente encontra no caminho. “Igreja”, a gente vai ao encontro dela ou a identifica pela placa! • Cristianismo é a expressão histórica da Religião que confessa Jesus como Filho de Deus, mas cujo processo de institucionalização trabalha com mais freqüência contra os Interesses do Reino de Deus que no sentido indicado pelo Evangelho. • Catolicismo é um derivado do Cristianismo que se vê como o “Reino Estatal de Deus na Terra” — tudo entre aspas. • Protestantismo é o movimento histórico-cristão que quase conseguiu... Mas perdeu o pró-testo, que é sempre algo pró-teste! Assim, virou apenas uma Re-Forma2!

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1 Mateus 18:19-20 2 Lucas 5:36-39

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Um só caminho • Evangélico é o ente que crê no Evangelho e que crê na salvação em Jesus, conforme a Graça revelada em Cristo. Por exemplo, o apóstolo Paulo era um genuíno Evangélico! • “Evangélico” (entre aspas) é o ente que tem sua fé em Jesus mediada pela “Igreja Evangélica”, que é a autodefinição coletiva dos cristãos que nem sempre confiam uns nos outros ou gostam uns dos outros. Apesar disso, só se enxergam coletivamente sob esse GuardaChuva, furado de baixo para cima pelas pontas afiadas dos guardachuvas menores que cada um usa para garantir sua própria proteção enquanto aniquila o que confessa como devoção: o Evangelho! • Cristão (historicamente) é um ser no Limbo, vivendo entre a Lei e a Graça; sofrendo entre o medo de Deus e o amor irresistível que por Ele sente. • Discípulo de Jesus é o ser que, apesar de se reconhecer relativo, se sabe — pela fé na Graça de Deus que gera o dom da fé — como alguém que é irreversivelmente de Jesus, e que aprendeu que o Caminho acontece na companhia de irmãos que sempre sujam os pés na jornada. Por isso lavam os pés uns dos outros em nudez, crendo que quem já está limpo pela Palavra3 de Cristo não necessita lavar senão somente os pés. • Liberdade é a capacitação na Graça e na Verdade de poder escolher-se-deixar-levar pelo Espírito, que realiza o Bem de Deus no ser humano, conduzindo-o no Caminho Estreito que acontece, em fé — entre os pólos da Lei e da Libertinagem —, na vereda do que é bom, faz bem, é justo e se chama vida conforme Jesus4. • Pecado é... Sou. Cada um deveria saber o que é pecado. De fato, cada um sabe, especialmente se não for instruído moralmente a respeito. Somente os instruídos pela Moral é que têm pecados listados5. Os da fé seguem a justiça do Evangelho na consciência, por isso sabem que são pecado. Sabem e não ficam neuróticos. Afinal, Aquele que não teve pecado, Deus o fez pecado por nós6. Quem olha para o coração sabe a diferença. 3 João 13:10 4 II Coríntios 3: 1 a 8 ; Romanos 8 5 Colossenses 2:8-23 6 2 Coríntios 5:21

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Glossário • Graça é... Toda manifestação do amor criador-redentor de Deus — e que se expressou supremamente no Escândalo da Cruz — e que sempre é favor imerecido, incluindo a criação de todos os seres7. Paulo fala em Igreja mais que qualquer outro dos apóstolos. Para ele, no entanto, a igreja tem dois tratamentos: 1. A igreja como ente espiritual que existe aos olhos de Deus como a Universal Comunhão dos Santos. É a igreja como verdade e como proposta8. 2. A igreja instituída como organismo, não como uma empresa com uma missão de conquista. Nesse aspecto, Paulo não fala em Corpo, membros e dons. Para Paulo, alguém era membro da igreja não quando se filiava, mas pela sua própria inserção em Graça na comunhão do Corpo de Cristo e sua mutualidade 9.

7 Colossenses 1: 1 a 23; Efésios 2:1-10 8 1 Coríntios 1:1-9; Efésios 4:1-16 9 Romanos 8:16-17; Efésios 2:4-10; Colossenses 1:17-29

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Introdução: Jesus e os do Caminho esus é O em relação a todas as coisas que existem. Pois todas as coisas vieram Dele e para Ele10. Ele esteve neste mundo, tudo é Dele11, mas Ele não era e nem é deste mundo12. Ele amou o amor do Pai pelo mundo13, embora o mundo O tenha odiado14. Ele, porém, como Deus, não se enche de ciúmes ante a cegueira humana15, e continua amando mesmo quando julga e decreta, pois, sendo amor, tudo o que faz é amor em terapia para a vida16. Jesus é Deus. É Deus desde que Deus é Deus17. Ou seja: Ele e o Pai são Um18, e não “se tornaram” Um. Por isso, tudo Nele é simples e soberano. Ele vem ao mundo como um anônimo e se esconde em simplicidade anônima aproximadamente 92% dos trinta e três anos de Sua existência Histórica. E não se importa com o tamanho de nada19, e não se aflige em posicionar-se bem20, e não é estratégico segundo o mundo em nada do que

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10 João 1: 1- 14 11 Romanos 11: 33-36 12 João 8:21-24; 17:4-16 13 João 12:20-32; João 13:1; João 15:9-13 14 João 7:1-7 15 Atos 17:22-31 16 Hebreus 12: 4- 8 17 João 13 18 João 10:22-30 19 Marcos 13:1-2 20 João 6:14-15

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Um só caminho fez21, escolhendo a via que é vista de modo inverso pelo mundo22, andando, assim, na contramão de tudo o que o homem chama fácil23, bom e largo; escolhendo a vereda que ninguém aprecia, que é o caminho da graça24, do perdão25, da misericórdia26, da bondade simples e natural27, da compaixão28, da verdade conforme o entendimento29 e da disposição de morrer30, mas não de matar.31 O mundo, como sistema humano, é anti-Ele como Caminho, Verdade e Vida32! Ele, todavia, é o Caminho, a Verdade e a Vida33, e, portanto, não pede licença para Ser e nem julga que, para que Ele mesmo fosse, tivesse que acontecer no palco das vaidades humanas34. Assim, sua simplicidade de encarnação é Sua maior soberania, pois, em qualquer lugar, Aquele que É se faz Ser. Ele era desde antes de haver antes ou depois, pois Ele é o Alfa e o Ômega35. Ele é Aquele que veio segundo a ordem de Melquisedeque36, pois Melquisedeque é aquele que se manifesta sem explicação e sem pedir licença37. Ele é Senhor de tudo, pois decreta que todas as coisas estão sob a provisão de Sua Graça (Favor) desde antes de serem criadas, sendo 21 João 7:2-10; João 12:20-26 22 Lucas 13:22-30 23 Provérbios 16:25; Mateus 7:13-14 24 João 1:17; Romanos 6:14; 11:6; Efésios 2:1-10 25 Lucas 6:37-38; Mateus 6: 14,15; Colossenses 3:13 26 Oséias 6:6; Mateus 5:7; 9:10-13; Colossenses 3:12 27 Salmo 23:6; Lucas 6:27-31; Colossenses 3:12; Gálatas 5:22 28 Jó 6:14; Marcos 5:19; Efésios 4:31-32 29 Mateus 25:14-15; Marcos 4:33 30 Mateus 10:39; Lucas 14:25-27; João 12:24-25; 2 Timóteo 2:11 31 Mateus 19:18; Lucas 9:51-56; 18:20; Romanos 13:9 32 João 15:18-21; 1 João 5:18-20; Efésios 2:1-2 33 João 14:5-6; 17:9-14; Tiago 4:4; 1 João 2:15-17; 5:19 34 João 7:24 35 Apocalipse 1:8; 21:6; 22:13 36 Salmo 110:4; Hebreus 5:1-10; 6:17-20; 7:17 37 Gênesis 14:17-20; Hebreus 5:1-10; 6:20; 7:1-3, 11-28

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Introdução: Jesus e os do Caminho esta a razão pela qual Jesus, o Cordeiro Eterno, foi imolado antes da fundação do mundo, de todos os mundos38. Por isso é que todas as coisas que vieram Dele para Ele voltarão39, pois fez a paz mediante o sangue de Sua Cruz40, o qual foi a expressão temporal e histórica da Cruz eterna da imolação do Cordeiro antes da fundação do mundo41. Ele redime exatamente como cria. Ou seja, tirando as coisas do nada ou do caos, e, além disso, criando gradualmente, com a paciência de Deus. Ele não sente necessidade de se explicar, pois sabe que as trevas não prevalecem sobre a Luz42. Entretanto, Ele se revela aos simples, e todo aquele que pode enxergar divindade na simplicidade discerne a Sua presença43. Por isso, entre nós, Ele se fez acompanhar dos que se alegravam com o derrame de amor que Ele fazia, e não tinham questões, mas apenas o coração carente e aberto44. Do ponto de vista de Seu olhar humano, do alto da cruz, o que Ele via era derrota e deserção. Nós é que julgamos que Suas Palavras ecoavam aos ouvidos de todos. Mas não. Ele dizia coisas que, além dos executores, somente a mãe Dele e umas amigas puderam escutar. É infinitamente pior do que morrer na UTI longe dos amigos que fugiram45. É a morte do Herdeiro de todas as coisas acontecendo quase sem testemunhas. E as que testemunharam não possuíam “valor histórico”. Ele venceu tudo em silêncio. Até a morte Ele venceu e o Imperador não ficou sabendo. 38 1 Coríntios 5:7; 1 Pedro 1:17-21 39 Colossenses 1:13-20 40 Colossenses 1:20 41 I Pedro 1: 19, 20, 21; Filipenses 2:5-11 42 João 1:1-9 43 Salmo 25:8-9; 119:129-130; Lucas 10:21-24; 1 Coríntios 1:18-31 a 2:1-10; Filipenses 2:5-11; Tiago 4:6 44 Mateus 5:18-22; Marcos 5:21-42; Lucas 7:36-50 45 Isaías 53:3-8; Marcos 16:33-41; João 19:25-30

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Um só caminho Assim, o caminho de Deus é silencioso e poderoso; e não é feito por mãos humanas, mas por rendição do homem a Deus, sozinho, com ou sem companhia. Há vários livros meus que falam acerca do ser de Jesus, de Seus modos, de Seu jeito-ser como Palavra, como Verbo Encarnado e como Chave Hermenêutica para interpretação de Suas próprias Palavras46. No presente livro, minha intenção é conduzir você por uma viagem que começa na revelação de quem é Jesus, se aprofunda na consciência de Quem Ele é para você e cresce para fazer sua aplicação do significado dessa fé em Jesus na sua relação com os irmãos e com o próximo. Ou seja: este é um livro simples, mas que fala séria e profundamente sobre as implicações do Evangelho para o todo de nossa existência. Sim! Porque o que as pessoas precisam saber é que se elas creem em Jesus, então nada pode continuar a ser como tem sido, pois se as coisas são conforme Jesus disse que elas são, implica que Deus é amor;47 é Pai48; é Filho49; é irmão dos homens50; é Consolador51; é a força que acompanha afirmando e emprenhando de esperança aquele que crê52 — ao mesmo tempo em que, se creem em Jesus, precisam admitir que os corações dos homens serão julgados53 e as aparências serão desvestidas até os porões da verdade54, pois somente os atos de amor sobreviverão55. O que as pessoas precisam saber é que se elas creem em Jesus, então, elas também creem que no fim a recompensa é a de quem foi feliz 46 “Seguir Jesus, o Mais Fascinante Projeto de Vida”, “Oração Para Viver e Morrer” e “Um Projeto de Espiritualidade Integral”, entre outros. 47 1 João 4:7-21 48 João 14:7-13 49 Mateus 3:16-17; Marcos 1:10-11; Lucas 8:21 50 Mateus 12:49-50; Marcos 5:34-35; Lucas 8:21 51 João 14:16-27 52 Mateus 28:18-20 53 Romanos 2:12-16; 1 Coríntios 4:1-5 54 Romanos 2:16 55 1 Coríntios 13: 8,13

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Introdução: Jesus e os do Caminho porque era humilde e ensinável; e porque chorou os bons choros, porque dominou o coração contra os impulsos do ódio ou do descontrole, porque andou com o olhar limpo, com a vontade feita de paz, com a perseverança fundada na justiça e com a alegria advinda dos céus — de onde terá vindo a redenção de quem creu, até o fim de tudo56. O que as pessoas precisam saber é que se elas creem em Jesus, então devem assumir que o mundo vai acabar; a natureza vai gemer até parir algo novo; as nações se odiarão; os povos se ajuntarão apenas para a guerra; e a maioria esmagadora amará muito mais a mentira que a verdade57. O que as pessoas precisam saber é que, apesar disso, devem servir ao próximo e às causas da esperança e da vida até o fim, mesmo que ninguém mais no mundo trabalhe para reverter o processo de calamidade provocada pelo homem. Calamidade esta que da Terra se avizinha58. O que as pessoas precisam saber é que se elas creem em Jesus, então elas também creem que os vivos que crerem, quando soar a última trombeta, serão transformados, e, arrebatados por anjos, irão ao encontro do Senhor nos ares. Antes disso, porém, todos os que tiverem morrido, no leito da fé da graça, na ressurreição serão levantados da morte. Os mortos ressuscitarão primeiro. Depois os vivos serão transformados. Assim creem os que creem59. O que as pessoas precisam saber é que se elas creem em Jesus, então elas creem também que as coisas são como Jesus nos disse que elas são, foram e serão60. Se assim é, por que, então, conseguimos não ser nada do que dizemos crer? Ou será que de fato não cremos em nada do que confessamos com os lábios? Ora, se você não crê em mais nada disso, então diga: “Eu não creio em mais nada disso. Para mim Jesus é o Máximo, é meu guru, é meu poder; é o poder que me ensinaram e que funcionou pra mim”. 56 Mateus 5:1-12 57 Romanos 1:25; João 3:16-21 58 Mateus 24 e 25 59 1 Tessalonicenses 4:13-18 60 Mateus 24:35; Marcos 13:31; Lucas 21:33

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Um só caminho Certamente ainda seria mais agradável a Deus! Na realidade, a maioria fica assim, desse jeito de não-ser em Jesus, apenas porque já de inicio não admitem quem são de fato. Pois, como diz minha mulher: “Se alguém não é sincero com sua própria Queda, como o será com a Graça de Deus?”Por isso, aqui, desde o início, quero convidar você para saber como você e eu somos em nós mesmos, por mais “vestidos” que estejamos com as justiças de nossas próprias presunções. Pois, como está escrito: Não há justo, nem sequer um. Não há quem entenda; não há quem busque a Deus. Todos se extraviaram; juntamente se fizeram inúteis. Não há quem faça o bem, não há nem um só. A sua garganta é um sepulcro aberto; com as suas línguas tratam enganosamente; peçonha de áspides está debaixo dos seus lábios; a sua boca está cheia de maldição e amargura. Os seus pés são ligeiros para derramar sangue. Nos seus caminhos há destruição e miséria; e não conheceram o caminho da paz. Não há temor de Deus diante dos seus olhos61. (Paulo, aos Romanos)

Assim sou eu, assim é você, assim somos nós, assim é o mundo. Alguém lê e diz: “Exagero! O homem não é assim, pois sou homem e assim não sou”! Este, entretanto, nunca se viu. Um cego imagina sua própria aparência e a de outros com muito mais exatidão do que o homem enxerga a si mesmo de modo natural. Nossa visão de nós mesmos é sempre moral e sempre vinculada a nós mesmos como referências do que seja bem e mal em nós e fora de nós. Entretanto... Vergonha não é Verdade; é culpa. E nem sempre a culpa conduz alguém à Verdade. Aliás, está escrito que é a Bondade de Deus o que nos leva da culpa sem verdade ao arrependimento na verdade62. Toda-via... 61 Romanos 3:10-18 62 Romanos 2:1-11

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Introdução: Jesus e os do Caminho Comemos do fruto da Árvore. Por isso, sentimos vergonha, mas não abraçamos a verdade. Daí... mesmo Adão ter tentando transferir a culpa de tudo para a mulher e esta para a serpente. Vergonha sem Verdade. Ora, se em lenho verde não enxergamos a nós mesmos em Adão, por que haveríamos de pensar que os bilhões de “Adões” adoecidos e piorados, em estado de lenho seco como hoje estamos, ver-nosíamos melhor? De fato homem algum aceita a descrição acima. Um judeu da época diria: “Jamais”. Um grego diria: “Nem o pior dos deuses é assim”. Um humanista pós-moderno dirá: “É a desgraça da culpa insuflada pela droga da religião da idade da pedra”. Entretanto, quem fala acima não é homem falando do homem e nem um homem falando de si mesmo, pois o homem que assim se visse não escreveria jamais tal coisa; antes, a esconderia, e aquele que honestamente assim se visse, matar-se-ia. A alternativa não existe sem revelação na Graça. De fato quem fala é Deus. É Ele quem diz que somos assim em vista de quem fomos feitos e capacitados a ser. Sim! É Ele quem nos diz quem não somos quando medidos ante o homem Jesus. Na realidade, por mais que uma figura como Jesus tivesse que ser vista com alegria e simpatia, o que Ele gera, apesar de todo o bem que espalha, é o oposto. É inegável que Jesus divide a humanidade sempre que alguém fica cara a cara com Ele e tem que se decidir. Entretanto, o que espanta é ver que existe um ódio estranho, um ente impessoal latente na natureza humana e que odeia a Jesus assim como o homem odeia a Vida; e tudo faz para se matar enquanto diz buscar viver... Os da sinagoga de Nazaré bem ilustram essa minha afirmação63. Sim! Porque diante de Jesus e de Seu ensino e ousadia profética de dizer que, naquele dia, Isaías 61 ganhava seu cumprimento Nele, os da assembleia manifestaram-se com uma admiração que os fez 63 Marcos 6:1-6; Lucas 4:16-30

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Um só caminho “maravilharem-se”, e, logo depois, com ódio, tentarem empurrá-Lo do penhasco da cidade64. E por quê? Ora, mesmo que não queiramos admitir, temos, entretanto, que afirmar que a exposição ao Evangelho, a Jesus e à Palavra, caso não se faça acompanhar de fé, é insuportável, pois nos faz sentir — quase nunca ver — que somos conforme acima descritos. Foi essa revelação que fez Pedro ser honesto com sua condição de corrompido, brotando a necessidade de acolhimento na Graça, ao expulsar Jesus de si mesmo agarrando-o para sempre em si. “Arreda-te de mim, pois eu sou pecador” — disse Pedro65. Mas que Psicologia tem a coragem de expor o homem de tal forma? Ou que Filosofia? Ora, pela pior visão filosófica, o homem seria apenas um nada, uma náusea da consciência-acidente. Mas o que se diz acima não é tão bom assim. Pois o que está dito e escrito é que o homem ficou assim; e assim se mantém; de tal modo que optou pela cegueira, posto que, em seu narcisismo, desfila como um deus e se imagina como uma divindade, de tão bom que é, por... pagar as contas, cumprir com seus deveres sociais e religiosos e, se possível, por evitar confusão. Eu, no entanto, sei por mim mesmo que não há justo, nem sequer um; que não há quem entenda; e que não há quem busque a Deus66. Sim! Sei a partir de mim mesmo que todos se extraviaram; e que juntamente se fizeram inúteis. Olho para mim e vejo que não há quem faça o bem, não há nem um só. Ah! Minha garganta! Deixada a si própria é um sepulcro aberto... E a língua? Ora, esta é mestra em destilar engano e peçonha de áspides — que fica guardada debaixo dos nossos lábios. Por isso é que a nossa boca é tão cheia de maldição e amargura. 64 Lucas 4: 28,29 65 Lucas 5:8 66 Salmo 14:2-3; Romanos 3:10-12, 23

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Introdução: Jesus e os do Caminho E quando olho para o meu caminho e para o caminho humano, como posso eu negar que nossos pés são ligeiros para derramar sangue e não para socorrer ao próximo? Assim, como posso também negar que o que me habita e a todos os humanos — vide a Humanidade, o mundo — é caminho de destruição e miséria? Sim! É possível negar que nós não conhecemos o caminho da paz? Ou negar que não há temor de Deus diante dos nossos olhos? Quem disser que não é assim tanto nunca conheceu a Deus como não entende a profundidade do mal que emana até de nossas melhores virtudes. Ora, digo isto não para esmagar. Pelo contrário: mataria eu a mim mesmo? Esta não é minha intenção! Digo o que digo apenas porque sei que onde abundou o pecado, superabundou a Graça67. Entretanto, sem consciência honesta de quem se é sem a Graça, jamais se provará a abundância da Graça que nasce de tal reconhecimento68. Sem este primeiro passo não dá nem para iniciar a falar sobre o significado de nossa tão grande salvação. Entretanto, isso me leva a dizer que ao falar de Jesus não estou falando dos “jesuses” que habitam a imaginação dos “cristãos” como se fossem Jesus mesmo. Digo isto porque a “converseira” sobre Jesus não tem fim. É o Jesus papo. É o Papo Jesus. É o Jesus do Papa. É a papa Jesus. É o Jesus Papa. É o Papa de Jesus. É, enfim, tudo papo furado... Logorréia é o nome dessa doença venérea da língua que fala, fala, fala; que pinga de tanto falar, mas nunca gera nada além de masturbação de palavras, num derrame de sêmen contaminado pela freqüência ao bordel das idéias prostituídas. Mas se você quer falar sério, ser honesto, sem autoengano, sem autoproteção, sem autoajuda contra a verdade, sem auto - lá pra nada, 67 Romanos 5:20 68 Nos livros “O Enigma da Graça” e “Sem Barganhas com Deus”, falo extensamente no tema.

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Um só caminho então leia as afirmações de Jesus por mim transcritas abaixo, todas sobre “mundo” numa perspectiva de sistema maligno (nem sempre este é o sentido do termo; e aí reside grande confusão) e as responda de coração. Ao final você saberá o que Jesus de fato significa para você e o que a Palavra Dele importa em sua existência. E, se alguém ouvir as minhas palavras, e não as guardar, eu não o julgo; pois eu vim, não para julgar o mundo, mas para salvar o mundo69. Pergunta: Se você lesse isso e não soubesse que foi Jesus quem falou, o que você, como religioso, diria de tal pessoa? Ainda um pouco, e o mundo não me verá mais; mas vós me vereis, porque eu vivo, e vós vivereis70. (João 14:19) Pergunta: Você de fato aceita a ideia de que a vida com Jesus só se faz visível no mundo pelo amor, e que sem amor nada de Deus é visto? E crê que a verdadeira vida com Deus acontece na existencialidade, no coração, e não no palco das apresentações de “fé”? Você prefere, no fundo do coração, que o mundo perceba você ou que Deus saiba você? Perguntou-lhe Judas (não o Iscariotes): O que houve, Senhor, que te hás de manifestar a nós, e não ao mundo71? Pergunta: Você não acha que a pergunta de Judas é idêntica à pergunta de um marqueteiro religioso? Afinal, quem quer Jesus como relacionamento? A maioria o quer como ajuntamento poderoso e influente. Um Jesus Global-Grupal é melhor do que o Jesus Íntimo? 69 João 12:47 70 João 14:19 71 João 14:22

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Introdução: Jesus e os do Caminho Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou; eu não vo-la dou como o mundo a dá. Não se turbe o vosso coração, nem se atemorize72. Pergunta: Se você de fato cresse nisso sua vida seria tão frágil e levada por todos os ventinhos de brisas de contratempo? Então, por que você não começa a crer e a confiar? Se o mundo vos odeia, sabei que, primeiro do que a vós, me odiou a mim73. Pergunta: Por que você acha que crente tem a expectativa de ganhar o mundo e de fazer da “Igreja” a consciência moral da sociedade? E por que tudo o que a “Igreja” faz é provocar o ódio do mundo ao querer mandar nele ao invés de provocar o ódio do mundo apenas por curar e acolher os que o mundo quer que morram e desapareçam? Se fôsseis do mundo, o mundo amaria o que era seu; mas, porque não sois do mundo, antes eu vos escolhi do mundo, por isso é que o mundo vos odeia74. Pergunta: Você acha que poder diante do mundo significa poder diante de Deus? O mundo odeia Jesus e o discípulo tanto mais quanto o discípulo seja como Jesus? Se é assim, por que então essa vontade de ser “amado pelo mundo”? E quando ele [o Espírito Santo] vier, convencerá o mundo do pecado, da justiça e do juízo75. Pergunta: Você acredita mesmo nisso? E se acredita, por que, então, você tenta tanto ser o “Espírito Santo” de seu próximo ao invés de ouvir a Voz do Espírito para você? 72 João 14:27 73 João 15:18 74 João 15:19 75 João 16:18

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Um só caminho Em verdade, em verdade, vos digo que vós chorareis e vos lamentareis, mas o mundo se alegrará; vós estareis tristes, porém a vossa tristeza se converterá em alegria76. Pergunta: A Ressurreição de Jesus é para você uma “certeza” histórica e uma “doutrina cristã” (apenas), ou é o fator que energiza a sua existencialidade com força e poder e que converte tristeza em alegria todo dia? Tenho-vos dito estas coisas para que em mim tenhais paz. No mundo tereis tribulações; mas tende bom ânimo, eu venci o mundo77. Pergunta: Você acredita que possuir consciência acerca da inevitabilidade da dor e da tribulação é o que põe você no caminho no qual você aprende a ter paz em Jesus, e paz acima das circunstâncias da existência? E se é assim, por que tanta revolta? Ora, alguns dizem que não entendem o que Jesus queria dizer. Mas, de fato, não é verdade. O difícil é admitir que não se quer mesmo viver o Evangelho, não porque não se compreendam as palavras de Jesus, mas, sim, porque não se deseja render a vida à Palavra de Deus para a prática da existência que conduz à Vida. Entretanto, essa questão de não se compreender o que Jesus está dizendo foi por Ele mesmo abordada: Por que não compreendeis a minha linguagem? É porque não podeis ouvir a minha palavra78. Assim, para quem deseja debater com a verdade, eu digo que a verdade é mais simples que a simplicidade. “Por que não compreendeis a minha linguagem? É porque não podeis ouvir a minha palavra!” Ora, no contexto do evangelho de João, capítulo 8, tudo começa com a cena da mulher flagrada em adultério, a qual é salva do apedre76 João 16:20 77 João 16:33 78 João 8:43

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Introdução: Jesus e os do Caminho jamento por uma única resposta-pergunta de Jesus. Naquela ocasião eles entenderam a linguagem de Jesus. Entenderam em si mesmos, a partir do que criam sobre si mesmos. Sem “fé” ninguém entende linguagem alguma. Depois, entretanto, Jesus lhes diz coisas que só poderiam ser discernidas a partir do pressuposto de que Jesus não era louco, mas Deus. Sim, porque o que Jesus diz só cabe entre o doido e Deus. Ele diz coisas de Si mesmo que são inconcebíveis. É acusado de fazer autopropaganda, e a isso responde que Moisés dissera que se houvesse duas testemunhas toda palavra se firmava como verdadeira, e conclui: “Eu falo a verdade porque meu Pai dá testemunho de mim79”. “Quem é teu pai?” — perguntam eles. Resposta: Se conhecêsseis a mim, conheceríeis também a meu 80 Pai ; e, assim, questiona todo o pressuposto da percepção deles. Afinal, Jesus era visível e perceptível; porém, para Jesus havia um “Eu” que eles não conheciam, o qual, sendo conhecido, era equivalente a conhecer Seu Pai. Mas quem ousaria suspeitar que Ele não era louco, mas a própria Luz-cidez? Quando indagado acerca do que dizia e do que intentava ao dizer que não seria mais achado entre eles depois de um tempo — se era porque Ele se suicidaria ou porque iria ensinar aos gregos na dispersão —, Ele apenas diz: Vós sóis cá de baixo; eu sou lá de cima81. Assim, quanto mais explica “em verdade, em verdade” menos é entendido. Pois era impossível compreender a linguagem sem crer na palavra Dele. Assim, Ele diz: “Por que não compreendeis a minha linguagem82? É porque não podeis ouvir a minha palavra”. 79 João 8: 14 a 18 80 João 8:19 81 João 8:23 82 João 8:43

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Um só caminho Ninguém jamais entenderá nada do Evangelho a menos que creia na Palavra de Jesus, em razão de poder ouvi-la, dando razão a Deus a priori. E quem tem tal disposição, a menos que seja tocado por uma revelação de amor divino? E quem terá tal insight se já não tiver o coração propenso à simplicidade da linguagem do amor? Se não for assim, a Linguagem de Jesus é incompreensível até para o mais refinado teólogo ou filósofo. No entanto, quando alguém pode ouvir a Palavra, então passa a compreender a linguagem; e tudo fica mais que claro. Você compreende essa linguagem? Jesus é a linguagem. Jesus Deus. Deus Jesus. Jesus Filho. Deus Pai do Filho. Filho de Deus. EleEle (não Eles) = Um. Se essa equação entra em nós por revelação, então a linguagem é compreendida, pois a Palavra foi ouvida e crida. Somente a fé que ouve, e ouve crendo, é que capacita a entender a linguagem de Jesus, que é a linguagem de Deus. Do contrário, como os judeus de então, a gente pensa que Ele está saindo para viajar ou para se suicidar83. Quando, porém, se compreende a linguagem de Jesus, passa-se a discernir quais são os temas da Vida e quais são os enganos de temas que a existência chama de vida. Sim! Pois em Jesus — nos evangelhos — nós temos os temas por Ele propostos — que eram Sua agenda —, os temas propostos pelos homens — que eram suas angústias e/ou tentações e dúvidas — e temos os temas que Ele se nega a responder, e, menos ainda, a propor. Entretanto, mesmo quando a resposta a uma proposta seria para Jesus como o lançar pérolas aos porcos, ou ainda algo como ideolo83 João 8:21-22

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Introdução: Jesus e os do Caminho gizar a Palavra — ainda que não tratando da proposta, é possível ver por que Ele não a respondeu, ao mesmo tempo em que é possível saber o que Ele pensava, não o expressando apenas para não fazer de algo tópico um dogma para os incautos ou um motivo de acusação desnecessária dado aos abutres. Assim, os temas de Jesus são os de sua mensagem declarada e espontânea. E o Sermão do Monte bem expressa quais são esses elementos essência da agenda do Evangelho de Jesus84. Nos diálogos com as multidões ou com os religiosos (de todos os pedigrees), vemos as respostas que Ele julga fundamentais, e que, em geral, carregam os elementos mais próximos da compreensão humana, mesmo quando era uma disputa dos fariseus ou escribas dos sacerdotes, buscando algo a fim de o acusarem85. Nos diálogos com os discípulos, há tanto o que Ele propõe como também o que eles criam como problema ou circunstância da vida para a qual a Palavra de Jesus tem sua direção sempre86. Até mesmo o tema da Vinda do Filho do Homem, conquanto seja uma proposta Dele, Nele sempre é tratada de passagem, como certeza para além da óbvia claridade do sol. Quando, porém, o tema “escatológico” (últimas coisas) é ampliado, é porque os discípulos curiosos perguntam sobre o fim de tudo aquilo87. No mais, Ele força a pensar, a sentir, a intuir, a abrir-se à revelação, a comparar as coisas com a natureza das coisas e com a natureza humana também, e, sobretudo, Ele sempre dá a chance de que a história-parábola-da-vida fale por si mesma aos de coração ávido pela verdade do reino88. Ele as explica — as parábolas — apenas quando dúvidas aparecem, e nesse caso tal extensão explicativa acontece apenas na do Semeador e na do Joio e do Trigo89. Nas demais, os fatos da vida se impuseram como ilustração vívida do que estava aconte84 Mateus 5:1 a 7:29 85 Mateus 12:9-14; Marcos 3:1-6; Lucas 6:6-11; 11:53,54 86 Mateus 19:23-30; 24:1 a 25:46 87 Mateus 13:24:3; Marcos 13:3-4 88 Mateus 13:34-35; Marcos 4:10-13, 34, 35 89 Mateus 13:1-30, 36-43; Marcos 4:1-20; Lucas 8:4-15

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Um só caminho cendo no coração dos circunstantes, de tal modo que as explicações eram eles próprios90. Dos temas tópicos, o que Ele mais menciona é o dinheiro91. Seja como denúncia de seu poder corruptor92, seja até como ilustração em parábolas — para o bem e para o mal—93, seja no desfecho da história do Evangelho, quando é por dinheiro que Jesus é traído94. Ele não fala nada de questões morais. Diferentemente de João Batista, Ele nada tem a dizer acerca dos bacanais dos Herodes e das orgias dos romanos. Também nada diz dos publicanos, meretrizes e pecadores sem que seja mediante parábolas de amor e perdão95. Sua pior descrição de tais situações acontece quando Ele diz que o pródigo judeu foi cuidar de porcos (o que era ofensivo aos judeus) e disputava babugens com eles. Mas isso tudo para trazer o rapaz de volta para o abraço do Pai96. Nele também não vemos traumas. Ele bem que poderia falar da “matança dos inocentes97” — quem resistiria se isso fosse sua história mais primitiva? —, de Seu exílio no Egito98, da visita dos magos99, da vida em Nazaré100, do pai, da mãe, dos irmãos, dos amigos, de tudo. Mas Ele não toca nesses assuntos jamais. Ele não tinha “testemunho” a dar. Ele era o testemunho. E o testemunho do Pai a cada dia era confirmado Nele de todos os modos no dia chamado Hoje. Ao contrário: houve coisas para as quais Ele não só não levou quase ninguém consigo para que fossem vistas; mas, além disso, 90 Mateus 13:10-23; Lucas 8:9-15 91 Mateus 4:8-10; 6:19-21, 24; 13:44-46; 21:33-41; Marcos 10:17-31; Lucas 18:1830; 19:11-27 92 Mateus 28:11-15; Lucas 16:19-31 93 Mateus 25:14-30; Lucas 16:1-17 94 Mateus 26:14-16; 27:3-10; Marcos 14:10-11; Lucas 22:3-6 95 Mateus 21:31 96 Lucas 15:11-32 97 Mateus 2:13-18 98 Mateus 2:13-23 99 Mateus 2:1-12 100 Mateus 13:53-58; Marcos 6:1-6; Lucas 4:16-30

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Introdução: Jesus e os do Caminho proibiu as testemunhas de relatarem o que haviam visto até que Ele ressuscitasse dos mortos101 — e pediu que fosse assim até no caso dos outros apóstolos, os que não tinham presenciado o ocorrido, como a Transfiguração, por exemplo. De temas políticos explícitos Ele não tratou. Entretanto, denunciou-os mediante ilustrações sarcásticas, irônicas e mordazes102. Ou seja, Ele fez cartoons; charges de imagens-histórias. Fez isso de modo sutil, como quando diz que o centurião romano tinha mais fé que qualquer judeu que Ele tivesse encontrado na vida103, ou quando, por exemplo, elege um Samaritano para herói da história da bondade solidária104. Sua manifestação política mais explícita está na denúncia ao fermento de Herodes e dos fariseus, que era a hipocrisia105. No mais, não entra em rota de colisão com Roma, não aceita a polêmica sobre o que era de Deus e o que era de César, embora com toda fineza diga que Deus está acima de César106, não se empolga com a possibilidade de mediar uma questão de bens de família e herança (ao contrário: nega-se a fazê-lo)107, e quando denuncia politicamente, dirige sua denúncia à política feita em nome de Deus, no Templo e entre os “representantes” da “divindade”108. O que Ele faz o tempo todo é dizer que o homem — qualquer homem — pode viajar da pocilga para a herança do Pai Celestial109. O que Ele faz o tempo todo é dizer que o homem pode ser infinitamente melhor do que é, e que nós podemos vir a nos parecer tanto com Deus que a vida se torne sem ansiedade e sem guerra110. 101 Mateus 8:4; 16:20; Marcos 8:30; Lucas 5:14-16; 102 Mateus 20:25-28; Marcos 10:42-45; Lucas 13:31-35; 14:7-24; 22:24-30; João:19:10-11 103 Mateus 8:10-13 104 Lucas 10:25-37 105 Marcos 8:14-21 106 Mateus 22:15-22 107 Lucas 12:13-21 108 Mateus 12:1-14; 21:12-17; Marcos 11:15-19; Lucas 19:45-48; João 2:13-25 109 Lucas 15:11-32 110 Mateus 5 a 7

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Um só caminho O que Ele faz o tempo todo é dizer que o homem pode amar, e nunca odiar111; vencer pelo amor e pelo perdão, e não pela espada e pela opressão112; e conhecer o amor como poder que vence tudo, mesmo quando quem ama morre113. O que Ele faz o tempo todo é dizer que o homem pode viver sem saber por que uns morrem antes e outros depois114; por que uns são vítimas de calamidades (como aqueles que tiveram seu sangue misturado com oferendas de ódio no altar)115 e outros estão ao lado e não são “apanhados” 116; ou por que uns veem e outros não117; ou por que uns padecem e outros apenas riem118; ou por que a casa cai e mata a família boa, enquanto a casa rebelde dá festa durante o enterro do Lázaro119; ou por que alguém nasce eunuco —sexualmente disfuncional ou “invertido” —120, ou cego, ou aleijado, ou qualquer coisa121. Sim, para Ele nada havia a saber sobre isso como questão essencial em relação a Deus, pois a vida que confia no amor do Pai sabe que Ele cuida de todos, e que tem glória para todos122. O que Ele faz o tempo todo é dizer que o homem pode amar a Deus e a seu próximo como a si mesmo123. E diz que se assim fosse, Ele mesmo reuniria todos os homens, de todas as “Jerusaléns”, e os poria sob Suas asas, como a galinha ajunta seus pintinhos124! 111 Mateus 6:14-15; 18:21-22; Marcos 11:25-26; Lucas 17:3-5 112 João 15:9-17; Romanos 5:5; 8:31-39; 13:8-10 113 Romanos 5:8; 1 João 4:16-21 114 João 21:20-23 115 Mateus 5:10-12; Lucas 6:22-23; João 12:23-15 116 João 8 117 Mateus 13:10-23; Marcos 4:10-20; Lucas 8:10 118 Lucas 6:20-23 119 Lucas 16:19-31 120 Mateus 19:12 121 João 9:12 122 João 9:3 123 Mateus 22:37-40; Marcos 12:28-34; Lucas 10:25-37 124 Mateus 23:37; Lucas 13:34

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Introdução: Jesus e os do Caminho Mas há os que preferem eleger para a vida os temas que Ele não propôs e fazerem deles a agenda de Deus, sem saberem que cumprem os desejos homicidas daquele que é mentiroso e pai da mentira125. Se a agenda é de Deus, é divino-humana (como vimos em Jesus). Se a agenda é humana, é divina em sua real e necessária humanidade (como vimos em Jesus). Mas se a agenda não vem de nenhuma dessas duas fontes-propostas, então saiba: ela pode ser confessada em nome de Deus, mas o proponente é o diabo; e acerca dele Jesus diz: “Eia! Vamo-nos daqui; pois aí vem o Príncipe deste mundo; e ele nada tem em mim” 126. O que se faz mais necessário hoje é tirar uns certos “jesuses” do que se diz sobre Jesus. Pois Jesus não é o Gadareno, que diria: “Jesuses é o meu nome, pois somos muitos” 127. A maior marca de Jesus era a simplicidade esmagadora de Seu ser. E isto o diferencia dos “Jesuses” e seus “temas” religiosos. Ora, a cada dia mais me impressiona a simplicidade de Jesus em relação a tudo. Ele negou-se a tratar de quase tudo o que a Filosofia e a Teologia tratam com avidez. A origem do mal Ele simplesmente desprezou em qualquer que seja a explicação “metafísica”. Simplesmente disse que o mal existe. E o tratou com realidade óbvia128. O problema da dor foi por Ele tratado com as mãos, não com palavras e discursos129. As desigualdades sociais foram todas reconhecidas, mas não se vê Jesus armando qualquer ação popular contra elas130. 125 João 8:41-59 126 João 14:30 127 Marcos 5:9; 1-20 128 O modo como Ele tratou de centenas de temas acerca do bem e do mal que Lhe foram trazidos não apenas em palavras, mas em situações concretas, dá testemunho dessa resposta de Jesus à dor e à calamidade com ação de amor e compaixão, e não com filosofia. 129 João 9:1-12 130 Mateus 26:6-13; Marcos 14:3-9; João 12:1-8

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Um só caminho Seus protestos eram todos ligados à perversão do coração, mas nunca se tornavam projeto político ou passeatas ou bandeiras131. A “queda” não é objeto de nenhuma especulação da parte Dele. Bastava a todos ver as conseqüências dela132. Sobre a morte, Sua resposta foi a paz e a vida eterna133. Jamais tentou justificar o Pai de nada. Apenas disse que Ele é bom e justo134. Mandou lutar contra os poderes da hipocrisia e do desamor, mas não deu nenhuma garantia de que os venceria na Terra135. Sua grande resposta à catástrofe humana foi a promessa de Sua vinda, e nada mais136. Nunca pediu que se estabelecesse o Reino de Deus fora do homem, mas sempre dentro dele137, pois fora, o reino, por ora, era do príncipe deste mundo138. Não buscou ninguém com poder a fim de ajudar qualquer coisa em Sua missão. Adulto, foi ao templo apenas para pregar aquilo que acabaria com o significado do templo como lugar de culto139. Fez da vida o sagrado, e de todo homem um altar no qual Deus é servido em amor140. Chamou o dinheiro de “deus” 141, mas se serviu dele como simples meio142. 131 Mateus 23:1-36 132 Mateus 19:3-12; Marcos 10:2-12; Lucas 16:18 133 João 5:24-47 134 João 12:26-28 135 Mateus 6:5-8; 16-18 136 Mateus 24:19-31; Marcos 13:14-27; Lucas 21:20-28 137 Lucas 17:20-21 138 João 14:30-31 139 Mateus 12:6-8; 24:1-2; Lucas 21:5-6 140 Lucas 10:25-37 141 Mateus 6:24; Lucas 16:13 142 Lucas 8:2-3; João 13:29

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Introdução: Jesus e os do Caminho Pagou imposto143, mas nunca cobrou nada de ninguém144, exceto amor ao próximo145. A morte, para Ele, não era a mesma coisa que é para nós. Morrer não era mau146. Viver mal é que era mau147. Em Seus ensinos Ele sempre parte do que existe como realidade e nega-se a fazer qualquer viagem para aquém do dia de hoje. Para Ele, o mundo se explicava pelas ações dos homens e prescindia de análises, pois tudo era mais que óbvio. Não teologizou sobre nada. E quase todas as Suas respostas aos escribas e teólogos eram feitas de questões sobre a vida e seu significado agora, e sempre relacionado ao que se tem que ser e fazer148. Quando indagado de onde vinha o “joio”, Ele simplesmente diz: “Um inimigo fez isso...”,referindo-se ao diabo149. Prega a Palavra, e não tenta controlá-la150. Deixa “a terra frutificar de si mesma”, como dissera151. Vê pessoas crerem, mas não tem nenhuma fixação em fazê-las suas seguidoras físicas e geográficas152. Não tem pressa153, embora saiba que o mundo precisa conhecer Sua Palavra154. Cita as Escrituras sem nenhuma preocupação com autores, contextos ou momentos históricos155. 143 Mateus 17:24-27 144 Mateus 5:42; Lucas 6:35 145 Mateus 22:39; Marcos 12:31 146 João 11:25-26 147 João 12:23-28 148 Mateus 8:18-22; 9:1-8; 12:38-42; 15:1-20; Marcos 2:1-12; 15-17; 7:1-23; Lucas 5:29-32 149 Mateus 13:27-28 150 Mateus 13:1-9; Marcos 4:1-9; Lucas 8:4-8 151 Mateus 13:8; Marcos 4:8; Lucas 8:8 152 Mateus 13:18-23; Marcos 4:14-20; Lucas 8:11-15 153 Mateus 13:24-30 154 Mateus 13:36-43 155 Marcos 12:10; Lucas 4:4, 8, 12; 24:25-27; 32:44-49

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Um só caminho Arranca certezas da Palavra baseadas em um verbo “ser” — aludindo ao fato de Deus ser Deus de vivos e não de mortos, pois “para Ele todos vivem”156. Ensina que a morte é o fundamento da vida, e tira dela o poder de matar, dando a ela a força das sementes que, ao morrerem, dão muito fruto157. E assim Ele vai...158. A questão é que Ele segue como o Vento159; e a maioria não segue nada pela fé, mas apenas em razão de certezas e seguranças palpáveis160. Assim, o modo de Jesus ser tanto é o que pode atrair irremediavelmente o discípulo, como também é aquilo em razão do que a pessoa que não deseje render-se a Ele haverá de odiá-Lo, ainda que seja por “associação”. Mas aquele que é Dele, esse sempre deseja saber como segui-Lo. Daí vir sempre a pergunta: “Como é ser discípulo de Jesus?” Ora, é simples e terrível. E é tão terrível justamente porque é tão simples; e gera tanto esforço justamente por isso, pois nada há tão difícil quanto a simplicidade, nem que demande mais esforço que descansar no descanso. A tendência natural da alma humana é para oferecer os mesmos sacrifícios de produção própria de Caim. Em Caim nasceu a religião. E é no espírito da oferenda autojustificada de Caim que ela é praticada161. É difícil não oferecer nada a Deus. É muito difícil apenas confiar que o sangue de outro cobriu você. É loucura para os gregos e intelectuais; é escândalo para os judeus e para todos os religiosos162. 156 Mateus 22:29-33; Marcos 12:24-27; Lucas 20:34-38 157 João 12:23-25 158 Veja, no evangelho de Marcos, as muitas vezes em que se diz que Jesus estava indo, saindo, mudando para outro lugar, atravessando fronteiras, cruzando... Ou seja, tais passagens revelam a dinâmica hebreia de Jesus. 159 João 3:8 160 Mateus 4:18-22; 19:27-29; Marcos 1:16-20; 10:21, 22, 28; Lucas 5:11; 18:28-30 161 1 João 3:11-12; Judas 11-16 162 I Coríntios 1:18-25

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Introdução: Jesus e os do Caminho Para ser discípulo de Jesus a pessoa tem que renunciar ao “simesmo” 163. Ora, isso significa desistir de si mesmo como “produção” de algo que comova Deus. Negar o “si-mesmo” é abandonar a presunção da persona. Negar a si mesmo é o que se tem que fazer para que o “eu” seja alcançado, e, em seu estado mais verdadeiro, possa ser atingido pelo amor de Deus164. Negar a si mesmo é deixar toda justiça própria e descansar na justiça de Deus, que, antes de tudo, é justiça justificadora165. Negar a si mesmo é abandonar a presunção de agradar a Deus pela imagem e pelas produções próprias166. Quem quer negar a si mesmo? Se alguém quiser, então tome a Sua cruz. Cruz? Que cruz? Ora, a única. A minha cruz será sempre me gloriar na Cruz.167. Alguém diz: “Mas não sobrou nenhum sacrifício para mim”? O sacrifício é aceitar que o Sacrifício foi feito e consumado168. Alguém pensa que isto é fácil? Sim, tente apenas e tão-somente confiar que está pago e feito. Ou seja, glorie-se exclusivamente na Cruz169. Tente crer que Jesus é suficiente, não como chefe de religião, mas como o Cordeiro que tira o pecado do mundo todo170. Tente rejeitar todo pensamento de autojustificação toda vez que você se vir tentado a se explicar para Deus e para os homens171. Tente apenas confiar na única Cruz, e, assim, levar a sua cruz, que é andar pela fé, nunca tendo justiça própria senão a justiça que vem de Deus172. 163 Mateus 10:37-39; Marcos 8:34-37; Lucas 14:33 164 Mateus 10:39; 16-22; Marcos 8:35; Lucas 9:24 165 Filipenses 3:7-11; Romanos 4:6-13; 5:12-21; 10:4; 2 Coríntios 5:21 166 Lucas 18:9-14 167 Mateus 16:24; Marcos 8:34; Lucas 9:23; 14:27 168 João 19:28-30 169 Gálatas 6:14 170 João 1:29, 35-36 171 Romanos 3:21-31; 10:4 172 Romanos 3:21-31; 5:1-21

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Um só caminho Tente, e você verá como todos os seus sentidos se revoltarão, e como todos os seus instintos se eriçarão, e você se sentirá inseguro, como se a Lei do Reino fosse a da Sobrevivência dos mais Aptos. Sim, porque nos sentimos seguros no sacrifício de Caim, embora ele nada realize diante de Deus. E nos sentimos muito inseguros na hora de praticar na vida o sacrifício de Abel. Jesus disse “Está Consumado”. E a nossa alma, em si mesma, pergunta: “O que mais eu devo fazer”? Jesus terá que repetir Seu sacrifício todos os dias outra vez173? Ou terei eu de oferecer alguma coisa a mais174? Ora, se a pessoa consegue desistir do “si-mesmo” e tomar a sua cruz, então Jesus diz que esse tal vai poder segui-Lo175. “Segue-me” — é o convite. E aí? O que acontece? Fica tudo resolvido? É claro! Está tudo resolvido! Eu, agora, é que preciso aprender a usufruir do que já está consumado. Assim, tendo já tudo consumado em meu favor, caminho para experimentar o que já está feito e pronto176. E como é esse caminho? Como se faz para seguir Jesus? Ora, ande após Ele como Pedro... e os outros. O discípulo é um ser em disciplina. Disciplina é o que o discípulo vai aprender. Que disciplina? A dos centuriões? É claro que não. A disciplina que o discípulo vai aprender é amor177. 173 Hebreus 7:26-28 174 Salmo 116:12-14 175 Mateus 16:24; Marcos 8:34 176 Filipenses 3:12-16 177 Gálatas 5:6

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Introdução: Jesus e os do Caminho Assim, no caminho, o discípulo cai178, levanta-se179, chora180, questiona181, se oferece para o que não deve182, ambiciona ser maior183, mais amado184, mais devotado185, mais, mais... e, então, vai aprender enquanto cai186, enquanto erra187, enquanto sugere equivocadamente188, enquanto acerta189, enquanto nega190, enquanto corta orelhas191, enquanto quer fazer fogo cair do céu192 e enquanto pensa que sabe, sem nada saber193. O caminho do discípulo é igual ao caminho dos discípulos no Evangelho, e acontece do mesmo modo. E só será discipulado se for igualmente acidentado, exposto, aberto, equivocado, humilde, capaz de aceitar a repreensão do amor e apto a aprender sempre, sem jamais acreditar que se terminou qualquer coisa antes que se ouça: “Vem, servo bom e fiel; entra no gozo do teu Senhor”. O caminho do discípulo não está escrito em manuais e nem em cartilhas de igreja. Nem em tábuas de Pedra194. O caminho do discípulo é todo o chão da existência195. 178 Mateus 14:30-31 179 Mateus 14:31 180 Mateus 26:75; Marcos 14:72; Lucas 22-62 181 Mateus 13:10; 17:19; 19:25-26; 24:3; Marcos 10:26; Lucas 8:9; João 9:1-3 182 Mateus 16:21-23; Marcos 8:27-39; João 18:10-11 183 Lucas 9:46-48 184 João 21:20-23 185 João 21:11 186 Mateus 14:28-31 187 Mateus 16:23 188 Mateus 16:22 189 Mateus 16:16-17 190 Mateus 26:69-75; Marcos 14:66-72; Lucas 22:54-62; João 18:15, 18, 25-27 191 Mateus 26:51-52; Marcos 14:47; Lucas 22:50-51; João 18:10-11 192 Lucas 9:54-56 193 João 13:7 194 II Coríntios 3:1-5 195 Mateus 10:22

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Um só caminho O discípulo é forçado a só aprender a viver196. E ele não precisa ter medo da vida, pois é na vida que ele vai seguir a Vida197. No caminho do discípulo o mar se encapela, as ondas se levantam e os ventos sopram198. Por isso, o discípulo muitas vezes tem medo, grita, vê coisas, interpreta-as de modo errado — “É um fantasma”199! Seguindo Jesus o discípulo está sempre seguro, mesmo quando pede o que não deve, e mesmo quando muitas vezes deseja o que lhe faz mal200. No caminho ele vê demônios saírem201 e dificultarem a saída202; julga e é julgado e aprende que não pode julgar203; afoga-se204, é erguido e caminha sobre as águas205; vê maravilhas206; encara horrores...207 Mas adiante dele está Jesus208! Para ser um discípulo de Jesus, a pessoa tem que ficar sabendo que o Evangelho não são quatro livros acerca do que aconteceu entre Jesus e alguns homens e mulheres muito tempo atrás. Sim! O discípulo tem que saber que se trata da Palavra como espírito e vida.209 Para ser um discípulo de Jesus, a pessoa tem que ficar sabendo que o Evangelho está acontecendo hoje, do mesmo modo, na vida dela. E precisa saber que as coisas escritas no Evangelho são apenas para a gente ficar sabendo como é que acontece na nossa própria vida210. 196 Mateus 7:14 197 Mateus 10:31; 14:27; 28:5; Marcos 6:50; Lucas 2:10; 12:4-32 198 Mateus 7:24-27; Lucas 6:46-49 199 Mateus 14:26-27; Marcos 6:49-50 200 Mateus 20:20-28; Marcos 10:35-45 201 Mateus 17:14-21; Marcos 9:14-29; Lucas 9:37-42 202 Mateus 17:19-23; Marcos 9:28-32 203 Mateus 7:1-5; Lucas 6:37, 38, 41, 42; Romanos 2:1-16; 14:13; Tiago 4:11-12 204 Mateus 14:30 205 Mateus 14:29-32 206 Mateus 14:33 207 Hebreus 11:36-40 208 Mateus 14:27-33; 28:20; Marcos 6:48-52 209 João 6:63 210 João 20:30-31

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Introdução: Jesus e os do Caminho O Evangelho só é Evangelho se for vivido hoje. Não com a pretensão de dizer que seremos como Jesus. Mas pelo menos com a declaração de que seremos como os discípulos, e que adiante de nós, de todos nós, está o Senhor. Ora, se tais verdades entrarem em você e você as agasalhar com fé, então o resto da viagem deste livro é para você, tanto como indivíduo quanto como membro do Corpo de Cristo, e, sobretudo, como ser humano vivendo neste planeta no Tempo do Fim.

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O que está acontecendo à alma dos cristãos hoje? Comamos e bebamos, que amanhã morreremos! — Paulo, ironizando a desesperança cristã a primeira carta enviada aos cristãos em Corinto, na Grécia Antiga, o autor faz uma gravíssima declaração ao alertar que se a nossa esperança em Cristo se limita apenas a esta vida, então, apesar de dizermos que cremos em Cristo, ainda assim somos os mais infelizes de TODOS os homens da Terra211. Veja: ele não falava dos homens, mas, entre eles, de “nós”, de nossa esperança feita religião sem transcendência, sem amor pelo eterno, sem alegria no invisível. Portanto, o cenário existencial que Paulo pintava era o de cristãos sem esperança ou com a esperança confinada por algo como a teologia da prosperidade. Tal teologia não celebra a eternidade, mas apenas a temporalidade dos sucessos humanos mensuráveis pelas quantificações materiais. Para a teologia da prosperidade, o maior poder da ressurreição de Jesus é a ressurreição de negócios e a restituição de finanças dos falidos 212. Paulo está afirmando que é possível haver pessoas que confessam que creem em Cristo, mas confinam sua relação com Jesus apenas aos horizontes deste mundo. Elas O veem apenas como um poder; um mestre-de-resultados; um Cristo para consumo social, psicológico, comunitário, mágico-imediato para ser acionado como solução para as questiúnculas desta existência. “Jesus” é uma massa energética de

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211 1 Coríntios 15:1-28 212 2 Timóteo 6:3-12

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Um só caminho natureza psico-religiosa, que dá às pessoas a magia necessária para que não vivam sem crença, o que para muitos é algo indispensável. Essa foi uma crença comum no primeiro século, quando havia uma horda de falsos apóstolos, obreiros fraudulentos, profetas e mestres 213. Todos afirmavam um Cristo à feitura do paganismo da época, e que se relacionava com os homens dependendo da generosidade deles para com esses “seus” supostos “representantes”. Mesmo na tentativa de confinar a esperança somente a esta existência, esse não seria o “produto” do Evangelho, que propõe frutificar ainda que a videira não floresça. O contentamento em qualquer circunstância, produzido pela Palavra, é o poder de Deus que não se transforma em mercadoria. Sim, a tal declaração de Paulo sobre os cristãos se tornarem os mais infelizes de todos os seres humanos tem um contexto muito claro. De fato, o apóstolo estava lidando com uma comunidade perdida entre a fé que ouviram dos discípulos de Jesus, os assédios dos cristãos judaizantes (que queriam fazer um mix entre Jesus e Moisés), a sedução dos gnósticos e a volúpia dos milagreiros oportunistas — sempre (e todos) desejosos de cativar o interesse “dos de Corinto” para o seu próprio “mover-movido-de-ganância”. O fato é que entre tantas loucuras, que iam desde legalismos judaicos tornados obsoletos em Cristo até a submissão burra a tudo o que se dizia em nome de Jesus (não importando se o que se ensinasse fosse o oposto do que Jesus viveu e ensinou), não havia nada diferente do que se tem hoje! E Paulo prossegue fazendo outras assertivas. Entretanto, a mais forte delas, para a existência presente, é aquela que afirma que a Ressurreição de Jesus é o fator de transcendência sem o qual o espírito humano não tem razão para viver, especialmente depois de ter dito que crê em Cristo. Paulo é claro: Se Cristo não ressuscitou, comamos e bebamos, que amanhã morreremos! Fica tudo sem razão de ser, porque tudo que é na FÉ é em função da esperança de transcender a própria morte! 213 2 Coríntios 11:1-20

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O que está acontecendo à alma dos cristãos hoje? Desse modo, Paulo revela-nos uma categoria existencial desgraçada, a saber, a daqueles que “creem em Jesus” como instrumento de manipulação dos destinos DESTA vida, numa esperança oca, tosca e de curta validade que está destituída de reais referências à Segurança Eterna de pertencer a Ele! Assim, se tudo vai bem, o céu desceu à Terra; entretanto, se algo vai mal, é a alma que desce ao Inferno: “Onde foi que eu errei”? Esse tal “Cristo de Corinto” é como o “Jesus” pregado nos cultos cristãos de hoje! Ora, entre nós, quase que invariavelmente, o que se tem é essa crença num Cristo que é o Despachante dos Crentes que dão ordens a Deus, conforme a diabólica “Teologia da Prosperidade” e seus filhotes confessionais — e que nada mais são que ensino de demônios. Sim, ninguém duvide: A desgraça da Teologia da Prosperidade é que ela transformou os cristãos em discípulos de um “Cristo” que não é Jesus214. É o Cristo da primeira casa, da segunda casa, da casa com piscina, da casa de campo. É o Cristo do primeiro emprego, do melhor emprego, da primeira empresa, das muitas empresas e das vitórias sobre sócios inconvenientes. Esse “Jesus”, além disso tudo, ainda funciona como Cupido em problemas amorosos! O problema é que a Verdade demanda verdade na pessoa; caso contrário, a própria Verdade a precipitará no abismo de um pânico existencial difuso, mas que se torna angústia inexplicável, um dia, quando ela perceber que poderá até ter tudo, mas não terá NADA215. Esse “Cristo”, que apresenta esperança apenas para esta vida, somente torna a existência muito pior. Como diz Pedro, melhor é viver sem consciência, como um pagão, do que uma vez que se tenha conhecido a Palavra da Verdade, vir a trocá-la pela mentira do “deusdo-imediato”216. Esse “Senhor e Salvador” serve apenas para as conquistas perversas e para os ganhos malandros e mágicos, conforme entre nós se vê sendo pregado! Esse “Cristo” é o diabo! – Creiam-me! Porque quando um filho morre, desse “Cristo” não se tem consolo; quando o marido se vai, 214 João 16:33; Gálatas 1:6-9; 1 Timóteo 4:1-2 215 Lucas 12:13-34 216 2 Pedro 2

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Um só caminho “Dele” não se tem carinho, só culpa; quando um parente adoece e não é curado, “Dele” só se tem juízo contra aquele que, pela fé, não conseguiu a cura; e quando se peca feio, “Dele” não se tem perdão, mas apenas uma longa e infindável penitência. E tudo isso tendo em vista não perder as conquistas materiais ou amorosas obtidas até então. Diz-se que se “volta para o final da fila”! Todos os líderes desse “Cristo” só são fortes e veementes quando a vida não demanda a paz que excede a todo entendimento217; do contrário, morrem de angústia. Todos os líderes desse “Cristo” têm um medo desgraçado de morrer. Sim. Eles temem terrivelmente a morte, pois sabem que terão de prestar contas de suas perversões contra a verdade. Sim! Eles não têm a esperança da Glória de Deus 218, não são filhos da Eternidade, não celebram a ressurreição como Esperança e nem tampouco aguardam novo Céu e nova Terra nos quais habita justiça 219. O céu Deles é a prosperidade do mundo! Quem tiver dúvidas acerca do que digo, aguarde e verá que esse irremediável déficit de esperança induzirá a grande angústia, que tomará tais cristãos em pouco tempo, quando caírem as últimas máscaras. Então, haverá muita gente se entregando ao Nada, ao Vazio, à Promiscuidade, ao Medo, ao Pânico, à Depressão, e ao Cinismo! Falar-se de Cristo, mas só ter esperança para esta vida é algo muito pior do que ser ateu. Sim! Bem-aventurados os ateus, pois, honestamente não criaram um “Cristo-Mercadoria”. A alma destes está sob melhores cuidados espirituais do que a daqueles. A tais “cristãos”, Pedro diz: “Melhor lhes teria sido jamais terem dito que conheceram o caminho da verdade”! Veja a “questão evangélica”. Em décadas passadas, ainda era possível ser Evangélico entre os “evangélicos”, pois, de fato, o fenômeno ainda era somente o da existência de sementes das perversões que vieram a corromper quase que por completo o “meio evangélico”. A coisa ficou muito mais feia ainda! 217 Filipenses 4:1-9 218 Romanos 5:1-11 219 2 Pedro 3

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O que está acontecendo à alma dos cristãos hoje? Todavia, há algo acontecendo. Sim! Nem tanto porque as pessoas estejam, pela Palavra, entregando-se à Verdade, mas, sobretudo, porque estão sendo espancadas pela verdade das práticas abusadas desses “ambientes da Fé”, e então, já não conseguem mais dar tanto crédito à mentira desavergonhada. Uma hora cansa! Portanto, tais pessoas (e são milhões aqui no Brasil) estão vazias, e, de algum modo, estão se tornando cínicas... É claro que todos os dias há desesperados entrando no engano. Ora, se eles vão à Macumba, não têm por que resistir ao convite para enriquecer rápido num “Templo Lotérico Maior” qualquer ou em alguma de suas “agências lotéricas” espalhadas por todo o país. Isso sem falar nas “Casas de Câmbio” que aplicam em menor escala o jogo que tão bem aprenderam com os inventores das regras. Entretanto, os discípulos desse Evangelho “David-Cooperfieldiano” estão perdidos e sem saber o que buscar. O estrago que é feito em razão de alguma falência aqui ou ali, por mais forte que seja, não necessariamente os empurra para fora da fé. Mas a perversão sistêmica, virulenta, constante, diuturna e midiática contra o espírito do Evangelho tem o poder de anestesiar a alma de milhões. É o que aconteceu entre nós, tornando o Evangelho o “evangelho” do dinheiro, da insinceridade e do abuso de poder O resultado é esse que todos podem ver! Uma imensa horda de fiéis está deixando de ir às “igrejas”, e, enquanto isso, tomados pelo vazio ou pela descrença, dizem que são de Jesus, mas, cada vez mais, vão vivendo com raiva de “Deus”, pois transferem o engano dos homens para a conta divina. E, interiormente, com ou sem palavras, dizem: “Deus às favas! De que me adiantou? Só perdi tempo. Fui enganado!” Assim, por tal decepção e segundo os milhares de cartas recebidas, há “evangélicos” “tirando o atraso” em casas de swing, em casos extraconjugais, viajando a esmo pela Internet, vivendo em chats cheios de “evangélicos” desejosos de “soltar a franga”... Também estão em todos os esquemas de lavagem de dinheiro, de exploração ilegal de madeira e do meio ambiente, de contravenções e de trapaças políticas. O que está acontecendo com a alma dos discípulos de Jesus hoje? 47

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Um só caminho Ora, o que antes era orgulho, arrogância e surto de superioridade, agora se transformou em indiferença impressionante, em cinismo equivalente, e em mornidão incomparável. Quem, todavia, for discípulo de Jesus, por mais chocado que fique com esse retrocesso “evangélico” à Idade das Trevas, não desanimará, e nem se tornará cínico. Ao contrário, não perderá mais tempo com o que já morreu, deixando que os mortos se ocupem de tal funeral, e, enquanto isso, olhará para cima, exultará no Espírito e sairá para pregar e viver o Evangelho220. Fará de todo banco um púlpito, de cada esquina uma Catedral, de cada mesa um encontro de alegria com a Boa Nova e de todo relacionamento humano uma chance de comunhão fraterna ou de anúncio bondoso da Graça de Deus221. Ao contrário de ser uma palavra de denúncia, esta é uma palavra de ânimo e de consolação. Portanto, volte a ler os evangelhos e a meditar na Palavra. E não se esconda. Do jeito que as coisas estão, a maioria dos que desejam ser do Evangelho precisam romper com os dogmas de morte e juízo proclamados por aqueles que profanaram o sangue da Nova Aliança 222 , que pisaram sobre a Cruz de Cristo e transformaram a pregação da fé em negócio... Um “bom negócio” 223! É para esses tais “cristãos”, que se flagraram sob a condição existencial da desesperança e do cinismo que impermeabiliza o coração como proteção, que escrevemos este texto. A Doce Revolução é para vocês! É também para os “meninos da fé” que estão com o coração todo depositado genuinamente na busca de Deus, sendo, todavia, levados como ondas para lá e para cá, por todo vento de doutrina, pelo engano dos homens que induzem ao erro com astúcia. Sim, é para os que estão confusos, por que: 1) Pensam que se algum milagre acontece é por poder do milagreiro, não levando em consideração os magos do faraó 220 Lucas 9:57-62 221 Lucas 10:1-24; 2 Timóteo 4:1-5 222 Mateus 26:26-29 223 2 Timóteo 6:3-10

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O que está acontecendo à alma dos cristãos hoje? (que também sabiam fazer varas se transformarem em serpentes) e não levando a sério Mateus 7:16-24, onde Jesus diz que milagres, curas e exorcismos acontecem pelo Seu nome apesar do milagreiro ser um “desconhecido” para o próprio Jesus. 2) Pensam que a Unidade no Corpo de Cristo é um acordo mafioso de silêncio ante o que é mau e que nega o espírito do Evangelho, engolindo blasfêmias cometidas pela manipulação-em-proveito-próprio do nome de Deus contra o povo, como se Deus fizesse parte de alguma corporação ou quadrilha. Daí a neutralidade, a passividade e a cumplicidade que obscurecem o entendimento 224. 3) Pensam também que tudo o que é falado atrás de um púlpito vira Palavra de Deus oriunda de um “ungido” intocável que transforma qualquer frase de efeito em oráculo225. E depois combatem a “mesa branca dos espíritas” quando, de fato, eles são o povo do “púlpito branco”, que é um espiritismo sem transe, mas cheio do transe da arrogância e interpretações bíblicas “convenientes”. Tudo isso porque, de fato, tal meninice religiosa se revela, principalmente em não se saber fazer distinção entre o nome “Jesus” e a Pessoa de Jesus, o que faz com que celebrem um “Nome” que não tem correspondência com a Personalidade que o possui, com Seu ensino e com Sua prática, conforme as narrativas dos evangelhos. A esses irmãos, pedimos que considerem a bênção de simplesmente... pensar226.

224 Efésios 4:7-24 225 Mateus 7:15-27 226 Hebreus 5:12-14; Tiago 1:5

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O Caminho da Graça para todos “Graça”: proveniente do latim “gratia”; tradução da palavra grega “charis”. Significado: graciosidade, benevolência, favor ou bondade. apóstolo Paulo, em suas cartas e discursos, usou o termo charis 133 vezes, e em todas elas sempre com o significado de “favor livremente concedido”, especialmente para se referir ao que Deus fez POR nós em Jesus Cristo, bem como ao que Ele faz EM nós pelo Seu Espírito.

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O que se fala agora sobre Graça? Para uns ela é uma “doutrina”. Para outros ela é uma “função divina”. Para alguns ela é “aquilo que nos salva”. Há ainda aqueles para os quais ela é a “nossa chance de barganha” com Deus. Para outros é um tema “legal”, bom, humano, generoso... E há a maioria, que fala na Graça como “sedução evangelizadora”. Para todos esses, a Graça não serve para nada em suas vidas cotidianas, sendo apenas um “papo de crente”. Os que pensam na Graça como uma “doutrina” não sabem que ao torná-la qualquer coisa, mesmo uma “doutrina”, a convertem numa espécie de Lei da Graça Escrita, a Lei Aristotélica de Moisés, visto que, neste caso, ela não é nada para o ser além de uma definição intelectual. Um ídolo da mente227. Os que tratam a Graça como uma “função divina” veem-na como algo que se pareça com um “órgão de Deus”, assemelhando-se a uma 227 1 Coríntios 2

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Um só caminho espécie de fígado divino, ou Seu pulmão, ou Seu coração, ou Seus rins... Como se uma cirurgia estivesse tentando mostrar a constituição interna da Anatomia Divina. Uma obra de exumação teológica do ser de Deus, como numa necropsia: “Vejam: aqui temos Seus atributos de Justiça, e, no exato oposto, Sua Graça. Aqui do outro lado, pinçamos Sua Santidade, e logo acima estão os olhos da Sua onisciência!” 228. Os que pensam na Graça como uma “chance de barganha” com Deus vêem-na como se fosse uma oportunidade para apresentar um caso a um Rei. No entanto, nesse caso, a Graça é uma “oportunidade”. O resto, porém, fica por conta da malandragem do crente-súdito quanto a aproveitar a chance na “mesa de negociações do Rei” e apresentar uma proposta, fazer um acordo ou um sacrifício. É o que Graça é para esses tais: a chance de sentar-se à mesa de “negociações” com Deus. Ou seja: a Graça seria apenas uma lobista com a prerrogativa de secretária de Deus, podendo definir quem consegue o direito de se assentar na mesa das santas negociações229. Para aqueles para quem a Graça é um tema “legal”, bom, humano e generoso, ela é apenas um sentimento, uma escolha pelo que é humana e politicamente correto entre os liberais da Terra. É um tema bom para um livro, para um best-seller agradável de ler. É “sadio”, é mais “humano”, é mais “cult”. Gera uma espécie de posicionamento cristão belo e correto, porém, pouco para além daí. Nesses casos, para ser “cult”, ela não pode ser nem Loucura e nem Escândalo230! Para quem a Graça é uma “sedução evangelizadora”, ela é uma estratégia, é o que se deve dizer aos que “ainda estão fora da igreja”, os quais ainda não foram presos pelas forças da Religião Cristã. Mas logo depois que a pessoa é “laçada”, a Graça é esquecida, ou vira doutrina, ou função divina, ou é aquilo que seduz o aflito ou garante a oportunidade da barganha na mesa de negócios do Reino de Deus231. Quando eu comecei a falar em Graça explicitamente não como doutrina, não como função divina, não como “oportunidade” de bar228 Romanos 11:33-36 229 Oséias 5-6; Mateus 9:10-13 230 1 Coríntios 1:17-30 231 Mateus 23:1-24:14

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O Caminho da Graça pata todos ganha, não como um tema teológica e politicamente correto, e muito menos como “sedução evangelizadora”, milhares estranharam... Isso há apenas três anos e meio. Recebi milhares de cartas me acusando de ser “liberal”, exagerado ou provocador; de estar desconstruindo antigos esquemas teológicos ou de estar “autojustificando” meus pecados. Acusam-me de estar expondo “conclusões recentes e circunstanciais”, talvez em razão de que creiam que nos últimos anos eu tenha precisado mais da Graça de Deus do que antes, ou, quem sabe, mais do que eles precisam. Eu, todavia, insistia em que ela não é doutrina, mas uma consciência espiritual, fruto do entendimento do significado da Cruz, cuja realidade não foi uma invenção divina para “remediar” a Queda ou uma espécie de remendo de pano novo em veste velha232. Antes de tudo, a Graça equivale ao Conhecimento Experiencial de Deus. Uma Graça que é só logorréia religiosa, enfeite de uma mensagem ou qualquer outra coisa que não seja a experiência de Deus na vida, não é Graça! A Graça gera o fruto da paz e inicia o processo de transformação do ser; e, sobretudo, dá à pessoa a certeza da Confiança, a qual é a demonstração mais palpável da Graça na experiência humana em Deus. A Graça não apenas é melhor que a vida 233. Sem a Graça não há vida234. O Deus da Graça e a Graça de Deus ... pelo precioso sangue, como de Cordeiro sem defeito e sem mácula, o sangue de Cristo, conhecido, com efeito, ANTES da fundação do mundo, porém manifestado no fim dos tempos, por amor de vós… Primeira Epístola do Apóstolo Pedro 1:20 As Escrituras revelam que houve Redenção de toda a Criação antes de qualquer coisa ter sido criada, pois o Cordeiro de Deus foi sacrificado antes da fundação do mundo235. Então, toda a criação é 232 Marcos 2:21-22 233 Salmo 63 234 Efésios 2 235 1 Pedro 1:17-21; Apocalipse 13:8

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Um só caminho graça divina, posto que NADA é sua própria causa, visto que tudo procede de Deus e nada O precede. Se nada havia, então tudo o que há é Graça. Pois, se o que não É passa a SER por um ato de vontade de Quem É, então, tudo o que daí decorre é Graça, pois somente a Graça fornece o material que a inexistência necessita para existir: Amor doador e criativo. Deus é Amor 236 porque Amar é a Sua Vontade Essencial de Ser e Criar. Amor é o motor de qualquer existência. Amor é o mantenedor da vida. Nenhuma energia vibrou no Cosmos antes do Amor. O Universo, portanto, é um derrame cósmico de Graça237! E se a Criação evoluiu para complexos estágios de desenvolvimento e diversidade, mesmo isso é Graça aos olhos de quem crê que há um Ser Criador e Mantenedor de tudo que há — a Pessoa que é Deus de Eternidade a Eternidade — o Senhor238. Aliás, um Deus que não fosse Graça não criaria coisa alguma, pois o ato de chamar à existência aquilo que não existe para que venha a existir é uma decisão de Favor, visto que Deus não criou para se fazer acompanhar no Universo. Afinal, um Deus que se entrega como garantia de Sua própria criação antes de realizá-la é mais multiforme em Seu Amor do que se pode imaginar, assim como chocantemente diversas são as criaturas que fez e as inconcebíveis variáveis de todos os Seus atos criadores239. Se a Graça vem antes de tudo — o Cordeiro imolado antes da criação do mundo —, então pode-se ver nas variedades da criação uma analogia da multiforme Graça de Deus, que se faz crescer em adaptabilidades infindas, posto que a Forma não é a Vida, porém a Vida tem muitas formas e evolui de modo pertinente ao crescimento da vida. Os aplicativos da Graça em relação aos homens são, no mínimo, tão variados quantas são as variedades das criaturas criadas. 236 João 4:1-21 – 5:4 237 Efésios 3:8-19 238 Salmo 90 239 Eclesiastes 3:1-11; Jó 38:1 – 42:6

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A Graça da salvação Pela Graça sois salvos, por meio da fé, e isso não vem de vós, é Dom de Deus, não vem de obras, para que ninguém se glorie! Carta de Paulo aos Efésios 2:8-9 mesmo princípio resumido acima se aplica a tudo que concerne a Deus e à criação em sua forma “consciente” — a dos humanos — incluindo a chamada “Salvação”. Salvação é termo relacionado à redenção eterna da Culpa que nos desencontrou do Amor de Deus e nos trans-tornou em seres espiritualmente irreconciliáveis. Condição a que, essencialmente, designou-se Pecado. E todos pecaram! — é um grito nas Escrituras 240 e na própria história humana! Sim, nós não temos nenhum tino natural para vivermos entregues a Ele em confiança. Espiritualmente, o que se tem é que simplesmente nós esquecemos o caminho de volta para Casa. Portanto, somos salvos pelo favor de Deus, por Sua total iniciativa, por Sua vontade de que os homens cheguem ao pleno conhecimento da Verdade241. E se é favor, não decorre de nenhuma forma de “pagamento” divino ao comportamento humano242. No texto bíblico citado acima, se lê que tal Salvação também é mediante a fé. Contudo, até a Fé é Graça de Deus, visto que nenhum de nós arregimenta em si mesmo tamanha confiança que o faça viver

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240 Romanos 3:9-23; 5:12 241 1 Timóteo 2:1-6 242 Isaías 55

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Um só caminho em paz com Deus. Tal fé é nossa, porém não nasce em nós do ‘nada’ e nem nos é inata, mas é fruto do trabalho do Espírito Santo na consciência humana. Pois nossa insegurança nos remete naturalmente para a necessidade de fazer alguma forma de “barganha com Deus” e não para a fé que apenas confia. Assim, o próprio ato de crer é, também, uma dádiva de Deus243. Portanto, a Graça é dom de Deus, recebido por fé, pela revelação da Verdade, que é Cristo Jesus, manifestada através da Sua encarnação, morte, ressurreição e ascensão acima de todas as coisas. E foi Ele quem estabeleceu que, por Sua Graça, se pode ter Vida, tanto nessa existência como na Eternidade! Perceba essa síntese na segunda carta do Apóstolo ao seu companheiro Timóteo, no capítulo 1, versículos 9-10. A leitura das Epístolas de Romanos e Hebreus, por exemplo, nos afirma de modo repetitivo que a Remissão decorre da fé que se centra no que Jesus já realizou por todos os homens. Sim, quando Ele bradou “Está Consumado!”, declarava que todo o trabalho para a salvação estava feito e toda dívida contra nós estava cancelada; não pelo homem, mas por Deus244, que estava em Cristo reconciliando o mundo consigo mesmo245. Assim, não somos salvos pela Lei, nem pela Moral, nem pela Ética e nem pelas Obras de Caridade. Todas essas coisas são boas, mas não são elas que realizam nossa salvação. Pois se assim fosse, ninguém precisaria de um Salvador, bastando, para tanto, que fôssemos os salvadores de nós mesmos. ... aqueles cujos nomes não foram escritos no Livro da Vida do Cordeiro que foi morto desde a fundação do mundo. Apocalipse 13:8 Uma questão subliminar quase sempre resulta das declarações acima: “E aqueles que não receberam tal informação salvadora? Que destino eterno terão?” A questão tanto diz respeito aos que viveram num tempo anterior a Cristo como àqueles que vivem em lugares e 243 Romanos 12:1-3 244 Colossenses 2:6-15 245 2 Coríntios 5:14-21

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A Graça da Salvação regiões nos quais a informação não se fez circular. Como se processa a salvação Deles? Ora, nada diferente do que se disse até agora: No que tem relação com o tempo que antecedeu a chamada plenitude dos tempos246, na qual Jesus encarnou-se, viveu, morreu e ressuscitou, o que não se entendeu ainda é que a Redenção do Homem é anterior à Criação do Homem. Logo, a Cruz é anterior à crucificação. Explicando: o Sacrifício que tira o pecado do mundo 247 foi realizado na Eternidade, fora do tempo-espaço, e a crucificação foi sua manifestação histórica ante a Humanidade. A crucificação foi o cenário de um fato que, em Jesus, aconteceu o tempo todo. Aliás, antes de qualquer tempo ou Era. E a Cruz da Eternidade se fez Cruz na História. Ele tomou sobre Si as dores do existir antes de elas existirem. E Ele as fez Dele antes de elas existirem para nós248. Tudo começou com a Cruz. E a consumação de todas as coisas é a Cruz. É por causa da Cruz Eterna que tudo já Está Feito ainda que nada tenha acabado aqui! Portanto, qualquer ser humano que tenha vivido antes de Cristo, ao fechar os olhos aqui no Tempo, “acordou” na Eternidade diante do Cordeiro que foi morto e agora vive249. Afinal, Abraão, o pai da fé, viveu e foi justificado, tanto quanto nós, antes da cruz histórica ter sido levantada. Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo, não imputando aos homens as suas transgressões... Segunda Carta de Paulo à Igreja em Corinto 5:19 E no que tange aos não-alcançados pela pregação do Evangelho — os chamados “povos não-evangelizados”—, deve-se dizer aquilo de que os evangelistas já se esqueceram: não somos o veículo exclusivo do testemunho da Salvação aos homens250. Deus fala onde 246 Efésios 1:3-14 247 João 1:29-34 248 Isaías 52:13-53:12 249 Apocalipse 5:1-10 250 Salmo 19; Romanos 10 e 11

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Um só caminho quer, como quer e pelo que quer que seja. Quanto a nós, pregar o Evangelho é o resultado natural de, à semelhança de Pedro, termos respondido “eu te amo”, quando Jesus nos comissionou para o amor. Afinal, o Sacerdócio de Jesus, o Salvador de todos os homens, mas especialmente dos fiéis251, é segundo a Ordem de Melquisedeque 252, pois, sendo Ele também o Cordeiro imolado antes da fundação do mundo, derrama Graça e Virtude sobre a Humanidade desde sempre. E sempre fazendo em razão de que a Redenção precede a Criação em todos os sentidos, visto que o Cordeiro se deu pela Criação antes de qualquer coisa ter sido criada. O Big Bang da Criação foi a Cruz Eterna do Cordeiro do Amor de Deus. Então alguém pergunta: “Por que então anunciamos a Palavra do Evangelho como Caminho Único de Salvação?” Ora, anunciamos o Evangelho porque ele é o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê253. Também anunciamos a palavra do Evangelho porque somente ele pode dar sentido à vida humana neste mundo, sendo, portanto, o único preventivo contra a autodestruição humana. Além disso, anunciamos o Evangelho porque amamos os homens e desejamos que todos conheçam a Graça que decorre da fé no amor de Deus254. Sim! Anunciamos a Palavra porque é tanto uma ordem como também um privilégio sermos embaixadores de Deus no mundo, rogando aos homens que se reconciliem com Deus255. De fato, anunciamos a Palavra da fé a todos os homens porque nada há de melhor e mais seguro nesta vida do que confiar de tal modo no amor incondicional de Deus por nós (Graça) que se possa andar sem a fobia da morte e sem medos de juízos finais. Quem crê nisso anda em paz, vive em paz e morre em paz! E quem não ficou sabendo, nem por causa disso está perdido. Isso porque Deus não fez e não faz nada que, sendo Dele, dependa dos homens para fazer bem aos homens256. 251 1 Timóteo 4:10 252 Gênesis 14:17-20; Salmo 110:1-4; Hebreus 5:1-10; 6:17-7:22 253 Romanos 1:16-17 254 1 Timóteo 2:1-6 255 2 Coríntios 5:18-20 256 Isaías 65:1; Salmo 67; Salmo 72

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A Graça da Salvação Deus é Deus e a Obra é Dele, e Sua Igreja tem o santo privilégio de participar! Por conta disso, é impossível chamar de Igreja aquilo que costumo chamar de “igreja”, que é a antítese do Chamado, pois sabendo que pregar a certeza da salvação liberta o povo, os “homens de Deus na Terra” apregoam a incerteza da salvação justamente para manter o povo dependente da validação da salvação pelo autodesignado “cartório celestial”, que tem a arrogância de dizer quem é, quem não é, quem está, quem esteve e quem perdeu. Mas a Graça é o Amor de Deus agindo em nosso favor por sua própria iniciativa, dando-nos livremente o seu perdão e a sua aceitação incondicional, de uma vez por todas e sem revogação nenhuma, já que a Aliança feita no Seu sangue é sempre Nova: última, definitiva e Eterna. Assim, quem não soube que a dívida já está paga e que Deus já se reconciliou com os homens, até que venha a saber, sofre; e, freqüentemente, entrega-se, pelo medo, a toda sorte de crenças que demandam obras, sacrifícios, esforços pessoais, e virtudes que assegurem um “melhor acerto de contas entre o homem e Deus”. Mas a Palavra do Evangelho, quando crida, acaba com tal escravidão e mergulha a pessoa na paz com Deus, podendo assim descansar de suas obras para efeito meritório. Ora, Deus já se reconciliou com o mundo. O mundo é que ainda não sabe disso! Se soubesse, também seria outro! Daí a religião realizar o mais inadequado esquema de seleção de “salvos e alcançados”, que é aquele no qual só entram os contabilizados no censo interno, na membresia ao “lugar”. O “Rol de Membros” determina a “listagem” escrita no Livro da Vida! Santa estupidez! Essa prática não se concilia com a Verdade em Cristo, pois vemos que Jesus via quem era quem, e quem desejava o quê em relação a Ele257. Conforme os convites de Jesus para o caminho, podemos saber que nem todos têm vocação para a “caminhada comunitária”. Outros a fazem solitariamente. Outros não sentem nem mesmo a necessidade. Alguns não têm o alcance para certas ambições do espírito. E muitos não se fariam bem se navegassem no mesmo barco da fé 257 João 2:23-25; 10:1-16

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Um só caminho com Pedro, Tiago e João, por exemplo, pois há gente tão perdida de si mesmo que, ao ser liberta por Jesus, só volta a si quando volta para os seus, como bem ilustra o caso do Gadareno258! Todos têm, todavia, para seu melhor bem, que conhecer Jesus. E se alguém diz tê-lo conhecido, esse não pode mais continuar a existir como se Dele nada soubesse. Pois o que entra no coração só se faz verdade quando se encarna e quando se torna confissão da boca ao todo da vida259.

258 Marcos 5:1-20 259 Mateus 7:21-23; Romanos 10:8-13

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A vida cheia de Graça Nisto conhecemos o Amor: que Cristo deu a Sua vida por nós; e devemos dar nossa vida pelos irmãos. Primeira Carta de João 3:16 Graça, todavia, não é apenas algo para se crer, mas, sobretudo, algo para se viver. Assim, não apenas somos salvos pela Graça, mas também para uma vida de Graça, que se manifesta como uma existência na qual a consciência do perdão gera um espírito de misericórdia em relação ao próximo; e isso tudo fundado numa percepção apenas: aqueles que receberam Graça, esses são filhos dela, e praticam-na como amor e misericórdia. Veja a Parábola do Credor Incompassivo, descrita no Evangelho segundo Mateus 18, e você vai perceber como a base de tudo é uma só: como fui perdoado de Graça, devo também em Graça perdoar, pois o Espírito da Graça me leva a fazê-lo. Não somos salvos pelas obras, para que ninguém se glorie, mas somos salvos para boas obras260, e isso para a glória de Deus. Desse modo, a Graça gera uma vida cheia de obras que nada mais são do que frutos naturais dela mesma. A Graça é a semente e as obras são o fruto; e esse fruto é Amor; do qual todas as demais virtudes derivam. Daí, podemos afirmar que a fé em Jesus é a fé no amor. Amor de Deus por nós. Fé na possibilidade do amor de nós pelos outros. E fé que

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260 Efésios 2:1-10

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Um só caminho vem da certeza que nos é dada por Jesus, a Palavra Encarnada, de que o amor vence até mesmo a morte, e gera ressurreição de mortos261. A Bíblia fala de muitos chamados “atributos” divinos. Ela diz: Teu Deus é Deus de Justiça. Ou então: Ó Israel, teu Deus é Santo. Ou ainda: Teu Deus é Misericordioso. No entanto, em todas essas “definições” fica claro que em Deus há também aquele “atributo”, embora tal atributo não confine o ser de Deus. Todavia, somente em João, já nas suas correspondências finais, se diz: Deus é amor. Desse modo, caminhando do complexo para o simples, João chegou àquela uma só coisa que Jesus disse que é a “equação” de um só elemento essencial à vida: Amor262. Por isso, quem ensina o Amor de Deus ensina tudo; afinal, Jesus disse que o resto é conversa para erguer os meninos, em sua dureza de coração e sua trágica vocação suicida, incapazes de escolher o caminho excelente, que é amor263. Tal Entendimento, sobre nós derramado, só se mantém se esse Entendimento for praticado264, visto que é somente pela prática que as coisas se enraízam em nós, que somos caídos e destreinados para o bem265!

261 João 6:28-40; 11:1-46; Romanos 8:31-39 262 Lucas 10:25-42; 1 João 4:7-21; 5:1-5 263 1 Coríntios 13 264 Romanos 12:9-21 265 Romanos 7

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Dois modos de se conhecer a Graça de Deus Nada nos põe neste caminho do amor se a pessoa não receber: 1) Uma revelação da Graça no coração, e a acolher para si, dando razão a Deus, admitindo que dela necessita. Isso pode acontecer de modo tranqüilo, via reflexão espiritual266. 2) Ou, então, pode-se levar uma grande “cacetada” da vida como disciplina, tendo, assim, que conhecer o perdão sem autojustificação ou justiça própria. Então, o indivíduo, caso não se endureça, aprenderá o significado do Dogma do Amor; e isso porque terá de prová-lo como perdão de Deus para a sua vida267. epois disso, a fim de não se tornar um “Credor Incompassivo”, terá ele mesmo que aprender a perdoar o próximo e a jamais buscar maquinar nada contra ele; visto que é no exercício do perdão que o amor se faz exercitar no coração humano268. Do contrário, para esses que nunca conheceram o amor de Deus e nunca acharam que “precisaram” de Graça (pobres coitados!), a não-experiência da Graça será morte-em-vida; sim, uma existência de zumbis comportamentais da religião, da moral ou da libertinagem. Assim, seja mediante a revelação/descoberta que ilumina o entendimento ou pela via do “tranco”, da correção e da santa disciplina de um Deus de Amor, que faz intervenções na nossa história pessoal, a única realidade que nos pode salvar de nos tornarmos estátuas fa-

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266 Atos 8:26-39; Atos 10 267 Atos 9:1-22; 1 Coríntios 15:1-11 268 Mateus 18:21-35

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Um só caminho lantes é a rendição à Graça, o que é sinônimo de rendição ao amor de Deus. Muitos me escrevem buscando soluções para suas dificuldades de amor e conciliação. Eu, porém, sou apenas mais um irmão andando e aprendendo, no caminho, o que seja o Caminho sobremodo excelente do amor. Assim, não é um especialista quem fala, mas apenas um homem que também quer ser maduro em seu amor. Aliás, quem acha que já é maduro no amor? Ora, este tal está morrendo e não sabe, visto que o amor jamais acaba também no que tem a nos ensinar!

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É para comer, não é para conhecer o cardápio O castigo que nos traz à Paz estava sobre Ele; e sobre as suas pisaduras fomos sarados. Isaías 53.5 Evangelho é o chamado para a viagem de cura da existência na Graça de Deus. Viagem essa que começa agora e só termina quando nasce o homem conforme a imagem de Cristo, o homem refeito em Deus na Eternidade. Mas o Bem do Evangelho é para HOJE! Estou afirmando isto porque as pessoas pensam que salvação é apenas um levantar de mãos que supostamente sinaliza o fato de nós “aceitarmos Jesus”. Quem “aceita Jesus” ainda está colocando algo em sua vida, dando permissão para alguma coisa entrar em sua existência. A questão é que a salvação implica o caminho oposto. Ela vem de eu entrar na Vida de um Outro: Aquele que por mim morreu e ressuscitou. Isto é “estar em Cristo”269. Você pergunta: “E que diferença isso faz”? Ora, faz toda a diferença. A começar do fato de que somos salvos da ideia de uma salvação estática e paralisante. É essa salvação estática que gera o mal dessa presunção que hoje nos acomete. Somos os salvos mais doentes da Terra! Somos os salvos em quem não é possível enxergar salvação, mas no máximo “declarações de salvação”. Vou explicar: Pela Graça eu sou e estou salvo para sempre. Mas é pela mesma Graça que eu caminho na direção de minha Total Salvação.

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269 2 Coríntios 5:14-19

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Um só caminho A verdadeira salvação faz a gente entrar na paz. Daí em diante acaba-se o medo em relação a Deus e inicia-se o caminho da pacificação da alma — de onde vem a nossa cura progressiva270. O alvo do Evangelho é gerar seres humanos cada vez mais sadios de alma e espírito. E essa é uma realidade que só nos acontece quando estamos na paz. Daí para frente, a jornada é toda terapêutica. Mas não há cura enquanto pender sobre nós a culpa do pecado. Ninguém é curado enquanto existe como culpado. Ninguém cresce no caminho da cura enquanto caminha na fobia do pecado271. Assim, a grande questão da vida já não é o pecado, mas a vida. Quem vive de pensar, ver e falar do pecado é aquele que ainda está profundamente doente. Interessante isso. Nos evangelhos, quem mais fala de pecado é a religião, não Jesus. Jesus fala em pecado sob duas perspectivas: 1. Como denúncia aos religiosos: curiosamente tais discursos se dirigem aos que só falavam em pecado — o dos outros272. 2. Como uma realidade sobre a qual Ele traz Graça: e também é interessante que aqueles aos quais Ele disse estão perdoados os teus pecados são justamente aqueles acerca dos quais a religião dizia: “Este é pecador”273. A religião fala de pecado. Jesus fala de perdão de pecados. E fala de pecado àqueles que denunciam o pecado sem enxergarem que quanto mais falam no assunto mais doentes em sua presunção de não serem pecadores eles se tornam274. Desse modo, a questão do perdão dos pecados é a primeira a ser resolvida — e para sempre —, a fim de que se possa crescer no dom da salvação como saúde humana. Eu vim para que tenham vida, e a tenham em abundância275, disse Ele. 270 Filipenses 2:12-16 271 Mateus 12:28-20; João 14:1-27; Romanos 5:1-5 272 Mateus 23:23-28; João 8:1-11 273 Lucas 7:36-50; João 9:1-34 274 Lucas 18:9-14 275 João 10:10

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É para comer, não é para conhecer o cardápio Se a compreensão do Evangelho não nos levar até aí, ficaremos falando de pecado a vida toda e nos agarrando nervosa e neuroticamente à Salvação, mas sem jamais usufruirmos seu primeiro bem, que é a paz com Deus276; e sem jamais podermos crescer em sua promessa, que é a vida abundante, começando aqui na Terra. Mas quando a existência vai se mostrando tão aflita como a de qualquer outro ser humano da Terra, e quando o “benefício espiritual” não se manifesta como amor, alegria, paz, bondade, paciência, mansidão e domínio próprio, mas como infelicidade, amargura, ânsia persecutória, juízos e frustrações, então a honestidade manda perguntar: O que está errado? É o Evangelho que não é verdade? Ou será que eu, na verdade, é que não vivo, em verdade, o Evangelho? Tem gente que pensa que o Evangelho é o corpo de doutrinas da igreja e seu modo de entender o mundo. Tem gente que pensa que o Evangelho é a igreja, de tal modo que ele mesmo é capaz de se referir ao crescimento da igreja no país como o “crescimento do Evangelho”. Um “Evangelho” que seja um pacote de crenças e doutrinas e uma “embalagem de Deus” serve muito à criação de um espírito religioso, que se arroga ser melhor não por causa do Bem que realize, mas em razão da suposta superioridade dos valores de conduta apregoados. Porém, eu vim para que tenham vida, e vida em abundância jamais poderá ser substituído por eu vim para que vocês fiquem sabendo qual é o conjunto da verdade e, assim, sejam superiores aos demais homens ignorantes. E o único modo de aferição da verdade do Evangelho só acontece na vida. Não é de um manual de condutas que vem o crescimento da fé, mas de um modo de ver, de ser, de valorizar, de desvalorizar, de reagir, de agir conforme princípios e de enfrentar a existência. A verdade do Evangelho não acontece só porque alguém ganhou uma discussão teológica contra um herege, mas sim pelo resultado da própria existência, se é plena de vida, conforme a justiça, a paz e a alegria no Espírito Santo277. 276 Romanos 4:18-25 - 5:1-2 277 Romanos 14

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Um só caminho Assim, aquele que se entrega a Jesus não recebe um pacote de explicações, mas aceita seguir porque foi convencido pela experiência do bem do Evangelho, que tocou o indivíduo de alguma forma, fazendo-o provar que o Senhor é bom278. Portanto, tal pessoa não fica preocupada em “entender Deus”279. Sua felicidade está em que Deus a entende280. Assim, ela caminha sem querer saber o que Deus está planejando, mas apenas o que Jesus propõe como caminho. E, para ela, cada coisa não é passível de uma explicação, mas sim de uma resposta própria. Desse modo, se impotente, ela ora; se abastada, ela agradece; se visitada pela calamidade, ela confia no bem oculto no amor de Deus; se é objeto de perseguição, ela exulta; se milagres acontecem, ela se alegra; se não acontecem, ela se entrega ao milagre da confiança281... Não é à toa que Paulo diz que é a bondade de Deus que conduz ao arrependimento282. Sim, no Evangelho, tudo o que se estabelece como genuíno e duradouro decorre da experiência da bondade de Deus. É, portanto, a experiência de Deus como bem para o ser aquilo que muda a mente, que provoca a metanóia, que gera o arrependimento — a mudança de mente e, por conseguinte, de caminho. A “Queda” se consumou na experiência, não na especulação acerca da verdade ou da mentira, do bem ou do mal. Tomou do fruto e comeu — é o que se diz. Assim foi com o primeiro Adão, e muito mais é assim concernentemente ao segundo Adão, Jesus: Quem comer tem a vida... quem de mim se alimenta, por mim viverá 283... Ora, assim como o pecado se fez consumar pela experiência, assim também o bem do Evangelho se faz conhecer pela experiência da fé, e que dá acesso ao fruto da Árvore da Vida284. Tomai e comei! — é assim no Evangelho. 278 Salmo 34 279 1 Coríntios 2:10-16 280 Jeremias 29:11; Salmo 139 281 Filipenses 4:10-19 282 Romanos 2:3-4 283 João 6:22-69 284 Apocalipse 2:7

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A boa notícia é a manchete de hoje! Hoje, se ouvirdes a Sua voz, não endureçais o vosso coração. Carta aos Hebreus 4:7 Evangelho é a Boa Notícia do Reino de Deus. O Evangelho é a certeza de que Deus se reconciliou com o mundo, em Cristo, e que agora os homens podem se desamedrontar, pois foi destruído aquele que tem o poder da morte, a saber, o diabo; bem como foram libertos aqueles que estavam sujeitos à escravidão do medo da morte por toda a vida, conforme esclarece o autor da carta aos cristãos hebreus, no capítulo 2:14-15. Já o “evangelho” que nada realiza hoje e transfere tudo para o céu, para o porvir, é como o espiritismo kardecista, que transfere para o passado as causas das fraquezas de hoje ou os infortúnios e limitações desta vida. No espiritismo, tudo é baseado no passado. Em um passado que se teria vivido, mesmo que dele não se tenha nenhuma memória. E o “evangelho” sem vida e sem Boa Nova para Hoje alimenta sua existência das recompensas do céu em contraposição às desgraças desta vida, produzindo não esperança, mas conformismo e alienação. Ora, conquanto o Evangelho carregue a promessa da Glória Eterna — como já foi explanado introdutoriamente —, que é a razão de nossa esperança, se, contudo, tal Evangelho não fizer bem à vida Hoje, ele não é nada, e muito menos a Boa Nova. No kardecismo, a esperança de hoje é buscar existir num estado de caridade humana e de busca de conhecimentos acerca dos modos de se promover o “desenvolvimento espiritual”. Já no “evangelho” sem Boa Nova para Hoje, o que se diz é que a garantia de salvação é

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Um só caminho a fidelidade à freqüência à “igreja” — isso se a pessoa “se segurar” e não fizer nada “muito errado”, pois se fizer, ainda que Deus o perdoe, os discípulos do “evangelho” sem Boa Nova haverão de se tornar o próprio cumprimento da Lei do Carma, pois não perdoam ninguém que, depois de “iniciado”, erre de modo verificável. Assim, nesse caso, não se paga por erros de uma existência passada, mas de qualquer que seja o passado da presente existência — isso se a pessoa cometer o erro depois do “batismo”, ou seja, depois de ser “membro da igreja”. O Evangelho de Jesus não é apenas o benefício da consolação ante a morte! Não! Se o Evangelho entrar na pessoa, mesmo o Paraíso fica menos importante do que ouvir Jesus dizer: Hoje mesmo estarás comigo... Isso porque, de fato, não há Paraíso sem Jesus, mas onde Jesus está, aí há Paraíso. Daí o Paraíso importar muito menos do que a relação com Ele285. Assim, o Evangelho não é para o céu, mas para a Terra. Quem precisa de Boa Nova no céu? Lá tudo isto já não é. Lá é o cumprimento absoluto e pleno de todas as promessas presentes também na Boa Nova. Mas a grande Boa Nova do Evangelho não é o “céu”, mas sim o perdão286, a reconciliação287, o descanso 288 e a paz289, usufruindo plenamente Sua Presença na eternidade que já é.

285 João 8:31-36 286 João 1:29 287 2 Coríntios 5:18-19 288 Mateus 11:28-30 289 João 14:27

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A Graça é a lei do Caminho Portanto, irmãos, temos plena confiança para entrar no Santo dos Santos pelo sangue de Jesus, por um novo e vivo caminho que ele nos abriu por meio do véu isto é, do seu corpo. Hebreus 10:19-20 Graça e somente a Graça é e sempre será a base do nosso relacionamento com Deus. Todavia, os cristãos se convertem a Jesus num dia e no dia seguinte tentam bancar sozinhos, por esforço próprio, as transformações que julgam serem decorrentes dessa conversão, buscando o melhoramento comportamental que a justifique ou mantenha. Chamam isso de “Santidade pessoal” ou “Santificação”290. Não percebem que adotam, então, um “outro deus”, pois se o relacionamento com Deus depende da santidade do cristão, logo, o amor de Deus é condicional291. Aqui começa o esgotamento espiritual da maioria. Estabelece-se uma nova base para o crescimento cristão. E isso, inevitavelmente, vai falhar! Vai falhar sempre! Nenhum passo rumo a qualquer maturidade espiritual pode ser dado senão no caminho dessa Graça. Já está evidente que a vida dita “cristã” que acontece fora do chão da Graça de Deus só gera doenças espirituais, psicológicas e existenciais. Gera religião, mas não sedimenta a paz de Deus. Gera mudanças comportamentais, mas não renova o

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290 João 15:3-5; Efésios 2:4-9; Filipenses 1:6; Colossenses 2:18-23 291 1 João 4:16-19; Romanos 5:5-11

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Um só caminho homem interior. Pode gerar novos hábitos, mas não assegura um novo coração. Santidade pessoal é fruto da entrega ao Amor Incondicional do Pai, e não uma nova base. Ao contrário do que se propõe, a “santidade” dos cristãos só alimenta a carne, pois tal esforço de desempenho para Deus foca a espiritualidade no pecado e não em Deus, e produz a obsessão de vencer por conta própria o pecado que habita em mim, segundo Paulo. E, então, a certeza da culpa nos deita nos braços do pecado (Leia Romanos 7, em especial os versículos 5-8). Como a força do pecado é a Lei292, fica estabelecido um ciclo infeliz: o cristão opta pela hipocrisia para sua aceitação no meio “santo”, opta pela performance para se destacar nesse meio, e prefere obedecer a uma lista de regulamentos comportamentais para que fique “quite” com sua consciência religiosa, que é pagã, ameninada, orgulhosa e meritória, por ser toda fundamentada em Justiça Própria293. A Lei da Graça inverte os pólos da Ética Religiosa, muda a direção da espiritualidade. Veja que eu sou aceito para poder ser melhor, não sou melhor para poder ser aceito294! Uma vez interiorizada, a Conversão remove uma montanha infindável de culpas que foram abolidas em Cristo; não só as culpas decorrentes das ações praticadas, mas a culpa própria da minha essencialidade, porque eu sou pecador por natureza. É o que sai do meu coração que me contamina. Não veio de fora de mim. É o pecado que me habita, conforme Paulo diz em Romanos 7:7-25. Sendo assim, o Pecado que está abolido é o Pecado que eu SOU, e não só o que eu FAÇO. Assim, santidade vem de sentir-se em paz na Graça, quando entendo, pela FÉ, que o que sou em Cristo é o que vale295; isso para que eu possa ir sendo à medida que cresço296. Portanto, santificação é o apelido do crescimento da consciência na Graça dentro de nós. 292 1 Coríntios 15:56 293 Filipenses 3:8-9 294 Efésios 2:1-7 295 2 Coríntios 5:14-21 296 2 Coríntios 3:18

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A Graça é a lei do Caminho Por que isso parece diferente do que chamamos santidade no meio cristão? Porque no meio cristão a visão de santificação não é bíblica; ao contrário, é pagã e cheia de justiça própria. Sim, o que chamamos de “santificação” é exatamente aquilo que os fariseus ensinavam: ser zeloso da lei ou de uma lista de comportamentos, ainda que se saiba que se tornar um perfeito cumpridor da lei não tem valor algum297. Agora olhe para Jesus e veja o que é Santidade: Santo, para Jesus, é aquele que não julga o próximo298; que anda mais de uma milha com o inimigo; que dá a capa para cobrir o frio do adversário299; que não passa ao largo quando vê um homem caído na estrada300; que dá água com amor aos irmãos como se fosse o próprio Jesus quem bebesse; que veste o nu, abriga o órfão, acolhe o desamparado, abre a alma ao faminto, e não se esconde de seu semelhante301. Sim, para Ele, o santo é quem crê; é quem busca a verdade e a humildade, enquanto o pecado é a incredulidade302. Santidade, para Jesus, é simplicidade e gratidão. E, conforme Jesus, o santo é alguém livre para amar... Quanto mais santo se é, mais voltado se fica para o próximo e menos egoísta se torna o Ser. Por quê? Ora, porque aumentando a consciência na Graça, aumenta, naquele que recebeu de Graça, a vontade de doar Graça. Desse modo, a Graça opera a Lei do Amor. Quem recebeu perdão perdoa; quem recebeu graça derrama graça; quem não foi julgado, porque Jesus foi julgado em seu lugar, não julga303. A Lei da Graça, portanto, é o Amor e a Síntese do Evangelho pregado por Jesus, que ensinou a Graça de Deus o tempo todo sem, contudo, nunca ter se valido do termo. 297 Filipenses 3:4-8 298 Lucas 6:37 299 Mateus 5:38-41 300 Lucas 10:25-37 301 Mateus 25:34-40 302 João 10:22-38 303 Romanos 12:9-21

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Um só caminho Mas, em Cristo, temos a Lei da Graça para os humanos: 1º. Ama a Deus com a plenitude de teu ser304. 2º. Ama o teu próximo como a ti mesmo305. 3º. Ama teu próximo fazendo a ele tudo aquilo que tu mesmo queres que os outros façam a ti306. 4º. Jamais faças ao teu próximo aquilo que tu mesmo não queres que seja feito a ti307. 5º. Sê justo com a Justiça que faz o bem e que é capaz de perdoar o erro308. 6º. Sê misericordioso conforme a misericórdia que tu queres receber de Deus e dos homens309. 7º. Sê grato em todas as coisas de acordo com a consciência que tens de que nada te é devido, posto que tudo que és e tens te foi dado310. 8º. Sê cheio da fé que age pelo amor e que realiza o fruto da justiça, que é paz e alegria no Espírito Santo311. 9º. Perdoa sempre e sempre serás perdoado, posto que assim confirmas com atos a fé que tens de fato acerca de que tudo Está Consumado, pois quem perdoa também está confessando que crê na Cruz312. 10º.Admite o pecado, abraça o perdão, levanta-te, anda e segue o verdadeiro Amor313! Esta é a Lei da Graça conforme o ensino do Evangelho. Ora, tal Lei não vem de fora, mas nasce dentro, e não é algo que se alcance por 304 Mateus 22:36-38 305 Mateus 22:39-40 306 Mateus 7:1-12 307 1 Pedro 3:8-9 308 João 7:24 309 Lucas 6:27-38 310 1 Timóteo 6:6-8; 1 Tessalonicenses 5:18 311 Romanos 14:17-18 312 Mateus 18:21-35 313 Mateus 9:1-13; 1 João 4:7-21

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A Graça é a lei do Caminho esforçado-esforço, mas sim com o supremo esforço-da-entrega que se traduz em Confiança Total na Graça de Deus. Na Lei da Graça, a obediência amorosa é gerada pelo descanso, e não o descanso pela obediência314. Isso é santidade, conforme Jesus. Na Lei da Graça, as obras sucedem a fé, embora a fé que não produza obras de amor esteja morta. Na Lei da Graça, o trabalho é confiar e descansar no que Está Feito, pois é daí que o ser capta sua energia para realizar eficazmente aquilo que é Lei do Amor. Assim é o Caminho-Lei-da-Graça! Bem-aventurado aquele que o segue em confiança. Ora, isto é verdade de sempre. Mas hoje, se praticado, é pura revolução! O que pode haver de mais divino que o amor, e, ao mesmo tempo, tão pouco escolhido quanto ele? O que pode haver de mais duradouro e eterno que o amor, e que seja mais rejeitado do que ele? Que há que possa ser antes do amor, e, apesar disso, possa ser deixado tão para depois quanto ele? Assim, a Porta é Estreita porque ela leva para o caminho do amor. E nada há que os nossos instintos mais aborreçam do que o amor. Quem está disposto a perdoar sempre? Quem devolve o mal com o bem? A maioria foge. E muitos praticam o mal apenas para não serem importunados. Não querem se envolver com a bondade e a misericórdia, pois sabem que todo aquele que se deixa enlaçar nas redes do amor e seus frutos certamente saberá que o amor tudo sofre315. E os preguiçosos existenciais tornam-se maus porque têm preguiça de amar. Esta é a trilha mais escolhida; são muitos os que andam por esse caminho, pois ele é largo. Se alguém não quiser ser molestado, não cometa nenhuma bondade e não se vicie nela. A trilha menos percorrida é o Caminho do Amor. Nele se entra pela “Porta Estreita”, e poucos são os que se deixam seduzir pelo encanto do amor pela vida, que é também paz 314 Romanos 4:4-6 315 1 Coríntios 13

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Um só caminho e alegria simples. É muito estreita a vereda do contentamento. E a maioria se sente otária quando anda por ela316. Contudo, quem preserva sua vida do Bem a perde, mas aquele que a doa no ínfimo espaço de tempo dessa existência se preservará para a vida eterna317.

316 Provérbios 4:10-18; Mateus 7:13-14 317 Marcos 8:34-37

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A liberdade de ser do Caminho Vinde a mim, todos vós que estais cansados e sobrecarregados, e eu vos aliviarei. Aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração, e encontrareis descanso para vossas almas. Jesus de Nazaré Graça é o convite de Deus a crescermos como Gente ainda nesta vida. Veja: Quando meus filhos eram meninos, eu os tratava com lei, embora a graça do amor fosse a razão das regras. Mas à medida que foram crescendo, ia ficando claro para eles que o tempo da “tutela paterna” estava cessando: fui deixando-os mais livres, visto que a estação da “consciência própria” estava pronta para se abrir em frutos de autocompreensão. Paulo diz que a Lei foi um tutor, um escravo a serviço da infantilidade da consciência. Quando, porém, veio a plenitude dos tempos — a idade para se ficar adulto —, Deus enviou o Seu Filho e nos deu a Nova Aliança, inscrita na mente e no coração, a fim de que deixássemos de ser crianças em estado debilóide de tutela permanente e nos tornássemos homens, com consciência própria318. Esta é a Vontade de Deus: nos tornar à semelhança do Seu Filho Jesus Cristo319! Crescimento espiritual não é outra coisa senão nos tornarmos parecidos com Aquele que agora vive em nós. Ele vive em nós para crescermos! E crescer pressupõe ser livre e consciente.

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318 Gálatas 3:19-29 - 4:1-7 319 Romanos 8:29; 2 Coríntios 3:13-18; Efésios 4

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Um só caminho Sendo assim, o grande “problema” da Graça é a liberdade que ela gera. E liberdade é apavorante, nos deixa sem chão, dá vertigens na alma. Ninguém quer liberdade, porque ela nos obriga a andar com as próprias pernas, concede-nos a bênção de pensar, sentir, discernir e nos julgar — ou seja, nos faz seres autoconscientes. Tornamo-nos capazes de olhar para dentro, de crescer como gente, de repensar valores, de conhecer a nós mesmos, de caminhar por princípios e não por regulamentos, de escolher o bem e rejeitar o mal por nós próprios320. Consciência pressupõe a preexistência de liberdade. E tal liberdade só se manifesta em plenitude quando debaixo da Graça, pois é somente nela que se perde o medo de ser, pois, nenhuma condenação há321! O problema é que a maioria das pessoas pensa que liberdade induz ao erro. Nenhum erro poderia ser maior! A Graça não é compatível com a entrega da vida à prática do pecado e da iniqüidade! Liberdade e Santidade não são antagônicas entre si: “Continuaremos nós a pecar para que a Graça aumente” 322? A liberdade da Graça está a favor da santidade e não contra. Quem é santo é também livre, pois não existe Santificação sem liberdade! Em resumo: Santidade é saber viver todas as coisas que são lícitas, tendo discernimento do que convém e o que edifica a própria vida e a do próximo323. O santo viverá pela fé. Ou seja: em confiança não em si, mas no Amor de Deus. E toda conquista interior que lhe aconteça não é seu mérito, mas Graça de Deus sobre ele; e sobre tais conquistas ele não fica alardeando com a boca, visto que, se são verdadeiras, elas serão percebidas pelo fruto da vida, em amor e misericórdia324. O santo nem percebe que é santo, enquanto o religioso precisa que os outros percebam sua “santidade”, e para tanto ele trabalha, conforme sempre se vê nos choques de Jesus com os fariseus e “mestres” de Seu tempo325. 320 Hebreus 5:13-14 321 Romanos 8:1 322 Romanos 6:1-23 323 1 Coríntios 10:23-31 324 Mateus 12:33 325 Mateus 6:1-8,16-18

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A liberdade de ser Caminho Portanto, o Caminho da Graça não cria o espaço da libertinagem, mas tão- somente o da Liberdade de Ser, sem os medos que decorrem das neuroses provocadas pela Lei ou pelas listas religiosas de “podes-e-não-podes”. A libertinagem é o pólo oposto do legalismo, e ambos nascem da glorificação do egoísmo e fazem sempre muito mal ao indivíduo e ao próximo com ele. Liberdade em Cristo não serve para dar ocasião à carne — o culto ao umbigo — 326, mas para nos colocar a serviço do bem de todos na vida! Ninguém se esqueça de que a Fé que nos libertou se manifesta em nós pelo Amor327! Do contrário, tal fé já nasceu morta! Sou acusado por alguns de pregar uma vida livre para pecar. Mas saibam: prego a Palavra que afirma que o homem é livre para ficar livre do pecado se caminhar na liberdade do Evangelho da Graça, o qual sempre nos põe diante do Caminho sobremodo excelente, que é o Amor, ante o qual não há Lei328, posto que o amor projeta a si mesmo para além da Lei de Moisés, pois ele se submete à Lei do Espírito e da Vida. Quem segue a Lei da Vida sabe (ou virá a saber) que o pecado pode secar a alma e tirar dela a alegria de ser de Deus329. O que os cristãos precisam entender com urgência é que não há melhor lugar para conhecer nossa própria verdade senão no solo seguro da Graça de Deus, onde nada pode nos separar do Amor de Deus 330! Há somente aceitação e renovação! Primeiro se percebe tal qual se é331; depois, o Espírito promove seus frutos em nós, enchendo a vida de paz, alegria e amor332. Mas, paradoxalmente, os cristãos têm medo de se enxergar como gente. Desse ponto em diante, a maioria confunde descanso e pacificação com vagabundagem existencial. Há pastores e mestres que, embora convencidos, não pregam o caminho da Graça por medo de 326 Gálatas 5:13-23 327 Efésios 3:14-19 328 Gálatas 5:22-23 329 Salmo 51 330 Romanos 8:35-39 331 Isaías 6:5-7; Tiago 1:23-25 332 Efésios 5:8-10

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Um só caminho que os cristãos vivam vidas anárquicas. E assim negam a Verdade — o que se torna um crime maior do que abusar dela! Sim, será que porque tem gente que só quer se sentir melhor ao contrário de melhorar, a Mensagem de Jesus é punida? É porque o ouvinte a perverte cinicamente que a Palavra da Boa Notícia do Amor Incondicional de Deus é censurada como culpada? Não se engane: crescer em entendimento e experiência da Graça de Deus demanda esforço de fé e busca disciplinada de desenvolvimento interior, que é fruto de auto-exame, tarefa que seria insuportável sem um coração pacificado pela Graça. Quem pode ser transformado a partir do medo da condenação333? A ameaça, a insegurança e a punição — comuns nas pregações dos pastores do medo — não aperfeiçoam coisa alguma, pois acentuam a consciência de pecados sem removê-los completamente, exigindo os constantes sacrifícios e votos que os cristãos tanto se orgulham de oferecer. Basta uma leitura atenta do capítulo 10 de Hebreus para isso ficar bem claro! As conseqüências da falta de liberdade de Ser-Sendo estão aí, bem diante de nós. Só não vê quem não quer! Pois, para corresponder o quanto antes à norma massificada, as pessoas artificializam o agir de Deus, operando em si mesmas uma “transformação de ocasião”, uma conversão para fins eclesiásticos, uma supressão de tudo que choca a religião, uma espiritualidade de “fachada”, mas que seja compatível com a média comunitária. Essa falsificação do lavar regenerador e renovador do Espírito dá conta de instituir mudanças para fora do ser, exclusivamente comportamentalistas, baseadas no fazer, e medidas pelo desempenho, a priori, dentro dos muros da “igreja”. E tudo isso sem seu correspondente interior de crescimento na Graça e na Verdade. É a figueira sem frutos, mas adornada pelas folhagens que camuflam a nudez, própria do outono da vida334. Fora do Espírito e do ambiente de Graça, quem se percebe assim não se reconhece, e se assusta, se escandaliza, se choca, se culpa, se penitencia. Quando finalmente “surta” e se sente sem qualquer 333 Romanos 7:18-25, 8:1-6 334 Salmo 1:1-3; Mateus 21:18-20

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A liberdade de ser Caminho identidade em Deus, se afasta ou é afastado do seu meio religioso, porque o que “sobe” das profundezas da alma é como um vulcão em erupção por muito tempo reprimido, não tratado, negligenciado! O cristão, então, não sabe por que “depois de tanto tempo de evangelho” o que habita seu interior são as mesmas raivas, angústias e escravidões de outrora, mas agora travestidas de “santidade exterior”; e existem os mesmos bichos vociferando rancores e preconceitos, só que agora legitimados pela interpretação adaptada da Bíblia, que esconde o crente sob plumagens triunfalistas: a raça cheia de méritos por ser eleita uma nação “santarada”, um povo que “se acha” por ser designado propriedade exclusiva de Deus. Habilidosos em ocultar a verdade do Ser, seguem sem qualquer compreensão de que tudo que se manifesta carrega a intervenção da luz335! Portanto, na comunidade dos discípulos não carregamos ilusões! Não estamos esperando ninguém virar anjo, nem levitar a 10 centímetros do chão, nem ser levado pela carruagem de fogo de “santidades” que não conseguem viver neste mundo336. Ao contrário, posso afirmar que meu esforço pessoal é na tentativa de não me chocar com mais nada, posto que não há nada que você tenha feito que, ao menos em potencial, não exista em mim também337. Não lidamos com robôs, nem com supercrentes ufanistas, nem nos interessamos por comportamentos performáticos só para dar a sensação de que tudo está sob controle na comunidade “vigiada”. Diante disso, fica aqui declarada a base de qualquer aconselhamento: Está suspenso o “direito” de se escandalizar com o que quer que seja verdade sobre você. Prefiro caminhar com você a partir de suas lutas e temores do que fingirmos que não trazemos essas coisas embutidas no cerne de nossas tribulações e dramas de vida. O Caminho, portanto, está aberto a todos! Somos “devedores” a homens, mulheres, adolescentes e jovens de todas as tribos; prostitutas, homossexuais, bissexuais e transexuais; fiscais de tributos, empresários, estudantes, políticos e donas de casa, ateus, católicos, 335 Efésios 5:13-14 336 João 17:15 337 Romanos 3:21-27

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Um só caminho espíritas e esotéricos, ricos e pobres, intelectuais e broncos, casados, descasados, solteiros, amasiados, juntados, separados, divorciados, viúvos338. E a todos quantos se encontram carecidos da Glória de Deus porque não conhecem, em seus corações, a conversão que o Evangelho realiza por meio da fé, através da Graça de Nosso Senhor Jesus Cristo — único mediador entre Deus e os homens339! ... Ide para as encruzilhadas dos caminhos e convidai para a Festa a quantos encontrardes. E, saindo aqueles servos pelas estradas, reuniram todos os que encontraram, maus e bons; e a sala do Banquete ficou repleta de convidados. A Parábola das Bodas, Mateus 22:9-10.

338 Mateus 21:32-32; Tiago 2:1-13 339 1 Timóteo 2:1-6

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O Caminho da Simplicidade Não tema, crê somente! Jesus, ao chefe da Sinagoga desespero do homem religioso, especialmente do cristão ou do judeu praticantes, é o mais intenso e forte desespero que o coração humano já experimentou. Isso porque esses dois credos religiosos são aqueles que propõem a salvação humana como obra de justiça própria, especialmente de natureza moral. É verdade que qualquer cristão doutrinado que leia essa afirmação imediatamente dirá que isto não é verdade quanto ao Cristianismo, e, especialmente, não é verdadeiro em relação ao Protestantismo, em razão de que o arcabouço doutrinário da Reforma postula a salvação pela fé na Graça de Jesus. Todavia, todos sabem que a doutrina é esta, mas que, na prática, isto nunca foi verdade para a “igreja”. Sim, porque se prega essa salvação pela fé apenas como argumento alentador na chegada do “novo-crente”. Porém, no dia seguinte ao da “Decisão de ser Crente”, o indivíduo já começa a ser doutrinado na salvação e na santificação moral e autônoma, realidades essas que cada um tem que conquistar a fim de se manter no posto da salvação pela via de sua irrepreensibilidade moral340. Assim, inicia-se falando o Evangelho como sedução, e, uma vez feito o prosélito, imediatamente ele é transformado num cristão fariseu341.

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340 Mateus 20:1-16; Gálatas 3:1-11 341 Mateus 23:15

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Um só caminho O que segue são barganhas e mais barganhas com Deus342, acrescidas de um estado perene de inquietação, nervosismo e culpa — medo de cair. Ou, então, no caso de o indivíduo estar se sentindo “bom” o suficiente para agradar a Deus pelas suas próprias obras e pela sua própria moral, surge um ser arrogante e insuportável para a normalidade do convívio humano. Assim nascem os crentes, tanto os neuróticos pela culpa e pela barganha quanto o crente “santarado”, que trata com raiva e com inveja aqueles aos quais acusa de serem pecadores. Sim, porque nesse caso o espírito de juízo e acusação é proporcional à inveja que se tem da liberdade ou do “pecado” do outro. Ou, ainda, um terceiro grupo de crentes, que não têm inveja do pecado, mas sofrem da prepotência da “retidão”. Tenho muita pena desses grupos, mas especialmente dos que ficam neuróticos pelo peso das acusações que vêm dos crentes fariseus. A leitura de Mateus 23 nos mostra que, para Jesus, esses tais eram seres profundamente danosos quando estabeleciam contato com outros seres humanos, sempre com a vontade obstinada de desconstruir a individualidade do outro, fazendo deste um clone do crente-boneco-fariseu. “Ai de vós...” — foi o que Jesus repetidamente disse a eles, aos fabricantes de “crentes em série”. Minha angústia tem a ver com o estado mental adoecido que esses cristãos-fariseus multiplicam e aprofundam a cada novo “discípulo” que fazem. Toda hora atendo “discípulos” desses “cristãos-fariseus” e, quase sempre, eu os encontro surtados de culpa, medo, débito e pânico de maldição, visto que para se amoldarem à forma dentro da qual são postos a fim de se plastificarem nos moldes “legitimados” pela “religião dos bonequinhos movidos a corda”, tais pessoas precisam matar a si mesmas, aceitando como novo “eu” a caricatura humana proposta pela “igreja”. Não há alma humana sensível e sincera que aceite tais coisas e que não adoeça seriamente. Ora, faz anos que digo isto, bem como faz muito tempo que atendo pessoas sofrendo dos males existenciais 342 Eclesiastes 9:2; Mateus 5:33-37

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O Caminho da Simplicidade produzidos pela religião. No entanto, nos últimos anos, a “porteira da alma” se abriu, e a boiada dos angustiados saiu numa corrida atropelada buscando aos pinotes de angústia um pasto de liberdade. Mas os vícios mentais incutidos pela religião são os mais difíceis de serem removidos e tratados. Isto porque, quando você ensina às pessoas acerca da Graça de Deus, a questão que invariavelmente chega é a mesma: Mas como pode ser tão simples? Não há mais nada a fazer a não ser confiar que já está pago e viver apenas nesta fé? — é o que me perguntam. A pedra de tropeço dos crentes é o Evangelho de Jesus343. Sim, são os “crentes” os que terão mais dificuldades de crer que é apenas crer. O que vejo prevalecer entre os cristãos é a mentalidade do “difícil”, a consciência pagã de Naamã 344 e os mecanismos de cura sempre carregados de “correntes e campanhas”, todas baseadas em barganhas com a divindade, sendo que tal prática é desavergonhadamente chamada de “sacrifício”. Para esses nunca haverá descanso, nem paz e nem a alegria que vem da segurança que se arrima na fé simples e convicta. Na caminhada, as pessoas revelam que não entendem como, ao terem passado a apenas aceitar a simplicidade do Evangelho de Jesus345, crendo que está tudo feito e pago346, que a vida com Deus é simples e que o andar com Jesus é sereno347, tudo começou inexplicavelmente a mudar para o bem em seus corações348. Mas alguns estão tão viciados na barganha com Deus e nos muitos e intermináveis sacrifícios de presença a todos os cultos, células, campanhas, atividades e muita mão-de-obra dedicada aos líderes da “igreja”, que não conseguem nem mesmo crer que o bem que lhes está atingindo é verdadeiro; pois, para tais pessoas, “não é possível que seja só isto”. Todavia, é simples mesmo! E bem-aventurados são aqueles que não tropeçam na Pedra de Tropeço e nem na Rocha de Escândalo, que 343 1 Pedro 2:1-10 344 2 Reis 5:1-12 345 1 Coríntios 2:1-5 346 Efésios 2:11-15 347 Mateus 11:28-30; 1 João 5:3 348 2 Coríntios 5:17

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Um só caminho é Jesus349, e nem na total simplicidade de Seu Caminho, que é o único Caminho de Paz para a vida. Quem não crê, que faça seu próprio caminho pelos infindáveis labirintos da religião... Eu, todavia, me agrado de todo o coração no que Jesus já fez por mim, perdoando todos os meus pecados, justificando-me perante anjos, demônios e homens, dando-me a chance de andar com tranqüilidade e paz entre os homens, com o coração pacificado na confiança no amor de Deus, de cujas mãos ninguém e nem coisa alguma pode me arrebatar350. Quem crê tem...— disse Jesus351. Sim, quem crê tem tudo. Quem não crê, todavia, pode ter tudo — igreja, moral, credo, dogma, sacrifícios, barganhas, etc.—, porém não terá nem paz e nem descanso, visto que paz e descanso apenas habitam a fé simples, que não pergunta: “Quem subirá aos céus”? (isto é: para trazer Jesus à Terra pela encarnação); e nem tampouco diz: Quem descerá ao inferno? (isto é: para dar uma ajudinha a Jesus na ressurreição dos mortos) 352. É porque não acreditam no Caminho da Simplicidade proposto por um Deus que abriu mão do status divino e assumiu a forma de um servo humilde de coração que os homens se entregam às infindáveis barganhas patrocinadas pelos Líderes Fariseus. Esses tais, não contentes em se fazerem filhos do inferno (conforme Jesus disse) 353, ainda desejam corromper a alma de muitos, criando seres atormentados pelas chamas das culpas e acusações do inferno, negando a eles a chance de viverem em liberdade no amor de Deus354. Portanto, saibam todos: sem fé simples e pura, posta em Jesus, confiante no Evangelho da Graça, não há nem paz, nem alegria, nem espontaneidade diante de Deus, e, sobretudo, não há saúde de alma para viver a vida como Vida, e não como tormento sem fim. Ora, quando é assim a religião se torna a ante-sala do inferno! 349 Lucas 7:23; Romanos 9:30-33 350 João 10:1-17, 27-30 351 João 5:24, 6:47 352 Romanos 10:6-11 353 Mateus 23:15 354 Mateus 23:13

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O Caminho da Simplicidade Logo, ser discípulo de Jesus é simples, mas nada há tão difícil quanto a simplicidade, nem que demande mais esforço que descansar no descanso, pois essa não é a tendência natural da alma humana355. É difícil não oferecer nada a Deus. É muito difícil apenas confiar que o sangue de outro cobriu você356. É loucura para os gregos e intelectuais; é escândalo para os judeus e todos os religiosos357. Para ser discípulo de Jesus a pessoa tem que renunciar ao “si mesmo”. Ora, isto significa desistir de si mesmo como “produção” de algo que comova Deus. Negar a si mesmo é deixar toda justiça própria e descansar na justiça de Deus, que, antes de tudo, é justiça justificadora. Negar a si mesmo é abandonar a presunção de agradar a Deus pela imagem e pelas produções próprias. Quem quer negar-se a si mesmo358? Se alguém quiser, então, tome a sua cruz. Cruz? Que cruz? Ora, a única. A minha cruz será sempre me gloriar na Cruz359. Alguém diz: “Mas não sobrou nenhum sacrifício para mim?” Sim! O sacrifício é aceitar que o Sacrifício foi feito e consumado360. Alguém pensa que isto é fácil? Tente apenas e tão-somente confiar que está pago e feito. Tente crer que Jesus é suficiente, não como chefe de religião, mas como o Cordeiro que tira o pecado do mundo todo. Tente apenas confiar na única Cruz, e, assim, levar a sua cruz, que é andar pela fé, nunca tendo justiça própria, senão a que vem de Deus. Tente mesmo, e você verá como todos os seus sentidos se revoltarão, e como todos os seus instintos se eriçarão em insegurança. Jesus disse: “Está Consumado”. E a nossa alma, em si mesma, pergunta: “O que mais eu devo fazer?” Jesus terá que repetir Seu sacrifício todos os dias outra vez? Ou terei eu de oferecer alguma coisa a mais361. 355 Hebreus 4:10-11 356 1 João 1:7; 1 Pedro 1:18-21 357 1 Coríntios 1:18-25 358 Lucas 9:23 359 Gálatas 6:14 360 João 19:28-30 361 Hebreus 9:24-28

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Um só caminho Ora, se a pessoa consegue desistir do “si - mesmo”, e tomar a sua cruz, então, Jesus diz que esse tal vai poder segui-Lo. Quem me segue não andará em trevas362! “Segue-me”— é o convite. E aí? O que acontece? Como é esse caminho? Como se faz para seguir Jesus? Ora, ande após Ele, como Pedro e como os outros. O discípulo é um ser em disciplina. Disciplina é o que o discípulo vai aprender. Que disciplina? A dos centuriões? É claro que não. A disciplina que o discípulo vai aprender é a disciplina do Amor363. O caminho do discípulo hoje é igual ao caminho dos discípulos nos evangelhos e acontece do mesmo modo. O discípulo só será discipulado se for igualmente acidentado, exposto, aberto, equivocado, humilde, capaz de aceitar a repreensão do amor e apto a aprender sempre sem jamais acreditar que se terminou qualquer coisa antes que se ouça: “Vem, servo bom e fiel; entra no gozo do teu Senhor” 364. Assim, no caminho, o discípulo cai, levanta, chora365, questiona366, se oferece para o que não deve367, ambiciona ser maior, menor, mais amado, mais crido, mais usado, mais devotado, mais, mais368, e, então, vai aprender enquanto cai, enquanto erra, enquanto sugere equivocadamente369, enquanto acerta370, enquanto nega, enquanto corta orelhas371, enquanto quer fazer fogo cair do céu372 e enquanto pensa que sabe sem nada saber373. 362 João 8:12 363 Hebreus 12:4-11 364 Mateus 25:14-23 365 Mateus 26:69-75 366 Mateus 16:21-23 367 Mateus 13:27-29 368 Marcos 10:35-37; Lucas 9:46-48 369 Lucas 9:28-33 370 Mateus 16:13-18 371 Mateus 26:48-52 372 Lucas 9:51-56 373 Mateus 16:5-12

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O Caminho da Simplicidade O caminho do discípulo não está escrito em manuais e nem em cartilhas de igreja. O caminho do discípulo é todo o chão da existência. O discípulo é forçado a só aprender se viver. No caminho do discípulo o mar se encapela, as ondas se levantam e os ventos sopram. Por isto, o discípulo muitas vezes tem medo, grita, vê coisas, interpreta-as errado — É um fantasma374! Seguindo Jesus, o discípulo está sempre seguro, mesmo quando pede o que não deve e mesmo quando muitas vezes deseja o que lhe faz mal. No caminho ele vê demônios saírem e não saírem375; julga e é julgado e aprende que não pode julgar376; se afoga; é erguido e caminha sobre as águas; vê maravilhas; encara horrores... Mas adiante dele está Jesus377! Para se ser um discípulo de Jesus a pessoa tem que ficar sabendo que o Evangelho não são quatro livros acerca do que aconteceu entre Jesus e alguns homens e mulheres, há muito tempo. Para se ser um discípulo de Jesus a pessoa tem que ficar sabendo que o Evangelho está acontecendo hoje, do mesmo modo, na vida dele. E precisa saber que as coisas escritas no Evangelho378 são apenas para ficarmos sabendo como é que acontece na nossa própria vida, que é o cenário do discipulado. E adiante de nós, de todos nós, está o Senhor. Portanto, numa Estação do Caminho da Graça você encontrará o que Jesus encontrava pelo caminho — ou seja, GENTE! Gente quase sem problemas. Gente com problemas. Gente com muitos problemas. Gente atolada em problemas. Gente-problema. Gente solucionadora de problemas apesar de serem perseguidos por problemas. 374 Mateus 14:22-33. Ora, a “exposição” ao Evangelho tem o poder de renovar a mente dos discípulos. Todavia, isso é um processo; e cada um está em uma etapa distinta da mesma Jornada de Fé. E todos estão juntos! 375 Mateus 17:14-20 376 Lucas 6:37 377 Mateus 28:20; João 10:2-4 378 João 20:30-31, 21:25

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Um só caminho Gente se casando. Gente que chegou descasada e se recasou. Gente que vivia traindo e parou de trair. Gente que ainda trai. Gente que se encara. Gente que mente e nunca se encara. Gente que muda. Gente que ouve, ouve, gosta, mas não muda. Gente madura. Gente infantil. Gente que entendeu. Gente que está entendendo... Gente que não entendeu nada ainda. Gente que vai lá e supostamente anda conosco por interesses de todas as ordens... Gente que logo vê que é vista em sua dissimulação. Gente que aceita a verdade. Gente que gosta de tudo até que a verdade as moleste. Enfim, gente é o que somos. Mas, no Caminho, somos gente que prossegue desejosa de encontrar mais da Graça, a fim de aproveitá-la, mesmo que muitas vezes seja dolorido.

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A loucura da Cruz e o escândalo da Graça – para os cristãos Meus filhos, por quem, de novo, sofro as dores de parto, até ser Cristo formado em vós; pudera eu estar presente convosco e falar em outro tom de voz; porque me vejo perplexo a vosso respeito! Paulo, aos cristãos na Galácia 4:19-20 or conta do pouco que foi dito até aqui, a Graça é hoje a mais escandalosa de todas as mensagens cristãs! No entanto, também é a única que existe! É a loucura da Cruz! E o mais “louco” disso é que nada disso deveria ser louco para nós e nem fonte de escândalo, posto que essa mensagem seja o próprio Ensino e Vida de Jesus. É o espírito do Evangelho! Mas, incrivelmente, estranhamos a Graça de Jesus, nos assustamos com ela e aceitamos um enredo de perversões da Mensagem que é muito mais assustador que qualquer Loucura! Sinceramente, quem não percebe que atualmente nosso Cristianismo é, quase sempre, a repetição dos mesmos conteúdos contra os quais Jesus, os profetas do Antigo Testamento, Paulo, os apóstolos e a Palavra se levantam nas Escrituras379? Hoje as pessoas se convertem à “igreja”, não a Cristo! É por essa razão que os conteúdos do Evangelho de Jesus estão tão adulterados entre nós. E pior, parecemos estar com os sentidos embotados para esta percepção, de modo que o que hoje se vê é uma caricaturização de Jesus. O Jesus que nos foi apresentado é um composer do Jesus da “igreja”, o qual é moldado para ficar “parecido” com o grupo religioso ao qual a pessoa pertence. Portanto, o Jesus da “igreja”, na maioria das

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379 1 Timóteo 1:1-7

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Um só caminho vezes, é uma fabricação feita para validar as teses do grupo. E tal “Jesus” não faz nada de bom ou de mal que qualquer outro condicionamento mental, psicológico e cultural também não realize. A leitura que fazemos do Evangelho é uma adaptação. E é também num “Jesus de terceira ou quarta mão” que a maioria das pessoas crê380! Posso asseverar, com convicção e tristeza, que na igreja evangélica atual, primeiro a pessoa tem que ser salva do Jesus inventado. Primeiro precisa ser salva do Jesus dos “evangélicos” a fim de conhecer o Jesus do Evangelho. É exagero tal dedução? Então, permita-se uma reflexão honesta. E se Paulo estivesse presente num ano eleitoral no Brasil? Se visse e soubesse de todas as negociações de almas-votos que são feitas em Nome de Jesus? E se assistisse pela televisão à venda de todos os significados cristãos em objetos de energia espiritual pagã? E se visitasse uma “igreja” e assistisse às filas de pessoas para andarem sobre sal grosso ou para mergulharem em águas tonificadas do Jordão e a passarem pela Cruz de Jesus a fim de ganharem um carro zero, como pagamento pela sua crença? E se ele soubesse agora que a fé é um sacrifício que se expressa como dízimos, como troca de bênçãos por dinheiro, “sacrificados” no altar-bolso dos pastores, em longas novenas e correntes as mais mirabolantes? O que enojaria Paulo seria ver pastores oferecendo o “sangue do Cordeiro” a fim de ungir a casa de trás para frente e da frente para trás. O “Sangue do Cordeiro” não é mais o que Jesus fez na Cruz, mas passou a ser um fetiche, uma mágica de bruxos, uma blasfêmia, um estelionato satânico dos símbolos de uma Verdade com a qual não se brinca impunemente381. A carta aos Hebreus foi escrita por muito menos! O escritor dela diria que estão brincando com fogo ardente e consumidor, e crucificando o Filho de Deus não apenas uma segunda vez, mas todos os dias — fazendo de Jesus um produto de troca382. Sim! Aquilo que custou o alto preço de Seu sangue, para que nos fosse gratuito, agora 380 2 Timóteo 4:1-4 381 Hebreus 10:28-31 382 Hebreus 6:4-6, 7:26-27

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A loucura da Cruz e o escândalo da Graça – para os crsitãos é mercadoria a ser vendida pelos camelôs do engano, em repetidos sacrifícios e indulgências383! Admira-me que estejais passando tão depressa Daquele que vos chamou na Graça de Cristo para outro evangelho... Paulo aos Gálatas 1:6 Meu Deus, e se Paulo visse?!... Sim, se Paulo nos visitasse? Que epístola nos escreveria? Veria aturdido o regresso da fé evangélica aos tempos dos cultos feitos a Baal e às imagens de escultura. Àquele tempo onde nem sombra ainda havia das sombras das coisas que haviam de vir — coisas que, inclusive, perderam a simbolização em razão de Jesus haver sido o cumprimento de todas elas384. Ser evangélico, para o Apóstolo, significava ter compromisso de fé e vida com o Evangelho de Jesus385. Hoje, ser “evangélico” é pertencer a uma instituição religiosa que roubou o direito autoral do termo e se utiliza dele praticando um terrível “estelionato” de símbolos, histórias, mensagens e ilustrações. Hoje, de maneira geral, quando um evangélico “evangeliza”, ele o faz a fim de que a “igreja” cresça como poder visível. Ou seja, “evangelização” significa crescimento numérico sob o pretexto de salvar as almas do inferno. Quando Paulo evangelizava, isso significava levar as pessoas à consciência da Graça salvadora de Jesus e da possibilidade da experiência da liberdade-salvadora, tanto na vida pessoal como também na comunitária. O resultado, portanto, não é o surgimento de um número a mais para as estatísticas celestiais, mas uma nova criatura que o Espírito da Graça, em Cristo, faz nascer no Novo Homem386! Desse modo, se Paulo estivesse vivo hoje, provavelmente, ele nos diria que nós ainda não somos convertidos, pois voltamos atrás e aderimos aos conteúdos que negam a Cruz de Cristo387! 383 2 Coríntios 2:14-17 384 Colossenses 2:6-17; Hebreus 8:8-13 385 Filipenses 1:27 386 2 Coríntios 5:14-18; Efésios 4:17-24 387 Hebreus 10:32-39

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Um só caminho A doutrina do Purgatório é uma verdade existencial para todos os cristãos — incluindo os protestantes e evangélicos! E por quê? Ora, dizemo-nos “salvos” pela Graça na chegada. Daí em diante, somos “santificados” pela Lei (ou por nossas Listas, o que é a mesma coisa na intenção). Porém, tal “santificação” anula a Graça, pois, se a justiça vem pela Lei, Cristo morreu inutilmente388. “Se é pela GRAÇA, já não é mais pelas obras; se fosse, a GRAÇA já não seria GRAÇA 389”, então ficamos num purgatório existencial sobre a Terra, pois nem nos tornamos verdadeiros filhos da Graça e nem nos entregamos aos rigores da Lei com honestidade. Ao contrário, fazemos o malabarismo de tentar conter o Vinho da Nova Aliança nos odres da Antiga, que se tornaram extintos e obsoletos390. Assim, não usufruímos nem a saúde nem a paz que vem da Graça e, tampouco, conseguimos viver pela Lei. Ou seja, vivemos em permanente estado de transgressão e culpa. E quanto mais nós existimos nesse “purgatório”, mais orgulhosos, raivosos, arrogantes e mal-humorados nos tornamos, pois, no coração temos consciência de que não somos nem uma coisa nem outra: nem Gente da Graça e nem tampouco o Povo da Lei391. Jesus, porém, não veio ao mundo para criar um Circo, em alguns casos; uma Penitenciária, conforme outros; um Hospício, como acontece cada vez mais, ou um Estado Soberano como o Vaticano Católico e os “vaticaninhos” dos outros grupos cristãos. Em Cristo, não temos que ser pré-condicionados por nada que não seja o fundamento dos Apóstolos e Profetas, cuja Pedra Angular responde pelo nome histórico de Jesus de Nazaré. Quanto à igreja cristã, sabemos que ela não deixará de crescer em número e em poder terreno. Não. Seus templos estarão cheios e seu fervor religioso pode até aumentar. Mas saiba que esse nosso Cristianismo não terá qualquer mensagem do Evangelho a pregar para as próximas gerações (com suas complexidades psicológicas e espirituais), a menos que se converta radicalmente à Graça, não 388 Gálatas 2:21 389 Romanos 11:6 390 Hebreus 8:13 391 Apocalipse 3:14-22

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A loucura da Cruz e o escândalo da Graça – para os crsitãos como uma doutrina-teológico-moral, mas como a essência de nossa relação com Deus, com o próximo e com o nosso próprio ser! Nossa esperança é a possibilidade de que Ele ainda venha a gerar consciências libertas do medo de ser e podendo experimentar a Graça de viver em Cristo, sem os temores que hoje são tão bem administrados pela “igreja”, na sua obsessão de ser a “conquistadora” do mundo e de seus poderes — incluindo almas humanas —, embora não ajude as pessoas a terem uma alma para gozar a vida em Deus e Deus na vida, ainda na Terra, pois o “Jesus” da “igreja” veio para que tenhamos medo, e medo em abundância!

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O Caminho da experiência comunitária, segundo Jesus Eu Sou o Caminho... Jesus termo Ekklesia sintetiza de forma impressionante o ser Igreja de Jesus: São os chamados para fora. No entanto, na história cristã preponderou o caminho inverso que torna os discípulos em gente “chamada para dentro”, chamada para deixar o mundo, para só considerarem “irmãos” os membros do “clube santo” e a não buscarem relacionamentos fora de tal ambiente. Mas, lendo o Evangelho, é difícil conceber que Jesus sonhasse com aquilo que depois nós chamamos de “igreja”. Quem pode ouvir o ensino de Jesus, com toda sua desinstalação, com toda a sua mobilidade, com toda ênfase na igualdade de todos, com toda denúncia aos poderes religiosos e com toda a pertinência à vida — fosse para curar a mente, o corpo ou o espírito392; fosse para anunciar a destruição do Templo como lugar de Deus393; fosse para “beatificar” samaritanos394 e “demonizar” religiosos sem coração395 — e ainda assim imaginar que Jesus tenha qualquer coisa a ver com o que nós chamamos de “igreja”, seja aquela que se abriga em Roma, sejam aquelas que têm tantas sedes quantos pastores, bispos e apóstolos megalomaníacos existirem?

O

392 Mateus 9:1-13 393 Marcos 13:1-2; João 4:19-24 394 Lucas 10:30-37; Lucas 17:11-19 395 Mateus 23:13-35

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Um só caminho Não se vê Jesus tentando criar uma comunidade fixa e fechada, como também não percebo, em Seu espírito, qualquer interesse nesse tipo de reclusão comunitária. Por isso, o termo igreja perdeu seu significado original, e, pelo uso milenarmente pervertido, a expressão já não é útil para designar a jornada individual e comunitária dos discípulos de Jesus. De fato, a idéia de igreja ficou tão possessa de outros significados que usar o termo fala da antítese do que se desejaria expressar, conforme o Evangelho. Jesus não plantou igreja em nenhum chão que não fosse o do coração das pessoas396. Igreja, de acordo com Jesus, é comunhão de dois ou três em Seu Nome e em qualquer lugar397. Igreja, de acordo com Jesus, é algo que acontece como encontro com Deus, com o próximo e com a vida, no caminho do Caminho. Para Jesus, o lugar onde melhor e mais propriamente se deve buscar o discípulo é nas portas do inferno, no meio do mundo398! Nesse Caminho, as maiores demonstrações de fé vêm de fora da religião. Vêm de publicanos como Zaqueu399 e de meretrizes como a pecadora que ungiu Seus pés400. Vem da mulher samaritana401, do centurião romano402, da mulher siro-fenícia403 e do ladrão da Cruz404. Percebe-se que tanto “malandros arrependidos” quanto “réus confessos” podem encontrar seu repouso. Portanto, Seus discípulos são treinados a espalhar sementes, a salgar, a levar amor, a caminhar em bondade e a sobreviver com dignidade no caminho, com todos os seus perigos e possibilidades em 396 Lucas 17:20-21 397 Mateus 18:20 398 Mateus 10:16; João 17:15-23 399 Lucas 19:1-10 400 Lucas 7:36-50 401 João 4:1-42 402 Mateus 8:5-13 403 Marcos 7:24-30 404 Lucas 23:39-43

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O Caminho da experiência comunitária segundo Jesus aberto405. Com demônios, tempestades, competições entre si, certezas satânicas, exageros desnecessários, medo de trair, frágeis certezas de jamais trair, traição explícita, negação e morte! E, além disso tudo, vê-se que no Caminho com Ele os ventos cessam, as ondas se abrandam, as Leis do Universo são relativizadas406, os demônios sabem quem Ele é e quem nós somos Nele407! Jesus é o Caminho em movimento nos caminhos da existência. E Seus discípulos são acompanhantes sem hierarquia entre eles408. No mais, existem as multidões, as quais Jesus organiza apenas uma vez, e isto a fim de multiplicar pães. De resto... Elas vêm e vão... Ficam ou não... Voltam ou nunca mais aparecem... Gostam ou se escandalizam... Maravilham-se ou acham duro o discurso... Mas Jesus nada faz para mudar isso. Ele apenas segue e ensina a Palavra, enquanto cura os que encontra. Não! Jesus não pretendia que Seus discípulos fossem mais irmãos uns dos outros do que de todos os homens409. Não! Jesus não esperava que o sal da terra se confinasse a quatro dignas paredes de um Saleiro Comunitário410. Não! Jesus não deseja tirar ninguém do mundo, da vida, da sociedade, da terra, mas apenas deseja que sejamos livres do mal. Não! Jesus não disse: Eu sou o Clube, a Doutrina e a Igreja; e ninguém vem ao Pai senão por mim. Assim, na assembléia dos chamados para fora411, todos se encontram com o irmão de fé e também com o próximo que não tem fé, e todos são tratados com amor e simplicidade. Em Jesus, o discípulo é apenas um homem que ganhou o entendimento do Reino e vive como seu cidadão, não numa “comunidade paralela”, mas no mundo real. 405 Lucas 10 406 Lucas 8:22-25 407 Atos 19:13-16 408 Lucas 22:24-27 409 Marcos 12:28-31 410 Mateus 5:13 411 Hebreus 13:10-14

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Um só caminho A comunidade “do Caminho” No livro de Atos dos Apóstolos, um dos modos de designar a Igreja como comunidade dos discípulos era chamá-la de “o Caminho”, e os discípulos, de “os do Caminho412”. Portanto, tal designação é anterior ao tempo em que os cristãos vieram a ser “oficialmente” nomeados “cristãos”. Paulo é o apóstolo em razão de quem essa designação de “o Caminho” mais aparece em Atos. No início, ele perseguia “os do Caminho”; ou, como ele também diz, “... para levar presos os que eram do Caminho”, ou ainda “... este Caminho, ao qual chamais de seita...”. Ora, a designação “o Caminho” é, no meu modo de ver, aquela que melhor expressa o espírito do Evangelho como movimento humano no mundo. E por quê? Primeiro, porque Jesus é o Caminho. Segundo, porque o chamado da fé é “hebreu”, e ser hebreu é ser alguém do caminho, da viagem, da peregrinação, como foi Abraão, o hebreu – o Pai da Fé. “Hebreu” vem da raiz da palavra que expressa o ato de cruzar, de atravessar, de seguir em frente. E terceiro, porque, historicamente, um dos maiores problemas da Igreja foi o fato de que ela deixou o mundo e, assim, deixou de ser Caminho no chão da Terra. Por conta disso, logo a palavra “igreja” passou a designar algo geográfico, fixo, estático e imutável, e perdeu assim sua vocação caminhante e, por essa via, tornou-se cada vez mais uma estrutura que vive de sua própria institucionalização. No entanto, a designação “o Caminho” propõe que a Igreja seja a comunidade dos que se reúnem para adorar, discernir a Palavra e ajudar-se mutuamente, mas que não se fecham num ambiente e nem chamam o ambiente físico de “Igreja”, posto que Igreja, de fato, é um movimento de discípulos que andam no Caminho enquanto trilham a Fé no chão desse mundo, como gente boa de Deus na Terra! Portanto, a referência paulina aos “do Caminho” é, provavelmente, a melhor designação para traduzir o espírito livre, desinsta412 Atos 19:8-9, 23; 24:14-16

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O Caminho da experiência comunitária segundo Jesus lado, peregrino, ajustável aos tempos e aos desafios da jornada que o Evangelho propõe aos discípulos de Jesus. O Caminho em Cristo, conforme as narrativas dos evangelhos, é mais que um lugar ou um “clube de iluminados”. Trata-se de um movimento de subversão existencial do Reino de Deus na Terra. Por esta razão, o Caminho da Graça é feito de gente desafiada a assumir seu papel de sal que se dissolve e some para poder salgar; de fermento que se imiscui na massa e desaparece a fim de subverter com a vida do reino413; de pequena semente que se torna grande e generosa árvore que a todos acolhe414; de Casa do Pai para os Filhos Pródigos e também para os Irmãos Mais Velhos para que se alegrem com a Graça do Perdão415; e um ambiente espiritual no qual até o “administrador infiel” possa se “consertar”, e, assim, tentar fazer o melhor do que restou416. No Caminho, todos são irmãos e ninguém é juiz do outro. Assim, ajudam-se, mas não se esmagam uns aos outros, posto que no Caminho todos caem e se levantam; todos enfraquecem, mas não desanimam; todos são humanos, e com humanidade são tratados, conforme o Dogma do Amor. E o mesmo Dogma não permite abusos de uns para com os outros, posto que o Caminho é de Graça e Perdão, e não a espinhenta vereda da disputa, da supremacia e do abuso; pois a Graça jamais será a Graxa dos descomprometidos! Jesus nunca quis fundar uma religião417. Essa foi a razão pela qual nada foi mais danoso para a genuína fé do que terem-na feito tornarse uma religião entre as demais. Seguir Jesus é aceitar o seu modo de ser, é assumir como vida as Suas palavras e é dar testemunho do Evangelho não como uma “estratégia de evangelização” (proselitismo e marketing), mas como a natural vocação da Vida em Cristo418. 413 Lucas 13:20-21 414 Lucas 13:18-19 415 Lucas 15:11-32 416 Lucas 16:1-12 417 João 18:36 418 Romanos 8

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Um só caminho O modelo do Caminho O que será, então, que o Senhor tinha em mente quando disse aos seus discípulos que permanecessem em Jerusalém até que do Alto fossem revestidos de poder419? Jesus determinara que o poder do Espírito os fizesse sair em desassombro pelo mundo, pregando a Palavra da Boa Nova, ensinando singelamente os discípulos a serem de Jesus em suas próprias casas e culturas. Desse modo, se teria sempre um movimento hebreu, crescente, progressivo, livre, guiado pelo Espírito, e completamente semelhante ao que eles haviam vivido com Jesus durante o Caminho, naqueles três anos de estrada em que construíram o Evangelho ao ar livre, nas praias da Galiléia, nos desertos da Judéia, nas passagens por Samaria, nas terras de Decápolis e nos confins da Terra. Tudo o que Jesus queria era que os discípulos continuassem discípulos e que os apóstolos fossem os servos de todos, sem haver alguém maior nem menor, e muito menos um lugar mais santo ou um centro de poder. O que sei é que Jesus esperava que tudo quanto Ele havia dito antes acerca de como se deveria proceder, de cidade em cidade420, fosse agora vivido como uma ação contínua, num fluxo ininterrupto, num vai-e-vem constante, e como um poder que nunca tivesse um trono, nem uma cidade santa, nem um vaticano. Alguém, com razão, diria que tal projeto não seria possível, visto que ninguém consegue viver sem um centro de poder. Entretanto, parece que ainda não se discerniu que o convite de Jesus é contrário a toda lógica de poder, e não propõe nada que não seja Hoje, e que não obriga ninguém a pavimentar o futuro de Deus na Terra mediante a construção de alguma coisa duradoura421. O que os cristãos precisam saber é que Jesus não era cristão, e que tampouco quis Ele fundar o cristianismo, nem mesmo teve interesse em algo que se assemelhasse à “civilização cristã”, conforme nós a conhecemos do ano 332 de nossa era até hoje. 419 Atos 1:4, 8 420 Lucas 10:1-20 421 Lucas 21:5-6

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O Caminho da experiência comunitária segundo Jesus Na realidade, quem entendeu o Evangelho e seu significado sabe que o “cristianismo” se tornou uma perversão da proposta de Cristo, transformando o Evangelho puro e simples numa religião, com dogmas, doutrinas, usos, costumes, tradições imutáveis e muita barganha com os homens, em franca e pagã manipulação do nome de Deus. Um ateu famoso não está errado ao afirmar o óbvio: “A religião agrava e exacerba os conflitos humanos, muito mais do que o tribalismo, o racismo ou a política” (Sam Harris — Carta a uma Nação Cristã). O poder dos discípulos, paradoxalmente, está em não ter poder. E o convite para que se morra a fim de que se tenha vida é também para a igreja, que é ansiosa para mandar na vida e controlar o mundo. Assim, pretendendo “salvar” a sua vida neste mundo, a igreja não só perde a sua própria vida, mas deixa de ganhar o mundo. Para Jesus, o duradouro era justamente aquilo que não se poderia pegar, nem fixar, nem pontuar, nem ser objeto de visitas turísticas, dada a permanência sucessiva do arbítrio caracterizado pelo cheiro da urinas dos mandões. O que Jesus queria era uma multidão de seres-sal-e-luz se espalhando pela terra, e se diluindo em sabores e luzes que só seriam sentidas, mas jamais se tornando em Salinas ou em Usinas de luz cristã a serem visitadas pelos curiosos422. Ele esperava que os discípulos fossem como o Mestre, e que aqueles anos de Caminho não ficassem cristalizados nas páginas dos registros dos evangelhos, mas que se tornassem um modo de ser daqueles que O seguem. Já o Reino de Deus é como o fermento escondido... Até que invade e permeia toda a massa da humanidade... Sem ninguém saber como! E sem que ninguém possa dar glória a mais ninguém, senão ao Pai que está nos céus. Aliás, a proposta de Jesus é tão extraordinária que a vontade de aparecer não pode resisti-la. O sal, por exemplo, foi usado por Jesus como ilustração desse “desaparecimento” da Igreja na terra. Ele associa o sal ao sabor, e nada mais. O sal tem que ter sabor, senão já não 422 Mateus 5:13-16

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Um só caminho presta para nada! E para que o sal salgue e dê sabor, de fato, ele tem que se dissolver nos elementos que recebem o seu benefício. O sal só salga quando morre como sal visível e se torna apenas gosto, presença, tempero, realidade e bem, embora ninguém possa dizer onde ele está, podendo apenas dizer: “Ele está na panela. Mas onde”? Já a Luz do mundo — “vós sois”! — deveria ser a ação contínua da bondade e da misericórdia, de tal modo que os “de fora”, ao receberem os benefícios da luz, pudessem discerni-la como boas obras, e, assim, eles mesmos agradecessem a Deus pelos filhos da misericórdia que Ele espalhou pela terra. Entretanto, o que Jesus propõe como simplicidade total logo deu lugar às complexidades regimentais e aos centros de poder. Mesmo dizendo “tal não é entre vós”— referindo-se ao poder de governar dos reis e autoridades —423, o que se criou desde bem logo foi aquilo que era comum, não o que era completamente incomum. No cristianismo, Deus tem Seus representantes fixos e certos na terra — o clero, seja ele católico ou protestante —, tem suas doutrinas e dogmas escritos por concílios de homens patrocinados por reis e tem na sabedoria deste mundo seu instrumento de elaboração lógica de Deus: a teologia. Desse modo, no cristianismo, “Deus” não passa de uma “potestade religiosa” e de um poder mantido pelos homens, posto que se acredita que, sem o cristianismo, Deus está perdido no mundo424. O mundo conheceu o cristianismo, mas não teve muita chance de conhecer o Evangelho conforme Jesus e segundo as dinâmicas livres e libertadoras do Caminho, narradas nos evangelhos, nas quais o único convite que existe é para seguir Jesus. O Brasil, por exemplo, está cheio de cristianismo425 e, paradoxalmente, quase morto do Evangelho. O Caminho não é uma reforma! Mas, e a Reforma? Para que serviu, então? Qual o fruto dela hoje? Diante do exposto, talvez não seja a hora de propor uma Nova Reforma, tal qual alguns têm idealizado? 423 Mateus 20:20-28 424 Atos 17:24-28 425 Mateus 7:21-23

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O Caminho da experiência comunitária segundo Jesus Não! Reformar a religião é ainda remendo de pano novo em veste velha 426! Buscar reformar o cristianismo nada muda, visto que apenas se adia o comprometimento radical que o Evangelho requer! O Evangelho não propõe uma religião, mas um Caminho Existencial! A Reforma Protestante elegeu 95 teses, arrancou os ídolos do lugar do culto e os retirou da devoção dos fiéis, aboliu o papado, acabou com boa parte do clero conforme a formatação católica e afirmou que a Graça, Cristo, a Escritura e a Fé eram os “pilares” sobre os quais a igreja deveria ter seus fundamentos. No entanto, a Reforma seguiu se utilizando dos mesmos métodos de estudo e interpretação bíblica, criando seus próprios credos, dogmas, doutrinas e leis morais. A Reforma transformou-se num Catolicismo que fez Dieta. De fato, a coragem que se demanda desta geração é bem maior do que aquela que levou camponeses oprimidos pelo papado de Roma à Reforma Protestante. Digo isso porque, naquele caso, a mudança não era radical. O Evangelho permaneceu “aprisionado” à Religião; e a coragem revolucionária para se viver o processo contínuo de conversão e de não-conformação com este mundo é aquela que se deixa levar pelo vento do Espírito e caminha pela Fé em contínuo processo de transformação427. A revolução do Evangelho Diferentemente de uma reforma, nós cremos numa Revolução do Evangelho. A Revolução só incluirá os cristãos se eles tiverem a coragem de desistir do cristianismo e abraçar o supremo e seguro risco de apenas andar conforme a revelação da Graça de Deus em Cristo, pela fé, visto que a promessa é que o próprio Espírito sempre haverá de nos conduzir a toda Verdade 428. A Revolução do Evangelho não se atém a nenhuma preocupação com construção de coisa alguma. De fato, o grande problema sempre teve a ver com a necessidade de segurança que as pessoas dizem precisar — o que a religião ficticiamente oferece — e que as impede de 426 Lucas 5:36-39 427 João 3:8; Romanos 12:2 428 João 16:13

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Um só caminho apenas andarem pela fé no que Jesus já fez e consumou por todos os homens, daí a perplexidade e a insegurança de ser dos do Caminho. Se quisermos algo sério de verdade, temos que saber que isso demandará de nós uma volta humilde e sem tradições para a Palavra, isso a fim de sermos completamente lavados das tinturas com as quais o cristianismo pintou a fé para nós. Sei que o que digo é verdade segundo o Evangelho, mas também sei que tal fé é incompreensível para as mentes viciadas no cristianismo como religião429, e sei que é desinstaladora demais para aqueles que vivem do negócio clerical cristão430. O que creio, portanto, é que há um “Basta”! de Deus em processo de eco no ar... O Reino é Dele. A Igreja é Dele. O Povo é Dele. E Ele mesmo haverá de nos surpreender! Quem, todavia, deseja “Reformar o Sinédrio”, e pensa que esta é nossa intenção, não nos procure; pois “reformar o Sinédrio” é sonho de fariseu; sonho esse que Jesus nunca sonhou; por isto mesmo nunca fez nada a respeito! Não adianta brigar contra a Potestade da Religião. Ela se alimenta da briga contra ela. Sim! O ódio a alimenta e a rejeição a fortalece em seus ódios. Quem, porém, desejar o Novo, então, se quiser ajudar, que não faça mais nenhuma barganha com a religião cristã e, em contrapartida, que se entregue de coração ao Evangelho de Jesus. Que viva conforme a simplicidade da fé que confia que Tudo está Feito, e que não sobrou tarefa complementar e vicária a ser realizada por mais ninguém, nem pela igreja. O preço que as pessoas pagam pela submissão aos mandamentos de homens é absolutamente inconcebível431. Esta é a razão por que a maioria dos cristãos tem apenas “apologia” doutrinária para fazer em defesa da fé, mas não é ela mesma a grande apologia do Evangelho pela demonstração natural de uma existência livre e pacificada no amor de Deus. 429 1 Coríntios 2:14 430 1 Timóteo 6:3-6 431 Tito 1:10-14

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O Caminho da experiência comunitária segundo Jesus Agora, posto o machado na raiz de toda árvore432, chegou o tempo de ser ou não ser; de abraçar o Evangelho, ou, de uma vez, assumir que somos apenas filhos de um híbrido, de uma “frankensteinização” que monta pedaços da revelação conforme a necessidade moral, social, política, econômica e conforme o curso deste mundo433. Desse modo, sei que sou uma voz quase solitária no deserto. Mas na hora em que milhares e milhões que assim crerem passarem a viver livres conforme o Evangelho, então, sem pai, sem mãe e sem fundador, a revolução se estabelecerá: sem sede, sem geografia, sem dono, sem tutor e sem reguladores da fé. Isso, todavia, só será real e genuíno se Jesus for tudo e se o espírito do Evangelho da Graça se tornar a única Lei da Vida.

432 Lucas 3:7-9 433 Efésios 2:1-2

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Um convite à doce revolução O Reino é simples! texto a seguir expressa de modo simples o sentido de andar na pureza e na leveza do Evangelho. Artigo 1º Fica decretado que agora não há mais nenhuma condenação para quem está em Jesus, pois o Espírito da Vida em Cristo434 livra o ser humano de todo o pecado.435. Artigo 2º Fica decretado que todos os dias da semana, inclusive os sábados e domingos, carregam consigo o amanhecer do Dia Chamado Hoje, por isso qualquer pessoa terá sempre mais valor que as obrigações de qualquer religião436. Artigo 3º Fica decretado que a partir deste momento haverá videiras, e que seus vinhos podem ser bebidos; olivais, e que com seus azeites todos podem ser ungidos; mangueiras e mangas de todos os tipos, e que com elas toda pessoa pode se lambuzar437.

O

Parágrafo do Momento: Todas as flores serão de esperança, pois todas as cores, inclusive o preto, serão cores de esperança ante o olhar de quem souber apreciar. Nenhuma cor simbolizará mais o bem ou o mal, mas apenas seu próprio tom, pois o que daí passar estará sempre no olhar de quem vê438. 434 João 1:29 435 Romanos 8:1-2 436 Lucas 13:10-17 437 Isaías 65:17-25; 1 Coríntios 3:21-23 438 Lucas 11:34-36

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Um só caminho Artigo 4º Fica decretado que o homem não julgará mais o homem, e que cada um respeitará seu próximo como o Rio Negro respeita suas diferenças com o Solimões, visto que com ele se encontra para correrem juntos o mesmo curso até o encontro com o Mar. 439 Parágrafo que nada para: O homem dará liberdade ao homem, assim como a águia dá liberdade ao seu filhote para voar440. Artigo 5º Fica decretado que as pessoas estão livres e que nunca mais nenhuma será diferente de outra por causa alguma. Todas as mordaças serão transformadas em ataduras para que sejam curadas as feridas provocadas pela tirania do silêncio. A alegria do ser humano será o prazer de ser quem é para Aquele que o fez e para todo aquele a quem encontre em seu caminhar441. Artigo 6º Fica ordenado, por mais tempo que o tempo possa medir, que todos os povos da Terra serão um só povo, e que todos trarão as oferendas da Gratidão para a Praça da Nova Jerusalém442. Artigo 7º Pelas virtudes da Cruz fica estabelecido que mesmo o mais injusto dos homens que se arrependa de seus maus caminhos terá acesso à Arvore da Vida, por suas folhas será curado e dela se alimentará por toda a eternidade443. Artigo 8º Está decretado que pela força da Ressurreição nunca mais pessoa alguma apresentará a Deus a culpa de outra, rogando com ódio as “bênçãos” da maldição. Pois todo escrito de dívidas que havia contra o ser humano foi rasgado, e assustados para sempre ficaram os acusadores da maldade444. Parágrafo único: Cada um aprenderá a cuidar em paz de seu próprio coração445. 439 Lucas 6:37-38; Romanos 14:10 440 2 Coríntios 3:17 441 Isaías 58:6 442 Apocalipse 21:21-26 443 1 João 1:9; Apocalipse 22:1-5 444 Colossenses 2:13-14 445 Romanos 14:10-12

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Um convite à doce revolução Artigo 9º Fica permanentemente esclarecido, com a Luz do Sol da Justiça, que somente Deus sabe o que se passa na alma de uma pessoa446. Portanto, cada consciência saiba de si mesma diante de Deus, pois para sempre todas as coisas são lícitas, e a sabedoria será sempre saber o que convém447. Artigo 10º Fica avisado ao mundo que os únicos trajes que vestem bem o homem diante de Deus não são feitos com pano, mas com Sangue; e que os que se vestem com as Roupas do Sangue do Cordeiro estão cobertos mesmo quando andam nus448. Parágrafo certo: A única nudez que será castigada será a da presunção daquele que se pensa por si mesmo vestido449. Artigo 11 Fica para sempre discernido como verdade que nada é belo sem amor, e que o olhar de quem não ama jamais enxergará beleza alguma em nenhum lugar, nem mesmo no Paraíso ou no fundo do Mar450. Artigo 12 Está permanentemente decretado o convívio entre todos os seres; por isso, nada é feio, nem mesmo fazer amizades com gorilas ou chamar de “minha amiga” a sucuri dos igapós. Até a “comigo-ninguém-pode” está liberta para ser somente a bela planta que é. Parágrafo da vida: Uma única coisa está para sempre proibida: tentar ser quem não se é451. Artigo 13 Fica ordenado que nunca mais se oferecerá nenhuma graça divina em troca de nada, e que o dinheiro perderá qualquer importância nos cultos do homem452. Os gazofilácios se transforma446 Salmo 139:1-6, 23-24 447 1 Coríntios 6:12 448 1 João 1:7; Hebreus 10:19-23; Apocalipse 7:13-17 449 Mateus 22:8-13 450 Mateus 6:22-23; 1 João 4:7; 1 Coríntios 13 451 Romanos 12:3 452 Isaías 55:1;

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Um só caminho rão em baús de boas recordações; e todo dinheiro em circulação será passado com tanta leveza e bondade que a mão esquerda não ficará sabendo o que a direita fez com ele453. Artigo 14 Fica estabelecido que todo aquele que mentir em nome de Deus vomitará suas próprias mentiras, e delas se alimentará como o camelo, até que decida apenas glorificar a Deus com a verdade do coração454. Artigo 15 Nunca mais ninguém usará a frase “Deus pensa...”, pois, de uma vez e para sempre está estabelecido que o homem não sabe o que Deus pensa455. Artigo 16 Estabelecido está que a Palavra de Deus não pode ser nem comprada e nem vendida, pois cada um aprenderá que a Palavra é livre como o Vento e poderosa como o Mar456. Artigo 17 Permite-se para sempre que onde quer que dois ou três invoquem o Nome em harmonia, nesse lugar nasça uma Catedral, mesmo que esteja coberta pelas folhas de um bananal457. Artigo 18 Fica proibido o uso do Nome de Jesus por qualquer pessoa que o faça para exercer poder sobre o seu próximo, e estabelecido que melhor que a insinceridade é o silêncio. Daqui para frente ninguém dirá “O Senhor me falou para dizer isto a ti”, pois Deus mesmo falará à consciência de cada um. Todos os homens e mulheres que crêem serão iguais, e ninguém jamais demandará do próximo submissão, mas apenas reconhecerá o seu direito de livremente ser e amar458. Artigo 19 Fica permitido o delírio dos verdadeiros profetas, e todas as utopias estão agora instituídas como a mais pura realidade459. Amém!

453 Mateus 6:2-4 454 Jeremias 27:11-32 455 Isaías 55:8-9; Romanos 11:33-34 456 Atos 8:14-24 457 Mateus 18:20; Atos 17:24 458 Hebreus 8:10-11 459 Atos 2:17-18

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O encontro no Caminho Consideremo-nos uns aos outros, para nos estimularmos ao amor e às boas obras. Não deixemos de nos congregar, como é costume de alguns... Aos Cristãos Hebreus 10:24-25 que estou dizendo? Que nada valeu a pena? É claro que não! O que estou dizendo é que o mundo ainda não acabou, e que a cada nova geração os discípulos de Jesus têm, outra vez, a chance de viver o Evangelho assim, simples e puro, leve e livre, dissolvido em sabores sentidos, mas sem sede física de poder e sem qualquer mandão entre nós. A história não acabou ainda e a luz do mundo pode brilhar no mundo, não como uma ação oficial da igreja, mas como fruto da bondade misericordiosa de cada discípulo que não queira ser um agente especial da igreja, mas apenas um filho do Amor de Deus solto nesta terra e irmanado com todos quantos puder caminhar para melhor ainda servir! “E não nos reuniremos mais”? É a pergunta angustiada de alguns. É claro que nos reuniremos sempre! Mas tais encontros não têm por objetivo centralizar as forças, organizar as ações de poder, coordenar a produção dos “frutos” e “divinizar” a visão e a pregação do “método”, mas apenas renovar as alegrias da fé e da esperança, fortalecer o amor e devolver as pessoas à vida com a simplicidade do sal e da luz. Ou seja: com sabor e boas obras460.

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460 1 Tessalonicenses 5:11-15

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Um só caminho De minha parte, quero apenas ver os discípulos de Jesus crescendo em vida com Deus, em amizade clara e respeito uns para com os outros e em saúde relacional na vida. Gente descomplicada e desviciada de “igreja” e livre dos estilhaços das guerras fratricidas, e, assim, comprometidas com plantar sementes por onde for461. O “ajuntamento” a que chamamos igreja deve ser esse encontro, essa estação, esse lugar de bom ânimo, adoração e ensino. O ideal é que tais encontros gerem amizade, e que pela amizade as pessoas se ajudem; e não apenas em razão de um espírito maçônico-comunitário ou ainda porque se deu alguma contribuição financeira no lugar. Não. A verdadeira igreja não tem sócios ou associados. Tem apenas gente que se reúne e ajuda a manter tudo aquilo que promove a Palavra na Terra. O que promove o Evangelho deve ser sustentado e mantido com propósito apaixonado, e o que não promove o Evangelho não deve receber nossa energia e atenção. Portanto, não se trata de um movimento “sacerdotal”, intimista e fechado, mas sim de um andar profético, contínuo e aberto, que tem nos alegrado muito, pois, dentre tudo, estamos também reaprendendo a chance de termos amizades não-pagãs entre nós. Isso porque no meio cristão, em geral, existe a forma de amizade mais pagã possível. As amizades cristãs são pagãs! Como assim? Que forma de amizade é esta? É aquela que ama moralmente. Amar moralmente significa amar enquanto a pessoa se comporta “como a gente”, e não necessariamente como GENTE. Se ela for diferente ou se tornar diferente, ou mesmo tiver um comportamento diferente, mesmo que tal coisa seja apenas na área particular e privada, nesse dia tal pessoa perderá todos os seus “amados”, pois era amada apenas moralmente. Para esses, o irmão é o igual e o próximo é aquele que é parecido com eles. Ora, Jesus mandou amar até o inimigo, quanto mais o diferente462! Além disso, Ele disse que amar os que nos amam e tratar bem os que nos tratam bem é apenas um comportamento pagão, posto que é assim que qualquer pagão, minimamente, trata um ao outro463. 461 Marcos 4:26-28 462 Mateus 5:43-45 463 Mateus 5:46-48

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O encontro no Caminho Jesus considerou que deveríamos buscar amar e ser amigos do jeito do Pai Celeste, que é bom para com maus e bons, e derrama Graça sobre todos. Acontece que entre os cristãos, em geral, não se alcança nem mesmo o nível pagão. A sociedade pagã é capaz de aceitar e defender o diferente, mas a igreja não é. E enquanto este “pequeno detalhe” for assim, os cristãos não terão o respeito da humanidade, posto que até os bárbaros os superam no trato de uns para com os outros. A meu ver, no dia em que prevalecer o modelo do Caminho, conforme Jesus no Evangelho, a vida vai arrebentar em flores e frutos entre nós e no mundo a nossa volta; e as pessoas serão sempre muito mais humanas e sadias. Mas jamais antes desse dia! E nisto posso dizer que profetizo sobre a certeza das certezas, pois é conforme a Palavra de Jesus464. Porque, se continuar a prevalecer o modelo de “igreja” tal qual aqui tem sido denunciado, jamais se terá nada além do que se teve nesses últimos dois mil anos... Nada diferente disso! E para isto... para esta coisa, não tenho mais nenhuma energia para doar. Mas para a vida como caminho ofereço meu coração mais jovem do que nunca! Para onde caminha o Caminho da Graça? O vento sopra onde quer, não sabes de onde vem, nem para onde vai. Assim é todo o que é nascido do Espírito. Essas palavras de Jesus parecem nos apavorar! E por quê? Porque ninguém quer ficar sem saber para onde vai! E ninguém quer, de fato, confiar a vida a Deus. Por que videntes e astrólogos têm tanta popularidade? Ora, é porque todo mundo quer saber o futuro, enquanto todo mundo tem medo do futuro! O justo, porém, viverá a cada dia apenas pela Fé 465! A questão, no entanto, não é saber para onde se vai. A única coisa que interessa é a Quem estou seguindo466. Ora, nesse caso, não se 464 João 13:35 465 Hebreus 10:38 466 2 Timóteo 1:12

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Um só caminho trata nem mesmo de buscar seguir algo visível, mas de se deixar levar pela leveza do intangível, sem medo, e com total confiança. Hoje em dia ninguém mais quer seguir o Vento, se é que algum dia já se aceitou isto. Uma mente religiosamente estruturada acaba por tentar “sistematizar” o Vento, o Espírito e a Vida. O interessante é que Jesus é o Caminho, e segui-lo é a própria certeza de “para onde se está indo”, pois o alvo da jornada é Vida no Pai. “Vós sabeis o caminho...” — disse Jesus. Eles responderam: “Como saber para onde vais, sem saber o caminho”? Todos conhecem a resposta: “Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida, e ninguém vem ao Pai senão por mim” 467. Ora, é aqui que mora a angústia da alma religiosa. Depois de milênios de treinamento para pensar no Caminho como Conduta, na Verdade como Doutrina e na Vida como Performance, quem ainda sabe intuir a simplicidade das palavras de Jesus? E pior: depois de pensar no Caminho como um “projeto”, na Verdade como um “sistema” e na Vida como um “modo de ser” conforme a religião, quem pode ainda entender o significado do chamado de Jesus? E mais desgraçadamente ainda: depois de pensar no Caminho como o “Pacote da Salvação”, na Verdade como a “Certeza dos Crentes”, e na Vida como uma “Longínqua Eternidade”, quem consegue ainda discernir a concreta subjetividade do chamado de Jesus Hoje? E só para concluir: depois de anos confundindo o Caminho com uma “Estrada Institucional”, a Verdade com a “Teologia” e a Vida com a “Disciplina da Igreja”, quem ainda pode, apenas de leve, perceber o convite de Jesus para segui-Lo no Caminho, sendo levado pelo vento, seja andando em Verdade no ser e experimentando a Vida na vida? Não! A gente quer um mapa, um sistema, uma estratégia, um planejamento de curto, médio e longo prazo. A gente quer saber como acontecerá: “Qual a estrutura que nos governará? Quais os sistemas que nos conduzirão? E quais os objetivos concretos a serem declarados? E que organização terá”? 467 João 14:4-6

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O encontro no Caminho Para mim, se discirno com alguma correção o Evangelho, o espírito é outro. Jesus nunca organizou muita coisa, a não ser chamar doze homens para estarem mais próximos Dele468, reunir a multidão em grupos a fim de repartir o pão469, e enviar alguns antes Dele a fim de fazerem preparativos específicos470. No mais, nada mais! . “Não andeis ansiosos... 471 quanto ao vosso ministério, pois a vida é mais que o ministério.” “Não vos preocupeis com o que haveis de falar, pois o Espírito vos concederá472...” “Eis que vos envio como ovelhas para o meio de lobos473...” E lhes deu NADA como armadura, exceto a simplicidade do poder que vem da Graça. Tudo que diz respeito ao Evangelho que surge com a pretensão de ser uma organização já nasce moribundo. A vitalidade do Evangelho está em se deixar conduzir pelo Espírito, conforme a verdade da vida e a vida na verdade. Portanto, para mim, o melhor governo é o menor possível; o melhor modo é o mais simples; a melhor forma é aquela que serve à vida; e o melhor meio é aquele que vai sendo! Eu creio que a sabedoria do Caminho é deixar que o vinho designe o odre e deixar que o pano determine a melhor veste para ele. E mais: é saber que o Vinho Novo sempre haverá de demandar, a cada momento ou geração, o odre apropriado; e que a Veste Nova haverá de ser combinada com o feitio que lhe for próprio. Assim, as formas servem às essências, e não o contrário! Para andar no Caminho tem-se que desistir do modelo industrial, ou da montagem em série, ou da franquia, ou do modelo pré-fabricado, ou de toda fixidez de formas, com suas Constituições e Regimentos, sejam escritos ou subentendidos, visto que todas essas coisas só ser468 Marcos 1:14 469 Lucas 9:11-17 470 Marcos 14:12-16 471 Mateus 6:25 472 João 14:26 473 Mateus 10:16

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Um só caminho vem para agarrar-se às paredes do visível, para aplicar fórmulas de sucesso ministerial conforme o Mundo, para instituir hierarquias engessadas e para nos proteger uns dos outros. E não haverá formas e governos eclesiais? Ora, ninguém que viva no tempo e no espaço pode crer que as formas sejam evitáveis. Nossa dimensão precisa de forma: tempo e espaço produzem formas. Porém, quem deu forma aos mares, às montanhas, aos rios, às florestas, aos desertos, aos vales e à vida? Por que não se pode confiar que Aquele que fez isto em rocha, pedra, areia, poeira, vegetação e todas as demais coisas também pode dar forma ao que também é de Sua criação no coração humano, conforme a necessidade de cada geração? No que depender de mim, o Caminho da Graça continuará a caminhar conforme a água. Alguém já viu a água ter algum problema com a forma? Não! A água se serve de todas as formas. As formas servem à água, não a água às formas! O espírito da caminhada é a simplicidade. Há um só Pastor. Há um só Guia. Há um só Mestre. E a Ele, conforme os princípios do Evangelho, nós todos seguiremos474. E orientadores e supervisores servem apenas para manter as formas a serviço da essência, sem nunca maculá-la! Pois nossa segurança está na essência do Evangelho. Onde quer que esse espírito do Evangelho tenha prevalência, todas as boas formas lhe prestarão serviço, mas jamais se tornarão um fim em si mesmas. Serviu, serve; não serviu, então já não serve. E a única coisa que não serve mesmo é atrofiar a Palavra para que ela fique conforme a forma e a “forma”. Ora, se um dia tivermos presbíteros, saiba: eles não serão fiscais da vida e nem senhores da doutrina, mas gente da misericórdia e da paz. Se tivermos diáconos, saiba: eles não serão porteiros de reunião, mas pessoas que só serão servos se servos forem na vida. No entanto, muitas vezes, a melhor maneira de não matar a vida espontânea é não batizá-la de modo oficial. 474 Efésios 4:1-7

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O encontro no Caminho Criar muitas e muitas formas de governo não é difícil. E há muitas roupas de grife se oferecendo como modelo para a vestimenta do pano novo. Mas é disso que fujo. No que nos diz respeito, o Espírito conduzirá as coisas conforme a pertinência. E nisto, também, o justo terá que se alegrar na aventura da fé. A questão do Caminho como lugar é simples: por que a gente apenas não se reúne com alegria singela, não experimenta o amor que liberta, não goza o privilégio da simplicidade, não se alimenta da Palavra, e não volta à vida cheios das Boas Novas para contar ao mundo? Por que a gente não faz do lugar só um lugar? Lugar onde se faz um pouso, uma estação de bom ânimo e revigoramento da fé e que abasteça a vida na troca e ministração dos dons? Já somos, em muitos lugares, um “pouso” para quem pede. E quando digo “somos”, apenas digo que os que se designam “do Caminho” são apenas discípulos de Jesus que se encontram em torno da mesma percepção do Evangelho. Uma “Estação” do Caminho é uma paragem para os peregrinos. O Caminho não é na Estação; é na estrada, é na pluralidade da existência, é em meio a tudo e a todos, é nas portas do inferno. A Estação é um pouso rápido, é um pernoite; ou, no mundo moderno, nem mesmo isso, posto que “estar na estação” — num metrô, por exemplo — é coisa tão rápida que a pessoa quase nem chega a “estar”. Não temos, todavia, a aflição das estações de metrô. Preferimos as Estações das estadas andantes, antigas ou primitivas, nas quais a Estação era apenas uma “ramagem” na beira da estrada. Ou apenas um lugar comum onde os peregrinos, os hebreus do caminho, se encontram. Quanto ao senso de “grupo”, no Caminho ele não existe como tentativa de separação do mundo. Existe apenas o senso de unidade na fé, em meio à pluralidade das muitas expressões humanas. O fato é que a mentalidade da “igreja” sempre foi a de criar uma “sociedade paralela” com todas as formas de governo secular (e hoje empresarial) a fim de que alguns sejam os donos do processo, 119

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Um só caminho os controladores do povo, os governadores de Deus e os xerifes da santidade. A “igreja” quer tirar as pessoas da vida e do mundo, criando um viveiro de doentes e arrogantes. O Caminho do Evangelho, porém, não é assim! Não é475! Nele, as pessoas não fogem do mundo e nem da vida. Nele não tem que haver governadores e nem príncipes. Nele, confia-se na Soberania de Jesus e na efetividade de Seu poder. Nele, cada pessoa é uma testemunha no mundo, não um militante de um partido eclesiástico. É dessa mentalidade que queremos estar longe! E quanto ao futuro? Ora, amigos de caminhada, se já não temo a morte, por que haverei de temer o futuro? O Senhor nos guiará se nós não tentarmos guiar o Senhor! Aonde vai dar esse caminho? Já deu no Pai. E nos conduzirá a cada dia no caminho da pacificação! Assim, sirvo a Deus Hoje, e não vivo a neurose de como será amanhã. Não sofro dessa ansiedade. Hoje, todavia, há milhares de filhos de Deus que andam dispersos. Quem está feliz onde está, deve ficar onde está. Apenas proponho que os que parecem não caber em lugar nenhum, ou os que amam a Jesus, mas justamente por isso não suportam a convivência religiosa — conforme ela se tornou —, que não se sintam “desviados”, que não se tornem solitários e que se ajuntem, que se reúnam, que se encontrem, que se fortaleçam na fé, mutuamente; e, sobretudo, que ensinem o Evangelho uns aos outros. E que saiam para a vida, para toda ela, por todo o mundo, qualquer mundo, até os confins de qualquer fim de terra; e que, indo, preguem, testemunhem e façam discípulos de Jesus476, ensinando a eles que o lugar onde se serve a Deus é no mundo, e que o lugar chamado Igreja é qualquer lugar onde dois ou três se reúnam em Seu nome, até numa “Estação do Caminho” ou em qualquer estação, com ou sem nome, desde que seja um lugar de refrigério, acolhimento amoroso e manifestação do Poder de Deus, em meio aos dons espirituais. 475 Lucas 10:3; João 17:15; 1 Coríntios 5:9-10 476 Mateus 28:18-20

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O encontro no Caminho Mas há certas coisas que só são provadas se são provadas e se fazem provadas, ainda que para alguns pareçam improváveis. É bom, todavia, que se saiba que o Evangelho é apenas para gente que crê no impossível477. Por fim, pensem em Abraão, que saiu, e foi sem saber para onde ia. Daí Deus ter considerado que ele era um amigo. A grande recompensa da confiança é a amizade de Deus478! Se alguém ouvir e crer, e levantar-se para a Vida em nome de Jesus, esse é membro da Doce Revolução!

477 Lucas 1:37, 18:26-17 478 Hebreus 11:8; Tiago 2:23

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O Caminho versus a instituição ão carregamos alguma espécie de fobia institucional, como se o simples fato de desviar-se da instituição promovesse o Evangelho. Não é o caso. Toda instituição que existe para servir aos homens é boa e útil. Porém, quando ela demanda que os homens existam para mantê-la e servi-la como finalidade, então, ela se torna demoníaca e instrumento do congelamento das almas humanas. Penso que a instituição é sempre algo como o Sábado nas narrativas do Evangelho: pode ser dia de descanso ou pode ser dia de prisão, juízo e morte. Assim como o Sábado foi feito para o homem e não o homem para o Sábado 479, também a instituição existe para servir ao homem, e não o homem à instituição. Sim, o institucional nos serve. Veja: reconhecimento e afinidade geram instituição. Instituição é fruto da convicção em comum. Onde quer que pessoas se encontrem em razão de uma convicção em comum, ali há uma instituição, mesmo que seja nos encontros do bar da esquina. Ora, nesse sentido, até o espaço virtual do portal www.caiofabio. com, pela convergência de milhares de pessoas que a ele se ligaram pela convicção e em razão de cuja convergência veio a surgir naturalmente o Caminho da Graça, é também uma instituição. Parece tudo muito simples de entender, mas a história mostra como o poder de perversão humana é facilmente exposto quando a instituição se instala em nós com I maiúsculo. É assim em todos os níveis sociológicos e, naquilo que nos interessa aqui, também é

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479 Marcos 2:23-28

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Um só caminho assim no cristianismo protestante do qual descendemos. Ora, isto vai das formalidades e das politicagens dos concílios e das convenções denominacionais e ministeriais até as mais cretinas formas de perversidade praticadas em nome de Jesus, e feitas de intrigas, tiranias, perseguições neuróticas e invenções mirabolantes que tiram a simplicidade do Evangelho e pervertem o sentido de ser evangélico. Por isso, minha luta nunca foi contra a instituição, pois tal luta é tão inglória e tola quanto correr da própria sombra. Minha luta sempre foi contra a institucionalização. A instituição deve ser fruto do que é. Já a institucionalização põe o que é a serviço de algo que já não é, posto que apenas um dia foi. Como assim? O princípio do Evangelho acerca do que se institui pela realidade e necessidade, em contrapartida àquilo que um dia foi e hoje já não é, nos é apresentado por duas imagens: a dos odres velhos e dos novos e a da veste velha e do pano novo480. A instituição é validada pela sua relevância e pelo seu significado real para a vida hoje. Instituição é um ente vivo se é feito de gente e para gente! Mas Institucionalização é o esforço presente por manter o passado e suas regras humanas de ontem válidas para hoje, mesmo que ninguém consiga ver a sua significação. Logo, é só a ditadura dos defuntos481. Assim, o pano novo e o vinho novo correspondem à instituição do que é — do que é necessário e do que é verdadeiro e sincero com a realidade. Do mesmo modo, a veste velha e o odre velho, com seu vinho velho, correspondem à institucionalização. Jesus disse que era para não se tentar instituir o novo no velho instituído, pois jamais haveria compatibilidade. Já o que se faz instituído como algo fixo (institucionalização) deseja vestir para sempre as pessoas com as vestes de ontem e almeja que cada nova geração goste do mesmo vinho produzido num ontem eterno. Assim, o que antes fora vinho novo, tendo sido condicionado por um odre de imutabilidade, pode hoje já não ser nada, além de vinagre. E o perigo é esse: beber vinagre como quem bebe vinho! 480 Lucas 5:36-39 481 Lucas 9:59-60

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O Caminho versus a instituição O Evangelho Imutável é o Vinho, e o resto tem a ver com o tempo, com a hora, com a ocasião. Só que nós, cristãos, acabamos institucionalizando o Odre, e o Odre ganhou uma importância tão grande que a gente briga, mata e morre pelo Odre, mas são poucos os que estão interessados com a qualidade do Vinho. Saibam todos: é por ter entregado a alma à “Institucionalização” e as instituições a gente sem alma que a “igreja” carrega as mazelas desse estado de ser. A lei, o orgulho, a vaidade, o mercado, a vanglória, a fama, o culto à imagem, o comportamentalismo, a superficialidade, o formalismo, os ciúmes, a picaretagem, a fixação no controle das pessoas, as jogadas políticas, a venda de votos, as negociatas e a grotesca hipocrisia tornaram os evangélicos insuportáveis até para os evangélicos mais sensíveis! Portanto, algumas coisas precisam ficar claras: 1) Não é a instituição que tem o poder de matar as coisas, mas sim o coração que se deixa fixar pela Instituição, fazendo da existência dela um fim em si mesmo — a Institucionalização da Fé! Basta, entretanto, um coração se sentir superior, alguém se sentir dono histórico da casa, sendo sempre um ser mais importante do que os que forem chegando depois, então tudo se perverte! Eu estou me referindo àquelas tentativas de ir fazendo pequenas leis que não são da Palavra, mas que vamos chamando de “sabedoria” no início. Depois muda: “É o nosso costume”. Em seguida se torna: “É o nosso modo de ser”. E, então, quando os que começaram já não estão, a gente diz: “Não era assim que se fazia” ou “não podemos mudar como era. Se mudar nós perderemos a nossa identidade” 482. 2) Se mantivermos a alma no Evangelho, com o software da graça e do amor rodando na mente o tempo todo, com a consciência simples, andando no Senhor Jesus, tratando uns aos outros como irmãos — sem se imporem, sem evocarem pedigree, sem dizer: “Eu cheguei aqui primeiro”, sem ficar auditando uns aos outros, sem ficar fiscalizando uns aos outros, 482 Mateus 15:1-9

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Um só caminho sem ficar impondo suas próprias decisões pessoais e particulares como sendo leis comunitárias para o outro —, então não há perigo algum! 3) Não há perigo se o que está instituído é apenas uma referência histórica para o momento de hoje, não sendo o teto, nem a parede, nem o chão do movimento, mas apenas o tabernáculo da viagem, a tenda que se arma enquanto se caminha, e a Estação da jornada. 4) Não há perigo se cada um de nós souber que o único poder de institucionalizar a coisa é aquele que procede de nós. Porque a instituição como mal e como finalidade só pode acontecer em gente. São as pessoas que projetam o que neles está instituído como algo que a instituição será, com a soma dos interesses e das divisões da média ponderada dos associados e dos interessados na manutenção desse ente. Mas o ente institucional, em si, não é nada. Ela, a Instituição, não acorda e diz: “Bom dia!” Ela não lhe dá boa noite. Se o seu pai morrer, a instituição não lhe diz: “Sinto muito, de todo coração”. Se o seu filho nascer, ela não o aplaude. Agora, se o seu filho morrer e ela for solidária, não foi ela que foi solidária; é porque tem gente lá dentro que se solidarizou. E ela não existe, só existem pessoas. Portanto o grande mito a se acabar é essa coisa de que se tiver CNPJ, conta bancária, um nome ou logotipo, aí institucionalizou-se! Um logotipo não vira Instituição. Razão social não vira Instituição. Conta bancária não vira Instituição. Em nosso tempo, para que um encontro comunitário seja legalizado e auditável tem que ser institucional. Mas não há problema nisso, porque eu tenho CPF, RG, título de eleitor, atestado de reservista, certidão de casamento, passaporte e continuo não-institucionalizado. Eu sou “eu” todo dia. Desse modo, digo: o Caminho da Graça é uma instituição pelo simples fato de milhares de pessoas — seja pelo site, seja em razão dos encontros nas dezenas de grupos e Estações — afirmarem sua convergência de convicção nas mesmas coisas, confessando os mesmos objetivos no Evangelho, e que estão, de modo relativo 126

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O Caminho versus a instituição e secundário, expressos de forma atualizada nos conteúdos que publicamos. Entretanto, o principal conteúdo do Caminho da Graça é sua disposição de existir em metanóia, no permanente encontro entre a Palavra e a Existência483. Assim se espera que o processo de se converter ao novo não cesse jamais, conforme a revelação do Evangelho, o qual é Palavra viva, e se re-atualiza a cada nova realidade ou geração. Saiba-se, contudo, só uma coisa a mais: eu já tomei atitudes deliberadas que puseram abaixo algo que era considerado “muito importante” para milhões; e isso porque eu senti que estava traindo o Chamado de minha existência como homem. Assim, por que achariam que eu tenho dificuldade em ver acabar qualquer coisa que eu tenha ajudado a construir? Não! Não tenho nenhum compromisso com perdas, padrões de um dia ou com a manutenção do que um dia foi bom. O que é de Deus, sempre é Hoje! Eu creio que tudo aquilo que vira um fim em si mesmo precisa ser destruído. Sim, qualquer coisa. Ou seja: no Caminho nada é erguido para ser um fim em si mesmo. Se assim for, bem-aventurado é todo aquele que o puser abaixo. Afinal, é assim, ou deveria ser assim, com todas as coisas debaixo do sol.

483 2 Coríntios 4:16; Efésios 4:22-24

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O Caminho da Graça – uma denominação evangélica light? uita gente pensa que criei uma denominação evangélica light em razão do surgimento do Caminho da Graça. Mas não poderiam estar mais enganados em seus julgamentos. O Caminho da Graça não é uma “denominação religiosa”. Apesar da inevitabilidade da instituição, nosso modo de ver e sentir a experiência da fé não tem qualquer outra referência absoluta senão o Evangelho em sua simplicidade. Fugimos de tudo aquilo que signifique o “emolduramento” da experiência do tempo presente, evitando a tentação de que a experiência de hoje se torne perene nas formas e nos modelos quando estes já não forem pertinentes ou próprios em outra geração, tempo ou realidade. Hoje mesmo, cada Estação do Caminho da Graça já tem sua identidade e modos próprios, conforme a cultura e sensibilidade das pessoas do lugar. No Caminho da Graça, os formatos e modos são tão variáveis quanto variáveis são as realidades que culturalmente nos constituem. Os odres e as vestes são circunstanciais e generacionais. O Evangelho — essência vital — é que nunca precisa mudar, nunca necessita ser adaptado aos sabores de novos conteúdos, posto que a essência da Palavra é imutável em seu espírito. Assim, que ninguém veja o Caminho da Graça como uma nova denominação evangélica light, pois, no que nos diz respeito, buscamos o compromisso com uma forma permanente de mudança conforme a Palavra e o Espírito nos convençam em relação à realidade de hoje ou de qualquer outro tempo posterior a este.

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Um só caminho A Videira Verdadeira — Ele, que é o Evangelho Imutável — 484 nos dá o Seu Vinho Novo a cada nova geração. Cabe a nós ter a coragem de trazermos odres novos, assim como cabe a nós vencer a tentação do remendo de pano novo em veste velha. O que se espera é que tão-somente nos vistamos com a nova vestimenta, feita do pano novo da Graça de Deus em nossa geração. O Caminho da Graça é a simples busca de viver o Evangelho com tal consciência entre os homens. Nada mais e nada menos do que isso! Portanto, se o que você aqui ler for algo que receba o testemunho interior do Espírito Santo como sendo verdade conforme o espírito do Evangelho, então se una àqueles que desejam apenas andar conforme o chamado original dos “do Caminho” neste mundo. Foi para isso que Nele fomos transportados da fixidez do Império das Trevas e plantados no chão vivo e móvel do Reino do Amor de Deus485. O grande dano que a Institucionalização pode realizar na história da igreja foi transformar o cristianismo na mesma “coisa” que o judaísmo do primeiro século significou para o Evangelho como Novidade. Como assim? Ora, Deus não tem compromisso com a manutenção de instituições que se entendem representantes de seus interesses na Terra. Não. Ele não veste as camisas de nossos times eclesiásticos e nem carrega o orgulho besta de pertencer a qualquer estrutura denominacional. Deus não tem espírito de seita! O Evangelho de João registra a profundidade do problema de “ser e pertencer a” com as seguintes palavras: Veio para os seus, mas os seus não o receberam, mas a todos quanto o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus, a saber: os que crêem no seu Nome. (1:11-12) Pensemos: Se quando Ele veio para os que eram naturalmente “os Seus” na Terra (os judeus, descendentes da Promessa feita a Abraão), esses tais nem sequer o reconheceram, por acaso Deus manteve-se 484 João 15:1 485 Colossenses 1:3

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O Caminho da Graça – uma denominação evangélica light? limitado a eles na manifestação histórica do Seu amor? Não. Aqueles que “O receberam” — os quais também Dele “receberam o poder de serem feitos filhos de Deus” — são vistos por João como sendo todo e qualquer ser humano que acolhe Jesus com a gratidão de quem “foi feito”, posto que “não era”. Assim, esses são porque sabem que não mereciam terem se tornado. Ou seja, quando quem era creu que era tanto que não poderia deixar de ser (o Israel histórico), então não O reconheceu. E quando aqueles que não eram passaram a ser, assim foi porque aceitaram a oferta da Graça como quem recebe aquilo que não merece, porém crê no poder da promessa feita por Aquele que nos chamou de filhos. Desse modo, a Igreja de Jesus Cristo é feita dos que “O receberam” (não sendo naturalmente “os Seus”), os quais, por esta razão, não apenas receberam “o poder de serem feitos filhos de Deus”, mas também de se tornaram “o Israel de Deus”, e contra Ela as portas do inferno não resistirão. Ora, o verdadeiro “Israel de Deus” é feito de gente que se vê como aqueles que não deveriam ser, pois, no momento em que julgam que são, e crêem que esse é um estado cristalizado, nesse mesmo momento deixam de ser. De modo que, fazendo um paralelo com o princípio do texto, os cristãos, supostamente “Seus” — sejam católicos, ortodoxos, protestantes ou o que for —, podem assumir, no tempo presente, a correspondência exata daquilo que os judeus significaram para o Evangelho no primeiro século. Veja se não é assim: A religião prega que “os Seus” que não O recebem são todos aqueles que ouvem a mensagem da “igreja” acerca de Jesus e não O aceitam como Salvador; portanto, não aceitando também serem membros da “igreja”; decisão essa que se tornou a única prova real de que alguém pertence a Jesus! De acordo com esse ponto de vista, fora da religião ninguém é feito filho de Deus! E quem não é membro está “desviado dos caminhos do Senhor”; posto que tais caminhos devem passar pelo grupo religioso que julga “possuir” Deus! 131

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Um só caminho É assim que a cultura da religião pensa! Não é de outro modo! E por carregar a pretensão orgulhosa de possuir um pedigree genético, tal instituição, sem saber, passa a fazer parte do grupo com potencial para “não o reconhecer” Hoje. No Caminho da Graça, todavia, sabemos que Deus não é evangélico (e nem qualquer outra coisa) e que Seu compromisso no mundo não é com a religião. No Caminho da Graça, ninguém vai simplesmente virar “evangélico”, mas todos serão estimulados a serem Evangélicos naquilo que de mais simples e profundo tal definição possa incluir: Ser Evangélico é ser do Evangelho. É conhecer a Jesus no espírito, e conhecer o espírito do Evangelho, e, no poder e na liberdade no Espírito Santo, experimentar o Evangelho como supremo benefício para a vida. Quem busca a renovação do entendimento conforme o Evangelho, esse é Evangélico. Mas quem busca a conformação da mente à “igreja”, esse não é Evangélico. Inclusive, sou evangélico porque sou do Evangelho. E não sou “evangélico” pela mesma razão.

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O Caminho como atalho Uma franca advertência s dias são maus. O mundo perece, aos nossos olhos, e o cristianismo encarna o pior das profecias de apostasia feitas nas escrituras (nos Evangelhos, nas Cartas Apostólicas e no Apocalipse). Não estamos aqui para lamentar enquanto assistimos. Estamos aqui com a loucura de desejar encher o Brasil e o mundo com a Palavra da Graça do Evangelho de Jesus. Quando iniciei com alguns amigos o Caminho da Graça no Brasil, não foi como “alternativa” aos “evangélicos”. Jamais faria ou começaria algo “alternativo”. Não conheço “evangelho alternativo”, mas tão-somente o Evangelho Único e Absoluto. “Evangelho alternativo” é o que Paulo chamaria de “outro evangelho”, e que já foi maciçamente denunciado nestas páginas como um espírito e uma cultura fortemente presente na cristandade contemporânea. Denunciar sem nada propor é denuncismo e leviandade! Nosso Chamado não é para desconstruir nada e nem para colocar abaixo coisa alguma! São os mortos que sepultam seus próprios mortos. Nós anunciamos a Vida e a Ressurreição dos que crêem! Entretanto, muita gente se sente “solidária” ao Caminho da Graça como movimento humano apenas e simplesmente porque tiveram um “trauma evangélico”. Algumas dessas pessoas se aproximam das nossas iniciativas motivadas pela força da amargura, do criticismo, da desconfiança e do cinismo!

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Um só caminho Nada poderia ser pior, pois os tais, na maioria das vezes, só pretendem fazer um “caminho paralelo” à igreja. Desejam um atalho para “não dar o braço a torcer” e nem decretar a total falência de seus costumes de fé ou mesmo para “mandar um recado” para seus rivais, vivendo como quem pleiteia uma Reforma Eclesiástica, como quem adere ao Sindicato da Desconstrução! As razões são as mais diversas. Alguns vêm porque têm no espírito a necessidade de somente ficarem se forem “convencidos”. (Alguém viu Jesus tentando convencer quem quer que fosse a andar com Ele?) E dificilmente o serão. A maioria aprende, aprende, mas jamais chega ao conhecimento da verdade486. Tais pessoas estão viciadas em discussões infrutíferas que a nada levam! Aparecem porque gostam de provocar discussões e debates que para “os do Caminho” já não existem. Há também os que chegam porque desejam “reformar” o Caminho da Graça a fim de que ele fique no limbo: entre os “evangélicos” e o Evangelho. Ou seja: sem conseqüências para a vida! De fato, toda vez que aparece no Caminho da Graça um “líder evangélico” que só está magoado com seus irmãos, no melhor dos casos, ou com seus “comparsas” na pior hipótese, sei que teremos problemas. Sim, porque para eles ou somos de-mais ou de-menos. O fato é que gostariam que fôssemos um híbrido conforme os desejos deles. Porém, não somos e nem seremos. Assim, não temos nada a fazer com o fermento dos fariseus (religião das máscaras) e nem com o de Herodes (política e manipulação) 487! O Caminho da Graça é para ser mentoreado, orientado e servido por gente do Caminho de Jesus que está buscando de modo social e comunitário aquilo que já crê de modo individual e existencial. Também quero dizer que o Caminho da Graça não é lugar para quem busca “moda”. Não! Ele é apenas um caminho-modo-de-ser. “Moda” é coisa de quem, à semelhança dos atenienses, de nada mais cuidam senão de saber das últimas novidades488. 486 2 Timóteo 3:1-7 487 Marcos 8:13-21 488 Atos 17:21

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O Caminho como atalho O Caminho da Graça não tem nada novo, mas tão-somente o antigo-novo mandamento ensinado por Jesus. Para esses, se lhes oferece algo simples, lhes parece tão inacreditável que eles têm que já chegar duvidando. E fico vendo o pessoal ir e vir... Se embalando na falta de raiz e de convicção. Borboleteando... Sem compreender nada de nada. Ora, já que a nossa questão nada tem a ver com números, mas com Entendimento Espiritual; e como somos alegres, mas terrivelmente sérios com o que estamos fazendo, aos que entenderam, digo que apareçam. Entretanto, se não for o caso, leiam antes a Palavra e a confiram com o que está dito no site e nos livros, e, se houver acordo, venham — e nos ajudem! Do contrário, peço encarecidamente que não tentem mudar aquilo que está mudando, pela verdade, o coração de milhares. O site não é o Evangelho do Caminho da Graça. O Evangelho é Jesus. É conforme o Evangelho que o Caminho da Graça está caminhando feliz e em paz! O Caminho é Estreito; e no Caminho da Graça amamos essa estreiteza. Sim, porque nele e por causa Dele não se entra, a menos que se tenha deixado a bagagem toda para trás: toda justiça própria, toda malícia religiosa, todo espírito de fofoca e toda certeza de juízo contra o próximo. E mais: não estou convidando ninguém a fazer isso, mas apenas dizendo “Vem e vê” àqueles que já querem e desejam o que no Caminho de Jesus há em abundância e no Caminho da Graça há como esperança: a possibilidade de uma vida em amor reverente para com o próximo em razão do entendimento da Graça nos haver simplificado a vida com Deus. Enquanto isso os “publicanos e pecadores” estão vindo, ouvindo e se convertendo, e a salvação tem entrado em suas casas; mesmo no lar dos “Zaqueus” de Brasília489.

489 Lucas 19:1-10

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A Esperança como Caminho endo dito tudo o que disse com absoluta franqueza com o que creio, eu sei que pareço insano para alguns, pretensioso para outros, ou ambas as coisas e mais algumas. Sei que provoco o “ranger de dentes” dos mal-intencionados e certa angústia nos homens de bem que zelam pela Ética Religiosa e pela manutenção das coisas com medo do seu desmonte gerar rupturas e fissuras nas hierarquias sacralizadas. Não nasci ontem. Conheço os mecanismos de poder dos quais a “igreja” se alimenta. E também sei que apenas um punhado mínimo de pessoas tem a coragem que o Evangelho do Reino requer para abrir mão do poder e para liderar, pela simplicidade e pelo amor que a todos serve, sem lucros ou vantagens pessoais e sem tronos a nos acolher em honras. Quem, no entanto, tiver tal coragem, esse conhecerá o significado do poder que nasce da fraqueza — que, aliás, é o único poder que Jesus quer ver sendo vivido pelos Seus discípulos490. Esse é o meu convite. Espero que pelo menos alguns poucos entendam e creiam. Todavia, carrego a esperança de que o Espírito ainda “converta os cristãos” à consciência da Graça, para que aquilo que hoje chamamos de cristianismo seja ainda liberto do poder diabólico que o invadiu. Do contrário, talvez o Senhor chame por outro nome o Seu povo; ou, mais provavelmente, por nome nenhum. Com Paulo também me ponho de joelhos, pois, em meu coração, amo a mesma realidade-humana-redimida que ele chamava de família de Deus:

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490 2 Coríntios 12:7-10

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Um só caminho Por esta causa, me ponho de joelhos diante do Pai, de quem toma o nome toda família, tanto no céu como sobre a terra, para que, segundo a riqueza da sua glória, vos conceda que sejais fortalecidos com poder, mediante o seu Espírito no homem interior; e, assim, habite Cristo no vosso coração, pela fé, estando vós arraigados e alicerçados em amor, a fim de poderdes compreender, com todos os santos, qual é a largura, e o comprimento, e a altura, e a profundidade, e conhecer o amor de Cristo, que excede todo entendimento, para que sejais tomados de toda a plenitude de Deus. Ora, Àquele que é poderoso para fazer infinitamente mais do que tudo quanto pedimos ou pensamos, conforme o seu poder que opera em nós, a Ele seja a glória, na igreja e em Cristo Jesus, por todas as gerações, para todo o sempre. Amém!

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O Evangelho nas Escrituras e as Escrituras no Evangelho Jesus, a Chave que abre as Escrituras Cristo é o Mestre, as Escrituras são apenas o servo. A verdadeira prova a submeter todos os Livros é ver se eles operam a vontade de Cristo ou não. Nenhum Livro que não prega Cristo pode ser apostólico, muito embora seja Pedro ou Paulo seu autor. E nenhum Livro que prega a Cristo pode deixar de ser apostólico, sejam seus autores Judas, Ananias, Pilatos ou Herodes. Martinho Lutero s evangelhos são narrativas históricas das ações e acontecimentos relacionados a Jesus, bem como de Suas Palavras. O Evangelho, todavia, é um espírito. Os evangelhos são o corpo. O Evangelho é o espírito no corpo. Para muitos, os evangelhos são apenas narrativas. Para outros, eles são palavras inspiradas. Para muito mais gente ainda, eles são apenas palavras mágicas. E para a maioria, eles são somente os quatro primeiros livros do Novo Testamento, sendo, portanto, parte da Bíblia Sagrada. Todavia, o Evangelho é espírito e vida. Deus é espírito, e, portanto, Suas palavras são espírito e vida, pois carregam o poder da Verdade Absoluta e produzem vida aonde quer que cheguem491. Para melhor entender, suponha que os evangelhos não tivessem sido escritos. Decerto, sabemos que ainda assim haveria um Evange-

O

491 João 6:63

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Um só caminho lho a ser anunciado até os confins da Terra como Boa Notícia, visto ser o Evangelho Espírito, e não um livro. O Evangelho é a expressão da essência da Palavra. É a Plenitude da Revelação. Trata-se da forma de interpretação bíblica que olha para Jesus Cristo como a Chave Hermenêutica dessa Revelação. De modo algum se está dizendo aqui que só Jesus interessa na Bíblia, mas, por outro lado, nada interessa senão a partir Dele, e nada é Palavra de Deus se não for compatível com Ele, por mais “bíblico” e “teológico” que seja492! Leio a Bíblia a partir de Jesus e não Jesus a partir da Bíblia. Assim, meus livros não são considerados “teológicos” pelos teólogos, posto que nesses escritos raramente haja uma designação hermenêutica teologicamente aceitável; nem tampouco há neles sistematizações que busquem o fechamento lógico de qualquer pacote de pensamento. Isso porque creio que Jesus — que é Deus Manifesto entre nós — abre as Escrituras para nós. Cristo é a síntese das Escrituras e o Espírito da Graça é o agente hermenêutico que me aproxima do texto com fé em que encontrarei a Palavra. É a partir daí, então, que se interpreta a Antiga Aliança, os Profetas e todo o Novo Testamento. Isso porque Ele é a Palavra! A Encarnação Absoluta Dela, o Verbo Vivo de Deus, cheio de Graça e Verdade493! E as próprias palavras de Jesus só podem ser entendidas se tiverem sua concreção no Evangelho vivido por Jesus de Nazaré. Veja o livro de Atos dos Apóstolos: é um livro de atos, de ações. Mas sabemos que os únicos atos absolutos e irretocáveis feitos na Terra são os Atos de Jesus. Portanto, há Evangelho em Atos, mas Atos não é o Evangelho. Digo isso porque se os critérios de Jesus forem aplicados aos atos dos apóstolos, os próprios apóstolos serão sempre relativizados. Quando lemos Atos, não se lê o Evangelho da Graça — este só está plenificado em Jesus —, mas a tentativa humana de começar a viver conforme a fé em Jesus. E em tal processo, há acertos, erros, equívocos, ação do Espírito, infantilidades, ambigüidades, milagres, diferenças, medos, ousadias, coragens maravilhosas, dúvidas atrozes 492 Romanos 11:36; Colossenses 1:15-17 493 João 1:1, 14

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O Evangelho nas Escrituras e as Escrituras no Evangelho e todas as demais coisas concernentes aos homens que vivem no Caminho. Assim, o livro dos Atos Apostólicos é um livro de história, e não quer ser visto como o Evangelho. A tentativa infantil de dizer que a igreja é o Corpo de Cristo — e logo, Cristo estava agindo como antes agira, só que agora em Seu Corpo Comunitário — é bela, mas não é verdadeira como valor absoluto. O Pedro que recebeu a revelação é o mesmo que recebeu a repreensão: Arreda, Satanás494! Em Jesus está toda a revelação e toda a referência para se julgar e entender o que quer que pretenda ser canônico. Onde o espírito do Evangelho está presente, aí há o que levar para a alma e para a vida. No mais, vejo registros históricos da infância da fé e da consciência permeando toda a Escritura. O exercício não é difícil: basta olhar para Jesus, fazendo um caminho de observação. Deve-se perguntar: Qual o significado das falas e dos ensinos de Jesus para o próprio Jesus? E a resposta é uma só: Veja como Ele tratou a vida, a religião, os políticos, os pobres, os ricos, os doentes, os párias, os segregados, os esquecidos, os seres proibidos, os publicanos, as meretrizes, os santarrões, e tudo e todos. Conferindo uma coisa com a outra, ficamos livres da construção de dois seres irreconciliáveis: o Jesus que viveu cheio de amor e graça e o Jesus que ensinou coisas que só os intérpretes autorizados conseguem “captar”. Desse modo, então, não se faz jamais uma interpretação textual que não coincida com o comportamento e com a atitude de Jesus na dinâmica de seus movimentos e encontros narrados. Assim, eu confiro tudo com o espírito de Jesus, conforme o Evangelho. Só assim Jesus não fica esquizofrênico ante os nossos sentidos: o que Ele disse Ele viveu, e o que Ele viveu é o que Ele disse. Nele habita corporalmente toda a plenitude da divindade, e Nele estão TODOS os tesouros da sabedoria e do conhecimento495! Ele é o resplendor da glória do Pai e a expressão EXATA do Seu Ser, sustentando todas as coisas pela Palavra de Seu poder496!

494 Mateus 16:13-23 495 Colossenses 2:3, 9 496 Hebreus 1:3

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Um só caminho Olhe para Ele, e tudo fica interpretado! O resto, irmãos, é invenção de quem não quer lidar com gente e prefere lidar com letras. E a leitura do Antigo Testamento? Eis aí vêm dias (...) em que firmarei Nova Aliança (...). Na mente [não mais em tábuas], lhes imprimirei as minhas leis, também no coração lhas inscreverei; eu serei o seu Deus, eles serão o meu povo (...,) pois perdoarei as suas iniqüidades e dos seus pecados jamais me lembrarei. Grito do Profeta Jeremias 31:31-34 Após tais exercícios devocionais sob o Novo Testamento, muitos me endereçam questões de perplexidade e confusão relacionadas ao conteúdo do Velho Testamento. Mas estou certo de que esse conflito nem Paulo e nem o escritor de Hebreus, por exemplo, tinham. Digo isso porque Paulo recorre ao Antigo Testamento, aos salmos e aos profetas a fim de mostrar que aquela “Fase Humana” havia ficado sepultada em Jesus, e que, conforme as mesmas Escrituras, em Cristo começaria uma nova consciência, não como mandamentos de exterioridades, mas como percepção fundada no amor, na justiça e na verdade — tudo isso inscrito e gravado no coração. Paulo também diz que a Lei foi dada, e com ela as causalidades e seus efeitos, a fim de que se avultasse a consciência do pecado em nós. O próprio Paulo revelou que a Lei era parte da infância da consciência, como já nos referimos aqui, pois nos servia de guia, de servo que pega a criança e a leva para a escola — embora, agora, já andando no Caminho pela fé, ele diga que já não se precisa mais da Lei-Babá. Além disso, toda a argumentação do apóstolo acerca da justificação pela fé, conforme o dom da Graça, se fundamentava nas declarações dos salmos e dos profetas, bem como, além do que estava declarado abertamente nos Textos, Paulo interpretava também o que estava apenas implícito na leitura — e ele faz isso lendo a Escritura a partir de Jesus, e não Jesus a partir da Escritura. Isto porque Paulo lia o Velho Testamento a partir da consciência adquirida em Jesus. Ou seja: Jesus era a “Chave Hermenêutica” de Paulo, e a partir dessa Chave, Paulo interpreta Abraão, Sara e Hagar, 142

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O Evangelho nas Escrituras e as Escrituras no Evangelho Ismael e Isaque, Esaú e Jacó e outros — sempre com o propósito de mostrar como Jesus era o cumprimento de todas as coisas. E foi também a partir da mesma “Chave Hermenêutica” que o escritor de Hebreus interpretou os cerimoniais e os ritos descritos nos Livros da Lei, discernindo seus símbolos, utensílios e arquiteturas. A carta aos Hebreus chega ao ponto de dizer que Jesus era maior do que Moisés, e maior do que tudo no Velho Testamento; chamando o que era pertinente à Velha Aliança de coisa obsoleta e sem utilidade, antiquada, envelhecida e prestes a desaparecer497. Hoje, ele diria que a Velha Aliança era chamada “velha” devido ao seu prazo de validade vencido. Assim, o que se tem no Velho Testamento, na Antiga Aliança, é o seguinte: 1. A justificação pela fé, mediante a qual todos foram justificados, de Adão a João Batista. Hebreus 11 declara isso. E isso embora as pessoas vivessem sob “o regime da lei”, conforme Paulo. A justificação, entretanto, segundo Hebreus e Paulo (em todas as suas cartas), sempre aconteceu pela fé, e nunca pela Lei. Esta é, afinal, a tese de Paulo em Romanos e Gálatas, em especial. 2. A busca humana de se justificar pela Lei, pois estava dito que aquele que desejasse se justificar pela Lei, esse teria que cumpri-la toda. E Jesus, dando continuidade aos profetas, deixou claro que tal obediência à Lei deveria ser por dentro e por fora. Mas é Davi quem diz: “Se observares iniqüidade, quem, Senhor, subsistirá” 498? Para então também declarar: “Bem-aventurado o homem a quem o Senhor não atribui iniqüidade” 499. 3. A declaração, especialmente fundada no Livro de Jó, de que as calamidades da vida não são absolutas quanto a determinar o juízo de Deus sobre os homens. E Jó é a prova disso. Normalmente, todo homem acaba colhendo o que planta, 497 Hebreus 8:13 498 Salmo 130:3 499 Salmo 32:2

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Um só caminho mesmo que isso não chegue com cara de calamidade. Muitas vezes, somente a própria pessoa sente as conseqüências. Entretanto, conforme Jó e o Eclesiastes, as calamidades não nos vêm como aplicativo absoluto de uma Lei de Causa e Efeito, e, menos ainda, têm elas o poder de justiça, pois muitas vezes é o homem inocente de certos males aquele que recebe as suas conseqüências, e outras vezes aquele que faz algo, que deveria trazer um efeito negativo equivalente ao mau-causa praticado, aparentemente sai ileso. E o que ninguém sabe é o tamanho do desmonte na alma desse ser, pois quando não vem como mal externo (calamidade), sempre vem como mal interno (medo, solidão, angústia, dessignificação existencial, amargura, sofreguidão do ódio, desespero da morte, etc.) 500. 4. O que não há no Velho Testamento é justificação sem Sangue. Na Antiga Aliança, a própria Lei foi sancionada com derramamento de sangue, conforme o primeiro rito de “vestimenta espiritual” praticado “por Deus” no Gênesis, quando cobriu o homem e sua mulher com as peles de um animal morto para vesti-los501. Assim, meus irmãos, no Antigo Testamento, nós temos tanto a manifestação da devoção humana de forma primitiva como temos a linha mestra de indicação do Caminho, que é uma linha carregada de sangue de bodes e de touros, até que chegou o Cordeiro, que já havia sido imolado desde antes da fundação do mundo (portanto, infinitamente anterior à Lei) e, Nele, toda a Lei — tanto os mandamentos de conduta individual e social (os dez mandamentos, por exemplo), como também as leis e ritos cerimoniais — foram cumpridos502. Com isso, tudo o mais se torna obsoleto, visto que o que agora prevalece explícita e encarnadamente é o Evangelho da Nova Aliança, e Nele, a obediência é conseqüência da fé que nasce do Amor que nos amou primeiro e que se entregou por nós. 500 Eclesiastes 8:14, 9:1-3 501 Gênesis 3:21 502 Romanos 10:4

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O Evangelho nas Escrituras e as Escrituras no Evangelho Para os que ainda são da Lei, a emoção prevalente como “motor da obediência” é o medo. Já no Caminho do Evangelho nada tem sentido se não for o amor gerando consciência e gratidão no ser. Por último, quero dizer que, na existência, existe causa e efeito em tudo — na justiça legal, nas leis naturais, nas leis econômicas, nas leis físicas, nas leis relacionais, nas leis conjugais, nas leis negociais, etc. —, menos no que tange à salvação em Cristo, conforme o Evangelho. No Evangelho, a Lei fica para o Estado na regulamentação dos vínculos sociais (Romanos 13). Mas a Lei nada tem a ver com a justiça de Deus para salvação, que salva até o condenado pela lei503, como fez com o ladrão ao lado de Cristo. Assim, no tempo Antigo, temos gente tentando viver pela Lei, com toda sinceridade; temos gente fazendo de conta que guardava a Lei, com toda falsidade; e temos gente que vivia sob a Lei por fé e esperança num Amor Maior, que os absolvesse dos rigores da própria Lei que os expôs como transgressores. Quem se dedicar à leitura atenta dos evangelhos e das inúmeras afirmações de Paulo em suas cartas, mas em especial em Romanos de 9 a 11, saberá que a finalidade da Lei é Cristo. Jesus, a chave que abre o coração Perguntou-Lhe Pilatos: O que é a verdade? Evangelho segundo João 18:38 Ora, conquanto Jesus seja também uma informação histórica — afinal Ele existiu e nós não estávamos lá quando isto aconteceu, razão pela qual dependemos completamente das descrições que os evangelhos fazem de Jesus a fim de melhor discernir seu espírito —, no entanto, o discernimento de Quem Ele era só acontece como revelação de Deus no coração. A Verdade não existe como Explicação, mas tão-somente como Encarnação. A Verdade se fez carne! É Alguém. A Verdade é uma Pessoa504. Por isso, a Verdade só pode ser vivida, não pensada. Todo pensamento a respeito dela decorre da experiência. A Verdade não é objeto de prosa... O Jesus do Evangelho não é para ser aceito, mas 503 Romanos 1:17 504 João 1:14

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Um só caminho para ser conhecido. A Verdade que vejo em Jesus — Encarnada Nele — eu mesmo tenho que conhecer na minha própria encarnação, que é o único estado de existência que eu tive até hoje. Foi assim com Pedro. Ele conheceu a Verdade em Jesus, e teve que experimentá-la em si mesmo. E provavelmente, o dia no qual ele negou a Jesus tenha sido um dia de muito mais verdade que a noite da Transfiguração. Portanto, é preciso que cada um conheça Jesus e Sua Palavra para si mesmo. É preciso que cada um aprenda a Ter sua própria consciência em fé, a fim de viver a Palavra por si mesmo505. Em resumo, a Encarnação é a chave hermenêutica do conhecimento bíblico, mas essa chave tem que abrir antes o meu coração. E isto só acontece no encontro entre a Verdade e a Vida. Ora, tal encontro só se dá no Caminho, e é a isso que chamamos Consciência do Evangelho. Por isso, aproveito-me deste trabalho para propor um exercício pessoal libertador: 1) Quero convidá-lo a pegar os evangelhos e relê-los como se fosse a primeira vez, e faça-o como se nunca tivesse ouvido nenhuma interpretação deles. Assim fazendo, você logo saberá que o que eu digo é apenas uma Nova Repetição do que não muda nunca, pois quando se tenta mudá-lo, nunca é para o bem, visto que se trata-se daquilo que é eterno: o Evangelho. A necessidade de escrever a mensagem de Jesus veio do afastamento cada vez maior da sua fonte histórica: o próprio Jesus de Nazaré506. Em meados de 70 d.C., já não vivia a quase totalidade das testemunhas oculares do Senhor ressuscitado507. Esse distanciamento cronológico entre Jesus e as comunidades só poderia ser vencido pela palavra escrita. E assim se formaram as duas grandes coleções ou corpus das Cartas de Paulo e dos Evangelhos. 2) Depois, eu gostaria de enfatizar a necessidade de ler o Novo Testamento na ordem cronológica da mais provável 505 1 Coríntios 7:17 506 Lucas 1:1-4; João 20:30-31 507 Lucas 1:2; 1 Cor 15:3-8

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O Evangelho nas Escrituras e as Escrituras no Evangelho seqüência de sua produção: 1 e 2 Tessalonicenses, Gálatas, Efésios, 1 e 2 Coríntios, Romanos, Colossenses, Filemom, Filipenses, 1 e 2 Timóteo, Tito, 1 Pedro, Marcos, Mateus, Hebreus, Lucas, Atos, Tiago, Judas, 1, 2 e 3 João, o Evangelho de João, 2 Pedro e Apocalipse. Como alerta, devo dizer que o primeiro inimigo a ser vencido no estudo bíblico é o pré-condicionamento na interpretação. Então, meu querido, soda cáustica na cabeça, uma boa chacoalhada, limpeza, e início de leitura pessoal e aberta para a Palavra e para o Espírito. Então você verá que começará a surgir, das páginas dos Evangelhos, o Jesus real! Experimente!

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A Teologia e o Caminho da Graça Qual o entendimento no Caminho sobre Teologia? ...Os Meus pensamentos não são os vossos pensamentos, nem os vossos caminhos os Meus caminhos! — diz o Senhor. Isaías 55.8 os últimos dias, Deus é o assunto!Deus. Este é o tema. Este é o assunto. Deus tema. Deus assunto. Deus criado. Deus pensado. Deus explicado. Deus filosofado. Deus objeto. Deus de estudo. Deus de discussão. Deus de letras. Deus de palavras. Deus de ideias. Deus segundo o homem. Deus conforme a nossa imagem. Deus de acordo com os tempos. Deus segundo as Eras. Deus de doutores em Deus. Deus de divinos mestres em Divindade. Deus esquadrinhado. Deus dividido em atributos. Deus feito uno pelo fragmentado “homo-sistematikus”. Deus ora Livre, ora preso a si mesmo. Deus do não. Deus do sim. Deus? Deus! Deus?! Deus fora do interior do homem: Deus na “cabeça”. Deus na mesa de cirurgia de ideias. Cirurgiões de Deus. Deus cadáver. Deus de ontem. Deus da vida oca. Deus morto. Deus que não é visto no que de Deus se pode conhecer... Deus que não é visto onde disse Ser. Deus sem Deus. Deus sem Mistério. Deus manco. Deus ajudado. Deus em perigo. Deus salvo por Teologia. Deus “indegustável”. Deus cozido. Deus temperado. Deus servido em bandejas de pensamentos. Deus preso ao tempo. Tempo no qual Deus tem que caber. Tempo no qual o Deus segundo o homem existe. Deus disputado em batalhas. Deus perdido em disputas. Deus ganho em querelas.

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Um só caminho Deus assim... Deus me livre! Esse Deus é à nossa imagem e semelhança. Ele está mesmo todo perdido como nós, que falamos, mas não queremos de fato conhecer; que discursamos, mas não provamos; que buscamos sem a ânsia do achar; um Deus que não é crido no que declara de Si mesmo, e que tem que ser objeto de nossa especulação que apenas adia o dia de nossa conversão ao Mistério e à Sua Graça. No Mistério encontramos o Conhecer que é. Em Sua Graça somos. Mas quem é suficiente para estas coisas? Se não é suficiente nem mesmo para o que recebe e não discerne, como o será para entender ou explicar Aquele que é Mistério? Ora, eu só SEI em quem tenho crido! Nascer de novo faz a gente entrar e ver o Reino de Deus. Mas quem entrou e viu desistiu de explicar. É Mistério. É Graça. É irreferível! O meu justo viverá pela fé. E assim me atrevo a falar da PESSOA a QUEM chamamos DEUS, só para, por fim, lhes dizer que DEUS NÃO É TEOLOGIZÁVEL. No Caminho da Graça, não se faz teologia tal qual a conhecemos. O Caminho não serve para isso. O Caminho é sua Mensagem e sua Mensagem é o Evangelho, e o Evangelho é Experiência e não Conhecimento! Sim, o Evangelho de Jesus Cristo é para ser experimentado, e não “estudado” com categorias mentais de absorção de uma verdade intelectual. Teologia, no Caminho da Graça, é o exercício da Psicologia da Graça no trato humano. Portanto, o nome nem deveria ser “teo-logia”, pois se é acerca do cuidado com as pessoas, não se está falando de nada que não seja antropológico e psicológico. Então, nossa Teologia não estuda Deus, “estuda” o homem! Cremos que tudo na vida é parte do trato de Deus para as pessoas, e que não há situação que não possa se tornar em bem para a alma508. Cremos que a Misericórdia cura509! Cremos que nossos “teólogos” precisam ser honestos com sua própria condição humana, a fim de que possam se condoer dos que sofrem; possuir um olhar sem julgamentos, pois o moralismo im508 Romanos 8:28 509 Tiago 2:13

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A Teologia e o Caminho da Graça pede as pessoas de se enxergarem e não tem o poder de libertar ninguém de coisa alguma. Na “nossa” Teologia, quem vai para o Divã é o homem, e não perdemos tempo construindo um Deus! Deus É 510! Por isso não sei o que dirão ao Eterno aqueles que, em Tempos do Fim, ainda passam a vida discutindo ideias e pensamentos vãos — supostamente — sobre Deus, tanto em livros como em seminários, grupos virtuais e palestras de reflexão. O Apocalipse está às portas, mas os teólogos e eruditos não têm tempo para as calamidades da vida. Preferem discutir se Deus sabe das calamidades, se Ele se assusta com elas ou se determina friamente se elas acontecem ou não. Também querem continuar divagando sobre o livre-arbítrio humano em contrapartida à Soberania Divina. Querem saber até onde vai a liberdade do homem num tempo em que essa liberdade está acabando com a Terra. O que se vê nesses dias se assemelha de modo patético ao que aconteceu durante o naufrágio do Titanic. O navio naufragava, mas os homens ainda disputavam lugares, status, posições, paixões, bens, pérolas e jóias; e, além de tudo, ainda tinham tempo para disputas pessoais e para a dedicação das últimas energias ao espírito de vingança ou de prevalência sobre o próximo. Assim, de modo semelhante, os teólogos discutem à beira do precipício. O fato é que os temas que elegem, o tempo que gastam, os esforços intelectuais que dedicam e a importância que atribuem a tais nulidades é algo tão grandemente insólito ante os fatos dos Tempos que fica difícil entender como pessoas que creem em Jesus e nas Escrituras conseguem se dar ao Nada com tanta avidez. Só me é possível pensar que não sabem o que está acontecendo! Teólogos filhos do Seminário Titanic de Reflexão Teológica, ACORDEM, O NAVIO ESTÁ AFUNDANDO! Na água gelada desse Naufrágio, terá razão quem tiver se ajudado e ajudado outros, e não quem, morrendo de frio e congelando, disser: “Viu? Eu disse que o navio é que afundava e não o mar que tragava 510 João 8:24:28, 58

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Um só caminho o navio”! Isso enquanto o outro dirá: “Tolo! Eu falei que é o mar que traga o navio e não o navio que se enche do mar!” E essa conversa continua até debaixo d’água! *** Mas só tem uma coisa pior que o saber teológico de hoje: é o fazer teológico desses dias, que é resultado da vaidade da “nobreza” do nosso labor sem Amor e sem Fé! Aquilo que é elevado entre os homens é abominação diante de Deus. Jesus A maior parte das coisas nobres que nos ocupam não tem valor diante de Deus, da vida como um todo, e, no final, nem para nós mesmos. Nós, entretanto, cuidamos de nos dedicar a muitas tarefas da vaidade disfarçando-as de piedade. As obras do homem são vaidades. Até mesmo as mais nobres são eivadas de vazio de um real significado. Jesus foi o único que viveu as obras de Deus e do homem, até a mais profunda plenitude, no limitado ambiente da existência como a conhecemos. Ele, entretanto, nada fez! Como assim? Ora, qualquer discípulo dirá: “Jesus curou. Jesus fez o bem. Jesus tirou gente da morte. Jesus deu a alegria do perdão aos que o procuraram. Jesus amou. Jesus morreu. Jesus ressuscitou e apareceu a alguns discípulos. Jesus ascendeu aos céus. Jesus é o meu Deus e Salvador! Jesus voltará! Jesus é Senhor de tudo e todos”! Todavia, quase nenhum desses discípulos — que confessam tais coisas como sendo a obra de Deus por excelência — é capaz de celebrar as mesmas coisas em sua própria vida, a menos que elas se façam acompanhar de outras obras. Para nós a obra de Deus é visível em números, em prédios, em estatísticas, em prestígio, em fama santa, em interesse social, em escolha das causas do bem, em esforço pela expansão da visibilidade do “Evangelho”, em aparições de discípulos na grande mídia de modo “bom e digno”, em piedade visível aos sentidos mediante a aparência do bem, em dedicação às chamadas “causas da igreja” como “reino”, em serviço aos líderes ungidos, em planejamento evangelístico, em 152

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A Teologia e o Caminho da Graça cursos teológicos, em belos templos, em meiguice estereotipada, em vaidades de ser, de estar, de pertencer, de possuir, de aparecer, de ambicionar, de conseguir, de morrer... Todo mundo quer fazer alguma coisa, mas poucos querem fazer a obra de Deus. A obra de Deus está em fazer a vontade de meu Pai — disse Jesus511. Fazer a vontade do Pai é a obra de Deus. Claro! Realizar a Vontade é fazer a Obra. Mas e a vontade do Pai? Quem a sabe? Ora, essa é sempre a pergunta de quem não quer fazer a Vontade do Pai. É como a pergunta do jovem rico: “O que farei para herdar a vida eterna512?” É como a pergunta do bom escriba: “Quem é o meu próximo513”? É como a pergunta de Pilatos: “O que é a verdade514?” A Sua Voz se faz ouvir em toda a Terra e as Suas palavras até os confins do mundo515! Até mesmo aquele que nada sabe da revelação de Deus, seja a escrita ou a encarnada em Jesus, quando teme a Deus e busca o que é bom sabe qual é a Vontade de Deus516. A Vontade de Deus se faz impulso operacional em todo aquele que o ama. Pois todo aquele (qualquer um) que ama conhece a Deus, visto que Deus é amor517. Assim, quem ama é nascido de Deus e, por isso, carrega a semente divina em si mesmo. E essa semente é amor. Por isso quem ama conhece a Deus, é nascido de Deus e, por tal razão, ama a todo aquele e a tudo aquilo que por Deus foi gerado518. Ora, quem quer que, em qualquer lugar ou mundo, tema a Deus e ame o seu próximo, esse conhece a Deus, pois Deus é amor. Quem 511 João 4:34 512 Mateus 19:16-26 513 Lucas 10:25-37 514 João 18:28-40, 19:1 515 Salmo 19:4 516 3 João 1:11 517 1 João 4:7-8 518 1 João 5:1

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Um só caminho está em amor está em Deus, e Deus nele — simples assim, conforme o apóstolo João519. Desse modo, esse tal (sem nome, sem escola, sem revelação, sem instrução, sem ensino, sem filosofia, sem teologia, sem religião, sem informação histórica e sem nada que julguemos essencial ao saber, ao ser, ao edificar, ao alcançar, ao ambicionar e ao atingir) CONHECE a Deus mais do que teólogos, mestres, educadores, pastores, sacerdotes, eruditos, etc. Se estes sabem, mas não vivem; se instruem, mas não crêem; se confessam, mas não encarnam; labutam, mas na inércia; acumulam na “cabeça” mas não conduzem nada ao coração520. Para saber a vontade de Deus, basta amar de verdade. Quem ama sempre sabe o que fazer. (Mas amor aqui é AMOR. É amor conforme Deus.) Ninguém jamais viu um ser humano cheio de amor sem saber o que fazer! O amor que não faz a Vontade de Deus é romance teológico! No fim, somente no fim, é que a maioria quase absoluta descobre — já na virada, na passagem — que labutou por importâncias que não importavam e que deu de si ao que não era, pois, não realizava a vontade do Pai, mas apenas atendia às demandas das nobres ocupações dos que vivem para falar, dizer, almejar, ensinar e lamentar, mas que nada fazem, pois o que fazem não enche o coração, posto que o coração só se realiza na obra simples do amor. O resto é a piedosa, vã e nobre vaidade orgulhando-se de sua nulidade! Sem amor nada me aproveitará! Nada521!

519 1 João 4:16 520 Eclesiastes 1:12-18 521 1 Coríntios 13:3

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Conclusão – Um só Caminho mbora já tenhamos falado em Ekklesia no corpo deste livro, aqui, como conclusão, desejo retomar o assunto por entender que agora, para muitos, o problema já não seja a Graça, mas o que fazer com a “igreja” como movimento humano. Assim, repito e acrescento que no Caminho como caminhada comum dos discípulos não existe uma “Eclesiologia”, e muito menos ainda os termos relacionados ao que chamamos de “Eclesiologia” são — para os discípulos — importantes como conjunto de palavras, mas apenas em seus significados originais522.

E

522 E todas as designações são de serviço: o apóstolo é um mensageiro (no

caso dos doze, são mensageiros oculares da vida e da mensagem de Jesus, sendo, segundo Paulo, parte dos fundamentos do qual Jesus, não Pedro, é a pedra angular); um bispo cristão (o termo grego designa um supervisor de alguma coisa) ou um ancião ou um pastor (nomenclaturas judaicas) é um ser sóbrio e piedoso o suficiente para modelar o grupo pelo exemplo da verdade simples, prática e mansa. Um diácono (no grego, garçom) é, no ministério da fé, um ser dedicado por vocação aos serviços práticos aos irmãos; um mestre (entre os gregos e entre os judeus (rabi), um professor), no ministério da fé, é alguém maduro e com um dom especial para clarificar a Palavra; um evangelista (no mundo grego, um anunciador de novas) é uma pessoa com um dom especial de comunicação dos conteúdos básicos do Evangelho, etc. No entanto, cada termo se originou de seu significado na língua grega ou hebraica, assim como igreja (ekklesia), que designa sair para se ajuntar e o dispersar para a vida, ou seja: uma assembleia não fixa. Em alguns livros meus, mas especialmente no “Espírito Santo: O Deus Que Vive em Nós”, eu gasto tempo na análise desses e de trinta outros tipos e manifestações de dons neotestamentários. No entan-

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Um só caminho Não existe uma “Eclesiologia” na medida em que não existe um sistema único de condução comunitária. Não há modelos. Há somente princípios. E esses princípios não obedecem a uma “logia”, mas apenas ao espírito do Evangelho, o qual não é fixo e nem fixador de nada, pois é conforme o fluxo da verdade e da vida, que são vivos e, portanto, dinâmicos. De fato, no Novo Testamento, as comunidades de discípulos tinham características muito distintas, conforme a geografia, a cultura, a cidade, os membros do grupo ou mesmo a idade deles no Evangelho. Há vários livros meus que tratam de tais peculiaridades em detalhes e com farta documentação bíblica e histórica. Entretanto, é óbvio que, por exemplo, o modelo de Jerusalém no início do Livro de Atos dos Apóstolos nunca mais foi repetido ou documentado na seqüência da experiência apostólica até ao fim do 1º Século. Foi um modelo que teve a sua significação e funcionalidade circunstanciais. Mas foi cessando... até que se dissolveu em alguns anos. É também óbvio que o que aconteceu no auditório da Escola de Tirano — na área da Ágora de Éfeso, onde Paulo ensinou por cerca de cinco horas, diariamente, por quase dois anos, dando assim ensejo a que todos os habitantes da Ásia pudessem ouvir a Palavra do Senhor — foi uma experiência sem paralelos em sua inserção secular ininterrupta no mesmo lugar523. Os princípios de Jerusalém e de Éfeso como modos não se tornaram obsessivos na mente dos discípulos, embora os princípios da comunhão solidária (Jerusalém) e da inserção secular tenham prosseguido; afinal, eles são princípios do Evangelho: o reino tanto to, fora os apóstolos originais, todos os demais dons não são Evangelho, mas apenas meios de Graça visando o serviço ao próximo (à exceção das “línguas estanhas”, dom que apenas edifica a quem solitariamente o pratica). Entretanto, se nenhuma dessas designações aparecer num grupo, mas todos os dons estiverem sendo praticados livre e anonimamente, nada estará fazendo falta, pois o dom deve sempre preceder qualquer que seja a designação grupal. 523 Atos 19:9-10

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Conclusão – Um só Caminho é aconchego e abrigo como também é fermento virulento ou sal impregnante. É também claro que a qualidade de maturidade e consciência dos que conduziam a Igreja em Antioquia era feita de pessoas de densidade espiritual e histórica524, e que só tem paralelos na lista de servos notáveis apresentada por Paulo no final de sua carta aos Romanos525. Em ambos os lugares encontra-se gente que carregava história e raiz na jornada inicial da fé. Entretanto, na maioria dos lugares, o grupo se movia de casa em casa, através de famílias que se alternavam na hospedagem da igreja e sem tantas raízes históricas que remontassem ao “testemunho ocular” dos fatos dos evangelhos. Além disso, nos dias dos apóstolos, os bispos eram mentores locais de grupos, e não grandes e oficiais supervisores de muitos grupos de casas-igrejas; e nem eram sacerdotes do grupo: suas mãos não eram beijadas religiosamente, por exemplo, entre milhares de outros fatos muito mais sérios. Apenas na virada do século I para o II é que surgiram os primeiros bispos de supervisão mais ampla. Entretanto, o papel do bispo, supervisor, mentor ou presbítero era o de assistir aos discípulos e coordenar tanto os encontros como o atendimento às necessidades espirituais dos irmãos. Os bispos originais jamais poderiam imaginar que bispos se tornariam essas figuras inflacionadas e mercenárias nas quais logo depois eles começaram a se tornar pela via da corrupção política e eclesiástica. É também claro que a figura do bispo cresceu em importância imensa em razão de que os evangelhos e cartas apostólicas já estavam escritos, mas não estavam disponíveis e organizados como compêndio de consulta, como depois se veio a ter na Bíblia ou no Novo Testamento, como livros526. Assim, a figura do bispo carregava 524 Leia Atos 13 e veja a diversidade de dons e de experiência histórica existente no grupo. 525 Leia Romanos 16 e veja “apóstolos” de ministério mais velhos na fé que Paulo, parentes dele e gente que já tinha posto a cabeça a prêmio pela defesa do Evangelho; sem falar nos fortes laços de intimidade familiar e fraterna que ligava o grupo. 526 Existencialmente, o meu bispo é Paulo e, também, os demais apóstolos. A Palavra é o governo “dos do Caminho”. O bispo atual não deve ser nada além de

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Um só caminho também o papel de depositário do ensino apostólico, em razão de que as coisas aconteciam, na maior parte das vezes, fundadas nas tradições orais. Afinal, pouca gente sabia ler. Assim, jamais haveria necessidade de bispos pesados numa sociedade, por exemplo, como a nossa, na qual meios de comunicação e possibilidade de leitura fornecem oportunidades fáceis de ajuda e pastoreio mútuo e diário e sem peso hierárquico, mas apenas pela via da autoridade de vida na Palavra e na experiência. É simples ver também que Paulo lançou princípios cujos aplicativos foram feitos em circunstâncias distintas527. Ele recomenda algo óbvio como que o bispo seja marido de uma só mulher528, coisa que hoje nos soa insuportavelmente óbvia; tão óbvia que os comentaristas nem sempre aceitam o que está dito. Paulo, no entanto, estava falando a pessoas que eram egressas de sociedades polígamas ou bastante alheias quanto ao significado do casamento monógamo. Assim, ele recomenda que o bispo, o mentor, o servo condutor de um grupo de discípulos, fosse e seja marido de uma só mulher, pois, entre eles, havia pessoas crendo no Evangelho que vinham de situações nas quais já estavam ligados a uma ou mais esposas, quase sempre com filhos. Desse modo, tais pessoas eram incluídas, mas, a fim de estabelecer o princípio que é “desde o Princípio”. Paulo manda que os bispos sejam como Adão, marido de uma só mulher, conforme o projeto original respaldado por Jesus529. Desse modo, o princípio da Inclusividade ampla existe sem transigência da indicação da Exclusividade do Princípio530. Todos podem ser inseridos, mas o que anda adiante do grupo deve manter o modo original531, pois é na direção do Princípio Original que as novas geum sábio que orienta e concilia, mas não é oráculo de nada, a menos que possua o dom de mestre e de conhecimento segundo a Palavra. 527 Em Cristo, diz Paulo, não há escravo nem liberto, mas assim mesmo ele aplica o princípio da igualdade fraterna a fim de “humanizar” os cristãos senhores de escravos (veja em Efésios 6:9, Colossenses 4:1 e Filemom 1:8-20). 528 1 Timóteo 3:12 529 Mateus 19:1-12; 1 Timóteo 3:12-13, Tito 1:5-6 530 Jesus aceitou a todos, mas só escolheu doze apóstolos. 531 1 Pedro 3:1-7

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Conclusão – Um só Caminho rações, livres ainda para escolher, poderão fazê-lo conforme o Princípio do princípio ensinado por Jesus532. Paulo fazia assim porque foi assim que Jesus ensinou ao incluir a todos, porém sem deixar de afirmar o princípio do Princípio como valor excelente e exclusivo no bem que propõe. Assim, em Atos dos Apóstolos, não se tem doutrinação de modelo algum533, mas apenas qual deve ser o significado do espírito da Igreja, do Grupo de Gente Boa de Deus, uns com os outros, amandose; e com o resto do mundo, vivendo em testemunho de amor vivido e Palavra falada534. Portanto, o que se tem em Atos são os erros e acertos dos discípulos, ao mesmo tempo em que se vê a soberania do Espírito os disciplinando e ensinando no que seria o espírito do Evangelho. Portanto, em Atos, não se tem modelo de nada que seja absoluto, mas se tem o estabelecimento do espírito que tem que estar determinado à vivência e atitude dos discípulos em qualquer que seja o modelo comunitário. E mais. Em Atos aprende-se que tais modelos não se fixam em nada, estando em permanente mutação dos discernimentos do Espírito. Desse modo, em Atos, eu tenho que “os do Caminho” são pessoas marcadas pelo Espírito535: que buscam discernir a Palavra536; que pregam por impulso537, por determinação e por orientação538; que sabem que o homem tem que ser bem maior do que a função visível que representa539; que batizam onde estejam, tão-somente porque alguém creia e peça540; que o batismo não se vincula a um modo externo, mas 532 Mateus 19:7-8 533 Digo isto em muitos livros e mensagens publicados na década de 80, mas especialmente no livro “Espírito Santo: O Deus que Vive em Nós”. 534 João 17 e todas as epístolas de Paulo, especialmente Colossenses, Filipenses e Efésios. 535 Atos 4:5-13, 6:1-3, 7:55-56, 9:17-22, 11:19-24, 536 Pedro e o entendimento da revelação em Atos 10, por exemplo. 537 Atos 17:1-3 538 Atos 8:26-40 539 Gálatas 1:13-24, 2:1-21 540 Atos 16:25-34, 8:26-40

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Um só caminho apenas a um estado interno, pois o batismo é apenas uma sinalização externa de algo interno541; que o grupo de discípulos evolui nas soluções buscadas em amor e para servir542; que quando os discípulos não vão, não se hebraízam no caminhar, no mover adiante, na tabernacularidade da missão, e ficam, e por mais que fiquem em amor estão em desobediência, e, por isso, haverão de ser dispersos, a fim de cumprirem sua missão543; que o povo do Caminho crê no sobrenatural e o experimenta544; que preconceitos são profundos, e, por vezes, somente um ataque de Deus pode mudar a mente do discípulo preconceituoso545; que ninguém é poderoso o suficiente a fim de vencer o cuidado de Deus por Seu povo546; que os inimigos podem se tornar os maiores aliados547; que é com solidariedade que se arrisca que se tem que acolher as pessoas, mesmo as mais improváveis548; que os que começam cheios do Espírito podem se tornar engessados e sem mobilidade549; que os que antes eram colunas podem ser ultrapassados pelo que simplesmente ama sem obstáculos em razão da Graça recebida550; que Deus é livre a fim de fazer todas as coisas sem pedir autorização a ninguém551 — dentre dezenas de outros princípios do 541 Atos 8:37: “É lícito se crês...” (Filipe, ao alto oficial da rainha dos etíopes); Atos 10:47: “Como negaremos a água a quem como nós recebeu o Espírito Santo”? (Pedro, na casa de Cornélio). 542 Atos 2:42-47; Tito 1 543 Atos 8:1-4 (Os convertidos foram dispersos — em grego, semeados — com a perseguição à igreja depois da morte de Estevão.) 544 Atos 2:43; 3:1-8; 4:30-31; 5:12-21; 6:8; 8:6-8; 9:1-20, 32-35; 36-42; 12:1-11;13:412; 14:8-10; 16:16-34; 19:11-12; 23:11; 27:21-25; 28:3-6 545 A conversão de Paulo foi essa suprema provocação. O torturador se converteu. 546 Pedro é liberto e Agripa II é morto, comido por vermes: Atos 12:1-24 547 Paulo, o pior inimigo: Atos 26:1-29 548 Barnabé em relação a Paulo: Atos 9:26-28 549 Tiago e os discípulos de Jerusalém: Atos 15:1-4 550 Este é o tom de Paulo em Gálatas acerca dos já estavam antes deles: as antigas colunas (2:6-9). 551 Em Atos, as iniciativas humanas nem de longe têm significado perto da quantidade imensa de ações do Espírito chocando a todos e sempre fazendo o totalmente inesperado. Os Atos dos Apóstolos são, de fato, os Atos do Espírito Santo e os sustos dos apóstolos.

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Conclusão – Um só Caminho amor, da misericórdia, da justiça, da solidariedade, da compaixão e da verdade. Além disso, para “os do Caminho” a ceia do Senhor é como o convite para a Festa, para as Bodas, conforme Jesus insistiu nos evangelhos552 — sendo, portanto, não um vestibular de virtudes morais, mas de busca de alimento e força em Deus, conforme a Graça. Assim, para “os do Caminho”, quem qualifica alguém para a Festa é o Pai, é o dono da casa, é o Senhor. Somente Ele pode vestir alguém para dela participar553. No Caminho o grande feito não é aumentar a Igreja, mas viver o Evangelho554. Desse modo, só vale crescer em número se a Palavra crescer no grupo. Para “os do Caminho” o dinheiro fica sob os pés555, e tem que ser dado com sinceridade e gerido com honestidade, em confiança entre todos556; e há lugar para se falar em dinheiro557; e ele tem que ter finalidade clara: ajudar os pobres, sustentar os que se entregam totalmente à pregação e ao ensino da Palavra e socorrer necessidades de irmãos, ainda que distantes558. “Os do Caminho” veem a tentativa de barganha com Deus, de venda de bênçãos ou de virtudes divinas supostamente presentes em um homem, ou qualquer outra coisa do gênero, como sendo coisa de bruxo559. No Caminho alguém pode ser muito usado por Deus de um modo, por um tempo, e, depois, já não mais ser daquele modo. De tal sorte que ninguém vive o carma de ter que existir para algo que se fixe nele e se torne não sua sombra, mas sua persona e sua obrigação de ser sem ser — como teria sido o caso de Pedro e a sua sombra560. 552 Mateus 22:14 553 Mateus 22:11-13 554 Atos 6:7 555 Atos 2:44-45, 4:32-35 556 Atos 5:1-11 557 Marcos 12:38-44; 2 Coríntios 8:1-24, 9:1-15, 11:7-9 558 1 Timóteo 5:17-18; Romanos 15:26-27 559 Atos 13:5-12 560 Atos 3-4: A sombra de Pedro ou os lenços de Paulo não viraram “campanha”

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Um só caminho As ironias são normais no Caminho. O livro de Atos dá irrefutável testemunho disto! Quem anda no caminho do Caminho agora sabe que o Paulo Hitler de cristãos pode se tornar o maior divulgador da fé, sendo perseguido agora e até o fim da vida por “cristãos híbridos”, por exemplo, entre centenas de outros. Assim, andar no Caminho é ter que andar aberto para obedecer a livre soberania de Deus. As conseqüências disso na composição de um grupo são muitas. E a primeira delas é a paciência no processo do Espírito com cada pessoa, sem que ninguém de fora deseje ser “o Espírito Santo” do outro. Desse modo, ensina-se o Evangelho como ele é, sem rodeios e sem enganos ou acomodações, porém, sempre em amor; e mais: sempre deixando tudo o mais com Deus. O espírito comunitário entre os do Caminho deve ser aquele mesmo do Senhor das Bodas: chamar a todos, sem exceção; já que “os dignos” não quiseram vir. As conseqüências disso na prática do espírito do Evangelho entre os tabus de nosso tempo também existem. Por exemplo, entre os do Caminho pratica-se a mesma discrição de Jesus. Ele jamais escarafunchou a vida de ninguém. Zaqueu só ouviu o que ouviu por ter declarado o que declarou561. Do contrário, acabaria o jantar e Jesus seguiria Seu caminho. Além disso, não se vê em Jesus nenhuma curiosidade acerca do pecado humano. A mulher adúltera não teve que contar nenhuma história. Assim, no Caminho, confessa quem quer e o faz a quem desejar. Afinal, o propósito do Evangelho é deixar a pessoa só, com Jesus, da presença de Quem ela sairá justificada. O espírito do Caminho deve ser bem superior ao de uma Cidade de Refúgio do Velho Testamento562. Afinal, se no ministério da Lei, com toda a morte que ela anunciava aos transgressores, havia o lugar de Graça Geográfica (as Cidades de Refúgio), com muito maior e nem ministério ou mover, como seria hoje, com ambos virando Pedro Hinn e Paulo Cerullo. 561 Lucas 19:8-10 562 Números 35:9-15; Josué 20:2-3, 21:13-40

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Conclusão – Um só Caminho razão o ajuntamento dos do Caminho precisa ser possuído de muito mais excelente Graça, posto que não se preconiza separação entre os marginais e os santos, conforme era nas Cidades de Refúgio, separando os criminosos da Lei dos que a ela obedeciam. Não! No Caminho todos andam juntos; e juntos precisam aprender a viver em amor e verdade seguidos por cada um, enquanto se tem misericórdia dos processos de cada outro, assim como se espera que se receba Graça e Paciência quando for a nossa vez de aprender com o Mestre na vida, nas esquinas da existência. Os do Caminho têm que ser apenas gente andante, seguindo a Jesus com outros, cada um com seu nível de compreensão e percepção, porém todos desejosos de aprenderem a Cristo, conforme Jesus nos ensinou a sermos o caminho de gente que busca se tornar semelhante a Ele. Este é o convite aos do Caminho: tornarem-se semelhantes a Jesus no curso da jornada da fé, dia a dia sendo transformado de glória em glória, até que se vá chegando à estatura do Novo Homem, o qual se renova segundo Deus mediante a prática do amor e da verdade. Ora, tudo o que está dito aqui só é ruim para o diabo ou para os diabos. Entretanto, para quem tem bom coração ou deseja obter um, nada pode ser mais maravilhoso e desafiador. Agora depende apenas de você decidir quem é o seu Senhor e Mestre. O que tinha a dizer já o disse. Agora e com você! Vem e vê! Nele, que me deu Graça e saúde para escrever estas palavras, Caio Fábio D’Araújo Filho 30 de outubro de 2008 Manaus – AM Brasil

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